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@emanuellycardoso 1 Clínica Cirúrgica Pré-Operatório 1. Avaliação – determinar condutas 2. Planejamento do ato cirúrgico 3. Conhecer o paciente – comorbidades 4. Fortalecer relação médico-paciente 5. Minimizar riscos 6. Favorecer recuperação no perioperatório (intra-op até 48h pós-op) e pós-operatório (até 30 dias após o procedimento) h Anamnese h Exame físico h Exames apropriados h Preparos e cuidados especiais Fatores predisponentes de risco h Idade > 70 anos h Estado clínico/ comorbidades h Cirurgia eletiva x emergência h Extensão fisiológica da cirurgia h Considerar: idade + tipo de cirurgia + alterações + história + exame físico h Não solicitar exames de “rotina” h Exames laboratoriais normais – últimos 6 meses h Considerar aspecto médico-legal Cirurgias médio e grande porte = maior risco h Intratorácica h Intra-abdominal h Ortopédica h Neurológica h Arterial h Risco hemorrágico elevado − Cirurgia de grande porte − Comorbidades: anemia + insuficiência renal − Uso de anticoagulantes − Infecção − Radioterapia ou QT − Pacientes > 50 anos − Sangramentos − Cirurgia cardiovascular + oftalmológica + neurológica − Hepatopatias + síndrome de má absorção + neoplasias avançadas + esplenomegalia − Probabilidade de sangramento importante − Pacientes > 70 anos − História familiar ou pessoal de DM − Uso de medicações hiperglicemiantes (corticoides) − Pancreatopatia − Nutrição parenteral − Pacientes > 70 anos − História pessoal ou familiar de nefropatia + HAS + DM − Distúrbio eletrolítico – uso de diuréticos + corticóides + hiperaldosteronismo + insuficiência cardíaca e hepática com edema − Hepatopatia − Alcoólatras − Pacientes com cateterização vesical no perioperatório + pertencentes ao grupo de risco bacteriúria assintomática (> 65 anos + mulher com DM + ITU de repetição + litíase urinária + bexiga neurogênica + alteração anatômica das vias urinárias + gravidez + HIV) − Sem indicação no pré-operatório − Pacientes > 70 anos − Cirurgias torácicas ou abdome superior − Cardiopatia + pneumopatia + neoplasias + tabagistas − Homens > 40 anos + Mulheres > 50 anos − Doenças sistêmicas associadas a patologias cardíacas (DM + HAS + doença vascular periférica + doença cerebrovascular + LES + dislipidemia) − Uso crônico de cardiotóxicos (antidepressivos tricíclicos + fenotiazinas) − Doença cardíaca Cirurgias de pequeno porte em pacientes jovens (masculino < 40 anos e feminino < 45 anos) nenhum exame pré-operatório é necessário → ênfase na clínica, desde que não tenham nenhuma queixa clínica + nenhum antecedente de risco ou qualquer alteração no exame físico criterioso @emanuellycardoso 2 Clínica Cirúrgica h Enfoque: tipo de operação + história de anestesias prévias + doenças pré-existentes h Avaliar a necessidade de avaliação médica adicional ou TTO antes da operação h Outras: grau de volume intravascular + anormalidades de vias aéreas + doenças (cardiovascular + pulmonar + renal + hepática) + desordens nutricionais/ endócrinas/ metabólicas h Categorias baseadas na presença ou ausência de doenças sistêmicas leves a graves h Fornece risco anestésico geral (probabilidade estatística de óbito) Nenhum distúrbio orgânico / psiquiátrico / fisiológico / bioquímico Condição sistêmica leve e compensada + que não impões limitação funcional − HAS bem controlada − DM sem complicações − Anemia − Obesidade − Gestação Doença sistêmica moderada a grave que resulta em limitação funcional + sem incapacidade funcional − DM com complicações vasculares − Infarto do miocárdio prévio − HAS não controlada − IRC − Obesidade mórbida Doença sistêmica grave que impõe incapacidade funcional ou que representa ameaça constante à vida − ICC − Angina pectoris instável Paciente moribundo = não é esperado que sobreviva com ou sem a cirurgia proposta − Rotura de aneurisma − Hemorragia intracraniana com PIC elevada Paciente em morte cerebral = será operado para retirada de órgãos para doação Avalia a probabilidade de o