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ERRO DE TIPO NO ESTUPRO DE VUNERÁVEL

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5
ERRO DE TIPO NO ESTUPRO DE VUNERÁVEL
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo central o estudo teórico e exploratório a respeito do erro de tipo no contexto específico do delito de Estupro de vulnerável, disciplinado pelo Código Penal no artigo 217-A sob a denominação atual de crime contra a dignidade sexual, introduzida pela Lei n. 12.015, de 07 de agosto de 2009. A figura penal ainda causa muita discussão doutrinária, principalmente face às suas características concernentes a vulnerabilidade da vítima. Uma das problemáticas teóricas centra-se na problemática do erro de tipo, cujo tratamento no direito penal, principalmente quando este incide sobre os pressupostos fáticos de uma causa de exclusão de ilicitude, é um tema que também divide a opinião dos mais versados estudiosos penalistas. Diante destes temas, a pesquisa tratará do erro de tipo sob a análise do Código Penal sendo dado respaldo à teoria do erro no plano sociológico-penal, isto é, considerando a relevância social do erro penal, notadamente no contexto do delito de estupro de vulnerável. Far-se-á, através de uma metodologia bibliográfica, uma abordagem de alguns aspectos que perpassam a teoria da conduta, da culpabilidade, a fim de compreender o conceito e a aplicabilidade do erro de tipo, assim como um aprofundamento teórico do crime de estupro de vulnerável.
 
Palavras-chave: Teoria do erro, código penal, dignidade sexual.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo central fornecer um estudo descritivo, teórico e exploratório acerca de Erro de Tipo no contexto específico do delito de Estupro de Vulnerável, disciplinado pelo Código Penal pátrio em seu artigo 217-A sob a denominação atual de crime contra a dignidade sexual, introduzida pela Lei nº 12.015, de 07 de agosto de 2009.
Justifica-se pela grande importância que tem o estudo acerca dos crimes contra a dignidade sexual, principalmente após o ano de 2009, que, dentre outras inovações, trouxe a figura penal do estupro de vulnerável, que ainda causa muita discussão doutrinária, principalmente face às suas características concernentes a vulnerabilidade da vítima, sendo que, uma das problemáticas teóricas mais relevantes está nas questões em torno do erro de tipo, cujo tratamento no direito penal também é um tema polêmico entre os mais versados estudiosos penalistas.
Não se pode ignorar que vive-se em uma sociedade em constantes mutações, exigindo que o ordenamento jurídico esteja sempre buscando adequar-se ao período histórico-cultural em que está inserido. Não é diferente em relação às mudanças sofridas na sociedade que refletem nos direitos relativos à dignidade sexual. Assim, as alterações da lei ocorrem objetivando adequar à sociedade contemporânea ao ordenamento jurídico, destacadamente, no que tange à lesividade dos bens penalmente relevantes.
Diante disso, far-se-á um esforço para promover uma conceituação sólida para a análise completa do delito de Estupro de Vulnerável, trazendo os principais aspectos gerais do crime de estupro, além das especificidades entre conceituação, histórico, entendimento da vulnerabilidade, e panorama acerca desta questão no Brasil, buscando apresentar também dados sobre essa problemática. 
Num segundo momento, o estudo centra-se na figura do Erro de Tipo, com a descrição de aspectos indispensáveis ao estudo do mesmo, abordando aspectos acerca da teoria da conduta, da culpabilidade e do erro que se mostrem relevantes à compreensão da sua aplicabilidade no caso específico do estupro de vulnerável.
Devido à natureza da proposta que ora se apresenta, recorrer-se-á metodologicamente à revisão bibliográfica para a promoção de um estudo descritivo fundamentado em artigos científicos, obras completas e demais produções científico-acadêmicas que se mostrem úteis e pertinentes à pesquisa em tela. Nesta perspectiva, optou-se pela pesquisa bibliográfica, e, para concretizá-la, será realizada uma avaliação dialética das posições de teóricos competentes acerca dos assuntos em questão.
Os dados serão avaliados através de interpretação, análises e comparações de visões contrastantes de autores acerca dos assuntos trabalhados, com foco na discussão acerca da aplicabilidade do Erro de Tipo no delito de Estupro de Vulnerável. O objetivo é produzir, ao fim, conclusões acerca dos objetivos aqui elencados em âmbito teórico. 
Devido também à natureza desta pesquisa, será efetuada uma pesquisa documental, reportando-se aos documentos legais pertinentes a este estudo. Isto é particularmente importante para elucidar o entendimento da legislação acerca do tema aqui levantado. 
