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CADERNO DIREITO DO CONSUMIDOR FLÁVIA MARIMPIETRI

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Prévia do material em texto

Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CADERNO – DIREITO DO CONSUMIDOR/ FLÁVIA 
 
AULAS 01 E 02 – MICROSSISTEMA, MACROSSISTEMA, CONSUMIDOR E 
FORNECEDOR 
 
1. Informações da disciplina: 
 
 Textos disponibilizados no ágata; 
 Resumos das aulas no ágata; 
 AV1: 24/03; 
 AV2: 09/06 + apresentação de vídeo e trabalho; 
 
 
2. Introdução: 
É necessário olhar o Direito do Consumidor para além do Código de Defesa do Consumidor, 
ou seja, como um macrossistema composto por um conjunto de normas e princípios. 
O Direito do Consumidor é mais próximo do Direito do Trabalho em comparação ao Direito 
Civil. 
O Direito do Consumidor não é um Robin Wood, já que nem sempre o consumidor vencerá. 
O Direito do Consumidor apresenta caráter interdisciplinar com outras áreas do 
conhecimento e do próprio direito, mas também apresenta sua própria competência. Os 
outros ramos apenas norteiam a interpretação, mas nunca solucionarão por completo 
questões que envolvam relações de consumo. 
 Ex: Teoria da imprevisão do Direito Constitucional  há regras específicas ao 
consumo no CDC; 
 Ex: Infrações administrativas  podem ser vistas no CDC; 
 
Dentro do microssistema de consumo, o CDC é importante, porém não o único que regula 
uma relação de consumo e que serve ao nosso propósito. 
O pressuposto para ingressar nesse microssistema é que a relação jurídica entre as partes 
seja uma relação de consumo. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Um dos principais focos da disciplina é diferenciar as relações cíveis das relações de 
consumo. Um contrato de compra venda, a depender do contexto, pode se encaixar em uma 
relação de consumo (venda de carro direto de uma empresa automobilística) ou em uma 
relação cível (venda de carro usado). 
 Relação de consumo: Relação jurídica onde, necessariamente, deve haver em um dos 
polos um consumidor, no outro um fornecedor e, servindo de elo de aproximação 
entre os polos, um produto/serviço. 
CONSUMIDOR  PRODUTO  FORNECEDOR 
 
3. O consumidor: 
Engloba quatro conceitos (o padrão e três equiparados). O Código, por uma opção legal, 
equiparou determinadas pessoas a consumidores e deu a elas todos os direitos que os 
“consumidores padrão” usufruem. 
Deve-se ter cuidado para não aplicar o Código Civil aos consumidores equiparados. 
Consoante o art. 2º do CDC, consumidor, como regra, é toda pessoa física ou jurídica que 
consume na qualidade de destinatário final. 
Art. 2° - CDC: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
Ex: A foi na casa do fazendeiro e comprou leite para a sua família. A é o consumidor. 
Ex: A comprou um leite no mercado. O mercado B comprou na mão de um atacadista C. O 
atacadista comprou o leite na mão do fazendeiro D. C além de engarrafar o leite, utilizou-o 
para produzir queijo, manteiga e iogurte. Tem-se uma cadeira produtiva. A, sendo o 
destinatário final, é o consumidor (pessoa física). O consumidor corresponde ao último elo 
da cadeira produtiva. B, C e D são fornecedores. 
Ex: Um posto de gasolina compra caixas de leite em um supermercado para fornecer 
gratuitamente aos seus funcionários, uma vez que estes precisam de medidas protetivas em 
relação às substâncias com as quais trabalham. O posto de gasolina consome o produto 
internamente e é, portanto, o consumidor (pessoa jurídica). É a realidade distinta de uma 
cafeteria, já que o leite é a matéria prima da atividade de uma cafeteria. 
É impossível ser consumidor e fornecedor ao mesmo tempo. 
Ex: A comprou uma bolsa na loja C para presentear B. B é o consumidor (o Código faz 
menção a quem adquire ou utiliza o produto). 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Ex: A faz um contrato de fornecimento de internet para a casa da sua idosa mãe. A mãe de A 
é a consumidora. 
Em suma, consumidor é o destinatário final – quem adquire ou utiliza o produto – seja uma 
pessoa física ou jurídica. 
 
 Corrente maximalista: Amplia-se o conceito de consumidor. Qualquer pessoa que 
tirasse o produto do mercado é consumidor. Equipara-se, por exemplo, ao adquirir 
um veículo, uma pessoa e um dono de uma frota de táxi; 
 Corrente minimalista ou finalista: Deve-se olhar não o produto, mas o fim a ser dado 
ao produto para verificar quem é consumidor. Destarte, a pessoa que compra um 
carro para ela é consumidora, mas o dono de uma frota de táxi, não; 
Durante muito tempo prevaleceu a corrente conhecida como finalismo puro. Hoje, o STJ tem 
um novo entendimento: prevalece o finalismo/minimalismo mitigado. É o mesmo finalismo, 
porém adequado ao caso concreto. Como regra, prevalece a regra da finalidade (pra 
consumo = consumidor). Em casos excepcionais, se constatando, de forma fundamentada, a 
extrema vulnerabilidade entre dois fornecedores, pode-se transformar juridicamente a parte 
hipossuficiente como consumidor. A doutrina denomina este fenômeno de vulnerabilidade 
extrema ou agravada. 
Ex: A, artesã, compra fitas de uma multinacional têxtil B. Entre A e B há uma grande 
diferença de poderes (não há paridade de armas). O código, para proteger o micro/nano 
fornecedor, transforma-o em consumidor para conflitar com B. 
 
 
Os consumidores equiparados são: 
 Coletividade (art. 2º, parágrafo único, CDC): Grupo de pessoas, mesmo que 
indetermináveis. Ex: Um grupo que realizou uma viagem de navio e houve algum 
problema durante a viagem. Esse grupo (coletividade) resolve pleitear uma ação 
contra a empresa responsável pelo navio; 
 
 Vítima de acidente de consumo (art. 17, CDC): Acidente de consumo não é qualquer 
dano, mas um dano que vai causar, necessariamente, uma lesão ou à saúde, ou à 
vida, ou à segurança. Dano a patrimônio, isoladamente, não configura acidente de 
consumo. 
 Ex: A comprou um creme para passar no rosto e tal produto, por defeito na 
fabricação, deu uma forte alergia. A teve que ir a um hospital. A é 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
consumidora padrão. Vale ressaltar que o instituto do consumidor por 
equiparação é aplicado de forma residual. Observa-se que A também foi 
vítima de acidente de consumo (é possível a coexistência), contudo, para 
pleitear uma ação, A se baseará no art. 2º e não no art. 17; 
 Ex: A é atropelado por um ônibus dirigido por B. Foi comprovada um 
problema na barra de direção. A ingressa com uma ação contra a empresa 
responsável pela frota do ônibus. Trata-se de um terceiro que não tem nada a 
ver com a relação, mas teve sua saúde, vida ou segurança atingida; 
 
 Expostos a práticas abusivas (art. 29, CDC): Há atitudes, no âmbito do Direito do 
Consumidor, que não podem ser tomadas. Toda pessoa que for exposta a uma 
prática abusiva é considerada consumidor. A simples exposição já consuma o ilícito. A 
título exemplificativo pode-se citar a venda casada (para comprar X, é necessário 
comprar, também, Y). 
 Ex: A vai ao mercado para comprar café. Lá constata que o café só vende 
unido ao açúcar. A adquire o produto. A tem legitimidade de consumidor 
padrão. Não se aplica a equiparação, embora haja uma nítida prática abusiva; 
 Ex: A vai ao mercado com o intuito de comprar café. Lá constata que o café só 
vende unido ao açúcar. A resolve não comprar, mas foi exposto a uma 
cláusula abusiva. Aplica-se a equiparação pois entre A e o mercado há uma 
relação de consumo mesmo sem a aquisição do produto; 
 Ex: A está em casa e assiste uma propaganda televisa sobre a venda casada 
de açúcar e café. A foi exposto, mesmo em sua residência, a uma cláusula 
abusiva. Aplica-se a equiparação. A pode notificar ao PROCOM ou ao 
Ministério Público do Consumidor. Essa legitimidade é decorrente do art. 29; 
Indenizar significa reparar um dano por uma conduta que não deveria ter sido feita. Nos 
exemplos 2 e 3 acima, não se pode falar em dano, contudo, o consumidor por equiparação 
pode tomar determinadas atitudes (como notificar ao PROCOM ou ao MP). 
 
4. O fornecedor:Art. 3° - CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 
Aquele que habitualmente coloca no mercado de consumo produto ou serviço à disposição 
de quem se disponha a adquirir mediante remuneração (direta ou indireta). 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
O conceito de habitualidade se relaciona com o exercício profissional. Uma pessoa que 
vende um carro, excepcionalmente, não é considerada fornecedora. Realidade distinta de 
um vendedor de carros. 
Pode ser pessoa física (doceira, dentista...) ou jurídica (empresa). 
Pode ser nacional ou estrangeiro, correndo o consumidor o risco de que um produto do 
exterior não esteja em circulação no Brasil. 
É possível a relação entre o Estado e o particular na área de consumo (o art. 3º menciona 
“pessoa pública”). As relações com COELBA, Embasa, transporte urbano municipal são 
recursos públicos que fazem uma relação de consumo. 
No senso comum, quando não se tem remuneração, tem-se uma relação cível e não de 
consumo. Essa lógica é equivocada. Por exemplo: Restaurantes com estacionamento grátis, 
na verdade, o consumidor paga ao se alimentar (o lucro somente é deslocado). Isso também 
vale para estacionamentos de shoppings: o shopping ganha com as vendas nas lojas – o 
estacionamento não é “de cortesia”, há uma remuneração maquiada, assim como nos casos 
de “pague um, leve dois”. 
 
