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Filosofia 
 
 
 
Professor-Autor 
Ramon Casas Vilarino 
 
 
 
 
 
 
Equipe Coordenadoria de Educação a Distância 
Coordenador: Edgar Yukio Ishibashi 
Web designers: Viviane Vicente dos Santos e Sara Azevedo Benedicto 
Analista EaD: Erionaldo Teixeira 
Auxiliar EaD: Felipe Grande 
 
Equipe de Apoio 
Designer Instrucional: Viviane Vicente dos Santos 
Designer Gráfico e Ilustração: Viviane Vicente dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientações 
Ícones 
 
 
Glossário 
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Atenção: 
 
5 
 
 
 
 
Para Que Estudar Filosofia? 
 
 1 - O Conhecimento Filosófico 
Pensar é bom, e, além de nos fazer bem, 
o pensamento é uma das marcas distintivas do ser 
humano, e, com ele, nos tornamos mais conscientes 
do mundo e de nós mesmos. Há muitas formas de 
pensar, no entanto, e a Filosofia é uma delas. 
Originalmente, essa palavra grega significa “amizade 
com o saber”, sendo, então, o filósofo um amigo de 
Sofia, ou seja, da sabedoria. 
 
Se pensar filosoficamente implica em ser amigo do saber, isso 
também quer dizer que ao buscá-lo, estamos numa relação de amizade. Como 
fazê-lo? O saber pode ser obtido por meio do estudo, da observação, da análise 
de dados, da comparação de informações, da pesquisa. Saber implica numa 
atividade ativa de movimento. Parados, não o conseguimos. 
Segundo o pensador grego Aristóteles, que viveu no século III a. C., 
a filosofia nasce com o espanto. O que isso quer dizer? Aristóteles quis expressar 
que filosofamos somente quando não aceitamos as coisas como naturais. Se 
olhamos o mundo ao nosso redor e não o estranhamos, não despertamos o desejo 
e o interesse em estudá-lo. Assim, aceitando as coisas como são sem questioná-
las, não nos assumimos como filósofos. 
As crianças normalmente questionam tudo o que está ao seu 
alcance. “O que é isso? Para que serve aquilo?” Perguntam tanto que os adultos 
se aborrecem com tantas interrogações, e, na maioria das vezes, para nós, o 
aborrecimento é causado pela quantidade e pela qualidade das questões, que 
algumas vezes nos surpreendem pela inteligência de quem as formula, outras, 
pela obviedade: “porque o carro anda? Porque o céu é azul?” Os pequenos trazem 
em sua natureza um pendor natural pelo questionamento, provando que a 
inquietude e o espanto são próprios do gênero humano. As crianças demonstram 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
que é natural não aceitarmos o mundo e as coisas como são, logo, podemos 
afirmar que são, elas, filósofas. 
 
 
 
Ironicamente, é justamente a escola, mas também a família, os 
costumes, a religião e a sociedade como um todo que inibem essa profusão de 
dúvidas e o movimento filosófico que nos caracterizam desde pequenos. As 
questões feitas de forma espontânea são tangidas por códigos de disciplina e de 
comportamento que, no limite, obscurecem o filósofo que trazemos desde o berço. 
 
É preciso, para filosofar, resgatar esse amigo do saber que ficou 
adormecido em algum canto de nosso ser. Se não nos assustarmos mais com as 
coisas, não pensamos adequadamente. 
Estando no mundo, o homem tem necessidade de dar sentido, 
significado e se apropriar dele. Isso é feito por meio do conhecimento. É comum 
confundirmos esse conceito com o de informação, como se os dados sozinhos 
nos trouxessem o que o mundo é. As informações sem o pensamento humano 
não se transformam em conhecimento, assim como os ovos sem um cozinheiro 
não viram sozinhos uma omelete. Daí, por exemplo, a importância do diálogo e 
do debate para a formação do nosso pensamento e para a construção do 
conhecimento. Sozinhos, não nos humanizamos integralmente e não 
apreendemos o mundo senão muito superficialmente. 
 
