Buscar

Imunologia

Prévia do material em texto

Historia da Imunologia 
A história é sobre um homem que visitou um sábio e idoso rabino. O homem desafiou o rabino 
a ensinar-lhe os princípios de sua religião enquanto se posicionava, ele próprio, sobre um 
único pé. O rabino, aceitando o desafio, respondeu, “a base da minha religião é não fazer aos 
outros o que é odioso para você, todo o resto é conversa fiada, agora vá e estude.” 
Da mesma forma, a base da imunologia pode ser expressa em poucas palavras. A imunologia é 
baseada no entendimento de como o corpo distingue o que é self (próprio) do non self (não próprio); 
tudo mais é detalhe técnico.
Quanto ao objetivo principal com o ensino da disciplina de Imunologia pretende-se que, ao final do 
plano de estudos, os alunos conheçam os mecanismos básicos da resposta imunológica, como 
resposta biológica à agressão exógena ou endógena, a sua participação na gênese de patologias
humana, assim como os princípios da sua modulação terapêutica.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA EXISTENTE NA BIBLIOTECA DA UNIPAC
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
JANEWAY JÚNIOR, Charles A. et al. Imunobiologia: o sistema imune na saúde e na doença. 
Traduzido por Ana Cristina Arámburu da Silva et al. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 824 p. il. Título 
original: Immunobiology: the immune system in health & disease. ISBN 85-363-0741-2.
ROITT, Ivan; BROSTOFF, Jonathan; MALE, David. Imunologia. 6. ed. São Paulo: Manole, 2003. 481 
p. Título original: Immunology. ISBN 8520414397..
STITES, Daniel P.; TERR, Abba I. Imunologia Básica. Traduzido por José Mauro Peralta;Lúcia 
Martins Teixeira;Alexandre Januário da Silva. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 167 p. il. 
ISBN 85-277-0928-7.
ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; POBER, Jordan S. Imunologia Celular e molecular. 4. ed. 
Rio de Janeiro: Revinter, 2003. 544 p. Titulo original: Celular and molecular immunology. Inclui 
bibliografia e indice. ISBN 857309642X.
OBSERVAÇÃO: OS TEXTOS QUE SE SEGUEM NÃO EXCLUEM A NECESSIDADE DOS 
ESTUDOS EM LIVROS TEXTOS DE BIBLIOGRAFIA CITADA ANTERIORMENTE. ELES SÃO 
APENAS UMA AJUDA PARA O MAIOR ENTENDIMENTO DA MATÉRIA.
 
3
UNIDADE I - Introdução à Imunologia. 
Ressaltar a importância do sistema imune, caracterizando as propriedades gerais das respostas 
imunes. 
01.01 - História e importância da ciência imunologia; 
01.02 - Propriedades gerais das respostas imunes; 
01.03 - Tipos de respostas imunes: a) Inata; b) Adquirida.
Historicamente, a imunidade significa proteção contra doenças infecciosas. As células e moléculas 
responsáveis pela imunidade constituem o sistema imune, e sua resposta coletiva e coordenada à 
introdução de substâncias estranhas no organismo é chamada resposta imune. A defesa contra os 
micróbios é mediada pelas reações iniciais da imunidade inata e pelas respostas mais tardias da 
imunidade adquirida.
1- Imunidade Inata (Linhas iniciais de defesa contra os micróbios)
Consiste de mecanismos que existem antes da infecção, que são capazes de rápidas respostas aos 
micróbios e que reagem essencialmente do mesmo modo às infecções repetidas. Componentes 
principais: barreiras físicas e químicas, tais como os epitélios e as substâncias antimicrobianas
produzidas nas superfícies epiteliais; células fagocíticas e células matadoras naturais (natural killer); 
proteínas do sangue incluindo os membros do sistema complemento e outros mediadores da 
inflamação; e proteínas chamadas citocinas, que regulam e coordenam muitas das atividades das 
células da imunidade inata.
2- Imunidade Adquirida (aquela que cada organismo adquire ao longo do tempo)
Como o nome indica, a imunidade adquirida é aprendida. Ao nascer, o sistema imune de um 
indivíduo ainda não enfrentou o mundo exterior nem começou a formar seus arquivos de memória. O 
sistema imune aprende a responder a cada novo antígeno que ele encontra. Portanto, a imunidade 
adquirida é específica contra os antígenos encontrados por um indivíduo durante a vida. O ponto 
chave da imunidade específica é a sua capacidade de aprender, de adaptar-se e de lembrar-se.
O sistema imune possui um registro ou memória de cada antígeno que o indivíduo entra em contato, 
seja através dos pulmões (respiração), do intestino (alimentação) ou da pele. Isto é possível porque 
os linfócitos vivem muito tempo. Quando os linfócitos encontram um antígeno pela segunda vez, eles 
produzem uma resposta rápida, enérgica e específica contra o mesmo. Essa resposta imune 
específica explica por que os indivíduos não apresentam varicela ou sarampo mais de uma vez e 
também explica por que a vacinação é tão eficaz na prevenção de doenças. Por exemplo, para evitar 
a poliomielite, o indivíduo recebe uma vacina produzida a partir de uma forma atenuada do vírus da 
poliomielite. Posteriormente, quando ele é exposto ao vírus da poliomielite, o sistema imune pesquisa 
seus arquivos de memória, encontra os “dados” sobre este vírus e ativa rapidamente as defesas 
adequadas. Como conseqüência, o vírus da poliomielite é eliminado por anticorpos específicos que 
neutralizam o vírus antes que ele tenha a chance de multiplicar-se e de invadir o sistema nervoso.
Os mecanismos de defesa mais altamente evoluídos são estimulados pela exposição aos agentes 
infecciosos e aumentam em magnitude e capacidade defensiva em cada exposição sucessiva a um 
micróbio particular. Pelo fato de esta forma de imunidade desenvolver-se como uma resposta a 
infecção e adaptar-se a ela, é designada imunidade adquirida. As características que definem a 
imunidade adquirida são a grande especificidade onde o organismo reconhece e reage com a 
produção de anticorpos específicos contra determinado agente infeccioso, a diversidade em que o 
sistema imunológico é capaz de reconhecer milhares de tipos de microorganismos, bastantes
diferentes uns dos outros, e de desencadear contra cada tipo uma resposta adequada, a 
sensibilidade onde as células têm uma grande sensibilidade diante de substâncias estranhas que 
invadem o corpo. Mesmo diante de pequenas quantidades de antígenos, as células se excitam e 
desencadeiam uma intensa mobilização da nossa defesa e ainda a aquisição de memória que 
refere-se que uma vez que o sistema imunológico tenha entrado em contato com um agente 
infeccioso, poderá desenvolver células capazes de reconhecer esse agente, mesmo depois de várias 
décadas. 
 
