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Filosofia Professor-Autor Ramon Casas Vilarino Equipe Coordenadoria de Educação a Distância Coordenador: Edgar Yukio Ishibashi Web designers: Viviane Vicente dos Santos e Sara Azevedo Benedicto Analista EaD: Erionaldo Teixeira Auxiliar EaD: Felipe Grande Equipe de Apoio Designer Instrucional: Viviane Vicente dos Santos Designer Gráfico e Ilustração: Viviane Vicente dos Santos Orientações Ícones Glossário Você sabia? Refletindo... Videoteca Atenção: 5 Para Que Estudar Filosofia? 1 - O Conhecimento Filosófico Pensar é bom, e, além de nos fazer bem, o pensamento é uma das marcas distintivas do ser humano, e, com ele, nos tornamos mais conscientes do mundo e de nós mesmos. Há muitas formas de pensar, no entanto, e a Filosofia é uma delas. Originalmente, essa palavra grega significa “amizade com o saber”, sendo, então, o filósofo um amigo de Sofia, ou seja, da sabedoria. Se pensar filosoficamente implica em ser amigo do saber, isso também quer dizer que ao buscá-lo, estamos numa relação de amizade. Como fazê-lo? O saber pode ser obtido por meio do estudo, da observação, da análise de dados, da comparação de informações, da pesquisa. Saber implica numa atividade ativa de movimento. Parados, não o conseguimos. Segundo o pensador grego Aristóteles, que viveu no século III a. C., a filosofia nasce com o espanto. O que isso quer dizer? Aristóteles quis expressar que filosofamos somente quando não aceitamos as coisas como naturais. Se olhamos o mundo ao nosso redor e não o estranhamos, não despertamos o desejo e o interesse em estudá-lo. Assim, aceitando as coisas como são sem questioná- las, não nos assumimos como filósofos. As crianças normalmente questionam tudo o que está ao seu alcance. “O que é isso? Para que serve aquilo?” Perguntam tanto que os adultos se aborrecem com tantas interrogações, e, na maioria das vezes, para nós, o aborrecimento é causado pela quantidade e pela qualidade das questões, que algumas vezes nos surpreendem pela inteligência de quem as formula, outras, pela obviedade: “porque o carro anda? Porque o céu é azul?” Os pequenos trazem em sua natureza um pendor natural pelo questionamento, provando que a inquietude e o espanto são próprios do gênero humano. As crianças demonstram 6 que é natural não aceitarmos o mundo e as coisas como são, logo, podemos afirmar que são, elas, filósofas. Ironicamente, é justamente a escola, mas também a família, os costumes, a religião e a sociedade como um todo que inibem essa profusão de dúvidas e o movimento filosófico que nos caracterizam desde pequenos. As questões feitas de forma espontânea são tangidas por códigos de disciplina e de comportamento que, no limite, obscurecem o filósofo que trazemos desde o berço. É preciso, para filosofar, resgatar esse amigo do saber que ficou adormecido em algum canto de nosso ser. Se não nos assustarmos mais com as coisas, não pensamos adequadamente. Estando no mundo, o homem tem necessidade de dar sentido, significado e se apropriar dele. Isso é feito por meio do conhecimento. É comum confundirmos esse conceito com o de informação, como se os dados sozinhos nos trouxessem o que o mundo é. As informações sem o pensamento humano não se transformam em conhecimento, assim como os ovos sem um cozinheiro não viram sozinhos uma omelete. Daí, por exemplo, a importância do diálogo e do debate para a formação do nosso pensamento e para a construção do conhecimento. Sozinhos, não nos humanizamos integralmente e não apreendemos o mundo senão muito superficialmente. 