2 - A Natureza Revolucionária do Conhecimento Filosófico 
Os homens, disse Bertrand Russell, temem o pensamento mais do 
que a própria morte, pois ele nos tira do lugar seguro em que muitas vezes nos 
encontramos. O pensamento tem o poder de derrubar instituições sólidas, arejar 
armários empoeirados e suprimir hábitos cômodos. Confira esse texto, curto, mas 
profundo, logo abaixo: 
 
Os homens temem o pensamento mais do que qualquer outra coisa 
sobre a Terra - mais do que a ruína, mais do que a própria morte. O 
pensamento é subversivo, revolucionário, destrutivo e terrível; o 
 
7 
 
 
pensamento é impiedoso com os privilégios, com as instituições 
estabelecidas e os hábitos cômodos; o pensamento é anárquico e 
sem lei, indiferente à autoridade, displicente com a comprovada 
sabedoria dos séculos. O pensamento olha para as profundezas do 
inferno e não se amedronta. Vê o homem, frágil ponto cercado de 
 
 
insondáveis abismos de silêncio, e ainda assim sustenta-se 
gloriosamente, tão impassível como se fosse o senhor do mundo. O 
 
pensamento é grandioso, ágil e livre, a luz do mundo e a principal 
glória do homem. 
É preciso que o pensamento se torne propriedade de muitos, e não 
privilégio de poucos. Porém, o medo detém os homens - medo de 
que suas crenças acalentadas se revelem desilusões, medo de que 
as instituições por que pautam suas vidas se revelem danosas, 
medo de que eles próprios se revelem menos dignos de respeito do 
que supunham ser. Deve o trabalhador pensar livremente sobre a 
propriedade? Então, o que acontecerá a nós, os ricos? Devem os 
homens pensar livremente sobre o sexo? Então, o que será da 
moralidade? Devem os soldados pensar livremente sobre a guerra? 
Então, o que será da disciplina militar? Fora com os pensamentos! 
Voltemos à obscuridade do preconceito, para que a propriedade 
moral e a guerra não fiquem em perigo! É melhor que os homens 
sejam parvos, preguiçosos e oprimidos, do que sejam livres seus 
pensamentos. Pois, se seus pensamentos fossem livres, eles 
poderiam não pensar como nós. E essa desgraça deve ser evitada 
a qualquer preço. Assim argumentam os opositores do pensamento 
nas profundezas de suas almas. E assim agem em suas igrejas, 
suas escolas e suas universidades. (RUSSELL, Bertrand. Nota solta, 
sem data). 
 
 
 
 
Assim, o autor parece nos dizer que a natureza do pensamento é 
revolucionária. Por quê? Quando refletimos filosoficamente sobre as questões 
apontadas no texto e outras que ali não estão colocadas, quando checamos sua 
validade e comparamos com a realidade, percebemos o quanto fazemos em 
nossas vidas sem o devido questionamento, mas o fazemos por costume, por que 
os outros fazem, por que nossos antepassados faziam ou porque há leis que nos 
obrigam, e, sem pensar, não percebemos o que há por trás de leis, costumes e 
dogmas. Assim, agimos por impulso, quase instintivos, como os animais que 
 
8 
 
 
também fazem uma série de tarefas, aparentemente inteligentes, mas porque está 
inscrito em código de instintos. 
 
 
 
 
 
 
Pensemos, a partir do texto, que papel tem a escola no 
desenvolvimento do pensamento? Certamente, trata-
se de uma instituição que deve contribuir para a sua 
edificação, mas, se voltarmos à história da educação, 
veremos que esse não é um dado assente, ou seja, não 
está no DNA da escola esse papel. Ela pode, por 
exemplo, em direção contrária, inibir o pensamento 
crítico, moldando estudantes conforme convenções e 
costumes estabelecidos. 
 
Segundo o autor, os opositores do pensamento encontram-se 
nessa instituição. Pense: as escolas pelas quais você passou, estimulou o 
pensamento livre ou o inibiu? 
 
Ainda nesse texto, podemos perguntar: qual é o papel do 
pensamento na transformação do mundo? Há como mudarmos o que tem para se 
mudar, sem uma atividade reflexiva envolvendo o pensamento crítico e livre? Que 
papel você atribui a ele num mundo que, como disse Bertolt Brecht – e tantos 
outros -, precisa ser transformado? Pensar, no entanto, envolve um processo de 
estudo, análise e aprofundamento no conhecimento dos problemas. Quando 
encontramos alguém na escola,por exemplo, quieto num canto qualquer, 
chegamos perto e perguntamos: - Você está pensando em quê? O interlocutor, 
muitas vezes, diz que está pensando em alguém. Por exemplo, em sua mãe. 
Vejamos: ele está refletindo sobre a maternidade? Sobre como a maternidade 
mudou a vida de sua mãe? Ou o que seu nascimento pode ter mudado na vida 
 
 
 
9 
 
 
dela, ou, por exemplo, quais sonhos ela deixou de realizar ao ser mãe e quais se 
realizaram? Se estiver apenas “pensando”, vendo a mãe em imagens em sua 
cabeça, por exemplo, em casa, lhe esperando, fazendo um jantar ou outra 
atividade qualquer, nosso amigo aqui não está pensando, mas lembrando. 
 
