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Aula 9 - Dano e Responsabilidades Ambientais Civil, Administrativa e Criminal

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Direito Ambiental
Aula 9: Dano e Responsabilidades Ambientais – Civil,
Administrativa e Criminal
Apresentação
Nesta aula, estudaremos o conceito de dano e as diferenças entre o dano comum e o dano ambiental, uma vez que este
último possui peculiaridades próprias.
Também abordaremos as formas de responsabilidade para a pessoa física ou jurídica, de direito público ou de direito
privado, que, direta ou indiretamente, degrada o bem ambiental. Há três tipos de responsabilidade para aquele que comete
dano ao meio ambiente, a saber: responsabilidade civil ambiental; responsabilidade penal ambiental; e responsabilidade
administrativa, as quais podem ocorrer de modo individual ou cumulativo. Nesta aula, analisaremos cada uma delas
separadamente.
Objetivos
Descrever o conceito de dano;
Analisar as peculiaridades do dano ambiental;
Identi�car as formas de responsabilidade ambiental e compreender a diferença entre a responsabilidade civil do
agente que degrada o meio ambiente, assim como a responsabilidade penal e administrativa.
 Dano Ambiental
O dano tem sua origem no latim damnum, signi�ca todo mal ou ofensa que tenha uma pessoa causado a outrem, da qual
possa resultar uma deterioração ou destruição à coisa dele ou um prejuízo a seu patrimônio. É toda lesão causada a um bem
jurídico tutelado, ofensa a bens ou interesses alheios protegidos pela ordem jurídica. O dano decorre da violação de um
interesse juridicamente protegido.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
O dano causado ao meio ambiente está ligado à racionalidade do desenvolvimento econômico do Estado, fruto de uma
sociedade industrializada. Efeito estufa, mudanças climáticas, desastres naturais e danos invisíveis são nitidamente sinais de
que a ação humana está destruindo os recursos naturais de maneira desastrosa.
O meio ambiente é um direito difuso, diretamente ligado à qualidade de vida, em que o indivíduo tem o direito de usufruir do
bem ambiental de forma a preservá-lo para as presentes e futuras gerações. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é
um direito fundamental, que garante a qualidade de vida de todos e está vinculado ao Princípio da Dignidade da Pessoa
Humana, conforme disposto no Art. 3º, inciso III, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88).
Comentário
Como vimos na aula passada, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938/1981, em seu Art. 3º, inciso I, além de
conceituar meio ambiente como sendo o conjunto de condições, leis, in�uências e interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, também conceituou degradação da qualidade ambiental ,
poluição e poluidor , em seus incisos II, III e IV, respectivamente.
1
2 3
Simpli�cando, degradação ambiental é qualquer alteração adversa das
características do meio ambiente. Poluição é uma forma de degradação
ambiental, e poluidor é a pessoa física ou jurídica que provoca degradação
ao meio ambiente.
No ordenamento jurídico nacional não há uma de�nição expressa do termo dano ambiental; então, utilizam-se como de�nição
os termos degradação da qualidade ambiental, poluição e poluidor.
No Direito Ambiental, o bem jurídico protegido consiste no meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito de todos,
conforme disposto no Art. 225, caput, da Constituição Federal de 1988.
CRFB, Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, 1988.)
https://estacio.webaula.com.br/cursos/don057/aula9.html
https://estacio.webaula.com.br/cursos/don057/aula9.html
https://estacio.webaula.com.br/cursos/don057/aula9.html
Saiba mais
Milaré (2018) escreve que dano ambiental é “toda interferência antrópica in�igida ao patrimônio ambiental (natural, cultural,
arti�cial) capaz de desencadear, imediata ou potencialmente, perturbações desfavoráveis (in pejus) ao equilíbrio ecológico, à sadia
qualidade de vida, ou a quaisquer outros valores coletivos ou de pessoas”. O autor apresenta características diferentes do dano
tradicional, sobretudo porque é considerado um bem de uso comum do povo, incorpóreo, imaterial, autônomo e insuscetível de
apropriação exclusiva.
O dano ao meio ambiente apresenta certas especi�cidades. São elas:
1 As consequências decorrentes da lesão ambiental são, via de regra, irreversíveis, podendo ter seus efeitos expandidospara além da delimitação territorial de um Estado.
2 A limitação de sua extensão e a quanti�cação do quantum reparatório é uma tarefa complexa e difícil, justamente emfunção do caráter difuso, transfronteiriço e irreversível dos danos ambientais.
O dano ao meio ambiente apresenta características próprias, pois as consequências decorrentes da lesão ambiental são, via de
regra, irreversíveis, podendo ter seus efeitos expandidos para além da delimitação territorial de um Estado. Além disso, porque
a limitação de sua extensão e a quanti�cação do quantum reparatório é uma tarefa complexa e difícil, justamente em função do
caráter difuso, transfronteiriço e irreversível dos danos ambientais.
Características do dano ambiental
1
Ênfase na prevenção
em vez da reparação: o objetivo aqui é evitar que o dano
ambiental ocorra.
2
Indeterminação das vítimas
como o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, o
dano ambiental se caracteriza pela pulverização de vítimas,
isto é, ele afeta uma pluralidade difusa de vítimas.
3
Efeitos transfronteiriços
muitas vezes, quando há dano ao meio ambiente, este pode
extrapolar a fronteira de um município, estado ou até mesmo
país.
4
Di�culdade em sua valorização
o meio ambiente por ser um bem difuso; não há como se ter
uma concreta valoração econômica ou �nanceira.
 Dano ambiental segundo sua dimensão e segundo a natureza do interesse lesado
 Clique no botão acima.
Dano ambiental segundo sua dimensão e segundo a natureza do interesse
lesado
Esse tipo de dano pode ser:
coletivo; ou
individual.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº 9.638/81, em seu Art. 14, §1°, consagra o dano e a
responsabilidade ambiental. Destaca a norma que, “sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”. Na parte da redação do texto legal que diz “a indenizar ou reparar
os danos causados ao meio ambiente e a terceiros”, claramente se reconhecem as modalidades de dano ambiental
individual e coletivo.
Lei nº 9.638/81, Art. 14: Sem prejuízo das penalidades de�nidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e
danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste Art., é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e
a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. (BRASIL, 1981.)
O dano ambiental ocorre quando há lesão a um bem ambiental, mas também pode afetar interesses pessoais,
legitimando, assim, as pessoas lesadas a uma reparação pelos prejuízos patrimoniais ou extrapatrimoniais que lhe
foram causados.
Segundo Milaré (2018),
isso signi�ca dizer que o dano ambiental, embora sempre recaia diretamente sobre o ambiente e os
recursos e elementos que o compõem, em prejuízo da coletividade, pode, em certos casos, re�etir-se,
material ou moralmente, sobre o patrimônio, os interesses ou a saúde de uma certa pessoa ou de um
grupo de pessoas determinadas ou determináveis. (MILARÉ, 2018.)
Dano ambiental coletivoOcorre quando a degradação ao bem ambiental afeta o interesse da coletividade, uma vez que é um “bem de uso
comum do povo”, conforme estabelecido no Art. 225, caput, da Constituição Federal, sendo ainda de natureza difusa,
atingindo um número indeterminado de pessoas.
Como exemplo de dano ambiental coletivo temos os dois maiores desastres ambientais do país:
05 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco, no distrito de Bento
Rodrigues, município de Mariana, Minas Gerais, destruiu várias localidades, atingiu o rio doce e seus a�uentes,
bem como toda a biodiversidade local. A grandiosidade da devastação ambiental foi tamanha que chegou ao
estado do Espírito Santo, até alcançar o mar. A barragem continha cerca de 56,6 milhões de metros cúbicos de
lama de rejeito, dos quais vazaram 43,7 milhões. Foi o maior desastre ambiental do Brasil. Um mês após a
devastação ambiental, foram retiradas 11 toneladas de peixes mortos, dessas, oito toneladas estavam em Minas
e três no Espírito Santo.
