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Índice Resenha do Livro: As Origens do Pensamento Grego...............................................................4 INTRODUÇÃO....................................................................................................................4 CAPÍTULO I: QUADRO HISTÓRICO....................................................................................4 CAPÍTULO II: A REALEZA MICÊNICA..................................................................................5 CAPÍTULO III: A CRISE DA SOBERANIA..............................................................................5 CAPÍTULO IV: O UNIVERSO ESPIRITUAL DA POLIS............................................................5 CAPÍTULO V: A CRISE DA CIDADE. OS PRIMEIROS SÁBIOS...............................................6 CAPÍTULO VI: A ORGANIZAÇÃO DO COSMOS HUMANO.................................................6 CAPIÍTULO VII: COSMOGONIAS E MITOS DE SOBERANIA................................................7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................9 Resenha dos capítulos 6 e 7 do livro: Filosofando, introdução à filosofia..............................11 CAPÍTULO 6: A CONSCIÊNCIA MÍTICA............................................................................11 CAPÍTULO 7: DO MITO À RAZÃO: NASCIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA...12 Referências................................................................................................................................14 Resenha do Livro: As Origens do Pensamento Grego INTRODUÇÃO Jean Pierre inicia a discussão de introdução fazendo uma breve análise do período Grego analisado, suas características e origens mais aceitas, bem como o modo como os gregos viam a si mesmos durante certos períodos e de como isso influenciou para a mudança observada na passagem para o período Helenístico. Segundo o autor, “a religião e mitologia da Grécia Clássica arraigava-se muito diretamente no passado micênico”. Assim, durante a Idade Média grega inicia- se o processo de aprofundamento das bases do pensamento racional na sociedade, culminando com maior força no período posterior (Helenístico) em que se criam as bases tanto da política quanto da filosofia na Grécia. CAPÍTULO I: QUADRO HISTÓRICO Já no primeiro capítulo, o autor começa a delinear as divisões históricas e econômicas, bem como o aspecto principal - i.e a doma do cavalo e dos instrumentos de guerra, que resultou na congregação da civilização grega em seu próprio continente. Segundo relatado, no início do segundo milênio, o Mediterrâneo ainda não possuía uma separação clara entre ocidente e oriente. Entre 2000 e 1900, uma população nova irrompe na Grécia Continental, com casas, sepulturas, cerâmicas e utensílios característicos da civilização Miniana, sendo inclusive o dialeto o Grego Arcaico, o que, entretanto, não constitui um evento isolado no Mediterrâneo. Adiante, salienta-se o conhecimento a respeito da doma do cavalo pelos mínios, com a generalização de que o a importância e o prestígio do cavalo dependem do seu uso para fins militares; e, quando em contato com a Creta minoica, a revelação de um estilo de vida diferente do já vivenciado, além do uso do Carro de guerra com dois cavalos, promove a especialização da atividade guerreira. A partir disso e da constatação de uma reserva numerosa de carros passa-se a ter a revelação de que, já nessa época (Século XV) havia a existência de um Estado centralizado e de autoridade única; de outro modo não seria possível administração de tal exército. O autor finaliza o capítulo ressaltando a conquista aqueu dos cretenses, e de como isso contribuiu para a expansão micênica, tornando a porta do Eufrates um centro importante posteriormente. Assim, decorre a formação de uma civilização comum com elementos minoicos, micênicos e asiáticos e Creta deixa de desempenhar um papel de intermediário entre Egito e continente Grego. VERNANT_Jean-Pierre._As_Origens_do_Pensamento_Grego._Completo.pdf CAPÍTULO II: A REALEZA MICÊNICA Já no capítulo segundo, o autor inicia a discussão a respeito da construção, origem e derrocada da realeza micênica. Ele inicia as deliberações analisando o aspecto belicoso da sociedade, em que o rei, ou anáx, rege