paciente apresentar eventos cardiovasculares ao perioperatório: IAM + taquicardia ventricular + fibrilação ventricular + BAV + óbito História clínica − Idade > 70 anos 5 pontos − IAM < 6 meses 10 pontos Exame físico − 3ª bulha ou turgência jugular patológica 11 pontos − Sinais de estenose aórtica 3 pontos Eletrocardiograma − Ritmo não sinusal 7 pontos − Extrassístoles ventriculares ( > 5/min) 7 pontos Estado geral − PaO2 < 60 mmHg ou PaCO2 > 50 mmHg ou − K+ < 3 mEq/L ou 3 pontos − HCO3 < 20 mEq/L ou − ↑ de ALT (TGO) ou hepatopatia crônica Cirurgia − Cirurgia intraperitoneal, intratorácica ou vascular 3 pontos − Cirurgia de emergência 4 pontos Classificação do risco (soma de pontos) Classe I (0-5 pontos) RE = 0,9% Classe II (6-12 pontos) RE = 7,1% Classe III (13-25 pontos) RE = 16% Classe IV ( ≥ 26 pontos) RE = 63,3% *RE = risco de eventos Classe Descrição I − Sem limitação de atividade física − Atividade física normal não causa sintomas como fadiga / palpitações / dispneia II − Pequena limitação física em repouso − Confortável em repouso + atividade física comum desencadeia sintomas III − Limitação importante da atividade física − Confortável em repouso + pequenas atividades físicas desencadeiam sintomas IV − Incapacidade de realizar qualquer atividade física sem desconforto − Os sintomas de IC ou de angina podem estar presentes até mesmo em repouso − Qualquer atividade física resulta em aumento do desconforto Conhecer TODAS as medicações em uso: manter x suspender Anticoagulantes orais - Cumarínicos − Suspender 5 dias antes − INR no pré-operatório − Se necessário: utilizar heparina + manter até 6h antes da cirurgia + depois suspender → reiniciar após 12h pós-op − Cirurgia de emergência + paciente em uso de warfarina: realizar plasma fresco congelado (15-20ml/Kg) → ↑ atividade dos fatores de coagulação + realizar vitamina K − Cirurgia de emergência + pacientes heparinizados: realizar sulfato de protamina (dose 1mg para cada 100 unidades de heparina) Antiagregantes plaquetários - AAS Suspenso 7-10 dias antes da cirurgia AINES Suspensos 1-3 dias antes da cirurgia Antidepressivos - IMAO Suspensos 3-5 dias antes da cirurgia Estrógeno + Tamoxifeno − Risco de eventos tromboembólicos − Suspenso 4 dias antes da cirurgia Hipoglicemiante oral Considerações sobre pacientes com DM: − Glicemia ideal: 80-150 mg/dl − Cuidados com hiper e hipoglicemia no perioperatório − Cirurgias pela manhã − Suspenso na véspera − Manhã da cirurgia: adm 1/2 ou 2/3 dose insulina NPH − Monitorar glicemia capilar (dextro) 1/1h − POI: glicemia capilar 2/2h ou 4/4h + realizar insulina regular SC conforme dextro • < 200 = nada @emanuellycardoso 3 Clínica Cirúrgica • 200-235 = 04U • 236-250 = 06U • 250-300 = 08U • > 300 = 10U h Anti-hipertensivos h Betabloqueadores h Insulina h Broncodilatadores h Cardiotônicos h Anticonvulsivantes h Corticóides h Medicações psiquiátricas em geral Avaliação realizada em situações que podem comprometer o funcionamento pulmonar h Cirurgias torácicas + andar superior do abdome h Idade > 60 anos h Tabagismo h Doença pulmonar preexistente h Obesidade h Neoplasias VEF1 = melhor parâmetro h Alto risco pulmonar: VEF1 < 0,8L/s ou 30% do previsto h Suspender tabagismo (4-8 semanas antes) h Terapia broncodilatadora pré-operatória para pacientes com hiperatividade brônquica h ATB para infecção pulmonar h TTO da asma h Evitar IOT: anestesia peridural + raquianestesia h Fisioterapia respiratória h Analgesia: garantir boa expansibilidade torácica Cuidados para evitar IRA: h Manter volemia apropriada h Evitarmedicações nefrotóxicas h Não usar diurético tipo manitol de rotina – induz desequilíbrio de fluídos e hipotensão h Evitar hipotensão e diminuição do DC h Evitar uso de contrastes EV em exames de imagens ou invasivos → se utilizados, realizar hidratação eficiente e N-acetilcisteína como proteção renal h Pacientes dialíticos: realizar diálise 12-24h antes da cirurgia h Prevenir sobrecarga hídrica + corrigir hipercalemia Aumentam