Em 25 de janeiro de 2019, o rompimento da barragem da mina de córrego do Feijão da Mineradora Vale do Rio
Doce devastou toda a biodiversidade da região de Brumadinho, município de Minas Gerais. Mais de 240
pessoas morreram. Centenas �caram sem moradia. É o segundo desastre ambiental fruto de rompimento de
barragens da Vale do Rio Doce no estado de Minas Gerais, em menos de 5 anos.
Dano ambiental individual
Pode ser dar na esfera individual. Trata-se do dano que atinge pessoas certas, por meio de seu patrimônio particular
ou da sua integridade moral. Nesse caso, quando ocorre, o indivíduo tem autorização para exigir a reparação do dano
– seja ela extrapatrimonial, seja patrimonial –, para recompor o prejuízo individual sofrido.
Na catástrofe ambiental de Mariana, fruto do rompimento da barragem de Fundão da mineradora Samarco, localizada
no distrito de Bento Rodrigues, também houve dano ambiental individual: os 43,7 milhões de metros cúbicos de
rejeitos que vazaram deixaram moradores da região sem água e sem trabalho.
Dano ambiental segundo a natureza do interesse lesado
Esse tipo de dano se classi�ca em:
patrimonial; ou
extrapatrimonial ou moral.
Explica Milaré (2018):
Sob o prisma da natureza do interesse lesado, aponta-se o que a doutrina tem chamado de dano
patrimonial ou material – para destacar a lesão ocasionada aos interesses relativos a bens que ensejam
repristinação, reparação ou equivalência econômica –, e dano extrapatrimonial ou moral, para identi�car o
interesse jurídico objeto da lesão que, pela sua própria essência, não enseja uma quanti�cação
econômica. (MILARÉ, 2018.)
Dano patrimonial
Ocorre quando há a obrigação de reparar um bem ambiental que foi degradado. Ele repercute sobre o próprio bem
ambiental, devendo restabelecê-lo ao seu status quo ante (como era antes do dano ou da alteração sofrida), ou ainda
por meio de uma compensação ou indenização. Constituem-se em lesões patrimoniais ao bem ambiental o
desequilíbrio ecológico, a diminuição da qualidade de vida, os incômodos físicos ou lesões à saúde, entre outros.
Dano extrapatrimonial ou moral
Segundo Milaré (2018),
quando um dano patrimonial é cometido, a ocorrência de relevante sentimento coletivo de dor, sofrimento
e/ou frustração resulta na con�guração do dano ambiental extrapatrimonial ou moral. À evidência, esse
dano não decorre da impossibilidade de retorno ao status quo ante, mas, sim, da evidência desses
sentimentos coletivos de dor. (MILARÉ, 2018.)
O dano ambiental moral se identi�ca da mesma forma que o individual, pelo sentimento de dor, constrangimento,
angústia, sofrimento; a diferença é apenas quanto ao titular desses sentimentos: no dano moral individual, o lesado
será o sujeito unitário, ao passo que, no dano moral ambiental, esses sentimentos estão presentes em todos aqueles
que foram afetados pela atividade lesiva ao meio ambiente.
Atenção
Também há o prejuízo extrapatrimonial ou moral no âmbito individual, e, quando ocorre um prejuízo não econômico, o dano ao
meio ambiente está con�gurado na lesão subjetiva.
Dano ambiental futuro
É aquele fruto de um evento imperceptível ao senso comum, “só se revelando quando concretizado em um dano ambiental
propriamente dito, em geral, de dimensões e efeitos catastró�cos e inestimáveis” (MILARÉ, 2018). O dano ambiental futuro
ultrapassa o momento em que ocorreu o dano, pois ele perdura no tempo.
Exemplo
Exemplos desse dano ambiental:
1. O desastre ambiental que ocorreu em 11 de março de 2011 na usina nuclear de Fukushima, no Japão, com o vazamento
de radiação 8 vezes maior do que o limite de segurança permitido. A catástrofe ambiental ocorreu após uma onda gigante,
tsunami, invadir a região. Mesmo tendo passado tanto tempo, a região onde ocorreu o desastre ambiental ainda sofre
com as suas consequências.
2. O rompimento da barragem do Fundão em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, Minas Gerais, degradou tanto o meio
ambiente que até hoje e durante muitos anos a população sentirá os seus efeitos, reverberando, inclusive, para outras
regiões.
3. O rompimento da barragem de córrego de Feijão, em 25 de janeiro de 2019, em Brumadinho, também Minas Gerais,
causou uma devastação ambiental tão gigantesca, que mais de 240 pessoas morreram. Esse dano ambiental perdurará
no tempo e alcançará pessoas e localidades fora do ambiente degradado.
O dano ambiental futuro é diferente do dano ambiental que conseguimos visualizar no nosso dia a dia. O desenvolvimento
tecnológico e o cientí�co, apesar de proporcionarem mais conforto e bem-estar a todos, “�zeram com que os efeitos das ações
humanas ganhassem formas e dimensões, temporais e espaciais, imensuráveis, passando a representar constantes riscos à
incolumidade ambiental, e, por igual, à própria vida do homem” (MILARÉ, 2018).
Comentário
Os danos causados ao meio ambiente poderão ser tutelados por diversos instrumentos jurídicos processuais, com, por
exemplo, a Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85). A Ação Civil Pública – junto com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº
6.938/81) e a Constituição Federal de 1988, Art. 225 – aprimorou a defesa jurisdicional do dano ambiental nacional e facilitou a
responsabilização do agente causador.
Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85)
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por
danos morais e patrimoniais causados:
I - ao meio ambiente;
[...]
IV – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (BRASIL, 1985.)
 Responsabilidade
A palavra responsabilidade tem sua origem etimológica no verbo latino respondere (responder, pagar), de spondeo. Trata-se da
primitiva obrigação de natureza contratual do Direito Romano, pela qual o devedor se vinculava ao credor nos contratos
verbais, havendo a ideia e concepção de responder por algo.
Do ponto de vista jurídico, a ideia de responsabilidade adota um sentido
obrigacional, é a obrigação que tem o autor de um ato ilícito de indenizar a
vítima pelos prejuízos que foram causados a ela.
A regra estabelecida pelo Código Civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, é a da responsabilidade civil subjetiva, em que
deve existir a comprovação de culpa ou dolo do agente causador do dano para que este possa reparar o dano cometido.
Contudo, o Código Civil, sem prejuízo da responsabilidade subjetiva, acrescentou em seu texto legal, no Art. 927, parágrafo
único, a responsabilidade civil objetiva, ou seja, a obrigação de reparar o dano independentemente da existência de dolo ou
culpa, que, como veremos a seguir, é a responsabilidade em que se pauta o Art. 14, §1°, da Lei nº 6.938/81, Política Nacional do
Meio Ambiente.
Assim dispõe a norma civil:
Lei nº 10.406/02, Art. 927.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especi�cados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem. (BRASIL,2002.)
Atenção
A responsabilidade e o dano estão intrinsecamente vinculados. No Direito Ambiental, o dano decorre de uma degradação causada
ao meio ambiente que acarretará na responsabilização ao poluidor, pessoa física ou jurídica, pela lesão produzida.
Responsabilidade ambiental
No Direito Ambiental, o objetivo maior é a prevenção, isto é, não deixar que o dano ambiental ocorra. Não se deve chegar
necessariamente à concretização dele para que, por consequência, haja a responsabilização do agente, até porque, em se
tratando de meio ambiente, o mais importante é impedir que o dano ambiental aconteça.