AULA 03 – PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
1. Retomada: 
Apesar de nitidamente diferentes, Direito do Consumidor e Direito Civil geram dificuldades 
na prática no que tange ao dispositivo normativo que regula determinada relação jurídica. 
 Qualquer lei que trata de relação de consumo: CDC, Lei de Planos de Saúde; 
 Demais dispositivos: Relação cível/empresarial; 
 
A relação de consumo é pautada em um quebra-cabeça de três peças: 
CONSUMIDOR << PRODUTO >> FORNCEDOR 
 
O conceito de consumidor é discutido por três principais teorias: a maximalista (objetiva), a 
minimalista (finalista ou subjetiva) e a finalista mitigada. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
O conceito de consumidor é disciplinado no CDC a partir do conceito padrão (art. 2º, caput, 
CDC) e da definição dos consumidores por equiparação – coletividade (art. 2º, parágrafo 
único, CDC), vítimas de acidente de consumo (art. 17, CDC) e expostos à prática abusiva (art. 
29, CDC). 
 
2. Princípios do Direito do Consumidor: 
Os princípios são mecanismos de integração do direito e, muitas vezes, trazem uma 
interpretação mais humanizada e justa. 
No Direito do Consumidor, destacamos: 
 
 Boa-fé: 
A boa-fé subjetiva se relaciona a um senso interno de ética e moral. Contudo, a boa-fé, 
enquanto princípio e que interessa o direito, é a boa-fé objetiva, também conhecida como 
boa-fé de comportamento. 
A boa-fé objetiva trata-se do padrão ético-moral de conduta que gera uma legítima 
expectativa na parte contrária. 
É importante que as partes, constantemente, realizem condutas – comissivas e omissivas – 
que alimentem a boa-fé. 
Na doutrina brasileira, Judith Martins Costa se destaca no que concerne à boa-fé objetiva. 
Há a vedação de comportamentos contraditórios com o fito de se coibir abuso de direito 
(venire contra factum propium, supressio e surrectio, tu quoque...). 
Ao longo do tempo, tem ocorrido um entendimento jurisprudencial contra legem, 
compreendendo a existência do cheque pré-datado. Os bancos seguem a lei “a risca”, 
entendendo o cheque como pagamento a vista e refutando a figura do cheque pré-datado. 
Da função supletiva da boa-fé objetiva decorrem os chamados deveres anexos, tais como 
informação, lealdade, proteção e transparência. Esses deveres não precisam ser expressos 
contratualmente e, portanto, são obrigações implícitas. 
 
 Vulnerabilidade: 
Um dos pilares do Código de Defesa do Consumidor. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Pautado em uma condição de desigualdade – econômica, social, técnica ou informacional. 
Infelizmente, parcela significativa da população brasileira cumula as quatro categorias. 
Presunção absoluta (sempre) de que o consumidor é o elo mais fraco da relação de 
consumo. 
Deve-se criar um aparato ao hipossuficiente, o que não se confunde com uma “cultura do 
coitadismo” ou “Robin Wood”. 
 
 Hipossuficiência: 
Não se confunde com vulnerabilidade, embora apresentem intrínseca relação. 
A hipossuficiência corresponde à dificuldade de produzir prova em juízo. 
Deve ser analisada casuisticamente, ou seja, a luz do caso concreto, já que nem todo 
consumidor é hipossuficiente e há ocasiões em que a pessoa jurídica é o elo mais fraco da 
relação. 
 
 Informação: 
O fornecedor tem o dever de informar aspectos relevantes do produto, enquanto que o 
consumidor tem a faculdade de procurá-las. O consumidor não tem o dever, uma vez que 
não lhe cabe tal desgaste. 
Hoje, os rótulos já são mais detalhados: composições, quantidades, se contém produtos que 
podem prejudicar consumidores (glúten, lactose, açúcar), etc. 
Há um déficit de informação no Brasil no que tange à interpretação de rótulos. 
Dizer demais significa não dizer. Encher de aspectos desnecessários corresponde a uma 
estratégia adotada por determinados fornecedores para esconder informações relevantes. 
 
 Conservação dos contratos: 
É necessário estabelecer uma segurança jurídica a partir do freio da modificação constante 
dos contratos. 
A regra é a revisão contratual a partir da retirada de cláusulas abusivas. 
Mitiga a pacta sunt servanda* (é justamente o oposto). Deve-se cumprir o contrato de 
forma integral, desde que este não apresente abusos. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
*Pacta sunt servanda: Princípio que reflete a ideia de que os acordos legais e livremente 
formados são lei para aqueles que os fizeram, e só podem ser revogados de consentimento 
mútuo nos limites da lei. 
 
 Vinculação da oferta: 
A oferta tem caráter público. 
O fornecedor deve cumprir exatamente aquilo que divulgou. 
Na prática, alguns fornecedores omitem informações e lesam os consumidores. 
Exceção: Motivos/causas de força maior. Esse conceito de “força maior” é analisado 
casuisticamente. 
 Morte da cantora Marília Mendonça: Fato imprevisível. Não cabe indenização 
àqueles que adquiriram ingressos do show; 
 Ônibus do cantor Lincoln Sena quebrou na estrada a caminho do circuito de carnaval: 
Fato previsível. Não se aplica a teoria da imprevisibilidade; 
Não pode ferir outros princípios, tais como a boa-fé objetiva. Destarte, não se pode ofertar 
uma TV a R$ 25,00 pois o homem médio não acreditaria (mitigação da vinculação da oferta). 
 
 Transparência: 
Apresenta vínculo com a lealdade, a informação e a boa-fé objetiva. 
Consiste em dar ao outro todo o necessário para celebrar o negócio jurídico. 
Na clareza cessa a interpretação. Na dúvida, ao se constatar a presença de dois ou mais 
caminhos interpretativos, deve-se optar pelo mais favorável ao consumidor (lembra o in 
dubio pro reo do Direito Penal). 
 
 Harmonização dos interesses: 
Princípio negligenciado, porém de bastante relevância. 
Deve-se criar um sistema protetivo para os mais fracos na medida da vulnerabilidade 
(lembra o conceito de equidade). 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Harmonizar trata-se de equilibrar os direitos e deveres dos dois polos presentes em uma 
relação jurídica, neste caso, uma relação de consumo. 
O Direito do Consumidor, conforme já mencionado, não é um “Robin Wood”, no qual o 
consumidor (“pobre”) tem sempre razão. 
 
Próxima aula: Responsabilidade do fornecedor + Garantias. 
 
AULA 04 – DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 
 
1. Direitos básicos do consumidor: 
São direitos fundamentais e indisponíveis do consumidor – não podemser retirados mesmo 
com a sua anuência. 
Tratam-se das “cláusulas pétreas” do Direito do Consumidor. 
O rol exemplificativo dos direitos básicos do consumidor está expresso no art. 6º do CDC. 
São eles: 
 
 Direito à vida, à saúde e à segurança: 
 
Art. 6º - CDC: São direitos básicos do consumidor: 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no 
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; 
Apesar de expressos constitucionalmente, faz-se importante a menção no CDC para analisar 
tais direitos básicos a luz do Direito do Consumidor. 
Os fornecedores possuem o dever geral de colocar no mercado de consumo apenas os 
produtos que saibam (ou devam saber) seguros e adequados ao consumo. 
Destarte, um consumidor, ao adquirir um produto, deve ter a garantia (segurança) de que o 
produto não lhe causará danos. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Mesmo produtos perigosos, estes não podem extrapolar sua periculosidade normal. Ex: 
Veneno de barata – usado dentro das orientações do fabricante não causará danos ao 
homem. 
Caso a violação seja constatada posteriormente à aquisição do produto, o fornecedor deve 
retirar o produto imediatamente de circulação, indenizar os consumidores prejudicados e 
consertar o produto para a proteção de futuros consumidores. O consumidor pode se dispor 
do mecanismo conhecido como recall, o que conduz ao reparo gratuito pelo fornecedor. 
Quando o produto colocado no mercado não respeita os pressupostos supracitados, ocorre 
o acidente de consumo, gerando responsabilidade objetiva e solidária aos fornecedores 
perante o consumidor padrão (art. 2º, caput, CDC) e às vítimas de acidente de consumo 
(consumidor por equiparação – art. 17, CDC). 
O resultado tem que ser alcançado sem lesão à saúde, vida, e segurança da outra parte. O 
agente responde de forma objetiva pela efetivação de dano na busca do resultado. Destarte, 
conclui-se que a responsabilidade do fornecedor advinda do fato do produto pode ser 
classificada como obrigação de segurança. 
 
 Educação e informação para o consumo: 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, 
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
Para que o consumidor possa escolher e consumir de forma adequada, faz-se crucial que ele 
seja educado para tal tarefa. Desse modo, o consumidor deve ser adequado para utilizar o 
produto da melhor forma possível. 
Cabe ao fornecedor informar o consumidor de maneira clara, real, completa e inteligível. 
Ex: Os rótulos atuais englobam informações no que tange a substâncias que podem causar 
danos a determinados consumidores (presença de glúten, lactose, açúcar, etc). 
Art. 31 – CDC: A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar 
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas 
características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e 
origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança 
dos consumidores. 
Ainda estamos muito aquém do nível correto de informação, muito em razão do elevado 
grau de ignorância populacional (não se falando aqui em uma conotação pejorativa). 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Direito de informação: 
 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com 
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos 
incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
Rizzatto Nunes desdobra o direito de informação em três espécies: 
 
 Direito de informar: Prerrogativa constitucional conferida a qualquer pessoa física ou 
jurídica consolidada nos arts. 5º, IX e 220 da CF/88; 
 Direito de se informar: Prerrogativa concedida às pessoas com base no art. 5º, XIV, X 
e XXXIII da CF/88. Isso significa que é direito da pessoa (uma faculdade) exigir a 
informação de quem a detém, respeitando-se a vida privada e a dignidade da pessoa 
humana; 
 Direito de ser informado: O fornecedor tem o dever de informar o consumidor de 
forma clara, precisa, correta, ostensiva e em língua nacional o consumidor (art. 6º, III 
c/c art. 31, CDC); 
 
Informação x publicidade: 
Art. 36 – CDC: A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e 
imediatamente, a identifique como tal. 
O consumidor deve saber que está diante de uma publicidade. 
A publicidade pode ser: 
 A publicidade subliminar: Vem do sublime (nas entre linhas). Trata-se da publicidade 
que não se apresenta como tal, mas passa uma ideia de forma disfarçada. Ex: Uma 
influencer, durante uma live, deixa à mostra um produto de determinada marca 
(camisa, batom, etc); 
 
 A publicidade enganosa: É aquela que diz uma mentira ou que induz o consumidor a 
uma falsa percepção da realidade. Ex: Uma publicidade que diz que o chocolate diet 
ajuda a perder calorias (vide o caso Juliana Paes); 
 
Art. 37 – CDC: É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, 
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de 
induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, 
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de 
informar sobre dado essencial do produto ou serviço. 
 
