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Thiago Coelho (@taj_studies) CADERNO – DIREITO DO CONSUMIDOR/ FLÁVIA AULAS 01 E 02 – MICROSSISTEMA, MACROSSISTEMA, CONSUMIDOR E FORNECEDOR 1. Informações da disciplina: Textos disponibilizados no ágata; Resumos das aulas no ágata; AV1: 24/03; AV2: 09/06 + apresentação de vídeo e trabalho; 2. Introdução: É necessário olhar o Direito do Consumidor para além do Código de Defesa do Consumidor, ou seja, como um macrossistema composto por um conjunto de normas e princípios. O Direito do Consumidor é mais próximo do Direito do Trabalho em comparação ao Direito Civil. O Direito do Consumidor não é um Robin Wood, já que nem sempre o consumidor vencerá. O Direito do Consumidor apresenta caráter interdisciplinar com outras áreas do conhecimento e do próprio direito, mas também apresenta sua própria competência. Os outros ramos apenas norteiam a interpretação, mas nunca solucionarão por completo questões que envolvam relações de consumo. Ex: Teoria da imprevisão do Direito Constitucional há regras específicas ao consumo no CDC; Ex: Infrações administrativas podem ser vistas no CDC; Dentro do microssistema de consumo, o CDC é importante, porém não o único que regula uma relação de consumo e que serve ao nosso propósito. O pressuposto para ingressar nesse microssistema é que a relação jurídica entre as partes seja uma relação de consumo. Thiago Coelho (@taj_studies) Um dos principais focos da disciplina é diferenciar as relações cíveis das relações de consumo. Um contrato de compra venda, a depender do contexto, pode se encaixar em uma relação de consumo (venda de carro direto de uma empresa automobilística) ou em uma relação cível (venda de carro usado). Relação de consumo: Relação jurídica onde, necessariamente, deve haver em um dos polos um consumidor, no outro um fornecedor e, servindo de elo de aproximação entre os polos, um produto/serviço. CONSUMIDOR PRODUTO FORNECEDOR 3. O consumidor: Engloba quatro conceitos (o padrão e três equiparados). O Código, por uma opção legal, equiparou determinadas pessoas a consumidores e deu a elas todos os direitos que os “consumidores padrão” usufruem. Deve-se ter cuidado para não aplicar o Código Civil aos consumidores equiparados. Consoante o art. 2º do CDC, consumidor, como regra, é toda pessoa física ou jurídica que consume na qualidade de destinatário final. Art. 2° - CDC: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Ex: A foi na casa do fazendeiro e comprou leite para a sua família. A é o consumidor. Ex: A comprou um leite no mercado. O mercado B comprou na mão de um atacadista C. O atacadista comprou o leite na mão do fazendeiro D. C além de engarrafar o leite, utilizou-o para produzir queijo, manteiga e iogurte. Tem-se uma cadeira produtiva. A, sendo o destinatário final, é o consumidor (pessoa física). O consumidor corresponde ao último elo da cadeira produtiva. B, C e D são fornecedores. Ex: Um posto de gasolina compra caixas de leite em um supermercado para fornecer gratuitamente aos seus funcionários, uma vez que estes precisam de medidas protetivas em relação às substâncias com as quais trabalham. O posto de gasolina consome o produto internamente e é, portanto, o consumidor (pessoa jurídica). É a realidade distinta de uma cafeteria, já que o leite é a matéria prima da atividade de uma cafeteria. É impossível ser consumidor e fornecedor ao mesmo tempo. Ex: A comprou uma bolsa na loja C para presentear B. B é o consumidor (o Código faz menção a quem adquire ou utiliza o produto). Thiago Coelho (@taj_studies) Ex: A faz um contrato de fornecimento de internet para a casa da sua idosa mãe. A mãe de A é a consumidora. Em suma, consumidor é o destinatário final – quem adquire ou utiliza o produto – seja uma pessoa física ou jurídica. Corrente maximalista: Amplia-se o conceito de consumidor. Qualquer pessoa que tirasse o produto do mercado é consumidor. Equipara-se, por exemplo, ao adquirir um veículo, uma pessoa e um dono de uma frota de táxi; Corrente minimalista ou finalista: Deve-se olhar não o produto, mas o fim a ser dado ao produto para verificar quem é consumidor. Destarte, a pessoa que compra um carro para ela é consumidora, mas o dono de uma frota de táxi, não; Durante muito tempo prevaleceu a corrente conhecida como finalismo puro. Hoje, o STJ tem um novo entendimento: prevalece o finalismo/minimalismo mitigado. É o mesmo finalismo, porém adequado ao caso concreto. Como regra, prevalece a regra da finalidade (pra consumo = consumidor). Em casos excepcionais, se constatando, de forma fundamentada, a extrema vulnerabilidade entre dois fornecedores, pode-se transformar juridicamente a parte hipossuficiente como consumidor. A doutrina denomina este fenômeno de vulnerabilidade extrema ou agravada. Ex: A, artesã, compra fitas de uma multinacional têxtil B. Entre A e B há uma grande diferença de poderes (não há paridade de armas). O código, para proteger o micro/nano fornecedor, transforma-o em consumidor para conflitar com B. Os consumidores equiparados são: Coletividade (art. 2º, parágrafo único, CDC): Grupo de pessoas, mesmo que indetermináveis. Ex: Um grupo que realizou uma viagem de navio e houve algum problema durante a viagem. Esse grupo (coletividade) resolve pleitear uma ação contra a empresa responsável pelo navio; Vítima de acidente de consumo (art. 17, CDC): Acidente de consumo não é qualquer dano, mas um dano que vai causar, necessariamente, uma lesão ou à saúde, ou à vida, ou à segurança. Dano a patrimônio, isoladamente, não configura acidente de consumo. Ex: A comprou um creme para passar no rosto e tal produto, por defeito na fabricação, deu uma forte alergia. A teve que ir a um hospital. A é Thiago Coelho (@taj_studies) consumidora padrão. Vale ressaltar que o instituto do consumidor por equiparação é aplicado de forma residual. Observa-se que A também foi vítima de acidente de consumo (é possível a coexistência), contudo, para pleitear uma ação, A se baseará no art. 2º e não no art. 17; Ex: A é atropelado por um ônibus dirigido por B. Foi comprovada um problema na barra de direção. A ingressa com uma ação contra a empresa responsável pela frota do ônibus. Trata-se de um terceiro que não tem nada a ver com a relação, mas teve sua saúde, vida ou segurança atingida; Expostos a práticas abusivas (art. 29, CDC): Há atitudes, no âmbito do Direito do Consumidor, que não podem ser tomadas. Toda pessoa que for exposta a uma prática abusiva é considerada consumidor. A simples exposição já consuma o ilícito. A título exemplificativo pode-se citar a venda casada (para comprar X, é necessário comprar, também, Y). Ex: A vai ao mercado para comprar café. Lá constata que o café só vende unido ao açúcar. A adquire o produto. A tem legitimidade de consumidor padrão. Não se aplica a equiparação, embora haja uma nítida prática abusiva; Ex: A vai ao mercado com o intuito de comprar café. Lá constata que o café só vende unido ao açúcar. A resolve não comprar, mas foi exposto a uma cláusula abusiva. Aplica-se a equiparação pois entre A e o mercado há uma relação de consumo mesmo sem a aquisição do produto; Ex: A está em casa e assiste uma propaganda televisa sobre a venda casada de açúcar e café. A foi exposto, mesmo em sua residência, a uma cláusula abusiva. Aplica-se a equiparação. A pode notificar ao PROCOM ou ao Ministério Público do Consumidor. Essa legitimidade é decorrente do art. 29; Indenizar significa reparar um dano por uma conduta que não deveria ter sido feita. Nos exemplos 2 e 3 acima, não se pode falar em dano, contudo, o consumidor por equiparação pode tomar determinadas atitudes (como notificar ao PROCOM ou ao MP). 4. O fornecedor:Art. 3° - CDC: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Aquele que habitualmente coloca no mercado de consumo produto ou serviço à disposição de quem se disponha a adquirir mediante remuneração (direta ou indireta). Thiago Coelho (@taj_studies) O conceito de habitualidade se relaciona com o exercício profissional. Uma pessoa que vende um carro, excepcionalmente, não é considerada fornecedora. Realidade distinta de um vendedor de carros. Pode ser pessoa física (doceira, dentista...) ou jurídica (empresa). Pode ser nacional ou estrangeiro, correndo o consumidor o risco de que um produto do exterior não esteja em circulação no Brasil. É possível a relação entre o Estado e o particular na área de consumo (o art. 3º menciona “pessoa pública”). As relações com COELBA, Embasa, transporte urbano municipal são recursos públicos que fazem uma relação de consumo. No senso comum, quando não se tem remuneração, tem-se uma relação cível e não de consumo. Essa lógica é equivocada. Por exemplo: Restaurantes com estacionamento grátis, na verdade, o consumidor paga ao se alimentar (o lucro somente é deslocado). Isso também vale para estacionamentos de shoppings: o shopping ganha com as vendas nas lojas – o estacionamento não é “de cortesia”, há uma remuneração maquiada, assim como nos casos de “pague um, leve dois”. AULA 03 – PRINCÍPIOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 1. Retomada: Apesar de nitidamente diferentes, Direito do Consumidor e Direito Civil geram dificuldades na prática no que tange ao dispositivo normativo que regula determinada relação jurídica. Qualquer lei que trata de relação de consumo: CDC, Lei de Planos de Saúde; Demais dispositivos: Relação cível/empresarial; A relação de consumo é pautada em um quebra-cabeça de três peças: CONSUMIDOR << PRODUTO >> FORNCEDOR O conceito de consumidor é discutido por três principais teorias: a maximalista (objetiva), a minimalista (finalista ou subjetiva) e a finalista mitigada. Thiago Coelho (@taj_studies) O conceito de consumidor é disciplinado no CDC a partir do conceito padrão (art. 2º, caput, CDC) e da definição dos consumidores por equiparação – coletividade (art. 2º, parágrafo único, CDC), vítimas de acidente de consumo (art. 17, CDC) e expostos à prática abusiva (art. 29, CDC). 