4
Os componentes da imunidade adquirida são os linfócitos e seus produtos. As substâncias estranhas 
que induzem respostas específicas ou que são alvos dessas respostas, são chamados antígenos. 
Existem dois tipos de respostas imunes adquiridas, designadas imunidade humoral e imunidade 
mediada por células. Imunidade humoral é mediada por moléculas do sangue, chamadas anticorpos, 
que são produzidos pelos linfócitos B. Os anticorpos reconhecem especificamente os antígenos
microbianos, neutralizam a infecciosidade dos micróbios e marcam os micróbios para a eliminação 
pelos vários mecanismos efetores. É o principal mecanismo de defesa contra os micróbios 
extracelulares e suas toxinas. Imunidade mediada por célula é mediada por células chamadas 
linfócitos T; os microorganismos intracelulares, tais como vírus e algumas bactérias, sobrevivem e 
proliferam dentro dos fagócitos e de outras células do hospedeiro, onde ficam inacessíveis aos 
anticorpos circulantes. A defesa contra essas infecções é uma função da imunidade celular, que 
promove a destruição dos micróbios que residem nos fagócitos ou a lise das células infectadas.
A imunidade adquirida pode ser ativa ou passiva:
2.1 Imunização ativa: a imunidade ativa é a proteção conferida pela estimulação antigênica do 
sistema imunológico com o desenvolvimento de uma resposta humoral (produção de anticorpos) e 
celular. Esta estimulação pode ocorrer por infecção natural ou pelo uso de vacina. A vantagem da 
proteção conferida pela imunização ativa é sua característica duradoura, justificada pela existência de 
uma memória imunológica (permanência de linfócitos B na circulação e medula óssea que se 
replicam e produzem rapidamente anticorpos quando hánovo contato com o antígeno – booster).
Uma limitação deste tipo de imunidade é a demora que há entre a administração do antígeno e a 
produção de anticorpos, isto é, não há imunidade imediatamente após a injeção do imunobiológico. 
Devendo a vacinação ocorrer antes da exposição ao patógeno (antígeno) para garantir imunidade 
(proteção) adequada. Ter infecção natural (exposição natural ao patógeno –antígeno- com ou sem 
adoecimento clínico) é uma forma de adquirir imunidade ativa também. Após ter certas doenças 
(varicela, sarampo, hepatite A) o indivíduo fica imunizado (protegido) não tendo mais o risco de 
adquirí-las, mesmo se exposto ao agente infeccioso novamente. O mesmo princípio acontece na 
administração de vacinas: o uso de um antígeno (microorganismo, parte dele ou um produto 
modificado a partir deste microorganismo) com o objetivo de mimetizar a infecção natural sem causar 
adoecimento, conferindo assim imunidade de forma segura. Muitos fatores podem interferir na 
resposta imunológica à vacinação. Alguns relativos ao imunobiológico como sua conservação, sua 
dose e o tipo de antígeno, a via de administração utilizada e a presença de adjuvantes na 
composição vacinal; outros relativos ao hospedeiro como idade, nutrição, características genéticas, 
doenças coexistentes como imunossupressão e a presença de anticorpos circulantes (maternos ou 
hemoderivados).
2.2 Imunização passiva: A imunidade passiva é a proteção conferida pela transferência de anticorpos 
(imunoglobulinas, Ig). Estas podem ser transmitidas artificialmente por administração parenteral 
(oriundas do processamento de soro humano ou animal) ou naturalmente como a transmissão 
transplacentária de anticorpos maternos para o feto. A vantagem conferida por este tipo de imunidade 
é sua ação imediata, isto é: disponibilidade de anticorpos no organismo do paciente logo após a 
administração do imunobiológico. A desvantagem deste tipo de imunidade é seu caráter temporário, 
pois os anticorpos circulantes são degradados em semanas ou meses, não restando imunidade 
depois da diminuição do nível sérico de anticorpo transferido. Em acidentes com animais 
peçonhentos é necessária a rápida disponibilidade de anticorpos circulantes para neutralização do 
veneno. Isso é obtido pela administração do soro heterólogo, que contém anticorpos contra a 
peçonha inoculada, logo após o acidente. De forma semelhante ocorre no uso de imunoglobulina 
contra hepatite B em profissionais de saúde não imunizados que sofrem acidente perfurocortante com 
fonte HBSAg positivo. A imunização passiva, isto é, o uso de imunoglobulinas, é utilizada:
• Como profilaxia pré exposição: em pessoas que não podem ser vacinadas (contra-indicação 
e falta de tempo hábil entre imunização e exposição ao patógeno) 
• Como profilaxia pós exposição: em pessoas suscetíveis e expostas a certas infecções, tendo 
assim risco de adoecimento. 
• Como terapia: para neutralizar os efeitos de toxinas (botulismo, difteria e tétano) e peçonhas. 
A imunidade inata e a imunidade adquirida não são independentes uma da outra. Cada sistema atua 
em relação ao outro e o influencia, seja diretamente ou através da indução de citocinas 
(mensageiros). Raramente um estímulo desencadeia uma resposta isolada. Ao contrário, ocorrem 
 