a aristocracia guerreira, sujeito a autoridade mas que formam o social da organização militar, um corpo privilegiado com estatuto próprio e gênero de vida único. Além disso, o autor infere que as comunidades rurais não estão, de modo absoluto, em dependência do palácio; existindo até independentemente dele. Por fim, analisa-se o corpo do palácio, em que se revela o caráter puramente contábil de seus escrivães. O autor finaliza o capítulo reiterando a destruição desse sistema pela invasão Dória, em que se verifica o rompimento por longos períodos com o oriente, e a transição para o período homérico. Assim, o mundo micênico, com seu sistema palaciano, tem um fim e nunca mais se erguerá. Além disso, a própria escrita – mesmo de caráter contábil – desaparece, e só será retomada no século IX pelos gregos, que atribuem um significado social e psicológico totalmente diferente para ela, usando-a para fins de publicidade dos diversos aspectos sociais da sua vida política e social. CAPÍTULO III: A CRISE DA SOBERANIA No terceiro capítulo da obra o autor explica o processo de transformação da arché grega, levando em conta que o Estado se despoja do caráter privado e particular, excetuando apenas a questão relacionada aos genes. Primeiramente Pierre explica a sucessão das sociedades gregas a partir da queda micênica e expansão dos dórios, quando o ferro substitui o bronze, a cremação toma o lugar da inumação, e as cenas em cerâmicas relatando a vida social e vegetal captam formas geométrica. Essas mudanças refletem a tentativa grega de quebrar com o passado micênico, fato que se concretizou na grande maioria das cidades gregas, mas com um impacto relativamente menor em Atenas, ressalta ele. A partir deste momento, conclui Jean, a cidade centraliza-se na Ágora, local de debate dos problemas de interesse geral, ao mesmo tempo em que se cerca de muralhas, a fim de proteger seu corpo social constituinte. CAPÍTULO IV: O UNIVERSO ESPIRITUAL DA POLIS No quarto capítulo o autor inicia a análise das funções que a palavra adquire na Pólis grega e, mais especificamente, da organização guerreira e seu impacto em Esparta. Inicialmente afirma-se que “(a palavra) torna-se o instrumento político por excelência, a chave de toda a autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem”. No âmbito da política, a palavra permitiu a redação das leis, fato que infere a queda do poder das instituições privadas, para o avanço do direito comum, da regra geral aplicada a todos da mesma maneira. Para além dessa influência política, o autor ressalta ainda como a palavra modificou até o papel da religião e dos sacerdotes na sociedade; tomando os seus ritos privados e transformando-os em ritos oficiais da cidade. Essa noção de abertura do saber religioso revela ainda a passagem da ideia do oculto e do segredo para o debate público da “verdade”. Isso distanciou a religião das questões humanas e das vicissitudes da arché. Por fim, o autor finaliza o texto avaliando os efeitos que a nivelação ou processo de assemelhamento dos cidadãos teve sobre a sociedade grega, mais especificamente sobre a sociedade espartana. O autor descreve tal situação como: “um regime oligárquico em que a arché é reservada a um pequeno número. Excetuando-se a massa. mas é partilhada de maneira igual entre todos os membros dessa elite”. Porém, como conclui Jean, Esparta só reconhece tal legitimidade neste regime por tratar-se de uma sociedade orientada para a guerra, em que o que curva os cidadãos à obediência é o medo, e não a palavra, como se pensava a princípio. CAPÍTULO V: A CRISE DA CIDADE. OS PRIMEIROS SÁBIOS Ao decorrerdo quinto capítulo, Pierre discorre acerca das principais transformações sofridas pela Pólis grega, em especial Atenas, durante o período Arcaico Grego (séculos VIII a VI a.C), e narradas por escritos de Plutarco e Aristóteles. Para este último, inclusive, ocorre uma divisão em três estágios na história grega, em que o terceiro retrata justamente a invenção das leis e dos vínculos que reúnem as partes de uma cidade. Assim, durante esse período, os gregos viveram um processo de discussão de todos os seus valores, “um estado de erro e impureza”. Para tanto, ocorre no domínio intelectual um quadro para elaborar as noções fundamentais da ética grega, levando ao nascimento de