 A publicidade abusiva: É aquela que tem algum tipo de discriminação, incitação à 
violência. Esta se aproveita da condição de vulnerabilidade de determinado 
consumidor – como uma criança ou um idoso, de forma que estes arriscam, muitas 
vezes, a vida, a saúde e a segurança. Ex: Colocar um negro de forma degradante em 
uma publicidade, de forma que haja repercussão do assunto e discussão sobre a 
marca (engajamento). 
 
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite 
à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e 
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o 
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. 
Deve-se proteger o consumidor de qualquer prática que o fornecedor tende a tirar uma 
vantagem. 
 
 Direito à proteção contra métodos comerciais coercitivos ou desleais: 
Também expresso no inciso IV do art. 6 do CDC. 
Pode o fornecedor utilizar-se de vários métodos para “conquistar” o consumidor, desde que 
sejam leais e não tragam prejuízo ao mesmo. 
Não podem ser realizadas condutas constadas no art. 39 do CDC, as quais são abusivas ou 
desleais. Algumas delas são: a venda casada, o envio de cartões de crédito sem prévia 
solicitação (e ainda ameaçando, em alguns casos, cobrar a anuidade), a execução de serviços 
sem prévio orçamento, etc. 
Art. 39 – CDC: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 
 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Direito à proteção contra práticas e cláusulas abusivas e o direito à revisão 
contratual: 
Também expresso no inciso IV do art. 6 do CDC. 
Art. 51 – CDC: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao 
fornecimento de produtos e serviços que: 
O art. 51 lista um rol exemplificativo de cláusulas contratuais que não podem figurar nos 
contratos de consumidor, sob pena de nulidade absoluta. Observa-se que a nulidade deve 
ser arguida pelo consumidor, o qual pode pedir a revisão contratual. 
 
 Direito ao acesso aos órgãos administrativos e judiciais de defesa do consumidor: 
 
VII - o acesso aos órgãos judiciáriose administrativos com vistas à prevenção ou reparação 
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção 
Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; 
Há um número expressivo de pessoas que têm consciência do seu direito, mas não sabem a 
quem recorrer. 
Existem os seguintes órgãos de defesa do consumidor: 
 Na esfera administrativa: Organiza-se através do SNDC, o qual engloba a SENACON, 
os Procons (estaduais e municipais) e as entidades civis. Tais órgãos apresentam 
Poder de Polícia e, portanto, revestidos de autoexecutoriedade, podendo atuar de 
ofício. Ademais, os cidadãos podem solicitar medidas (aplicação de multas 
administrativas, fechamento de estabelecimentos, entre outras); 
 No âmbito judicial: Juizados especiais de defesa do consumidor (Lei 9.099/95 – a qual 
acabou com o “juizado de pequenas causas”) e as varas especializadas de defesa de 
do consumidor; 
Relembrando... 
JUIZADO ESPECIAL 
CÍVEL CRIMINAL 
CAUSAS 
COMUNS 
TRÂNSITO DEFESA DO 
CONSUMIDOR 
 
 Direito à facilitação da defesa dos direitos do consumidor com possibilidade de 
inversão do ônus da prova: 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a 
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando 
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 
Não se trata de um direito absoluto e aplicado automaticamente. 
A possibilidade de inversão do ônus da prova pode se concretizar ou não. 
São os seguintes os requisitos para a aplicação do ônus probatório ope iudicis – aquela em 
que há a discricionariedade do juiz: 
 Hipossuficiência do consumidor: Não se confunde com vulnerabilidade. A 
hipossuficiência trata-se da dificuldade de produzir prova em juízo e é analisada 
casuisticamente; 
 Verossimilhança da alegação: Quase certeza; 
 
Há, também, a inversão do ônus da prova ope legis, prevista no art. 38 do CDC. É a inversão 
do ônus da prova determinada por lei, a qual opera de forma automática: 
Art. 38 – CDC: O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação 
publicitária cabe a quem as patrocina. 
 
Um dos aspectos mais relevantes do Código de Defesa do Consumidor é a possibilidade de 
inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, [do CDC]. [...] façamos algumas 
observações importantes sobre esta inversão [...]: É ope iudicis (a critério do juiz), ou seja, 
não se trata de inversão automática por força de lei (ope legis). Obs: no CDC, existem outros 
casos de inversão do ônus da prova e que são ope legis (exs: art. 12, § 3º, II; art. 14, § 3º, I e 
art.38)." (DIZER O DIREITO) 
 
 Direito à prestação de serviços públicos adequados e eficazes: 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
Quando o Poder Público interfere na atividade econômica, atua na posição de fornecedor de 
acordo com o art. 3º do CDC. 
Pode haver relação de consumo entre os cidadãos e o Estado (ex: EMBASA, COELBA, etc.). A 
prestação é direta (conexão COELBA-residência), assim como a contraprestação também (o 
consumidor só vai pagar aquilo que consumiu). Constata-se, nesse cenário, a presença de 
uma prestação de serviço. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Vale ressaltar que o Estado só figura como fornecedor de serviços prestados uti sinquili (não 
serviços universais). O STJ entende que a remuneração paga pelo serviço deve ser direta e 
correspondente a uma contraprestação. 
Tratando-se de serviço essencial, reza o art. 22 que este deve ser contínuo. 
 
 
AULA 05 – RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR 
 
1. A Lei do Superendividamento (Lei 14.181/21): 
Trouxe importantes avanços, entre os quais se encontram novos direitos básicos do 
consumidor (inclusão de incisos no art. 6º, CDC). 
Pode-se destacar: 
 A preservação do mínimo existencial: Garantir ao consumidor o mínimo existencial – 
o mínimo de dinheiro que uma pessoa precisa para sobreviver. Para empréstimos 
consignados, tal lei fixou o limite em 30%, para que o restante (70%) fique à 
disposição do consumidor. Posteriormente, tal percentual caiu para 20% e, depois, o 
até então presidente Jair Bolsonaro promulgou um decreto estabelecendo não mais 
o valor em percentual, mas em número (R$ 300,00); 
 Repactuação de dívidas: Possibilidade do consumidor reparcelar as dívidas, o que 
facilitou bastante a vida destes; 
 
2. Responsabilidade do fornecedor: 
Um dos avanços para beneficiar o consumidor trata-se da responsabilidade do fornecedor. 
 Responsabilidade objetiva: Respondem independentemente de culpa, como regra 
geral, todos os fornecedores da cadeia produtiva. Observa-se que, aqui, a 
responsabilidade subjetiva é desprezível – pode ocorrer ou não (análise do dolo e 
culpa). Ex: A ambulância do Estado atropelou Flavia. Não interessa se o motorista 
agiu com dolo (direto ou eventual) ou culpa (agir mediante negligência, imprudência 
ou imperícia com previsibilidade objetiva do resultado), devendo o Estado indenizá-la; 
 
 Responsabilidade solidária: Respondem independentemente de culpa, como regra 
geral, todos os fornecedores da cadeia produtiva; 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Precisa-se provar o dano e o nexo causal (relação entre autoria e fato). 
 
Há, contudo, exceções: 
 Exceção da responsabilidade objetiva: 
Art. 14, parágrafo 4º, CDC. 
Art. 14 – CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos. 
 
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a 
verificação de culpa. 
 
Entre um profissional liberal e um consumidor existe relação, entretanto, a responsabilidade 
deste profissional é diferente. Quando o consumidor interage diretamente com o tal 
profissional, provado o cunho liberal, a responsabilidade deste é subjetiva (dolo/culpa). Ex: 
Advogado, dentista, administrador, etc. 
Profissional liberal é aquele que tem formação técnica em determinada área do 
conhecimento – obtida por graduação ou curso técnico. 
Tais profissionais, muitas vezes, repudiam a responsabilidade subjetiva, o que gera desgastes 
aos operadores do Direito. 
Um profissional liberal em uma ocasião (dentista que atende de forma particular) pode não 
ser em outra (dentista em um plantão de clínica). Depende do contexto. 
É mister que restem caracterizadas a ausência de subordinação e o exercício de atividade 
permanente como profissão (habitualidade). Saliente-se que a exigência de demonstração 
de culpa destes profissionais não exclui do consumidor o direito de inversão do ônus 
probatório. 
 
 Exceção da responsabilidade solidária: 
Quando listados, só respondem solidariamente o produtor, o construtor, o importador e o 
fabricante. 
Não se inclui, por exemplo, o comerciante, o qual responde de forma subsidiária. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Ex: Flavia comprou uma comida no mercado X (comerciante), importada por Y e fabricada 
por Z. Flavia veio a passar mal em virtude da contaminação do produto. Flavia pode acionar 
Y ou Z. 
“Exceção da exceção”: O comerciante pode vir a responder com os outros no caso de 
produtos perecíveis ou no caso de não identificação dos outros (fabricante, comerciante, 
importador ou produtor). 
 
