Prévia do material em texto
Comunicação e linguagem Prof. Me. Leandro Moura Tópico 1 Objetivo(s) de aprendizagem • Conhecer a diferença entre linguagem, língua e fala; • Analisar a aplicação da linguagem, da língua e da fala; • Avaliar os elementos do processo comunicativo; • Analisar as funções da linguagem e suas apli- cações práticas. Comunicação e linguagem Tópico 1 2 Neste Tópico: Introdução ����������������������������������������������������4 Linguagem, língua e fala ������������������������� 6 Linguagem ................................................................6 Língua .................................................................... 12 Fala ........................................................................ 14 O processo comunicativo ����������������������17 Funções da linguagem �������������������������� 25 Função emotiva ou expressiva �����������26 Função conativa ou apelativa �������������29 Função fática ��������������������������������������������� 35 Função metalinguística �������������������������39 Função referencial �����������������������������������43 Considerações finais�������������������������������45 Síntese ���������������������������������������������������������46 3 INTRODUÇÃO Em algum momento, você já deve ter se envolvido ou presenciado confusões em torno do tema comuni- cação. Já ouviu expressões como “naquela empresa falta comunicação” ou “ele é um ótimo profissional, mas não sabe se comunicar”? Provavelmente, já presenciou conflitos causados nas redes sociais e nos grupos de amigos e familiares do WhatsApp envolvendo problemas de comunicação e que acabam gerando discussões até entre amigos, não é mesmo? Figura 1: Todos dependemos da comunicação: essencial às relações pessoal e profissional. 4 Como você pode ver, da situação mais simples até a mais complexa, a comunicação faz parte do nos- so dia a dia. Você conseguiria viver em sociedade sem ela? Provavelmente seria impossível, pois é por meio da comunicação que você expressa suas ideias, compreende informações e entra em contato com outras pessoas. Reflita Mesmo nos comunicando tanto, será que esta- mos nos comunicando bem? Vamos entender como melhorar nossa comunicação, compreendendo seus elementos, suas funções e aplicações nos textos orais e escritos. E, para iniciar- mos nosso entendimento da comunicação, vamos começar pelos seus aspectos mais básicos: lingua- gem, língua e fala. 5 LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA Língua e linguagem são a mesma coisa? Você con- segue definir o que é fala? Muitas pessoas confundem as definições de lin- guagem, língua e fala. Embora façam parte do pro- cesso comunicativo, elas possuem características diferentes. Vamos conhecê-las? Linguagem É um sistema amplo de sinais (gráficos, gestuais, lin- guísticos, sonoros etc.) que permite a comunicação. A junção desses sinais forma a linguagem. Dessa forma, a comunicação entre as pessoas não ocorre apenas quando estão falando, mas quando gesti- culam, dançam, desenham e pintam, por exemplo. 6 Figura 2: Linguagem, língua e fala estão presentes nos mais variados meios, sejam eles virtuais ou presencial. Saiba mais Descubra a origem da linguagem aqui. A linguagem pode se dividir em verbal, não-verbal e mista, híbrida ou multimodal. Vamos aos exemplos em situações práticas: ao re- ceber um cartão vermelho do juiz, o jogador entende que foi expulso do jogo. Isso ocorre sem que eles digam uma palavra, não é mesmo? Algumas situações comunicativas não exigem o uso de palavras (escritas ou faladas) para que uma mensagem seja compreendida. Isso quer dizer que, quando usamos outras formas para expressar algo, 7 que não seja expresso em palavras faladas ou escri- tas estamos usando a linguagem não-verbal. Verifique o exemplo a seguir: Você já enviou ou recebeu um emoji pelo celular? O emojis são desenhos que representam expressões humanas. Ao ficar triste, por exemplo, você não pre- cisa escrever “estou triste”. Basta enviar um emoji que represente isso. Figura 3: Os emojis facilitam nossa comunicação nas redes sociais. Assim como os emojis, existem outros tipos de lin- guagem não verbal, como: • as placas de trânsito; • os gestos; • um filme mudo; 8 • as cores de uma bandeira; • as pinturas; • as danças; • os sons dos instrumentos, de uma buzina, do choro de um bebê. Por outro lado, quando você escreve um e-mail para o seu chefe, usa palavras para fazer isso, não é mes- mo? Quando envia uma mensagem de voz pelo celu- lar, também. Dessa forma, a linguagem verbal, como o próprio nome diz, é quando se verbaliza algo, ou seja, quando nos comunicamos pela fala ou escrita. Onde mais podemos encontrar a linguagem verbal? • Receitas; • Bilhetes; • Mensagens de celular; • Postagens e comentários das redes sociais; • Jornais; • Revistas; • Livros; • Conversas via telefone ou pessoalmente; • Este material que você está acessando. Até aqui entendemos que a linguagem verbal é a co- municação feita com palavras, sejam elas escritas ou faladas, e a linguagem não-verbal, por sua vez, ocorre sem o uso delas. Dito isso, observe o meme a seguir. 