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com lentidão, o aumento da quantidade de mais-valia por operário
ocupado só era possível mediante criação de mais-valia absoluta, isto
é, mediante prolongamento da jornada de trabalho ou intensificação
das tarefas, de tal maneira que o tempo de sobretrabalho (criador de
mais-valia) aumentasse, enquanto se conservava igual o tempo de tra-
balho necessário (criador do valor do salário). No entanto, a caracte-
rística mais essencial do modo de produção capitalista não é a criação
de mais-valia absoluta, porém de mais-valia relativa. Esta resulta do
acúmulo de inovações técnicas, que elevam a produtividade social do
trabalho e acabam por diminuir o valor dos bens de consumo nos quais
se traduz o valor da força de trabalho, exigindo menor tempo de trabalho
para a reprodução desta última. Por isso, sem que se alterem o tempo
e a intensidade da jornada de trabalho, cuja grandeza permanece a
mesma, altera-se a relação entre seus componentes: se diminui o tempo
de trabalho necessário, deve crescer, em contrapartida, o tempo de
sobretrabalho.
Cada capitalista forceja por ultrapassar os concorrentes e, para
tanto, busca introduzir em sua empresa aperfeiçoamentos técnicos (na
acepção mais ampla) que lhe dêem vantagem sobre os rivais. Enquanto
tais aperfeiçoamentos forem exclusivos de uma empresa, suas merca-
dorias serão produzidas com um tempo de trabalho inferior ao social-
mente necessário, o que lhe propiciará certa quantidade de mais-valia
extra ou superlucro. Ao se difundirem os aperfeiçoamentos a princípio
introduzidos numa empresa isolada, desaparecerá a mais-valia extra,
mas terá ido adiante o processo de aumento da produtividade social
do trabalho, cuja resultante é a criação de mais-valia relativa.
(O que Marx considera lucro ordinário, Marshall denomina de custo
do fator capital. No sistema de Marshall, o superlucro marxiano entra
no conceito de quase-renda. Schumpeter não considera o lucro ordinário
como lucro, porém como remuneração do trabalho de administração, sendo
o lucro verdadeiro equivalente apenas ao superlucro marxiano).
À medida que se implementam inovações técnicas poupadoras
de mão-de-obra, tais ou quais contingentes de operários são lançados
no desemprego, em que se mantêm por certo tempo, até quando a
própria acumulação do capital requeira maior quantidade de força de
trabalho e dê origem a novos empregos. Assim, a própria dinâmica do
capitalismo atua no sentido de criar uma superpopulação relativa flu-
tuante ou exército industrial de reserva.
Já Ricardo concluíra, com exemplar honestidade científica, que
a introdução de maquinaria conduz ao crescimento da massa de tra-
balhadores desempregados e lhes traz os sofrimentos da desocupação.
Mas justificou a vantagem da maquinaria para os capitalistas, sem
que, não obstante, enxergasse significação econômica estrutural na
massa de desempregados. Do ponto de vista de Marx, o exército in-
dustrial de reserva representa elemento estrutural indispensável ao
MARX
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