 
 
 
 
 
 
Lembrar não é o mesmo que pensar. A lembrança 
é necessária para o ato reflexivo, mas este último 
não se esgota naquela. Outros animais também 
lembram, mas não são capazes de pensar. 
 
E você nesse processo? Qual é o seu papel nesse processo de 
reflexão e de mudança no mundo? Cada qual pode responder, mas é bom refletir 
como cada um de nós contribui efetivamente. Que o mundo muda, não temos 
dúvida. A pergunta é: ele muda com você, com sua participação ou apesar de 
você? 
 
 
 
3 – Filosofia e Ideologia 
E nós, do que temos medo? Normalmente, do que desconhecemos. 
Nesse sentido, a filosofia nos auxilia a eliminar nossos temores, à medida que nos 
permite enxergar as coisas como são. Porque a filosofia é necessária? Porque o 
mundo não se apresenta como é. O mundo vem envolto em imagens que 
distorcem seu real significado. Olhamos a realidade e não a enxergamos com 
exatidão. Precisamos de uma lente que nos aproxime para vermos melhor. Um 
tipo de conhecimento que todos têm, e normalmente anterior e paralelo à filosofia 
é a ideologia. Esse conceito refere-se à forma distorcida como vemos a realidade 
 
 
 
 
 
10 
 
 
e a nós mesmos. Vemos o mundo, mas não com nossos olhos, mas com a visão 
de outros que, no limite, são beneficiados com o mascaramento dos conflitos, 
explorações e desigualdades sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ideologia nos é ensinada em casa, na escola, na religião, nos 
costumes, enfim, nos vários ambientes sociais por onde nos movimentamos 
cotidianamente. Veja um exemplo: um estudante trabalha de dia e paga seus 
estudos à noite. Certa vez, perde o emprego num contexto de crise econômica, e, 
não podendo arcar com os custos dos estudos, deixa a escola. Procurando um 
novo emprego, depara-se com a exigência de ter de estudar para se recolocar no 
mercado de força de trabalho e, como não consegue, logo ele e seus amigos e 
familiares explicarão a situação como: “ele não consegue emprego porque não 
estuda”. Volte ao início. Como tudo começou? Ele estudava, porém, se viu 
pressionado para deixar a escola porque foi demitido. Então, no lugar da 
explicação: “ele não consegue emprego porque não estuda”, deveríamos afirmar: 
“ele não consegue estudar porque não lhe empregam”. 
 
11 
 
 
A ideologia, no exemplo acima, se nos aparece como a inversão da 
explicação da realidade. Ideologia não é mentira, mas um mascaramento da 
realidade que oculta as verdadeiras causas e explicações dos fenômenos que nos 
rodeiam. Veja no excerto de Marilena Chauí uma explicação mais completa sobre 
esse conceito. Se puder, leia o livro “O que é ideologia”, principalmente as 
páginas 14 a 18 e 24 a 28. 
 
Freqüentemente, ouvimos expressões do tipo ‘partido político 
ideológico’, ‘é preciso ter uma ideologia’, ‘falsidade ideológica’. 
Essas expressões tomam a palavra ideologia para com ela significar 
‘conjunto sistemático e encadeado de idéias’. Ou seja, confundem 
ideologia com ideário. 
Nossa tarefa, aqui, será desfazer a suposição de que a ideologia é 
um ideário qualquer ou qualquer conjunto encadeado de idéias e, ao 
contrário, mostrar que a ideologia é um ideário histórico, social e 
 
 
político que oculta a realidade, e que esse ocultamento é uma forma 
de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade 
social e a dominação política. (CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 
2ª. Edição. São Paulo: Brasiliense, 2004, página 7) 
 
 
O senso comum é uma forma de conhecimento, a primeira forma de 
contato com o mundo, uma vez que se trata do conhecimento que todos nós temos 
sobre qualquer coisa, seja religião, educação, amor, esporte, política etc. 
Normalmente, temos opiniões superficiais e genéricas sobre as coisas, mas, 
apesar disso, muitas vezes tomamos nosso senso comum como verdadeiro e 
parâmetro único para nosso julgamento sobre o mundo. Dessa forma, nosso 
relacionamento com a realidade dá ensejo à disseminação e sustento da 
ideologia. 
 