mortalidade: Child-Pugh C + cirurgia de emergência + TAP/TP alterado + falta de correção vitamina K + presença de infecção Parâmetro Pontos 1 2 3 Encefalopatia Nenhum Estádio I ou II Estádio III ou IV Ascite Ausente Leve (controlado com diuréticos) Moderada apesar do TTO diurético Bilirrubina (mg/dL) < 2 2-3 >3 Albumina (g/litro) >3,5 2,8-3,5 < 2,8 TAP (segundos prolongados) < 4 4-6 >6 INR < 1,7 1,7-2,3 >2,3 Classe A: 5-6 pontos | Classe B: 7-9 pontos | Classe C: 10-15 pontos h TAP: melhor parâmetro pré-operatório para avaliar reserva funcional hepática h Outros exames: TGO, TGP, bilirrubina, FA, albumina, coagulograma, hemograma, eletrólitos h Vitamina K → reposição − Colestase diminui nível de vitamina K e dos fatores de coagulação dependentes de vitamina K (II, VII, IX, X) – reduz atividade protrombina (TAP alargado) h Atenção aos pacientes com: DM + tireoideopatias + insuficiência adrenal h Em cirurgia eletiva + paciente deve estar em eutireoidismo h Betabloqueador (propranolol): controle FC e PA h Iodo: diminui vascularização da glândula tireoide h Crise tireotóxica: TTO com propiltiuracil + propranolol + corticóides + controle de febre e distúrbios hidroeletrolíticos @emanuellycardoso 4 Clínica Cirúrgica h Atentar para estado eutiroideo – administrar tiroxina previamente a cirurgia h Crise (come) mixedematoso (hipotireoidismo grave) − Aquecimento − Correção distúrbio hidroeletrolítico − Reposição hormônios tiroidianos (tiroxina) − Hidrocortisona − TTO fator precipitante (ex. infecção) Anemia → quando transfundir? 1 unidade de glóbulos vermelhos eleva a Hb em 1-2 g/dL + Ht em 2-4 pontos percentuais h Avaliar o risco de isquemia h Estimar ou antecipar o grau de perda sanguínea − < 30% de perda rápida de volume provavelmente não precisa de transfusão nos indivíduos previamente sadios h Medir a concentração de hemoglobina: − <6 g/dL, transfusão geralmente necessária − 6-10 g/dL, transfusão ditada por circunstâncias clínicas − >10 g/dL, transfusão raramente necessária. h Medir sinais vitais e oxigenação tecidual quando a hemoglobina é de 6-10 g/dL e a extensão da perda sanguínea é desconhecida h Taquicardia e hipotensão refratária ao volume sugerem a necessidade de transfusão h Razão de extração de O2 < 50% e VO2 diminuída sugerem que a transfusão geralmente é necessária Prevenção de TVP e TEP Fatores de risco: h Idade > 40 anos h TVP prévia h Imobilização prolongada h Cirurgia de longa duração h Neoplasia h Fibrilação atrial h Varizes de MMII h Obesidade h Uso de estrogênio (contraceptivo oral) h Gestação e puerpério h Cirurgia ortopédica h Queimadura extensa h História familiar de TVP/TEP h Infecções Medidas profiláticas h Não farmacológicas − Movimentação ativa de MMII − Movimentação/deambulação precoce − Meias elásticas de média compressão até as coxas − Compressão pneumática intermitente h Farmacológicas − Heparina não fracionada − Heparina de baixo peso molecular (Enoxaparina, Clexane®) h Peso: percentual de perda de peso → considerar desnutrição em pacientes com perda > 5-10% do peso habitual h IMC: Peso (kg) / Altura2 (m) → normal: 18,5-24,9 kg/m2 h Albumina: normal 3,5-5g/dL → meia-vida de 21 dias h Pré-albumina h Transferrina h Evitar infecções do sítio operatório h Aplicação ATB: 30 minutos antes do início da cirurgia + geralmente coincidindo com o momento da indução anestésica → garante nível sérico adequado no momento da agressão tissular h Repetir dose durante a cirurgia = de acordo com meia- vida do fármaco e duração do procedimento h Período: indução anestésica ou estender até 24-48h Critério Infecção (%) Limpa Ferida limpa, não traumática, sem inflamação e sem quebra da técnica asséptica < 5 Potencialmente contaminada Operação nos tubos digestivo, respiratório ou geniturinário sem contaminação e mínima quebra na técnica asséptica 10 Contaminada Ferida traumática, contaminação grosseira, quebra da técnica asséptica, processo inflamatório não purulento 18-20 Infectada/suja Ferida traumática com tecidos