uma reflexão moral e política, de caráter laico. O autor em seguida menciona a retomada da economia de trocas com o oriente que a Grécia continental inicia no século VIII, favorecendo agriculturas mais lucrativas para o comércio, como a vinha e oliva. Com base nisso, a entrada de produtos provoca a ressignificação do conceito de ostentação, tendendo para um dos elementos de prestígio dos gene. Além disso, a concentração de terras na mão de poucos fizeram da questão agrária a maior mazela desse período. Por fim, o autor conclui com a análise da universalização da condenação do crime pela nova sociedade ateniense e com a mudança na qualidade do Juiz, que passa a ser uma pessoa que analisa a partir das leis e declarações escritas, não mais a partir de juras e códigos morais sem testemunhos, provas ou julgamentos. CAPÍTULO VI: A ORGANIZAÇÃO DO COSMOS HUMANO Jean Pierre inicia o sexto capítulo deliberando a respeito do papel que a riqueza adquiriu na sociedade grega com o passar do tempo, extirpando até os antigos valores aristocráticos em vista do dinheiro, para ele “o dinheiro faz o homem” em tal momento. Ele inicia a discussão nomeando koros, hybris e pleonexia as formas de contra-senso que a arrogância aristocrática se reveste na idade do ferro grega; isso dá a sociedade grega da época um aspecto mais ou menos Burguês, tal qual o conhecemos hoje. Assim, o surgimento de Sólon representa a tentativa de se encontrar uma arbitrariedade, uma escala de justiça em tal sistema em que aristocratas se veem fadados e ruir. Assim, segundo o autor, é para unir a justiça e a violência, para não ser necessária a tirania e também para equilibrar forças sociais antagônicas, ajustando com isso, atitudes humanas opostas: “A justa medida, para reestabelecer a ordem e a besychie é, pois, ao mesmo tempo quebrar a arrogância dos ricos, fazer cessar a escravidão do demos, sem ceder por isso à subversão.” À imagem de uma laicização moral tão acentuada na sociedade, até a mitologia se adapta ao novo ideal a partir do jogo de contrastes impureza-purificação; como no cenário em que o adivinho Melampous acalma o delírio das filhas de Proito enterradas num caverna: de um lado corre o Styx, rio de impureza, de outro está a fonte Alyssos, com águas que curam raivosos e todos os que os delírios de Lyssa possui. A essa laicização chama-se sophrosyne e fora das seitas ela adquire uma significação moral tal qual exige a formação de duas correntes de pensamento: de um lado um agrupamento marginal em busca de pureza, de outro meios diretamente inseridos na vida pública, expostos aos problemas da divisão do Estado. Mas houveram exceções, como a agogé espartana, que passa a tratar da sophrosyne como um comedimento, uma ação contida a ser considerada na maioria das relações sociais correntes na vida individual. Pierre finaliza o capítulo comparando indiretamente as leis de Sólon com o padrão observado posteriormente, inserido por Calístenes. Enquanto o primeiro previa a existência de uma igualdade hierárquica, a partir de uma proporção geométrica que exigia a existência de mediadores para evitar a tomada da arché por algum dos extremos, Calístenes introduz o ideal da equidade por meio de uma mudança psicológica na própria elite, visando a completa isonomia, ou seja, “a igualdade sob a relação mais simples: 1/1”. Além disso, Calístenes extingue a divisão entre 4 facções da sociedade grega que poderiam entrar em conflito pela tomada do poder, para instaurar a divisão em 10 tribos, que tomariam o poder na nova assembleia dos quinhentos (antiga assembleia dos quatrocentos) de modo cíclico e igualitário, a fim de haver uma comissão permanente de 50 pessoas escolhidas dentro das tribos. Ao mesmo tempo, sua nova divisão promove o ideal de inseparabilidade dos termos “comandar” e “obedecer”, ao contrário de enfatizar sua oposição, como geralmente ocorria nas demais sociedades antigas e como ocorre atualmente. CAPIÍTULO VII: COSMOGONIAS E MITOS DE SOBERANIA No último capítulo do livro o autor inicia o debate da substituição da visão mítica grega pela visão racional, que ganhou ênfase a partir do advento da filosofia, na Grécia. Para ele, é no século VI a.C. que nomes como Tales, Anaximandro e Anaxímenes iniciam o modo de reflexão típico que veio a caracterizar a sociedade grega