2. Princípios do Direito do Consumidor: Os princípios são mecanismos de integração do direito e, muitas vezes, trazem uma interpretação mais humanizada e justa. No Direito do Consumidor, destacamos: Boa-fé: A boa-fé subjetiva se relaciona a um senso interno de ética e moral. Contudo, a boa-fé, enquanto princípio e que interessa o direito, é a boa-fé objetiva, também conhecida como boa-fé de comportamento. A boa-fé objetiva trata-se do padrão ético-moral de conduta que gera uma legítima expectativa na parte contrária. É importante que as partes, constantemente, realizem condutas – comissivas e omissivas – que alimentem a boa-fé. Na doutrina brasileira, Judith Martins Costa se destaca no que concerne à boa-fé objetiva. Há a vedação de comportamentos contraditórios com o fito de se coibir abuso de direito (venire contra factum propium, supressio e surrectio, tu quoque...). Ao longo do tempo, tem ocorrido um entendimento jurisprudencial contra legem, compreendendo a existência do cheque pré-datado. Os bancos seguem a lei “a risca”, entendendo o cheque como pagamento a vista e refutando a figura do cheque pré-datado. Da função supletiva da boa-fé objetiva decorrem os chamados deveres anexos, tais como informação, lealdade, proteção e transparência. Esses deveres não precisam ser expressos contratualmente e, portanto, são obrigações implícitas. Vulnerabilidade: Um dos pilares do Código de Defesa do Consumidor. Thiago Coelho (@taj_studies) Pautado em uma condição de desigualdade – econômica, social, técnica ou informacional. Infelizmente, parcela significativa da população brasileira cumula as quatro categorias. Presunção absoluta (sempre) de que o consumidor é o elo mais fraco da relação de consumo. Deve-se criar um aparato ao hipossuficiente, o que não se confunde com uma “cultura do coitadismo” ou “Robin Wood”. Hipossuficiência: Não se confunde com vulnerabilidade, embora apresentem intrínseca relação. A hipossuficiência corresponde à dificuldade de produzir prova em juízo. Deve ser analisada casuisticamente, ou seja, a luz do caso concreto, já que nem todo consumidor é hipossuficiente e há ocasiões em que a pessoa jurídica é o elo mais fraco da relação. Informação: O fornecedor tem o dever de informar aspectos relevantes do produto, enquanto que o consumidor tem a faculdade de procurá-las. O consumidor não tem o dever, uma vez que não lhe cabe tal desgaste. Hoje, os rótulos já são mais detalhados: composições, quantidades, se contém produtos que podem prejudicar consumidores (glúten, lactose, açúcar), etc. Há um déficit de informação no Brasil no que tange à interpretação de rótulos. Dizer demais significa não dizer. Encher de aspectos desnecessários corresponde a uma estratégia adotada por determinados fornecedores para esconder informações relevantes. Conservação dos contratos: É necessário estabelecer uma segurança jurídica a partir do freio da modificação constante dos contratos. A regra é a revisão contratual a partir da retirada de cláusulas abusivas. Mitiga a pacta sunt servanda* (é justamente o oposto). Deve-se cumprir o contrato de forma integral, desde que este não apresente abusos. Thiago Coelho (@taj_studies) *Pacta sunt servanda: Princípio que reflete a ideia de que os acordos legais e livremente formados são lei para aqueles que os fizeram, e só podem ser revogados de consentimento mútuo nos limites da lei. Vinculação da oferta: A oferta tem caráter público. O fornecedor deve cumprir exatamente aquilo que divulgou. Na prática, alguns fornecedores omitem informações e lesam os consumidores. Exceção: Motivos/causas de força maior. Esse conceito de “força maior” é analisado casuisticamente. Morte da cantora Marília Mendonça: Fato imprevisível. Não cabe indenização àqueles que adquiriram ingressos do show; Ônibus do cantor Lincoln Sena quebrou na estrada a caminho do circuito de carnaval: Fato previsível. Não se aplica a teoria da imprevisibilidade; Não pode ferir outros princípios, tais como a boa-fé objetiva. Destarte, não se pode ofertar uma TV a R$ 25,00 pois o homem médio não acreditaria (mitigação da vinculação da oferta). Transparência: Apresenta vínculo com a lealdade, a informação e a boa-fé objetiva. Consiste em dar ao outro todo o necessário para celebrar o negócio jurídico. Na clareza cessa a interpretação. Na dúvida, ao se constatar a presença de dois ou mais caminhos interpretativos, deve-se optar pelo mais favorável ao consumidor (lembra o in dubio pro reo do Direito Penal). Harmonização dos interesses: Princípio negligenciado, porém de bastante relevância. Deve-se criar um sistema protetivo para os mais fracos na medida da vulnerabilidade (lembra o conceito de equidade). Thiago Coelho (@taj_studies) Harmonizar trata-se de equilibrar os direitos e deveres dos dois polos presentes em uma relação jurídica, neste caso, uma relação de consumo. O Direito do Consumidor, conforme já mencionado, não é um “Robin Wood”, no qual o consumidor (“pobre”) tem sempre razão. Próxima aula: Responsabilidade do fornecedor + Garantias. AULA 04 – DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 1. Direitos básicos do consumidor: São direitos fundamentais e indisponíveis do consumidor – não podemser retirados mesmo com a sua anuência. Tratam-se das “cláusulas pétreas” do Direito do Consumidor. O rol exemplificativo dos direitos básicos do consumidor está expresso no art. 6º do CDC. São eles: Direito à vida, à saúde e à segurança: Art. 6º - CDC: São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; Apesar de expressos constitucionalmente, faz-se importante a menção no CDC para analisar tais direitos básicos a luz do Direito do Consumidor. Os fornecedores possuem o dever geral de colocar no mercado de consumo apenas os produtos que saibam (ou devam saber) seguros e adequados ao consumo. Destarte, um consumidor, ao adquirir um produto, deve ter a garantia (segurança) de que o produto não lhe causará danos. Thiago Coelho (@taj_studies) Mesmo produtos perigosos, estes não podem extrapolar sua periculosidade normal. Ex: Veneno de barata – usado dentro das orientações do fabricante não causará danos ao homem. Caso a violação seja constatada posteriormente à aquisição do produto, o fornecedor deve retirar o produto imediatamente de circulação, indenizar os consumidores prejudicados e consertar o produto para a proteção de futuros consumidores. O consumidor pode se dispor do mecanismo conhecido como recall, o que conduz ao reparo gratuito pelo fornecedor. Quando o produto colocado no mercado não respeita os pressupostos supracitados, ocorre o acidente de consumo, gerando responsabilidade objetiva e solidária aos fornecedores perante o consumidor padrão (art. 2º, caput, CDC) e às vítimas de acidente de consumo (consumidor por equiparação – art. 17, CDC). O resultado tem que ser alcançado sem lesão à saúde, vida, e segurança da outra parte. O agente responde de forma objetiva pela efetivação de dano na busca do resultado. Destarte, conclui-se que a responsabilidade do fornecedor advinda do fato do produto pode ser classificada como obrigação de segurança. Educação e informação para o consumo: II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; Para que o consumidor possa escolher e consumir de forma adequada, faz-se crucial que ele seja educado para tal tarefa. Desse modo, o consumidor deve ser adequado para utilizar o produto da melhor forma possível. Cabe ao fornecedor informar o consumidor de maneira clara, real, completa e inteligível. Ex: Os rótulos atuais englobam informações no que tange a substâncias que podem causar danos a determinados consumidores (presença de glúten, lactose, açúcar, etc). Art. 31 – CDC: A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Ainda estamos muito aquém do nível correto de informação, muito em razão do elevado grau de ignorância populacional (não se falando aqui em uma conotação pejorativa). Thiago Coelho (@taj_studies) Direito de informação: III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; Rizzatto Nunes desdobra o direito de informação em três espécies: Direito de informar: Prerrogativa constitucional conferida a qualquer pessoa física ou jurídica consolidada nos arts. 5º, IX e 220 da CF/88; Direito de se informar: Prerrogativa concedida às pessoas com base no art. 5º, XIV, X e XXXIII da CF/88. Isso significa que é direito da pessoa (uma faculdade) exigir a informação de quem a detém, respeitando-se a vida privada e a dignidade da pessoa humana; Direito de ser informado: O fornecedor tem o dever de informar o consumidor de forma clara, precisa, correta, ostensiva e em língua nacional o consumidor (art. 6º, III c/c art. 31, CDC); Informação x publicidade: Art. 36 – CDC: A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. O consumidor deve saber que está diante de uma publicidade. A publicidade pode ser: A publicidade subliminar: Vem do sublime (nas entre linhas). Trata-se da publicidade que não se apresenta como tal, mas passa uma ideia de forma disfarçada. Ex: Uma influencer, durante uma live, deixa à mostra um produto de determinada marca (camisa, batom, etc); A publicidade enganosa: É aquela que diz uma mentira ou que induz o consumidor a uma falsa percepção da realidade. Ex: Uma publicidade que diz que o chocolate diet ajuda a perder calorias (vide o caso Juliana Paes); Art. 37 – CDC: É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. Thiago Coelho (@taj_studies) § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. A publicidade abusiva: É aquela que tem algum tipo de discriminação, incitação à violência. Esta se aproveita da condição de vulnerabilidade de determinado consumidor – como uma criança ou um idoso, de forma que estes arriscam, muitas vezes, a vida, a saúde e a segurança. Ex: Colocar um negro de forma degradante em uma publicidade, de forma que haja repercussão do assunto e discussão sobre a marca (engajamento). § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Deve-se proteger o consumidor de qualquer prática que o fornecedor tende a tirar uma vantagem. Direito à proteção contra métodos comerciais coercitivos ou desleais: Também expresso no inciso IV do art. 6 do CDC. Pode o fornecedor utilizar-se de vários métodos para “conquistar” o consumidor, desde que sejam leais e não tragam prejuízo ao mesmo. Não podem ser realizadas condutas constadas no art. 39 do CDC, as quais são abusivas ou desleais. Algumas delas são: a venda casada, o envio de cartões de crédito sem prévia solicitação (e ainda ameaçando, em alguns casos, cobrar a anuidade), a execução de serviços sem prévio orçamento, etc. Art. 39 – CDC: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8884.htm#art39 Thiago Coelho (@taj_studies) Direito à proteção contra práticas e cláusulas abusivas e o direito à revisão contratual: Também expresso no inciso IV do art. 6 do CDC. Art. 51 – CDC: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: O art. 51 lista um rol exemplificativo de cláusulas contratuais que não podem figurar nos contratos de consumidor, sob pena de nulidade absoluta. Observa-se que a nulidade deve ser arguida pelo consumidor, o qual pode pedir a revisão contratual. Direito ao acesso aos órgãos administrativos e judiciais de defesa do consumidor: VII - o acesso aos órgãos judiciáriose administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; Há um número expressivo de pessoas que têm consciência do seu direito, mas não sabem a quem recorrer. Existem os seguintes órgãos de defesa do consumidor: Na esfera administrativa: Organiza-se através do SNDC, o qual engloba a SENACON, os Procons (estaduais e municipais) e as entidades civis. Tais órgãos apresentam Poder de Polícia e, portanto, revestidos de autoexecutoriedade, podendo atuar de ofício. Ademais, os cidadãos podem solicitar medidas (aplicação de multas administrativas, fechamento de estabelecimentos, entre outras); No âmbito judicial: Juizados especiais de defesa do consumidor (Lei 9.099/95 – a qual acabou com o “juizado de pequenas causas”) e as varas especializadas de defesa de do consumidor; Relembrando... JUIZADO ESPECIAL CÍVEL CRIMINAL CAUSAS COMUNS TRÂNSITO DEFESA DO CONSUMIDOR Direito à facilitação da defesa dos direitos do consumidor com possibilidade de inversão do ônus da prova: Thiago Coelho (@taj_studies) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; Não se trata de um direito absoluto e aplicado automaticamente. A possibilidade de inversão do ônus da prova pode se concretizar ou não. São os seguintes os requisitos para a aplicação do ônus probatório ope iudicis – aquela em que há a discricionariedade do juiz: Hipossuficiência do consumidor: Não se confunde com vulnerabilidade. A hipossuficiência trata-se da dificuldade de produzir prova em juízo e é analisada casuisticamente; Verossimilhança da alegação: Quase certeza; Há, também, a inversão do ônus da prova ope legis, prevista no art. 38 do CDC. É a inversão do ônus da prova determinada por lei, a qual opera de forma automática: Art. 38 – CDC: O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. Um dos aspectos mais relevantes do Código de Defesa do Consumidor é a possibilidade de inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, [do CDC]. [...] façamos algumas observações importantes sobre esta inversão [...]: É ope iudicis (a critério do juiz), ou seja, não se trata de inversão automática por força de lei (ope legis). Obs: no CDC, existem outros casos de inversão do ônus da prova e que são ope legis (exs: art. 12, § 3º, II; art. 14, § 3º, I e art.38)." (DIZER O DIREITO) Direito à prestação de serviços públicos adequados e eficazes: X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Quando o Poder Público interfere na atividade econômica, atua na posição de fornecedor de acordo com o art. 3º do CDC. Pode haver relação de consumo entre os cidadãos e o Estado (ex: EMBASA, COELBA, etc.). A prestação é direta (conexão COELBA-residência), assim como a contraprestação também (o consumidor só vai pagar aquilo que consumiu). Constata-se, nesse cenário, a presença de uma prestação de serviço. Thiago Coelho (@taj_studies) Vale ressaltar que o Estado só figura como fornecedor de serviços prestados uti sinquili (não serviços universais). O STJ entende que a remuneração paga pelo serviço deve ser direta e correspondente a uma contraprestação. Tratando-se de serviço essencial, reza o art. 22 que este deve ser contínuo. AULA 05 – RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR 1. A Lei do Superendividamento (Lei 14.181/21): Trouxe importantes avanços, entre os quais se encontram novos direitos básicos do consumidor (inclusão de incisos no art. 6º, CDC). Pode-se destacar: A preservação do mínimo existencial: Garantir ao consumidor o mínimo existencial – o mínimo de dinheiro que uma pessoa precisa para sobreviver. Para empréstimos consignados, tal lei fixou o limite em 30%, para que o restante (70%) fique à disposição do consumidor. Posteriormente, tal percentual caiu para 20% e, depois, o até então presidente Jair Bolsonaro promulgou um decreto estabelecendo não mais o valor em percentual, mas em número (R$ 300,00); Repactuação de dívidas: Possibilidade do consumidor reparcelar as dívidas, o que facilitou bastante a vida destes; 2. Responsabilidade do fornecedor: Um dos avanços para beneficiar o consumidor trata-se da responsabilidade do fornecedor. Responsabilidade objetiva: Respondem independentemente de culpa, como regra geral, todos os fornecedores da cadeia produtiva. Observa-se que, aqui, a responsabilidade subjetiva é desprezível – pode ocorrer ou não (análise do dolo e culpa). Ex: A ambulância do Estado atropelou Flavia. Não interessa se o motorista agiu com dolo (direto ou eventual) ou culpa (agir mediante negligência, imprudência ou imperícia com previsibilidade objetiva do resultado), devendo o Estado indenizá-la; Responsabilidade solidária: Respondem independentemente de culpa, como regra geral, todos os fornecedores da cadeia produtiva; Thiago Coelho (@taj_studies) Precisa-se provar o dano e o nexo causal (relação entre autoria e fato). Há, contudo, exceções: Exceção da responsabilidade objetiva: Art. 14, parágrafo 4º, CDC. Art. 14 – CDC: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Entre um profissional liberal e um consumidor existe relação, entretanto, a responsabilidade deste profissional é diferente. Quando o consumidor interage diretamente com o tal profissional, provado o cunho liberal, a responsabilidade deste é subjetiva (dolo/culpa). Ex: Advogado, dentista, administrador, etc. Profissional liberal é aquele que tem formação técnica em determinada área do conhecimento – obtida por graduação ou curso técnico. Tais profissionais, muitas vezes, repudiam a responsabilidade subjetiva, o que gera desgastes aos operadores do Direito. Um profissional liberal em uma ocasião (dentista que atende de forma particular) pode não ser em outra (dentista em um plantão de clínica). Depende do contexto. É mister que restem caracterizadas a ausência de subordinação e o exercício de atividade permanente como profissão (habitualidade). Saliente-se que a exigência de demonstração de culpa destes profissionais não exclui do consumidor o direito de inversão do ônus probatório. Exceção da responsabilidade solidária: Quando listados, só respondem solidariamente o produtor, o construtor, o importador e o fabricante. Não se inclui, por exemplo, o comerciante, o qual responde de forma subsidiária. Thiago Coelho (@taj_studies) Ex: Flavia comprou uma comida no mercado X (comerciante), importada por Y e fabricada por Z. Flavia veio a passar mal em virtude da contaminação do produto. Flavia pode acionar Y ou Z. “Exceção da exceção”: O comerciante pode vir a responder com os outros no caso de produtos perecíveis ou no caso de não identificação dos outros (fabricante, comerciante, importador ou produtor). 