2 - A Natureza Revolucionária do Conhecimento Filosófico Os homens, disse Bertrand Russell, temem o pensamento mais do que a própria morte, pois ele nos tira do lugar seguro em que muitas vezes nos encontramos. O pensamento tem o poder de derrubar instituições sólidas, arejar armários empoeirados e suprimir hábitos cômodos. Confira esse texto, curto, mas profundo, logo abaixo: Os homens temem o pensamento mais do que qualquer outra coisa sobre a Terra - mais do que a ruína, mais do que a própria morte. O pensamento é subversivo, revolucionário, destrutivo e terrível; o 7 pensamento é impiedoso com os privilégios, com as instituições estabelecidas e os hábitos cômodos; o pensamento é anárquico e sem lei, indiferente à autoridade, displicente com a comprovada sabedoria dos séculos. O pensamento olha para as profundezas do inferno e não se amedronta. Vê o homem, frágil ponto cercado de insondáveis abismos de silêncio, e ainda assim sustenta-se gloriosamente, tão impassível como se fosse o senhor do mundo. O pensamento é grandioso, ágil e livre, a luz do mundo e a principal glória do homem. É preciso que o pensamento se torne propriedade de muitos, e não privilégio de poucos. Porém, o medo detém os homens - medo de que suas crenças acalentadas se revelem desilusões, medo de que as instituições por que pautam suas vidas se revelem danosas, medo de que eles próprios se revelem menos dignos de respeito do que supunham ser. Deve o trabalhador pensar livremente sobre a propriedade? Então, o que acontecerá a nós, os ricos? Devem os homens pensar livremente sobre o sexo? Então, o que será da moralidade? Devem os soldados pensar livremente sobre a guerra? Então, o que será da disciplina militar? Fora com os pensamentos! Voltemos à obscuridade do preconceito, para que a propriedade moral e a guerra não fiquem em perigo! É melhor que os homens sejam parvos, preguiçosos e oprimidos, do que sejam livres seus pensamentos. Pois, se seus pensamentos fossem livres, eles poderiam não pensar como nós. E essa desgraça deve ser evitada a qualquer preço. Assim argumentam os opositores do pensamento nas profundezas de suas almas. E assim agem em suas igrejas, suas escolas e suas universidades. (RUSSELL, Bertrand. Nota solta, sem data). Assim, o autor parece nos dizer que a natureza do pensamento é revolucionária. Por quê? Quando refletimos filosoficamente sobre as questões apontadas no texto e outras que ali não estão colocadas, quando checamos sua validade e comparamos com a realidade, percebemos o quanto fazemos em nossas vidas sem o devido questionamento, mas o fazemos por costume, por que os outros fazem, por que nossos antepassados faziam ou porque há leis que nos obrigam, e, sem pensar, não percebemos o que há por trás de leis, costumes e dogmas. Assim, agimos por impulso, quase instintivos, como os animais que 8 também fazem uma série de tarefas, aparentemente inteligentes, mas porque está inscrito em código de instintos. Pensemos, a partir do texto, que papel tem a escola no desenvolvimento do pensamento? Certamente, trata- se de uma instituição que deve contribuir para a sua edificação, mas, se voltarmos à história da educação, veremos que esse não é um dado assente, ou seja, não está no DNA da escola esse papel. Ela pode, por exemplo, em direção contrária, inibir o pensamento crítico, moldando estudantes conforme convenções e costumes estabelecidos. Segundo o autor, os opositores do pensamento encontram-se nessa instituição. Pense: as escolas pelas quais você passou, estimulou o pensamento livre ou o inibiu? Ainda nesse texto, podemos perguntar: qual é o papel do pensamento na transformação do mundo? Há como mudarmos o que tem para se mudar, sem uma atividade reflexiva envolvendo o pensamento crítico e livre? Que papel você atribui a ele num mundo que, como disse Bertolt Brecht – e tantos outros -, precisa ser transformado? Pensar, no entanto, envolve um processo de estudo, análise e aprofundamento no conhecimento dos problemas. Quando encontramos alguém na escola,por exemplo, quieto num canto qualquer, chegamos perto e perguntamos: - Você está pensando em quê? O interlocutor, muitas vezes, diz que está pensando em alguém. Por exemplo, em sua mãe. Vejamos: ele está refletindo sobre a maternidade? Sobre como a maternidade mudou a vida de sua mãe? Ou o que seu nascimento pode ter mudado na vida 9 dela, ou, por exemplo, quais sonhos ela deixou de realizar