Muita atenção acadêmica, jurisprudencial e prática tem se dado ao estudo do Erro de Tipo, devido aos seus efeitos, que podem representar uma mudança radical no conceito moderno de culpabilidade. Além disso, o tema escolhido é de grande importância, uma vez que envolve debates largamente difundidos na sociedade e no meio jurídico envolvendo as problemáticas em torno do limite da culpabilidade penal no Estado Democrático de Direito.
1. CRIME DE ESTUPRO
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS
	Em primeiro lugar, cumpre fazer um sucinto panorama geral a respeito da evolução do entendimento acerca dos crimes sexuais, que desde a antiguidade causam grande alarde e repugnância social, sendo, portanto, severamente apenados. 	O Código de Hamurabi que data por volta de 1700 a.C., que pregava a famosa Lei de Talião, também dava tratamento severo com relação ao crime de estupro, sendo que, aplicava-se ao estuprador a pena capital (pena de morte). 
Nesse sentido, em seu art. 130 há a previsão de que se “alguém viola a mulher que ainda não conheceu homem e vive na casa paterna e tem contato com ela e é surpreendido, esse homem deverá ser morto e a mulher irá livre” (PRADO, 2001, p.194).
	Como explica Bitencourt (2011, p. 42), o antigo direito romano, após a Lex Julia de adulteris, de 18 d. C., fazia a distinção entre adulterius e stuprum, sendo que o primeiro referia-se a “união sexual com mulher casada, e o segundo, a união sexual ilícita com viúva”. Mas, em sentido estrito, o estupro era entendido como “toda união sexual ilícita com mulher não casada”, alcançando de forma ampla todos os atos sexuais e libidinosos.
	Vale dizer que a conjunção carnal violenta, que hoje o direito moderno denomina estupro, para os romanos era conceituada em sentido amplo do crimis vis, punidos com a pena de morte.
2. CRIME ESTUPRO DE VULNERÁVEL
	O crime de estupro de vulnerável é considerado uma das infrações mais graves pela sociedade, por ser considerada a vítima como um indivíduo indefeso. Abreu e Carpentieri (2017, p.1) diz que: 	
A violência, seja física ou psicológica, atinge todas as classes econômicas, nos mais diversos ambientes e níveis. Dentre elas, a violência sexual recebeu atenção especial dos juristas por ser moralmente condenável, pela repulsa provocada na sociedade e, principalmente, pelo abalo psicológico que acompanha a vítima ao longo de sua vida. 
	
Moraes de Sá (2010) vai dizer que a vulnerabilidade está intimamente ligada à ideia de pessoas que não detém aptidão ou estrutura psicológica para compreender o caráter lascivo do ato sexual ou sequer possuem condições mínimas de normalidade psíquica para manifestar livremente seu desejo quanto a prática da relação sexual. 
Não por nada que este termo fora empregado, já que tem o significado daquele que se encontra do lado fraco de uma questão ou do ponto por onde alguém pode ser atacado, sendo assim dependente ou necessitado de proteção, seja pelos responsáveis ou através da justiça, com base em mecanismos legais de proteção.
Considerando tamanha repulsa e também as novas conformidades que os crimes de violação no que tange à dignidade humana, no sentido físico e emocional, houve uma série de apelos por parte da sociedade que pressionaram as autoridades a encararem este tipo de crime de uma maneira mais severa e rígida, e algumas mudanças nos dispositivos legais passaram a ser perceptíveis.
Com o advento da Lei n. 12.015/2009, o estupro passou a abranger uma sériede condutas antes não abarcadas, inclusive para ambos os gêneros. Os crimes anteriormente tipificados como estupro (artigo 213), atentado violento ao pudor (artigo 214) e presunção de violência (artigo 224), foram unificados em dois tipos penais, quais sejam: estupro (atual artigo 213) e estupro de vulnerável (artigo 217-A) Abreu e Carpentieri (2017, p.2).
O intitulado estupro de vulnerável considera como vulneráveis os menores de 14 (quatorze) anos ou os que se encontram em situação de vulnerabilidade; aqueles que por alguma enfermidade ou deficiência mental não têm o necessário discernimento para a prática do ato; ou aquele que não pode oferecer resistência perante o violador.
Além disso, é importante ressaltar que os direitos da criança e do adolescente também encontra respaldo no Estatuto da Criança e do Adolescente, que se ocupa do tema através de suas reformulações, inclusive com o advento da Lei n. 13.431, de 04 de abril de 2017, que trouxe algumas definições importantes para garantir os direitos da criança e do adolescente vítima de violência.
