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1
Montaigne
Aula 
09 3
Filosofia
O pensamento em tempos de crise
O século XVI, na França, não foi fácil para os espíritos mais sensíveis. Os 
conflitos religiosos atingiram todos os segmentos, dos mais simples aos mais 
altos escalões da nobreza e do poder. Em 1572, o massacre de São Barto-
lomeu foi o ápice dessas discórdias: milhares de huguenotes mortos por 
católicos irados e vingativos de outras violências pretéritas. Uma espiral que 
conheceu ainda muitos lances até a pacificação.
DUBOIS, François. O massacre de São Bartolomeu. 1572. 1 óleo sobre tela, color; 
94 cm x 154 cm. Musée cantonal des Beaux-Arts, Suíça.
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Em meio a esse turbilhão, uma saída era o refúgio no interior do país e, 
muitas vezes, no interior de si mesmo. Assim como Epicuro retirou-se da cida-
de democrática que não existia mais, subjugada pelos macedônicos, Michel 
Eyquem, senhor de Montaigne, nome de um imponente castelo do interior 
da França, livrou-se de seu cargo de magistrado, que lhe dava prestígio e 
distinção e passou a viver quase a totalidade de seu tempo no terceiro andar 
da torre arredondada de sua propriedade, na qual montou uma esplêndida 
biblioteca. Tinha 37 anos e, além do enfado com as misérias políticas e reli-
giosas de Paris, um cálculo renal persistente o fez deixar o espaço público 
e dedicar-se aos seus pensamentos, um tanto descrente de tudo mas, por 
outro lado, conformado com as circunstâncias:
“A glória a que aspiro é a 
de ter vivido tranquilo [...] em 
sendo a filosofia incapaz de 
mostrar o caminho que con-
duz ao repouso da alma que a 
todos convém, que cada qual 
por seu lado o procure.”
É preciso lembrar que vivíamos, 
na Europa, uma fase de mudanças 
estruturais importantes, com a 
dissolução da velha ordem feudal 
e a consolidação de um capitalismo 
comercial marcado pela expansão 
marítima e pela subjugação das 
colônias, provocando um aumento 
impressionante de riquezas, parti-
cularmente, metais preciosos. Essas 
novas fronteiras – fruto da coragem 
e da determinação de muitos ho-
mens – promoveram alterações nas 
estruturas mentais e também mexe-
ram com o imaginário, favorecendo 
a ideia de que “cada um pode cons-
truir sua própria existência”, sem, 
necessariamente, ficar amarrado 
aos fluxos e ritmos das corporações 
de ofício ou dos rituais políticos e 
sociais da nobreza que marcaram 
a Idade Média. Emblemática é a 
visão de um contemporâneo de 
Montaigne, William Shakespeare, 
em seu Romeu e Julieta, que conta 
a história de dois jovens que se re-
belam contra as determinações de 
suas famílias e acabam por uni-las 
com seus exemplos extremos de 
independência individual.
2 Extensivo Terceirão
A perspectiva dos artistas do Renascimento, 
igualmente, entregavam para o espectador, o olhar 
do pintor; a Reforma Protestante de Lutero afirmava a 
possibilidade de o próprio crente construir a sua fé, sem 
a mediação dos padres; Copérnico desloca a Terra do 
centro do Universo; os portugueses e espanhóis des-
cobrem novas terras e gentes; o comércio tira da terra 
o prestígio e produz novos ricos onde antes não havia 
mais que repetição e imobilismo.
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 Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592)
Montaigne vai captar essas mudanças e buscar pen-
sar sobre elas, não com uma perspectiva didática nem 
prescritiva, mas autorreflexiva, isto é, olhando para si 
mesmo em meio ao torvelinho de alterações, buscando 
encontrar-se e encontrar tranquilidade para sobreviver à 
doença e às decepções públicas. Assim, o principal inte-
ressado em seus textos parecia ser o próprio Montaigne, 
como, aliás, vai criticar o filósofo Pascal. Até o fim da vida 
a sua obra, Ensaios, foi sendo acrescida de notas, co-
mentários e correções, como se o autor estivesse sempre 
lembrando (ou aprendendo) algo diferente do já dito. 
Afinal como ele mesmo afirmou, não há um “definitivo” 
no pensar humano e nem mesmo na sua natureza: “O 
homem é de natureza muito pouco definida, estranha-
mente desigual e diverso. Dificilmente o julgaríamos de 
uma maneira decidida e uniforme”.
O homem e a sua obra
Formado em Direito, alfabetizou-se em latim e 
amava os livros. Intelectual engajado, trabalhou na 
magistratura até que as cólicas, a crise político-religiosa 
e a morte incontornável de um grande amigo, Étienne 
de la Boétie, fizeram-no parar e mudar. Aliás, sobre a 
amizade que manteve com Étiene, ele assim escreveu 
no ensaio 38: 
“Na amizade (a verdadeira) as almas entrosam e 
se confundem em uma única alma, tão unidas uma 
a outra que não se distinguem, não se lhes perce-
bendo sequer a linha de demarcação. Se insistirem 
para que eu diga por que o amava, sinto que eu 
não saberia expressar senão respondendo: porque 
era ele; porque era eu.”
Apesar de ter se retirado da vida pública e passado e 
viver em sua torre, Montaigne não se apartou de vez do 
mundo. Tornou-se conselheiro informal do Parlamento e 
ainda foi prefeito de Bordeaux. Além disso, em 1580, par-
tiu em viagem pela Europa e só retornou 15 meses depois. 
Dessa forma, fica claro que as reflexões de Montaigne 
foram nutridas pela experiência e pela observação.
E essas experiências e observações revelaram-lhe um 
mundo em declínio e uma ideia de homem em conflito 
com as tradições. Se, por um lado, esse conflito forjou 
o indivíduo moderno, por outro, viver em uma época 
marcada por mudanças de paradigmas contribui para 
um estado de espírito muito reticente. Daí a dúvida e o 
ceticismo que marcam a obra do pensador francês.
Não lhe parece que há alguma semelhança com o 
que vivemos nesse começo de século XXI?
O estado de espírito abalado pelas mudanças e 
perdas (políticas, religiosas, sociais e pessoais) está 
inscrito na obra de Montaigne. Seu texto, originalmente 
publicado em três volumes, é uma série de tentativas 
(essais, em francês) de reflexão sobre diversos temas que 
o autor considerava importantes, sem nenhum método 
ou pretensão a priori, apenas o de ir encadeando pontos 
de vista, sem necessidade de conclusão ou finalidade e 
muito menos lição ou receitas aos seus leitores.
Os Ensaios, como ficaram conhecidos, buscavam 
demonstrar, principalmente, a falta de objetividade e 
certeza em relação às coisas. Mas mesmo isso não é dito 
explicitamente. O livro é um convite à reflexão sobre a 
relatividade das coisas do mundo. À maneira dos estoicos 
e dos epicuristas, o afastamento de Montaigne de grande 
parte das atividades da vida pública não era propriamen-
te uma fuga, mas um distanciamento voluntário que lhe 
permitiu refletir criteriosamente sobre os diversos acon-
tecimentos de sua vida e de sua época. Trata-se de uma 
tomada de conhecimento e consciência de si, por meio 
dessas reflexões. Uma travessia, para apreender, com-
preender e consolar-se com a perda (do amigo), a doença 
(que lhe causava dores terríveis) e a morte (inevitável e 
próxima.) No leque de questões filosóficas lançadas pelos 
pensadores, desde os pré-socráticos, Montaigne acres-
centava mais uma, rica e profunda: que sei eu?
Assim como os céticos, duvidava do poder da razão 
e, mesmo contemporâneo dos renascentistas (já na 
sua última fase, obscurecida pelos conflitos religiosos), 
Aula 09
3Filosofia 3
não acreditava tanto na capacidade humana, tecendo 
considerações sobre nossa pequenez e falta de impor-
tância na ordem cósmica. Sem ser um crítico feroz da 
Igreja – tanto que só foi parar no Index quase um século 
após a sua morte – atacava os dogmas e as tentativas 
escolásticas de legitimar o divino pela razão.
Sobrava-lhe a consciência de nossa fragilidade e 
finitude. E o pensamento deveria ocupar-se de como 
sobreviver e consolar-se com isso, procurando viver o 
mais dignamente possível até o fim inescapável. 
Com essa perspectiva, Montaigne produziu uma 
obra humana, demasiadamente humana. Inspirador 
de Rousseau na sua convicção da natureza boa dos ho-
mens, pensouigualmente em uma educação calcada na 
indagação, na dúvida, na investigação, como caminho 
para o crescimento do homem e o desenvolvimento de 
“cabeças bem-feitas” ao invés de “cabeças cheias” de 
conhecimentos fúteis ou inúteis. 
No capítulos dos Ensaios Do Pedantismo e Da Edu-
cação das Crianças, o pensador critica, por um lado, a 
Escolástica e os excessos de uma formação abstrata e, 
por outro lado, o mundanismo vazio da cultura livresca 
dos renascentistas. As mesmo tempo observador arguto 
de seu tempo e com formação sólida nos clássicos, 
Montaigne preferiu a linguagem simples da crônica, 
inaugurando a literatura filosófica.
Educar as crianças, na perspectiva de Montaigne, 
era prepará-las para a “aventura da vida” e por isso ele 
defendia que o quanto antes elas deveriam se afastar 
dos pais e experimentar outras culturas e vivências, 
além de se acostumarem a discutir opiniões divergentes 
das suas, para desenvolver a capacidade de produzir 
argumentos ou, como afirmava o pensador, “atritar e 
polir nosso cérebro contra o de outros”.
Crítico dos estudos sem reflexão, voltados apenas 
à memorização – “É prova de crueza e de indigestão 
regurgitar o alimento como foi engolido”, dizia 
ele – Montaigne entendia a importância do estudo da 
Filosofia, História e Literatura como componentes fun-
damentais da formação do caráter. As ciências deveriam 
ser estudadas por quem tivesse aptidão e interesse em 
usá-las profissionalmente. Mas, ser humano é tarefa 
para todos e para todos os dias, advertia o pensador.
O que lhe parece isso?
A ética em Montaigne
Sua vivência e sua atenção às conversas com as mais 
distintas classes sociais, além de sua leitura das crônicas 
e lendas de sua época, somadas ao convívio desde a 
infância com a produção clássica, principalmente latina, 
fizeram-no desenvolver uma percepção sobre o com-
portamento humano que permite afirmar uma postura 
“antropológica” muito antes de essa ciência se desen-
volver. Para Montaigne, a avaliação da conduta deve 
levar em conta quem é o sujeito que pratica um ato e em 
qual situação ele se encontra. O universalismo platônico, 
dogmatizado pela igreja cristã não se coadunava com a 
vida prática, observada pela lente atenta do pensador 
francês. Cada um é cada qual, diríamos hoje. 