9 Figura 4: Além da linguagem verbal e não verbal, temos a junção das duas linguagens. | Fonte: https://www.metrojornal.com.br/ foco/2018/05/28/memes-da-greve-dos-caminhoneiros-nao-param- -de-sair.html Observe a imagem do piloto Rubens Barrichello, mas também as palavras que remetem à greve dos cami- nhoneiros, ocorrida em maio de 2018, e que pautou todos os noticiários do país. Como você classificaria esse tipo de linguagem: verbal ou não verbal? Caso tenha pensado ou respondido “nenhum deles”, você acertou. Além das linguagens verbal e não-ver- bal, a comunicação pode apresentar uma mescla dos tipos de linguagem que verificamos anteriormente. A esse fenômeno chamamos de linguagem mista, hí- brida ou multimodal, e ele acontece quando usamos palavras em conjunto com outros sinais. Histórias em quadrinhos, gráficos, jornais, filmes, programas de TV, conversas do WhatsApp (que possuem pala- vras, mas também fotos, vídeos, emojis) são alguns 10 exemplos de linguagem mista. Memes, como o que analisamos, também são criados a partir da junção de uma figura com palavras ou frases e, por isso, podem ser considerados um tipo expressão da lin- guagem híbrida. Você conhece os memes? Figura 5: https://noticias.bol.uol.com.br/bol-listas/o-que-e-meme- -seis-fatos-explicam-o-surgimento-desse-conceito-na-internet.htm Você já percebeu que existem vários tipos de lingua- gem. Linguagens como a digital, da moda, de sinais, do futebol e da televisão são alguns desses tipos, assim como a língua. Em outras palavras, a língua é uma forma de linguagem. Então, como podemos defini-la? 11 Língua É um conjunto de signos organizado por regras e usado por um grupo específico para se comunicar. Enquanto atividade social, para que os falantes do grupo compreendam o que é dito, as regras de uma língua obedecem a um padrão. Daí vem aquela ex- pressão “falar a mesma língua”. Fique atento Para Saussure, considerado o pai da Linguística, signo é a união do significante ao significado. SIGNIFICANTE SIGNIFICADO C-A-S-A Quando lemos a palavra casa, conhecemos os sons de cada letra que a forma. O significan- 12 te não seria propriamente o som concreto, mas como ele é representado: Em nossa língua, usamos letras para representar os sons das palavras por meio dos fonemas. Ao pensarmos no gato como um animal felino, que possui quatro patas e gosta de peixe, estamos falando do conceito ou ideia. A isso chamamos de significado. (CARVALHO, C., 2000, p. 27). Quer ver um exemplo de como as regras podem or- ganizar a nossa língua? Se você chamar uma amiga para sair usando a frase: Sair quer você comigo hoje? É bem provável que ela fique confusa ou não aceite o seu convite. Em nossa Gramática, muitas frases possuem uma ordem direta indicada pela combina- ção de sujeito, verbo e objeto. Dessa forma, se sua amiga tambémfalar português, ao dizer: Você quer sair comigo hoje? Ela entenderá seu convite. Agora, diferentemente da língua, que é coletiva e social, a fala é individual porque cada pessoa tem sua maneira de falar, seu sotaque, gírias, expressões regionais e/ou mais in- formais. Essa oposição entre língua e fala foi feita por Saussure (CARVALHO, C., 2000, 49). 13 Figura 6: https://pixabay.com/pt/falar-discuss%C3%A3o- microfone-lata-238488/ Fala A fala possui sua organização própria, suas combina- ções necessárias para que os falantes se entendam. Ao contrário da língua, a fala confere maior liberdade a seus usuários, pois permite que eles recombinem e atualizem expressões, façam ajustes ou criem no- vas palavras. Isso não significa que a língua é uma entidade imutável, mas que suas mudanças ocorrem mais lentamente que na fala. 14 Fique atento Fala é a forma concreta que os seres humanos utilizam para se comunicar independentemente de seu idioma. Mesmo que você nunca tivesse ido à escola ou fosse analfabeto e não conseguisse ler esse texto, falar seria possível. A fala é aprendida no convívio social, na família, nas comunidades, na rua ou na escola. Pergunte a seus pais ou a quem tenha convivido com você desde seu nascimento, com quantos anos você começou a falar. Observe uma criança que, sem nunca ter ido à es- cola ou nenhum adulto ter ensinado, começa a falar pelo convívio entre os pais, irmãos e vizinhos a partir de sua maturidade cognitiva. Ela se desenvolve aos