3. Exclusão da responsabilidade do fornecedor: Nas hipóteses anteriores, há responsabilidade, porém de forma diferente da regra. Aqui, não há responsabilidade do fornecedor. A seguir serão mencionadas situações que demonstram a desconstituição do nexo de causalidade, responsáveis por excluir a responsabilidade do fornecedor: Sem previsão legal: Caso fortuito e força maior: Segundo doutrina mais autorizada, o CDC admite comocausa de exclusão de responsabilidade o caso fortuito externo (estranho à atividade do agente). Nesse sentido, um assalto em banco é um caso fortuito interno por constituir atividade de risco (não é estranha à atividade do agente) – diferentemente de um assalto em uma creche, por exemplo. A força maior, mesmo sem previsão legal, também isenta o fornecedor de responsabilidade (instrumentos do Direito Civil adaptados ao Direito do Consumidor); Risco do desenvolvimento: Riscos constatados após o ingresso do produto ou serviço no mercado. O direito europeu (especialmente o italiano) e americano, atualmente, tendem a aceitar tal risco como causa de exclusão de responsabilidade. Tal discussão gera divergências no Brasil. Pensa-se que não se pode aceitar tal posição em virtude do princípio da proteção ao vulnerável e da regra contida no art. 10 do CDC, que consagra a obrigação do recall nestes casos. Essa exclusão de responsabilidade se pauta na responsabilidade exclusiva do consumidor, não se aplicando nos casos de responsabilidade exclusiva do fornecedor ou responsabilidade concorrente; Responsabilidade exclusiva do fornecedor: A adquiriu um celular e este veio com teclas danificadas; Thiago Coelho (@taj_studies) Responsabilidade exclusiva do consumidor: A comprou um celular e, esquecendo que este está no seu bolso, mergulha na piscina. O aparelho é danificado (exclusão da responsabilidade do fornecedor); Responsabilidade concorrente: A comprou um celular e coloca-o no bolso. A vai à praia. A bateria do celular explode mesmo que A não o tenha exposto diretamente ao Sol; Com previsão legal: Art. 12, § 3° - CDC: O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. A não colocação do produto no mercado (ex: carga de medicamentos roubada que chega na farmácia de forma clandestina); Inexistência do defeito (ex: o consumidor não lê o manual e acha que o produto está defeituoso); Culpa excessiva do consumidor ou de terceiro (ex: o consumidor coloca o celular em baixo d’água); 4. Responsabilidade do fornecedor por fato do produto/serviço: A responsabilidade do fornecedor advinda do fato do produto pode ser classificada como obrigação de segurança. Aqui o bem lesado é a saúde, a vida ou a segurança do consumidor, explicitando a maior gravidade inerente a esses casos. Fato do produto: Só respondem produtor, fornecedor, importador e fabricante (art. 12, CDC); Fato do serviço: Todos respondem (art. 14, CDC); 5. Responsabilidade do fornecedor por vício do produto/serviço: Thiago Coelho (@taj_studies) O fornecedor tem o chamado dever de adequação perante o consumidor – todo o produto ou serviço deve ter uma qualidade mínima e aptidão para produzir os efeitos dele esperados. No vício do produto, o dano é sempre pecuniário ou patrimonial. O consumidor pagou por algo que veio com uma qualidade inferior à esperada. A responsabilidade pelo vício pode decorrer por violação de quantidade, qualidade ou informação. Este vício pode tornar o produto/serviço impróprio para seu fim ou diminuir o seu valor. O consumidor não deve ficar procurando quem é o responsável. Procura-se um da cadeia produtiva para atender aos interesses do consumidor. Depois, caso haja divergências, os fornecedores discutem entre si para saber quem é o responsável. 6. Cláusula-prazo: Art. 18, § 1° - CDC: Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. Vício se refere a um defeito na qualidade, quantidade ou funcionalidade. Após constatar um defeito no produto, antes de trocar, o fornecedor tem o prazo de 30 dias para consertar o defeito. Isso é direito do fornecedor. Parcela significativa dos consumidores não detém conhecimento da cláusula-prazo. Salvo em situações excepcionais que podem ensejar indenizações (um vestido para casamento em data recente), o consumidor deve esperar o prazo de 30 dias. O fornecedor, por mera liberalidade (faculdade), pode optar por realizar a troca imediata do produto, abdicando do prazo de 30 dias para a reparação do vício. É importante notar que o prazo de 30 dias pode, por meio de acordo das partes, ser diminuído ou amentado, entre os limites de 7 a 180 dias (art. 18, § 2º, CDC). Se o fornecedor devolve o produto consertado em um prazo inferior a 30 dias (como, por exemplo, 15) e, depois, constata-se novamente defeito, houve preclusão (o fornecedor Thiago Coelho (@taj_studies) abdicou de 15 dias dos 30 que teria). Não pode o fornecedor solicitar o prazo restante para fazer o conserto. O consumidor, nesse contexto, pode: Pedir a substituição do produto; Pedir a restituição imediata da quantia paga; Pedir a devolução do aparelho com abatimento proporcional de preço; Passado os 30 dias e sem conserto, pode o consumidor pedir a devolução do produto (logo no 31º dia). Art. 18, § 3° - CDC: O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. Quando se tratar de bem essencial ou defeito que desvaloriza demasiadamente o bem, a troca ou devolução do dinheiro deve ser imediata. O consumidor pode não esperar os 30 dias, caso haja (I) o comprometimento da qualidade ou características do produto ou diminuição do valor ou caso (II) se trate de produto essencial. “Produto essencial” é um conceito vago e deve ser analisado casuisticamente. A doutrina considera que é aquele que é impossível ficar 30 dias sem. FATO VÍCIO GRAVIDADE + - ARTIGOS 12 a 17 18 a 21 BEM LESADO Saúde, vida ou segurança Exclusivamente patrimônio RESPONSÁVEIS Fato do produto: Somente respondem produtor, construtor, importador e fabricante (art. 12, CDC) Vício do produto: Todos respondem (art. 18, CDC). Fato do serviço: todos respondem (art. 14, CDC) Vício do serviço: todos respondem (art. 20, CDC) AULA 06 – GARANTIA, OFERTA E PUBLICIDADE Thiago Coelho (@taj_studies) 1. Garantia - introdução: A garantia trata-se da segurança de que o produto será entregue em perfeito estado. Um dos direitos básicos do consumidor é a proteção contra cláusulas abusivas. Não é possível ceder um produto sem garantia. Há a garantia contratual (dada pelo fornecedor) e a garantia legal, a ser estudada em momento posterior do curso. A garantia contratual vem anexada no produto – prazo que o fabricante assegura de que o produto não dará defeito e, caso ocorra, ocorrerá o conserto e há a possibilidade de uma indenização. Não dar garantia expressa é crime de consumo. Trata-se de um dever (uma obrigação) do fornecedor. O fornecedor tem a obrigação de dar garantia contratual, não podendo se eximir ou exonerar da mesma, ainda que conste no contrato (art. 25, CDC). Garantia estendida não é garantia, mas contrato de seguro. 2. Garantia legal: Prazo dado pela lei para que o fornecedor repare o vício do produto. O fornecedor é obrigado, nesse lapso temporal, a dar qualidade Art. 26 – CDC: O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtosduráveis. A distinção entre “durável” e “não durável” pauta-se na finalidade. Um copo de plástico é um bem não durável (usou, descartou); um copo de vidro, por outro lado, é um bem durável. Se o vício é aparente, a garantia legal e contratual passam a correr juntas. A contagem do prazo decadencial para vícios oculto e aparente é distinta. Aparente: 30 ou 90 dias (art. 26, I e II, CDC); Oculto: Inicia-se no momento em que ficar evidente o defeito (art. 26, § 3º, CDC); Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 26, § 3° - CDC: Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. 