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Conceitos fundamentais
Prof.ª Ms. Josélia Mariana Silva Carlos Torres
Pau dos Ferros/RN
2020
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OBJETIVO DE APRENDIZAGEM
Definir e conceituar recreação, lazer, atividades recreativas, seus valores e características, identificando suas relações com o processo de ensino-aprendizagem na escola e sua importância nas diversas áreas de atuação do profissional de lazer.
SUMÁRIO DA AULA
Características e valores do lazer;
Lazer;
Recreação;
Atividades recreativas; 
Conteúdos culturais e motivações do lazer;
Interesses artísticos;
Interesses intelectuais;
Interesses Manuais;
Interesses Turísticos;
Interesses Sociais;
Características e valores do lazer.
 Dumazedier (1979) apresenta um grupo de características que são fundamentais para caracterização do lazer:
 1) Caráter libertário – o lazer é compreendido como a liberação das obrigações profissionais, familiares, socioespirituais e sociopolíticas, resultando de uma livre escolha do sujeito; 
Características e valores do lazer
 2) Caráter desinteressado – o lazer não precisa estar vinculado a algum fim especifico, seja de ordem profissional, utilitário, lucrativo, material, social, político;
3) Caráter hedonístico – a vivência do lazer é marcada pela busca do prazer e por isso o hedonismo representa o seu motivo principal; 
Características e valores do lazer
 4) Caráter pessoal – as funções de descanso, divertimento e desenvolvimento pessoal e social do lazer respondem às necessidades do indivíduo perante a gama de rígidas obrigações impostas pela sociedade.
LAZER
Etimologia: LAZER 
A origem da palavra LAZER vem do latim LICERE que significa “aquilo que é permitido, lícito, o que pode ser feito”. (Dic. Houaiss). 
 Reflexão: a partir da etimologia da palavra LAZER podemos refletir sobre se o mesmo “é aquilo que é permitido, lícito” quem o permite? Se existe “permissão” existe uma relação de poder nas práticas de lazer?
Nos Dicionários
Houaiss: “tempo que sobra do horário de trabalho e/ou do cumprimento de obrigações, aproveitável para o exercício de atividades prazerosas”. 
Larousse: “tempo de que se pode dispor sem prejuízo das ocupações ordinárias”. 
Nos Dicionários
Aurélio: “tempo de que se pode livremente dispor, uma vez cumpridos os afazeres habituais”. 
Collins: “é tempo quando você não está trabalhando e pode relaxar e fazer o que dá prazer”.
RECREAÇÃO
Etimologia:
 RECREAÇÃO vem do latim RECREARE que significa “restaurar, renovar, recuperar.” 
Reflexão: Se RECREAÇÃO significa “restaurar, recuperar” só se pode restaurar aquilo que está danificado, estragado, doente... Então? 
Então RECREAÇÃO significa RECRIAR, recuperar; pausa no trabalho para o descanso, a distração, o recreio. 
 Observe que existe uma clara oposição ao tempo do trabalho.
Lazer e Recreação no mundo científico
Os termos Lazer e Recreação são polissêmicos (muitos entendimentos possíveis), entretanto, sob o ponto de vista científico estes precisam estar claramente definidos (e não confundidos), apesar de eventuais sobreposições. 
 Ou seja, um sujeito pode estar participando de uma atividade de recreação e não estar vivenciando um momento de lazer e deleite no seu tempo livre; pois ele pode ser um profissional de recreação. 
Lazer e Recreação no mundo científico
Por outro lado, o sujeito pode estar em um momento de lazer e não estar vivenciando um momento de recreação. Por exemplo, sentado em uma praia, comtemplando o oceano.
Lazer e Recreação: Conceito e Cientificidade
 Qual CONCEITO adotaremos para as palavras LAZER e RECREAÇÃO? 
Para isto, antes de tudo, precisamos compreender o que é um CONCEITO e em qual contexto o mesmo é usado. 
No Dicionário Houaiss, CONCEITO é a: “representação mental de um objeto abstrato ou concreto, que se mostra como um instrumento fundamental do pensamento em sua tarefa de identificar, descrever e classificar os diferentes elementos e aspectos da realidade”.
Características dos CONCEITOS
CONCEITOS são representações simbólicas da realidade material/ imaterial que dependem da visão de mundo do sujeito, princípios éticos e morais, história de vida e política.
Os CONCEITOS são o mapa, mas não são o território, ou seja, o conceito é apenas uma representação simbólica do território real.