desvitalizados, corpo estranho, contaminação fecal, vísceras perfuradas e inflamação com material purulento 30-40 NAS: National Academy of Sciences Fatores relacionados ao paciente Idade Estado nutricional Diabetes Tabagismo Obesidade Infecção coexistente Colonização com micro- organismos Imunodeficiência Tempo de internação pré-operatória Fatores relacionados à operação Duração da escovação das mãos Antissepsia da pele Tricotomia Preparo pré-operatório da pele Duração da operação ATB profilático Ventilação da sala de operação Esterilização dos instrumentos Corpo estranho no local da operação Drenos Técnica cirúrgica: hemostasia Técnica cirúrgica: espaço morto Técnica cirúrgica: trauma tecidual @emanuellycardoso 5 Clínica Cirúrgica Tipo de ferida cirúrgica Indicação Limpa Uso seletivo em paciente com: 1. Colocação de próteses 2. Operações em que a infecção seria grave 3. Pacientes com risco aumentado de infecção Contaminada Sim Potencialmente contaminada Sim Infectada Sim (uso terapêutico) ATB profilaxia em cirurgia limpa: portador de febre reumática + paciente que usa próteses + operações vasculares ou oftalmológicas (risco de amputação ou cegueira) + neurocirurgia e ortopedia (infecção de TTO dificil e prolongado) + imunodeprimidos + uso próteses Tipo de cirurgia ATB / esquemas recomendados Tipo de cirurgia ATB / esquemas recomendados Cabeça e pescoço (sem incluir boca e laringe) Cefazolina Apendicectomia Cefoxitina Cabeça e pescoço (incluindo boca e laringe) Cefazolina + Metronidazol Colicistectomia* Não usar ATB Sulbactam/Ampicilina Cefazolina* Cardíaca Cefazolina TGI superior Cefazolina Cefuroxima Vascular Cefuroxima Fígado e vias biliares Cefazolina (+ metronidazol) Cefazolina Neurocirurgia Cefuroxima Colorretal Cefoxitina Gentamicina + metronidazol Cefazolina Ortopédica – prótese total de quadril e outras articulações Cefazolina Transplantes Sulbactan / Ampicilina / Cefotriaxone Cefuroxima Procedimentos urológicos Cefazolina Cirurgia bariátrica Sulbactan / Ampicilina / Cefazolina Ciprofloxacina Ampicilina Cesariana Cefazolina Cirurgias limpas Cefazolina Histerectomias vaginal ou abdominal Cefazolina Trauma abdominal Cefoxitina / Sulbactam / Ampicilin Sulbactam/ Ampicilina Cirurgia plástica estética Cefazolina (*) ATB indicado em idosos, neoplasias, imunocomprometidos, icterícia h Ideal: banho na véspera h Evitar banho imediatamente antes da cirurgia h Propagação de germes é maior entre 30-90 minutos após o banho h Jejum para alimentos líquidos sem resíduos de, pelo menos, 2h antes das intervenções h Água, chá, sucos de frutas sem polpa (coado) h Refeições ligeiras contendo torradas, chá ou café: até 6h antes das intervenções h Alimentos sólidos (carne e substâncias gordurosas) exigem jejum prolongado – proscritos no dia da operação h Pequenas quantidades de água acompanhado a medicação pré-anestésica ou outros medicamentos administrados VO, não oferecem incoveniente e são permitidos h Considerar jejum maior: DRGE + obstrução instestinal + obesidade mórbida + mal esvaziamento gástrico + gravidez h Imediamente antes de começar a cirurgia + na sala de cirurgiah Aparar pelos somente na área da incisão h Depilar com lâmina >>> facilita ingressão de micro- organismos >>>> maior risco de infecção da ferida operatória h Assepsia rigorosa h Paciente anestesiado h Útil em operações de grande porte + urgências h Não utilizar de rotina + somente sob demanda h Colocar com paciente sob efeito anestésicos h Para esvaziamento gástrico: colocado antes a IOT (minimizar risco de refluxo e aspiração) h Retirar o mais precoce possível = fim da operação + paciente ainda inconsciente h Revisão de todos os estudos pertinentes e informações obtidas nos exames préoperatórios h Documentar no prontuário h Consentimento informado: resultado de discussão com o paciente e seus familiares a respeito da indicação do procedimento cirurgico, assim como seus riscos e benefícios propostos
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