ao ser mãe e quais se realizaram? Se estiver apenas “pensando”, vendo a mãe em imagens em sua cabeça, por exemplo, em casa, lhe esperando, fazendo um jantar ou outra atividade qualquer, nosso amigo aqui não está pensando, mas lembrando. Lembrar não é o mesmo que pensar. A lembrança é necessária para o ato reflexivo, mas este último não se esgota naquela. Outros animais também lembram, mas não são capazes de pensar. E você nesse processo? Qual é o seu papel nesse processo de reflexão e de mudança no mundo? Cada qual pode responder, mas é bom refletir como cada um de nós contribui efetivamente. Que o mundo muda, não temos dúvida. A pergunta é: ele muda com você, com sua participação ou apesar de você? 3 – Filosofia e Ideologia E nós, do que temos medo? Normalmente, do que desconhecemos. Nesse sentido, a filosofia nos auxilia a eliminar nossos temores, à medida que nos permite enxergar as coisas como são. Porque a filosofia é necessária? Porque o mundo não se apresenta como é. O mundo vem envolto em imagens que distorcem seu real significado. Olhamos a realidade e não a enxergamos com exatidão. Precisamos de uma lente que nos aproxime para vermos melhor. Um tipo de conhecimento que todos têm, e normalmente anterior e paralelo à filosofia é a ideologia. Esse conceito refere-se à forma distorcida como vemos a realidade 10 e a nós mesmos. Vemos o mundo, mas não com nossos olhos, mas com a visão de outros que, no limite, são beneficiados com o mascaramento dos conflitos, explorações e desigualdades sociais. A ideologia nos é ensinada em casa, na escola, na religião, nos costumes, enfim, nos vários ambientes sociais por onde nos movimentamos cotidianamente. Veja um exemplo: um estudante trabalha de dia e paga seus estudos à noite. Certa vez, perde o emprego num contexto de crise econômica, e, não podendo arcar com os custos dos estudos, deixa a escola. Procurando um novo emprego, depara-se com a exigência de ter de estudar para se recolocar no mercado de força de trabalho e, como não consegue, logo ele e seus amigos e familiares explicarão a situação como: “ele não consegue emprego porque não estuda”. Volte ao início. Como tudo começou? Ele estudava, porém, se viu pressionado para deixar a escola porque foi demitido. Então, no lugar da explicação: “ele não consegue emprego porque não estuda”, deveríamos afirmar: “ele não consegue estudar porque não lhe empregam”. 11 A ideologia, no exemplo acima, se nos aparece como a inversão da explicação da realidade. Ideologia não é mentira, mas um mascaramento da realidade que oculta as verdadeiras causas e explicações dos fenômenos que nos rodeiam. Veja no excerto de Marilena Chauí uma explicação mais completa sobre esse conceito. Se puder, leia o livro “O que é ideologia”, principalmente as páginas 14 a 18 e 24 a 28. Freqüentemente, ouvimos expressões do tipo ‘partido político ideológico’, ‘é preciso ter uma ideologia’, ‘falsidade ideológica’. Essas expressões tomam a palavra ideologia para com ela significar ‘conjunto sistemático e encadeado de idéias’. Ou seja, confundem ideologia com ideário. Nossa tarefa, aqui, será desfazer a suposição de que a ideologia é um ideário qualquer ou qualquer conjunto encadeado de idéias e, ao contrário, mostrar que a ideologia é um ideário histórico, social e político que oculta a realidade, e que esse ocultamento é uma forma de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política. (CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 2ª. Edição. São Paulo: Brasiliense, 2004, página 7) O senso comum é uma forma de conhecimento, a primeira forma de contato com o mundo, uma vez que se trata do conhecimento que todos nós temos sobre qualquer coisa, seja religião, educação, amor, esporte, política etc. Normalmente, temos opiniões superficiais e genéricas sobre as coisas, mas, apesar disso, muitas vezes tomamos nosso senso comum como verdadeiro e parâmetro único para nosso julgamento sobre o mundo. Dessa forma, nosso relacionamento com a realidade dá ensejo à disseminação e sustento da ideologia. Voltando a Bertrand Russell, este autor afirma que, no senso comum, temos três problemas, que ele caracteriza como problemas: nossas crenças são convencidas, incertas e contraditórias. Convencidas, porque acreditamos que temos a verdade a partir de nossos pontos de vista, muitas vezes sem permitir a discussão ou a colocação de dúvidas sobre o que acreditamos. 