Além de ser previsto resguardo dos direitos fundamentais da criança e do adolescente, o ECA prevê tipificações penais que são referentes ao abuso e violência sexuais praticadas contra os infantes, em seus artigos 240 a 241-E. É tratado especificamente o art. 241-D em conjunto com o art. 217-A do Código Penal. 
O tipo penal previsto no art. 241-D é específico, respondendo por ele, aquele que aliciar assediar ou constranger a criança para com ela praticar ato libidinoso: 
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. 
Nas mesmas penas incorre quem: 
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; 
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
	Portanto, a consumação do estupro de vulnerável ocorre com a prática imediata de qualquer ato libidinoso que seja, ainda que preparatório para a conjunção carnal. Toda essa discussão naturalmente é embasada por fatos e números sociais acerca desta problemática à qual o trabalho traz a abordagem. 
No Brasil existem números preocupantes que dão sustentação aos argumentos sobre a condução do crime de estupro de vulnerável, em relação às penas e também sobre a necessidade de proteção sobre estes indivíduos, considerada dependente e vulnerável. 
Portanto, como é possível verificar nos dados abordados, a condição de criança e adolescente são fatores que devem ser consideradas nas discussões que tangem à violência sexual, pois estas estão ainda em condição de dependência, em todos os sentidos, as tornando vulneráveis diante de agressores. 
3. ERRO DE TIPO
Nas discussões jurídicas é comum presenciarmos discussões que não entram em consenso sobre determinados ou diferentes casos, seja no âmbito profissional ou nas discussões acadêmicas entre estudantes, professores e outros. De acordo com Reis (2013), o erro é a falsa representação da realidade, no que consiste em crer em ‘’B’’ quando a verdade é ‘’A’’, trata-se basicamente do equívoco em reconhecer um elemento, ao passo que ignorância é a ausência de conhecimento.
Considerando isso, ainda de acordo com o autor, o erro de tipo é tratado pela doutrina tradicional como erro de fato, o que a moderna doutrina penal não mais faz. O art. 20, caput, do Código Penal, prescreve que “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.” Trata-se do erro de tipo, quando o agente não quer praticar o crime, mas, por erro, vem a cometê-lo. Pinheiro e Lima (2015, p.114) dizem que:
O erro de tipo é tratado pela doutrina penal como a falsa representação da realidade, fazendo com que o agente não tenha consciência da situação em que verdadeiramente se encontra, excluindo assim, o dolo.
O erro aí incide sobre elementar ou circunstância do tipo penal (abrangidas também as qualificadoras, causas de aumento de pena e as circunstâncias agravantes). O agente tem uma falsa percepção da realidade, enganando-se, imaginando não estar presente uma elementar ou circunstância do tipo penal, e com isso falta-lhe a consciência e sem ela não há dolo, logo, o erro de tipo exclui o dolo, e sem este não há conduta, que, como se viu, integra o fato típico, excluindo a existência do próprio delito – caso inexista a previsão de figura culposa (REIS, 2013, p.3).
	Neste sentido, quando levamos essa discussão para o tema em questão, abordado neste trabalho, entra-se em uma discussão ampla. Conforme discutido acima o erro de tipo é caracterizado quando o agente não quer cometer o crime, mas por erro, acaba cometendo, por uma série de questões que envolvem até mesmo a simples falta de conhecimento.
	O erro de tipo, portanto pode vir a ocorrer em diferentes situações. Nas diversas interpretações sobre o que caracteriza como sendo estupro ou não, considera-se um elemento no julgamento, onde o autor do crime precisa ter ciência de que a relação sexual se dá com pessoa em qualquer das situações descritas no art. 217-A. Nesse sentido, dispõe o Código Penal: 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
§ 2º Vetado, 
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4º Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. 
	Se não houver, de fato, consciência por parte do autor do crime, que sua relação sexual se dá com uma pessoal enquadrada nas situações descritas no art. 217-A, ocorre o erro de tipo, afastando o dolo e não mais sendo possível a punição, visto que inexiste a forma culposa. 
	Portanto, no crime de estupro de vulnerável o erro de tipo é algo admitido pela doutrina e jurisprudência. Neste sentido, Capez (2010) entende o erro de tipo como sendo um erro incidente sobre situação de fato ou relação jurídicas descritas como elementares ou circunstâncias do tipo incriminador; como elementos do tipo permissivo; ou como dados acessório irrelevantes para a figura típica. 
