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Roteiro de Exame Físico Geral

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Roteiro de Exame Físico Geral – Ectoscopia 
O exame físico geral é a primeira parte do exame físico e representa o primeiro 
contato com o paciente. Pode ser chamado também de somatoscopia e é a 
avaliação global do paciente. Seu objetivo é obter dados gerais dos vários 
sistemas orgânicos do paciente. 
 
Aparência Geral: 
Avaliação do Estado Geral: 
BEG – paciente com aspecto físico, intelectual e emocional compatível com sua 
idade e condição social. 
REG – com sinais da doença, mas não se encontra prostrado, sem perda 
nutricional e de consciência significativa. 
MEG – manifestação da doença com evidências clínicas, nota-se a alteração do 
nível de consciência e confusão mental. 
Idade aparente: 
Observar se a aparência tem coerência com a idade biológica do paciente. 
Exemplos: nível de hidratação, possível exposição solar excessiva. 
Higiene e vestuário: 
Avaliar se as roupas estão limpas ou não. O vestuário pode estar relacionado com 
a condição psiquiátrica do paciente e por isso é importante ser avaliada. 
Estado nutricional: 
Pode se encontrar em estado normal, desnutrição, subnutrição ou sobrepeso e 
obesidade. 
Desnutrição: peso abaixo do normal, musculatura atrofiada, tecido adiposo 
escasso, pele seca e rugosa, pelos mais finos e de queda fácil, “olhos secos” 
relacionados com a xeroftalmia. 
Temos que observar: hipotrofia muscular, proeminência óssea, emagrecimento 
acentuado, alterações de pele, cabelo e face com perda de gordura. 
Sobrepeso e obesidade: excesso de gordura no organismo. 
 
 
Fácies: 
É o conjunto de dados exibidos na face do paciente, resultado de traços 
anatômicos e fisiológicos. Não temos que avaliar somente os elementos estáticos, 
mas também o olhar, os movimentos da asa do nariz e a posição da boca. 
Fácies atípicas ou normais: não estão relacionadas com nenhum tipo de 
patologia. 
Fácies típicas: estão relacionadas com algum tipo de patologia. 
Principais tipos de fácies: acromegálica, mixedematosa, cushingoide, hipocrática, 
paralisia facial periférica, renal, leonina, mongoloide, basedowiana, lúpica, 
esclerodérmica e etílica. 
Três exemplos: 
Fácies hipocrática: foi analisada pela primeira vez por Hipócrates, por isso recebe 
esse nome. As principais características são: olhos fundos, parados e 
inexpressivos, nariz afinado, lábios delgados e entreabertos, palidez cutânea, 
discreta cianose labial. Não está relacionada com uma doença específica, mas é 
referente a doenças graves como caquexias, as quais são caracterizadas pela 
perda de peso e de massa muscular – estado mais grave de várias doenças. 
Fácies acromegálica: apresenta características como: saliência na região da arcada 
supraorbitária e nas maçãs do rosto, presença do maxilar inferior bem 
desenvolvido, hipertrofia do nariz, orelha e lábios. Está relacionada com a 
acromegalia (doença na qual os pacientes costumam ser altos, com as mãos, pés 
e rostos maiores que o normal). 
Fácies cushingoide ou de lua cheia: as principais características são: rosto 
arredondado, edema na região malar (maçãs do rosto) e no pescoço, eritema 
(vermelhidão) nas bochechas, presença de acnes, hirsutismo (crescimento de 
pelos em locais tipicamente masculinos, mas em mulheres). Está relacionada com 
a Síndrome de Cushing primária, com a hiperfusão do córtex suprarrenal, ou 
induzida pelo uso de corticoides. 
 