3. Exclusão da responsabilidade do fornecedor: 
Nas hipóteses anteriores, há responsabilidade, porém de forma diferente da regra. Aqui, não 
há responsabilidade do fornecedor. 
A seguir serão mencionadas situações que demonstram a desconstituição do nexo de 
causalidade, responsáveis por excluir a responsabilidade do fornecedor: 
 
Sem previsão legal: 
 Caso fortuito e força maior: Segundo doutrina mais autorizada, o CDC admite comocausa de exclusão de responsabilidade o caso fortuito externo (estranho à atividade 
do agente). Nesse sentido, um assalto em banco é um caso fortuito interno por 
constituir atividade de risco (não é estranha à atividade do agente) – diferentemente 
de um assalto em uma creche, por exemplo. A força maior, mesmo sem previsão 
legal, também isenta o fornecedor de responsabilidade (instrumentos do Direito Civil 
adaptados ao Direito do Consumidor); 
 
 Risco do desenvolvimento: Riscos constatados após o ingresso do produto ou serviço 
no mercado. O direito europeu (especialmente o italiano) e americano, atualmente, 
tendem a aceitar tal risco como causa de exclusão de responsabilidade. Tal discussão 
gera divergências no Brasil. Pensa-se que não se pode aceitar tal posição em virtude 
do princípio da proteção ao vulnerável e da regra contida no art. 10 do CDC, que 
consagra a obrigação do recall nestes casos. Essa exclusão de responsabilidade se 
pauta na responsabilidade exclusiva do consumidor, não se aplicando nos casos de 
responsabilidade exclusiva do fornecedor ou responsabilidade concorrente; 
 
 
 Responsabilidade exclusiva do fornecedor: A adquiriu um celular e este veio com 
teclas danificadas; 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Responsabilidade exclusiva do consumidor: A comprou um celular e, esquecendo que 
este está no seu bolso, mergulha na piscina. O aparelho é danificado (exclusão da 
responsabilidade do fornecedor); 
 Responsabilidade concorrente: A comprou um celular e coloca-o no bolso. A vai à 
praia. A bateria do celular explode mesmo que A não o tenha exposto diretamente ao 
Sol; 
 
Com previsão legal: 
Art. 12, § 3° - CDC: O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será 
responsabilizado quando provar: 
I - que não colocou o produto no mercado; 
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; 
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 
 
 A não colocação do produto no mercado (ex: carga de medicamentos roubada que 
chega na farmácia de forma clandestina); 
 Inexistência do defeito (ex: o consumidor não lê o manual e acha que o produto está 
defeituoso); 
 Culpa excessiva do consumidor ou de terceiro (ex: o consumidor coloca o celular em 
baixo d’água); 
 
4. Responsabilidade do fornecedor por fato do produto/serviço: 
A responsabilidade do fornecedor advinda do fato do produto pode ser classificada como 
obrigação de segurança. 
Aqui o bem lesado é a saúde, a vida ou a segurança do consumidor, explicitando a maior 
gravidade inerente a esses casos. 
 Fato do produto: Só respondem produtor, fornecedor, importador e fabricante (art. 
12, CDC); 
 Fato do serviço: Todos respondem (art. 14, CDC); 
 
5. Responsabilidade do fornecedor por vício do produto/serviço: 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
O fornecedor tem o chamado dever de adequação perante o consumidor – todo o produto 
ou serviço deve ter uma qualidade mínima e aptidão para produzir os efeitos dele 
esperados. 
No vício do produto, o dano é sempre pecuniário ou patrimonial. O consumidor pagou por 
algo que veio com uma qualidade inferior à esperada. 
A responsabilidade pelo vício pode decorrer por violação de quantidade, qualidade ou 
informação. Este vício pode tornar o produto/serviço impróprio para seu fim ou diminuir o 
seu valor. 
O consumidor não deve ficar procurando quem é o responsável. Procura-se um da cadeia 
produtiva para atender aos interesses do consumidor. Depois, caso haja divergências, os 
fornecedores discutem entre si para saber quem é o responsável. 
 
6. Cláusula-prazo: 
Art. 18, § 1° - CDC: Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o 
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; 
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos; 
III - o abatimento proporcional do preço. 
Vício se refere a um defeito na qualidade, quantidade ou funcionalidade. 
Após constatar um defeito no produto, antes de trocar, o fornecedor tem o prazo de 30 dias 
para consertar o defeito. Isso é direito do fornecedor. Parcela significativa dos consumidores 
não detém conhecimento da cláusula-prazo. 
Salvo em situações excepcionais que podem ensejar indenizações (um vestido para 
casamento em data recente), o consumidor deve esperar o prazo de 30 dias. 
O fornecedor, por mera liberalidade (faculdade), pode optar por realizar a troca imediata do 
produto, abdicando do prazo de 30 dias para a reparação do vício. 
É importante notar que o prazo de 30 dias pode, por meio de acordo das partes, ser 
diminuído ou amentado, entre os limites de 7 a 180 dias (art. 18, § 2º, CDC). 
Se o fornecedor devolve o produto consertado em um prazo inferior a 30 dias (como, por 
exemplo, 15) e, depois, constata-se novamente defeito, houve preclusão (o fornecedor 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
abdicou de 15 dias dos 30 que teria). Não pode o fornecedor solicitar o prazo restante para 
fazer o conserto. O consumidor, nesse contexto, pode: 
 Pedir a substituição do produto; 
 Pedir a restituição imediata da quantia paga; 
 Pedir a devolução do aparelho com abatimento proporcional de preço; 
Passado os 30 dias e sem conserto, pode o consumidor pedir a devolução do produto (logo 
no 31º dia). 
 
Art. 18, § 3° - CDC: O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste 
artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder 
comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de 
produto essencial. 
Quando se tratar de bem essencial ou defeito que desvaloriza demasiadamente o bem, a 
troca ou devolução do dinheiro deve ser imediata. 
O consumidor pode não esperar os 30 dias, caso haja (I) o comprometimento da qualidade 
ou características do produto ou diminuição do valor ou caso (II) se trate de produto 
essencial. 
“Produto essencial” é um conceito vago e deve ser analisado casuisticamente. A doutrina 
considera que é aquele que é impossível ficar 30 dias sem. 
 
 FATO VÍCIO 
GRAVIDADE + - 
ARTIGOS 12 a 17 18 a 21 
BEM LESADO Saúde, vida ou segurança Exclusivamente patrimônio 
RESPONSÁVEIS Fato do produto: Somente 
respondem produtor, 
construtor, importador e 
fabricante (art. 12, CDC) 
Vício do produto: Todos 
respondem (art. 18, CDC). 
 Fato do serviço: todos 
respondem (art. 14, CDC) 
Vício do serviço: todos 
respondem (art. 20, CDC) 
 
 
AULA 06 – GARANTIA, OFERTA E PUBLICIDADE 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
1. Garantia - introdução: 
A garantia trata-se da segurança de que o produto será entregue em perfeito estado. 
Um dos direitos básicos do consumidor é a proteção contra cláusulas abusivas. Não é 
possível ceder um produto sem garantia. 
Há a garantia contratual (dada pelo fornecedor) e a garantia legal, a ser estudada em 
momento posterior do curso. 
A garantia contratual vem anexada no produto – prazo que o fabricante assegura de que o 
produto não dará defeito e, caso ocorra, ocorrerá o conserto e há a possibilidade de uma 
indenização. 
Não dar garantia expressa é crime de consumo. Trata-se de um dever (uma obrigação) do 
fornecedor. O fornecedor tem a obrigação de dar garantia contratual, não podendo se 
eximir ou exonerar da mesma, ainda que conste no contrato (art. 25, CDC). 
Garantia estendida não é garantia, mas contrato de seguro. 
2. Garantia legal: 
Prazo dado pela lei para que o fornecedor repare o vício do produto. O fornecedor é 
obrigado, nesse lapso temporal, a dar qualidade 
Art. 26 – CDC: O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca 
em: 
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; 
II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtosduráveis. 
A distinção entre “durável” e “não durável” pauta-se na finalidade. Um copo de plástico é 
um bem não durável (usou, descartou); um copo de vidro, por outro lado, é um bem 
durável. 
Se o vício é aparente, a garantia legal e contratual passam a correr juntas. 
A contagem do prazo decadencial para vícios oculto e aparente é distinta. 
 Aparente: 30 ou 90 dias (art. 26, I e II, CDC); 
 Oculto: Inicia-se no momento em que ficar evidente o defeito (art. 26, § 3º, CDC); 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Art. 26, § 3° - CDC: Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento 
em que ficar evidenciado o defeito. 
 
3. Oferta e publicidade: 
A oferta é um mecanismo jurídico público, sendo, portanto, vinculado. Aquele que faz a 
oferta é obrigado a vender a qualquer um (sem segregação) nas condições impostas 
anteriormente. 
Há a oferta publicitária e a oferta não publicitária. A oferta não publicitária é meramente 
descritiva (ex: “COCO: 2 REAIS”). 
 
Art. 30 – CDC: Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por 
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou 
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato 
que vier a ser celebrado. 
Art. 31 – CDC: A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar 
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas 
características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e 
origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança 
dos consumidores. 
Consoante o art. 31 do CDC, a oferta precisa ser clara, ostensiva, precisa e em língua 
portuguesa. 
 
 Correta: Condizente com a realidade. Não se pode colocar uma oferta: “show de Leo 
Santana” e, na prática, era um “show de caixa de som” (inexistente); 
 Clara: A oferta não pode gerar dúvidas interpretativas, dando a correta compreensão 
da oferta. Ex: Há três manequins em sequência e o anúncio: “o primeiro custa X, o 
segundo Y e o terceiro, Z”. Gera-se dúvida acerca da especificação do produto pois o 
preço pode mudar a depender da ordem de análise; 
 Ostensiva: Deve chamar a atenção do consumidor (em destaque, letras maiúsculas, 
negrito...). Não se pode colocar, por exemplo, 20 reais e, no canto inferior, x12; 
 Precisa: Não se pode colocar, por exemplo, 13x 19,90 (não cabe ao consumidor o 
ônus de realizar esse cálculo); 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Em língua portuguesa: Admite estrangeirismos (“mouse”, “milk-shake”...), porém não 
ofertas inteiramente em outro idioma ou em outra moeda (deve-se especificar a 
cotação diária); 
 
4. Técnicas de oferta: 
 
 No preço do produto na compra parcelada deve aparecer: 
 
 Total à vista e a prazo; 
 Número e valor das parcelas; 
 Valor do juros; 
 CET: Custo Efetivo Total – é a taxa cobrada sobre crédito ou empréstimo, incluindo 
todos os encargos, despesas e tributos; 
 
(não está totalmente correto, mas consiste no mais próximo do ideal) 
Enquanto o estabelecimento estiver aberto todos os produtos devem ter preços expostos ao 
consumidor. Não é permitido, por exemplo, o “preço por direct”. A seguir tem-se um 
exemplo certo x errado: 
 
 (preço especificado) (preço não especificado) 
 
 Tipos de afixação de preços: 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
ETIQUETA Deve ter a face principal 
voltada para o consumidor 
e estar na horizontal. 
 
