Buscar

Como conflitos entre pai e mãe influenciam os filhos

Prévia do material em texto

Como conflitos entre pai e mãe influenciam os filhos
Os conflitos familiares, mais especificadamente entre pai e mãe, estão relacionados ao tipo de dinâmica que se estabelece ao lidar com as frustrações e dificuldades do viver. Muitos casais vivem em constante conflito diante das obrigações de ser pai ou mãe
O que é uma situação de conflito?
A palavra conflito tem inúmeros significados, entre eles estão: a oposição entre interesses e sentimentos, o desentendimento, confusão e desordem. O que há em comum em todas essas definições é a ideia de tensão.
Uma tensão é o resultado da ação de forças opostas. No indivíduo, por exemplo, isso implica dizer sobre a força do instinto e aquela da pressão exercida pela civilização. O conflito é sempre resultante, nesse sentido, de uma situação de desequilíbrio.
Quando tratamos das relações familiares, a existência de desequilíbrio e, portanto, de tensões e conflitos, é uma realidade. Isso porque a família é constituída a partir da união de indivíduos que, em si, já encerram conflitos.
Ser pai, ser mãe
Não é de hoje que se sabe que os papéis sociais exercem forte ação sobre os seres humanos. Na vida em sociedade, somos constantemente cobrados para exercer papéis a nós destinados. Esses papéis sociais nem sempre estão em concordância com aquilo que somos e, nesse caso, são geradas situações de tensão.
Um exemplo de papel social amplamente difundido é o da maternidade. Existem construções culturais que nos levam a crer que todas as mulheres são propensas à maternidade. Essa é a construção de um papel social, o da mãe, e sua atribuição a uma pessoa: a mulher. Com os pais acontece a mesma coisa. São esperadas características de um homem, a partir do nascimento de um filho, que não necessariamente são inerentes àquele indivíduo. Nesse sentido, viver os papéis de pai e mãe pode ser algo difícil para muitas pessoas. Essa dificuldade é sentida na relação familiar. Muitos casais, por inúmeros motivos, estão em constante conflito diante das obrigações de ser pai ou mãe, e isso tem influência direta na vida das crianças.
Como uma criança lida com os conflitos parentais?
Um lar conflituoso não é necessariamente um desastre, desde que os conflitos sejam trazidos à tona com uma preocupação de discussão e compreensão.
Quando os pais não conseguem falar sobre seus conflitos, sejam eles internos ou advindos da convivência familiar, a criança tende a sentir a tensão existente no trato entre os familiares. Isso pode gerar, em muitos casos, o sentimento de culpa da criança pelo incômodo presente.
Já nos casos em que os pais conseguem expressar suas dificuldades e limitações, as crianças têm maiores chances de compreender que os conflitos são resultados de forças para além da ação delas.
É importante que os pais saibam que toda forma de lidar com as crianças é educativa de alguma maneira: pais que não falam, educam para o silêncio. Pais que discutem, se expressam, educam para a comunicação. Nesse sentido, todo esforço que se faça deve se direcionar, não para o silenciamento do conflito, mas para sua compreensão. A sinceridade no seio da família é fundamental. Criar um ambiente onde as tensões internas podem ser exteriorizadas e compreendidas pode resolver e prevenir muitos conflitos futuros.
Quais são as principais causas dos conflitos familiares?
Inúmeros autores tentaram, ao longo dos anos, desenvolver teorias que atribuíam a causas específicas os conflitos familiares. Entre elas figuram: problemas financeiros, estresse ocupacional, dificuldades na adaptação à realidade familiar. Para outros, independente da causa, os conflitos familiares têm sempre em sua base a construção, ao longo dos anos, de uma dinâmica de silenciamento dos conflitos e manutenção das tensões. Dessa forma, as causas têm como característica comum a dificuldade de expressão das tensões internas. A família, nesses casos, não é um lugar onde as dificuldades podem ser expressadas.
Como saber mais?
O filme Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine, 2006) é um exemplo muito rico para discutir e compreender a importância do diálogo na relação familiar. A complexidade de cada personagem torna a trama uma ilustração perfeita da dificuldade de se unir personalidades distintas sobre um mesmo teto.

Continue navegando