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FORMAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E POL. DA SOC. BRASILEIR Aula 1 O Descobrimento do Brasil e o-Processo de Colonização A Espanha também desenvolvia esforços na busca pelo caminho marítimo para as Índias. Sua rota, ao contrário da portuguesa voltada para o Sul (ciclo oriental), dirigia-se na direção Oeste (ciclo ocidental). Tal projeto de navegação permitiu que Cristóvão Colombo chegasse à América em 1492.A Escola de Sagres, criada pelo Infante D. Henrique, reunia especialistas e interessados em navegação e deu ao País o impulso necessário para que a expansão marítima se tornasse uma realidade irreversível. A busca por novos caminhos marítimos tinha como objetivo as iguarias, utilizadas na conservação de alimentos. Cronologicamente, têm-se a seguinte evolução das conquistas ultramarinas portuguesas: Em 1520, Fernão de Magalhães consegue passar do Atlântico para o Pacífico através do Estreito de Magalhães, no extremo sul do continente americano. Após tantas conquistas, os portugueses chegaram à China e ao Japão e exerceram uma influência considerável (1540 a 1630). A ocupação da África limitou-se ao litoral, em postos fortificados de comércio, denominados feitorias, de onde partiam ouro, marfim, pimenta malagueta e escravos para Portugal. É importante notar que o primeiro triângulo comercial português em sua expansão marítima tinha como vértices as Ilhas Atlânticas, a Costa Ocidental da África e a Europa. Nas ilhas do Atlântico os portugueses realizaram o plantio em grande escala através do trabalho escravo. Uma das características do processo de colonização português se caracteriza por grandes propriedades, na quais se cultivava um único produto destinado à exportação. A esse processo de exploração do solo dá-se o nome de “plantation”. Pelo pacto colonial, as exportações eram exclusivamente para Portugal. A Espanha também desenvolvia esforços na busca pelo caminho marítimo para as Índias. Sua rota, ao contrário da portuguesa voltada para o Sul (ciclo oriental), dirigia-se na direção Oeste (ciclo ocidental). Tal projeto de navegação permitiu que Cristóvão Colombo chegasse à América em 1492. Portugal, sentindo-se prejudicado, contestou a descoberta e buscou repactuar as cláusulas do Tratado de Toledo.O Tratado de Toledo (1480), em síntese, dividia a Terra em dois hemisférios: Norte (pertencia à Espanha) e Sul (Portugal). A princípio, o acordo atendia aos interesses portugueses pela opção da rota Sul, que pretendia alcançar as Índias através da travessia do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano. Posteriormente, com a intermediação do Vaticano, Portugal e Espanha iniciaram as negociações de um novo pacto. Em 1493, o Papa Alexandre VI editou a Bula Intercoetera, que definia como sendo da Espanha as terras descobertas a Oeste de uma linha vertical imaginária situada, aproximadamente, a 600 km a Oeste das ilhas de Cabo Verde e a Portugal, as que ficassem a leste. Note-se que, ao invés de dois hemisférios (Toledo), a Terra foi dividida em dois meridianos. Após a descoberta da América por Cristóvão Colombo, Portugal, sentindo-se prejudicado, manteve ferrenha oposição à Bula e, em 1494, conseguiu, através da assinatura do Tratado de Tordesilhas, que a distância de 600 km fosse ampliada para cerca de 2.000 km.). Com isso, Portugal garantiu o controle sobre o “corredor Atlântico” entre a costa ocidental da África e a América do Sul. A busca por especiarias ficou consolidada a partir da conquista do caminho marítimo para as Índias, por Vasco da Gama, em 1499. Com isso, o comércio de longa distância tornou-se cada vez mais presente, proporcionando a Portugal uma invejável experiência náutica, base de novas conquistas. No ano seguinte, a descoberta do Brasil por Pero Alvares Cabral veio consolidar a expansão. A DESCOBERTA DO BRASIL No Brasil havia uma população indígena bastante homogênea em termos culturais e linguísticos, distribuída ao longo do litoral e na bacia dos rios Paraná e Paraguai. Essa população consistia basicamente de dois grupos: os Tupis – Guaranis e os Tapuias. Os índios, para sua subsistência, derrubavam árvores, faziam queimadas para o plantio de feijão, milho, abóbora e mandioca. A farinha se tornaria o alimento fundamental na colônia. Por outra lado, a população indígena foi praticamente dizimada, devido o contato com os portugueses, e os que resistiram tiveram como única saída a preservação de seus costumes. O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO O primeiro período de colonização vai até 1549 e corresponde à implantação de Feitorias e Capitanias Hereditárias. Há a exploração do litoral brasileiro com o reconhecimento e posse da terra (Feitorias) e um escasso comércio. O modelo foi adotado no continente africano e nas Índias e servia para armazenar ouro, marfim e escravos. Fernando de Noronha liderou um consórcio português que arrendou por três anos (1502 a 1505) as terras brasileiras, recebendo o monopólio comercial do novo território, tendo em contrapartida que enviar anualmente seis navios para explorar 2.000 km de litoral e construir uma feitoria. Ao término do contrato, a Coroa portuguesa, percebendo sua ineficácia, desistiu desse modelo e tomou para si a responsabilidade de exploração do solo. Se o Tratado de Tordesilhas dava certa segurança com relação à Espanha quanto à posse das novas terras, o mesmo não ocorria com a França e outros países, que defendiam