No pátrio Direito Ambiental, o bem jurídico a ser protegido é o meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo este um
direito de todos, conforme consagrado no Art. 225, caput, da Constituição Federal.
Como visto, a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938/81, foi a primeira norma ambiental a de�nir o conceito de meio
ambiente, degradação ambiental, poluição e poluidor. Assim, qualquer ação ou omissão de pessoa física ou jurídica que cause
degradação ao meio ambiente estará ocasionando um dano ambiental.
A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 225, §3º, estabelece como forma de reparação do dano ambiental três tipos de
responsabilidade, a saber:
Responsabilidade Civil;
Responsabilidade Penal; e
Responsabilidade Administrativa.
Todas elas são independentes e autônomas entre si. Isso signi�ca que, com uma única ação ou omissão, pode-se cometer os
três tipos de ilícitos autônomos e também receber as sanções cominadas para cada uma das responsabilidades ambientais. É
consagrada a regra da cumulatividade das sanções penais, civis e administrativas em sede de Direito Ambiental. Estas, além de
protegerem objetos distintos, estão sujeitas a regimes jurídicos diferentes.
CRFB, Art. 225.
[...]
3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
(BRASIL, 1988.)
A regra contida no Art. 225, § 3º, da Constituição Federal deixa cristalino que, no âmbito da tutela do meio ambiente, as
condutas e atividades consideradas lesivas ao bem ambiental sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Isso está relacionado a perdas e
danos, ou seja, a indenização pelos danos ambientais causados é a base para a responsabilidade civil ambiental.
Portanto haverá responsabilidade na esfera penal, administrativa e civil, sendo esta última de natureza objetiva, sem a
necessidade de exigir comprovação de dolo ou culpa na conduta do agente causador do dano ao meio ambiente.  
Veri�cada a responsabilidade ambiental, a reparação mais indicada é a reconstituição (recuperação) do meio ambiente
agredido, cessando-se a atividade lesiva e revertendo-se a degradação ambiental. Esta, por tentar retornar a situação ambiental
ao seu status quo ante, (como ele era antes do dano ou da alteração sofrida), sem dúvida é a mais almejada; porém muitas
vezes, devido à extensão do dano, a mais difícil de ocorrer, como, por exemplo, o dano ambiental causado com o rompimento
das barragens de Mariana e Brumadinho, é praticamente impossível voltar a natureza destruída ao seu estado anterior.
Apenas quando a recuperação ao status quo ante não for viável é que se admite a indenização em dinheiro.
Para que a responsabilidade ambiental efetivamente ocorra, o principal é a identi�cação dos sujeitos envolvidos. Uma das
formas de garantir uma maior prudência, com vista a evitar a ocorrência de danos ambientais, é impor responsabilidades às
pessoas físicas ou jurídicas cujas atividades possam acarretar lesão ao meio ambiente. Isto é, quando uma atividade provoca
efetivamente dano ambiental, aquele que degrada deve suportar as sanções cabíveis e assumir os custos da reparação.
Con�ra, agora, os principais Princípios Ambientais que coadunam com a responsabilidade ambiental:
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Clique nos botões para ver as informações.
Refere-se à responsabilidade do poluidor, pessoa física ou jurídica, que deverá responder pelos danos causados ao meio
ambiente, por meio de suas ações ou omissões em prejuízo do meio ambiente, �cando sujeito a sanções cíveis, penais ou
administrativas. A responsabilidade ambiental encontra-se amparada no § 3º do Art. 225 da Constituição Federal e ainda
no Art. 14, § 1º, da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), principalmente quando se trata da
responsabilidade civil objetiva.
CRFB, Art. 225, § 3º: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação
de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988.)
PNMA, Lei nº 6.938/91, Art. 14: Sem prejuízo das penalidades de�nidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e
danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
§ 1º: Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste Art., é o poluidor obrigado, independentemente
da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados
por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. (BRASIL, 1981.)
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização 
Quando se fala em responsabilidade civil ambiental, que é objetiva, faz-se imperioso olhar para o Princípio do Poluidor-
Pagador. Por ele, quem polui o meio ambiente deve arcar com as despesas que seu ato produziu. O princípio pretende
internalizar no preço as externalidades produzidas, o que se denomina custo ambiental. Tal expressão refere-se à
imposição ao sujeito causador da lesão ao bem ambiental em sustentar �nanceiramente a diminuição ou o afastamento
do dano.
Esse princípio objetiva também impedir a socialização dos prejuízos decorrentes dos produtos inimigos ao meio
ambiente. A responsabilidade estimula a proteção ao meio ambiente, uma vez que faz o possível poluidor investir na
prevenção do risco ambiental decorrente de sua atividade.
Princípio do Poluidor-Pagador 
A degradação ambiental deve ser prevenida com medidas que a evitem, em vez de se esperar que aconteça o dano
ambiental para depois tentar combatê-lo e, assim, exigir a tutela jurisdicional para sua reparação. É bem mais e�ciente e
barato prevenir danos ambientais do que repará-los, até porque �ca muito difícil fazer com que o meio ambiente volte ao
seu status quo ante.
De maneira prática, esse princípio tem o objetivo de impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, adotando-se
medidas acautelatórias prévias à instalação, obra ou implantação de determinado empreendimento ou atividade
considerada efetiva ou potencialmente poluidora.
Princípio da Prevenção 
 Responsabilidades em Matéria Ambiental
 Clique no botão acima.
Responsabilidades em Matéria Ambiental
É forçoso lembrar que o Direito Ambiental possui três esferas de atuação: preventiva (como exemplo, tem-se o
procedimento administrativo licenciamento ambiental); reparatória (seria a hipótese da responsabilidade civil
ambiental), e repressiva (sanções penais e administrativas). Nesse sentido, a responsabilidade em matéria ambiental
pode ser administrativa, civil e penal (também conhecida como criminal), como veremos a seguir.
Responsabilidade administrativa
A responsabilidade administrativa resulta da infração a normas administrativas, sujeitando o infrator a uma sanção de
natureza também administrativa.  “Toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção,
proteção e recuperação do meio ambiente” consiste em uma infração administrativa ambiental,tornando o infrator
passível a sanções administrativas, conforme Art. 70 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98).
Lei nº 9.605/98, Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole
as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. (BRASIL, 1998.)
A Lei nº 9.605/98, em seu Art. 72 e seus incisos, e o Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008, Art. 3º e incisos,
dispõem sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente – sendo que este último regulamento
também estabelece o processo administrativo federal para apuração dessas infrações. As infrações administrativas
são punidas com as seguintes sanções: advertência; multa simples; multa diária; apreensão dos animais, produtos e
subprodutos da fauna e �ora e instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na
infração; destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou
atividade e suas respectivas áreas; demolição de obra; suspensão parcial ou total das atividades e restritiva de
direitos. 
Lei nº 9.605/98, Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o
disposto no Art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e �ora, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qu class="mb-0"alquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos. (BRASIL, 1998.)
Decreto 6.514/08, Art. 3º: As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e �ora e demais produtos e subprodutos
objeto da infração, in class="mb-0"strumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza
utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total das atividades; e
X - restritiva de direitos.  (BRASIL, 2008.)
A Administração Pública, nos limites de suas competências, exerce o poder administrativo. Entre os poderes, merece
destaque o poder de polícia administrativo ambiental dos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
Um dos instrumentos preventivos da responsabilidade administrativa ambiental é o licenciamento ambiental. Entre os
instrumentos repressivos, tem-se a imposição de sanções administrativas, disciplinadas no Art. 72 da Lei de Crimes
Ambientais (Lei nº 9.605/98).