pelos próximos séculos. As ideias desenvolvidas pelos novos filósofos varrem assuntos diversos, desde a criação do mundo até sua ordenação na época; o diferencial dos pensadores prévios é a extinção dos agentes sobrenaturais atuantes nas narrativas, ou seja, os deuses e semideuses com suas lutas, façanhas, tramas e mitos de gênese. Segundo o autor “essa revolução aparece tão súbita e tão profunda que foi considerada inexplicável em termos de causalidade histórica: falou-se de um milagre grego”. No entanto, há atualmente duas correntes que analisam as mudanças de pensamento grego; segundo Burnet, os filósofos gregos executaram uma mudança metodológica tão brusca que originou a ciência posteriormente; enquanto para Cornford, a primeira filosofia grega na verdade se aproximava de uma estrutura mítica muito mais do que de uma teoria científica. Ainda para este último, a justificativa repousa do fato de que gregos buscavam respostas para as mesmas perguntas explicadas pela mitologia, sem qualquer aproximação com leis da natureza ou experimentações de qualquer tipo. Apesar disso, Jean esclarece que na realidade não há uma real continuidade entre filosofia e mito, pois sabe-se que o filósofo não se contenta em repetir nos termos da physis o que o teólogo expressa em termos de poder divino. O autor finaliza o capítulo analisando a forma como Cornford afirma que a mitologia grega (em especial a mitologia da gênese do mundo) se assemelha aos achados da mitologia babilônica; sua principal questão refere-se à tamanha complexidade dos eventos descritos concomitantemente às suas semelhanças, de tal modo que as epopeias ficam entremeadas por tamanha rede de eventos que as gerações sucessivas de deuses só fazem se enfrentar pelo domínio do cosmos. Para Pierre, “o mito não se interroga sobre como um mundo ordenado surgiu do caos, responde à questão: Quem é o Deus soberano? Quem conseguiu reinar sobre o universo?”; assim, é possível estabelecer em grandes linhas o quadro no qual as teogonias gregas esboçam o mundo: 1) O universo é uma hierarquia de eventos, análogo a uma estrutura humana; 2) Essa ordem não surge do jogo de elementos que constitui o universo (é arbitrária, não natural); 3) O mundo é denominado pelo poder excepcional dos agentes privilegiados. A partir dos fatos supracitados, pode-se considerar que a racionalidade desencadeou não apenas a quebra com a realidade mítica criada pelos gregos, mas também com estruturas sociais impostas. Além disso, ela permitiu a própria análise posterior do pensamento corrente na época, possibilitando a construção de estruturas sociais de princípios democráticos e ideais políticos próprios que hoje justificam toda uma região do globo a qual originou muitos dos pensamentos ideais modernos de sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Jean Pierre consegue, a partir do traçado de um relacionamento estreito entre o desenvolvimentoda política e da Polis, apresentar uma linha clara para o surgimento da filosofia grega; que culminou com uma ruptura quase completa com seus antecedentes, tanto no momento da queda micênica quanto no momento da ruptura helênica com suas raízes míticas. Segundo ele: “os vínculos são demasiados estreitos para que o pensamento racional não apareça, em suas origens, solidário as estruturas sociais e mentais próprias da cidade grega”. Ou seja, a filosofia perde assim a sua posição de verdade absoluta para se tornar um meio de razão intemporal numa ciência incipiente, principalmente na sociedade dos Jônios – principalmente os atenienses. A cronologia analisada, a partir das bases micênicas multiculturais e a expansão dória, culminando com o desenvolvimento de uma política complexa na polis, são características que contribuem, ao longo do texto, para o entendimento das transformações estruturais sofridas pelas diversas sociedades que culminaram no que hoje se conhece como períodos Arcaico e Clássico da Grécia. É nesse momento, portanto, que ocorre o que Jean Pierre chama de “Declínio do Mito”, quando sábios põem em discussão a ordem humana; ou seja, quando a questão deixa de ser “qual é e como é a ordem do universo”, para se tornar “qual a natureza do Ser e do Saber?”