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1ª AVALIAÇÃO DIREITO DO CONSUMIDOR - Carlos Eduardo Lopes, Mateus Abude e Vinícius Simões

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1ª AVALIAÇÃO DIREITO DO CONSUMIDOR
Discentes: Carlos Eduardo Lopes, Mateus Abude e Vinícius Simões
Disciplina: DIREITO DO CONSUMIDOR (T5A)
Docente: Flavia da Fonseca Marimpietri
SALVADOR - 2021
QUESTÃO 01
(6,0 pontos)
Paula ganhou de dia das mães de seu marido Jorge, um secador da marca CCE comprado na
loja Insinuante. Após 2 dias de uso, tomou um grande choque ao ligar o aparelho que a fez
parar no hospital. Quando se recuperou, Paula moveu ação indenizatória contra CCE e
Insinuante. De acordo com o CDC, o juiz deve julgar a ação procedente? Analise todos os
aspectos da questão e justifique sua resposta de forma completa.
De acordo com o Código do Consumidor e analisando apenas o direito
material apresentado no enunciado, o juiz deve julgar procedente os pedidos
indenizatórios, postulados nos autos da ação, e proferir a ilegitimidade passiva junto
ao comerciante, Insinuante. Inicialmente, vale ressaltar que apesar da Autora não
ter adquirido diretamente o produto, isso é indiferente para o Código do Consumidor,
mediante artigo 2º, o qual equipara consumidor aquele que adquiriu ou utilizou do
produto ou serviço como destinatário final. A vítima, seguindo a mesma linha de
raciocínio, mesmo que não consumidora fosse, enquadra-se como uma, mediante
ao artigo 17 que equipara a consumidores todas as vítimas do evento.
Dessa forma, deve o juiz, se assim entender, sentenciar a procedência dos
pedidos exclusivamente em face da primeira acionada, a fabricante CCE, uma vez
que o ocorrido se classifica como responsabilidade de fato e objetiva (artigo 12 do
CDC), por causar danos ao consumidor independentemente da existência de culpa.
Não somente, o fabricante foi contra o artigo 6º, I, do direito básico à proteção do
consumidor e ao artigo 8º que obriga ao fornecedor garantir que o produto ofertado
não cause danos aos consumidores. Outrossim, como o fabricante está
devidamente identificado, e não se trata de produto perecível, o comerciante
(Insinuante) não pode ser responsabilizado solidariamente, conforme artigo 13 do
CDC. Considerando, ainda, que a ação foi ajuizada dentro do prazo prescricional de
5 anos (art. 27), caberá sim a procedência do pedido contra a CCE.
Nesse sentido tem sido o entendimento do TJDFT:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE
FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESPONSABILIDADE
CIVIL. CDC. VEÍCULO AUTOMOTOR QUE INCENDEIA. FATO DO
PRODUTO. COMERCIANTE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. PERFEITA
IDENTIFICAÇÃO DO FABRICANTE. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
INTERESSE DE REEXAME. PREQUESTIONAMENTO.
1. De acordo com o disposto no artigo 1022 do Código de Processo Civil,
os embargos de declaração têm por objetivo o esclarecimento de
obscuridade, a eliminação de contradição, a supressão de omissão e a
correção de erro material.
2. O fato de ser a fundamentação diversa da pretendida pelo embargante
não é causa, isoladamente, de omissão do julgado.
3. Veículo novo adquirido que incendeia com pouco mais de um ano de
uso, expõe a risco a incolumidade física do adquirente, caracterizando fato
do produto.
4. Nos termos dos artigos 12 e 13 do CDC, identificado o fabricante do
produto, o comerciante é parte ilegítima para integrar o polo passivo da
relação processual.
5. Se o embargante não lograr êxito ao apontar a existência dos defeitos
elencados no art. 1022 do Código de Processo Civil, os embargos de
declaração devem ser desprovidos, mesmo que para a finalidade de
prequestionamento.
6. Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.