Em um dos capítulos mais famosos dos Ensaios, 
o capítulo 31, Dos Canibais, Montaigne expressa a 
concepção ética que procurou desenvolver, em meio 
aos conflitos religiosos na Europa e ao extermínio e 
escravização dos indígenas e negros nas Américas e na 
África. Fazendo referência a índios levados do Brasil para 
a França por Nicolau Durand de Villegaignon, fundador 
da “França Antártica” e que eram apresentados como 
“selvagens”, afirmou Montaigne: 
“[...] Não vejo nada de bárbaro ou selvagem no 
que dizem daqueles povos; e, na verdade, cada 
qual considera bárbaro o que não se pratica em 
sua terra. E é natural, porque só podemos julgar 
da verdade e da razão de ser das coisas pelo exem-
plo e pela ideia dos usos e costumes do país em 
que vivemos. Neste, a religião é sempre a melhor, 
a administração excelente, e tudo o mais perfeito. 
A essa gente chamamos selvagens como denomi-
namos selvagens os frutos que a natureza pro-
duz sem intervenção do homem. No entanto aos 
outros, àqueles que alteramos por processos de 
cultura e cujo desenvolvimento natural modifica-
mos, é que deveríamos aplicar o epíteto.”
E, antecipando Rousseau, disse: 
“Esses povos não me parecem, pois, merecer o 
qualificativo de selvagens somente por não terem 
sido senão muito pouco modificados pela inge-
rência do espírito humano e não haverem quase 
nada perdido de sua simplicidade primitiva. As 
leis da natureza, não ainda pervertidas pela imis-
ção dos nossos, regem-nos até agora e mantive-
ram-se tão puras que lamento por vezes não as 
tenha o nosso mundo conhecido antes, quando 
havia homens capazes de apreciá-las.”
A morte na obra do filósofo
Para Montaigne, filosofar é aprender a morrer. Her-
deiro do estoico Cícero, Montaigne afirma que toda 
a sabedoria só serve para consolar-nos diante dessa 
certeza inevitável. Do que adianta dedicarmo-nos à 
observação e à reflexão, às leituras e estudos se tudo isso 
não servisse para nos preparar para momento único? Para 
Montaigne, é inútil imaginar podermos conhecer algo 
do “Divino”, daí suas críticas à Escolástica. Vivemos neste
4 Extensivo Terceirão
mundo como em uma redoma e não há aqui o trânsito do 
Divino. Não que isso revelasse um ateísmo em Montaigne. 
Apenas reforçava a ideia de que o Criador não se envolvia 
com a criatura e essa jornada, do começo ao indiscutível 
fim era tarefa humana, exclusivamente humana.
Assim como o Renascimento tardio trará um Rem-
brandt e um Velázquez (e que você conhecerá nas aulas 
de História), Montaigne buscou, na sua obra, compor um 
autorretrato, expressando o que via e sentia e pensava 
das coisas de seu tempo e das que foram objeto de seus 
estudos. Não se trata de apresentar um estudo sobre 
a Verdade e nem mesmo sobre verdades, mas sobre 
uma perspectiva pessoal das coisas que lhe tocaram 
ou que ele considerava importantes, submetendo-as 
ao seu olhar, como o olhar dos pintores e arquitetos do 
Renascimento que expressavam não o que era certo ou 
deveria ser visto, mas o que eles viam. 
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 Torre onde era localizada a biblioteca de Michel 
de Montaigne, Castelo de Montaigne, Saint-Mi-
chel-de-Montaigne, Dordonha, França
Na solidão do terceiro andar da torre do castelo francês, 
o pensador propôs abalar os dogmas e a busca de verdades 
metafísicas com um livro meio sem pé nem cabeça, que 
fala de amor e da percepção com a mesma intensidade 
que trata da função dos polegares, da importância do 
uso de roupas e das razões das flatulências (acreditem!), 
para mostrar como o corpo e o pensamento são fontes de 
conhecimentos singulares e que não são moldados a priori 
mas, pelo contrário, expressam a diversidade de que tudo 
é feito. Por isso sua obra tem na pergunta “que sei eu?,” 
um ponto de inflexão original e fecundo: como Sócrates, a 
“ignorância” assumida é a condição de abertura para o 
conhecimento, fruto da observação e reflexão, sem assumir 
como certo a tradição, mas aceitando as variações como re-
gra e não como defeito. Mas tudo isso com moderação, bom 
senso, alegria de conhecer e sem a falsidade e a presunção 
das relações sociais formais mas sim com a liberdade que a 
solidão voluntária permite. E assim, na torre do seu castelo, 
Montaigne produziu uma obra e uma filosofia marcantes.
Montaigne foi um grande frasista. Fiquem algumas 
de suas “pérolas”:
 • Ensinam-nos a viver quando a vida já passou.
 • Quem teme o sofrimento sofre já aquilo que teme.
 • A minha opinião é que nós temos de nos emprestar 
aos outros, mas apenas nos darmos a nós mesmos.
 • Aquele que castiga quando está irritado, não corrige, 
vinga-se. 
 • Os prazeres devem ser evitados se trazem em seu 
rastro dores maiores, e as dores devem ser procura-
das se trazem em seu rastro prazeres maiores.
 • Cada homem traz a forma inteira da condição humana. 
 • Pouco adianta subir em pernas de pau, pois mesmo 
sobre pernas de pau ainda temos de andar com 
nossas pernas. E no trono mais elevado do mundo 
ainda estamos sentados sobre nosso traseiro.
 • Nenhum vento serve para quem não tem porto 
de destino.
E você? Já produziu alguma frase que expresse sua 
visão de mundo?
Testes
Assimilação
09.01. Preencha a lacuna.
 criticou a educação livresca e 
mnemônica, propondo um ensino voltado para a experiência 
e para a ação. Acreditava que a educação livresca exigiria muito 
tempo e esforço, o que afastaria os jovens dos assuntos mais ur-
gentes da vida. Para ele, a educação deveria formar indivíduos 
aptos ao julgamento, ao discernimento moral e à vida prática. 
a) Sócrates. 
c) Kant. 
e) Montaigne.
b) Platão.
d) Descartes. 
09.02. “Que sei eu?”. O projeto intelectual do filósofo teve a 
finalidade de testar maneirasde pensar que escapassem do 
caminho da erudição e da aplicação de ideias alheias. Quando 
se recolheu para escrever a obra Ensaios, sua decisão era voltar-
-se para si mesmo e reconstruir a própria história por intermédio 
de temas escolhidos ao acaso. Para este filósofo, o processo 
formativo coincide com o conhecimento de si, lançar-se nas ex-
periências e tomar posição perante os acontecimentos da vida”.
O texto faz referência a: 
a) Tales de Mileto.
c) Montaigne.
e) Michel Foucault.
b) Platão.
d) Kant.
Aula 09
5Filosofia 3
09.03. O filósofo contemporâneo Michel Foucault procurou 
mostrar que há duas formas de compreender a filosofia, uma 
delas é ”como busca da sabedoria, entendendo o conheci-
mento como algo que vem de fora”. Assim, de acordo com 
essa ideia, a filosofia deve ser compreendida como
a) uma prática de vida, um pensamento sobre nós mesmos.
b) a própria vida, ou seja, as coisas que aprendemos no 
cotidiano.
c) as experiências que adquirimos fora do nosso contexto.
d) a busca de um saber que está fora de cada um de nós.
09.04. Para Montaigne, as crianças não devem ser educadas 
perto dos pais, porque sua afeição torna os filhos “demasiada-
mente relaxados” e isso não os prepara “para a aventura da vida”. 
O objetivo principal da educação seria permitir à criança: 
a) salvar sua alma para a vida celestial.
b) se introduzir de corpo e alma nos dogmas da fé.
c) não ser educada pelos pais, uma vez que eles não têm 
instrução educacional como a dos mestres.
d) a formulação de julgamentos próprios sem ter que aceitar 
acriticamente as leituras que a escola recomenda.
Aperfeiçoamento
09.05. Para Montaigne, deve-se formar um homem honesto e 
capaz de refletir por si mesmo. Este homem deverá procurar o 
diálogo com os outros, tendo senso de relatividade sobre todas 
as coisas. Assim, ele conseguirá se adaptar à sociedade o onde 
deverá viver em harmonia com os outros homens e com o mun-
do. Ele será um espírito livre e liberto de crenças e superstições. 
Esta visão de Montaigne sobre a formação humana reflete
a) uma crítica ao modelo educacional escolástico típico de 
seu tempo.
b) a proposta educacional que era conduzida nas escolas 
de sua época.
c) sua admiração pelo desempenho das crianças no domínio 
escolar de seu tempo.
d) sua crítica ao modelo político absolutista dominante nos 
governos da Europa do século XVI. 
e) a importância dos valores religiosos para o estabelecimen-
to do caráter nas crianças em formação escolar.
09.06. Leia a frase.
“Uma cabeça bem-feita vale mais do que uma cabeça cheia”. 
Com essa frase, retirada da obra Ensaios, Montaigne:
a) estabeleceu uma relação entre o plano dialético e o plano 
metafísico.
b) ignorou toda a cultura clássica e o conjunto de informa-
ções contidas nos livros.
c) apoiou a educação escolástica de seu tempo, baseada no 
acúmulo de informações gerais.
d) criticou a educação livresca e mnemônica, propondo um 
ensino voltado para a experiência e para a ação.
09.07. O caráter antropológico da obra de Montaigne diz 
respeito: 
a) a sua negação da diversidade humana.
b) a sua preocupação com os valores religiosos.
c) a sua busca de compreender o homem em suas diferentes 
dimensões.
d) a aceitação da tese de que o homem europeu era superior 
aos demais povos.
e) a sua visão evolutiva do gênero humano que, mais 
tarde, vai influenciar Darwin em sua Teoria da Evolução 
biológica.
09.08. Sobre a concepção de educação do filósofo Montaig-
ne, analise as afirmativas a seguir.
I. As crianças não devem ser educadas perto dos pais, 
porque sua afeição torna os filhos “demasiadamente 
relaxados” e isso não os prepara “para a aventura da vida”. 
II. O objetivo principal da educação seria permitir à criança a 
formulação de julgamentos próprios sem ter que aceitar 
acriticamente as leituras que a escola recomenda. 
III. A receita ideal para treinar a capacidade de análise é 
acostumar-se a considerar opiniões diferentes e acima de 
tudo conhecer culturas e experiências diversas daquelas 
a que o aluno se familiarizou. 