 
Voltando a Bertrand Russell, este autor afirma que, no senso 
comum, temos três problemas, que ele caracteriza como problemas: nossas 
crenças são convencidas, incertas e contraditórias. Convencidas, porque 
acreditamos que temos a verdade a partir de nossos pontos de vista, muitas vezes 
sem permitir a discussão ou a colocação de dúvidas sobre o que acreditamos. 
 
12 
 
 
Como exemplo, quantas pessoas admitem a discussão dos dogmas religiosos nos 
quais acredita? Não são muitas. Se um tema ou assunto não é devidamente 
discutido, corre o risco de se transformar em tabu. Se não discutíssemos sexo, 
por exemplo, não teríamos hoje as escolas mistas, onde meninos e meninas 
estudam não apenas na mesma unidade escolar, mas na mesma turma e na 
mesma sala de aula. A outra característica do senso comum, diz Russell, é que 
ele é incerto, pois não há precisão em suas definições e, além disso, e reforçando 
essa característica, ele também é contraditório, pois é capaz de negar aquilo que 
afirmou no momento seguinte por meio de outra afirmação. Por exemplo, quando 
afirmamos que todo político é desonesto e só pensa em si mesmo, e procuramos 
um vereador para obter algum serviço público que entendemos ele consiga 
agilizar pela natureza de seu cargo, ou então quando, em vez de exercitar a 
cidadania e buscarmos nos textos constitucionais a validação de nossos direitos 
 
 
 
 
apelamos para conhecidos que trabalham ou possuem relacionamento em 
alguma repartição pública. Leiamos um trecho de Bertrand Russell: 
 
 
Mencionei há pouco três defeitos das crenças comuns, a saber, que 
elas são convencidas, incertas e, em si mesmas, contraditórias. É 
tarefa da filosofia corrigir esses defeitos na medida de suas 
possibilidades, sem sobrecarregar o conhecimento. Para ser um 
bom filósofo deve-se ter o desejo forte de saber, combinado à 
grande cautela em acreditar que se sabe; também se deve possuir 
a acuidade lógica e o hábito do pensamento exato. Tudo isso, claro, 
é uma questão de grau. A incerteza, em particular, pertence, até 
certo ponto, ao pensamento humano; podemos reduzi-la 
indefinidamente, embora jamais possamos aboli-la por completo. 
Em consequência, a filosofia é uma atividade contínua, e não uma 
coisa pela qual podemos conseguir a perfeição final, de uma vez por 
todas. (RUSSELL, Bertrand. Dúvidas Filosóficas, página 2) 
 
 
 
 
13 
 
 
O texto desse autor, intitulado “Dúvidas Filosóficas”, 
com apenas oito páginas, está disponível no link 
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv00
0023.pdf . Leia-o na íntegra para apreender mais e 
melhor essa discussão. Aproveite para responder a 
questão abaixo, visando a fixação deste ponto: 
 
Com relação a filosofia, vamos pensar sobre sua importância para a superação 
do senso comum? Reflita sobre a afirmação que segue. 
 
Reflexão – Para Bertrand Russell, a reflexão filosófica pode nos ajudar a diminuir 
a incerteza diante do mundo, mas não findá-la, tratando-se de uma atividade que 
não tem prazo para ser feita/exercida, mas é contínua e deve nos acompanhar a 
vida toda: 
 
( ) Falso ( X ) Verdadeiro 
 
 
Na Antiguidade, o pensamento era marcado pela consciência mítica, 
ou seja, um período marcado pelo conhecimento ingênuodo mundo onde o mito 
ocupava o lugar que hoje é ocupado pela ciência. O mito explica o mundo e faz 
os homens se sentirem mais seguros diante do mundo, do desconhecido e de si 
mesmos. A consciência mítica, apesar de característica da Idade Antiga, está 
ainda presente em muitos de nós, como herança que ainda não se apagou. O 
texto de Platão, “O mito da caverna”, toca nesse ponto, à medida que retrata 
homens que vivem separados – alienados – do mundo e o veem somente como 
projeção de uma sombra, que vem de fora para dentro da caverna onde se 
encontram. Receosos, têm medo de sair da caverna e se deparar com o 
desconhecido, mas imaginam o que o mundo é pelo que ele aparenta ser pelos 
desenhos das sombras. Neste caso, a comodidade, o medo e a ignorância se 
somam para imobilizar os homens em suas cavernas coletivas e pessoais, nos 
impedindo de enxergar além do que vemos e julgamos ver. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000023.pdf
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000023.pdf
 
14 
 
 
 
Esse texto, com apenas quatro páginas, está 
disponível no link http://www.netmundi.org/home/wp-
content/uploads/2015/06/Mito-da-Caverna.pdf e é de 
fácil leitura e compreensão. Leia e reflita: até que ponto 
não estamos, nós mesmos, envoltos em cavernas? 
 