poucos, de maneira progressiva. Saiba mais Você sabe com que idade uma criança começa a falar? Descubra aqui. O que podemos compreender até aqui? Não é pos- sível pensarmos em linguagem e comunicação sem pensarmos na interação entre os sujeitos que estão envolvidos na situação comunicativa. A linguagem transforma e é transformada por todos nós, as pes- soas que a utilizam, pois nossos valores históricos, culturais e políticos influenciam a maneira como uma 15 mensagem é transmitida ou entendida. E, dependen- do do momento histórico em que estivermos, pode ser que nossa compreensão da mensagem também seja modificada. Quando produzimos ou recebemos uma mensagem, direcionamos a alguém que deve compreender o có- digo que usamos por meio de um canal para emitir uma ideia. Isso ocorre em um determinado contex- to e todos esses fatores condicionam a produção da linguagem. Este é o processo da comunicação e podemos dizer que ele só acontece quando os sujei- tos envolvidos compreendem a mensagem. Vamos entender como ele funciona? 16 O PROCESSO COMUNICATIVO Imagine que seu celular acabou de tocar, pois chegou uma nova mensagem. É o seu pai que está pedindo sua ajuda para ajustar a televisão. Você lê e entende o que está escrito. Responde a mensagem dizendo que já está a caminho para ajudá-lo. Você percebe que ele também compreendeu, pois ele envia uma mensagem de confirmação dizendo que espera por você e se despede em seguida. Perceba que a comunicação entre vocês foi bem-su- cedida, mas você já parou para pensar que sem os elementos envolvidos nessa situação, tais como o emissor, o código e o canal, isso não seria possível? Afinal, quem foi o emissor? Qual foi o código utiliza- do? E o canal? Se pensarmos num esquema, podemos representar a conversa do celular dessa forma: 17 Referente Emissor Receptor Você Mensagem Código Canal Seu pai Figura 7: Modelo comunicativo de Roman Jakobson, linguista russo. É provável que você já tenha visto um esquema pare- cido com esse em algum momento da sua vida. Ele tem como base o modelo da comunicação, usado popularmente para explicar como acontece a comu- nicação humana. Podcast 1 Embora seja usado como apoio para aulas de por- tuguês, o modelo foi criado por um matemático. É isso mesmo! Em 1948, o matemático e engenheiro elétrico Claude Shannon publicou um artigo com o título “Uma teoria matemática da comunicação” onde apresentou um modelo mais simples de comunica- ção. Seu objetivo era analisar a eficiência da comuni- cação em telégrafos e telefones. O modelo era linear, ou seja, baseava-se na transmissão de informações e não previa a interação entre os participantes. Foi 18 nas mãos do linguista Roman Jakobson que a teoria foi adaptada à comunicação humana. (GUIMARÃES, T., 2012, p. 2 e 3). A comunicação é um fenômeno tão presente em nossas vidas que nem nos damos conta de como ela acontece. Nesse momento, você está pensando em qual tipo de código foi usado para fazer este material? Quem é seu emissor ou qual canal de co- municação estabelecido? Acredito que não, pois nos comunicamos naturalmente, agindo ou recebendo in- formações, como se estivéssemos no modo automá- tico. Mesmo assim, para que isso aconteça, alguns aspectos são necessários. De acordo com o modelo que vimos, a comunicação tem seis elementos: A mensagem é o conteúdo transmitido durante a comunicação. Ela pode ser produzida por meio das linguagens verbal ou não verbal, como estudamos anteriormente. Pensando no exemplo da conversa com seu pai pelo celular, os textos enviados e rece- bidos compõem a mensagem. Os textos escritos ou falados, a dança, um filme, uma notícia de jor- nal, uma postagem na rede social são exemplos de mensagens. O emissor/locutor ou remetente é quem emite a men- sagem. Usando o mesmo exemplo, seu pai represen- taria, aqui, o papel do emissor, pois a comunicação foi iniciada por ele. Ao receber a mensagem, você atuou como receptor/alocutário ou destinatário do processo comunicativo, pois a informação chegou até você. Nesta situação, houve um emissor e um 19 receptor, mas em uma palestra, por exemplo, temos vários receptores. Quero chamar sua atenção para o fato de que os pa- péis do emissor e do receptor são intercambiáveis, ou seja, eles podem ou não mudar, dependendo da direção da mensagem. Quando você responde à men- sagem recebida, troca de papel com seu pai: você passa a ser o emissor da conversa e ele, o receptor. Fique atento Essa troca de papéis entre os interlocutores acon- tece porque a comunicação faz com que os sujei- tos envolvidos interajam numa determinada situa- ção. Eles trocam de papéis porque, ao entrarem em contato, produzem e/ou recebem informações. No exemplo do podcast, durante a conversa com seu pai, vocês utilizam um conjunto de palavras da língua portuguesa, organizadas de acordo com regras que ambos conhecem, certo? Se isso não aconteces- se, seria impossível compreender e responder às mensagens. A esse conjunto chamamos de código, que é o sistema de signos compreendido (parcial ou completamente) pelo emissor e pelo receptor. Eles utilizam o mesmo código para transmitir ou receber a mensagem. São códigos as palavras, escritas ou faladas, as imagens, estáticas ou em movimento, os sons, como uma buzina de carro ou a combinação de instrumentos de uma orquestra, as cores, como as que fazem parte do semáforo. 