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1 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 5 • 1º método: É o método de investigação inicial para avaliar qualquer paciente com queixa pulmonar (tosse, febre, dor torácica, trauma, caso o paciente esteja hemodinamicamente estável). Pode ser esclarecedor ou não! Caso não seja conclusivo → prosseguir com a TC (exame padrão-ouro para tórax), principalmente em doenças do parênquima pulmonar. • Duas incidências: Deve ser feita em PA e perfil por causa da sobreposição de densidades. Padrões pulmonares (raios x) • Aumento da densidade pulmonar (redução da transparência – fica branco); • Diminuição da densidade pulmonar (aumento da transparência – fica preto); • Atelectasia (aumento da densidade associada a redução do volume pulmonar); • Alterações pleurais e mediastinais (aumento da densidade com formato arredondado - padrão de massas ou nódulos). Importante: os temos ̈ densidade¨ e ̈ transparência são opostos¨. Hipodenso = hipertransparente. Padrão de aumento da densidade pulmonar • Espaços alveolares: É o mais típico. Ocorre a entrada e o preenchimento de líquido nos alvéolos. É mais comum na pneumonia bacteriana/típica – consolidação pulmonar. • Interstício pulmonar: Quando o líquido está entre os alvéolos. É o padrão comum nas pneumonias virais/atípica – padrão reticular, frequente na covid. • São três os padrões neste grupo: ❖ Doença alveolar; ❖ Doença intersticial: muito mais bem avaliados com a Tomografia Computadorizada. ❖ Doença mista. Padrão alveolar • A consolidação pulmonar é definida como a substituição do ar dos alvéolos por líquido, células ou a combinação destes dois. • Nos exames radiológicos estas alterações se caracterizam por imagens opacas, causando apagamento dos vasos pulmonares, sem perda significativa de volume do seguimento afetado. • Os limites são mal definidos, exceto quando estas lesões alcançam a superfície pleural. Brônquios aerados no interior das consolidações são chamados “broncogramas aéreos”. • A ocupação dos alvéolos pode decorrer de sangue, pus, água, proteínas e células. Descrição do raio x: Opacidade em lado inferior direito (LID); Aumento da densidade em LID; Redução da transparência no terço inferior do hemitórax direito. É lobo inferior direito porque não tem apagamento da silhueta cardíaca (átrio direito). As setas apontadas na imagem acima mostram o broncograma aéreo. É uma imagem hiper transparente linear que representa o ar dentro dos brônquios e bronquíolos. Por que os brônquios do lado esquerdo não são visíveis? Porque do lado esquerdo, adjacente aos brônquios tem ar, dessa forma, não consegue ver no raio x. Como do lado direito os alvéolos estão cheios de líquido, os brônquios aparecem e se chamam de aero broncogramas (imagens hipodensas/ hiper transparentes). É o mesmo paciente com a incidência do raio x em perfil. Descrição do raio x: As setas demarcam a cisura oblíqua, que separa o lobo inferior do lobo Padrões Pulmonares no Raio X do tórax 2 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 5 médio + superior à direita e separa o lobo superior do inferior à esquerda. A seta vermelha da primeira imagem está apontando para bolha de ar gástrica com nível hidroaéreo, o que indica que o raio x foi feito em ortostase. Descrição do raio x: Opacidade ou consolidação no lado superior direito (LSD); redução da transparência em LSD. A estrutura apontada na seta vermelha da imagem A é a cisura horizontal, significa pneumonia comunitária, típica e bacteriana, que é muito delimitada pela cisura lobar. A cisura horizontal divide o lobo superior do médio que fica mais inferiormente em relação ao superior. Descrição do Raio x: Nessa imagem tem um padrão do aumento da densidade/opacidade ou redução da transparência que acomete uma topografia central, adjacente ao hilo - padrão Hilar e bilateral. É também um padrão de aumento da opacidade em asa de borboleta, é típico de edema pulmonar (líquido dentro dos alvéolos). Quando o padrão é intersticial, o líquido não está dentro do alvéolo, está no interstício entre os alvéolos. Esse padrão será reticular ou intersticial. Quando esses padrões estão relacionados a quadros pulmonares, são geralmente pneumonias atípicas, como pela infecção por coronavírus. A TC vai ter padrão vidro fosco, já no raio x muitas vezes não será visível. Doenças difusas pulmonares • Radiografias: tem limitações para caracterização destas lesões. • TC de alta resolução: ❖ Diagnóstico diferencial; ❖ Controle evolutivo; ❖ Definir locais para biópsia. Descrição do raio x: Infiltrado reticular intersticial na base e periferia pulmonar. Na imagem há aumento da densidade linear, formando muitas vezes paralelepípedos que indica edema intersticial. Na TC é melhor para se visualizar. Descrição das imagens: 1º imagem destacada em retângulo vermelho mostra um padrão de bronquiectasia que será abordado posteriormente. Nódulos pulmonares A diferença entre nódulo e massa é o tamanho. • Até 3 cm de diâmetro → nódulo. • > que 3 cm → massa. Quanto maior o tamanho, maior probabilidade de malignidade. 