3. Oferta e publicidade: A oferta é um mecanismo jurídico público, sendo, portanto, vinculado. Aquele que faz a oferta é obrigado a vender a qualquer um (sem segregação) nas condições impostas anteriormente. Há a oferta publicitária e a oferta não publicitária. A oferta não publicitária é meramente descritiva (ex: “COCO: 2 REAIS”). Art. 30 – CDC: Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Art. 31 – CDC: A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Consoante o art. 31 do CDC, a oferta precisa ser clara, ostensiva, precisa e em língua portuguesa. Correta: Condizente com a realidade. Não se pode colocar uma oferta: “show de Leo Santana” e, na prática, era um “show de caixa de som” (inexistente); Clara: A oferta não pode gerar dúvidas interpretativas, dando a correta compreensão da oferta. Ex: Há três manequins em sequência e o anúncio: “o primeiro custa X, o segundo Y e o terceiro, Z”. Gera-se dúvida acerca da especificação do produto pois o preço pode mudar a depender da ordem de análise; Ostensiva: Deve chamar a atenção do consumidor (em destaque, letras maiúsculas, negrito...). Não se pode colocar, por exemplo, 20 reais e, no canto inferior, x12; Precisa: Não se pode colocar, por exemplo, 13x 19,90 (não cabe ao consumidor o ônus de realizar esse cálculo); Thiago Coelho (@taj_studies) Em língua portuguesa: Admite estrangeirismos (“mouse”, “milk-shake”...), porém não ofertas inteiramente em outro idioma ou em outra moeda (deve-se especificar a cotação diária); 4. Técnicas de oferta: No preço do produto na compra parcelada deve aparecer: Total à vista e a prazo; Número e valor das parcelas; Valor do juros; CET: Custo Efetivo Total – é a taxa cobrada sobre crédito ou empréstimo, incluindo todos os encargos, despesas e tributos; (não está totalmente correto, mas consiste no mais próximo do ideal) Enquanto o estabelecimento estiver aberto todos os produtos devem ter preços expostos ao consumidor. Não é permitido, por exemplo, o “preço por direct”. A seguir tem-se um exemplo certo x errado: (preço especificado) (preço não especificado) Tipos de afixação de preços: Thiago Coelho (@taj_studies) ETIQUETA Deve ter a face principal voltada para o consumidor e estar na horizontal. CÓDIGO REFERENCIAL A relação dos códigos e seus respectivos preços devem estar visualmente unidos e próximos dos produtos a que se referem em contraste de cores e em tamanho suficientes que permitam a pronta identificação pelo consumidor. CÓDIGO DE BARRA É obrigatório constar: a) As informações relativas ao preço à vista, características e código do produto deverão estar a ele visualmente unidas; b) As características do item deve compreender o nome, quantidade e demais elementos que o particularizem; c) As informações deverão ser disponibilizadas em etiquetas com caracteres ostensivos e em cores de destaque em relação ao fundo; Equipamentos de leitura ótica devem ser instalados Thiago Coelho (@taj_studies) a cada 15m (violação constante na prática). Os leitores óticos deverão ser indicados por cartazes suspensos que informem a sua localização (“aqui tem leitor ótico” – dificilmente vemos na prática). Preços em bares e restaurantes: A relação de preços deverá ser também afixada, externamente, nas entradas de restaurantes, bares, casas noturnas e similares. Visa- se a evitar um constrangimento do consumidor após entrar no restaurante e, por exemplo, não ter dinheiro suficiente para arcar com o ônus. 5. Publicidade enganosa x abusiva x subliminar: A publicidade enganosa (art. 37, § 1º, CDC) é aquela construída sobre a mentira, sendo que falsidade da informação pode ser total ou parcial, e transmitida na modalidade comissiva ou omissiva. A publicidade abusiva (art. 37, § 2º, CDC) não utiliza-se da falsidade, mas do ardil, da malícia e da desfaçatez para atingir os já aludidos hipervulneráveis (crianças, idosos, analfabetos, etc). Pode também ser assim considerada aquela que explora o medo, o preconceito e incita a violência. A publicidade subliminar traz consigo recado publicitário nas “entrelinhas”. 6. Publicidade: Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 38 – CDC: O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina. O CONAR - Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária - não tem Poder de Polícia (não integra o Estado). Recebe denúncias e caso concorde, recomenda a retirada da publicidade (enganosa, abusiva ou subliminar). Vejamos um exemplo de decisão do CONAR: MÊS/ANO DE JULGAMENTO NOVEMBRO/2017 REPRESENTAÇÃO nº 242/17 AUTOR(A) Bic B ANUNCIANTE Bic Brasil DECISÃO Alteração ANÚNCIO DA FABER CASTEL AFIRMA A QUALIDADE DE SEUS PRODUTOS BASEADA EM PESQUISA, ONDE A MAIORIA DOS PROFESSORES INDICAM A MARCA. A BIC DENUNCIOU A PUBLICADADE COMO ENGANOSA. OBS: A monitoria será dia 21/03 (TER) às 18:30. EXTRA: RESUMOS DOS TEXTOS DISPONIBILIZADOS RESENHA TEXTO – A VIDA PARA CONSUMO/BAUMAN “Um encontro face a face exige o tipo de habilidade social que pode inexistir ou se mostrar inadequado em certas pessoas, e um diálogo sempre significa se expor ao desconhecido: é como se tornar refém do destino” – Bauman. Na introdução do seu livro “A vida para consumo”, Bauman faz um apanhado geral da temática a ser abordada: a transformação do mercado de consumo e o impacto deste nas relações humanas. Primeiramente Bauman discorre sobre a relação existente entre três situações: as postagens em redes sociais, a concorrência de vaga no mercado de trabalho e as políticas restritivas de imigração. Apesar de realidades aparentemente distantes, as três ocasiões compartilham de um nexo: são pessoas vendendo a si mesmas seja pela aceitação social, seja para conseguir um emprego e agradar ao chefe, seja para estar apto suficiente a ingressar em outro território. Thiago Coelho (@taj_studies) Bauman defende a tese de que as fronteiras entre produtor e produto já não são bem definidas, uma vez que, nessa era digital marcada pelo exibicionismo nas redes sociais, o produto é justamente o próprio produtor. Nesse viés, as pessoas buscam a se expor constantemente e não delimitam com precisão as fronteiras entre aquilo que é privado daquilo que é exposto ao público, de modo que aqueles que não participam da dinâmica são “invisíveis” ou “mortos”. Hoje, a invisibilidade para Bauman equivale à morte e consumir equivale ao metabolismo para os seres vivos (“compro,logo sou... um sujeito”). Esse exibicionismo se constata ao narrar o desejo de que algumas crianças, após questionadas sobre o que pretendem ser no futuro: ser famoso – ser desejada por muitos. Os produtores precisam promover uma mercadoria atraente e desejável, sendo, em grande parte, elas mesmas. Daí Bauman destaca a importância do marketing enquanto atividade em que todos estão engajados. O marketing desempenha papel importante na busca do produto satisfazer os desejos do consumidor e este considerar que está pagando um valor justo para tal. “Na sociedade de consumidores, ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria” – Bauman. O autor destaca a mudança paulatina do perfil do consumidor, o qual tem preferido, cada vez mais, o conforto da residência e a evitar os problemas que uma negociação presencial exige (debater com o vendedor, deslocamento, horário determinado, etc). Por isso, as compras on-line têm crescido de maneira absurda em detrimento das compras em lojas físicas (e olha que o texto foi escrito antes da pandemia da Covid-19 que impulsionou esse processo de transição). A troca do vendedor pelo monitor chegou para ficar. O auge do texto de Bauman é o foco nos aplicativos de relacionamento, que ascenderam de forma mais expressiva nos últimos anos. É através desse exemplo que o autor explicita os impactos da IA nas escolhas humanas, contrapondo o presencial com o on-line e demonstrando a fragilidade nas relações humanas. Assim como um produto que não mais satisfaz os interesses dos consumidores é facilmente descartado, as pessoas descartam umas as outras nas relações, negligenciando que uma relação duradoura requer esforço para superar as adversidades (o amor exige ação). A sociedade de consumidores desvaloriza a durabilidade, tratando-a como algo obsoleto, velho e defasado. Em suma, os parceiros são reduzidos ao status de objetos de consumo. Bauman refuta o feitichismo de mercadoria marxista e também a concepção de feitichismo da subjetividade. Na visão do autor, o feitichismo da subjetividade é uma ilusão em razão da resistência de alguns indivíduos às tentativas de objetificá-lo. Mesmo escrito nos anos 1990, muitas abordagens trazidas por Bauman ainda persistem – vide as cláusulas abusivas. Há muito ainda que se fazer para transformar essa realidade. Thiago Coelho (@taj_studies) RESUMO – TEXTO JÚLIO MORAES OLIVEIRA O autor, a partir de citações doutrinárias e análise das modificações inerentes à jurisprudência brasileira, distingue as três teorias que definem o conceito de consumidor. Quem é consumidor trata-se de uma discussão atual. O CDC traz no art. 2º, caput, o conceito padrão de consumidor. O referido diploma também abrange os consumidores por equiparação – coletividade (art. 2º, parágrafo único), vítimas de acidente de consumo (art. 17) e expostos a práticas abusivas (art. 29). O caput do art. 2º traz o conceito de consumidor como sendo a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço como destinatário final. Embora alguns autores sejam relutantes, o encaixe da pessoa jurídica como consumidor já está consolidada (consumidor não é um conceito