CÓDIGO 
REFERENCIAL 
A relação dos códigos e 
seus respectivos preços 
devem estar visualmente 
unidos e próximos dos 
produtos a que se referem 
em contraste de cores e 
em tamanho suficientes 
que permitam a pronta 
identificação pelo 
consumidor. 
 
 
 
CÓDIGO DE BARRA É obrigatório constar: 
 
a) As informações relativas 
ao preço à vista, 
características e código do 
produto deverão estar a 
ele visualmente unidas; 
 
b) As características do 
item deve compreender o 
nome, quantidade e 
demais elementos que o 
particularizem; 
 
c) As informações deverão 
ser disponibilizadas em 
etiquetas com caracteres 
ostensivos e em cores de 
destaque em relação ao 
fundo; 
 
Equipamentos de leitura 
ótica devem ser instalados 
 
 
 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
a cada 15m (violação 
constante na prática). 
 
Os leitores óticos deverão 
ser indicados por cartazes 
suspensos que informem a 
sua localização (“aqui tem 
leitor ótico” – dificilmente 
vemos na prática). 
 
 
 Preços em bares e restaurantes: A relação de preços deverá ser também afixada, 
externamente, nas entradas de restaurantes, bares, casas noturnas e similares. Visa-
se a evitar um constrangimento do consumidor após entrar no restaurante e, por 
exemplo, não ter dinheiro suficiente para arcar com o ônus. 
 
 
5. Publicidade enganosa x abusiva x subliminar: 
A publicidade enganosa (art. 37, § 1º, CDC) é aquela construída sobre a mentira, sendo que 
falsidade da informação pode ser total ou parcial, e transmitida na modalidade comissiva ou 
omissiva. 
A publicidade abusiva (art. 37, § 2º, CDC) não utiliza-se da falsidade, mas do ardil, da malícia 
e da desfaçatez para atingir os já aludidos hipervulneráveis (crianças, idosos, analfabetos, 
etc). Pode também ser assim considerada aquela que explora o medo, o preconceito e incita 
a violência. 
A publicidade subliminar traz consigo recado publicitário nas “entrelinhas”. 
 
6. Publicidade: 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Art. 38 – CDC: O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação 
publicitária cabe a quem as patrocina. 
O CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - não tem Poder de 
Polícia (não integra o Estado). Recebe denúncias e caso concorde, recomenda a retirada da 
publicidade (enganosa, abusiva ou subliminar). 
Vejamos um exemplo de decisão do CONAR: 
MÊS/ANO DE JULGAMENTO NOVEMBRO/2017 
REPRESENTAÇÃO nº 242/17 
AUTOR(A) Bic B 
ANUNCIANTE Bic Brasil 
DECISÃO Alteração 
ANÚNCIO DA FABER CASTEL AFIRMA A QUALIDADE DE SEUS PRODUTOS BASEADA EM 
PESQUISA, ONDE A MAIORIA DOS PROFESSORES INDICAM A MARCA. A BIC DENUNCIOU A 
PUBLICADADE COMO ENGANOSA. 
OBS: A monitoria será dia 21/03 (TER) às 18:30. 
 
EXTRA: RESUMOS DOS TEXTOS DISPONIBILIZADOS 
 
RESENHA TEXTO – A VIDA PARA CONSUMO/BAUMAN 
“Um encontro face a face exige o tipo de habilidade social que pode inexistir ou se mostrar 
inadequado em certas pessoas, e um diálogo sempre significa se expor ao desconhecido: é 
como se tornar refém do destino” – Bauman. 
 
Na introdução do seu livro “A vida para consumo”, Bauman faz um apanhado geral da 
temática a ser abordada: a transformação do mercado de consumo e o impacto deste nas 
relações humanas. 
Primeiramente Bauman discorre sobre a relação existente entre três situações: as postagens 
em redes sociais, a concorrência de vaga no mercado de trabalho e as políticas restritivas de 
imigração. Apesar de realidades aparentemente distantes, as três ocasiões compartilham de 
um nexo: são pessoas vendendo a si mesmas seja pela aceitação social, seja para conseguir 
um emprego e agradar ao chefe, seja para estar apto suficiente a ingressar em outro 
território. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
Bauman defende a tese de que as fronteiras entre produtor e produto já não são bem 
definidas, uma vez que, nessa era digital marcada pelo exibicionismo nas redes sociais, o 
produto é justamente o próprio produtor. Nesse viés, as pessoas buscam a se expor 
constantemente e não delimitam com precisão as fronteiras entre aquilo que é privado 
daquilo que é exposto ao público, de modo que aqueles que não participam da dinâmica são 
“invisíveis” ou “mortos”. Hoje, a invisibilidade para Bauman equivale à morte e consumir 
equivale ao metabolismo para os seres vivos (“compro,logo sou... um sujeito”). 
Esse exibicionismo se constata ao narrar o desejo de que algumas crianças, após 
questionadas sobre o que pretendem ser no futuro: ser famoso – ser desejada por muitos. 
Os produtores precisam promover uma mercadoria atraente e desejável, sendo, em grande 
parte, elas mesmas. Daí Bauman destaca a importância do marketing enquanto atividade em 
que todos estão engajados. O marketing desempenha papel importante na busca do 
produto satisfazer os desejos do consumidor e este considerar que está pagando um valor 
justo para tal. 
“Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar 
mercadoria” – Bauman. 
O autor destaca a mudança paulatina do perfil do consumidor, o qual tem preferido, cada 
vez mais, o conforto da residência e a evitar os problemas que uma negociação presencial 
exige (debater com o vendedor, deslocamento, horário determinado, etc). Por isso, as 
compras on-line têm crescido de maneira absurda em detrimento das compras em lojas 
físicas (e olha que o texto foi escrito antes da pandemia da Covid-19 que impulsionou esse 
processo de transição). A troca do vendedor pelo monitor chegou para ficar. 
O auge do texto de Bauman é o foco nos aplicativos de relacionamento, que ascenderam de 
forma mais expressiva nos últimos anos. É através desse exemplo que o autor explicita os 
impactos da IA nas escolhas humanas, contrapondo o presencial com o on-line e 
demonstrando a fragilidade nas relações humanas. Assim como um produto que não mais 
satisfaz os interesses dos consumidores é facilmente descartado, as pessoas descartam 
umas as outras nas relações, negligenciando que uma relação duradoura requer esforço para 
superar as adversidades (o amor exige ação). A sociedade de consumidores desvaloriza a 
durabilidade, tratando-a como algo obsoleto, velho e defasado. Em suma, os parceiros são 
reduzidos ao status de objetos de consumo. 
Bauman refuta o feitichismo de mercadoria marxista e também a concepção de feitichismo 
da subjetividade. Na visão do autor, o feitichismo da subjetividade é uma ilusão em razão da 
resistência de alguns indivíduos às tentativas de objetificá-lo. 
Mesmo escrito nos anos 1990, muitas abordagens trazidas por Bauman ainda persistem – 
vide as cláusulas abusivas. Há muito ainda que se fazer para transformar essa realidade. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
 
RESUMO – TEXTO JÚLIO MORAES OLIVEIRA 
 
O autor, a partir de citações doutrinárias e análise das modificações inerentes à 
jurisprudência brasileira, distingue as três teorias que definem o conceito de consumidor. 
Quem é consumidor trata-se de uma discussão atual. 
O CDC traz no art. 2º, caput, o conceito padrão de consumidor. O referido diploma também 
abrange os consumidores por equiparação – coletividade (art. 2º, parágrafo único), vítimas 
de acidente de consumo (art. 17) e expostos a práticas abusivas (art. 29). 
O caput do art. 2º traz o conceito de consumidor como sendo a pessoa física ou jurídica que 
adquire ou utiliza produtos ou serviço como destinatário final. Embora alguns autores sejam 
relutantes, o encaixe da pessoa jurídica como consumidor já está consolidada (consumidor 
não é um conceito preso à pessoa física). A expressão “destinatário final” é objeto de 
debates doutrinários, uma vez que o direito não é matemática e a visão positivista de que 
“na clareza cessa a interpretação” não apresenta mais credibilidade. A mera subsunção não 
responde às lacunas do ordenamento jurídico. 
Ninguém é consumidor, mas está consumidor. O Código de Defesa do Consumidor é um 
código que regula as relações entre diferentes, tutelando o vulnerável. 
Cabe ao STJ estabilizar a interpretação das normas infraconstitucionais. 
TEORIA MAXIMALISTA OU 
OBJETIVA 
TEORIA SUBJETIVA OU 
FINALISTA PURA 
TEORIA FINALISTA 
MITIGADA 
Consumidor é o destinatário 
final – aquele que usa o bem 
em benefício próprio, 
independentemente de 
servir diretamente a uma 
atividade profissional 
(romper a cadeia produtiva). 
 
Não importa o que é feito 
com o produto – se gerará 
lucro ou não, se gerará uma 
satisfação pessoal ou não, se 
gerará um rendimento 
profissional ou não. 
 
Opõe-se à teoria 
maximalista. 
 
A teoria finalista pura retira 
a relação entre dois 
profissionais do conceito de 
consumidor (ambos são 
fornecedores). 
 
O destinatário final é o 
destinatário fático e 
econômico do bem ou 
serviço. 
 