	Nesta situação descrita, enquadra-se a hipótese de que o agente, por erro inescusável e invencível, entende que sua companheira possui idade superior a que aparenta, ou por erro determinado pela própria ofendida ao oferecer dados pessoais inverídicos ao agente, como mentir a idade, oferecer informações alteradas que não condizem com a data de nascimento, dentre outras possibilidades.
	Mas é importante ressaltar que apesar da conduta cometida com erro de tipo excluir o dolo, poderá o agente responder pelo delito praticado na forma culposa caso tenha agido com descuido, descumprindo o dever geral de cautela (PINHEIRO e LIMA, 2015, p.114).
3.1. APLICABILIDADE DO ERRO DE TIPO NOS CASOS DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL
A Lei 12.015/09 trouxe relevantes mudanças no Código Penal. Afora de mexer na terminologia do Título VI da parte especial do Código, fez mudanças essenciais nos artigos 213 e 214. Como efeito de pena e associação destas regras é importante acentuar que findou de acarretar concurso material de crimes e mais perspectiva de continuidade delitiva, que antes não era empregada.
Esta transformação é capaz ser simplesmente reconhecida de acordo com o texto do artigo 213, por intermédio da alteração da frase “mulher” pela expressão “alguém”, pondo o delito próprio em delito comum. 
Primeiramente unicamente admitia o estupro o ato não permitido de conjunção carnal, isto é o crimeera próprio, logo requeria de status particular do autor e da vítima. 
Assim, constata-se que diante da fusão do agora revogado crime de atentado violento ao pudor (art. 214) ao novo crime de estupro (art.213), os sujeitos ativo e passivo do referido crime agora podem ser tanto o homem como a mulher, logo, a conceituação do crime de estupro como conjunção carnal (introdução do membro genital masculino na vagina da mulher), mediante violência ou grave ameaça, cai por terra, pois o crime, para a ocorrência, não depende exclusivamente da introdução do membro genital masculino na vagina da mulher [...]. (SEGUNDO, 2012, p. 105).
Assim no parecer de Estefam (2013, p. 150), “qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do estupro, desde a mudança introduzida pela Lei nº 12.015/2009. É capaz logo que se consume estupro cerca de dois homens, por duas mulheres, ou entre pessoas (autor e vítima) de sexos opostos”. Em relação aos artigos 214 e 216, não se refere um abolitio criminis, porque os dois artigos somente vieram inclusos no texto de outros do Código.
Mesmo com a Lei Federal Brasileira n. 12.015 de 2009, fundindo em um único artigo os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, optou-se por analisar os dois conceitos separados e de forma conjunta, pois a ficha manteve a categorização inalterada até o ano de 2015. A legislação acima citada definia Atentado Violento ao Pudor como constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal e, estupro como sendo constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça (2018).
Alteração relevante proposta por este princípio e intenção de pesquisa deste artigo é a geração do tipo optativo para assistência de indivíduos em status de fragilidade que será analisado a posteriormente. 
No crime de estupro, o sentido da assistência criminal é proteger a intimidade sexual dos indivíduos reprimindo aqueles que afrontarem contra sua autonomia com uso de violência ou grave ameaça. 
Agora no tipo criminal do artigo 217-A, a imagem passa a estar a tutela da integridade sexual dos indivíduos que não apresentam total compreensão determinada seu estado de vulnerabilidade. 
A tutela está relacionada à independência sexual e o direito da livre promoção de indivíduos vulneráveis.
Calha a pena citar que a nossa Constituição Federal declara constituir dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com prioridade absoluta, entre outros, seu direito à dignidade, colocando-os a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227, caput) e, no §4º, emite verdadeiro mandando de criminalização no que se refere ao abuso, à violência e à exploração sexual da criança e do adolescente, determinando que tais atos deverão ser severamente punidos. (ESTEFAM, 2018, p. 753).
O tipo penal integra na promoção de alguma atitude libidinosa que conte por objetivo a intenção da libidinagem de modo consensual ou não, com indivíduos que se estejam no momento de vulnerabilidade ou fraqueza. Estefam (2013, p. 144) leciona que o estupro pertence àquela categoria de crimes em que a discordância do sujeito passivo figura como elementar da infração; nem poderia ser diferente, já que a norma visa à salvaguarda da liberdade de autodeterminação sexual.