Pense: você está numa caverna? Como ela foi constituída? Você 
quer sair dela? Como você pode fazer isso? 
 
Depois que você leu o texto de Platão, responda a questão abaixo: 
 
Reflexão - Porque os homens temem sair da caverna? 
(A) – Porque são acomodados; 
(B) – Porque são medrosos; 
(C) – Porque estão acorrentados às sombras da caverna; 
(D) – Porque se sentem mais seguros no interior da caverna; 
(E) – Todas as afirmações anteriores estão corretas. X 
 
 
Segundo Russell, o conhecimento que temos, sem a reflexão 
filosófica, tem os defeitos de ser convencido, incerto e contraditório, ou seja, 
típicos do senso comum. Se quisermos ligá-lo ao texto de Platão, podemos afirmar 
que nosso conhecimento deixará esses defeitos de lado quando sairmos da 
caverna. No interior desta - que pode ser uma metáfora de nossa vida -, não 
enxergamos o mundo como ele é, apenas seus reflexos ou sombras. Temos de 
abandonar velhos hábitos, crenças e superarmos o conhecimento superficial do 
senso comum para vermos o mundo como ele objetivamente é. Feito isso, 
teremos saído da caverna onde nos encontramos. 
Como você viu, a reflexão filosófica nos permite ampliar nossos 
horizontes e o conhecimento de nós e do mundo, por meio de uma visão crítica, 
investigadora, que aprofunda a análise e aceita a crítica e a dúvida acerca mundo, 
dos homens e de suas crenças e instituições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2015/06/Mito-da-Caverna.pdf
http://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2015/06/Mito-da-Caverna.pdf
 
15 
 
 
 
 
 
4 - Fazendo Uma Síntese 
Este módulo teve por objetivo iniciá-lo na Filosofia e levantar 
algumas questões para reflexão. Nos próximos, você será convidado a ler outros 
textos, autores e refletir sobre outros temas pertinentes à reflexão filosófica. 
Repare como há muitas questões para levantarmos e outras mais para serem 
respondidas. Seja um filósofo, na acepção da palavra, e estreite a amizade com 
o saber. Para além das questões pertinentes ao seu curso de graduação, repare 
que há outras que, ainda que pareçam distantes de sua formação, são 
necessárias, porque são humanas. Não se furte a esse debate e procure olhar 
panoramicamente para o mundo, como algo que o homem constrói, reconstrói e 
transforma constantemente. 
Volte aos textos, leia-os ou releia-os, conforme sua necessidade. 
Busque algumas referências sobre os autores e sobre o contexto em que 
escreveram. Amplie seus conhecimentos e eles lhe ajudarão a entender melhor a 
realidade, e o seu curso, ainda que pareça não ter muita proximidade, ganhará 
um estudante mais atento e com uma postura mais crítica, com uma visão de 
conjunto e repleto de indagações. Sem questionamento algum, o mundo teria 
estagnado há muito tempo. Temos de ousar e buscar soluções novas se 
quisermos o novo, mesmo que os problemas sejam antigos. 
Chegamos ao final deste módulo. Parabéns por ter acompanhado as 
leituras, feito os exercícios de fixação e ampliado seu cabedal cultural. Espero que 
seu espanto seja apenas com o mundo, não com a disciplina. 
No próximo módulo, você será convidado a tomar contato com a 
natureza humana e com uma dimensão interessante do ser, que é a utopia, 
presente em todos nós e em toda a história. Siga em frente! 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
A partir do excerto abaixo, responda as próximas quatro questões 
assinalando a alternativa correta: 
“Mencionei há pouco três defeitos das crenças comuns, a saber, que elas 
são convencidas, incertas e, em si mesmas, contraditórias. É tarefa da 
filosofia corrigir esses defeitos na medida de suas possibilidades, sem 
sobrecarregar o conhecimento. Para ser um bom filósofo deve-se ter o 
desejo forte de saber, combinado à grande cautela em acreditar que se sabe; 
também se deve possuir a acuidade lógica e o hábito do pensamento exato. 
Tudo isso, claro, é uma questão de grau. A incerteza, em particular, pertence, 
até certo ponto, ao pensamento humano; podemos reduzi-la 
indefinidamente, embora jamais possamos aboli-la por completo. Em 
consequência, a filosofia é uma atividade contínua, e não uma coisa pela 
qual podemos conseguir a perfeição final, de uma vez por todas. A este 
respeito, a filosofia tem sofrido por causa de sua associação à teologia. Os 
dogmas teológicos são fixos e encarados pelos ortodoxos como incapazes 
de aperfeiçoamento. Filósofos têm sido tentados com frequência a produzir 
sistemas finais idênticos: não se contentam com aproximações graduais 
que satisfaçam os homens de ciência. Nisso, eles me parecem enganados. 
A filosofia deve ser fragmentada e provisória como a ciência; a verdade 
derradeira pertence aos céus, não a este mundo.” (RUSSELL, Bertrand. 
Dúvidas filosóficas. Domínio Público, página 2) 
 