5
várias respostas, algumas das quais podem atuar em conjunto ou, ocasionamente, podem conflitar 
entre si. De todos os modos, todas as respostas dependem dos três princípios básicos: 
reconhecimento, mobilização e ataque.
Reconhecimento
Antes do sistema imune conseguir responder a um antígeno, ele deve ser capaz de reconhecê-lo. Ele 
é capaz de fazer isto por meio de um processo denominado processamento de antígenos. Os 
macrófagos são as principais células processadoras de antígenos, mas outras células (p.ex., 
linfócitos B) também podem processá-los.
Mobilização
Após um antígeno ser reconhecido por uma célula processadora de antígenos e por um linfócito T, 
ocorre uma série de eventos para mobilizar o sistema imune.
Ataque
Grande parte da maquinaria do sistema imune tem como finalidade destruir ou eliminar os micróbios 
invasores assim que eles são reconhecidos. Os macrófagos, os neutrófilos e células assassinas 
naturais são capazes de eliminar muitos invasores estranhos.
Estes dois tipos de imunidade encontram-se relacionados e atuam em simultâneo (vide figura 
abaixo):
 
6
UNIDADE II - Imunidade inata.
Apresentar os componentes e os mecanismos efetores do sistema imune inato. Apresentar os 
aspectos morfo-funcionais da atividade imune inata na prática clínica. 
02.01 - Componentes do sistema imune inato: a) Barreiras epiteliais; b) Fagócitos; c) Células NK; d) 
Citocinas. 
02.02 - Mecanismos efetores do sistema imune inato: fagocitose, opsonização e via alternativa do 
sistema complemento. 
02.03 - Papel da imunidade inata na estimulação das respostas imunes adquiridas. 
02.04 - Inflamação e migração celular; 
02.05 - Fagocitose e migração celular: Quimiotaxia e Opsonização
O sistema imunitário é composto por órgãos linfóides, células e moléculas que estabelecem entre si 
uma complexa rede de comunicações, e tem como finalidade permitir a nossa defesa contra 
infecções provocadas por agentes patogênicos como as bactérias, os vírus, os fungos ou por alguns 
parasitas. É um sistema que assiste e suporta o balanço entre o "próprio" (self) e o "não - próprio" 
(non-self) ao longo da vida, desenvolvendo e ativando mecanismos e estratégias próprias.
Como já foi dito no capítulo anterior, todas as pessoas nascem com imunidade inata. Os 
componentes do sistema imunitário que participam na imunidade inata reagem de forma semelhante 
perante todas as substâncias estranhas, e o reconhecimento dos antígenos não varia de pessoa para 
pessoa. As principais células efetoras da imunidade inata são os neutrófilos, fagócitos mononucleares 
e células NK. Estas são responsáveis pelo ataque aos microorganismos que ultrapassam as barreiras 
naturais do hospedeiro1 e penetram nos tecidos, ou na circulação (Abbas & Lichtman, 2003). Algumas 
destas são responsáveis pela secreção de citocinas que ativam as células efetoras e estimulam a 
inflamação (Abbas & Lichtman, 2003). Os fagócitos mononucleares, divididos em neutrófilos e 
macrófagos, são células efetoras da imunidade inata que tem como função identificar, ingerir e 
destruir microorganismos. Os neutrófilos constituem a população mais abundante de glóbulos 
1
Barreira mecânica contra os organismos agressores. Ex:
- Pele intacta - são muito poucos os agentes que conseguem penetrar através dela. 
- Mucosa - Muitos agressores penetram através do epitélio dos tratos gastrintestinal, respiratório e 