Responsabilidade civil ambiental
Com o crescente processo de industrialização (fruto do desenvolvimento econômico) e a crise ambiental, houve a
necessidade de uma melhor proteção ao bem ambiental, uma vez que as atividades danosas ao meio ambiente se
proliferam. Nesse sentido, a responsabilidade civil ambiental tem como objetivo traçar os parâmetros para a
veri�cação do dano causado e a responsabilização do agente causador, seja ele pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado.
O Direito Ambiental possui três esferas de atuação, a saber: preventiva, reparatória e repressiva.
Na responsabilidade civil ambiental, tem-se a reparação do dano, que se opera por meio das normas de
responsabilidade civil. A recomposição do dano pode se dar pela obrigação de fazer (status quo ante) ou/e por meio de
uma importância em dinheiro (indenização), que seria a obrigação de dar.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 18 de dezembro de 2018, aprovou a Súmula nº 629, a qual a�rma que o dano
ambiental admite a condenação do réu à obrigação de fazer ou de não fazer cumulando ainda com indenização.
STJ, Súmula 629: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à
de não fazer cumulada com a de indenizar. (STJ, 2018.)
Em matéria ambiental, a responsabilidade civil possui alguns critérios que a diferenciam de outros ramos do Direito.
Isso ocorre porque, normalmente quando há um dano a terceiros, impõe-se a obrigação de repará-lo. Trata-se do
resultado de uma conduta antijurídica, seja de uma ação, seja de uma omissão, em que se origina um prejuízo a ser
ressarcido.
Em sede de responsabilidade civil ambiental, vigora a teoria da responsabilidade civil objetiva, em que “é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente
e a terceiros, afetados por sua atividade”, conforme expressamente prevê o Art. 14, § 1º, da Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA), Lei nº 6.938/81, in verbis:
Lei nº 6.938/81, Art 14 – Sem prejuízo das penalidades de�nidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e
danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:
1º – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado,
independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
(BRASIL, 1981 – grifo do autor.)
Assim, é desnecessária a comprovação de culpa para caracterização da responsabilidade civil, bastando a prova do
dano e o nexo causal para impor ao infrator o dever de indenizar pelo dano a que deu causa.
O nexo causal é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente e o dano. Esclarece Milaré (2018) que, “em
matéria de dano ambiental, a Lei nº 6.938/1981, como dito, ao adotar o regime da responsabilidade civil objetiva,
afasta a investigação e a discussão do elemento interno (dolo ou culpa), mas não prescinde do nexo causal, isto é, da
relação de causa e efeito entre a atividade (= fonte poluidora) e o dano dela advindo. Mesmo porque, impensável
atribuir-se a outrem, alheio ao fato, a obrigação de indenizar um dano a que não deu causa, por ação própria ou de
terceiro pela qual responde”.
Comprovada a lesão ambiental, torna-se indispensável que se estabeleça uma relação de causa e efeito (nexo causal)
entre o comportamento do agente (ação) e o dano dele advindo, sem exigir-se a comprovação de culpa ou dolo.
Existindo dano ambiental, haverá o dever de repará-lo. Essa reparação pode ser recuperação in natura ou restauração
natural do estado anterior (status quo) do bem ambiental afetado; quando não for possível, recairá sobre o poluidor a
indenização com a condenação de um quantum pecuniário (indenização), que é a recomposição efetiva e direta do
ambiente lesado por meio de uma importância em dinheiro por parte do poluidor. Também há na espera ambiental a
reparação através da compensação ambiental, que é uma forma alternativa de reparação. Trata-se de um mecanismo
�nanceiro que visa contrabalançar os impactos ambientais previstos ou que já ocorreram na implantação de um
empreendimento, obra ou atividade.
Recapitulando, a reparação ambiental pode ocorrer de três formas:
recuperação in natura;
indenização (condenação em dinheiro);
compensação ambiental.
A responsabilidade civil também apresenta seus pressupostos, que são:
1. Ação lesiva: a interferência na esfera de valores de outrem, decorrente de ação ou omissão.
2. Dano: pode ser patrimonial ou extrapatrimonial (moral).
3. Nexo causal: consiste na relação de causa e efeito entre o dano e a ação do agente.
É su�ciente a existência da ação lesiva do dano e do nexo com a fonte poluidora ou degradadora para atribuição do
dever de reparação civil, conforme preceitua o Art. 225, § 3º, da Constituição Federal de 1988.
CRFB, Art. 225,§ 3º: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados. (BRASIL, 1988.)
Solidariedade em matéria de responsabilidade civil ambiental
Comentário
Teoria do Risco Integral: É a teoria adotada pela doutrina e jurisprudência ambiental majoritária no que tange à
responsabilidade civil ambiental. Trata-se de uma responsabilidade objetiva agravada, extremada, que não admite a existência
de excludentes do nexo causal, isto é, não se admite falar em culpa exclusiva da vítima, fato de terceiros, caso fortuito ou força
maior.
A Teoria do Risco Integral traz como consequências principais a facilitar o dever ressarcitório:
1. A prescindibilidade de investigação de culpa: isto é, há a desnecessidade de se apurar a culpa do agente causador do
dano ao meio ambiente.
2. A irrelevância da licitude da atividade: uma atividade lícita pode dar causa a um dano ambiental, “assim como uma
atividade ilícita não necessariamente enseja o seu desenlace. É dizer: tão somente a lesividade é su�ciente à
responsabilização do poluidor” (MILARÉ, 2018).
3. A inaplicabilidade de excludentes na danosidade própria ou típica da atividade: é a não aplicação das excludentes:
caso fortuito, força maior, ação exclusiva da vítima, fato de terceiro e o risco do desenvolvimento como fator de
exoneração do dano ambiental, ou seja, o nexo causal deve relacionar o dano (fato) à atividade (que gera risco).
A responsabilidade civil ambiental é objetiva e também solidária, pois todos os causadores do dano ao meio ambiente,
sejam eles diretos, sejam indiretos, respondem pelos prejuízos ocorridos, isto é, a obrigação pode ser reclamada a
qualquer um dos poluidores, e, ainda, independe a sua veri�cação da licitude ou ilicitude da conduta do agente
poluidor.
O STJ assim se manifestou sobre o tema:
Ocorre que é �rme o entendimento jurisprudencial desta Corte de que a responsabilidade pelo dano é
objetiva e solidária, o que afeta a  todos  os agentes que obtiveram proveito da atividade que resultou em
dano ambiental, razão pela qual é de ser restabelecida a sentença que determinara a demolição do imóvel
em questão [...]”.(Embargos de Declaração no Agravo em Recurso Especial n. 
2018/0009736-0. Relator Ministro Mauro Campell Marques. Órgão julgador: Segunda Turma, em
19/06/2018.Publicado em DJe 27/06/2018) (STJ, 2018 – grifo do autor.)
Dessa forma, todos os causadores respondem solidariamente pelos prejuízos ao meio ambiente. Na existência de
múltiplos agentes poluidores, não há obrigatoriedade de todos estarem no polo passivo da demanda, como réus, uma
vez que a responsabilidade é solidária pela reparação integral do dano ambiental. O Art. 275 do Código Civil corrobora
com esse entendimento ao a�rmar que “o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto”.
CC/02, Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou
totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam
obrigados solidariamente pelo resto. (BRASIL, 2002.)
Comentário
Responsabilidade penal ambiental ou responsabilidade criminal
A responsabilidade penal surge com a ocorrência de uma conduta omissiva ou comissiva que, ao violar uma norma de
direito penal, pratica crime ou contravenção penal, �cando o infrator sujeito à pena de perda da liberdade ou à pena
pecuniária.