IV. O filósofo se rebelava contra a cobrança de memorização 
mecânica dos conteúdos ensinados aos alunos. 
Estão de acordo com o pensamento filosófico de Montaigne 
a) somente I e IV.
c) somente III e IV.
e) I, II, III e IV
b) somente I, II e IV.
d) somente I, II e III.
09.09. Os “Ensaios”, de Montaigne, tratam de uma enorme 
variedade de temas: da vaidade, da liberdade de consciência, 
dos coxos, etc., e por serem ensaios não têm uma unidade 
aparente. Livremente, o filósofo deixa seu pensamento fluir 
e ganhar forma no papel, vagando de ideia em ideia, de 
associação a associação. Não escreve para agradar os leitores, 
nem escreve de modo técnico ou com vistas à instrução. Ele 
pretende, ao contrário, escrever para as gerações futuras, 
a fim de deixar um traço daquilo que ele foi, daquilo que 
ele pensou em um dado momento. Montaigne adotou o 
princípio grego “Conhece-te a ti mesmo”. 
Portanto, segundo ele, a escrita 
a) é um meio de chegar ao conhecimento de si mesmo. 
b) afasta o homem de Deus e das verdadeiras aspirações 
da alma.
c) estimula a memorização de informações como forma de 
educação humana.
d) registra tudo aquilo que se deve evitar no processo de 
formação educacional das crianças.
e) retrata somente as aparências e não se relaciona com as 
essências eternas citadas pelos grandes pensadores da 
história da filosofia.
6 Extensivo Terceirão
09.10. (CPII – RJ) – À qual escola 
filosófica da Antiguidade, Michel de 
Montaigne, pensador francês do sé-
culo XVI, pode ser associado?
a) Aos acadêmicos, por afirmar a 
superioridade da ciência sobre as 
opiniões.
b) Aos sofistas, por afirmar que o ho-
mem é a medida de todas as coisas.
c) Ao epicurismo, por crer no valor 
das paixões como guia da conduta.
d) Ao pirronismo, por considerar todo 
conhecimento como opinião.
Aprofundamento
09.11. Michel Eyquem de Montaigne 
(1533-1592) compara, nos trechos, as 
guerras das sociedades Tupinambá 
com as chamadas “guerras de religião” 
dos franceses que, na segunda metade 
do século XVI, opunham católicos e 
protestantes.
“(...) não vejo nada de bárbaro ou 
selvagem no que dizem daqueles 
povos; e, na verdade, cada qual 
considera bárbaro o que não se 
pratica em sua terra. (...) Não me 
parece excessivo julgar bárbaros 
tais atos de crueldade [o canibalis-
mo], mas que o fato de condenar 
tais defeitos não nos leve à ceguei-
ra acerca dos nossos. Estimo que 
é mais bárbaro comer um homem 
vivo do que o comer depois de 
morto; e é pior esquartejar um ho-
mem entre suplícios e tormentos e 
o queimar aos poucos, ou entregá-
-lo a cães e porcos, a pretexto de 
devoção e fé, como não somente 
o lemos mas vimos ocorrer entre 
vizinhos nossos conterrâneos; e 
isso em verdade é bem mais grave 
do que assar e comer um homem 
previamente executado. (...) Po-
demos, portanto, qualificar esses 
povos como bárbaros em dando 
apenas ouvidos à inteligência, mas 
nunca se compararmos a nós mes-
mos, que os excedemos em toda 
sorte de barbaridades.”
MONTAIGNE, Michel Eyquem de. Ensaios. São Paulo: 
Nova Cultural, 1984.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne, 
a) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem única do gênero 
humano e da sua religião. 
b) a diferença de costumes não constitui um critério válido para julgar as diferentes 
sociedades. 
c) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não conhecem a 
virtude cristã da piedade. 
d) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a ausência de uma 
cultura civilizada e racional. 
e) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos europeus, o que 
explica que os seus costumes são similares. 
09.12. (FCC – SP) – 
Não cometo esse erro tão comum de julgar os outros por mim. Acredito 
de bom grado que o que está nos outros possa divergir essencialmente 
daquilo que está em mim. Não obrigo ninguém a agir como ajo e concebo 
mil e uma maneiras diferentes de viver; e, contrariamente aoque ocorre 
em geral, espantam-me bem menos as diferenças entre nós do que as 
semelhanças. Não imponho a outrem nem meu modo de vida nem meus 
princípios; encaro-o tal qual é, sem estabelecer comparações. O fato de 
não ser continente não me impede de admirar e aprovar os Feuillants* 
e os capuchinhos que o são; pela imaginação ponho-me muito bem em 
sua pele e os estimo e honro tanto mais quanto divergem de mim. Aspiro 
particularmente a que julguem cada qual como é, sem estabelecer para-
lelos com modelos tirados do comum. Minha fraqueza não altera absolu-
tamente o apreço em que deva ter quem possui força e vigor. Embora me 
arraste ao nível do solo, não deixo de perceber nas nuvens, por mais alto 
que se elevem, certas almas que se distinguem pelo heroísmo. Já é muito 
para mim ter o julgamento justo, ainda que não o acompanhem minhas 
ações, e manter ao menos assim incorruptível essa qualidade. Já é muito 
ter boa vontade, mesmo quando as pernas fraquejam.
*Ordem religiosa.
Extraído de MONTAIGNE, Michel de. “Catão, o jovem”, Ensaios, trad. Sérgio Milliet, São Paulo, Nova Cultural, 1996, 
p. 213.
Embora me arraste ao nível do solo, não deixo de perceber nas nuvens, por mais 
alto que se elevem, certas almas que se distinguem pelo heroísmo. Com a frase 
acima, Montaigne
a) adverte aos que subiram muito alto de que podem vir um dia a cair.
b) contrapõe a sua humildade ao orgulho dos que se creem heróis.
c) deixa entrever a mágoa por não ser reconhecido como um grande homem.
d) indica que a maior distância não impede o reconhecimento da posição do outro.
e) sugere que estar preso ao solo é um privilégio que os que muito subiram não 
podem desfrutar.
09.13. (FCC – SP) – 
Não cometo esse erro tão comum de julgar os outros por mim. Acredito 
de bom grado que o que está nos outros possa divergir essencialmente 
daquilo que está em mim. Não obrigo ninguém a agir como ajo e con-
cebo mil e uma maneiras diferentes de viver; e, contrariamente ao que 
ocorre em geral, espantam-me bem menos as diferenças entre nós do 
Aula 09
7Filosofia 3
que as semelhanças. Não imponho a outrem nem meu modo de vida 
nem meus princípios; encaro-o tal qual é, sem estabelecer comparações. 
O fato de não ser continente não me impede de admirar e aprovar os 
Feuillants* e os capuchinhos que o são; pela imaginação ponho-me 
muito bem em sua pele e os estimo e honro tanto mais quanto divergem 
de mim. Aspiro particularmente a que julguem cada qual como é, sem 
estabelecer paralelos com modelos tirados do comum. Minha fraqueza 
não altera absolutamente o apreço em que deva ter quem possui força 
e vigor. Embora me arraste ao nível do solo, não deixo de perceber nas 
nuvens, por mais alto que se elevem, certas almas que se distinguem 
pelo heroísmo. Já é muito para mim ter o julgamento justo, ainda que 
não o acompanhem minhas ações, e manter ao menos assim incorruptí-
vel essa qualidade. Já é muito ter boa vontade, mesmo quando as pernas 
fraquejam.
*Ordem religiosa.
Extraído de MONTAIGNE, Michel de. “Catão, o jovem”, Ensaios, trad. Sérgio Milliet, São Paulo, Nova Cultural, 1996, 
p. 213.
Para Montaigne,
a) quanto maiores forem as diferenças, mais devem ser respeitadas e valorizadas.
b) ao julgar o outro, é preciso colocar-se na sua pele e agir como ele age.
c) por frequentes que sejam as diferenças entre os homens, predominam sempre 
as semelhanças.
d) se os leigos são muito diferentes uns dos outros, os religiosos tendem à uni-
formidade.
e) ainda que sejam muito diversas as maneiras de viver, há princípios comuns a 
todos os homens.
09.14. (FCC – SP) – Acerca de Montaigne 
Montaigne, o influente filósofo francês do século XVI, foi um conser-
vador, mas nada teve de rígido ou estreito, muito menos de dogmático. 
Por temperamento, foi bem o contrário de um revolucionário; certa-
mente faltaram-lhe a fé e a energia de um homem de ação, o idealismo 
ardente e a vontade. Seu conservadorismo aproxima-se, sob certos as-
pectos, do que no século XIX viria a ser chamado de liberalismo. 
Na concepção política de Montaigne, o indivíduo deve ser deixado livre 
dentro do quadro das leis, e a autoridade do Estado deve ser a mais leve 
possível. Para o filósofo, o melhor governo será o que menos se fizer 
sentir; assegurará a ordem pública sem invadir a vida privada e sem pre-
tender orientar os espíritos. Montaigne não escolheu as instituições sob 
as quais viveu, mas resolveu respeitá-las, a elas obedecendo fielmente, 
como achava correto num bom cidadão e súdito leal. Que não lhe pe-
dissem mais do que o exigido pelo equilíbrio da razão e pela clareza da 
consciência. 
Adaptado da introdução aos Ensaios, de Montaigne. Trad. de Sergio Milliet. S. Paulo: Abril, Os Pensadores, 1972.
Na concepção política de Montaigne,
a) o governo, em sua disposição liberal, deve atuar como uma espécie de mentor 
ideológico da esfera individual.
b) o Estado, como instituição pública, deve adequar-se ao papel que lhe atribui a 
vontade soberana da população.
c) as leis que emanam do Estado devem ser respeitadas pelos cidadãos, em cuja 
vida privada ele evitará interferir.
d) os bons e leais cidadãos devem 
obediência às instituições, ainda 
que com sacrifício dos ditames da 
consciência e da racionalidade.
e) a ausência do Estado se justifica 
quando os ideais da vida privada 
são por si mesmos capazes de 
orientar a instância pública.
09.15. (UNIOESTE – PR) – Referindo-se 
à Filosofia, Montaigne escreve:
“É singular que em nosso século as 
coisas sejam de tal forma que a filo-
sofia, até para as pessoas inteligen-
tes, seja um nome vão e fantástico, 
que se considera de nenhum uso 
e de nenhum valor, tanto por opi-
nião como de fato. Creio que a cau-
sa disso são esses ergotismos [que 
significa abuso de silogismos na 
argumentação] que invadiram seus 
caminhos de acesso. É um grande 
erro pintá-la inacessível às crianças 
e com um semblante carrancu-
do, sobranceiro e terrível. Quem a 
mascarou com esse falso semblan-
te, lívido e medonho? Não há nada 
mais alegre, mais jovial, mais vivaz 
e quase digo brincalhão. Ela só pre-
ga festa e bons momentos. Uma fi-
sionomia triste e inteiriçada mostra 
que não é ali sua morada”
MONTAIGNE I, 26, p. 240.