Para o Código Penal, vulneráveis são os menores de 14 anos (art. 217-A, caput), os enfermos ou deficientes mentais e, os que, por qualquer outra causa, não possam oferecer resistência (§1º). [...] Vítima vulnerável é a que apresenta uma diminuição física, psíquica ou sensorial, estacionada ou progressiva, configurando causa de dificuldade de aprendizagem, de relacionamento ou de integração laborativa. (JESUS, 2013, p. 156).
Para Nucci (2009, p. 36) “o agente passivo deve ser indivíduo vulnerável (menor de 14 anos, doente ou deficiente mental, sem compreensão para a prática do ato), ou pessoa com incapacidade de resistência”. Uma das alterações na definição de vulnerabilidade é a permuta da conjectura de violência pelo significado vulnerável. Logo é consagrado vulnerável o menor de 14 anos de idade, assim como aqueles que apresentam alguma deficiência mental que não lhes conceda faculdade de subsistir. 
Neste artigo o legislador resolveu substituir o termo violência presumido assentado no artigo 224, que foi revogado por vulnerabilidade. Trata-se de crime hediondo, conforme a Lei n. 8.072/90, artigo 1º, inciso VI. Este crime é penalizado unicamente na maneira dolosa não estando empregada a maneira culposa.
 O quadro do ato típico reside em ocorrer à conjunção carnal ou exercer ação libidinosa em desabono de pessoa vulnerável. Isto é toda conexão sexual com finalidade de satisfazer a interesse sexual do sujeito ativo, não devendo o vulnerável conter a ser do ato, e sequer de seu consenso.
O ofendido repise-se, não necessita ter consciência da libidinosidade do ato praticado (no estupro de vulnerável, aliás, a vítima, de regra, não o terá). Basta que o ato ofenda o pudor do homem médio, independentemente da capacidade da vítima de entender o seu caráter libidinoso, seja por falta de capacidade psíquica, seja por externa depravação moral. É suficiente, pois que contrarie o pudor mediano, pouco importando que a vítima consiga, ou não, compreender sua finalidade sexual. (JESUS, 2013, p. 163).
O agente ativo é capaz ser qualquer indivíduo, pois se refere a crime comum. Conquanto o agente passivo necessite seguir os requisitos expostos no tipo penal, isto é ser pessoa vulnerável. 
Nucci (2009, p. 36) informa, pois que o crime pode ser realizado por qualquer pessoa, não obstante o agente passivo deve ser indivíduo vulnerável, menor de 14 anos, enfermo ou deficiente mental, sem compreensão para o ato ou ser com incapacidade de objeção o consumo do tipo se faz com a promoção da ação libidinosa ou da conjunção carnal. 
Mas inclusive que de difícil validação é empregada a diligência quando o autor inicia a performance dos ações lascivas no entanto é incapaz de concluí-los por situação alheias ao seu interesse. 
No alusivo o processo de aumento de pena cuidada no texto da lei n. 8.072/90, artigo 9º, o STJ deliberou mediante sua jurisprudência que com a vigência da Lei n. 12.015/2009, o aumento disposto no artigo 9º da lei dos crimes hediondos foi revogada.
De acordo com a forma denominada do crime, quando da atitude referido no caput do artigo suceder em lesão corporal de natureza grave, a pena devida será de dez a vinte anos, conforme com parágrafo terceiro. Se o ato cause a morte da vítima a pena será de doze a trinta anos, de acordo com o parágrafo quarto. 
Agora a pena combinada a este tipo criminal no modo simples, é de oito a quinze anos de prisão sendo de processo de ação penal pública incondicionada, de acordo com artigo 225 do Código Penal.
 Concerne mencionar que a atual vigência da Lei n 13.718/2018 possuiu um parágrafo na composição do artigo 217-A do Código Penal, predizendo em lei a dispensabilidade do aval da vítima, aprovando a compreensão jurisprudencial informado pelo texto da Súmula 593 do STJ.
Por fim, a Lei 13.718/18 trouxe ainda um novo parágrafo para o art. 217-A do CP, que é o §5º. Vejamos: “Art. 217-A. [...] § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º deste artigo aplicam-se independentemente do consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido relações sexuais anteriormente ao crime”. O supramencionado §5º apenas positiva, ou seja, coloca expressamente na Lei um entendimento que já estava consolidado na Jurisprudência (ainda que bastante controvertido na Doutrina), que é a irrelevância do consentimento da vítima no crime de estupro de vulnerável, exatamente por sua situação de vulnerabilidade. (ARAÚJO, 2018)
Sobre a vulnerabilidade, o STJ através da Súmula 593, conheceu que é absoluta e presumida, mesmo que a vítima já realiza intimidades sexuais, ou inclusive este que use concedido a prática do ato, conforme súmula in verbis: 
O crime deestupro de vulnerável configura-se com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante o eventual consentimento da vítima para a prática do ato, experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente (STJ, 2017).