20 As mensagens que você recebeu de seu pai foram enviadas pelo celular, certo? Podemos dizer que este foi o canal utilizado por vocês para que a comuni- cação acontecesse. Isso quer dizer que o canal é o meio físico pelo qual a mensagem é veiculada. Se você tivesse a mesma conversa com seu pai pesso- almente, quase todos os elementos da comunicação permaneceriam os mesmos, mas o canal passaria a ser o ar – isso mesmo, até o ar que respiramos ajuda na comunicação! – pelo qual sua voz se propaga. Você consegue pensar em outros tipos de canais que usamos para comunicar algo? A televisão, o rádio, o ar, o telefone, o computador são alguns dos canais de comunicação que conhecemos. Para que a mensagem tenha sentido numa situação comunicativa, precisamos saber do que se trata. O contexto ou referente é o elemento da comunicação que informa o ambiente de produção da mensagem. Ele pode apontar o assunto, o momento, a situação ou o local referentes à mensagem. No contexto da conversa pelo celular, por exemplo, temos um pedido de ajuda quevocê recebeu de seu pai. Quando ou- vimos ou usamos a expressão “contexto histórico”, queremos explicar em qual momento da história está situado o assunto do qual estamos falando. Fique atento O contexto é um elemento fundamental da comu- nicação. Não é difícil ouvir por aí que “contexto é tudo”. De fato, o contexto tem poder, pois ele 21 dá sentido a um texto. No contexto “ambiente de trabalho”, você se comunica de uma forma que não necessariamente é a mesma forma com a qual se comunica com seus amigos de infância. Quando enviamos ou recebemos um meme sobre po- lítica, por exemplo, precisamos conhecer algo sobre o assunto, ou seja, em que contexto a mensagem foi pro- duzida, para entendermos o que ela quer dizer. Muitas vezes, a imagem de um meme não está diretamente associada à frase que ele apresenta. Nesses casos, é necessário conhecer também o contexto da imagem utilizada para entender o sentido completo do meme. O contexto também influencia nossa comunicação quando estamos aprendendo uma nova língua. Se você já passou por isso, vai concordar que, no co- meço, é comum querermos traduzir as palavras ao pé da letra, não é mesmo? Entretanto, as palavras podem ter outros sentidos quando são empregadas em diferentes contextos. A palavra letter, em inglês, pode significar letra ou carta. Veja que a escrita e a pronúncia são iguais. O que muda é o contexto em que elas serão empregadas. Ainda sobre o sentido de um meme, o mesmo não tem sentido se você apre- sentar para um colega inglês ou de qualquer outra cultura que não conheça o contexto de produção a partir do qual o meme foi criado. 22 Receptor/alocutário ou destinatário Aonde chega a mensagem Código Sistema de signos compartilhado pelos participantes Canal Meio físico pelo qual a mensagem é transmitida Referente ou contexto O que se refere ao ambiente de produção da mensagem Emissor/locutor ou remetente De onde parte a mensagem Mensagem Conjunto de informações utilizado na comunicação COMUNICAÇÃO Figura 8: https://br.freepik.com/vetores-gratis/movel-com-elemen- tos-infografico_942661.htm Depois da teoria, nada melhor que a prática para fixar o que aprendemos. Observe o anúncio a seguir: Figura 9: Os elementos da comunicação estão presentes no dia a dia, seja para vender um produto, seja para informar algo importante ou sim- plesmente para nos entreter. | Fonte: https://www.publicitarioscriativos. com/5-anuncios-demonstrando-que-o-melhor-do-brasil-e-o-brasileiro/. 