Depois de ler o texto acima, atenta-
mente, assinale a alternativa CORRETA. 
a) Montaigne entende que a filosofia 
destina-se somente a algumas 
pessoas muito inteligentes, pois 
é inacessível para a maioria delas. 
b) Montaigne considera que a filosofia 
é carrancuda e triste porque é crítica 
e precisa assustar as pessoas. 
c) Montaigne concorda que a filosofia 
é um nome vão e fantástico: não 
tem nenhum uso e nenhum valor 
para as pessoas inteligentes. 
d) Montaigne argumenta que a filo-
sofia é brincalhona e jovial, aberta 
a muitos, inclusive para as crianças. 
e) Montaigne julga que a filosofia 
deve ser sempre terrível e se con-
trapor à festa e à alegria. 
8 Extensivo Terceirão
09.16. (UNIOESTE – PR) – 
“Quem procura alguma coisa aca-
ba chegando a este ponto: ou diz 
que a encontrou, ou que ela não 
pode ser encontrada, ou ainda está 
buscando. Toda a filosofia está dis-
tribuída por estes três gêneros. Seu 
intento é buscar a verdade, a ciên-
cia e a certeza. Os peripatéticos, 
epicuristas, estoicos e outros pen-
saram havê-la encontrado. Estes 
estabeleceram as ciências que te-
mos e trataram-nas como conheci-
mentos certos. Clitômaco, Carnéa-
des e os acadêmicos desesperaram 
de sua busca e declararam que a 
verdade não podia ser compreen-
dida com nossos meios. [...]. Pirro 
e outros céticos ou eféticos – [...] 
– dizem que estão ainda em bus-
ca da verdade. Estes declaram que 
os que pensam havê-la encontrado 
enganam-se infinitamente; e que 
há ainda vaidade ousada demais 
nesse segundo escalão que assegu-
ra que as forças humanas não são 
capazes de atingi-la. Pois, estabele-
cer a medida de nossa capacidade 
de conhecer e julgar a dificuldade 
das coisas é uma ciência grande e 
extrema, da qual duvidam que o 
homem seja capaz” 
MONTAIGNE, Ensaios II, 12.Sobre o excerto acima que trata dos 
partidos dos filósofos, seguem as 
seguintes afirmações:
I. De acordo com os Acadêmicos 
e outros, a verdade, a ciência e a 
certeza podem ser encontradas 
mediante esforço mental.
II. Pirro e outros céticos ou eféticos 
estão seguros de ter encontrado a 
verdade porque são vaidosos.
III. Os peripatéticos, epicuristas e 
estoicos estabelecem que ainda 
não encontraram a verdade, mas 
continuam buscando.
IV. Não há diferença entre os três 
gêneros de filosofia.
A partir dessas afirmações,
a) apenas uma está correta.
b) somente uma está incorreta.
c) duas estão corretas e duas incor-
retas.
d) todas estão corretas.
e) todas estão incorretas.
09.17. (UEL – PR) – Leia e relacione os textos de Copérnico e Montaigne que 
seguem.
“Por isso, dei-me à tarefa de ler os livros de todos os filósofos que pudesse 
adquirir, disposto a indagar se nunca nenhum teria opinado a existência 
de outros movimentos das esferas do Mundo, diferentes dos que lhes 
apresentavam quantos ensinavam matemática nas escolas. E de fato des-
cobri, primeiro em Cícero, que Nicetas reconhecera que a Terra se move. 
Depois também em Plutarco verifiquei que tinha havido outros da mesma 
opinião. (...) Assim, aproveitei, desde logo, a oportunidade e comecei 
também eu a especular acerca da mobilidade da Terra. (...)”
Nicolau Copérnico. “As revoluções das orbes celestes”. Trad. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984. p. 8-9.
“(...) no que tomo de empréstimo aos outros, vejam unicamente se soube 
escolher algo capaz de realçar ou apoiar a ideia que desenvolvo, a qual, 
sim, é sempre minha. Não me inspiro nas citações; valho-me delas para 
corroborar o que digo e que não sei tão bem expressar, ou por insufici-
ência da língua ou por fraqueza dos sentidos. Não me preocupo com a 
quantidade e sim com a qualidade das citações. (...)”
Michel de Montaigne. Ensaios. Trad. 2. ed. Brasília/São Paulo: UNB/Hucitec, 1987, ℓ.2. cap.10.
Como se pode perceber nos textos, uma das características dos “humanistas” da 
Renascença em relação aos pensadores da Antiguidade clássica foi a 
a) fé inabalável na sua sabedoria e em suas experiências. 
b) desvalorização de suas obras como fonte de conhecimento e de pesquisa. 
c) utilização de suas obras como complemento das próprias experiências. 
d) importância dada as suas obras como fonte única do saber. 
e) reprodução dos seus ensinamentos e atenção na citação das fontes. 
09.18. (UNESP – SP) – 
Os homens, diz antigo ditado grego, atormentam-se com a ideia que têm 
das coisas e não com as coisas em si. Seria grande passo, em alívio da 
nossa miserável condição, se se provasse que isso é uma verdade absoluta. 
Pois se o mal só tem acesso em nós porque julgamos que o seja, parece 
que estaria em nosso poder não o levarmos a sério ou o colocarmos a 
nosso serviço. Por que atribuir à doença, à indigência, ao desprezo um 
gosto ácido e mau se o podemos modificar? Pois o destino apenas suscita 
o incidente; a nós é que cabe determinar a qualidade de seus efeitos.
Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.
De acordo com o filósofo, a diferença entre o bem e o mal 
a) representa uma oposição de natureza metafísica, que não está sujeita a rela-
tivismos existenciais. 
b) relaciona-se com uma esfera sagrada cujo conhecimento é autorizado somente 
a sacerdotes religiosos. 
c) resulta da queda humana de um estado original de bem-aventurança e har-
monia geral do Universo. 
d) depende do conhecimento do mundo como realidade em si mesma, indepen-
dente dos julgamentos humanos. 
e) depende sobretudo da qualidade valorativa estabelecida por cada indivíduo 
diante de sua vida. 
Aula 09
9Filosofia 3
Desafio
09.19. (UEM – PR) – 
O filósofo francês Michel de Montaigne (1533-1592) 
escreveu o ensaio “Dos canibais” com base em seu en-
contro com nativos ameríndios levados do Brasil para 
a França em 1557. Neste ensaio, o autor afirma: “[...] 
acho que não há nessa nação nada de bárbaro e de 
selvagem, pelo que me contaram, a não ser porque 
cada qual chama de barbárie aquilo que não é de seu 
costume; como verdadeiramente parece que não te-
mos outro ponto de vista sobre a verdade e a razão 
a não ser o exemplo e o modelo das opiniões e usos 
do país em que estamos. Nele sempre está a religião 
perfeita, a forma de governo perfeita, o uso perfeito 
e cabal de todas as coisas. Eles são selvagens, assim 
como chamamos selvagens os frutos que a natureza, 
por si mesma e por sua marcha habitual, produziu; 
sendo que, em verdade, antes deveríamos chamar de 
selvagens aqueles que com nossa arte alteramos e des-
viamos da ordem comum.” 
Montaigne. Ensaios. Cit. Por FIGUEIREDO, V. (org.) Filosofia: Temas e percursos. São 
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2013, p. 34.
Acerca da diferença entre civilização e barbárie, assinale o 
que for correto.
01) Para Montaigne, a comparação dos usos e costumes 
da civilização europeia com os dos povos ameríndios 
permite afirmar a superioridade de uma cultura sobre 
a outra.
02) A selvageria e a barbárie não podem ser atribuídas às 
civilizações, mas sim àqueles usos e costumes que se 
desviam da ordem natural.
04) Para Montaigne, a verdade e a razão admitem mais de 
um ponto de vista, de acordo com a perspectiva em 
que as questões são abordadas.
08) O mito do “bom selvagem” é a noção de que a nature-
za humana é originalmente boa, mas seria corrompida 
pela sociedade.
16) Montaigne propõe que não é possível fazer críticas a 
qualquer cultura, porque cada uma possui valores e 
padrões próprios. 
09.20. (UEM – PR) – 
“Com base no que me foi relatado, penso que não há 
nada de bárbaro e de selvagem nessa nação. Cada um 
chama de barbárie aquilo que não é de seu costume. 
Parece verdadeiro dizer que nós só temos como crité-
rio para identificar a verdade e a razão o exemplo, as 
opiniões e os costumes do lugar que estamos. É onde 
estamos que vemos a verdadeira religião, o governo 
perfeito, o mais completo e total uso de todas as coi-
sas. Eles [os chamados bárbaros] são selvagens tanto 
quanto nós chamamos de selvagens os frutos que a 
Natureza produz por si e em seu ritmo ordinário. De-
veríamos chamar de bárbaro, ao contrário, tudo aqui-
lo que alteramos pelo nosso artifício e desviamos da 
ordem comum.”
MONTAIGNE. M. Ensaios. In: FILHO, J. S. Filosofia e filosofias: existência e sentidos. 
Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 480.
A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
01) Povos com costumes não adequados às sociedades ci-
vilizadas são classificados corretamente como bárbaros. 
02) Para o filósofo, aquilo que é conforme a natureza não 
pode ser qualificado como bárbaro. 
04) O filósofo chama a atenção para o critério de qualifica-
ção de outros povos e de seus costumes, mostrando o 
quanto tais critérios são particulares e não universais. 
08) Barbárie são costumes antinaturais, inaceitáveis em so-
ciedades civilizadas e cultas. 
16) Para o filósofo, o critério “bárbaro” ou “selvagem” decorre 
de uma visão particular e restrita dos costumes dos outros. 