Esta disposição compulsa como uma barreira para emprego do erro de tipo, formando definitivamente que são irrelevantes tanto o consenso da vítima como a realização de experimentação sexual antecedente desta.
Em todos os casos é essencial a extensão do dolo do autor. O agente do ato indica ter conhecimento de que o ato sexual se faz com indivíduo em qualquer dos estados dispostas no artigo 217-A. 
Se assim não se der surge erro de tipo, separando-se o dolo e não mais estando iminente a pena dado nenhuma a forma culposa. Surge assim à pesquisa do emprego efetivo do erro de tipo nos atos de estupro de vulnerável. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Ao longo do trabalho, foram levantadas uma série de discussões à respeito dessa temática tão complexa, que é o estupro de vulnerável. Essa discussão teve como justificativa a relevância que o tema vem ganhando no decorrer dos anos, principalmente após 2009, onde se passou a ser discutida no âmbito legal a figura penal do estupro de vulnerável.
Essa temática traz diferentes concepções doutrinárias, principalmente por conta das características concernentes a respeito do que é vulnerabilidade e até que ponto alguém é considerado vulnerável. Essa discussão naturalmente passa em torno do erro de tipo, tratada pela doutrina tradicional como erro de fato, o que a moderna doutrina penal não faz mais. 
O art. 20, caput, do Código Penal, prescreve que “o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.” Trata-se do erro de tipo, quando o agente não quer praticar o crime, mas, por erro, vem a cometê-lo. 
	Essa discussão torna-se complexa, na medida em que a sociedade evolui para algumas direções que geralmente tendem a romper com paradigmas, exigindo que o ordenamento jurídico esteja sempre buscando adequar-se ao momento histórico-cultural em que está inserido. 
Não é diferente em relação às mudanças sofridas na sociedade que refletem nos direitos relativos à dignidade sexual. Assim, as alterações da lei ocorrem objetivando adequar à sociedade contemporânea ao ordenamento jurídico, destacadamente, no que tange à lesividade dos bens penalmente relevantes.
Buscando compreender estes contrapontos, direitos e mudanças sociais importantes, o estudo, com base na literatura científica, conclui que se faz extremamente importante maior esclarecimento acerca dos conceitos para além do âmbito jurídico, ou seja, que isso seja transparecido à sociedade, na finalidade de ampliar discussões visando absorver subsídios que possam qualificar as decisões jurídicas em relação a casos que ainda são extremamente divergentes quando a questão passa por concepções, que muitas das vezes entram em embate temporal, no sentido de que algumas doutrinas não acompanham a evolução social e suas questões. 
	Entende-se também na ‘’finalização’’ desse estudo que apesar do artigo 217-A ter como objetivo a proteção da dignidade sexual dos considerados vulneráveis, dentro do que foi discutido neste trabalho, por vezes, abre-se espaço para a aplicação da culpa objetiva e para a lesão de vários princípios constitucionais, na medida em que basta o agente praticar a conduta tipificada, para que o crime seja considerado consumado.
	Essa questão tem como respaldo fatos de que em alguns casos, o agente incorre em erro devido ao desenvolvimento físico precoce de adolescentes, por exemplo, que demonstra experiência sexual e inclusive consente no ato. Neste caso, entende-se pela não ocorrência do delito, pois não há dolo ou violação ao bem jurídico tutelado. Portanto, a discussão é ampla, complexa e muito sensível. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ARAUJO, Renan. Lei 13.718/18: alterações nos crimes contra a dignidade sexual – Importunação sexual, vingança pornográfica. 2018. Disponível em:<https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-13-718-18-alteracoes-nos-crimes- contra-a-dignidade-sexual-importunacao-sexual-vinganca-pornografica-e-mais/>.Acesso em: 17 dez. 2019.
ABREU, K. S. A; CARPENTIERI, J. R. Estupro de Vulnerável: análise da incidência na cidade de Machado/MG. 2017. 
BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte Especial 4. Dos crimes contra a dignidade sexual até dos crimes contra a fé pública. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.
________. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm> Acesso em: 21 jan. 2020. 
	________. Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm> Acesso em: 21 jan. 2020.
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