Não basta retirar da cadeia 
A teoria finalista pura não 
pode ser aplicada de forma 
pura e com rigor excessivo. 
 
O finalismo mitigado ou 
aprofundado tem como 
centro o conceito de 
vulnerabilidade (art. 4º, I, 
CDC) para definir 
consumidor. 
 
Norte interpretativo: A 
vulnerabilidade do 
consumidor intermediário. 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
O destinatário final é o 
destinatário fático. 
 
O destinatário fático encerra 
a cadeia produtiva e não 
reintroduz o produto no 
mercado. 
 
Noção objetiva de 
consumidor pois o que 
interessa é o objeto da 
relação. 
 
Conceito de consumidor 
“mais amplo e justo”. 
 
Visão predominante no 
início da vigência do CDC. 
 
Ex: Um caminhoneiro que 
dirige um único caminhão 
para prestar serviços é 
considerado consumidor. 
 
Peca ao esvaziar por 
completo o direito privado, 
pois quase tudo hoje está 
inserido no mercado de 
consumo. Ao extremar a 
aplicação do conceito de 
consumidor, perde-se a 
essência do CDC e o nível da 
proteção do consumidor 
hipossuficiente cai. 
produtiva, sendo necessário 
não adquirir o bem para uso 
profissional. 
 
Essa interpretação restringe 
o conceito de consumidor 
aos que utilizam um produto 
para consumo próprio. 
 
A aquisição de bens com o 
fim de implementar ou 
incrementar a atividade 
negocial não se reputa como 
relação de consumo e sim 
como atividade de consumo 
intermediária. 
 
É de suma importância à 
verificação da finalidade 
dada ao produto. 
 
Ex: Um caminhoneiro que 
dirige um único caminhão 
para prestar serviços não é 
considerado consumidor 
(uso profissional). 
 
Ex: Um hospital que utilizou 
água para consumo próprio 
é consumidor. Caso use para 
fins profissionais, não é 
consumidor. 
 
Até 2005, a teoria 
maximalista era 
predominante. Neste ano, o 
debate acerca do conceito 
de consumidor foi 
reintroduzido. Com isso, o 
conceito subjetivo ou 
finalista de consumidor 
passou a ser adotada de 
forma expressiva. 
 
Essa teoria pecou ao 
desconsiderar a 
hipossuficiência de 
Ex: Um caminhoneiro que 
dirige um único caminhão 
para prestar serviços, sendo 
este o meio de sua 
subsistência, é considerado 
consumidor. Um defeito no 
veículo, por exemplo, traz à 
tona a condição de 
vulnerabilidade desse 
profissional. 
 
A teoria finalista 
aprofundada é mais madura 
e mais justa, voltando-se 
para o exame do caso 
concreto (análise casuística). 
 
 
Obtenção de maior 
equilíbrio entre a lei e a 
coerência do nosso 
ordenamento jurídico. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
determinadas pessoas 
jurídicas. Com isso, ocorreu 
um abrandamento da teoria 
finalista, utilizando-se a 
vulnerabilidade como 
elemento caracterizador do 
consumidor pessoa jurídica. 
 
 
 
RESENHA – DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO DO TRABALHO/ FLÁVIA 
MARIMPIETRI 
 
A partir da decadência do liberalismo do século XIX, passou-se a pensar na criação de 
microssistemas jurídicos de proteção às partes mais frágeis das relações jurídicas, tendo em 
vista a diversidade de abusos frequentes sob o cunho absoluto da pacta sunt servanda. 
Neste artigo, Flávia Marimpietri visa a demonstrar a proximidade entre o Direito do 
Consumidor e o Direito do Trabalho, os quais apresentam a mesma raiz axiológica, traduzida 
na semelhança de regras e princípios. 
Os princípios, aplicados a partir do método do sopesamento, criam regras e auxiliam na 
interpretação desses microssistemas jurídicos. 
DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO TRABALHO 
Surge inspirado nas lutas promovidas 
pelo movimento sindical (futuroDireito 
do Trabalho). 
 
Ascende no Brasil a partir da década de 
1960, quando surgem as primeiras 
entidades de proteção ao consumidor, 
tais como o PROCOM do estado de São 
Paulo. 
 
A Bahia implantou o seu PROCOM em 
1987. 
 
Principal diploma: Código de Defesa do 
Consumidor (CDC). 
Precede o Direito do Consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Principal diploma: Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT). 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Ordenamento autônomo. 
 
Busca pela igualdade substancial das 
partes. 
 
Vigência do princípio da boa-fé objetiva. 
 
Há a manifestação da condição de 
vulnerabilidade* do consumidor frente ao 
fornecedor. 
 
Responsabilidade solidária dos 
fornecedores – todos aqueles que 
participam da cadeia produtiva (salvo 
exceções previstas no art. 12 do CDC). 
 
Inversão do ônus da prova que, como 
regra, deve ser alegada. 
 
Princípio do in dubio pro consumidor – na 
dúvida, opta-se pela interpretação mais 
favorável ao consumidor. 
 
Princípio da conservação dos contratos. 
 
 
Ordenamento autônomo. 
 
Busca pela igualdade substancial das 
partes. 
 
Vigência do princípio da boa-fé objetiva. 
 
Há a manifestação da condição de 
vulnerabilidade do trabalhador frente ao 
empregador. 
 
Responsabilidade solidária dos 
empregadores. 
 
 
 
Inversão do ônus da prova que, como 
regra, aplica-se de forma automática. 
 
Princípio do in dubio pro operário – na 
dúvida, opta-se pela interpretação mais 
favorável ao trabalhador. 
 
Correspondente: princípio da 
continuidade da relação de emprego. 
 
 
 
 
*"(...)na seara consumerista, vulnerabilidade não se confunde com hipossufisciência. A 
primeira é geral, ampla, e característica de todos aqueles que face à relação jurídica 
material, encontram-se em desvantagem; já a segunda, é restrita à aqueles que possuem 
hipo(pouca) suficiência para prova judicial de seus direitos, vale dizer, não possuem 
condições técnicas, jurídicas ou econômicas para fazerem prova adequada e conclusiva a 
respeito dos seus direitos” – MARIMPIETRI, Flávia. 
Em suma, a hipossuficiência é constatada a luz do caso concreto e não se estende a todo e 
qualquer consumidor; a vulnerabilidade trata-se de uma presunção absoluta (seja 
econômica, técnica, informacional ou social). 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
RESENHA – CONCEITOS E DIREITOS BÁSICOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 
(ALICE WISNIEWSKI E IURI BOLESINA) 
“adentrando aos direitos básicos do consumidor (...) a exigência que tem a lei com a 
igualdade nas relações de consumo: o consumidor deve dispor de facilitação, ajuda, 
proteção, conhecimento, informação e assistência”. 
 
HISTÓRIA DO DIREITO 
DO CONSUMIDOR 
 Antigas civilizações: troca/escambo – limitava a 
circulação de mercadorias pois nem sempre a outra 
parte se interessava pelo produto envolvido na 
troca; 
 Inserção da moeda no mercado de trabalho facilitou 
as trocas; 
 Revolução Industrial intensifica o mercado de 
trabalho e de consumo; 
 Meados do século XX: ascensão dos direitos 
humanos e do consumidor; 
 Busca por criar leis em prol da defesa dos 
hipossuficientes; 
 Criação de leis ao redor do mundo voltadas para a 
proteção de coletividades; 
 Papel de John Kennedy nesse processo; 
 1973: direitos básicos/mínimos do consumidor são 
reconhecidos pela Comissão de Direitos Humanos 
das Nações Unidas; 
 Resolução 39/248 (1985) da Assembleia Geral da 
ONU: estabelece padrões internacionais de defesa 
do consumidor, norteando os países; 
DIREITO DO 
CONSUMIDOR NO 
BRASIL 
 Vigência do Código Criminal de 1830: práticas 
abusivas e enganosas eram punidas com a pena de 
morte; 
 Lei 1.521/51: passou a prever crimes contra o 
consumidor; 
 Ascensão da preocupação com o consumidor na 
década de 70; 
 Surgimento de órgãos como o PROCON; 
 Democratização do conhecimento de direitos a 
partir do Plano Cruzado; 
 Promulgação da CF/88: é dever do Estado garantir a 
defesa do consumidor; 
 CDC promulgado em 1990, permanecendo em vigor 
até os dias atuais; 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
CONCEITOS  Elementos subjetivos da relação de consumo: 
consumidor e fornecedor; 
 Elementos objetivos da relação de consumo: 
produto e serviço; 
 Consumidor: padrão + por equiparação; 
 Debate do conceito de “destinatário final” (art. 2º, 
caput, CDC) entre minimalistas e maximalistas; 
 Fornecedor: pessoa física/jurídica/ente 
despersonalizado + atua no mercado de consumo + 
caráter profissional + fim lucrativo + habitualidade; 
 Entes despersonalizados: vendedores ambulantes; 
 Presença da cadeia de fornecedores – cada um é 
importante na rede; 
 Produto: bem, móvel ou imóvel, material ou 
imaterial. Produto se relaciona com bem – tudo 
aquilo que é útil e preenche a necessidade do 
homem; 
 Serviço: toda ação realizada com fins lucrativos que 
contribui – direta ou indiretamente – para a 
sustentação do mercado de consumo; 
DIREITOS BÁSICOS DO 
CONSUMIDOR (art. 6º, 
CDC) 
 Direito à vida, saúde e segurança – saúde no sentido 
amplo, contemplando a esfera mental; 
 Direito à educação para consumo; 
 Direito à informação; 
 Direito à proteção contra publicidade enganosa ou 
abusiva; 
 Direito à proteção contratual – retirada da cláusula 
abusiva (antes do contrato); revisão ou resolução 
contratual (depois de firmado o contrato); 
 Direito à prevenção e reparação de danos; 
 Direito à proteção jurídica, administrativa e técnica; 
 Direito à facilitação e inversão do ônus da prova 
(verossimilhança ou hipossuficiência); 
 Direito aos serviços públicos – EMBASA, COELBA, 
BahiaGás (relação de consumo com o Estado); 
 
 
RESENHA: RESPONSABILIDADE JURÍDICA DO FORNECEDOR 
RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR 
REGRA GERAL EXCEÇÕES 
A responsabilidade do fornecedor é objetiva 
e solidária. 
Evidenciam a desconstituição do nexo de 
causalidade. 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 
Na prática, todos que integram a cadeia 
produtiva respondem, sem a necessidade de 
se comprovar dolo/culpa. 
 