23 Quais elementos de comunicação encontramos neste anúncio? Emissor: prefeitura da cidade de Barueri. Receptor: moradores da região e/ou pessoas que visualizam o outdoor. Mensagem: texto escrito e figuras. Canal: anúncio publicitário. Código: verbal (língua portuguesa) e não verbal (figuras). Contexto: alerta sobre o descarte de entulho em locais proibidos. A palavra “privada”, neste caso, apresenta duplo sentido, pois indica que a rua não é particular, mas também local onde se descarta dejetos, ou seja, uma privada. Veja que podemos entender o humor do anúncio somente ao compre- ender estas informações adicionais que não estão explícitas no texto – o seu contexto. Esperamos que você tenha compreendido os ele- mentos da comunicação, pois eles são a base para o nosso próximo tema, as funções da lingua- gem. Vamos lá? 24 FUNÇÕES DA LINGUAGEM Quando nos comunicamos, não buscamos apenas transmitir uma informação: tentamos convencer o outro a fazer ou dizer alguma coisa que queremos, conhecemos o significado de uma palavra, expres- samos nossos sentimentos, pela linguagem organi- zamos nosso cotidiano. Perceba que cada situação de comunicação tem um objetivo. Ao identificá-lo, ou seja, ao entendermos qual a função de um deter- minado tipo de mensagem, podemos interpretar e compreender melhor o que foi dito. Para entender qual a função da linguagem, o linguista Jakobson propôs um desdobramento do modelo comunicativo: para cada elemento, ele atribuiu uma função. Sendo assim, temos: Elemento Função Emissor Emotiva Receptor Conativa Mensagem Poética Código Metalinguística Canal Fática Contexto Referencial 25 FUNÇÃO EMOTIVA OU EXPRESSIVA Você conhece uma pessoa que só sabe falar de si mesma? Isso demonstra dois pontos importantes: pode se tratar de uma pessoa egoísta, mas que faz uso da função emotiva. Em outras palavras, a função emotiva é aquela que identifica o próprio emissor como seu fator central. É a expressão de pensamentos, sentimentos, emo- ções, valores pessoais. Emprega-se a 1ª pessoa do discurso (eu, mim, comigo, vivo, corro, amo). Não é a mensagem em si ou o fato que tem maior importância, mas a opinião do emissor, sua percep- ção sobre o mundo. Isso ocorre por meio do discurso subjetivo que encontramos em poemas, músicas, diários, entrevistas, depoimentos e outras manifes- tações em que o discurso esteja centrado no pró- prio emissor. Verifique o exemplo a seguir. Na sua estante Te vejo errando e isso não é pecado Exceto quando faz outra pessoa sangrar Te vejo sonhando e isso dá medo Perdido num mundo que não dá pra entrar Você está saindo da minha vida 26 E parece que vai demorar Se não souber voltar ao menos mande notícias Cê acha que eu sou louca Mas tudo vai se encaixar Tô aproveitando cada segundo Antes que isso aqui vire uma tragédia E não adianta nem me procurar Em outros timbres, outros risos Eu estava aqui o tempo todo Só você não viu E não adianta nem me procurar Em outros timbres, outros risos Eu estava aqui o tempo todo Só você não viu Você tá sempre indo e vindo, tudo bem Dessa vez eu já vesti minha armadura E mesmo que nada funcione Eu estarei de pé, de queixo erguido Depois você me vê vermelha e acha graça Mas eu não ficaria bem na sua estante Tô aproveitando cada segundo 27 Antes que isso aqui vire uma tragédia E não adianta nem me procurar Em outros timbres e outros risos Eu estava aqui o tempo todo Só você não viu E não adianta nem me procurar Em outros timbres, outros risos Eu estava aqui o tempo todo Só você não viu Só por hoje não quero mais te ver Só por hoje não vou tomar minha dose de você Cansei de curar feridas que não se fecham Não se curam (não) E essa abstinência uma hora vai passar PITTY. Na sua estante. Disponível em: https://www.letras. mus.br/pitty/249552/. Acesso em 12 nov. 2018. A música que você acabou de ler é da cantora de rock Pitty. Nela, percebemos que o emissor fala de outra pessoa, mas seu objetivo é mostrar seus próprios sentimentos e percepções diante da situação. Isso é reforçado pelo uso da primeira pessoa do discurso: “te vejo”, “minha vida”, “me procurar”, “eu estava”. 28 FUNÇÃO CONATIVA OU APELATIVA A função é conativa quando a ênfase da situação comunicativa está em quem recebe a mensagem, ou seja, no receptor, para quem a mensagem se di- reciona. Isso significa que seu ponto central é a 2ª pessoa (tu, você). Essa função também é chamada de apelativa, mas não à toa: seu objetivo é apelar, persuadir o receptor, para que ele seja convencido a fazer algo. Gramaticalmente falando, o uso do imperativo é mui- to encontrado na função conativa, representado pelas ordens, convites, conselhos: Não perca! Venha comigo. Faça agora! Compre. Matricule-se já! Por falar nisso, os textos publicitários são os exem- plos mais comuns do discurso apelativo, pois eles procuram convencer seus receptores a mudarem de opinião, de comportamento, como abrir uma con- ta em um banco, frequentar um novo restaurante, ou ainda, comprar aquele carro dos “seus” sonhos, por exemplo. 