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Pneumologia/Radiologia Mayara Medeiros - T78 Curso intensivo de radiografia de tórax - aula 2 ─ Reconhecendo Patologias (parte 1) Pneumonias: O padrão mais comum da pneumonia na radiografia é o de consolidação, ou seja, quando há uma opacidade, bem branca, que apaga as marcas vasculares. É vista como uma nuvem branca, densa e com limites mal definidos. Se a nuvem estiver tocando na fissura horizonta/oblíqua, no limite do pulmão, esses limites serão definidos, fora isso, não, o que ajuda a diferenciar pneumonia de atelectasia, uma vez que na atelectasia os limites são bem definidos. 2 Sinal do gradiente da coluna Localização: Segmento superior do lobo inferior esquerdo. Pneumonia redonda é um achado mais comum em crianças, porque os poros de Kohn e os canais de Lambert (localizados no fim dos bronquíolos respiratórios) não estão ainda completamente desenvolvidos. 3 Quando se tem a pneumonia, consegue-se disseminar o processo infeccioso através desses poros e canais. Como na criança ainda não está muito bem desenvolvido, é como se a pneumonia tendesse a ficar mais restrita, porque ela tem mais dificuldade de se propagar para esses poros e esses canais. Logo, na criança, a chance de aparecer uma pneumonia redonda é muito maior. O agente causador é o mesmo: Streptococcus pneumoniae (também é o mais comum para pneumonia lobar). Broncopneumonia: tem o padrão de consolidações multifocais – várias consolidações pequenas espalhadas pelo pulmão. São tantas que acabam se confluindo e há dificuldade para separar essas consolidações. Pneumonia atípica: padrão mais comum de pneumonias virais, pneumonias com agentes ditos atípicos. Destoa dos padrões “normais” de pneumonia. Possui padrão de linhas, de reticulado. Apresenta-se como se fossem linhas saindo da região peri-hilar. Também comum em crianças. Faz um infiltrado mal definido, mas é como se fossem linhas mesmo. 4 Pneumonia do lobo pesado: tem opacidade consolidativa, porém diferente. Parece que ela empurra a fissura horizontal, pesando sobre ela. Agente causador: Klebsiella pneumoniae, e acontece no lobo superior direto (pode ser também por Streptococcus pneumoniae). Pneumonia necrotizante: o parênquima necrosa e ali se forma uma escavação, que, na maioria das vezes, representa o próprio abcesso pulmonar. Observa-se a consolidação, mas ela parece ser heterogênea, não é um branco liso, parece ter vários focos de ar/gás permeando o parênquima. 5 Covid-19: faz um quadro de pneumonia. Parecido com quadro de pneumonia bacteriana e broncopneumonia, pois faz opacidades multifocais. Porém essas opacidades possuem uma peculiaridade: no começo da doença elas aparecem como vidro fosco (opacidade bem sutil e discreta e que não apaga as marcas vasculares, parece uma consolidação, mas não é tão branca assim. É uma nuvem cinzenta bem sutil e nebulosa). O aspecto do vidro fosco no covid tem uma distribuição peculiar, tem um padrão mais periférico subpleural e multifocal. A tomografia computadorizada é o melhor exame para detectar COVID-19, pois é mais sensível e específico. O raio-x tem sensibilidade baixa e é mais utilizado para acompanhamento das lesões e diagnóstico diferencial. 4 fases da fisiopatologia/tomografia: 1.Vidro fosco: processo inflamatório do epitélio respiratório (precoce). 2. Pavimentação em mosaico: espessamento dos septos interlobulares (intermediária). 3. Consolidação: cascata inflamatória mais intensa com inundação dos alvéolos por material inflamatório (avançada). 4. Linhas subpleurais (opacidades lineares): regressão da consolidação (tardia). Pode aparecer o sinal do halo ou sinal do halo invertido. 