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1 Larissa Maria Miranda Santana MEDICINA Ginecologia LEIOMIOMAS Também conhecidos como miomas uterinos, são neoplasias benignas do músculo liso que se originam com frequência no miométrio. Não evoluem para câncer. Muito comuns : cortes finos seriados de úteros de 100 mulheres consecutivas submetidas à histerectomia detectaram mioma em 77%, em algumas com apenas 2mm. Em uma coleta aleatória de amostras em pacientes entre 35 e 49 anos, constatou a incidência de mioma em 60% das mulheres negras com idade aproximada de 35 anos e maior que 80% aos 50 anos. A incidência em mulheres brancas foi de 40% aos 35 anos e 70% aos 50 anos. ---→ Fatores de risco: -Idade :incidência de mioma eleva-se com a idade: 4,3/1000 em mulheres de 25 a 29 anos e de 22,5% em mulheres de 40 aos 44 anos. Surgem mais cedo em mulheres negras que brancas. - Fatores hormonais endógenos: a maior exposição dos hormônios endógenos, como ocorre na menarca precoce, aumenta a probabilidade de mioma, enquanto a menarca tardia diminui essa probabilidade. Os miomas são menores, menos numerosos e possuem células menores em histerectomia de mulheres na pós- menopausa quando os níveis de estrogênio são mais baixos. -História familiar : o risco de ter mioma é 2,5 vezes maior nas mulheres com alguma parente em primeiro grau com mioma. -Raça : O risco de ter mioma é 2,9 vezes maior em mulheres negras que em brancas, sem relação a outros fatores conhecidos. Nas mulheres negras, os miomas ocorrem mais cedo e mais numerosos, maiores e mais sintomáticos. Não está claro se essas diferenças são genéticas ou consequências de diferenças conhecidas dos níveis circulantes de estrogênio, do metabolismo do estrogênio ou de fatores ambientais. - Peso : a obesidade aumenta a conversão de androgênios suprarrenais em estrona e diminui a globulina de ligação de hormônios sexuais. O resultado é a elevação dos níveis de estrogênio biologicamente ativo, o que pode explicar o aumento da prevalência e/ou crescimento de miomas. - Alimentação : A dieta rica em carne bovina, outras carnes vermelhas e presunto elevou a incidência de mioma, ao passo que a alimentação rica em folhas verdes diminui esse risco. No entanto, é difícil interpretar esses achados, uma vez que não se avaliou a ingestão de calorias. -Exercício físico: ter o mioma foi bem menos provável em mulheres que realizavam mais atividade física (cerca de 7h por semana) que nas mulheres que se exercitavam menos (em período inferior a 2h por semana). -Contraceptivos orais: Não há relação definida entre CO e mioma. Houve relato de aumento do risco de ter mioma com o uso de CO; no entanto um estudo subsequente não observou aumento do risco associado ao uso nem a duração de uso. Pesquisas em mulheres com mioma e usuárias de CO não mostraram maior crescimento deles. A formação de novos miomas não parece ser influenciada pelo uso de CO. Gravidez: o aumento da paridade diminui a incidência e o número de miomas evidentes do ponto de vista clínico. O processo de remodelagem do miométrio após o parto, consequência de apoptose e desdiferenciação, pode ser responsável pela involução de miomas. Segundo outra teoria, os vasos que irrigam os miomas regridem durante a involução do útero, fazendo com que estes sejam privados de sua fonte de nutrição. Tabagismo: o tabagismo reduz a incidência de miomas. A diminuição da conversão de androgênios em estrona, causada por inibição de aromatase pela nicotina, o aumento da 2-hidroxilação de estradiol e a estimulação de maiores níveis de globulina de ligação dos hormônios sexuais (SHBG) reduzem a biodisponibilidade de estrogênio. É formado por células alongadas de músculo liso agregadas em feixes, é endurecido, diferente do endométrio. Diferentemente do leiomiossarcoma (tumor maligno raro do útero), sua atividade mitótica é rara. --→ A CLASSIFICAÇÃO dos miomas uterinos, baseia-se na localização e orientação de crescimento. 