genito-urinário. O organismo defende-se através de secreções como muco, espirro, tosse, urina; 
- Batimento ciliar, 
- Existência de bactérias comensais da flora normal, que competem com as patogênicas; 
- Alguns organismos só conseguem infectar se penetrarem diretamente no sangue. 
- Glândulas sebáceas com sebo oleoso (que confere pH de 3 a 5), impede proliferação de 
microorganismos.
- Muco impede interação do micróbio com a mucosa, porque tem pH inadequado para eles.
- Para proteger e quebrar parede de micróbios tem secreções como saliva e lágrimas, que contém 
lisozimas, que quebra resíduos de açúcar de paredes bacterianas, inativando -as. 
 - Na amamentação, a imunidade transferida tem IgA, sendo passiva, dá proteção, mas também 
 passa lactobacilos bífidos vivos que colonizam o trato gastro intestinal do bebê . 
 
7
brancos da corrente sanguínea e são os principais mediadores da resposta inflamatória, sendo, por 
isso, chamados até aos locais de infecção por quimiotaxia mediada por quimioquinas (Abbas & 
Lichtman, 2003). Por outro lado, os macrófagos apresentam um papel mais central na imunidade 
inata e adquirida, sendo considerados como elementos fundamentais na eliminação de 
microorganismos. Assim, encontram-se localizados estrategicamente em potenciais “portas de 
entrada” do organismo (Abbas & Lichtman, 2003).
Os leucócitos sãoa defesa do organismo contra agentes infecciosos e substâncias estranhas. Para 
defender o corpo adequadamente, uma quantidade suficiente de leucócitos deve estimular as 
respostas apropriadas, ir aonde são necessários e, em seguida, matar e digerir os organismos e as 
substâncias prejudiciais. Como todas as células sangüíneas, os leucócitos são produzidos na medula 
óssea. Eles originam-se de células precursoras (células tronco) que amadurecem no decorrer do 
tempo como um dos cinco tipos principais de leucócitos: neutrófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos 
e basófilos. Normalmente, um indivíduo produz aproximadamente 100 bilhões de leucócitos por dia. 
Geralmente, a quantidade de leucócitos num determinado volume de sangue é determinada 
automaticamente através de um contador celular computadorizado. Esses instrumentos fornecem a 
contagem leucocitária total, expressa como células por microlitro de sangue, assim como a proporção 
de cada um dos cinco tipos principais de leucócitos. A contagem leucocitária total normalmente varia 
de 4.000 a 10.000 células por microlitro. Uma quantidade muito pequena ou muito grande de 
leucócitos indica um distúrbio. A leucopenia, uma diminuição da quantidade de leucócitos para menos 
de 4.000 células por microlitro, torna uma pessoa mais suscetível às infecções. Ao contrário, a
leucocitose, um aumento da quantidade de leucócitos, pode ser uma resposta a infecções ou a 
substâncias estranhas, ou ser resultante de um câncer, de um traumatismo, do estresse ou de 
determinadas drogas. A maioria dos distúrbios dos leucócitos envolve os neutrófilos, os linfócitos, os 
monócitos e os eosinófilos. Distúrbios envolvendo os basófilos são muito raros.
Os leucócitos apresentam 2 tipos, os granulócitos – com grânulos no citoplasma (neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos) e agranulócitos – sem grânulos no citroplasma (monócitos e linfócitos).

Continue navegando