Gabarito
09.01. e
09.02. c
09.03. a
09.04. d
09.05. a
09.06. d
09.07. c
09.08. e
09.09. a
09.10. d
09.11. b
09.12. d
09.13. a
09.14. c
09.15. d
09.16. e
09.17. c
09.18. e
09.19. 14 (02 + 04 + 08)
09.20. 22 (02 + 04 + 16)
10 Extensivo Terceirão
1B
Francis Bacon e Descartes
Aula 10 3
Filosofia
Francis Bacon
Longe da ideia de um pensador contemplativo, Bacon 
foi um atuante político. Desde muito cedo foi educado para 
a diplomacia e chegou aos mais altos cargos e honrarias 
nos governos de Elizabeth I e Jaime I, tornando-se Barão e 
Visconde. No entanto, sua carreira foi abruptamente inter-
rompida por uma acusação de corrupção. Bacon escapou 
da prisão mas teve de abandonar seus postos políticos. E 
aí começou a carreira do pensador, incorporando a expe-
riência e as reflexões sobre o período de intensa atividade 
política voltada para objetivos claros e práticos. O resultado 
desse retiro forçado e dessa reflexão pragmática foram as 
obras NovumOrganum e Da Dignidade e do Progresso das 
Ciências, além da utopia A Nova Atlântida.
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 Francis Bacon (1561-1626)
Esse espírito pragmático, proveniente de uma vida 
voltada para as questões políticas, jurídicas, do poder, 
levaram o pensador inglês a afirmar que o conheci-
mento é como um espelho, que reflete a realidade, 
reproduzindo assim suas formas na mente das pessoas. 
Por isso, antes de conhecer, é preciso polir esse espelho, 
afastando todas as suas deformidades. Caso contrário, 
o conhecimento que a mente captará será igualmente 
deformado.
Mas a importância de Bacon não se limita a associar o 
conhecimento ao mundo prático. O que o destaca entre 
os pensadores da época é sua convicção de que o co-
nhecimento deve servir a objetivos práticos. Fora disso, 
pensava Bacon, o conhecimento não tinha finalidade.
Essa convicção pode ser resumida na seguinte 
afirmação: saber é poder. Poder sobre a natureza, sobre 
aquilo que está no mundo e que pode ser modificado 
em favor dos homens (como as caravelas, a pólvora, a 
bússola, o relógio, a imprensa, etc.). O pensamento vol-
tado para a contemplação, para um fim que não guarda 
relação com algo de proveito prático, como pensava 
Aristóteles, o conhecimento como um fim em si não 
valia nada para Bacon. Segundo ele, esse conhecimento 
é como uma prostituta que se preocupa apenas com a 
sua satisfação e não com a sobrevivência de seus filhos.
O conhecimento que interessa a Francis Bacon está 
associado ao experimento. E o experimento pressupõe 
romper o equilíbrio das coisas, esse suposto equilíbrio 
derivado da vontade divina que pôs tudo no seu lugar e 
com sua função já determinada, cabendo a nós apenas 
conhecer estas coisas, sem modificá-las. Bacon acredi-
tava que a experiência e o conhecimento derivado da 
experiência serviria para melhorar a natureza, tornan-
do-a útil para nós. Ou, nas palavras do próprio Bacon: “... 
a finalidade (humana) é o conhecimento das causas e 
dos movimentos secretos das coisas; e o alargamento 
das fronteiras do império humano, para a efetivação de 
todas as coisas possíveis” .
Ídolos
Na obra Novum Organum, Francis Bacon fez uma 
crítica à lógica aristotélica e apresentou um novo mé-
todo para o conhecimento, afastando-se do silogismo 
e destacando a observação e a experimentação como 
forma de conhecer a verdade que as coisas “ocultam”. 
No entanto, esse conhecimento do real pressupunha 
afastar as deformações do intelecto já que Bacon tinha a 
convicção de que o intelecto humano cria suas próprias 
dificuldades. Ele chamará essas dificuldades de ídolos.
Aula 10
11Filosofia 3
Antecipando em muitos séculos as discussões 
culturais, o pensador inglês afirmava que um dos ídolos 
que nublam o intelecto são os ídolos da tribo. Trata-se 
das deformações próprias da leitura humana das coisas, 
tendo como fundamento o caráter humano – nosso in-
consciente, diria mais tarde Freud – e não a objetividade 
das coisas. Assim, ao observar as coisas, o homem não 
faz a leitura das coisas em si, mas a leitura das coisas 
mediadas pela natureza própria do homem.
Outro ídolo é o da caverna. Aqui a deformação é 
resultado da formação individual de cada um, suas leitu-
ras, instrução escolar, educação familiar, que funcionam 
como uma “caverna individual” no fundo da qual a luz da 
natureza é distorcida, deformada.
O terceiro ídolo é o do foro: Essa distorção é o 
resultado das relações sociais, das ideias concebidas 
no espaço público e que ganham ares de verdade ao 
circularem como senso comum. A linguagem sintetiza 
situações díspares e formam conceitos que são repetidos 
e absorvidos sem reflexão crítica. Mas como as palavras 
nem sempre correspondem aos fatos, a distorção se 
naturaliza e o intelecto fica obstruído.
O quarto e último ídolo é o do teatro, que corres-
ponde aos sistemas filosóficos e suas demonstrações 
inadequadas (aqui, como é de se imaginar, a crítica se 
concentra na lógica aristotélica). Isto é, para Francis 
Bacon, nem toda filosofia gera um bom conhecimento. 
Boa parte dela produz erros e cria universos ficcionais, 
como as representações dos teatros.
Essa depuração dos ídolos permitiria, segundo o 
pensador inglês, o conhecimento objetivo, pois que a 
nossa mente refletiria, sem distorções, o que se percebe.
Na sua opinião, essa total transparência entre o 
real e a apreensão do real é possível? Se a sua resposta 
for não, então qual a importância do pensamento de 
Bacon?
Indução e dedução
Aristóteles vê o conhecimento a partir de um pro-
cesso dedutivo. Exemplo: todos os homens são mortais 
é o conceito universal do qual o particular Sócrates é 
homem, por isso permite afirmar, “verdadeiramente” 
que Sócrates é mortal. O trabalho dedutivo serve para 
provar coisas já sabidas. Funciona como um elemento 
de verificação e não de descoberta. Por isso Francis 
Bacon não via utilidade no método dedutivo.
Para ele, o conhecimento pode ser afirmado por 
meio do método indutivo, no qual o conjunto de obser-
vações (descobertas) permite generalizações confiáveis, 
para além dos exemplos observados. Esse método é 
o que permite um contato efetivo com a natureza e, a 
partir dela, construir um conhecimento válido e útil. 
Bacon foi um obsessivo verificador de hipóteses, tanto 
que morreu de uma complicação pulmonar ao testar o 
tempo de conservação da carne sob intenso frio. Prova-
velmente exagerou na experiência.
O filósofo Bertrand Russell conta uma anedota sobre 
o método indutivo: um funcionário do censo visita uma 
cidadezinha e, ao perguntar para mil pessoas como se 
chamavam, todos respondiam “Williams”. Convencido, 
por indução, que só poderiam existir Williams naquela 
cidade estranha, deixou de visitar as demais residências 
e foi tomar cerveja em um pub. Lá encontrou o prefeito 
da cidade, Jones.
Qual a crítica que Russell faz a Francis Bacon? Essa 
crítica, na sua opinião, invalida a ideia do pensador 
inglês?
Bacon, pensador “quase” 
moderno
Das contribuições e novidades trazidas pelo pensa-
mento de Francis Bacon, pode-se levantar suspeitas e 
formular críticas. Mas um mérito é incontestável: Bacon 
contribuiu decisivamente para superar o pensamento 
teológico, fixando seu olhar para o homem e suas 
possibilidades frente a uma natureza a ser conhecida e 
dominada. Daí o filósofo ser um crítico da matemática 
e um admirador da física. As coisas palpáveis, seus mo-
vimentos e transformações interessavam; as coisas abs-
tratas e sem utilidade não interessavam. A ciência como 
técnica encontra em Bacon seu primeiro agitador. Mas 
havia ainda a necessidade de sistematizar essa ciência 
para que ela desse conta de abarcar a natureza ampla-
mente. Podemos dizer que Bacon arranhou a superfície 
da Ciência Moderna, arando seu solo fértil. Mas foi com 
Descartes que a Ciência Moderna frutificou. 
René Descartes: influências
Em uma pequena cidade no sul da Alemanha, 
Neuburg, em meio a um rigoroso frio, encontramos 
Descartes, então um jovem de 23 anos, literalmente 
vivendo em uma estufa, um pequeno quarto com 
aquecimento central, no qual se entregava intensa e 
permanentemente aos seus pensamentos. Do lado de 
fora, iniciava-se um conflito que devastou a Europa, a 
Guerra dos 30 anos. Embora aparentemente Descartes 
tenha passado ao largo de tão intenso e devastador 
conflito, é lícito imaginar que sua determinação em 
encontrar uma certeza universal, uma verdade única e 
indissolúvel esteja associada aos seus temores em um 
mundo avassalado pela incerteza e pelo conflito.
12 Extensivo Terceirão
 René Descartes 
(1596-1651)
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HALS, Frans Franchoisz. 
Retrato de René Descartes. 
ca. 1649-1700. 1 óleo sobre 
tela, color; 77,5 cm x 68,5 cm. 
Museu do Louvre, Paris 
O jovem Descartes encontrava-se ali, próximo ao 
caudaloso rio Danúbio, servindo ao exército de Maxi-
miliano, Duque da Baviera, que havia declaradoguerra 
a Frederico V, rei protestante da Boêmia. A Guerra dos 
Trinta Anos era mais um desdobramento de um século 
de conflitos com a Reforma Protestante como pano 
de fundo, outro desequilíbrio de “verdades” que se 
enfrentavam ferozmente em busca de uma solução. 
E Descartes, que estudara em uma tradicional escolar 
jesuíta, herdando um catolicismo arraigado mas não in-
questionável, passava o tempo destes conflitos viajando 
para aprender no grande livro do mundo e meditando, 
meditando. Do período da escola – o colégio jesuíta La 
Flèche, no Anjou – Descartes debruçou-se sobre seis 
anos de estudos humanísticos e mais três de matemá-
tica e teologia. Toda a orientação que recebia estava 
marcada pela rigidez escolástica, fundamentada na 
discussão – interminável – com os grandes tratadistas 
do passado, sem que houvesse uma preocupação em 
compartilhar as efervescentes questões apresentadas 
pelos intelectuais do presente, como Kepler, Bruno e 
Galileu.
A matemática foi a ciência que o mobilizou, embora 
Descartes lamentasse o desperdício de seu uso para coi-
sas mais relevantes. Filho de uma família abastada e com 
uma tradição no Direito, o desorientado Descartes não 
se furtou às preces paternas e ingressou na Universidade 
de Poitiers, onde se bacharelou. Seu espírito, no entanto, 
estava atormentado por suas dúvidas e ansiedades e a 
carreira de advogado não parecia ser suficiente para 
aplacá-lo.