29 Agora, verifique o anúncio a seguir: Figura 10: http://olharcriativo.net/propaganda/campanha- publicitaria-da-tenda A campanha de doação de brinquedos foi feita pela construtora Tenda, que lançou este anúncio para impulsionar a arrecadação. O objetivo é fazer com que as pessoas doem brinquedos para a campanha, mas isso não é dito explicitamente: as palavras usa- das dão aentender que, ao doar, a pessoa estará ajudando um brinquedo a encontrar uma criança. Dessa forma, valoriza-se quem pratica a ação, ou seja, o receptor da mensagem. Alguns exemplos: • Sermões religiosos; • Discurso político; • Livros de autoajuda; • Horóscopo; • Vídeos/palestras motivacionais. Vamos praticar? Encontre na tirinha da Mafalda as marcas da função conativa. 30 Figura 11: http://unidadedidatica.blogspot.com/2013/06/a-estilisti- ca-estuda-osprocessos-de.html. Função poética Leia o poema: Canção do vento e da minha vida O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores… E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. O vento varria as luzes, O vento varria as músicas, O vento varria os aromas… E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De aromas, de estrelas, de cânticos. O vento varria os sonhos E varria as amizades... O vento varria as mulheres E a minha vida ficava 31 Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres. O vento varria os meses E varria os teus sorrisos... O vento varria tudo! E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo. BANDEIRA, Manuel. “Canção do vento e da minha vida”. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/teoriali- teraria/3596356 . Acesso em 11 out. 2018 Durante a leitura do poema de Manuel Bandeira, você deve ter experimentado uma sensação diferente, já que precisou repetir o som da letra “v” diversas ve- zes. Em nossa língua, chamamos isso de aliteração, ou seja, quando há repetição de um fonema. Esse recurso não foi usado por acidente: a repetição do som de “v” lembra o próprio ruído do vento. Perceba que o escritor brinca com fator concreto da própria palavra, sua sonoridade, além do uso das rimas, do ritmo, da métrica, que são recursos que fazem parte de muitos poemas. Nesse exemplo, podemos dizer que o que mais nos chama atenção não é o emissor nem o receptor, mas a própria mensagem – sendo este o objetivo da fun- ção poética. 32 Segundo Thelma Guimarães (2012), a função poética possui dois eixos: a seleção e a combinação de pala- vras para construir enunciados. De acordo com ela: “precisamos selecionar, dentro do repertório de vocá- bulos oferecidos pela língua, os mais adequados à si- tuação; depois, precisamos combinar esses vocábulos de modo que o receptor entenda.” Claro que cada emissor poderá selecionar e combinar os vocábulos de diversas maneiras. Por exemplo: se você pretende viajar amanhã, provavelmente dirá “Amanhã viajarei” ou “Viajarei amanhã”, mas não dirá “Ontem viajarei”, pois a combinação de palavras não faz sentido na língua portuguesa e não se adequa à situação de partida, que ocorrerá amanhã. Com esse simples exemplo, percebemos como é importante escolhermos as palavras certas e com- binarmos de forma adequada, para que nossa co- municação faça sentido. Na função poética, isso acontece com extremo cuidado, pois as escolhas feitas pelo emissor envolvem o trabalho com recur- sos linguísticos, como os que vimos antes. Cada palavra tem um motivo particular para estar ali, assim como a combinação de palavras feitas naquele texto representa uma intenção de seu autor. Voltando ao poema de Manuel Bandeira, a leitura do poema não nos permitiria ter a sensação do barulho do vento caso o autor optasse por repetir outro fonema. 33 Como o próprio nome diz, costumamos associar diretamente a função poética à literatura. De fato, muitos textos literários, como os poemas, carregam esta função, mas ela está presente em outros tipos de texto, como as parlendas infantis, os trava-lín- guas. A publicidade também explora os recursos desta função ao dar novos sentidos às palavras que conhecemos tradicionalmente. 34 FUNÇÃO FÁTICA Você já ouviu a expressão “jogar conversa fora”? Pois bem, mesmo quando não planejamos nosso discurso, exercitamos nossa linguagem, já que até nossos diálogos mais pretensiosos e informais têm utilidade na comunicação. Tenho certeza que você já puxou conversa com um desconhecido para quebrar o gelo, não é mesmo? Ou ainda, que um desconhecido tenha puxado conver- sa com você, rompendo o silêncio com um simples “Bom dia!”. Viu só? Todo ato de comunicação tem sua função na linguagem. Dizemos que a função fática pode ser considerada a mais social das funções. Isso porque o seu objetivo é fazer com que os participantes de uma situação comunicativa entrem em contato e estabeleçam vínculos. Quando você cumprimenta alguém, está buscando estabelecer um vínculo com essa pessoa. Para que você entenda melhor essa função, lembre- -se de que uma das características da comunicação é o meio pelo qual nosso contato com os outros se estabelece, ou seja, o canal que utilizamos para pro- duzir uma mensagem. O que isso quer dizer? Na função fática, buscamos checar se o canal de comunicação está funcionando adequadamente, seja para iniciar, manter ou encerrar um contato. 