Os crimes contra o meio ambiente, ou crimes ambientais, só existem na forma de�nida em lei.  O bem jurídico
protegido consiste no meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, conforme previsto
pelo Art. 225, caput, da Constituição Federal, que abrange o meio ambiente natural, cultural e arti�cial.
O Direito Ambiental Criminal possui características próprias. São elas:
Caráter preventivo: está vinculado ao Princípio da Prevenção do Direito Ambiental, que norteia toda a proteção
constitucional do meio ambiente, justi�cando a antecipação da tutela penal: nos crimes de perigo concreto;
principalmente nos crimes de perigo abstrato; nos de mera conduta etc.
Recentemente o STJ editou a Súmula nº 623, a qual estabelece que “as obrigações ambientais possuem natureza propter
rem, sendo admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor”.
Súmula Nº 623: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do
proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. (STJ, 2018.)
O que é uma obrigação de natureza propter rem? A obrigação propter rem signi�ca “por causa da coisa”; obrigação em razão
(propter) da coisa (rem). Trata-se de uma obrigação decorrente do domínio ou da posse de um bem. É uma obrigação
relacionada a um direito real, isto é, a uma determinada coisa da qual o devedor é proprietário ou possuidor.
O STJ possui decisões recentes sobre o tema. São elas:
1. ADMINISTRATIVO. AGRAVO  INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DANO AMBIENTAL.  
DEGRADAÇÃO   DE   ÁREA   DE   PRESERVAÇÃO   PERMANENTE. RESPONSABILIDADE   OBJETIVA  E 
SOLIDÁRIA  ENTRE  O  POSSUIDOR  E  O PROPRIETÁRIO  DO IMÓVEL. OBRIGAÇÃO PROPTER REM.[...]
 Conforme  jurisprudência  deste Superior Tribunal de Justiça, os deveres  associados  às Áreas de Preservação
Permanente têm natureza de  obrigação  propter  rem, ou seja, aderem ao título de domínio ou posse,  podendo 
ser  imputada  tanto  ao  proprietário,  quanto  ao possuidor,  independentemente  de  quem  tenha  sido  o 
causador da degradação ambiental.
(AgInt no AREsp 1031389 / SP. 
Agravo interno no Agravo em Recurso Especial n. 2016/0326576-8. Ministro relator Napoleão Nunes Maia Filho.
Órgão Julgador: Primeira Turma. Data do Julgamento: 13/03/2018. Publicação em: DJe 27/03/2018.) 
2. PROCESSUAL    AGRAVO   INTERNO   SUBMETIDO   AO   ENUNCIADO ADMINISTRATIVO  3/STJ. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. COMINAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER.  INSTITUIÇÃO  DE  RESERVA  LEGAL  EM  IMÓVEL RURAL.
OBRIGAÇÃO "PROPTER  REM".  [...]
É �rme o entendimento desta Corte de que a responsabilidade pela instituição da reserva legal é do proprietário
do imóvel, ainda que não tenha sido ele a cometer a infração ambiental, dada a natureza propter rem da
obrigação.
(AgInt no AREsp 820524 / SP Agravo interno no Agravo em Recurso Especial n. 2015/0284493-0. Ministro relator
Mauro Campbell Marques. Órgão Julgador: Segunda Turma. Data do Julgamento: 28/03/2019. Publicação em:
DJe 05/04/2019.) (STJ, 2018.)
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A Lei de Crimes Ambientais, Lei nº. 9.605/98, tipi�ca os crimes de dano e de perigo.
Caráter repressivo: o caráter repressivo do Direito Ambiental irá efetivar-se somente após a ocorrência do dano
(crimes de dano).
Características do tipo penal ambiental
Ocorrência de normas penais em branco: normas penais em branco são aquelas que necessitam de
complementação advinda de outras normas para que possam ser aplicadas. Essa complementação pode ocorrer
por disposição prevista na mesma lei ou em outra norma jurídica e, ainda, por disposição efetuada a partir de um
ato administrativo emanado pelo poder executivo;
Tipos penais abertos: aqueles que não apresentam uma descrição típica completa e exigem uma atividade
valorativa do julgador.
Atenção
Nem todos os atos lesivos à natureza foram abrangidos pela Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98. Alguns se encontram,
por exemplo, em dispositivos do Código Penal, da Lei de Contravenções Penais, do Código Florestal, da Lei de
Responsabilidade por Atos Relacionados com Atividades Nucleares, da Lei de Agrotóxicos, dentre outros.
Pelo Princípio da Especialidade, as regras contidas na Lei de Crimes Ambientais são especí�cas e prevalecem sobre as regras
gerias existentes no Código Penale no Código de Processo Penal. Porém, quando existe omissão legislativa da Lei de Crimes
Ambientais, haverá aplicação subsidiária do Código Penal (Decreto-lei nº 2.848/1940), do Código de Processo Penal
(Decreto-lei nº 3.689/1941) e do Juizado Especial Criminal (Lei nº 9.099/95).
 Lei de Crimes Ambientais | Lei nº 9.605/98
A Lei nº 9.605/98 foi um avanço para o Direito Ambiental nacional, pois sistematizou as infrações penais ao meio ambiente,
antes previstas em várias leis espaças. A lei, ao ser sancionada, revogou dispositivos, reforçou algumas penalidades existentes,
introduziu inovações e impõs, em determinados casos, mais agilidade ao julgamento dos crimes, prevendo o rito mais célere
dos juizados com a aplicação da Lei nº 9.099/95.
O estudo da Lei de Crimes Ambientais pode ser realizado veri�cando-se a sua parte geral e sua parte especial, da seguinte
forma:
Parte Geral: compreende os Arts. 2º a 28. Apresenta as normas penais e processuais penais gerais, muitas vezes
repetindo redações contidas no Código Penal e no Código de Processo Penal. Em virtude do Princípio da Especialidade,
cria institutos aplicáveis somente aos crimes ambientais;
Parte Especial: indica as infrações penais em espécie.
Saiba mais
Para uma análise da Lei nº 9.605/98 de forma sistêmica e integrada, deve-se levar em conta seus 8 capítulos, a saber:
I. Disposições gerais, Fundamentação e Especi�cidades (Arts. 1° a 5°);
II. Da Aplicação da Pena (Arts. 6° a 24);
III. Da Apreensão dos Produtos e Instrumentos da Infração Administrativa ou de Crime (Art. 25);
IV. Da Ação e do Processo Penal (Arts. 26 a 28);
V. Dos Crimes Contra o Meio Ambiente (Arts. 29 a 69-A):
Dos Crimes contra a Fauna;
Dos Crimes contra a Flora;
Da Poluição e outros Crimes Ambientais;
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural;
Dos Crimes contra a Administração Ambiental.
VI. Da Infração Administrativa (Arts. 70 a 76);
VII. Da Cooperação Internacional para a Preservação do Meio Ambiente (Arts. 77 e 78);
VIII. Das Disposições Finais (Arts. 79 a 82).
Para se veri�car a responsabilidade penal ambiental, é imprescindível a comprovação do elemento subjetivo da conduta do
agente (dolo ou culpa). Assim, diferentemente da responsabilidade civil por dano ao meio ambiente, na responsabilidade penal
ambiental não vigora a responsabilidade objetiva.
Sujeito ativo dos crimes ambientais
O sujeito ativo do crime é quem põe em prática os fatos descritos na lei
penal. Dessa forma, quando o agente pratica o verbo descrito no tipo penal
de maneira consciente e voluntária, em tese, pratica fato criminoso.