12 Como exemplo, quantas pessoas admitem a discussão dos dogmas religiosos nos quais acredita? Não são muitas. Se um tema ou assunto não é devidamente discutido, corre o risco de se transformar em tabu. Se não discutíssemos sexo, por exemplo, não teríamos hoje as escolas mistas, onde meninos e meninas estudam não apenas na mesma unidade escolar, mas na mesma turma e na mesma sala de aula. A outra característica do senso comum, diz Russell, é que ele é incerto, pois não há precisão em suas definições e, além disso, e reforçando essa característica, ele também é contraditório, pois é capaz de negar aquilo que afirmou no momento seguinte por meio de outra afirmação. Por exemplo, quando afirmamos que todo político é desonesto e só pensa em si mesmo, e procuramos um vereador para obter algum serviço público que entendemos ele consiga agilizar pela natureza de seu cargo, ou então quando, em vez de exercitar a cidadania e buscarmos nos textos constitucionais a validação de nossos direitos apelamos para conhecidos que trabalham ou possuem relacionamento em alguma repartição pública. Leiamos um trecho de Bertrand Russell: Mencionei há pouco três defeitos das crenças comuns, a saber, que elas são convencidas, incertas e, em si mesmas, contraditórias. É tarefa da filosofia corrigir esses defeitos na medida de suas possibilidades, sem sobrecarregar o conhecimento. Para ser um bom filósofo deve-se ter o desejo forte de saber, combinado à grande cautela em acreditar que se sabe; também se deve possuir a acuidade lógica e o hábito do pensamento exato. Tudo isso, claro, é uma questão de grau. A incerteza, em particular, pertence, até certo ponto, ao pensamento humano; podemos reduzi-la indefinidamente, embora jamais possamos aboli-la por completo. Em consequência, a filosofia é uma atividade contínua, e não uma coisa pela qual podemos conseguir a perfeição final, de uma vez por todas. (RUSSELL, Bertrand. Dúvidas Filosóficas, página 2) 13 O texto desse autor, intitulado “Dúvidas Filosóficas”, com apenas oito páginas, está disponível no link http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv00 0023.pdf . Leia-o na íntegra para apreender mais e melhor essa discussão. Aproveite para responder a questão abaixo, visando a fixação deste ponto: Com relação a filosofia, vamos pensar sobre sua importância para a superação do senso comum? Reflita sobre a afirmação que segue. Reflexão – Para Bertrand Russell, a reflexão filosófica pode nos ajudar a diminuir a incerteza diante do mundo, mas não findá-la, tratando-se de uma atividade que não tem prazo para ser feita/exercida, mas é contínua e deve nos acompanhar a vida toda: ( ) Falso ( X ) Verdadeiro Na Antiguidade, o pensamento era marcado pela consciência mítica, ou seja, um período marcado pelo conhecimento ingênuodo mundo onde o mito ocupava o lugar que hoje é ocupado pela ciência. O mito explica o mundo e faz os homens se sentirem mais seguros diante do mundo, do desconhecido e de si mesmos. A consciência mítica, apesar de característica da Idade Antiga, está ainda presente em muitos de nós, como herança que ainda não se apagou. O texto de Platão, “O mito da caverna”, toca nesse ponto, à medida que retrata homens que vivem separados – alienados – do mundo e o veem somente como projeção de uma sombra, que vem de fora para dentro da caverna onde se encontram. Receosos, têm medo de sair da caverna e se deparar com o desconhecido, mas imaginam o que o mundo é pelo que ele aparenta ser pelos desenhos das sombras. Neste caso, a comodidade, o medo e a ignorância se somam para imobilizar os homens em suas cavernas coletivas e pessoais, nos impedindo de enxergar além do que vemos e julgamos ver. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000023.pdf http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000023.pdf 14 Esse texto, com apenas quatro páginas, está disponível no link http://www.netmundi.org/home/wp- content/uploads/2015/06/Mito-da-Caverna.pdf e é de fácil leitura e compreensão. Leia e reflita: até que ponto não estamos, nós mesmos, envoltos em cavernas? Pense: você está numa caverna? Como ela foi constituída? Você quer sair dela? Como você pode fazer isso? Depois que você leu o texto de Platão, responda a questão abaixo: Reflexão - Porque os homens temem sair da caverna? (A) – Porque são acomodados; (B) – Porque são medrosos; (C) – Porque estão acorrentados às sombras da caverna; (D) – Porque se sentem mais seguros no interior da caverna; (E) – Todas as afirmações anteriores estão corretas. X Segundo Russell, o conhecimento que temos, sem a reflexão filosófica, tem os defeitos de ser convencido, incerto e contraditório, ou seja, típicos do senso comum. Se quisermos ligá-lo ao texto de Platão, podemos afirmar que nosso conhecimento deixará esses defeitos de lado quando sairmos da caverna. No interior desta - que pode ser uma metáfora de nossa vida -, não enxergamos o mundo como ele é, apenas seus reflexos ou sombras. Temos de abandonar velhos hábitos, crenças e superarmos o conhecimento superficial do senso comum para vermos o mundo como ele objetivamente é. Feito isso, teremos saído da caverna onde nos encontramos. Como você viu, a reflexão filosófica nos permite ampliar nossos horizontes e o conhecimento de nós e do mundo, por meio de uma visão crítica, investigadora, que aprofunda a análise e aceita a crítica e a dúvida acerca mundo, dos homens e de suas crenças e instituições. http://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2015/06/Mito-da-Caverna.pdf http://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2015/06/Mito-da-Caverna.pdf 15 4 - Fazendo Uma Síntese Este módulo teve por objetivo iniciá-lo na Filosofia e levantar algumas questões para reflexão. Nos próximos, você será convidado a ler outros textos, autores e refletir sobre outros temas pertinentes à reflexão filosófica. Repare como há muitas questões para levantarmos e outras mais para serem respondidas. Seja um filósofo, na acepção da palavra, e estreite a amizade com o saber. Para além das questões pertinentes ao seu curso de graduação, repare que há outras que, ainda que pareçam distantes de sua formação, são necessárias, porque são humanas. Não se furte a esse debate e procure olhar panoramicamente para o mundo, como algo que o homem constrói, reconstrói e transforma constantemente. Volte aos textos, leia-os ou releia-os, conforme sua necessidade. Busque algumas referências sobre os autores e sobre o contexto em que escreveram. Amplie seus conhecimentos e eles lhe ajudarão a entender melhor a realidade, e o seu curso, ainda que pareça não ter muita proximidade, ganhará um estudante mais atento e com uma postura mais crítica, com uma visão de conjunto e repleto de indagações. Sem questionamento algum, o mundo teria estagnado há muito tempo. Temos de ousar e buscar soluções novas se quisermos o novo, mesmo que os problemas sejam antigos. Chegamos ao final deste módulo. Parabéns por ter acompanhado as leituras, feito os exercícios de fixação e ampliado seu cabedal cultural. Espero que seu espanto seja apenas com o mundo, não com a disciplina. No próximo módulo, você será convidado a tomar contato com a natureza humana e com uma dimensão interessante do ser, que é a utopia, presente em todos nós e em toda a história. Siga em frente! 