Assim, em 1618, o jovem Descartes toma uma 
decisão surpreendente, ingressando na carreira das 
armas. Alista-se no exército holandês de Maurício de 
Nassau, mais interessado nas viagens que a função lhe 
proporcionaria que nos combates que o aguardavam. 
Passeando pelas ruas da cidade, enquanto aguardava 
alguma atividade militar do Exército de Nassau, 
Descartes avistou em um muro um desafio matemá-
tico. Sem compreender bem o holandês, solicitou a 
um senhor que o ajudasse. Este, o matemático Issac 
Beekman, desafiou-o a solucionar o problema até o 
dia seguinte e Descartes não só se incumbiu da tarefa, 
como o fez de maneira original. Iniciava-se uma ami-
zade de duas décadas que teve um efeito profundo 
sobre as decisões intelectuais de Descartes: Eu estava 
dormindo até que você me acordou, disse Descartes ao 
seu amigo que o estimulou a estudar não só a matemá-
tica, mas também a física.
Um ano mais tarde, na Alemanha, imerso em seus 
pensamentos – provavelmente desde então estivera 
meditando sobre matemática e física incessantemente 
– no calor escaldante da estufa em frente à qual passava 
horas e horas, Descartes teve uma série de sonhos que 
mudariam sua vida. Estas visões o convenceram de que 
sua missão consistia em buscar uma verdade universal 
para o mundo, através da matemática. Comovido com a 
determinação que agora se abria em sua vida, Descartes 
decidiu fazer uma peregrinação até o santuário de 
Loreto, na Itália. Depois, dedicar-se-ia, por completo, à 
sua tarefa.
Sua obra
Apesar de o sonho de 1619 tê-lo convencido a 
procurar o verdadeiro método para se chegar ao co-
nhecimento de todas as coisas, só em 1625, de volta a 
Paris e incentivado pelo Cardeal De Bérulle, Descartes 
resolveu levar a sério a sua tarefa. Incapaz de meditar 
em meio ao burburinho da capital francesa, compra 
uma casa na Holanda que, além do sossego e da 
distância das distrações da Corte, era uma ilha de 
tolerância e liberdade de pensamento. Lá nasceu sua 
primeira obra, as Regras para a Direção do Espírito, 
na qual já ficava clara a determinação de que a ver-
dade não pode ser encontrada no estudo das coisas 
antes que se verifique a capacidade da mente em 
apreendê-las.
Percebe-se aqui a reviravolta cartesiana, fundadora 
da Filosofia Moderna. Enquanto, até então, a preocu-
pação dos pensadores concentrava-se na razão última 
das coisas, isto é, em uma preocupação ontológica, 
Descartes levanta uma questão de precedência, isto 
é, uma questão gnosiológica, na qual o importante, 
antes de conhecer as coisas, é verificar de que maneira é 
possível conhecer as coisas. Em 1633, Descartes anuncia 
a publicação de uma grande obra, O Tratado sobre o 
Mundo e sobre o Homem. No entanto, no mesmo ano 
Galileu foi obrigado a abjurar de suas ideias perante 
o Tribunal da Inquisição. Descartes fica apreensivo e 
resolve guardar seus escritos. Pensa mesmo em queimar 
tudo. No entanto, não é o que ele faz. Entre 1633 e 1637 
trabalha febrilmente na sua obra, procurando dar a ela 
um caráter mais “palatável” à Igreja sem perder o hori-
zonte de suas ideias e convicções além de, ao contrário 
Aula 10
13Filosofia 3
de Galileu, demonstrar o caráter objetivo da razão e 
indicar as regras nas quais devemos nos inspirar para 
alcançar tal objetividade. Nascia assim, o Discurso sobre 
o Método.
O método
Basicamente, o método cartesiano consistiu em 
estabelecer os princípios fundamentais para a seguir 
derivar deles suas consequências, assim como os 
teoremas são derivados dos axiomas. Dessa forma Des-
cartes esperava construir, sobre bases firmes e sólidas, 
um edifício filosófico que ficasse imune à controvérsia 
fútil que havia caracterizado a filosofia até então. Por 
isso Descartes apoia-se nas ciências matemáticas, 
herança profunda de seus estudos em La Flèche e de 
suas conversas com Issac Beekman, para construir uma 
forma de verificar o conhecimento sobre o mundo a 
partir de um método rigoroso e incontestável. Sem ele, 
o conhecimento sobre o mundo continuaria a ser uma 
hipótese contestável ao infinito e, portanto, nunca 
poderia se tornar uma ciência.
A fundamentação das regras para um Método partiu 
das convicções de Descartes a respeito da necessidade 
de se construir um edifício novo para as Ciências e não 
simplesmente reformar o velho prédio escolástico. Nas 
suas Meditações Metafísicas (1641), obra na qual refle-
te e aprofunda as questões propostas no Discurso sobre 
o Método, Descartes nos conta: 
“Muitos anos atrás percebi quantas opiniões fal-
sas vinha aceitando como verdadeiras desde minha 
infância, e quão dúbio tudo o que nelas buscava 
deveria ser. Decidi, então, que, se realmente qui-
sesse estabelecer algo de sólido e duradouro nas ci-
ências, teria que, deliberadamente, me livrar de to-
das as opiniões que até então aceitara e começar a 
construir tudo de novo, a partir do zero.(...) Como 
a razão já havia me persuadido de que deveria dei-
xar de acreditar tanto nas coisas que parecem ser 
manifestamente falsas como naquelas que não são 
inteiramente certas e indubitáveis, o menor funda-
mento para uma dúvida seria suficiente para me 
fazer rejeitar qualquer de minhas opiniões.”
A dúvida metódica
A submissão de todo o conhecimento a um processo 
de suspensão de validade é o que ficará conhecido, no 
pensamento cartesiano, como dúvida metódica. Não se 
trata de duvidar para destruir a possibilidade de virmos 
a conhecer mas, ao contrário, trata-se de duvidar para 
encontrar um caminho seguro e indubitável para o 
conhecimento.
Descartes apresenta quatro regras para o conhe-
cimento de tudo o que a razão é capaz de conhecer, e 
que seriam suficientes, contanto que tomasse a firme 
e constante resolução de não deixar uma única vez de 
observá-los.
 • Nunca aceitar coisa alguma como verdadeira sem 
que a conhecesse evidentemente como tal; ou seja, 
evitar cuidadosamente a precipitação e a prevenção, 
e não incluir em meus juízos nada além daquilo que 
se apresentasse tão clara e distintamente a meu es-
pírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-lo 
em dúvida.
 • Dividir cada uma das dificuldades que examinasse 
em tantas parcelas quantas fossem possíveis e ne-
cessárias para melhor resolvê-las.
 • Conduzir por ordem meus pensamentos, começando 
pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, 
para subir pouco a pouco, como por degraus, até o 
conhecimento dos mais compostos; e supondo certa 
a ordem mesmo entre aqueles que não precedem 
naturalmente uns aos outros.
 • Fazer em tudo enumerações tão completas e revisões 
tão gerais, que eu tivesse certezade nada omitir.
Pronto! Agora Descartes estava em condições de 
olhar o mundo que o cercava em busca de algo que 
fosse realmente verdadeiro.
Montado em sua dúvida metódica e aplicando suas 
regras de verificação, indagava o pensador francês:
“Haveria algo que sobreviveria a esta investida 
de questionamentos? Seria a realidade algo apre-
ensível? Nossa mente seria capaz de conhecer o 
mundo, verdadeiramente?”
A verdade, para Descartes, é intelectual e se mani-
festa pela evidência. E a evidência, para Descartes, se 
alcança pela intuição, que é a ideia presente na mente, 
sem qualquer mediação. É, conforme as palavras do 
pensador, “(...) um conceito da mente pura e atenta, que 
nasce unicamente da luz da razão”.
Logo, para Descartes, as Ideias, são entes reais e 
não somente representações ou imagens de coisas 
materiais. A percepção (por exemplo, penso, logo existo) 
não é a percepção de uma coisa a partir das ideias, mas 
a percepção da existência da ideia como uma realidade 
objetiva, real em si mesma.
Estas ideias, Descartes buscava construí-las abs-
traindo todas as condições materiais e psicológicas que 
poderiam influir no pensamento, deixando pensamento 
puro, uma “visão objetiva da verdade”, isto é, uma evi-
dência. Percebam que não se trata de uma apropriação 
da realidade que é subjetivada, mas de um encontro da 
14 Extensivo Terceirão
verdade em mim, uma verdade subjetiva, real e existente 
como algo distinto das coisas que consideramos “reais”, 
incluindo meu próprio corpo físico.
A primeira certeza
Descartes submete então todos os conhecimentos 
ao ponto fixo da dúvida, alavanca arquimediana usada 
para alcançar a certeza. E o resultado? Ele responde: 
“Mas logo depois atentei que, enquanto queria 
pensar assim que tudo era falso, era necessaria-
mente preciso que eu, que o pensava, fosse algu-
ma coisa. E, notando que esta verdade – penso, 
logo existo – era tão firme e tão certa que todas 
as mais extravagantes suposições dos céticos não 
eram capazes de a abalar, julguei que podia admi-
ti-la sem escrúpulo como o primeiro princípio da 
filosofia que buscava.”
Descartes anuncia o cogito (pensamento) como 
uma evidência da existência deste pensamento, de que 
há uma realidade pensante (res cogitans). Esta é sua 
primeira certeza!
Mesmo a dúvida mais extravagante não é capaz de 
impugnar a certeza de que penso. Este “penso, logo exis-
to”, não é um silogismo, isto é, uma argumentação que 
parta de uma premissa maior. Não! Trata-se de um ato in-
tuitivo que me evidencia a verdade, que é a existência de 
uma realidade pensante, sem qualquer mediação entre 
pensamento e ser. Esta realidade pensante não precisa de 
corpo nem espaço. Existe independente das coisas outras 
que vemos e tocamos. Descartes vai chamá-la de alma.
Do conhecimento do EU para 
o conhecimento do mundo
Nas Meditações Metafísicas, Descartes afirmou a 
respeito do cogito e do caminho aberto por ele: 
“Estou certo de que sou uma coisa que pensa... 
mas não saberei eu, igualmente, o que é necessário 
para que eu tenha certeza de uma verdade? Cer-
tamente, nesse primeiro conhecimento, nada há 
que me assegure sua verdade, exceto a percepção, 
clara e distinta daquilo que afirmo, que não seria 
suficiente para me garantir que aquilo que afirmo 
é verdadeiro se fosse possível que algo que conce-
bo clara e distintamente viesse a ser falso. Dessa 
forma, parece-me que posso já estabelecer, como 
regra geral, que todas as coisas que percebo, muito 
claramente e muito distintamente são verdadeiras.”