preso à pessoa física). A expressão “destinatário final” é objeto de debates doutrinários, uma vez que o direito não é matemática e a visão positivista de que “na clareza cessa a interpretação” não apresenta mais credibilidade. A mera subsunção não responde às lacunas do ordenamento jurídico. Ninguém é consumidor, mas está consumidor. O Código de Defesa do Consumidor é um código que regula as relações entre diferentes, tutelando o vulnerável. Cabe ao STJ estabilizar a interpretação das normas infraconstitucionais. TEORIA MAXIMALISTA OU OBJETIVA TEORIA SUBJETIVA OU FINALISTA PURA TEORIA FINALISTA MITIGADA Consumidor é o destinatário final – aquele que usa o bem em benefício próprio, independentemente de servir diretamente a uma atividade profissional (romper a cadeia produtiva). Não importa o que é feito com o produto – se gerará lucro ou não, se gerará uma satisfação pessoal ou não, se gerará um rendimento profissional ou não. Opõe-se à teoria maximalista. A teoria finalista pura retira a relação entre dois profissionais do conceito de consumidor (ambos são fornecedores). O destinatário final é o destinatário fático e econômico do bem ou serviço. Não basta retirar da cadeia A teoria finalista pura não pode ser aplicada de forma pura e com rigor excessivo. O finalismo mitigado ou aprofundado tem como centro o conceito de vulnerabilidade (art. 4º, I, CDC) para definir consumidor. Norte interpretativo: A vulnerabilidade do consumidor intermediário. Thiago Coelho (@taj_studies) O destinatário final é o destinatário fático. O destinatário fático encerra a cadeia produtiva e não reintroduz o produto no mercado. Noção objetiva de consumidor pois o que interessa é o objeto da relação. Conceito de consumidor “mais amplo e justo”. Visão predominante no início da vigência do CDC. Ex: Um caminhoneiro que dirige um único caminhão para prestar serviços é considerado consumidor. Peca ao esvaziar por completo o direito privado, pois quase tudo hoje está inserido no mercado de consumo. Ao extremar a aplicação do conceito de consumidor, perde-se a essência do CDC e o nível da proteção do consumidor hipossuficiente cai. produtiva, sendo necessário não adquirir o bem para uso profissional. Essa interpretação restringe o conceito de consumidor aos que utilizam um produto para consumo próprio. A aquisição de bens com o fim de implementar ou incrementar a atividade negocial não se reputa como relação de consumo e sim como atividade de consumo intermediária. É de suma importância à verificação da finalidade dada ao produto. Ex: Um caminhoneiro que dirige um único caminhão para prestar serviços não é considerado consumidor (uso profissional). Ex: Um hospital que utilizou água para consumo próprio é consumidor. Caso use para fins profissionais, não é consumidor. Até 2005, a teoria maximalista era predominante. Neste ano, o debate acerca do conceito de consumidor foi reintroduzido. Com isso, o conceito subjetivo ou finalista de consumidor passou a ser adotada de forma expressiva. Essa teoria pecou ao desconsiderar a hipossuficiência de Ex: Um caminhoneiro que dirige um único caminhão para prestar serviços, sendo este o meio de sua subsistência, é considerado consumidor. Um defeito no veículo, por exemplo, traz à tona a condição de vulnerabilidade desse profissional. A teoria finalista aprofundada é mais madura e mais justa, voltando-se para o exame do caso concreto (análise casuística). Obtenção de maior equilíbrio entre a lei e a coerência do nosso ordenamento jurídico. Thiago Coelho (@taj_studies) determinadas pessoas jurídicas. Com isso, ocorreu um abrandamento da teoria finalista, utilizando-se a vulnerabilidade como elemento caracterizador do consumidor pessoa jurídica. RESENHA – DIREITO DO CONSUMIDOR E DIREITO DO TRABALHO/ FLÁVIA MARIMPIETRI A partir da decadência do liberalismo do século XIX, passou-se a pensar na criação de microssistemas jurídicos de proteção às partes mais frágeis das relações jurídicas, tendo em vista a diversidade de abusos frequentes sob o cunho absoluto da pacta sunt servanda. Neste artigo, Flávia Marimpietri visa a demonstrar a proximidade entre o Direito do Consumidor e o Direito do Trabalho, os quais apresentam a mesma raiz axiológica, traduzida na semelhança de regras e princípios. Os princípios, aplicados a partir do método do sopesamento, criam regras e auxiliam na interpretação desses microssistemas jurídicos. DIREITO DO CONSUMIDOR DIREITO DO TRABALHO Surge inspirado nas lutas promovidas pelo movimento sindical (futuroDireito do Trabalho). Ascende no Brasil a partir da década de 1960, quando surgem as primeiras entidades de proteção ao consumidor, tais como o PROCOM do estado de São Paulo. A Bahia implantou o seu PROCOM em 1987. Principal diploma: Código de Defesa do Consumidor (CDC). Precede o Direito do Consumidor. Principal diploma: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Thiago Coelho (@taj_studies) Ordenamento autônomo. Busca pela igualdade substancial das partes. Vigência do princípio da boa-fé objetiva. Há a manifestação da condição de vulnerabilidade* do consumidor frente ao fornecedor. Responsabilidade solidária dos fornecedores – todos aqueles que participam da cadeia produtiva (salvo exceções previstas no art. 12 do CDC). Inversão do ônus da prova que, como regra, deve ser alegada. Princípio do in dubio pro consumidor – na dúvida, opta-se pela interpretação mais favorável ao consumidor. Princípio da conservação dos contratos. Ordenamento autônomo. Busca pela igualdade substancial das partes. Vigência do princípio da boa-fé objetiva. Há a manifestação da condição de vulnerabilidade do trabalhador frente ao empregador. Responsabilidade solidária dos empregadores. Inversão do ônus da prova que, como regra, aplica-se de forma automática. Princípio do in dubio pro operário – na dúvida, opta-se pela interpretação mais favorável ao trabalhador. Correspondente: princípio da continuidade da relação de emprego. *"(...)na seara consumerista, vulnerabilidade não se confunde com hipossufisciência. A primeira é geral, ampla, e característica de todos aqueles que face à relação jurídica material, encontram-se em desvantagem; já a segunda, é restrita à aqueles que possuem hipo(pouca) suficiência para prova judicial de seus direitos, vale dizer, não possuem condições técnicas, jurídicas ou econômicas para fazerem prova adequada e conclusiva a respeito dos seus direitos” – MARIMPIETRI, Flávia. Em suma, a hipossuficiência é constatada a luz do caso concreto e não se estende a todo e qualquer consumidor; a vulnerabilidade trata-se de uma presunção absoluta (seja econômica, técnica, informacional ou social). Thiago Coelho (@taj_studies) RESENHA – CONCEITOS E DIREITOS BÁSICOS DO DIREITO DO CONSUMIDOR (ALICE WISNIEWSKI E IURI BOLESINA) “adentrando aos direitos básicos do consumidor (...) a exigência que tem a lei com a igualdade nas relações de consumo: o consumidor deve dispor de facilitação, ajuda, proteção, conhecimento, informação e assistência”. HISTÓRIA DO DIREITO DO CONSUMIDOR Antigas civilizações: troca/escambo – limitava a circulação de mercadorias pois nem sempre a outra parte se interessava pelo produto envolvido na troca; Inserção da moeda no mercado de trabalho facilitou as trocas; Revolução Industrial intensifica o mercado de trabalho e de consumo; Meados do século XX: ascensão dos direitos humanos e do consumidor; Busca por criar leis em prol da defesa dos hipossuficientes; Criação de leis ao redor do mundo voltadas para a proteção de coletividades; Papel de John Kennedy nesse processo; 1973: direitos básicos/mínimos do consumidor são reconhecidos pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas; Resolução 39/248 (1985) da Assembleia Geral da ONU: estabelece padrões internacionais de defesa do consumidor, norteando os países; DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL Vigência do Código Criminal de 1830: práticas abusivas e enganosas eram punidas com a pena de morte; Lei 1.521/51: passou a prever crimes contra o consumidor; Ascensão da preocupação com o consumidor na década de 70; Surgimento de órgãos como o PROCON; Democratização do conhecimento de direitos a partir do Plano Cruzado; Promulgação da CF/88: é dever do Estado garantir a defesa do consumidor; CDC promulgado em 1990, permanecendo em vigor até os dias atuais; Thiago Coelho (@taj_studies) CONCEITOS Elementos subjetivos da relação de consumo: consumidor e fornecedor; Elementos objetivos da relação de consumo: produto e serviço; Consumidor: padrão + por equiparação; Debate do conceito de “destinatário final” (art. 2º, caput, CDC) entre minimalistas e maximalistas; Fornecedor: pessoa física/jurídica/ente despersonalizado + atua no mercado de consumo + caráter profissional + fim lucrativo + habitualidade; Entes despersonalizados: vendedores ambulantes; Presença da cadeia de fornecedores – cada um é importante na rede; Produto: bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Produto se relaciona com bem – tudo aquilo que é útil e preenche a