(Acórdão 1115348, 20130310381355APC, Relator: ALVARO CIARLINI, 3ª
TURMA CÍVEL, data de julgamento: 8/8/2018, publicado no DJE:
15/8/2018. Pág.: 283/287)
A fim de maior fundamentação, cabe trazer referências doutrinárias na
mesma linha lógica:
Para se beneficiar das regras do Código de Defesa do Consumidor
(responsabilidade objetiva, inversão do ônus da prova etc) relativas aos
acidentes de consumo, é suficiente que a pessoa tenha sido vítima do
evento: não é necessário que o produto ou serviço tenha sido adquirido
diretamente por ela, conforme conceito de consumidor estabelecido no art.
2º caput, do CDC.
[...]
Portanto, é fundamental não confundir a responsabilidade pelo fato do
produto e do serviço (arts. 12 a 17) com a disciplina relativa ao vício de
qualidade e quantidade do produto e serviço (arts. 18 a 25). No primeiro
caso, a preocupação é com a saúde do consumidor e a segurança
oferecida pelos produtos e serviços. Ou seja: aparelhos eletrônicos não
podem superaquecer ou dar choques; brinquedos não podem ser
fabricados com material tóxico ou conter peças pequenas que se soltem
facilmente, causando risco de intoxicação ou asfixia para as crianças; o
piso de um estabelecimento comercial não pode ser escorregadio, mas,
sendo, a indicação do risco deve estar clara e ostensiva ao consumidor.
Tudo para que não haja acidentes de consumo. (grifo nosso) - Manual de
direito do consumidor / Leonardo Roscoe Bessa e Walter José Faiad de
Moura1
1 Manual de direito do consumidor / Leonardo Roscoe Bessa e Walter José Faiad de Moura ;
coordenação de Juliana Pereira da Silva. -- 4. ed. Brasília : Escola Nacional de Defesa do
Consumidor, 2014. 290 p
QUESTÃO 02
(4,0 pontos)
Joana foi ao mercado PAGUE POUCO comprar leite. Ao chegar, encontrou algumas latas de
café amarrada a algumas latas de leite, com preço único de R$5,00 e sem haver
disponibilização dos itens em separado para a compra. Como ela só tinha R$2,00, foi embora
sem comprar nada. De acordo com as normas do CDC é possível afirma que entre o mercado
e Joana existe relação de consumo? Analise todos os aspectos da questão e justifique sua
resposta de forma completa.
Resposta:
Sim, houve relação de consumo uma vez que Joana, o mercado e o produto
configuram o tripé da relação de consumidor, fornecedor e produto em que este
último forma o elo de ligação entre os dois pólos. Apesar de ter sido exposta a
práticas abusivas, no caso realizar uma venda casada sem disponibilizar os
produtos separadamente, como consta no art. 39 do CDC, ainda assim pode-se
considerar Joana como consumidora mesmo que o contrato não tenha sido
celebrado. O caso pode ser tido como um típico Consumidor Equiparado, observado
nos arts. 29 e 17 do CDC, em que, como dito acima, a pessoa é equiparada à
condição de consumidora, mesmo sem ter celebrado contrato, devido à exposição
de práticas abusivas.
Quanto a um caso real semelhante pode se observar na jurisprudência da
Apelação Cível N° 0291362.40.2015.8.09.0134. de um caso de venda casada. Nele
a jurisprudência considera abusiva a venda de um aparelho celular juntamente com
seguro, uma prática abusiva com base no art 39, inciso I. Decidindo vedar a venda
desses dois produtos juntos, sem propriamente explicar ao consumidor a aquisição
desses produtos individualmente. Cujo contrato no final foi considerado nulo e a
devida reparação como forma compensatória ao consumidor e de finalidade
pedagógica ao fornecedor de desestimular a prática desse ocorrido no valor de R$
5.000,00.
Quanto a doutrina, sobre o assunto no “Manual de Direito do Consumidor” de
Leonardo Roscoe Bessa e Walter José Faiad de Moura se referem à venda casada
como “uma das mais comuns práticas abusivas ocorrente no mercado, e vedada
expressamente pelo CDC, é a venda casada (art. 39, inciso I)”. E retifica
posteriormente sobre a ilegalidade dessa prática abusiva “. Em outras palavras e
conforme o exemplo acima, o fornecedor não pode impor o produto “B” sem dar ao
consumidor, que apenas se interessa pelo produto “A”, opção de livre escolha”.

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