. No entanto, vale considerar a ressalva que o autor faz a respeito da diferença da ciência em si e da filosofia grega; enquanto uma é baseada na experimentação e medidas precisas, a outra é “filha da cidade”, ou seja, se baseia na linguagem, na arte política e na imagem do reitor, do professor. Assim, pode-se afirmar que Jean enfatiza muito bem as capacidades e limitações da filosofia grega, tomando a partir dos seus princípios indissociáveis uma posição de juiz para com alegações imprecisas a respeito do alcance do desenvolvimento político grego em instituições e normas sociais atuais. Além disso, deve-se salientar a proximidade do desenvolvimento histórico grego com o desenvolvimento de novos mitos e agregados de mitologias anteriores, como por exemplo o caso da semelhança do mito da gênese do mundo Babilônico e Grego, em que agentes semelhantes perfazem a realidade mítica e transformam toda rede de eventos posteriores a partir das suas ações. Portanto, a partir do exposto, pode-se considerar a obra como uma tentativa muito bem acabada e clara de explicar as transformações gregas a o longos dos séculos; a análise da realeza e suas crises, do surgimento da cidade e das cosmogonias que permeavam o universo grego promovem uma ilustração ainda mais enfática da importância dessa sociedade tão repercutida e estudada atualmente. Além disso, tais aspectos promovem uma aproximação real da expressão “Milagre Grego” com o que aconteceu de fato durante esse período: uma revolução de bases sem precedentes na história da sociedade humana. Resenha dos capítulos 6 e 7 do livro: Filosofando, introdução à filosofia. CAPÍTULO 6: A CONSCIÊNCIA MÍTICA O autor inicia o capítulo analisando dois mitos acerca da libertação do mal no mundo: a lenda da Aurora de índios brasileiros e a lenda de Pandora grega. Ele mostra como a temática das duas narrativas se mistura e interconectam, principalmente se considerar os fatores curiosidade, desobediência e castigo apresentados nas histórias. Para Aranha, a noção do mito ultrapassa a fabulação, a fantasia, e se tornam “componentes indissociáveis da maneira humana de compreender a realidade”. Para ele, o mito surge como uma forma viva de compreender a realidade, ou seja, uma verdade intuída, espontânea, sem a necessidade de comprovações. Em seguida ele explica como o mito tem a função de acomodar e tranquilizar o homem na realidade assustadora que o envolve. Tanto isso é verdade, que nas suas ações os homens inclusive imitam os comportamentos divinos dos mitos primordiais, do contrário não haverá colheita, nascimentos, ou até mesmo o dia não sucederá a noite. Por isso, conforme ressalta o autor, transgressões à norma denotam clima de terror, de sobrenaturalidade, que ultrapassam quem a viola, para atingir a toda tribo ou comunidade; a exemplo de Édipo e das pragas em Tebas. Por fim, o autor analisa a trajetória que delimita mito e religião, culminando com a noção contemporânea da mitologia. Para ele, existem 3 fases para essa passagem mito-religião: 1. A primeira se caracteriza pela multiplicidade de deuses momentâneos. Ou seja, deuses que não escapam do momento e geralmente são criadas com a subjetividade do medo constante. 2. A segunda fase reflete a descoberta da individualidade e do sentimento do divino. Nesse estágio, deuses ganham tons de pessoalidade e funcionalidade; geralmente se desenvolve quando as relações de trabalho se tornam mais complexas na sociedade humana. 3. A terceira e última fase é caracterizada pelo aparecimento do Deus pessoal. É nessa fase que surgem as religiões monoteístas, decorrentes de forças morais e baseadas no problema do bem e mal. Atualmente muitos comportamentos ritualísticos que poderiam estar ligados a mitos são considerados seculares, tais como festas de formatura, debutantes, nascimentos e trotes. Mas muito da noção de mito ainda desponta com o tempo, exemplos são as correntes do positivismo tecnocrata do século passado e a questão nazista desencadeada por Hitler, com o mito da soberania ariana no mundo. Por fim, o autor finaliza o capítulo citando a definição de Georges Livro_Filosofando_Aranha_-_livro_completo.pdf Gusdorf de que apesar do mito propor valores, ele não possui a atribuição de autorizar o que sugere, cabe à consciência dispor sobre suas proposições. CAPÍTULO 7: DO MITO À RAZÃO: NASCIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA No sétimo capítulo, os