35 Quando falamos “Bom dia!” a um desconhecido, ao ligar para um amigo, ao cumprimentar nossos fami- liares ou nos despedirmos do pessoal do trabalho, estamos nos certificando de que o canal de conta- to está aberto, funcionando corretamente e que a comunicação pode ser estabelecida ou encerrada. Alguns exemplos dessa função são: • Diálogos: por telefone, pessoalmente, por mensa- gens, pela internet; • Saudações; • Cumprimentos; • Despedidas. Para fazer com que o receptor responda ao contato estabelecido pelo emissor, a função fática tem alguns recursos, como: • Uso de frases interrogativas: “Alô, está me ouvin- do?”, “E aí, tudo bem?”; • Interjeições e onomatopeias: “Bom dia!”, “Credo!”, “Ei!, “Tchau!”, “Hum...hum”, “Ufa!”, “Ah!”, “Oba!”; • Expressões como “veja bem”, “entende?”, “olhe só” podem ser empregadas pelo emissor para prolon- gar a comunicação. Podcast 2 Vamos ver como isso funciona na prática? Observe a tirinha do Armandinho: 36 Figura 12: https://tirasarmandinho.tumblr.com/ Acesso em: 21 de jan. de 2019. Você consegue identificar quais elementos com- põem a função fática na tirinha do Armandinho? Começando com o próprio garoto, percebemos que ele faz uma pergunta aos amigos – a frase inter- rogativa pede uma resposta, ou seja, Armandinho estabelece contato com os interlocutores. Ao res- 37 ponderem, seus amigos confirmam que o canal de comunicação está funcionando adequadamente. Agora, vamos ver outro exemplo: Sinal fechado — Olá! Como vai? — Eu vou indo. E você, tudo bem? — Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro… E você? [...] BUARQUE, Chico. Sinal Fechado. Disponível em: https:// www.letras.mus.br/chico-buarque/369176/ Acesso em 28 out. 2018. Você acha que este é um exemplo de função fática? A música “Sinal fechado”, de Chico Buarque, não dei- xa explícito quem são os interlocutores, mas pode ser considerada um exemplo de função fática, pois nela conseguimos identificar interjeições e frases inter- rogativas usadas para numa situação comunicativa. 38 FUNÇÃO METALINGUÍSTICA Observe os exemplos a seguir. O que eles têm em comum? Figura 13: Fotografia da obra Self portrait as a painter (Autorretrato como pintor). | Fonte: Vincent van Gogh [Domínio público] 39 Figura 14: LIMA, D. Tirinha Osvaldo Augusto. Disponível em: https:// oswaldoaugusto.com/2012/02/16/metalinguagem-salva-um/. Acesso em 11 nov. 2018. Você conhece as figuras acima? A primeira delas é uma pintura de Van Gogh, renomado artista do século XIX; a segunda figura é uma tirinha que conta histó- rias da vida de um peixe chamado Osvaldo Augusto. 40 Já sabemos que são recursos artísticos diferentes, mas eles possuem algo em comum. Você conseguiu descobrir o que é? Vou te ajudar: ambos usam ele- mentos da própria linguagem que utilizam para se manifestar. Já descobriu? É a função metalinguística. O nome parece complicado, mas não se preocupe, pois você vai entender com facilidade: quando a men- sagem está centrada no código, ouseja, a linguagem é usada para falar da própria linguagem, temos a função metalinguística. Vamos aplicar a função aos exemplos apresentados: na pintura de Van Gogh, o pintor brinca com o códi- go utilizado – a linguagem artística –, pintando um autorretrato que o revela usando o mesmo recurso. É como se o pintor nos ensinasse a pintar pintando. Na tirinha do peixinho Osvaldo Augusto, identifica- mos que o peixe fala sobre repetir uma tira porque está sem ideias, como se ele mesmo fosse o autor das tiras. Fique atento Os exemplos nos ajudam a entender que código não são apenas as palavras, mas – como verifi- camos anteriormente – nos elementos da comu- nicação, signos que os interlocutores conhecem. Poema que fala sobre poema. Texto que fala sobre texto. O dicionário é um exemplo clássico de função metalinguística, pois ele usa palavras para explicar o 41 significado das próprias palavras. Um tutorial gravado em vídeo que ensina a fazer tutorial também é um exemplo desta função, assim como um filme ou um programa de TV que mostram elementos de como são produzidos. 42 FUNÇÃO REFERENCIAL Se a função de um texto está centrada em seu con- texto ou referente, podemos dizer que sua função é referencial. Isso significa que o objetivo do emissor é apenas informar, ou seja, transmitir uma informação da realidade. Talvez você não esteja ligando o nome à situação, mas a função referencial está muito pre- sente em nosso cotidiano. Vamos analisar? Figura 15: Como o analfabetismo funcional influencia a relação com a rede social no Brasil. 