necessidade do homem; Serviço: toda ação realizada com fins lucrativos que contribui – direta ou indiretamente – para a sustentação do mercado de consumo; DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (art. 6º, CDC) Direito à vida, saúde e segurança – saúde no sentido amplo, contemplando a esfera mental; Direito à educação para consumo; Direito à informação; Direito à proteção contra publicidade enganosa ou abusiva; Direito à proteção contratual – retirada da cláusula abusiva (antes do contrato); revisão ou resolução contratual (depois de firmado o contrato); Direito à prevenção e reparação de danos; Direito à proteção jurídica, administrativa e técnica; Direito à facilitação e inversão do ônus da prova (verossimilhança ou hipossuficiência); Direito aos serviços públicos – EMBASA, COELBA, BahiaGás (relação de consumo com o Estado); RESENHA: RESPONSABILIDADE JURÍDICA DO FORNECEDOR RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR REGRA GERAL EXCEÇÕES A responsabilidade do fornecedor é objetiva e solidária. Evidenciam a desconstituição do nexo de causalidade. Thiago Coelho (@taj_studies) Na prática, todos que integram a cadeia produtiva respondem, sem a necessidade de se comprovar dolo/culpa. O consumidor tem a obrigação de apenas demonstrar o dano e o nexo causal (teoria do risco negocial). Fala-se em responsabilidade objetiva comum, onde é levada em conta a ação ou omissão do agente. Profissionais liberais (art. 14, § 4º), desde que no exercício autônomo e habitual de suas funções: responsabilidade subjetiva (dolo/culpa); Exceção da responsabilidade solidária: art. 12, CDC – solidariedade restrita pois limitada ao fabricante, construtor, importador e produtor (o comerciante responde de forma subsidiária); EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE DOUTRINÁRIAS LEGAIS (art. 12 e art. 14, § 3º, CDC) Força maior: Evento não previsível geralmente associado à força da natureza; Caso fortuito: Só exclui responsabilidade o caso fortuito interno – evento estranho à atividade desenvolvida (ex: assalto em farmácia exclui responsabilidade do fornecedor; em banco, não); Alguns países da Europa adotam como excludente, também, a teoria do risco do desenvolvimento, ou seja, riscos constatados após o ingresso do produto ou serviço no mercado. O Brasil não adota tal teoria por considerar uma afronta à proteção do vulnerável e a obrigação do recall (art. 10, CDC). A não colocação do produto no mercado (ex: carga de medicamentos roubada que chega à farmácia de forma clandestina); Inexistência do defeito (ex: o consumidor não lê o manual e acha que o produto está defeituoso); Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (ex: o consumidor coloca o celular em baixo d’água); Thiago Coelho (@taj_studies) FATO VÍCIO GRAVIDADE + - ARTIGOS 12 a 17 18 a 21 BEM LESADO Saúde, vida ou segurança Exclusivamente patrimônio RESPONSÁVEIS Fato do produto (obrigação de segurança): Somente respondem produtor, construtor, importador e fabricante(art. 12, CDC) Vício do produto: Todos respondem (art. 18, CDC). Fato do serviço: todos respondem (art. 14, CDC) Vício do serviço: todos respondem (art. 20, CDC) EXEMPLO Consumidor que toma um suco envenenado (pode ter prejuízos patrimoniais, como a despesa com remédios, contudo, o dano é, majoritariamente, à saúde) Consumidor compra suco de 1L e, ao chegar em casa, percebe que a garrafa só tem 700mL. COMERCIANTE FATO VÍCIO O comerciante responde por fato do serviço, mas não responde por fato do produto. O comerciante só responde pelo fato do produto quando: Se tratar de produto perecível não conservado adequadamente ou Quando os indicados no art. 12 (demais membros da cadeia) não puderem ser identificados. O comerciante responde, como regra, pelo vício do produto em venda in natura, somente não se responsabilizando quando o produtor estiver claramente identificado no produto. Ex: Comerciante que vende mel de abelhas sem identificação do produtor, responde perante o consumidor; só não responderá, se o produtor estiver claramente identificado no produto. Thiago Coelho (@taj_studies) No que tange ao produto viciado, o fornecedor tem 30 dias para reparar o vício ou, por mera liberalidade, pode promover a troca imediata. Passado os 30 dias, pode o consumidor optar: Pela devolução do dinheiro; Pela troca do produto por outro similar ou da mesma espécie; Pelo abatimento proporcional do preço; Esse prazo de 30 dias pode ser afastado quando se tratar de bem essencial (aquele que o consumidor não pode esperar 30 dias sem) ou quando o conserto prejudicar demais o valor de mercado do produto. É importante notar que o prazo de 30 dias pode, por meio de acordo das partes, ser diminuído ou amentado, entre os limites de 7 a 180 dias (parágrafo 2º). EXERCÍCIO: 1. Em que consiste a teoria do risco do desenvolvimento? O CDC brasileiro admite? Justifique A teoria do risco do desenvolvimento, adotada por países europeus, baseia-se na possibilidade de exclusão da responsabilidade do fornecedor após fato superveniente à colocação do produto no mercado. O Brasil não adota tal teoria, considerando-a uma violação à proteção ao vulnerável e ao dever do recall (art. 10, CDC). 2. Quais as excludentes de responsabilidade do CDC? O CDC admite, expressamente, três excludentes de responsabilidade: a não colocação do produto no mercado, a inexistência de defeito e a culpa exclusiva do consumidor (ou de terceiro). 3. O que caracteriza a responsabilidade pelo fato do produto? A responsabilidade pelo fato é mais grave em comparação ao vício, por atingir bens jurídicos como a vida, a saúde e a segurança. No que tange ao fato do produto só respondem o fornecedor, produtor, construtor e importador. O comerciante só virá a responder no caso de produto perecível ou caso não seja possível identificar nenhum dos supracitados. Thiago Coelho (@taj_studies) RESENHA - TEXTO “PUBLICIDADE, OFERTA DE CRÉDITO E SUPERENDIVIDAMENTO DOS CONSUMIDORES” – FLÁVIA MARIMPETRI Era da globalização: sociedade cada vez mais consumista, confundindo necessidades com desejos. Consumir por consumir em prol de felicidade e reconhecimento social; Há uma segregação nítida atualmente em razão da escassez de bens considerados valiosos (feitichismo da mercadoria): aqueles que podem adquirir (céu) x aqueles que não possuem (inferno); Nessa era do consumismo, muitos indivíduos vivenciam um cenário de superendividamento – um ciclo vicioso de dilapidação do patrimônio visando a felicidades momentâneas; Tal ciclo vicioso gera dívidas e angústias (prejuízos patrimoniais e de saúde). A título exemplificativo pode-se citar o rótulo de “fracassado” e “desonesto” no que tange aos consumidores endividados que agiram por boa-fé; Destaque atualmente para os shoppings centers – preferência de entretenimento; Essa confusão entre necessidade e desejo é influenciada pela mídia estimuladora do consumismo; Alerta: O vazio existencial jamais será preenchido com bolsas, celulares e carros. Necessidades não devem se confundir com desejos; Deve-se pensar em estratégias para deixar os consumidores aconselhados e advertidos quanto aos riscos de um contrato de crédito, uma vez que, em um número significativo de ocasiões, a vontade manifestada é viciada pela publicidade, pelo consumismo ou por questões econômicas; É crucial educação financeira, isto é, apoiar o consumidor para reorganizar e planejar a sua vida financeira, o que não significa dar um passe livre ao “calote”; A publicidade e a oferta devem conter informações claras, precisas, adequadas e completas aos consumidores. Essa é a teoria presente em ordenamentos jurídicos latinos – como o brasileiro e o argentino; na prática, a realidade é completamente diferente; Prática discriminatória: muitas empresas (como bancos) não contratam ou demitem funcionários possuidores de CPF inscrito em órgãos de proteção ao crédito, sem ao menos analisar a situação e dar a oportunidade do trabalhador se manifestar; É mister o respeito e efetividade das normas consumeristas para consecução de uma política de não endividamento do consumidor, e penalização dos fornecedores que cometem práticas claramente abusivas para consecução do seu objetivo de lucro. Tal política dialoga com os princípios da vulnerabilidade, da boa-fé objetiva e da harmonização dos interesses dos partícipes da relação de consumo. Harmonização: Não é interessante ao fornecedor aniquilar totalmente a capacidade de compra do consumidor, tendo em vista a possibilidade de um caos no mercado de Thiago Coelho (@taj_studies) consumo. O fornecedor também deve ser um interessado nessa política de proteção ao consumidor. Consoante Flávia Marimpetri, “consumidores e fornecedores são diferentes lados de uma mesma moeda”; Thiago Coelho – T5A 2023.1 (@taj_studies) MONITORIA I – DIREITO DO CONSUMIDOR/ VINICIUS BELMONTE E CAIO RESCALA (21/03) IDEIAS INTRODUTÓRIAS O Direito do Consumidor dialoga com diversos ramos do Direito, tais como: O Direito Administrativo, tendo em vista os direitos básicos do consumidor; O Direito