Concurso de pessoas
Logo no Art. 2º da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98, há o concurso de pessoas, admitindo a coautoria e a
participação, seja esta por ação, seja por omissão.
Lei nº 9.605/98, Art. 2º, Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide
nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de
conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da
conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
(BRASIL, 1998.)
O concurso de pessoas existe quando há coautoria ou participação:
Coautoria
Quando duas ou mais pessoas praticam o núcleo
(verbo) descrito no tipo penal.
Participação
O agente não pratica o núcleo (verbo) descrito no tipo
penal, mas concorre de qualquer modo para o fato
criminoso.
O Art. 2º estabelece a responsabilidade do “diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o
gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
prática, quando podia agir para evitá-la”. Essas pessoas têm o dever jurídico de agir com o objetivo de evitar o dano ao meio
ambiente; quando agem pela omissão, tornam-se partícipes da conduta delituosa.
É importante destacar que deve existir uma relação de causalidade entre o
fato imputado e o infrator. “A ação ou omissão do dirigente deve exercer
uma mínima in�uência no resultado, para que a ele se possa atribuir alguma
responsabilidade penal” (MILARÉ. 2018).
A parte �nal do Art. 2° exige 2 requisitos para que “o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o
auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica” venham a responder pelo crime ambiental. São eles:
1. A pessoa ter conhecimento da conduta criminosa de outrem; e
2. Esta pessoa poder agir para impedir a prática do crime; trata-se de omissão penalmente relevante.
A coparticipação prevê que todos os envolvidos no evento delituoso serão
responsabilizados na medida de sua culpabilidade.
 Responsabilidade penal da pessoa jurídica
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Responsabilidade penal da pessoa jurídica
O Art. 3° da Lei de Crimes Ambientais destaca que “as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”. E o parágrafo
único do mesmo artigo ressalta que “a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato”.
As condicionantes para a responsabilidade penal das pessoas jurídica são: “a infração seja cometida por decisão de
seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”.
Lei nº 9.605/98, Art. 3º – As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
coautoras ou partícipes do mesmo fato. (BRASIL, 1998.)
A responsabilidade penal ambiental surge quando, em virtude de conduta omissiva ou comissiva, o infrator viola uma
norma de Direito Penal, consubstanciando a prática de crime ou contravenção penal ambiental.
A responsabilidade ambiental penal da pessoa jurídica está expressa constitucionalmente no Art. 225, § 3º, sendo
inquestionável, como se pode veri�car pela redação do parágrafo, ao a�rmar que “as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
A Lei Ambiental prevê, em seu Art. 4°, a desconsideração da pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
Lei nº 9.605/98, Art. 4º – Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. (BRASIL, 1998.)
A desconsideração da pessoa jurídica consiste na possibilidade de ignorar a personalidade jurídica autônoma da
pessoa moral para chamar à responsabilidade seus sócios ou administradores. Ela ocorre quando os seus sócios a
utilizam com objetivos fraudulentos, diferentes daqueles para os quais foi constituída.
Aplicação da pena
Aqui merecem destaque dois princípios constitucionais previstos no Art. 5º:
o Princípio da Individualização da Pena, estabelecido no Art. 5º, inciso XLVI, em que o juiz, no momento de
aplicação da pena, levará em conta as peculiaridades de cada indivíduo, isto é, o juiz deve observar a pena em
abstrato e aplicá-la segundo o sistema penal vigente;
o Princípio da Reserva Legal, 5°, inciso XXXIX, em que somente a lei pode cominar (impor) penas.
Atenção
Não se pode compreender a responsabilidade penal ambiental da mesma forma que a responsabilidade penal tradicional,
baseada na culpa, na responsabilidadeindividual, subjetiva. A responsabilidade penal ambiental deve ser lastreada na
responsabilidade social, uma vez que a culpabilidade da pessoa jurídica se limita à vontade de seu administrador, ao agir em seu
nome e proveito. Desse modo, a pessoa jurídica só poderá ser responsabilizada quando a conduta, praticada por decisão de seu
representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado, for realizada em seu benefício, direta ou indiretamente.
Na Lei de Crimes Ambientais, a aplicação da pena está prevista no Capítulo II, do Art. 6º ao Art. 24. A Lei Ambiental
dividiu as espécies de pena em dois sistemas:
1. Aplicação de pena às pessoas físicas, encontrada nos Arts. 6º a 20;
2. Aplicação de pena às pessoas jurídicas, disciplinada nos Arts. 21 a 24.
No que tange à aplicação da pena para quem comete crime ambiental, deve-se observar que o sistema punitivo é
diferenciado entre a pessoa física e a pessoa jurídica, pois não é possível dar à pessoa jurídica uma resposta penal por
meio de uma pena privativa de liberdade.
A sanção penal, como regra, está no tipo penal. O preceito primário descreve a conduta proibitiva em cada tipo penal,
em que se tem um verbo (no impessoal) que descreve a conduta. A conduta pode ser comissiva, por meio de uma
ação, ou omissiva, por meio de uma omissão, em que o agente deixa de fazer aquilo que a lei determinou que deveria
ser feito. Já no preceito secundário existe a sanção penal, na qual a lei dispõe o tipo de pena com que o agente será
responsabilizado (reclusão ou detenção) e o quantum da pena deve ser aplicada ao caso.
Com base no Art. 6º da Lei nº 9.605/98, a imposição de pena para os crimes ambientais impõe ao magistrado
determinadas regras, como: a gravidade do fato, os antecedentes e a situação econômica do infrator, observando o
Princípio da Individualização da Pena, visto anteriormente.
Dessa forma, o Art. 6º da Lei de Crimes Ambientais estabelece que, para imposição e gradação da penalidade, a
autoridade competente terá de observar:
1. A gravidade do fato: apurada levando-se em consideração os motivos da infração e suas consequências para a
saúde pública e o meio ambiente;
2. Os antecedentes ambientais do infrator: analisados quanto ao cumprimento da legislação de interesse
ambiental. Aqui o magistrado verá se o réu tem bons ou maus antecedentes no que se refere ao cumprimento
das normas ambientais como um todo, e não apenas em relação à Lei de Crimes Ambientais;
3. A situação econômica do infrator: caberá nos casos de aplicação da pena de multa.
Lei nº 9.605/98, Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública
e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. (BRASIL, 1998.)
Atenção
As penas restritivas de direito, previstas no Art. 7° da norma, são autônomas e substituem as privativas de liberdade
quando:
1. Referir-se a crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
2. A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, além dos motivos e das
circunstâncias do crime, apontarem que a substituição seja su�ciente para efeitos de reprovação e prevenção do
crime.
Lei nº 9.605/98, Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de
liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja su�ciente para efeitos de
reprovação e prevenção do crime.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este Art. terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída. (BRASIL, 1998.)
As espécies de penas restritivas de direito aplicáveis as pessoas físicas são: prestação de serviços à comunidade;
interdição temporária de direitos; suspensão parcial ou total de atividades; prestação pecuniária e recolhimento
domiciliar.
Lei nº 9.605/98, Art. 8º As penas restritivas de direito são:
I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar. (BRASIL, 1998.)
As regras contidas no Art. 6° da Lei de Crimes Ambientais devem ser observadas em conjunto com aquelas estabelecidas nos
Arts. 59 e 60 do Código Penal Nacional.
Lei nº 2.848/40 - Código Penal:
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e su�ciente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Critérios especiais da pena de multa
Art. 60 - Na �xação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do
réu, é ine�caz, embora aplicada no máximo.
Multa substitutiva
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa,
observados os critérios dos incisos II e III do Art. 44 deste Código. (BRASIL, 1940.)
Prestação de serviços à comunidade
Está prevista no Art. 9º da Lei nº 9.605/98, que dispõe: “A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição
ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano
da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível”.