3 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 5 Quando se vê um padrão assim pode colocar como opacidade nodular ou nódulo radiopaco ou massa radiopaca. Descrição da imagem: Opacidade nodulariforme ou arredondado, de contornos lobulados parcialmente definidos, medindo x por x situado no lobo superior do pulmão esquerdo. Diante de uma imagem dessas, suspeita-se de neoplasia. Deve-se fazer uma TC para ver se é único ou se tem outros menores que não são vistos em raio x. Lesões únicas pensa-se em processo neoplásico primário e nódulos múltiplos pensa-se na possibilidade de metástase. Aí teria que ser feito um outro estadiamento para achar o sítio primário. Descrição da imagem: Opacidade nodulariforme com bordas lisas, sem calcificações ou nível hidroaéreo, em terço médio/inferior do pulmão direito. A suspeita seria neoplasia. Ela está mais anterior, pois há apagamento do contorno cardíaco, está ocupando grande parte do lobo médio. Nódulos únicos suspeita-se de lesões primárias. Descrição da imagem: Múltiplas opacidades nodulares de tamanhos variados, bastante comum em metástase. Acomete a metade inferior de ambos os pulmões. Deve-se fazer uma TC de tórax para topografar melhor as lesões. Descrição da imagem acima: Múltiplas opacidades nodulares incontáveis, difusamente distribuídas em ambos os pulmões vistas em PA e perfil. Diante de um exame desses pensa-se em metástase. Nesse caso também deve-se fazer uma investigação mais ampla, com uma TC de tórax e abdome. O processo expansivo pode ser pulmonar, mas também pode ser no mediastino. E quando acontece no mediastino, ele nos dá a imagem de alargamento de mediastino, que é a perda dos contornos habituais. Os contornos estão desenhados na imagem em azul. Nesse exame acima deve-se focar mais nos achados do raio x porque TC patológica será abordada depois. No raio x é visto um desvio da traqueia para o lado direito e uma área de alargamento de mediastino, ela está fazendo esse formato que está em azul. O padrão normal esperado seria a veia cava superior descer reto e a esquerda seria o padrão do botão aórtico. O padrão normal teria a traqueia numa topografia mais centralizada. 4 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 5 Em casos de contorno de mediastino alargado deve- se pensar nos 4 T´s: teratoma, tireoide, timo e terrível linfoma, e ainda tem a possibilidade de um aneurisma da aorta ou outras patologias da aorta. Imagem acima: terrível linfoma: Tem uma área de alargamento do mediastinona parte de mediastino superior e médio. Pelo raio x não se consegue fazer esse diagnóstico, pois é um método de investigação inicial. Portanto, nesse caso, parte para o método de padrão ouro que é a TC, onde será visualizada numerosas imagens nodulares compatíveis com linfonodos aumentados no mediastino, que é o que acontece no terrível linfoma. Pleuras e espaços pleurais Normalmente, não é possível ver os espaços pleurais nas radiografias do tórax. A pleura também pode ser afetada, podendo demonstrar alterações no raio x. Raio X normal: a pleura está envolvendo o pulmão: tem a pleura visceral (grudada no parênquima pulmonar), a pleura parietal (grudada na parede torácica) e entre a pleura visceral e parietal existe um espaço virtual que quando não está preenchido por ar, sangue ou transudato não vai ter nenhuma alteração. Porém, se tiver ar será um pneumotórax e se tiver líquido terá um derrame pleural. Lembrar: • Espaços pleurais têm três dimensões; • Envolvem os pulmões e se estendem pelas fissuras. Lesões pleurais • RX, US, RM → Mostram lesões pleurais. • Como se apresentam as lesões pleurais? • Pneumotórax → Acúmulo de ar (hipotransparência). • Derrames e proliferações celulares → densidade de partes moles (água). Pneumotórax No pneumotórax, essa parte onde tem as setas vermelhas ficam cheias de ar, o pulmão fica retraído e mais colabado com o aumento da densidade. Na parte que tem ar não vai ter vaso. Então terá que procurar, pois, no pulmão normal você vai ver os vasos passando, e no pneumotórax só tem densidade de ar e não tem vasos. Deve-se também procurar a linha do pneumotórax. Imagem: as setas vermelhas indicam a linha do pneumotórax, que é a linha que separa o pulmão colabado para a medial e o espaço pleural cheio de ar para a lateral. Nesse espaço pleural cheio de ar não tem sombra de vasos, e esse pulmão que está medial fica com a densidade um pouco mais alta que o normal porque ele está colabado. Repetindo: É importante procurar a linha do pneumotórax! Derrame pleural Imagem: aumento de densidade/opacidade. Não vai ter o aero broncograma, que é do processo alveolar (ar, líquido dentro dos alvéolos). No derrame pleural terá o sinal da parábola ou do menisco, que é esse formato circular nas extremidades. 