6 Atelectasias: Lobo superior direito: observa-se uma opacidade no lobo superior, tendendo a desviar o parênquima, que se retrai. Parece uma consolidação, só que na atelectasia o alvéolo fecha, perdendo volume e se traciona, encolhendo. Com isso, a fissura oblíqua sobe. Lobo superior esquerdo: quando o lobo superior esquerdo atelectasiar, irá reduzir difusamente a transparência do hemitórax esquerdo, uma vez que ele se projeta em toda superfície do PA. Dessa forma, não é vista apenas uma opacidade superiormente, como é vista à direita. A chave para diferenciar consolidação de atelectasia é o volume. Lobo inferior direito: quando ele encolhe, se junta a parte mais medial do coração, formando uma opacidade mais triangular. A hemicúpula direita, que está em contato com o lobo inferior, quando ele atelectasiar, vai sumir (sinal da silhueta). 7 Lobo inferior esquerdo: ter atenção atrás da sombra cardíaca. A densidade da sombra cardíaca deve ser homogênea. Perde o sinal da silhueta e, bem sutil, forma um triângiulo na sombra cardíaca (dá pra observar duas densidades), que é o lobo atelectasiado. Lobo médio e língula: sinal da silhueta na margem cardíaca direita, se for no segmento medial do lobo médio (se for no segmento lateral pode não aparecer no PA). Sempre no perfil ele vai aparecer projetado sobre o coração, assim como a língula, sendo que esta apresenta alteração na margem cardíaca esquerda do coração. 8 Às vezes quando o lobo superior esquerdo atelectasia, o lobo inferior hiperinsulfla e aí o segmento superior do lobo inferior cresce, sobe e mantém contato com o arco da aorta, formando um arco, o sinal de Luftsichel. 9 Atelectasia total: muito extensa, faz retração, trazendo as estruturas mediastinais para o mesmo lado. O mediastino é puxado, há desvio de traqueia para o lado lesado e o outro pulmão hiperinsufla. Pneumectomia: não é uma atelectasia, mas sim uma lobectomia. Os achados são indistinguíveis da atelectasia total, o que ajuda a diferenciar é a história do paciente e a observação de clipes na projeção do hilo (nesse caso, direito). Derrame pleural: O pulmão começa a perder espaço e vai atelectasiando, há uma atelectasia passiva e o líquido vai se moldando ao espaço pleural. Consegue-se observar o sinal do menisco ou parábola de Damoiseau. O derrame pleural 10 livre tem esse aspecto “solto”, pois não está loculado, logo, não tem nada prendendo-o. É um bom sinal, pois as chances que ele esteja infectado, purulento, de que seja um empiema são bem menores. Derrame pleural livre do lado direito: observa-se o sinal do menisco à direita e acúmulo de líquido. Do lado esquerdo consegue-se observar o seio costofrênico livre e do lado direito está obliterado. Derrame pleural volumoso: quando o paciente está em decúbito, o líquido “escorre” pelo espaço pleural e o resultado disso é uma redução difusa da transparência e densidade. Derrame pleural maciço: ocupa espaço e empurra as estruturas, como traqueia, mediastino. Poe ter repercussão hemodinâmica, pois as veias não são tão resistentes quanto as artérias, que continuam abertas. Se a veia for muito empurrada, pode começar a reduzir o fluxo e quanto menos 11 sangue chega pela veia no coração, menos sangue o coração tem para bombear, levando o paciente a uma hipotensão. Derrame intercissural: é um derrame na cissura. Qualquer fissura é capaz de acumular líquido. Nesse caso, o perfil é essencial para a observação do derrame na fissura horizontal. Apenas pelo PA poderia suspeitar de tumor, etc. Essa localização típica também permite saber que é um derrame. Esse tipo de derrame pode desaparecer de um dia para o outro. Derrame loculado: semilunar, cupuliforme, está restrito a uma região, está preso, loculado, encistado. A maioria desses derrames loculados são empiemas. Empiema pleural: pode ser por neoplasias, por processo inflamatório pleuralmais crônico e empiemas. Empiema é um derrame pleural que está infectado, não simplesmente um exsudato ou transudato, nele contém pus que vai formando vários septos que vão aderindo às paredes e formam essa imagem convexa/cupuliforme. 