Atitude/decúbito: 
Posição adotada pelo paciente no leito ou não, por comodidade, hábito ou para 
conseguir algum tipo alívio. Podem ser voluntárias ou involuntárias. 
Posição passiva: necessita da ajuda de outra pessoa para mudar de posição 
Posição ativa: posição adotada espontaneamente pelo paciente. 
Posição antálgica: posição adotada pelo paciente para o alívio da dor. 
 Atitudes voluntárias: dependem da vontade do paciente. 
 Atitudes involuntárias: não dependem da vontade do paciente. 
Atitudes voluntárias: 
Atitude ortopnéica: posição para aliviar a falta de ar. Paciente na beira da cama, 
com os pés no chão, mãos apoiadas no colchão. 
Atitude genupeitoral: prece maometana. O doente fica com os joelhos e tronco 
fletidos sobre as coxas, enquanto o tórax fica em contato com o solo ou colchão. 
Facilita o enchimento do coração nos casos de derrame pericárdico. 
Atitude cócoras: crianças com cardiopatias cianóticas. Traz alívio da hipóxia 
generalizada que acompanha as cardiopatias. 
Atitude parkinsoniana: paciente com Parkinson ao se pôr em pé, apresenta cabeça 
semi-fletida, tronco e membros inferiores também, ao caminhar parece estar 
correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. 
Decúbito lateral, dorsal e ventral. 
Atitudes involuntárias: 
Opistótono: curvatura da musculatura lombar, corpo se apoia na cabeça e 
calcanhar, emborcando-se como um arco. Observado na meningite e tétano. 
Torcicolo: atitude involuntária de um segmento do corpo. 
Pleurostotono: de pacientes com tétano, meningite, raiva. 
Posição de gatilho: hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre as coxas e 
encurvamento do tronco. Observada em irritação meníngea, mais comum em 
crianças. 
 
Marcha: 
Típica: está relacionada com alguma patologia. 
Atípica: não está relacionada com nenhum tipo de patologia. 
Principais tipos: hemiplégica, escarvante, tabética, anserina, espástica, 
parkinsoniana, cerebelar. 
 
 
Três exemplos: 
Marcha cerebelar ou do ébrio: ao caminhar o paciente ziguezagueia como um 
bêbado. 
Marcha parkinsoniana: cabeça inclinada para frente, passos miúdos e rápidos, 
paciente anda como se fosse um bloco enrijecido, sem movimento dos braços. 
Marcha tabética: olhar fixo no chão, membros inferiores são levantados de 
maneira abrupta, calcanhares tocam o solo pesadamente. 
 
Mucosas: 
As mucosas mais facilmente analisadas são: conjuntivais (olhos), labiobucal, 
lingual e gengival. O método de exame é a inspeção com manobras para expor 
as mucosas à visão do examinador. É necessária uma boa iluminação e às vezes 
o uso de uma lanterna. 
Parâmetros analisados: 
Coloração: normocoradas, hipocoradas, hipercoradas, cianose e icterícia. 
Umidade: traduz o estado de hidratação, olhar o brilho das mucosas. Úmidas 
(normal), secas (perda de brilho, aspecto ressequido). 
Presença ou não de pequenas lesões. 
 
Pele: 
Para fazer o exame é necessária uma iluminação adequada, desnudamento das 
partes a serem analisadas e conhecimento dos procedimentos. 
Aspectos a serem investigados: 
Coloração: palidez, vermelhidão, cianose, icterícia, albinismo, bronzeamento 
artificial. O padrão normal é descrito como pele normocorada. 
Umidade: começa com a inspeção e depois temos a palpação (método mais 
adequado). Pode ser classificada em: umidade normal, pele seca, umidade 
aumentada ou sudorenta. 
Textura: está relacionada com a disposição de elementos que constituem um 
tecido. Pode ser classificada em: textura normal, pele lisa e fina, pele áspera e pele 
enrugada. 
Espessura: pinçamento de uma dobra cutânea usando o polegar e o indicador 
para a avaliação. Podemos ter pele de espessura normal, pele atrófica e pele 
hipertrófica. 
Temperatura da pele: usa-se a palpação como método com a face dorsal da mão 
ou dos dedos. Temos os seguintes padrões: normotermia, hipertermia e 
hipotermia. 
Elasticidade e mobilidade: elasticidade é a propriedade do tegumento cutâneo 
de se estender quando tracionado, e mobilidade se refere a sua capacidade de 
movimentar os planos fundos subjacentes. 
Semiotécnica: pinça-se uma prega cutânea com o polegar e o indicador, fazendo 
uma tração, ao fim da qual solta-se a pele. Para mobilidade: pousa-se a palma da 
mão sobre a superfície que se quer examinar e movimenta-se a mão para todos 
os lados, fazendo deslizar as estruturas. 
Elasticidade: pode-se apresentar normal (preservada), aumento da elasticidade 
ou pele hiperelástica e diminuição da elasticidade ou hipoelástica. 
Mobilidade: normal ou preservada, diminuída ou ausente e aumentada.Turgor: avalia-se pinçando com o polegar e o indicador uma prega cutânea da 
pele. Turgor normal: prega de pele ao se soltar se desfaz rapidamente. Turgor 
diminuído: prega ao se soltar se desfaz lentamente (indica desidratação – comum 
em idosos). 
Sensibilidade: dolorosa, tátil e térmica. 
 