autores justificam a originalidade da filosofia grega pela possibilidade de correlacioná-la com a própria reflexão filosófica, apesar da existência de grandes pensadores com Buda, Zaratustra e Confúcio, a relação deles com a religião da época é evidente, portanto, suas teorias não se encaixam na reflexão filosófica em si. Em seguida é explicada a importância das epopeias no didatismo e transmissão de valores gregos, em que decorrem intervenções diretas dos deuses na vida dos homens. As principais epopeias que se tem conhecimento hoje, e que são atribuídas a Homero, são a Ilíada e a Odisseia, retratando a história da guerra de Troia e o retorno à Ítaca, respectivamente. Nas epopeias fica clara a relação entre virtude e heroísmo presente na sociedade grega, levando em conta que, além de se destacar por sua força no campo de batalha, o herói se destaca na assembleia pelo seu poder de persuasão. Em seguida os autores enfatizam o surgimento da filosofia na Grécia, ressaltando tanto a concepção, ultrapassada segundo eles, de um verdadeiro “Milagre Grego” quanto a concepção de um evento transitório do período arcaico da prevalência do mito para a formação gradual da filosofia. Associado a isso, o surgimento da escrita possibilitou uma possibilidade maior de abstração, uma reflexão da palavra que tende a modificar a própria estrutura do pensamento; também alia-se a essa concepção de revolução o aparecimento da moeda, que era emitida e garantida pela cidade, revertendo benefícios para a comunidade como o efeito político- democrático e também sobrepondo-se ao caráter sagrado e afetivo da concepção humana. Aranha realiza então uma conexão com o texto anterior ao retomar a ideia de Vernant na descrição de que a originalidade é sua centralização na ágora, de onda ocorrem as discussões de interesse comum. A partir disso, segundo ele, ocorre a variação do conceito de justiça na sociedade grega, em que se passa a considerar a atuação do indivíduo na sociedade, não os interesses da sua tradição familiar. Assim, desenvolve-se uma noção nova no relacionamento entre os homens, em que origens diferentes entre os homens caem em vista do conceito de isonomia, de semelhança entre uns aosoutros. Esse processo dá origem não apenas à democracia grega, mas também possibilita o surgimento dos filósofos, que, além de tudo, buscavam a resposta para o fundamento das coisas (a arché); conceitos esses que serão discutidos por mais de 2000 anos até serem devidamente criticados. Por fim, Aranha retoma mais uma discussão já abordada por Jean-Pierre, a passagem do mito à razão. Para ele, a filosofia se distingue claramente da visão dogmática mítica, mas o processo pelo qual se sucedeu essa passagem apresenta suas peculiaridades; segundo Cornford, por exemplo, existe uma continuidade no uso comum de cenas já estruturadas na explicação dos mitos, ainda segundo ele, não existe uma “imaculada concepção da razão”, ou seja, o aparecimento da filosofia é um fato enraizado no passado. Em contrapartida, pode-se dizer que “a filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, o debate e a discussão, organiza-se em doutrina e surge, portanto, como pensamento abstrato”. Em, vista disso, a ligação entre filosofia e ciência é ainda mais notável do que sua ligação mítica, exigindo ainda um longo período até o século XVII, quando os dois conhecimentos se separam e adquirem uma metodologia própria. Referências ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed., rev. e atual. São Paulo: Moderna, 2002. 395 p. ISBN: 8516008266. VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. 12. ed. Rio De Janeiro: DIFEL, 2002. 143p. ISBN: 8574320269. Resenha do Livro: As Origens do Pensamento Grego INTRODUÇÃO CAPÍTULO I: QUADRO HISTÓRICO CAPÍTULO II: A REALEZA MICÊNICA CAPÍTULO III: A CRISE DA SOBERANIA CAPÍTULO IV: O UNIVERSO ESPIRITUAL DA POLIS CAPÍTULO V: A CRISE DA CIDADE. OS PRIMEIROS SÁBIOS CAPÍTULO VI: A ORGANIZAÇÃO DO COSMOS HUMANO CAPIÍTULO VII: COSMOGONIAS E MITOS DE SOBERANIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Resenha dos capítulos 6 e 7 do livro: Filosofando, introdução à filosofia. CAPÍTULO 6: A CONSCIÊNCIA MÍTICA CAPÍTULO 7: DO MITO À RAZÃO: NASCIMENTO DA FILOSOFIA NA GRÉCIA ANTIGA Referências
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