O consumidor tem a obrigação de apenas 
demonstrar o dano e o nexo causal (teoria 
do risco negocial). 
 
Fala-se em responsabilidade objetiva 
comum, onde é levada em conta a ação ou 
omissão do agente. 
 
 Profissionais liberais (art. 14, § 4º), 
desde que no exercício autônomo e 
habitual de suas funções: 
responsabilidade subjetiva 
(dolo/culpa); 
 
 Exceção da responsabilidade 
solidária: art. 12, CDC – solidariedade 
restrita pois limitada ao fabricante, 
construtor, importador e produtor (o 
comerciante responde de forma 
subsidiária); 
 
 
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE 
DOUTRINÁRIAS LEGAIS (art. 12 e art. 14, § 3º, CDC) 
 Força maior: Evento não previsível 
geralmente associado à força da 
natureza; 
 Caso fortuito: Só exclui 
responsabilidade o caso fortuito 
interno – evento estranho à 
atividade desenvolvida (ex: assalto 
em farmácia exclui responsabilidade 
do fornecedor; em banco, não); 
 
Alguns países da Europa adotam como 
excludente, também, a teoria do risco do 
desenvolvimento, ou seja, riscos 
constatados após o ingresso do produto ou 
serviço no mercado. O Brasil não adota tal 
teoria por considerar uma afronta à 
proteção do vulnerável e a obrigação do 
recall (art. 10, CDC). 
 A não colocação do produto no 
mercado (ex: carga de medicamentos 
roubada que chega à farmácia de 
forma clandestina); 
 Inexistência do defeito (ex: o 
consumidor não lê o manual e acha 
que o produto está defeituoso); 
 Culpa exclusiva do consumidor ou de 
terceiro (ex: o consumidor coloca o 
celular em baixo d’água); 
 
 
 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 FATO VÍCIO 
GRAVIDADE + - 
ARTIGOS 12 a 17 18 a 21 
BEM LESADO Saúde, vida ou segurança Exclusivamente patrimônio 
RESPONSÁVEIS Fato do produto (obrigação 
de segurança): Somente 
respondem produtor, 
construtor, importador e 
fabricante(art. 12, CDC) 
Vício do produto: Todos 
respondem (art. 18, CDC). 
 Fato do serviço: todos 
respondem (art. 14, CDC) 
Vício do serviço: todos 
respondem (art. 20, CDC) 
EXEMPLO Consumidor que toma um 
suco envenenado (pode ter 
prejuízos patrimoniais, como 
a despesa com remédios, 
contudo, o dano é, 
majoritariamente, à saúde) 
Consumidor compra suco de 
1L e, ao chegar em casa, 
percebe que a garrafa só tem 
700mL. 
 
 
 
 
COMERCIANTE 
FATO VÍCIO 
O comerciante responde por fato do serviço, 
mas não responde por fato do produto. O 
comerciante só responde pelo fato do 
produto quando: 
 
 Se tratar de produto perecível não 
conservado adequadamente ou 
 Quando os indicados no art. 12 
(demais membros da cadeia) não 
puderem ser identificados. 
 
O comerciante responde, como regra, pelo 
vício do produto em venda in natura, 
somente não se responsabilizando quando o 
produtor estiver claramente identificado no 
produto. 
 
Ex: Comerciante que vende mel de abelhas 
sem identificação do produtor, responde 
perante o consumidor; só não responderá, 
se o produtor estiver claramente 
identificado no produto. 
 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
No que tange ao produto viciado, o fornecedor tem 30 dias para reparar o vício ou, por mera 
liberalidade, pode promover a troca imediata. 
Passado os 30 dias, pode o consumidor optar: 
 Pela devolução do dinheiro; 
 Pela troca do produto por outro similar ou da mesma espécie; 
 Pelo abatimento proporcional do preço; 
Esse prazo de 30 dias pode ser afastado quando se tratar de bem essencial (aquele que o 
consumidor não pode esperar 30 dias sem) ou quando o conserto prejudicar demais o valor 
de mercado do produto. 
É importante notar que o prazo de 30 dias pode, por meio de acordo das partes, ser 
diminuído ou amentado, entre os limites de 7 a 180 dias (parágrafo 2º). 
 
 
EXERCÍCIO: 
1. Em que consiste a teoria do risco do desenvolvimento? O CDC brasileiro admite? 
Justifique 
A teoria do risco do desenvolvimento, adotada por países europeus, baseia-se na 
possibilidade de exclusão da responsabilidade do fornecedor após fato superveniente à 
colocação do produto no mercado. O Brasil não adota tal teoria, considerando-a uma 
violação à proteção ao vulnerável e ao dever do recall (art. 10, CDC). 
 
2. Quais as excludentes de responsabilidade do CDC? 
O CDC admite, expressamente, três excludentes de responsabilidade: a não colocação do 
produto no mercado, a inexistência de defeito e a culpa exclusiva do consumidor (ou de 
terceiro). 
 
3. O que caracteriza a responsabilidade pelo fato do produto? 
A responsabilidade pelo fato é mais grave em comparação ao vício, por atingir bens jurídicos 
como a vida, a saúde e a segurança. No que tange ao fato do produto só respondem o 
fornecedor, produtor, construtor e importador. O comerciante só virá a responder no caso 
de produto perecível ou caso não seja possível identificar nenhum dos supracitados. 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
RESENHA - TEXTO “PUBLICIDADE, OFERTA DE CRÉDITO E 
SUPERENDIVIDAMENTO DOS CONSUMIDORES” – FLÁVIA MARIMPETRI 
 
 Era da globalização: sociedade cada vez mais consumista, confundindo necessidades 
com desejos. Consumir por consumir em prol de felicidade e reconhecimento social; 
 Há uma segregação nítida atualmente em razão da escassez de bens considerados 
valiosos (feitichismo da mercadoria): aqueles que podem adquirir (céu) x aqueles que 
não possuem (inferno); 
 Nessa era do consumismo, muitos indivíduos vivenciam um cenário de 
superendividamento – um ciclo vicioso de dilapidação do patrimônio visando a 
felicidades momentâneas; 
 Tal ciclo vicioso gera dívidas e angústias (prejuízos patrimoniais e de saúde). A título 
exemplificativo pode-se citar o rótulo de “fracassado” e “desonesto” no que tange 
aos consumidores endividados que agiram por boa-fé; 
 Destaque atualmente para os shoppings centers – preferência de entretenimento; 
 Essa confusão entre necessidade e desejo é influenciada pela mídia estimuladora do 
consumismo; 
 Alerta: O vazio existencial jamais será preenchido com bolsas, celulares e carros. 
Necessidades não devem se confundir com desejos; 
 
 Deve-se pensar em estratégias para deixar os consumidores aconselhados e 
advertidos quanto aos riscos de um contrato de crédito, uma vez que, em um 
número significativo de ocasiões, a vontade manifestada é viciada pela publicidade, 
pelo consumismo ou por questões econômicas; 
 É crucial educação financeira, isto é, apoiar o consumidor para reorganizar e planejar 
a sua vida financeira, o que não significa dar um passe livre ao “calote”; 
 A publicidade e a oferta devem conter informações claras, precisas, adequadas e 
completas aos consumidores. Essa é a teoria presente em ordenamentos jurídicos 
latinos – como o brasileiro e o argentino; na prática, a realidade é completamente 
diferente; 
 Prática discriminatória: muitas empresas (como bancos) não contratam ou demitem 
funcionários possuidores de CPF inscrito em órgãos de proteção ao crédito, sem ao 
menos analisar a situação e dar a oportunidade do trabalhador se manifestar; 
 É mister o respeito e efetividade das normas consumeristas para consecução de uma 
política de não endividamento do consumidor, e penalização dos fornecedores que 
cometem práticas claramente abusivas para consecução do seu objetivo de lucro. Tal 
política dialoga com os princípios da vulnerabilidade, da boa-fé objetiva e da 
harmonização dos interesses dos partícipes da relação de consumo. 
 Harmonização: Não é interessante ao fornecedor aniquilar totalmente a capacidade 
de compra do consumidor, tendo em vista a possibilidade de um caos no mercado de 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
consumo. O fornecedor também deve ser um interessado nessa política de proteção 
ao consumidor. Consoante Flávia Marimpetri, “consumidores e fornecedores são 
diferentes lados de uma mesma moeda”; 
 
Thiago Coelho – T5A 2023.1 
(@taj_studies) 
 
MONITORIA I – DIREITO DO CONSUMIDOR/ VINICIUS BELMONTE E CAIO 
RESCALA (21/03) 
IDEIAS 
INTRODUTÓRIAS 
 O Direito do Consumidor dialoga com diversos ramos do 
Direito, tais como: 
 O Direito Administrativo, tendo em vista os direitos 
básicos do consumidor; 
 O Direito Civil, tendo em vista responsabilidade do 
fornecedor; 
 O Direito Penal, tendo em vista as infrações penais 
consumeristas; 
CONSUMIDOR 
(CONCEITO PADRÃO) 
 Art. 2º, caput, CDC; 
 Toda pessoa física ou jurídica que consome (adquire ou 
utiliza) na qualidade de destinatário final; 
 Consumidor standard ou em stricto sensu; 
 Ex: Cabelereira que, tendo seu secador no salão de beleza, 
adquire outro secador para seu uso pessoal ou da sua 
família; 
 