16 EXERCÍCIOS A partir do excerto abaixo, responda as próximas quatro questões assinalando a alternativa correta: “Mencionei há pouco três defeitos das crenças comuns, a saber, que elas são convencidas, incertas e, em si mesmas, contraditórias. É tarefa da filosofia corrigir esses defeitos na medida de suas possibilidades, sem sobrecarregar o conhecimento. Para ser um bom filósofo deve-se ter o desejo forte de saber, combinado à grande cautela em acreditar que se sabe; também se deve possuir a acuidade lógica e o hábito do pensamento exato. Tudo isso, claro, é uma questão de grau. A incerteza, em particular, pertence, até certo ponto, ao pensamento humano; podemos reduzi-la indefinidamente, embora jamais possamos aboli-la por completo. Em consequência, a filosofia é uma atividade contínua, e não uma coisa pela qual podemos conseguir a perfeição final, de uma vez por todas. A este respeito, a filosofia tem sofrido por causa de sua associação à teologia. Os dogmas teológicos são fixos e encarados pelos ortodoxos como incapazes de aperfeiçoamento. Filósofos têm sido tentados com frequência a produzir sistemas finais idênticos: não se contentam com aproximações graduais que satisfaçam os homens de ciência. Nisso, eles me parecem enganados. A filosofia deve ser fragmentada e provisória como a ciência; a verdade derradeira pertence aos céus, não a este mundo.” (RUSSELL, Bertrand. Dúvidas filosóficas. Domínio Público, página 2) Questão 01 – Há três defeitos das crenças comuns, segundo o autor: (A) - convencimento, incerteza e assertividade. (B) – incerteza, convencimento e indefinição. (C) – convencimento, assertividade e arrogância. (D) – convencimento, incerteza e contradição. (E) – incerteza, contradição e engano. 17 Questão 02 – Segundo Russell, é tarefa da Filosofia: (A) – corrigir esses defeitos e aprimorá-los. (B) – abolir a incerteza definitivamente. (C) – corrigir esses defeitos sem sobrecarregar o professor. (D) – diminuir a incerteza e manter as contradições. (E) - corrigir esses defeitos sem sobrecarregar o conhecimento. Questão 03 – A Filosofia se caracteriza: (A) – por ser uma atividade contínua sem atingir a perfeição. (B) – pela exatidão de suas proposições (C) – pelas respostas que tem dado aos fenômenos sociais. (D) – pelos recursos que emprega nas respostas dadas aos fenômenos. (E) – pelas perguntas que levanta sobre a origem da humanidade. Questão 04 – Um bom filósofo deve ter: (A) – certeza de suas respostas. (B) – incerteza de suas respostas. (C) – desejo de saber e cautela para não pensar que sabe. (D) – respostas para os fenômenos humanos. (E) – receio de buscar a verdade. Questão 05 18 Analise as afirmações que seguem: I - Segundo Aristóteles, a Filosofia nasce com o espanto do homem diante do mundo: II - Para Bertrand Russell, os homens temem o pensamento com medo de atingirem a felicidade: III – A ideologia, segundo Marilena Chauí, cumpre o papel de mascarar a realidade para manter a desigualdade social, a exploração econômica e a dominação política: São verdadeiras as seguintes afirmações: (A) – Apenas a afirmação I. (B)– Apenas a afirmação II. (C) – Apenas as afirmações I e II. (D) – Apenas as afirmações I e III. (E) – Todas as afirmações são verdadeiras. Questão 06 Analise as afirmações que seguem: I – O Mito da Caverna é um texto filosófico cujo autor é Platão. II – O conceito de ideologia pode ser relacionado com o pensamento de Marilena Chauí. III – O pensamento de Bertrand Russel pode ser definido como de tendência conservadora. São verdadeiras as seguintes afirmações: (A) – Apenas a afirmação I. (B) – Apenas a afirmação II. (C) – Apenas as afirmações I e II. 19 (D) – Apenas as afirmações I e III. (E) – Todas as afirmações são verdadeiras. Questão 07 Analise as afirmações que seguem: I – Ideologia, segundo Marilena Chauí, é o mascaramento da realidade. II – Senso Comum é um conhecimento superficial do mundo. III – Segundo a filosofia, o pensamento tira os homens dos hábitos cômodos. São verdadeiras as seguintes afirmações: (A) – Apenas a afirmação I. (B) – Apenas a afirmação II. (C) – Apenas as afirmações I e II. (D) – Apenas as afirmações I e III. (E) – Todas as afirmações são verdadeiras.
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