Lei nº 9.605/98, Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de
tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da
coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível. (BRASIL, 1998.)
Interdição temporária de direitos
Conforme determina a redação do Art. 10 da Lei de Crimes Ambientais, a interdição temporária de direitos consiste na
“proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber incentivos �scais ou quaisquer outros benefícios,
bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de
crimes culposos”.
Lei nº 9.605/98, Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado
contratar com o Poder Público, de receber incentivos �scais ou quaisquer outros benefícios, bem como
de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos, no de
crimes culposos. (BRASIL, 1998.)
Suspensão parcial ou total de atividades
Conforme determina o Art. 11 da Lei nº 9.605/98, uma atividade só será suspensa quando não estiver obedecendo às
prescrições legais.
Lei nº 9.605/98, Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem
obedecendo às prescrições legais. (BRASIL, 1998.)
Prestação pecuniária
Trata-se do pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com �m social, de importância, �xada
pelo juiz, não menor que um salário mínimo nem maior que  360 salários mínimos. O valor pago será deduzido do
montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator, conforme Art. 12 da Lei nº 9.605/98.
A prestação pecuniária, uma vez não paga, pode ser convertida em pena de prisão. O mesmo não ocorre com a multa
(uma pena pecuniária que não pode ser convertida em prisão).Lei nº 9.605/98, Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à
entidade pública ou privada com �m social, de importância, �xada pelo juiz, não inferior a um salário
mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante
de eventual reparação civil a que for condenado o infrator. (BRASIL, 1998.)
Recolhimento domiciliar
O Art. 7º da Lei nº 9.605/98 somente é aplicado à pessoa física, tendo em
vista a impossibilidade de pena privativa de liberdade para a pessoa
jurídica.
Está estabelecido no Art. 13 da Lei nº 9.605/98, que tem com base a autodisciplina e o senso de responsabilidade do
condenado, o qual “deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo
recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme
estabelecido na sentença condenatória”.
Lei nº 9.605/98, Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de
responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer
atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer
local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória. (BRASIL, 1998.)
Fixada a pena-base, o juiz analisará as circunstâncias atenuantes e agravantes da pessoa física que cometeu o delito
ambiental, elencadas nos Arts. 14 e 15 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98).
Con�ra, agora, circunstâncias que interferem na pena:
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1. “Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente”: deve-se analisar de acordo com o caso concreto apresentado.
Se o baixo grau de instrução retira a potencial consciência de ilicitude do agente, con�gurar-se-á erro de proibição
(Art. 21 do Código Penal).
2. “Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação signi�cativa da
degradação ambiental causada”. Aqui a norma não determina o momento do arrependimento; assim, entende-se que
este pode se dá antes ou depois do recebimento da denúncia.
3. “Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental”.
4. “Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental”.
Lei nº 9.605/98, Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação signi�cativa da
degradação ambiental causada;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. (BRASIL, 1998.)
Circunstâncias que atenuam a pena 
1. A reincidência nos crimes de natureza ambiental;
2. Ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de
uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de con�ança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou bene�ciada por incentivos
�scais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios o�ciais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
Lei nº 9.605/98, Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou quali�cam o
class="mb-0"crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime es
class="mb-0"pecial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
Circunstâncias que agravam a pena quando não constituem ou quali�cam o crime 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de con�ança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou bene�ciada po
class="mb-0"r incentivos �scais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios o�ciais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. (BRASIL, 1998.)
O rol das circunstâncias agravantes é taxativo, não se admitindo uma
interpretação de forma ampla. Também deve ser observada,
imprescindivelmente, a análise da ordem de preferência desses elementos.
O Art. 21 da Lei de Crimes Ambientais prevê as penas que podem ser aplicadas de forma isolada, cumulativa ou
alternativamente as pessoas jurídicas.
As penas aplicáveis à pessoa jurídica são: multa; restritivas de direitos; prestação de serviços à comunidade.
Lei nº 9.605/98, Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de
acordo com o disposto no Art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade. (BRASIL, 1998.)
As sanções especí�cas para as pessoas jurídicas são aplicáveis de acordo com sua natureza:
multa: possui os mesmos critérios de aplicação das pessoas físicas;
penas restritivas de direitos: estão consagradas no Art. 22 da Lei de Crimes Ambientais. São elas:
suspensão parcial ou total de atividades: ocorrerá quando a atividade não estiver de acordo às disposições legais
relativas à proteção do meio ambiente;
interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade: será aplicada quando o estabelecimento, obra ou
atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a autorização que foi concedida ou
ainda com violação de lei ou disposição regulamentar;
proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações.
Lei nº 9.605/98, Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou
re class="mb-0"gulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
exceder o prazo de dez anos. (BRASIL, 1998.)
Prestação de serviços à comunidade: segundo o 23 da Lei nº 9.605/98, consiste em:
custeio de programas e de projetos ambientais;
execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
manutenção de espaços públicos;
contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Lei nº 9.605/98, Art. 23. A prestação de serviços à comunidadepela pessoa jurídica consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. (BRASIL, 1998.)
 Da Ação e do Processo Penal
O Capítulo IV da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98, disciplina a Ação e o Processo Penal no Art. 26 até o Art. 28. A
norma limitou o exercício da ação a uma única espécie de ação penal: a Ação Penal Pública Incondicionada a ser promovida,
privativamente, pelo Ministério Público (Art. 129, inciso I, da Constituição Federal).
CRFB, Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.
(BRASIL, 1998.)
Determina o Art. 26 da Lei de Crimes Ambientais, Lei nº 9.605/98, que, “nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é
pública incondicionada”.
Lei nº 9.605/98, Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.
(BRASIL, 1998.)
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Crimes de menor potencial ofensivo
Alguns crimes ambientais são infrações de menor potencial ofensivo, os quais estão regulados pela Lei de Crimes
Ambientais nos Arts. 27 e 28.
O conceito de infração de menor potencial ofensivo está no Art. 61 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que
dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e de�ne o âmbito de incidência dos Juizados ao estabelecer os
delitos de menor poder ofensivo. Determina o Art. 61 da Lei nº 9.099/95: “consideram-se infrações penais de menor
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”.
O Juizado Especial Criminal é o órgão da estrutura do poder judiciário competente para processar e julgar os crimes de
menor potencial ofensivo, conforme determina o Art. 98, inciso I, da Constituição Federal.
CRFB, Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e
a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos
por turmas de juízes de primeiro grau. (BRASIL, 1998.)
O Art. 27 da Lei nº 9.605/98 estabelece a possibilidade da transação penal (instituto despenalizador), que consiste na
aplicação imediata da pena de multa ou restritiva de direitos sempre que houver a prévia reparação do dano ambiental.
Estabelece a norma que, em crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de
pena restritiva de direitos ou multa, prevista no Art. 76 da Lei nº 9.099/95, só poderá ser formulada se tiver ocorrido a
prévia composição do dano ambiental, de que trata o Art. 74 dessa lei, exceto se for comprovada impossibilidade.
Lei nº 9.605/98, Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no Art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de
1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de
que trata o Art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade. (BRASIL, 1998.)
A Lei nº 9.099/95, Juizados Especiais, em seu Art. 76, dispõe que, “havendo representação ou tratando-se de crime de
ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especi�cada na proposta”.
O que se vê no Art. 27 da Lei de Crimes Ambientais é um importante instrumento para a aplicação do Princípio do
Poluidor-Pagador.
Determina ainda o Art. 74 da Lei nº 9.099/95 que “a composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá e�cácia de título a ser executado no juízo civil competente”. E continua o
parágrafo único da norma: “tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação”.