Questão 01 – Há três defeitos das crenças comuns, segundo o autor: 
(A) - convencimento, incerteza e assertividade. 
(B) – incerteza, convencimento e indefinição. 
(C) – convencimento, assertividade e arrogância. 
(D) – convencimento, incerteza e contradição. 
(E) – incerteza, contradição e engano. 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 02 – Segundo Russell, é tarefa da Filosofia: 
(A) – corrigir esses defeitos e aprimorá-los. 
(B) – abolir a incerteza definitivamente. 
(C) – corrigir esses defeitos sem sobrecarregar o professor. 
(D) – diminuir a incerteza e manter as contradições. 
(E) - corrigir esses defeitos sem sobrecarregar o conhecimento. 
 
Questão 03 – A Filosofia se caracteriza: 
(A) – por ser uma atividade contínua sem atingir a perfeição. 
(B) – pela exatidão de suas proposições 
(C) – pelas respostas que tem dado aos fenômenos sociais. 
(D) – pelos recursos que emprega nas respostas dadas aos fenômenos. 
(E) – pelas perguntas que levanta sobre a origem da humanidade. 
 
Questão 04 – Um bom filósofo deve ter: 
(A) – certeza de suas respostas. 
(B) – incerteza de suas respostas. 
(C) – desejo de saber e cautela para não pensar que sabe. 
(D) – respostas para os fenômenos humanos. 
(E) – receio de buscar a verdade. 
 
Questão 05 
 
18 
 
 
Analise as afirmações que seguem: 
I - Segundo Aristóteles, a Filosofia nasce com o espanto do homem diante 
do mundo: 
II - Para Bertrand Russell, os homens temem o pensamento com medo de 
atingirem a felicidade: 
 
 
III – A ideologia, segundo Marilena Chauí, cumpre o papel de mascarar a 
realidade para manter a desigualdade social, a exploração econômica e a 
dominação política: 
São verdadeiras as seguintes afirmações: 
(A) – Apenas a afirmação I. 
(B)– Apenas a afirmação II. 
(C) – Apenas as afirmações I e II. 
(D) – Apenas as afirmações I e III. 
(E) – Todas as afirmações são verdadeiras. 
 
Questão 06 
Analise as afirmações que seguem: 
I – O Mito da Caverna é um texto filosófico cujo autor é Platão. 
II – O conceito de ideologia pode ser relacionado com o pensamento de 
Marilena Chauí. 
III – O pensamento de Bertrand Russel pode ser definido como de tendência 
conservadora. 
 
São verdadeiras as seguintes afirmações: 
(A) – Apenas a afirmação I. 
(B) – Apenas a afirmação II. 
(C) – Apenas as afirmações I e II. 
 
19 
 
 
(D) – Apenas as afirmações I e III. 
(E) – Todas as afirmações são verdadeiras. 
 
 
 
 
 
 
Questão 07 
Analise as afirmações que seguem: 
I – Ideologia, segundo Marilena Chauí, é o mascaramento da realidade. 
II – Senso Comum é um conhecimento superficial do mundo. 
III – Segundo a filosofia, o pensamento tira os homens dos hábitos cômodos. 
 
São verdadeiras as seguintes afirmações: 
 
(A) – Apenas a afirmação I. 
(B) – Apenas a afirmação II. 
(C) – Apenas as afirmações I e II. 
(D) – Apenas as afirmações I e III. 
(E) – Todas as afirmações são verdadeiras.

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