12 Pneumotórax: Por algum motivo, o ar começa a se acumular dentro da caixa torácica, fazendo com que o pulmão encolha, reduzindo de volume e sendo empurrado, pois o ar ocupa o espaço quando ele fica preso dentro da caixa torácica. Pode ser por trauma, rompimento de uma bolha pleural, iatrogenia, intubação seletiva. Características: fica mais “escuro”, não tem marca vascular pulmonar, margem do pulmão visível, pode ter desvio do mediastino para o lado oposto. Hidropneumotórax: Por algum motivo, pode-se ter dentro do espaço pleural não apenas ar, mas também líquido. Característica: ar + nível hidroaéreo. Na maioria dos casos em que isso acontece são traumas. Pneumotórax hipertensivo 13 Pneumotórax hipertensivo: desviou o mediastino, o retorno venoso diminui, causando hipotensão. Pneumotórax hipertensivo não deveria fazer raio-x, mas sim intervir imediatamente, observando os sinais clínicos, como hipotensão, ausculta de murmúrio vesicular abolida, percussão hiper timpânica. 14 Hidropneumotórax: consegue se observar o nível do líquido na cúpula esquerda e de ar no ápice. Pneumoperitônio: ar cupuli- forme, semilunar, em crescente abaixo da cúpula à direita. À esquerda há pneumoperitônio: ar mais arredondado, parecendo umas haustrações. TEP – Tromboembolismo pulmonar: Os sinais apresentados têm uma baixa sensibilidade, isso porque não ver esses sinais não afasta a suspeita de TEP, porém, esses sinais têm uma especificidade elevada, ou seja, se você observar esses sinais, a chance de o paciente ter TEP é bastante elevada. Sinal de Fleischner: visualizar as artérias pulmonares principais. Em um TEP grande, volumoso, importante, a pressão aumenta e aumenta tanto a pressão da circulação arterial pulmonar que as artérias vão dilatar. É sinal da dilatação da artéria principal. 15 Sinal de Palla: sinal de dilatação da artéria pulmonar para o lobo inferior direito. Corcova de Hampton: quando se obstrui uma artéria pulmonar, o sangue não vai chegar no parênquima e a distribuição da vasculatura pulmonar, que se dá do hilo para fora, quando se obstrui um ramo arterial, o parênquima tende a infartar e em formato de V, com o ápice voltado para o hilo e a base voltada para a pleura. Esse achado pode ser discreto ou exuberante. O que vai ajudar no diagnóstico é a clínica de TEP. Em resumo, corcova de Hampton é parênquima que infartou. Outro sinal de paciente com TEP é elevação da cúpula diafragmática. Obs.: se o pulmão infartado toca no diafragma, faz o sinal da silhueta. 16 Sinal de Westermark: obstrução grande num vaso muito calibroso fazendo com que o sangue não passe mais, isso faz com que os vasinhos arteriais pulmonares encolham. Diminui a proporção de ar para vaso: existe muito ar (alvéolo) e pouco vaso (vascularização reduzida), fica mais transparente. 17 TEP na tomografia: pode-se ver o trombo “em sela” (ou “a cavaleiro”) – quando há uma falha de enchimento (trombo) na bifurcação das artérias pulmonares e um trombo dentro do vaso, aumentando e dilatando o calibre da artéria (sinal do alvo – nos trombos mais periféricos). Diferença entre Marcapasso e cardiodesfibrilador implantável: O aspecto é indistinguível, o que distingue é o fio. O Fio do marcapasso pode ser unicameral (só em um ventrículo), bicameral (ventrículo e átrio) e biventricular (nos dois ventrículos) e só tem uma ponta de metal. 18 Enquanto isso, o fio do cardiodesfibrilador tem duas pontas de metal. São essas áreas mais densas que darão o choque.
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