Lei nº 9.099/95, Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz
mediante sentença irrecorrível, terá e�cácia de título a ser executado no juízo civil competente.
O Art. 76 da Lei nº 9.99/95 não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
propor ação cabível no juízo cível.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação. (BRASIL,
1998.)
 Suspensão Condicional do Processo
A suspensão condicional do processo é um benefício concedido pela Lei nº 9.099/95, em seu Art. 98. Pode ser aplicada em
todo crime cuja pena mínima seja igual ou inferior a um ano.
O Art. 89 da Lei nº 9.099/95 prevê a suspensão condicional do processo quando o crime tiver pena mínima igual ou inferior a 1
(um) ano. Nesse caso, veri�ca-se um erro de redação do legislador no Art. 28 da Lei de Crimes Ambientais, uma vez que a
suspensão condicional do processo se aplica a qualquer crime em que a pena mínima for igual ou inferior a um ano, e não
somente para os crimes de menor potencial ofensivo.
O Ministério Público, ao oferecer a denúncia por crime ambiental, é quem propõe a suspensão condicional do processo, pelo
período de 2 a 4 anos. Porém, em se tratando de crime ambiental, a Lei nº 9.605/98 impôs algumas modi�cações para obter tal
benefício, consagrado nos incisos do Art. 28:
 Lei nº 9.605/98, Art. 28
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Lei nº 9.605/98, Art. 28
Lei nº 9.605/98, Art. 28. As disposições do Art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995,
aplicam-se aos crimes de menor potencial ofensivo de�nidos nesta Lei, com as seguintes
modi�cações:
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do Art. referido no caput, dependerá de
laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I
do § 1° do mesmo Art.;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de
suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no Art. referido no caput,
acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do Art.
mencionado no caput;
IV - �ndo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão,
até o máximo previsto no inciso II deste Art., observado o disposto no inciso III;
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de
laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação
integral do dano. (BRASIL, 1998 – grifo do autor.)
Lei nº 9.099/95, Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano,
abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a
suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou
não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a
suspensão condicional da pena (Art. 77 do Código Penal).
1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia,
poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes condições:
 I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo.
[...]
5º Expirado o prazo sem revogação,o Juiz declarará extinta a punibilidade. (BRASIL, 1995 – grifo do
autor.)
Lei nº 2.848/40 – Código Penal
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por
2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: 
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no Art. 44 deste Código. (BRASIL, 1940.)
Atenção
Suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei nº 9.099/95) é instituto diferente de suspensão condicional da pena,
prevista do Art. 77 ao Art. 82 do Código Penal.
Na suspensão condicional da pena, a ação penal foi de�agrada e o processo penal teve �m; já na suspensão condicional do
processo, o processo penal �ca suspenso e, caso exista algum motivo de revogação da suspensão condicional do processo, o
processo penal volta ao seu curso normal.
 Suspensão Condicional da Pena
Está prevista no Art. 16 da Lei de Crimes Ambientais, que dispõe:
“Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser
aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não
superior a três anos”.
Veri�ca-se que a regra contida na Lei nº 9.605/98, em que a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos, é mais bené�ca que a regra contida no Código Penal, no Art.
77, caput, que prevê a suspensão condicional da pena apenas para os casos de pena privativa de liberdade não superior a dois
anos.
Lei nº 9.605/98, Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos
casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos. (BRASIL, 1998.)
Lei nº 2.848/40 - Código Penal:
Requisitos da suspensão da pena
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois)
a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias autorizem a concessão do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no Art. 44 deste Código. (BRASIL, 1940.)
A suspensão ou sursis admite que o condenado não se sujeite a execução da pena privativa de liberdade de pequena duração.
No Código Penal, o tema é tratado não só no Art. 77, mas também até o Art. 82 e na Lei de Execução Penal, em seu Art. 156 e
seguintes.
Atenção
O Art. 17 da Lei de Crimes Ambientais prevê que, se o condenado houver reparado o dano, o juiz poderá substituir a pena
restritiva de direito por outra mais branda (§ 2º do Art. 78 do Código Penal), relacionada com a proteção ao meio ambiente,
desde que seja veri�cada a reparação do dano ambiental por meio de laudo técnico.
Lei nº 9.605/98, Art. 17. A veri�cação da reparação a que se refere o § 2º do Art. 78 do Código Penal será feita
mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se
com a proteção ao meio ambiente. (BRASIL, 1998.)
Lei nº 2.848/40 – Código Penal:
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o condenado �cará sujeito à observação e ao cumprimento das condições
es class="mb-0"tabelecidas pelo juiz.
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46) ou submeter-se à
limitação de � class="mb-0"m de semana (Art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do Art. 59
deste Có class="mb-0"digo lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo
anterior pelas seguintes co class="mb-0"ndições, aplicadas cumulativamente:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justi�car suas atividades. (BRASIL,
1940.)
Os Arts. 18, 19 e 20 da Lei nº 9.605/98 tratam da multa para pessoas físicas e a �xação de um valor mínimo para a reparação
dos danos causados pela infração, na própria sentença penal condenatória.
Pela redação do Art. 18 da Lei de Crimes Ambientais, a pena de multa será calculada com base no Art. 49 do Código Penal.
Quando ela for ine�caz dessa forma, mesmo que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada em até três vezes, tendo
em vista o valor da vantagem econômica auferida.
Lei nº 9.605/98, Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ine�caz, ainda
que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem
econômica auferida.
(BRASIL, 1998.)
Lei nº 2.848/40 - Código Penal:
Multa
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia �xada na sentença e calculada
em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será �xado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo
mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. (BRASIL, 1940.)
Explica Milaré (2018) que “a pena de multa cominada à pessoa jurídica não ganhou, como era de esperar, disciplina própria,
aplicando-se, portanto, a regra comum estampada no Art. 18 da Lei 9.605/98”.
Ainda sobre o tema, Sérgio Salomão Shecaira, citado por Milaré (2018), escreve:
Embora deva-se ter em conta a situação econômica do infrator (Art. 6°, III, da Lei 9.605/1998), não foi adotado um
critério especí�co para as empresas, não se equacionando uma regra própria para a pessoa jurídica pagar seu
“próprio dia-multa”. Assim, punir-se-á, da mesma maneira, a pessoa jurídica e a pessoa física, com critérios – e
valores – que foram equalizados, o que é inconcebível. Melhor seria se houvesse transplantado o sistema de dias-
multa do Código Penal para a legislação protetiva do meio ambiente, �xando uma unidade especí�ca que
correspondesse a um dia de faturamento da empresa e não em padrão de dias-multa contidos na Parte Geral do
Código Penal. De maneira como fez o legislador, uma grande empresa poderá ter uma pena pecuniária não
condizente com sua possibilidade de ressarcimento do dano ou mesmo com a vantagem obtida pelo crime.
(MILARÉ, 2018.)
Lei nº 9.605/98, Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, �xará o montante do
prejuízo causado para efeitos de prestação de �ança e cálculo de multa.
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal,
instaurando-se o contraditório. (BRASIL, 1998.)
Lei nº 9.605/98, Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, �xará o valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor �xado
nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.
(BRASIL, 1998.)
 Análise de Crimes Ambientais Previstos na Lei de Crimes
Ambientais
A Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) protege a �ora nacional do Art. 29 ao Art. 37, mas, antes da Lei de Crimes
Ambientais, a Constituição Federal de 1988 – no Art. 225, §1°, incisos I e VII, e § 7º – protege a fauna nacional.
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Lei nº 9.605/98, Art. 29. “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna si class="mb-0"lvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade co class="mb-
0"mpetente, ou em desacordo com a obtida: Pena – detenção de seis

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