12 de outubro de 2018. Disponível em: https:// www.bbc.com/portuguese/brasil-46177957. Acesso em: 12 nov. 2018. Você consegue identificar que tipo de texto é esse? Obviamente, se trata de uma notícia. E o que se des- taca nela? Observe que a própria informação é o fator mais importante da mensagem, pois a preocupação não é saber quem está enviando ou recebendo a informação, mas como o seu contexto está sendo transmitido. Para isso, o emissor da notícia não usou 43 um discurso persuasivo (buscando nos convencer de algo, como na função conativa) nem pessoal, íntimo (característico da função emotiva), mas objetivo e claro, destacando apenas os fatos apresentados. Nesse tipo de mensagem, o emissor faz uso da 3ª pessoa do discurso (ele, ela, seu, vocês) e evita ex- pressões subjetivas que podem deixar sua opinião evidente, como “eu acho”, “lindo”, “horrível”, “vergo- nhoso”, entre outras. Além das notícias e reportagens (escritas ou orais, como os jornais de TV), a função referencial também está presente em: • Leis; • Comunicados empresariais; • Textos jurídicos; • Textos acadêmicos. Em algum momento da nossa vida, já tivemos ou ainda vamos ter contato com algum desses tipos de texto, mas nos interessa bastante o texto acadê- mico. Na faculdade, a maioria dos textos que lemos ou escrevemos têm função referencial. Isso quer dizer que devemos usar o máximo de objetividade e clareza para expressar nossas ideias e torná-las compreensíveis. Ser objetivo e claro são as principais características da função referencial. Podcast 3 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecer os elementos do processo comunicativo não nos permite mais utilizar a famosa frase: não sou responsável pelo o que você entende, mas sim pelo que eu falo. Os ruídos da comunicação são evitados quando compreendemos e buscamos ter alguns cuidados com a comunicação, por exemplo, como procurar se colocar no lugar do receptor. Utilize a comunicação, entenda seus elementos, di- ferencie as funções da linguagem e compreenda que elas estão presentes nos diversos textos do dia a dia, pois isso vai fazer com que você amplie as possibili- dades de intervenção nos mais variados espaços de comunicação: trabalho, escola e sociedade. 45 Síntese Código Canal Referente SignificadoSignificado Componentes da Comunicação Funções da Linguagem VS. Linguagem Signo Verbal Não-verbal e mista Híbrida Multimodal Mensagem Emissor Recptor Significante Metalinguística Fática Referencial Emotiva Conativa Poética Referências CARVALHO, Castelar de. Para compreender Saussure: Fundamentos e visão crítica. 9 ed. rev. e ampl. Petrópolis: Vozes, 2000. GUIMARÃES, Thelma de Carvalho. Comunicação e linguagem. São Paulo: Pearson, 2012. (Disponível em Biblioteca Virtual. Acesso em 13 de outubro de 2018.) Medeiros, João Bosco; Tomasi, Carolina. Como es- crever textos: gêneros e sequências textuais. São Paulo: Atlas, 2017. (Disponível em Minha Biblioteca. Acesso em 13 de outubro de 2018. TERRA, Ernani. Linguagem, língua, fala. São Paulo: Scipione, 2008. (Disponível em Biblioteca Virtual. Acesso em 13 de outubro de 2018.) Azevedo, Roberta. Português básico [recurso eletrôni- co] / Roberta Azevedo. – Porto Alegre : Penso, 2015. e-PUB. (Disponível em Minha Biblioteca. Acesso em 13 de outubro de 2018) KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2010. (Disponível em Biblioteca Virtual. Acesso em 13 de outubro de 2018.) KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2016. (Disponível em Biblioteca Virtual. Acesso em 13 de outubro de 2018.) 47 KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2010. (Disponível em Biblioteca Virtual. Acesso em 13 de outubro de 2018.) Marchiori, Marlene (org.). Linguagem e discurso. São Paulo: Difusão Editora, 2017. (Disponível em Biblioteca Virtual. Acesso em 13 de outubro de 2018) Penteado, J.R. Whitaker. A técnica da comunicação humana. São Paulo: Cengage Learning Edições Ltda., 2012. (Disponível em Minha Biblioteca. Acesso em 13 de outubro de 2018) Portal Educação [internet]. Disponível em: https:// www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/es- porte/a-linguagem-e-a-comunicacao/45361. Acesso em: 13 de outubro de 2018. Professor Noslen [internet]. Disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=iwyZbcC9pU0. Acesso em: 13 de outubro de 2018. SAVIOLI, Francisco Platão; FIORIN, José Luiz. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2007. (Disponível em Biblioteca Virtual. Acesso em 13 de outubro de 2018.) Simis, Anita [et al.]. Comunicação, cultura e lin- guagem [livro eletrônico]. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2014. 48