Pois bem. Podemos depreender que Descartes esta-
belece uma dupla forma de apreensão das verdades.
Pela intuição, que é um movimento da alma, inato 
e imediato, não silogístico, e pela dedução a partir das 
intuições claras e distintas. 
Enfim, o que podemos conhecer do mundo? Para 
Descartes, assim como o pensamento revela o que é 
claro e distinto, a realidade objetiva apreensível é a que 
se apresenta como clara e distinta. E o que é?
Descartes assim nos ensina: 
“Não há, portanto, mais que uma mesma ma-
téria em todo o universo. E nós a conhecemos so-
mente pelo fato de que ela é extensa, já que todas 
as propriedades que percebemos distintamente 
nela nos remetem a essa propriedade: que ela 
pode ser dividida segundo as suas partes e pode 
receber todas as diversas disposições que nós ob-
servamos poderem se verificar por meio do movi-
mento de suas partes.”
Assim, gosto, cheiro, cor, peso não são essenciais 
pois não se pode aplicar a elas as regras da clareza e 
da distinção. Não há também qualquer interferência 
do mundo objetivo na constituição do pensamento. O 
mundo objetivo é extensão geométrica distinto por sua 
grandeza, figura, posição e movimento e apreendido 
pelo pensamento pelas regras do método. E só. Como 
enfatiza Descartes:
“A natureza da matéria ou do corpo tomado 
globalmente não consiste em que é uma coisa 
dura, pesada, colorida ou que afeta os nossos sen-
tidos de qualquer outro modo, mas somente no 
fato de que é uma substância extensa com com-
primento, largura e profundidade.”
O movimento, as transformações, enfim, tudo o que 
vemos na natureza, Descartes resume a um mecanicis-
mo resultante do movimento retilíneo – do qual todos 
os outros derivam, e da inércia. O movimento originário 
(big-bang?!) impulsionou matéria em todas as direções 
e, desde então, tudo é tão somente choque entre partí-
culas movendo-se em um universo sem vazios, já que 
tudo é extensão. Não há um sentido, uma finalidade, 
uma qualidade no movimento. O que há é a extensão 
quantificável, mensurável, matematizável. Não se pode 
mais falar, a se concordar com Descartes, em um mundo 
que “cumpre qualquer função ou desígnio”. Deus conti-
nua como criador do mundo, mas não reside nele. 
O mundo está “livre” para ser fatiado pelos cientistas.
Aula 10
15Filosofia 3
Testes
Assimilação
10.01. (UNESP – SP) – 
Os ídolos e noções falsas que ora ocupam o intelecto 
humano e nele se acham implantados não somente o 
obstruem a ponto de ser difícil o acesso da verdade, 
como, mesmo depois de superados, poderão ressurgir 
como obstáculo à própria instauração das ciências, a 
não ser que os homens, já precavidos contra eles, se 
cuidem o mais que possam. O homem se inclina a ter 
por verdade o que prefere. Em vista disso, rejeita as 
dificuldades, levado pela impaciência da investigação; 
rejeita os princípios da natureza, em favor da supers-
tição; rejeita a luz da experiência, em favor da arro-
gância e do orgulho, evitando parecer se ocupar de 
coisas vis e efêmeras; rejeita paradoxos, por respeito 
a opiniões vulgares. Enfim, inúmeras são as fórmulas 
pelas quais o sentimento, quase sempre impercepti-
velmente, se insinua e afeta o intelecto.
Francis Bacon. Novum Organum [publicado originalmente em 1620], 1999. 
Adaptado.
Na história da filosofia ocidental, o texto de Bacon preconiza 
a) um pensamento científico racional afastado de paixões 
e preconceitos. 
b) uma crítica à hegemonia do paradigma cartesiano no 
âmbito científico. 
c) a defesa do inatismo das ideias contra os pressupostos 
da filosofia empirista. 
d) a valorização romântica de aspectos sentimentais e intui-
tivos do pensamento. 
e) uma crítica de caráter ético voltada contra a frieza do 
trabalho científico. 
10.02. (UFSJ – MG) – Sobre os ídolos preconizados por 
Francis Bacon, é CORRETO afirmar que: 
a) “A consequência imediata da ação dos ídolos é a inscri-
ção do Homem num universo de massacre e sofrimento 
racional-indutivo, onde o conhecimento científico se 
distancia da filosofia, se deteriora e se amesquinha”. 
b) “Toda idolatria é forjada no hábito e na subjetividade 
humanos”. 
c) “Os ídolos invadem a mente humana e para derrogá-los, 
é necessário um esforço racional-dedutivo de análise, 
como bem advertiu Aristóteles”. 
d) “Os ídolos da caverna são os homens enquanto indivíduos, 
pois cada um [...] tem uma caverna ou uma cova que 
intercepta e corrompe a luz da natureza”. 
10.03. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir.O pensamento moderno caracteriza-se pelo crescente 
abandono da ciência aristotélica. Um dos pensadores 
modernos desconfortáveis com a lógica dedutiva de 
Aristóteles – considerando que esta não permitia ex-
plicar o progresso do conhecimento científico – foi 
Francis Bacon. No livro Novum Organum, Bacon for-
mulou o método indutivo como alternativa ao méto-
do lógico-dedutivo aristotélico.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamen-
to de Bacon, é correto afirmar que o método indutivo consiste 
a) na derivação de consequências lógicas com base no corpo 
de conhecimento de um dado período histórico. 
b) no estabelecimento de leis universais e necessárias com 
base nas formas válidas do silogismo tal como preservado 
pelos medievais. 
c) na postulação de leis universais com base em casos obser-
vados na experiência, os quais apresentam regularidade. 
d) na inferência de leis naturais baseadas no testemunho de 
autoridades científicas aceitas universalmente. 
e) na observação de casos particulares revelados pela 
experiência, os quais impedem a necessidade e a univer-
salidade no estabelecimento das leis naturais. 
10.04. (PUCPR) – “Ciência e poder do homem coincidem, 
uma vez que, sendo a causa ignorada, frustra-se o efeito. Pois 
a natureza não se vence, se não quando se lhe obedece. E 
o que à contemplação apresenta-se como causa é regra na 
prática”. Em relação a esse aforismo III do Livro I do Novum 
Organum de Francis Bacon, considere a alternativa que 
apresenta a interpretação correta: 
a) O saber, para Bacon, é uma forma de alterarmos as leis da 
natureza e, com isso, seus fenômenos podem ser contro-
lados tendo em vista um benefício humano. 
b) O autor menciona que o conhecimento, o saber, está 
ligado ao poder, ou seja, mediante o conhecimento é 
possível, de maneira segura e rigorosa, conquistar o poder 
sobre a natureza. 
c) Para Bacon, é inerente ao saber uma forma de controle 
sobre a natureza, mas principalmente sobre as pessoas, 
possibilitando um poder incondicional ao detentor do 
saber. 
d) O saber já possui um valor em si mesmo, o que conduz, 
consequentemente, de acordo com Bacon, a um poder. 
e) O que Bacon pretende dizer é que o saber nem sempre 
tem uma relação com a prática e que é a conveniência 
individual desse saber que determina seu valor. 
16 Extensivo Terceirão
Aperfeiçoamento
10.05. (UEL – PR) – 
Segundo Francis Bacon, “são de quatro gêneros os 
ídolos que bloqueiam a mente humana. Para melhor 
apresentá-los, lhes assinamos nomes, a saber: Ídolos 
da Tribo; Ídolos da Caverna; Ídolos do Foro e Ídolos 
do Teatro”.
BACON, F. Novum Organum. Tradução de José Aluysio Reis de Andrade. São Paulo: 
Nova Cultural, 1988, p. 21.
Com base nos conhecimentos sobre Bacon, os Ídolos da 
Tribo são: 
a) Os ídolos dos homens enquanto indivíduos. 
b) Aqueles provenientes do intercurso e da associação 
recíproca dos indivíduos. 
c) Aqueles que imigraram para o espírito dos homens por 
meio das diversas doutrinas filosóficas. 
d) Aqueles que chegam ao espírito humano por meio de 
regras viciosas de demonstração. 
e) Aqueles fundados na própria natureza humana. 
10.06. (UEM – PR) – A Filosofia Moderna compreende os 
séculos XVII e XVIII, caracterizando-se por um acentuado 
racionalismo que se opõe ao pessimismo teórico do ceticis-
mo, o qual duvida da capacidade da razão humana poder 
alcançar um conhecimento certo fundamentado em uma 
verdade universal. Assinale o que for correto. 
01) René Descartes, no Discurso do Método, instaura a 
dúvida metódica; deve ser, portanto, considerado um 
adepto do ceticismo. 
02) O dogmatismo opõe-se ao ceticismo, pois é uma dou-
trina segundo a qual é possível atingir a certeza de ver-
dades inquestionáveis. 
04) Para o racionalismo, o ponto de partida do conheci-
mento é o sujeito como consciência de si reflexiva, isto 
é, como consciência que conhece sua capacidade de 
conhecer. 
08) Francis Bacon é um dos mais importantes céticos do 
século XVII, pois, para ele, o homem nunca poderia 
libertar-se dos ídolos que impedem sua razão de alcan-
çar qualquer saber efetivo. 
16) O racionalismo acredita que a vida ética pode ser total-
mente racional, visto que a razão humana é capaz de 
conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e 
das emoções, podendo dominá-las e governá-las. 
10.07. (UEPG – PR) – Sobre o método cartesiano, assinale 
o que for correto. 
01) René Descartes buscou encontrar um método que o 
levasse à verdade indubitável. 
02) O método cartesiano está fundamentado na razão. 
04) O método seguro baseia-se em quatro regras de racio-
cínio: da evidência, da análise, da ordem e da enume-
ração. 
08) A frase “cogito ergo sum” está se referindo à auto evi-
dência como exercício do sujeito pensante. 
10.08. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir.
E se escrevo em francês, que é a língua de meu país, e 
não em latim, que é a de meus preceptores, é porque 
espero que aqueles que se servem apenas de sua razão 
natural inteiramente pura julgarão melhor minhas 
opiniões do que aqueles que não acreditam senão nos 
livros dos antigos. E quanto aos que unem o bom sen-
so ao estudo, os únicos que desejo para meus juízes, 
não serão de modo algum, tenho certeza, tão parciais 
a favor do latim que recusem ouvir minhas razões, 
porque as explico em língua vulgar.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: 
Abril Cultural, 1973. Coleção “Os pensadores”. p. 79.