CONSUMIDOR POR 
EQUIPARAÇÃO 
 Coletividade (art. 2º, parágrafo único, CDC). Ex: Uma 
família que reside conjuntamente e é afetada pela 
contratação do fornecimento de energia elétrica; 
 Vítima de acidente de consumo (art. 17, CDC). Ex: Pessoa 
que compra uma maionese e fornece para um amigo. O 
amigo passa mal pois a maionese estava estragada; 
 Expostos a práticas abusivas (art. 29, CDC). Ex: Condicionar 
o fornecimento de produto ou serviço ao fornecimento de 
outro produto (venda casada); 
 
ATENÇÃO: A exposição concreta ao perigo de lesão à vida, à 
saúde e à segurança, por si só, já configura o acidente de 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
consumo (não é necessária a consumação). Ex: Um incêndio na 
casa de B por conta da explosão de uma TV atinge a casa de C, 
mas C consegue fugir. C é consumidor por equiparação conforme 
o art. 17, CDC; 
TEORIAS 
CONSUMERISTAS 
 Finalismo puro (teoria subjetiva): Conceito restritivo de 
“destinatário final” (fático e econômico). Analisa-se o fim 
da utilização do produto. Ex: Dono de uma frota de táxis é 
considerado fornecedor; 
 Maximalismo (teoria objetiva): Conceito extensivo de 
“destinatáriofinal” – fático. Ex: Dono de uma frota de táxis 
é considerado consumidor; 
 Finalismo mitigado ou aprofundado: Mitiga o finalismo 
puro, admitindo, desde que comprovada a hipossuficiência 
in concreto, a inserção da pessoa jurídica enquanto 
consumidor. Teoria que mais se adequa à realidade 
vigente; 
FORNECEDOR  Art. 3º, caput, CDC; 
 Habitualidade + desenvolvimento de atividade econômica; 
 Atenção: O fornecedor responsabilizado in concreto tem o 
direito à ação de regresso na vara cível contra os demais 
fornecedores responsáveis (art. 13, parágrafo único, CDC); 
PRODUTO E SERVIÇO  Produto: Art. 3º, § 1º, CDC; 
 Serviço: Art. 3º, § 2º, CDC; 
PRINCÍPIOS  Boa-fé objetiva: Padrão ético de conduta cuja função 
supletiva gera deveres anexos; 
 Vulnerabilidade: Presunção absoluta de estar em situação 
de desigualdade (estar inferiorizado) – social, técnica, 
jurídica ou informacional; 
 Hipervulnerabilidade: Mais vulneráveis entre os 
vulneráveis – crianças, idosos e analfabetos; 
 Hipossuficiência: Dificuldade de se produzir provas em 
juízo. Nem todo consumidor é hipossuficiente; 
 Informação: Necessidade de demonstrar informações 
relevantes sobre o produto/serviço. Engloba os direitos de 
informar, de se informar e de ser informado; 
 Vinculação da oferta: Garante ao consumidor a 
possibilidade de exigir que o fornecedor se vincule à sua 
oferta; caso contrário, pode o consumidor entrar com uma 
ação exigindo uma obrigação de fazer. Erros grosseiros 
mitigam a vinculação da oferta (a oferta não pode violar 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
outros princípios, tais como a boa-fé objetiva); 
 Transparência: Decorre do princípio da informação. Tal 
informação deve listar todos os elementos imprescindíveis 
do produto/serviço de forma clara, direta, objetiva; 
 Interpretação pró-consumidor: “In dubio pro reo” da seara 
consumerista (na dúvida, o consumidor tem razão); 
 Harmonização dos interesses: Equilíbrio dos direitos e 
deveres dos dois polos envolvidos na relação de consumo 
(cooperação); 
 
 
 
DIREITOS BÁSICOS DO 
CONSUMIDOR 
 Direito à vida, saúde e segurança – saúde no sentido 
amplo, contemplando a esfera mental; 
 Direito à educação para consumo; 
 Direito à informação; 
 Direito à proteção contra publicidade enganosa ou 
abusiva; 
 Direito à proteção contratual – retirada da cláusula 
abusiva (antes do contrato); revisão ou resolução 
contratual (depois de firmado o contrato); 
 Direito à prevenção e reparação de danos; 
 Direito à proteção jurídica, administrativa e técnica; 
 Direito à facilitação e inversão do ônus da prova: 
 Ope iudicis (art. 6º, VIII, CDC): Verossimilhança da 
alegação ou hipossuficiência; 
 Ope legis (art. 38, CDC): Veracidade e correção da 
informação cabe a quem patrocina a campanha 
publicitária (ao fornecedor); 
 Direito aos serviços públicos – EMBASA, COELBA, BahiaGás 
(relação de consumo com o Estado); 
 
 
 
DIREITOS BÁSICOS DO 
CONSUMIDOR – 
INFORMAÇÕES 
RELEVANTES 
 Destaque: vida, saúde e segurança (art. 6º, I, CDC); 
 Os produtos devem ser acessíveis aos consumidores e não 
devem gerar riscos à vida, à saúde e à segurança do 
consumidor; 
 Os produtos considerados nocivos (como os venenos, por 
exemplo) devem conter especificações para o seu uso; 
 Com a constatação posterior de alta periculosidade, deve-
se realizar o mecanismo do recall e o fornecedor deve 
informar imediatamente por meio de anúncios diversos; 
 A presença de uma cláusula abusiva enseja à possibilidade 
de revisão contratual (princípio da conservação dos 
contratos). A resolução contratual é a exceção; 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 A inversão do ônus da prova não ocorre de imediato, 
sendo necessária a constatação da verossimilhança ou da 
hipossuficiência; 
PUBLICIDADE  Enganosa: Não verídica, falsa, pautada em uma mentira; 
 Abusiva: Incita o ódio, a violência, o preconceito, a 
discriminação, geralmente atingindo os hipervulneráveis; 
 Subliminar: Não captada pelo consciente – está nas 
“entrelinhas”; 
 
 
 
RESPONSABILIDADE 
DO FORNECEDOR – 
REGRAS 
 Regra: Responsabilidade objetiva e solidária (o consumidor 
só deve provar o nexo de causalidade entre autor e fato); 
 Exceção à responsabilidade objetiva: Profissionais liberais 
(autonomia e habitualidade) respondem subjetivamente 
(dolo/culpa); 
 Exceção à responsabilidade solidária: Responsabilidade 
pelo fato do produto – comerciantes respondem 
subsidiariamente. Os comerciantes podem vir a responder 
no caso de produtos perecíveis ou quando não 
identificados/especificados os demais membros da cadeia 
produtiva (exceção da exceção); 
 
 
 
EXCLUSÃO DA 
RESPONSABILIDADE 
DO FORNECEDOR 
 Doutrinários: 
 Força maior: Geralmente fenômeno da natureza. 
Ex: Uma chuva forte que destrói um produto; 
 Caso fortuito: Somente o caso fortuito externo 
(estranho ao exercício da atividade). Ex: Assalto em 
farmácia; 
 
 Legais (art. 12, § 3º, CDC): 
 Não colocação do produto no mercado; 
 Inexistência de defeito; 
 Culpa exclusiva de consumidor ou terceiro; 
 
 
 
 
 
 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
RESPONSABILIDADE DO... FATO VÍCIO 
GRAVIDADE + - 
ARTIGOS 12 a 17 18 a 21 
BEM LESADO Saúde, vida ou segurança Exclusivamente patrimônio 
RESPONSÁVEIS Fato do produto (obrigação 
de segurança): Somente 
respondem produtor, 
construtor, importador e 
fabricante (art. 12, CDC) 
Vício do produto: Todos 
respondem (art. 18, CDC). 
 Fato do serviço: todos 
respondem (art. 14, CDC) 
Vício do serviço: todos 
respondem (art. 20, CDC) 
EXEMPLO Consumidor que toma um 
suco envenenado (pode ter 
prejuízos patrimoniais, como 
a despesa com remédios, 
contudo, o dano é, 
majoritariamente, à saúde) 
Consumidor compra suco de 
1L e, ao chegar em casa, 
percebe que a garrafa só 
tem 700mL. 
 
 
 
CLÁUSULA-PRAZO 
 Identificado o vício, o fornecedor tem 30 dias para repará-
lo, salvo nas seguintes hipóteses: (I) produto essencial 
(geladeira, água, energia, fogão,...) ou (II) o reparo for 
considerado pouco provável ou que comprometa a 
qualidade/valor de mercado do bem; 
 Só vale uma única vez. Se o fornecedor abdicar dos 30 
dias, devolvendo em um tempo menor (20 dias, por 
exemplo), haverá preclusão; 
 As partes previamente podem aumentar ou diminuir o 
prazo de 30 dias entre 7 e 180 dias; 
 Passado os 30 dias sem reparação, pode o consumidor: (I) 
solicitar a restituição da quantia paga, (II) solicitar a troca 
do produto ou (III) solicitar a devolução com abatimento 
do preço; 
 
 
 
GARANTIAS 
 Garantia legal é a expressa em lei; 
 Garantia contratual é uma obrigação do fornecedor, sob 
pena de configurar crime de consumo caso não cumprida; 
 Decadência do vício aparente: Começa a contar a partir do 
momento da tradição do bem e dura por: 
 30 dias (bem não durável); 
 90 dias (bem durável); 
Thiago Coelho (@taj_studies) 
 
 Decadência do vício oculto: Inicia quando identificado o 
vício; 
 Garantia estendida não é garantia, mas contrato de 
seguro. Trata-se de um valor opcional pago pelo 
consumidor (não pode ser imposto, já que, caso seja, 
trata-se de uma prática abusiva); 
OFERTA  A oferta deve ser correta, clara, ostensiva, precisa e em 
língua portuguesa; 
 
INICIAR AS RESPOSTAS COM A RELAÇÃO DE CONSUMO E CITAR OS ARTIGOS 
DE FORMA DETALHADA (CAPUT, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO...) NAS 
RESPOSTAS É FUNDAMENTAL!!! 
 
Thiago Coelho – T5A 2023.1 
@taj_studies 
 
AULA 07 – PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS 
 
1. Práticas comerciais abusivas (art. 39, CDC): 
 
SEÇÃO IV 
Das Práticas Abusivas 
Art. 39 – CDC: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas 
abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) 
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto 
ou serviço, bem como,

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