Os CONCEITOS precisam ser contextualizados pois não são universais, ou seja, existem diferentes situações onde um conceito é pertinente e outras nas quais o mesmo não é cabível.
RECREAÇÃO
Nos dias de hoje, impera o significado de recreação como a reprodução de jogos e brincadeiras. 
Devido à sua tradição histórica e cultural em nossa sociedade, a recreação continua sendo perpetuada a partir da ênfase em aspectos técnico-operacionais, em detrimento de outros. 
Apesar das críticas efetuadas sobre a tradicional visão de recreação, ressaltamos a importância de diferentes práticas culturais disseminadas até mesmo nessa perspectiva para a compreensão de seu processo de construção.
RECREAÇÃO
Penso, entretanto, ser necessário buscar um entendimento ampliado sobre essas práticas, por meio da análise dos significados sociais, pedagógicos e culturais por elas incorporados em nossa realidade.
RECREAÇÃO
Dumazedier (1975), a considera como uma das funções do lazer. Para esse autor, a função recreativa (que tem o sentido de divertimento) está relacionada com as outras funções de descanso e desenvolvimento do lazer, e orientada para a criação permanente do indivíduo por si mesmo. 
RECREAÇÃO
Segundo Brêtas (1997), recreação pode ser entendida como o criar, o recrear e o recriar-se, que está intimamente atrelado à ação do homem sobre o mundo. Constitui-se, assim, num espaço privilegiado para a construção coletiva de novos conhecimentos e, ainda, em possibilidade de influenciar educadores mais comprometidos com as mudanças necessárias para o surgimento de uma sociedade pautada em valores mais humanos.
Conceito de Lazer para Dumazedier (1976)
"o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais."
Conceito de Lazer para Gaelzer (1979) 
O lazer pode ser conceituado “como a harmonia entre a atitude, o desenvolvimento integral e a disponibilidade de se mesmo. É um estado mental ativo associado a uma situação de liberdade, de habilidade e de prazer“.
Conceito de Lazer para Requixa (1980) 
O lazer pode ser conceituado como “sendo uma ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social“.
Conceito de Lazer para Dieckert (1984) 
O lazer pode ser conceituado “como um evento que une os benefícios da prática de esportes (propícios à saúde) com a satisfação proporcionada ao indivíduo que o pratica, propondo a socialização do esporte (lazer, esporte para todos)“.
Conceito de Lazer para Marcellino (1990) 
O Lazer é conceituado “como a cultura - compreendida no seu sentido mais amplo - vivenciada (praticada ou fruída) no tempo disponível.”
Conceito de Lazer para Pagni (1991) 
O Lazer é conceituado como “uma área de estudo e uma atividade pedagógica que tem como objeto especifico o movimento corporal humano. Objeto este que é produzido historicamente para uma determinada população que, de forma diferenciada, espontânea, o desenvolve, segundo sua cultura, como atividade de lazer".
Conceito de Lazer para Marcuse (1971) 
O Lazer é uma forma de “alienação, uma ilusão de autossatisfação das necessidades do individuo, porquanto estas necessidades são criadas e manipuladas pelas forças econômicas da produção e do consumo de massa, conforme o interesse de seus donos“.
Funções do Lazer
PELA SUA FUNÇÃO: 
Educativa: DIECKERT, GAELZER e MARCELLINO ;
Social: REQUIXA e DIECKERT; 
Pessoal (de prazer): DUMAZEDIER e GAELZER; 
De Controle:MARCUSE
CONTEÚDOS CULTURAIS E MOTIVAÇÕES DO LAZER
 A realização de qualquer atividade de lazer envolve satisfação de desejos, de aspirações dos praticantes. 
Quem vai a um cinema ou a um teatro, a uma praça, a uma festa; quem toma banho em um rio ou no mar, como também quem pratica um esporte, o faz por razões diferentes, mas certamente a satisfação de ter feito o que gosta é bem semelhante!
CONTEÚDOS CULTURAIS E MOTIVAÇÕES DO LAZER
 Essa variedade existente na busca pelo prazer, que nos conduz ao lazer, nos possibilita classificar seus conteúdos e distingui-los em seis áreas fundamentais: interesses artísticos, intelectuais, esportivos, manuais, sociais e turísticos.
CONTEÚDOS CULTURAIS E MOTIVAÇÕES DO LAZER
 As atividades de lazer têm em comum a busca pelo prazer, pela satisfação pessoal. Dumazedier, citado por MARCELLINO (2000) afirma que, o que se busca predominantemente em uma atividade de lazer, interesses e motivações preponderantes que os levam a praticá-la é o que permite a classificação do lazer em seus conteúdos. 