Lesões elementares: 
Semiotécnica: inspeção e palpação. Podem ser primárias quando aparecem em 
uma pele saudável (exemplo: mácula, pápula, bolha e escama) ou secundárias 
quando são evoluções de uma lesão primária (exemplo: crosta, liquenificação e 
atrofia). 
Alterações de cor: 
Eritema: mancha vermelha por vasodilatação. 
Púrpura: mancha vermelha causada por extravasamento de hemácias. 
Acromia: ausência completa de pigmentação. Ex: vitiligo. 
Hipocromia: mancha branca por diminuição de melanina. Ex: hanseníase. 
Hipercromia: aumento de melanina e outros pigmentos. Ex: melasma. 
Elevações edematosas: 
Urtica: efêmera, irregular, de tamanho e cor variáveis, extravasamento de plasma. 
Formações sólidas: 
Pápula: sólida, circunscrita, elevada, menor que 1cm. Ex: picada de inseto. 
Nódulo: circunscrita, saliente ou não, de 1 a 3 cm, localizada na hipoderme. 
Nodosidade ou tumor: sólida, circunscrita e maior que 3 cm. 
Coleções líquidas: 
Vesícula: circunscrita, menor que 1 cm, com conteúdo claro que pode se tornar 
turvo. 
Bolha: maior que 1 cm, queimaduras e alergias medicamentosas. 
Hematoma: derrame de sangue na pele, o conteúdo hemorrágico pode se tornar 
purulento. 
Alterações de espessura: 
Queratose: espessamento da pele por aumento da camada córnea, torna-se 
áspera, dura, inelástica e amarelada. 
Perdas e reparação: 
Escama: aspecto de farelo, em tiras, desprende com facilidade da superfície da 
pele. Ex: caspa. 
Ulceração: perda circunscrita da epiderme e derme, pode atingir a hipoderme e 
tecidos adjascentes. 
 
Anexos: fâneros 
1) Cabelos: tipo de implantação, distribuição, alopecias, quantidade, 
coloração, brilho, espessura e consistência. 
2) Pelos: atraso ou precocidade (relação com distúrbios endócrinos), queda 
de pelos (desnutrição, mixedema, dermatoses). 
3) Unhas: unhas em vidro de relógio, distróficas (enrugadas, rugosas e de 
forma irregular). Fazer o teste de perfusão capilar periférica (normal: 
retorno da coloração de 1 a 3 segundos). 
 
 
Medidas antropométricas: 
Peso, altura, cálculo do IMC (peso em kg dividido por altura em m ao quadrado). 
Circunferência abdominal: obesidade para mulheres – acima de 88, obesidade 
para homens – acima de 102. 
 
Biotipos: 
Longilíneo: pescoço longo, tórax afilado, membros alongados, altos, panículo 
adiposo pouco desenvolvido, ângulo de Charpy menos que 90°. 
Mediolíneo: equilíbrio entre os membros e o tronco, desenvolvimento harmônico, 
ângulo de Charpy igual a 90°. 
Brevelíneo: pescoço curto e grosso, tórax alargado, membros curtos, musculatura 
desenvolvida, panículo adiposo espesso, tendência de baixa estatura, ângulo de 
Charpy maior que 90°. 
 
Espectro da consciência: 
Alerta: acordado, lúcido, orientado no tempo e no espaço. 
Sonolento 
Confuso 
Obnubilado: alteração da consciência com vista ofuscada. 
Torporoso: prostração, desânimo, apatia. 
Comatoso 
 
Fala e linguagem: 
Avaliar a voz, a lógica do discurso, distúrbios de articulação das palavras, de troca 
de letras ou se fala o nome dos objetos corretamente. 
Disfonia: alteração do timbre de voz. 
Dislalia: troca de letras. 
Disritmolalia: distúrbio no ritmo da fala, gagueja.

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