Com base nos conhecimentos sobre Descartes e o surgi-
mento da filosofia moderna, assinale a alternativa correta. 
a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais ade-
quado o espírito da modernidade por estar livre dos 
preconceitos da língua dos doutos, o latim. 
b) Redigir o Discurso do Método em francês teve propósito 
similar à tradução da bíblia para o alemão feita por Lutero: 
facilitar o acesso à sacralidade do texto em língua vulgar. 
c) O desencantamento do mundo, resultante da radical 
crítica cartesiana à tradição, teve como consequência o 
abandono da referência à divindade. 
d) As ideias expressas por Descartes em seu Discurso do 
Método refletem a postura tipicamente moderna de 
ruptura total com o passado. 
e) A razão natural inteiramente pura é um atributo inerente 
à natureza humana, independentemente da tradição ou 
da cultura à qual o humano se vincula. 
10.09. (UFU – MG) – 
Na obra Discurso do método, o filósofo francês Renê 
Descartes descreve as quatro regras que, segundo ele, 
podem levar ao conhecimento de todas as coisas de 
que o espírito é capaz de conhecer. Quanto a uma 
dessas regras, ele diz que se trata de “dividir cada di-
ficuldade que examinasse em tantas partes quantas 
possíveis e necessárias para melhor resolvê-las”.
Descartes. Discurso do método,I-II, citado por: MARCONDES, Danilo. Textos Básicos 
de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução de Marcus Penchel.
Essa regra, transcrita acima, é denominada 
a) regra da análise. 
b) regra da síntese. 
c) regra da evidência. 
d) regra da verificação. 
10.10. (UNESP – SP) – 
Todas as vezes que mantenho minha vontade dentro 
dos limites do meu conhecimento, de tal maneira que 
ela não formule juízo algum a não ser a respeito das 
Aula 10
17Filosofia 3
coisas que lhe são claras e distintamente representa-
das pelo entendimento, não pode acontecer que eu 
me equivoque; pois toda concepção clara e distinta é, 
com certeza, alguma coisa de real e de positivo, e, as-
sim, não pode se originar do nada, mas deve ter obri-
gatoriamente Deus como seu autor; Deus que, sendo 
perfeito, não pode ser causa de equívoco algum; e, 
por conseguinte, é necessário concluir que uma tal 
concepção ou um tal juízo é verdadeiro.
René Descartes. Vida e Obra. Os pensadores, 2000.
Sobre o racionalismo cartesiano, é correto afirmar que 
a) sua concepção sobre a existência de Deus exerceu grande 
influência na renovação religiosa da época. 
b) sua valorização da clareza e distinção do conhecimento 
científico baseou-seno irracionalismo. 
c) desenvolveu as bases racionais para a crítica do mecani-
cismo como método de conhecimento. 
d) formulou conceitos filosóficos fortemente contrários ao 
heliocentrismo defendido por Galileu. 
e) se tratou de um pensamento responsável pela fundamen-
tação do método científico moderno. 
Aprofundamento
10.11. (UFSJ – MG) – Ao analisar o cogito ergo sum – penso, 
logo existo, de René Descartes, conclui-se que 
a) o pensamento é algo mais certo que a própria matéria 
corporal. 
b) a subjetividade científica só pode ser pensada a partir da 
aceitação de uma relação empírica fundada em valores 
concretos. 
c) o eu cartesiano é uma ideia emblemática e representativa 
da ética que insurgia já no século XVI. 
d) Descartes consegue infirmar todos os sistemas científi-
cos e filosóficos ao lançar a dúvida sistemático-indutiva 
respaldada pelas ideias iluministas e métodos incipientes 
da revolução científica. 
10.12. (UNIOESTE – PR) – Considerando-se as primeiras 
linhas das Meditações sobre a filosofia primeira de René 
Descartes:
“Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus 
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões por 
verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei so-
bre princípios tão mal assegurados devia ser apenas 
muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso 
tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-
-me de todas as opiniões que recebera até então em 
minha crença e começar tudo novamente desde os 
fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa 
de firme e de constante nas ciências. (...) Agora, pois, 
que meu espírito está livre de todas as preocupações 
e que obtive um repouso seguro numa solidão tran-
quila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a des-
truir em geral todas as minhas antigas opiniões”
É correto afirmar sobre a teoria do conhecimento cartesiana 
que 
a) Descartes não utiliza um método ou uma estratégia para 
estabelecer algo de firme e certo no conhecimento, já que 
suas opiniões antigas eram incertas. 
b) Descartes considera que não é possível encontrar algo 
de firme e certo nas ciências, pois até então esse objetivo 
não foi atingido. 
c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica considerou 
como conhecimento, busca fundamentar nos sentidos 
uma base segura para as ciências. 
d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o conheci-
mento, Descartes inicia rejeitando suas antigas opiniões e uti-
liza o método da dúvida até encontrar algo de firme e certo. 
e) Descartes necessitou de solidão para investigar as suas 
antigas opiniões e encontrar entre elas aquela que seria 
o verdadeiro fundamento do conhecimento. 
10.13. (UFU – MG) – Na obra Discurso sobre o método, René 
Descartes propôs um novo método de investigação baseado 
em quatro regras fundamentais, inspiradas na geometria: 
evidência, análise, síntese, controle.
Assinale a alternativa que contenha corretamente a descrição 
das regras de análise e síntese. 
a) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos 
analisados; a regra da síntese orienta decompor o proble-
ma em seus elementos últimos, ou mais simples. 
b) A regra da análise orienta a decompor cada problema em 
seus elementos últimos ou mais simples; a regra da síntese 
orienta ir dos objetos mais simples aos mais complexos. 
c) A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais 
simples até os mais complexos; a regra da síntese orienta 
prosseguir dos objetos mais complexos aos mais simples. 
d) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas 
aquilo que é evidente; a regra da análise orienta descartar o 
que é evidente e só orientar-se, firmemente, pela opinião. 
10.14. (UEMA) – O Ceticismo no sentido absoluto consiste 
em negar, de forma total, a possibilidade do homem em 
conhecer a verdade. Assim, para o ceticismo absoluto, o 
homem nada pode afirmar pois nada pode conhecer.
Com base nessa afirmação, marque a alternativa que expressa 
o conceito de Descartes sobre o ceticismo. 
a) Trata-se de uma posição moderada, pois nega apenas par-
cialmente a nossa capacidade de se conhecer a verdade. 
b) Trata-se de limitar, ao positivamente dado, os fatos 
imediatos da experiência, fugindo de toda especulação 
metafísica. 
c) Trata-se não mais de duvidar por duvidar, mas de examinar 
criteriosamente todas as áreas a fim de nelas descobrir 
elementos sobre os quais possa recair alguma suspeita. 
d) Trata-se de um ceticismo, em que é impossível um saber 
rigoroso. 
e) Trata-se da certeza de que o juízo humano nunca concor-
da com a realidade de que nunca se pode dizer, pois, que 
esta ou aquela proposição seja verdadeira. 
18 Extensivo Terceirão
10.15. (UFPA) – Segundo Descartes, para se alcançar a ver-
dade das coisas, isto é, o conhecimento certo e evidente, é 
necessário um método. É correto afirmar que esse método, 
proposto pelo autor, 
a) valoriza a dúvida e estabelece, por meio de suas regras, 
que se deve tomar como ponto de partida as sensações 
e coisas particulares para, posteriormente, se ascender 
aos axiomas mais gerais. 
b) consiste no modo seguro e certo de se “aplicar a razão à 
experiência”, isto é, de se aplicar o pensamento verdadeiro 
aos dados oferecidos pelo conhecimento sensível. 
c) dá ênfase à dúvida e ao modelo matemático de racio-
cínio como procedimentos que se devem utilizar para 
se alcançar a verdade e para se evitar os enganos e as 
opiniões prováveis. 
d) estabelece, como caminho seguro para se atingir ideias 
claras e evidentes, o raciocínio silogístico, que parte de 
enunciados universais para enunciados particulares. 
e) fornece os procedimentos adequados, de observação e 
experimentação, que possibilitam organizar e controlar 
os dados recebidos da experiência sensível, de modo a 
se obter um conhecimento verdadeiro sobre as coisas. 
10.16. (UEM – PR) – 
“Passemos, então, aos atributos da alma e vejamos se 
há alguns que existam em mim. [...] Um outro é pen-
sar, e verifico aqui que o pensamento é um atributo 
que me pertence; somente ele não pode ser separado 
de mim. Eu sou, eu existo: isto é certo; mas por quan-
to tempo? Durante todo o tempo em que eu penso; 
pois talvez poderia acontecer que, seu eu parasse de 
pensar, ao mesmo tempo pararia de ser ou de exis-
tir. Nada admito agora que não seja obrigatoriamente 
verdadeiro: nada sou, então, a não ser uma coisa que 
pensa, ou seja, um espírito, um entendimento ou uma 
razão, que são palavras cujo significado me era ante-
riormente desconhecido.”
DESCARTES, R. Meditações, 2ª. Meditação. São Paulo: Nova Cultural, 2004, p. 260 e 
261.
A partir do texto citado, assinale o que for correto. 
01) A faculdade de pensar é um atributo que não pode ser 
separado do sujeito, ligado intimamente ao seu eu. 
02) O pensamento é um atributo ligado ao corpo do sujei-
to, visto que é somente por meio desse pensamento 
que elaboramos nossas ideias. 
04) Os pensamentos são efêmeros, uma vez que desapare-
cem quando deixamos de pensar, não restando nada 
em nós. 
08) Os pensamentos e o conhecimento das coisas já estão 
na alma humana, e é necessário rememorá-la por um 
ato de autorreflexão. 
16) No processo de autoconhecimento, a primeira consta-
tação a que se chega é que o homem é, prioritariamen-
te, um ser que pensa, uma coisa pensante. 
10.17. (UFSC) – Na obra Meditações Metafísicas, Descartes 
apresenta a dúvida metódica. Sobre esse tema, é correto 
afirmar que Descartes: 
01) pratica a dúvida porque muitas das suas opiniões ha-
viam-se mostrado falsas e desejava fundamentar bem 
seus conhecimentos. 
02) propõe-se a desconfiar apenas daquelas suas opiniões 
que forem manifestamente falsas, mantendo as que fo-
rem relativamente seguras. 
04) constata que os seus sentidos raramente o enganam, 
sendo por isso fontes confiáveis de conhecimento. 
08) acaba dando-se conta de que a dúvida metódica impe-
de que obtenhamos conhecimento. 
16) pensa que as matemáticas, devido à sua clareza, não 
podem nos enganar. 
32) percebe que a dúvida metódica deve

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