CONTEÚDOS CULTURAIS E MOTIVAÇÕES DO LAZER
 A classificação efetuada por Dumazedier, divide o conteúdo do lazer em seis categorias: os interesses físicos, artísticos, práticos ou manuais, intelectuais, sociais e turísticos. 
Não devemos pensar nestas categorias isoladamente lembrando que estes interesses partem de opções pessoais, o que nos levam a pensar no homem de maneira integrada, corpo e mente, e que a escolha de uma atividade não a restringe a uma categoria, podendo transitar entre os diversos interesses.
INTERESSES ARTÍSTICOS
Abrangem todas as manifestações artísticas que mexem com o imaginário das pessoas, ou seja, com os sentimentos, as emoções e as imagens – cinema, música, dança, museu (Figuras 1.1 e 1.2) são alguns exemplos.
INTERESSES ARTÍSTICOS
Figura 1.1 – Museu do Louvre em Paris – 2019.
Fonte: Google.
O museu mais famoso do mundo, o Museu do Louvre. Ele foi inaugurado em 1793, na capital da França, e desde então recebe em média 9 milhões de visitantes todos os anos, que se impressionam com seu acervo com mais de 380 mil objetos, que vão desde relíquias do antigo Egito até mesmo pinturas modernas – todos muito valiosos.
INTERESSES ARTÍSTICOS
Figura 1.2 – Museu Náutico, em Amsterdã.
Fonte: Google
No seu interior encontramos modernos displays interativos explicando como os marinheiros encontravam seus caminhos através das estrelas, como os navios foram construídos e onde e porque eram comercializados. Um dos mais interessantes é uma mostra dos álbuns de fotos dos marinheiros do século passado. Você senta em uma poltrona folheando as páginas com opção de ouvir uma narração de áudio explicando as fotos. 
INTERESSES INTELECTUAIS 
 Participar de um curso, ler um livro ou jornal são exemplos de atividades que buscam o contato com informações objetivas, explicações lógicas, racionais, ou mesmo a satisfação de uma curiosidade ou o desejo sincero de saber alguma coisa sobre algo.
INTERESSES FISICOS ESPORTIVOS
 Todas as atividades em que prevalece o movimento, o exercício físico, estão neste campo de interesse e, como exemplo, podemos citar a pesca, os passeios, as caminhadas, a ginástica, todas as práticas esportivas, incluindo suas diversas modalidades.
INTERESSES MANUAIS
 Todas as vezes que trabalharmos com o artesanato ou que tivermos o prazer de explorar, manipular e transformar a natureza através da jardinagem, cuidando de animais, manipulando terra, água, madeira, metal, estaremos exercitando as atividades manuais de lazer.
INTERESSES SOCIAIS
 Trata-se de exprimir o interesse cultural centrado no contato com outras pessoas, face a face.
 Assim podemos exemplificar os bailes, os bares, cafés, jogos, passeios com a família, visitas aos parentes e amigos, frequência a grupos, associações e movimentos culturais.
INTERESSES TURÍSTICOS
 O que motiva estes interesses é a mudança de paisagem, de rotina e de estilo de vida, pelo menos por um curto período, quando se busca quebrar o ritmo de vida que se leva e se entra em contato com novas situações, culturas, pessoas diferentes, novas paisagens mediante passeios e viagens, utilizando o turismo como ferramenta para que isto venha a acontecer.
REFERENCIAS
DACOSTA, Lamartine Pereira. (1988) Educação Física e esportes não-formais, Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico. 
 DIECKERT, Jurgen. (1984) Esporte de lazer: tarefa e chance para todos, Rio de Janeiro: Ao Livro Tecnico. 
DUMAZEDIER, Jofre (1976) Lazer e cultura popular - Debates, São Paulo: Perspectiva. 
 GAELZER, Lenea. (1979) Lazer: benção ou maldição ?, Porto Alegre: Sulina. 
HUIZINGA, Johan. (1980) Homo Ludens: jogo como elemento da cultura, São Paulo: Perspectiva. 
MARCELLINO, Nelson Carvalho. (1990) Lazer e educação, Campinas: Papirus.
MARCELLINO, N. C. Estudos do Lazer: uma introdução.2 ed. Campinas, SP: Autores Associados,2000. 
 MARCUSE, Herbert. (1971) La agressividad en la sociedade industrial avanzada, Madrid: Alianza Editorial.