01. Submucosos: são os mais responsáveis por causar hemorragia por estarem localizados centralmente na região endometrial: - Tipo 0: massa totalmente localizada dentro da cavidade uterina. -Tipo 1: menos de 50% estiverem localizadas dentro da cavidade uterina. -Tipo II: mais de 50% da massa circundada por miométrio. 02. Subseroso : menos sintomatologia 03. Intramural: pode ter conteúdo seroso ou mucoso, protrai da parede serosa do útero, e relaciona-se com hemorragia uterina por comprimir os vasos da região. --→ SINTOMATOLOGIA Na maioria das vezes é assintomática. Sangramento (menorragia): dilatação venosa dentro do miométrio e endométrio. COMPRESSÃO DOS VASOS. Dor, sensação de pressão: um útero suficientemente aumentado pode causar sensação de pressão, polaciúria, incontinência urinária ou constipação. Apenas 2 a 3% dos casos de infertilidade decorrem dos leiomiomas. Oclusão do óstio tubário e interrupção das contrações uterinas normais que impulsionam os espermatozoides ou o ovo. Os abortos estão mais relacionados aos submucosos. 2 Larissa Maria Miranda Santana MEDICINA Ginecologia A distorção da cavidade endometrial também pode prejudicar a implantação e o transporte dos espermatozoides. --→ Diagnóstico Com frequência eles são detectados pelo exame pélvico. Aumento do útero, contorno irregular. Nas mulheres em idade reprodutiva, o aumento do útero determina a necessidade de dosagem urinária ou sérica de B-HCG. O USG é realizado para definir a anatomia pélvica. O aspecto ultrassonográfico dos leiomiomas varia entre imagens hipo e hiperecoicas, dependendo da proporção de músculo liso para tecido conectico e da existência de degeneração. --→ Tratamento Independente do seu tamanho, em geral os leiomiomas assintomáticas podem ser mantidos em observação e acompanhados com exame pélvico anual e USG. O crescimento médio é de 0,5cm ao ano, variando por paciente, pode regredir. AINES: mulheres com dismenorreia apresentam níveis endometriais mais altos de prostaglandinas do que as mulheres assintomáticas. O tratamento da dismenorreia e da menorragia associadas aos leiomiomas tem como base o papel das prostaglandinas como mediadores desses sintomas. - Terapia hormonal: Tanto os COCs quanto os progestágenos tem sido utilizados para induzir atrofia endometrial e reduzir a produção de prostaglandina em mulheres com leiomiomas. -Dispositivos intrauterino liberador de levonogestrel (SIU- LNG) também se mostrou capaz de melhorar a menorragia em mulheres com sangramento relacionado com leiomioma. - Androgênios: tanto o danazol quanto a gestriona reduzem o volume do leiomioma e melhoram os sintomas de sangramento. Porém possui efeitos colaterais relevantes, como acne e hirsutismo, o que impede seu uso de primeira linha. -Agonista do GnRh: o acetato de leuprolida foi aprovado e é usado IM em doses mensais de 3,74mg ou trimestrais de 11,25. - Dentre os agonistas de GnRH menos usados (mas no sistema público é o mais usado) estão goserelina (Zoladex), administrada em dose mensal de 3,6mg ou em implante subcutâneo trimestral de depósito com 10,8 mg. Triptorelina em injeção IM mensal de 3,75mg e nafarelina em spray nasal com dose média de 200mg duas vezes ao dia. Os agonistas de GnRh reduzem os efeitos dos leiomiomas porque inibem os efeitos de crescimento do estrogênio e da progesterona, reduzindo assim os leiomiomas. O uso dos agonistas não foi aprovado especificamente para tratamento do leiomioma, o uso off label é efetivo. ---→ Resultado do tratamento: Redução acentuada do volume uterino e do