5 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 5 Imagem: mostra que na base do hemitórax esquerdo tem uma área de redução da transparência ou uma área de opacidade, que aparenta ter uma certa parábola na extremidade. É isso que leva a se pensar no derrame pleural. Caso fique na dúvida, deve-se fazer um raio x lateral com raios horizontais, o que faz com que o derrame escorra OU pode fazer USG. Atelectasia • Definição: Perda de volume de segmento, lobo ou de todo o pulmão; • Causas: Obstrução brônquica, compressão, passiva (pneumotórax), restritiva (fibrose), por alteração de surfactante. Atelectasia também é um padrão de aumento da opacidade, só que ela tem perda de volume também. Já o padrão de consolidação aumenta de densidade, o líquido está dentro dos alvéolos, mas não tem perda de volume. Quando há perda de volume ocorre o repuxamento da traqueia para o lado da lesão, os arcos costais ficam mais aproximados uns dos outros, pode haver tração da cisura horizontal... Precisa prestar atenção nesses sinais de redução volumétrica para poder fazer o diagnóstico de atelectasia. Imagem: aumento difuso da opacidade em todo hemitórax direito. A traqueia está puxada para o lado do pulmão direito, sendo que era para estar centralizada. Observa-se também os arcos costais do lado esquerdo bem separados uns dos outros, já do lado direito eles estão bem juntos. Portanto, há sinais de redução volumétrica que são: traqueia desviada para o lado da lesão, arcos costais mais juntos, retração da cisura oblíqua e elevação do diafragma, que nesse caso não dá para ver porque a opacidade está pegando o lobo inferior e ela apaga o diafragma. Quando há colabamento do lobo superior, a cisura horizontal fica retraída e obliqualizada. Imagem: área de consolidação a esquerda, que pode ser uma atelectasia ou pode ser um processo de preenchimento alveolar. Nesse caso, precisaria fazer uma TC para ver se consegue diferenciar, mas, do lado direito do pulmão é atelectasia. Lesões hipertransparentes Até agora foram vistas lesões que aumentam a opacidade ou diminuem a transparência, ou seja, vai mais pra cor branca, que é pneumonia (típica ou atípica), nódulos, massas, edema pulmonar, atelectasia. Alterações que aumentam a quantidade de ar nos pulmões, aumenta a transparência, puxa para cor preta, como o enfisema, que ocorre a destruição do arcabouço pulmonar com aprisionamento aéreo (aquele ar não está mais servindo para trocas gasosas) e outras alterações como a doença de pequenas vias aéreas e a bronquite crônica, que ocorre um processo inflamatório nos brônquios e o ar não consegue ser expelido. Raio x acima: o pulmão está pouco penetrado, não está dando para visualizar bem a hipertransparência. Mas o que chama a atenção é o aumento do diâmetro longitudinal, porque o pulmão está hiper insuflado, a 6 Beatriz Machado de Almeida Diagnóstico por imagem – Aula 5 retificação das cúpulas frênicas e o achatamento da imagem do coração, pois o pulmão está tão cheio que comprime o coração e ele fica verticalizado, portanto, esses são os sinais de enfisema: ❖ Aumento do volume dos pulmões; ❖ Retificação do diafragma; ❖ Aumento da transparência do parênquima (fica mais preto); ❖ Diminuição dos vasos pulmonares (por ter tanto ar, o pulmão acaba comprimindo os vasos); ❖ Aumento dos hilos pulmonares. Bronquiectasias O último padrão que será visto nessa aula está relacionado a bronquiectasia ou broncograma aéreo que é quando os brônquios estão cheios de ar. Os brônquios estão presentes em todo o pulmão, ele vai levar ar até os alvéolos, eles são tubos por onde o ar percorre. Quando esses tubos dilatam isso que é a bronquiectasia, ela é muito melhor estudada pela TC. A TC é utilizada com uma técnica em alta resolução, no raio x ela fica muito mal vista, mas pode-se ver eventualmente umas imagens dilatadas hipotransparentes. Não se escreve o diagnóstico, apenas descreve e sugere como algo inespecífico e sugere pedir uma TC por ter um aspecto muito mais típico. • Definição: dilatação brônquica irreversível; • Rx: inespecífico; • TCAR: Diagnóstico e extensão. Então, desses achados todos que foram mostrados na aula, a bronquiectasia, o padrão de infiltrado reticular intersticial e o padrão de enfisema pulmonar são os três padrões que são infinitamente melhor estudados pela TC. Desses três, o mais possível de ser visto, quando nos casos de gravidade máxima, que é quando retifica a cúpula frênica é o enfisema. Mas pode ter um enfisema num grau mais leve e moderado que não dê para visualizar no raio x. Pode ter uma bronquiectasia num grau mais leve, que pode não ser visto no raio x. Por isso que o raio x não serve para estudos de bronquiectasia, enfisema e padrão intersticial, pois o paciente pode ter e no raio x não dê para visualizar. Então, é importante que a gente saiba reconhecer, mas também saber o fato de que se no raio x não der pra ver essas alterações não significa que elas não existam, como no caso da pneumonia por covid que é uma pneumonia atípica de padrão vidro fosco, vista apenas por TC. Pneumonia atípica por covid-19: Atenuação em vidro fosco visualizado em TC.
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