Civil, tendo em vista responsabilidade do fornecedor; O Direito Penal, tendo em vista as infrações penais consumeristas; CONSUMIDOR (CONCEITO PADRÃO) Art. 2º, caput, CDC; Toda pessoa física ou jurídica que consome (adquire ou utiliza) na qualidade de destinatário final; Consumidor standard ou em stricto sensu; Ex: Cabelereira que, tendo seu secador no salão de beleza, adquire outro secador para seu uso pessoal ou da sua família; CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO Coletividade (art. 2º, parágrafo único, CDC). Ex: Uma família que reside conjuntamente e é afetada pela contratação do fornecimento de energia elétrica; Vítima de acidente de consumo (art. 17, CDC). Ex: Pessoa que compra uma maionese e fornece para um amigo. O amigo passa mal pois a maionese estava estragada; Expostos a práticas abusivas (art. 29, CDC). Ex: Condicionar o fornecimento de produto ou serviço ao fornecimento de outro produto (venda casada); ATENÇÃO: A exposição concreta ao perigo de lesão à vida, à saúde e à segurança, por si só, já configura o acidente de Thiago Coelho (@taj_studies) consumo (não é necessária a consumação). Ex: Um incêndio na casa de B por conta da explosão de uma TV atinge a casa de C, mas C consegue fugir. C é consumidor por equiparação conforme o art. 17, CDC; TEORIAS CONSUMERISTAS Finalismo puro (teoria subjetiva): Conceito restritivo de “destinatário final” (fático e econômico). Analisa-se o fim da utilização do produto. Ex: Dono de uma frota de táxis é considerado fornecedor; Maximalismo (teoria objetiva): Conceito extensivo de “destinatáriofinal” – fático. Ex: Dono de uma frota de táxis é considerado consumidor; Finalismo mitigado ou aprofundado: Mitiga o finalismo puro, admitindo, desde que comprovada a hipossuficiência in concreto, a inserção da pessoa jurídica enquanto consumidor. Teoria que mais se adequa à realidade vigente; FORNECEDOR Art. 3º, caput, CDC; Habitualidade + desenvolvimento de atividade econômica; Atenção: O fornecedor responsabilizado in concreto tem o direito à ação de regresso na vara cível contra os demais fornecedores responsáveis (art. 13, parágrafo único, CDC); PRODUTO E SERVIÇO Produto: Art. 3º, § 1º, CDC; Serviço: Art. 3º, § 2º, CDC; PRINCÍPIOS Boa-fé objetiva: Padrão ético de conduta cuja função supletiva gera deveres anexos; Vulnerabilidade: Presunção absoluta de estar em situação de desigualdade (estar inferiorizado) – social, técnica, jurídica ou informacional; Hipervulnerabilidade: Mais vulneráveis entre os vulneráveis – crianças, idosos e analfabetos; Hipossuficiência: Dificuldade de se produzir provas em juízo. Nem todo consumidor é hipossuficiente; Informação: Necessidade de demonstrar informações relevantes sobre o produto/serviço. Engloba os direitos de informar, de se informar e de ser informado; Vinculação da oferta: Garante ao consumidor a possibilidade de exigir que o fornecedor se vincule à sua oferta; caso contrário, pode o consumidor entrar com uma ação exigindo uma obrigação de fazer. Erros grosseiros mitigam a vinculação da oferta (a oferta não pode violar Thiago Coelho (@taj_studies) outros princípios, tais como a boa-fé objetiva); Transparência: Decorre do princípio da informação. Tal informação deve listar todos os elementos imprescindíveis do produto/serviço de forma clara, direta, objetiva; Interpretação pró-consumidor: “In dubio pro reo” da seara consumerista (na dúvida, o consumidor tem razão); Harmonização dos interesses: Equilíbrio dos direitos e deveres dos dois polos envolvidos na relação de consumo (cooperação); DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR Direito à vida, saúde e segurança – saúde no sentido amplo, contemplando a esfera mental; Direito à educação para consumo; Direito à informação; Direito à proteção contra publicidade enganosa ou abusiva; Direito à proteção contratual – retirada da cláusula abusiva (antes do contrato); revisão ou resolução contratual (depois de firmado o contrato); Direito à prevenção e reparação de danos; Direito à proteção jurídica, administrativa e técnica; Direito à facilitação e inversão do ônus da prova: Ope iudicis (art. 6º, VIII, CDC): Verossimilhança da alegação ou hipossuficiência; Ope legis (art. 38, CDC): Veracidade e correção da informação cabe a quem patrocina a campanha publicitária (ao fornecedor); Direito aos serviços públicos – EMBASA, COELBA, BahiaGás (relação de consumo com o Estado); DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR – INFORMAÇÕES RELEVANTES Destaque: vida, saúde e segurança (art. 6º, I, CDC); Os produtos devem ser acessíveis aos consumidores e não devem gerar riscos à vida, à saúde e à segurança do consumidor; Os produtos considerados nocivos (como os venenos, por exemplo) devem conter especificações para o seu uso; Com a constatação posterior de alta periculosidade, deve- se realizar o mecanismo do recall e o fornecedor deve informar imediatamente por meio de anúncios diversos; A presença de uma cláusula abusiva enseja à possibilidade de revisão contratual (princípio da conservação dos contratos). A resolução contratual é a exceção; Thiago Coelho (@taj_studies) A inversão do ônus da prova não ocorre de imediato, sendo necessária a constatação da verossimilhança ou da hipossuficiência; PUBLICIDADE Enganosa: Não verídica, falsa, pautada em uma mentira; Abusiva: Incita o ódio, a violência, o preconceito, a discriminação, geralmente atingindo os hipervulneráveis; Subliminar: Não captada pelo consciente – está nas “entrelinhas”; RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR – REGRAS Regra: Responsabilidade objetiva e solidária (o consumidor só deve provar o nexo de causalidade entre autor e fato); Exceção à responsabilidade objetiva: Profissionais liberais (autonomia e habitualidade) respondem subjetivamente (dolo/culpa); Exceção à responsabilidade solidária: Responsabilidade pelo fato do produto – comerciantes respondem subsidiariamente. Os comerciantes podem vir a responder no caso de produtos perecíveis ou quando não identificados/especificados os demais membros da cadeia produtiva (exceção da exceção); EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR Doutrinários: Força maior: Geralmente fenômeno da natureza. Ex: Uma chuva forte que destrói um produto; Caso fortuito: Somente o caso fortuito externo (estranho ao exercício da atividade). Ex: Assalto em farmácia; Legais (art. 12, § 3º, CDC): Não colocação do produto no mercado; Inexistência de defeito; Culpa exclusiva de consumidor ou terceiro; Thiago Coelho (@taj_studies) RESPONSABILIDADE DO... FATO VÍCIO GRAVIDADE + - ARTIGOS 12 a 17 18 a 21 BEM LESADO Saúde, vida ou segurança Exclusivamente patrimônio RESPONSÁVEIS Fato do produto (obrigação de segurança): Somente respondem produtor, construtor, importador e fabricante (art. 12, CDC) Vício do produto: Todos respondem (art. 18, CDC). Fato do serviço: todos respondem (art. 14, CDC) Vício do serviço: todos respondem (art. 20, CDC) EXEMPLO Consumidor que toma um suco envenenado (pode ter prejuízos patrimoniais, como a despesa com remédios, contudo, o dano é, majoritariamente, à saúde) Consumidor compra suco de 1L e, ao chegar em casa, percebe que a garrafa só tem 700mL. CLÁUSULA-PRAZO Identificado o vício, o fornecedor tem 30 dias para repará- lo, salvo nas seguintes hipóteses: (I) produto essencial (geladeira, água, energia, fogão,...) ou (II) o reparo for considerado pouco provável ou que comprometa a qualidade/valor de mercado do bem; Só vale uma única vez. Se o fornecedor abdicar dos 30 dias, devolvendo em um tempo menor (20 dias, por exemplo), haverá preclusão; As partes previamente podem aumentar ou diminuir o prazo de 30 dias entre 7 e 180 dias; Passado os 30 dias sem reparação, pode o consumidor: (I) solicitar a restituição da quantia paga, (II) solicitar a troca do produto ou (III) solicitar a devolução com abatimento do preço; GARANTIAS Garantia legal é a expressa em lei; Garantia contratual é uma obrigação do fornecedor, sob pena de configurar crime de consumo caso não cumprida; Decadência do vício aparente: Começa a contar a partir do momento da tradição do bem e dura por: 30 dias (bem não durável); 90 dias (bem durável); Thiago Coelho (@taj_studies) Decadência do vício oculto: Inicia quando identificado o vício; Garantia estendida não é garantia, mas contrato de seguro. Trata-se de um valor opcional pago pelo consumidor (não pode ser imposto, já que, caso seja, trata-se de uma prática abusiva); OFERTA A oferta deve ser correta, clara, ostensiva, precisa e em língua portuguesa; INICIAR AS RESPOSTAS COM A RELAÇÃO DE CONSUMO E CITAR OS ARTIGOS DE FORMA DETALHADA (CAPUT, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO...) NAS RESPOSTAS É FUNDAMENTAL!!! Thiago Coelho – T5A 2023.1 @taj_studies AULA 07 – PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS 1. Práticas comerciais abusivas (art. 39, CDC): SEÇÃO IV Das Práticas Abusivas Art. 39 – CDC: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como,
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