leiomioma, principalmente nos três primeiros meses de tratamento.Os benefícios da redução do tamanho do leiomioma abrange alivio da dor, redução da menorragia, em geral amenorreia. Durante o tratamento é recomendado que as mulheres anêmicas recebam terapia com ferro oral para recuperar a massa de células vermelhas e aumente a reserva de ferro. Os miomas quando encerra o tratamento voltam a crescer e retomam ao volume anterior em 3 a 4 meses. Os efeitos colaterais são causados devido a redução intensa dos níveis de estrogênio, diminuição do libido, ressecamento do epitélio vaginal e dispaurenia. O uso de agonistas por mais de 6 meses leva a perda óssea, podendo ser recuperada ao fim do tratamento, por isso não se recomenda o uso isolado de agonistas por mais de 6 meses. Os agonistas podem ser utilizados no pré-operatório para reduzir a menorragia, permitindo a correção da anemia. A redução do tamanho uterino possibilita a realização de um procedimento cirúrgico menos extenso e complicado. --→ Tratamento cirúrgico Quando a paciente possuir sintomatologia e houver falha no tto clínico associado a sangramento uterino anormal com prole constituída ou sem desejo de engravidar. Histerectomia ou miomectomia por laparotomia com uma incisão pequena ou histerectomia vaginal por laparoscopia. 3 Larissa Maria Miranda Santana MEDICINA Ginecologia ADENOMIOSE Patologia ginecológica benigna caracterizada pelo encontro de glândula e estroma endometriais, na intimidade do miométrio ENDOMÉTRIO NO MIOMÉTRIO. Caracterizada por aumento uterino causada por resíduos ectópicos endometriais, tanto glandulares quanto de estroma, profundamente localizados dentro do miométrio. “pequenos lagos de endométrio no miométrio”. --→ Sintomas : sangramento uterino anormal, dismenorreia secundária, dispaurenia, dor pélvica, infertilidade. --→ Sinais :aumento do volume uterino -→ Achados da USG: período ideal é o pós menstrual. Os achados da adenomiose difusa podem incluir : 1.parede anterior ou posterior do miométrio com espessura maior do que em sua contraparte,2. heterogeneidade na textura miometrial, 3.pequenos cistos miometriais hipoecoico, representando glândulas císticas dentro de focos ectópicos endometriais, 4.projeções estriadas estendendo-se do endométrio para dentro do miométrio, 5.eco endometrial mal definido . ---→ Ressonância nuclear magnética : alta sensibilidade e especificidade. Delineia melhor a localização e extensão das lesões. Ajuda a diferenciar melhor os leiomiomas dos adenomiomas. Parâmetros de menstruação da zona juncional mioendometrial é a melhor referencia para o diagnóstico presuntivo de adenomiose. Zona juncional com irregularidades e espessura acima de 12mm é patognomônico de adenomiose. O DIAGNÓSTICO DE CERTEZA APENAS COM O ANATOPATOLÓGICO. -→ Tratamento Análogos do GnRh induz a um estado de hipoestrogenismo pois se liga aos receptores de GnRh na hipófise. DIU de levonorgestrel: boa opção para mulheres com desejo reprodutivo. Ablação endometrial é uma opção à resistência dos anteriores Histerectomia: que não melhora com fármacos. HEMATOMETRA Obstrução do fluxo menstrual com acúmulo de sangue e distensão do útero, podendo atingir o segmento proximal do colo uterino. A USG é a principal ferramenta diagnóstica. O exame revela aumento simétrico de cavidade uterina de superfície lisa e hipoecoica. Alívio da obstrução e escoamento do sangue são os objetivos do tratamento. Na maioria a dilatação cervical alivia o acúmulo. Alguns autores descrevem a prática de histeroscopia após a dilatação para acessar as bolsas de sangue e para lise de aderências. Anormalidades congênitas podem requerer outros procedimentos mais abrangentes para corrigir a obstrução.
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