a ideia de que seria dono de uma nova terra aquele que a ocupasse. Por essa razão Portugal enviou, em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza para patrulhar a costa, estabelecer uma colônia (São Vicente, em 1532), e fez surgir as Capitanias Hereditárias. O Brasil foi dividido em 15 Capitanias cujo projeto, de um modo geral, não foi bem sucedido. O sucesso da Espanha com os metais preciosos fizeram com que o governo português optasse pela instituição de um governo geral, enviando ao Brasil o primeiro governador geral: Tomé de Souza (1549). O segundo período de colonização ocorreu de 1549 a 1822, indo da introdução dos Governos Gerais até o término do Brasil colônia, com a Independência. Com Tomé de Souza chegaram os primeiros jesuítas. A colonização foi organizada pelo Estado e pela Igreja. Com Tomé de Souza chegaram os primeiros jesuítas. A colonização foi organizada pelo Estado e pela Igreja. A religião do Estado era a católica e os membros da sociedade deveriam ser católicos. Ao Estado cabia o papel fundamental de garantir a soberania sobre a Colônia, e à Igreja a educação das pessoas, cuidando para veicular na população a ideia de obediência ao que estivesse estabelecido. O primeiro período de colonização vai até 1549 e corresponde à implantação de Feitorias e Capitanias Hereditárias. Caracterizou-se pelo reconhecimento e posse da terra e um escasso comércio. O sistema para explorar o litoral brasileiro baseou-se no sistema de Feitorias que reproduzia o processo já adotado por Portugal no continente africano e nas Índias e servia para armazenar ouro, marfim e escravos. O objetivo principal de um contingente de mais de mil pessoas era garantir a posse territorial definitiva da nova terra. Para tanto, Tomé de Souza criou os cargos de Ouvidor (administrava a Justiça), Capitão-Mor (vigiava a costa) e Provedor-mor (controlava o crescimento da arrecadação). Nessa época, foi construída a cidade de São Salvador, na Bahia, capital do Brasil até 1763. Administrar a Colônia não era tarefa das mais fáceis. As determinações de um Estado absolutista, onde o território, os súditos e seus bens pertenciam ao rei, confrontavam-se frequentemente com as pressões e anseios dos colonizadores. Esse conflito de interesses, de certa forma, enfraqueceu gradativamente o poder da Coroa. O modelo colonialista adotado por Portugal apoiava-se no latifúndio, na monocultura para exportação e no trabalho escravo (plantation). A tentativa de escravizar o índio revelou-se improdutiva. Assim, foi adotado o tráfico de negros vindos da África, sendo osgrandes centros importadores as cidades de Salvador e Rio de Janeiro. Importante notar que a miscigenação ocorrida no Brasil deveu-se ao contato dos brancos com os negros (na Casa Grande e nas Senzalas) e com os índios (através das expedições denominadas Bandeiras). Essa miscigenação revelou-se, no futuro, uma das principais características do povo brasileiro, contribuindo para minimizar possíveis focos de tensões raciais na sociedade ao longo dos anos. Aline Maria Ferreira de Souza dos Reis Graduação em Comunicação Social, Pós em História da Filosofia e Mestrado em Filosofia pela Universidade Gama Filho. Professora auxiliar da Universidade Estácio de Sá etutora EAD dos cursos de Serviço Social, História, Pedagogia e outros. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4775560Z6 Aula 2 A colonização, os movimentos de rebeldia e a crise do sistema colonial INTRODUÇÃO No Brasil, Portugal deparou-se com um vasto território, logo dividido em grandes propriedades que teve, nos séculos XVI e XVII, na exploração açucareira no litoral nordestino, o seu destaque comercial de exportação. Dentre as Capitanias, as que mais se destacaram foram as de Pernambuco (que obteve recursos para instalação de engenhos) e São Vicente (fundada por Martim Afonso de Souza). A COLONIZAÇÃO DO NORDESTE A primeira produção em escala no Brasil foi a do açúcar. Com Martim Afonso, em 1532, chegaram técnicos com larga experiência obtida nas lavouras da Ilha da Madeira. A partir daí, plantou-se cana e construíram-se engenhos em todas as capitanias, de São Vicente a Pernambuco. Pernambuco e Bahia, pelo tipo de solo e maior proximidade com os mercados compradores, tornaram-se os grandes centros açucareiros da Colônia. É fato que a utilização do escravo negro africano ocorreu na produção do açúcar, permitindo ao Brasil colônia uma liderança internacional até 1630, quando passou a enfrentar forte concorrência da produção gerada nas Antilhas. A produção de fumo foi também de muita importância. Localizou-se no Recôncavo Baiano, onde o produto de melhor qualidade era exportado para a Europa, servindo os demais como moeda de troca na costa africana. A proibição do Governo Geral na criação de gado numa faixa de 80km do litoral, fez surgir enormes latifúndios no interior do Brasil gerando uma grande concentração de riqueza nas mãos de poucos. O DOMÍNIO ESPANHOL NO BRASIL Em 1580, o rei da Espanha Filipe II invadiu Portugal e assumiu o trono lusitano, dando origem ao período conhecido como União Ibérica (1580 – 1640). A luta contra o domínio espanhol só foi vencida em 1640 quando o duque de Bragança, líder do movimento revolucionário, foi coroado rei de Portugal. Dessa dinastia resultou a família real que veio a governar o Brasil nos períodos da colônia e império. Apesar do domínio espanhol, foi permitida uma relativa autonomia a Portugal, respeitando-se leis, usos e costumes e mantendo suas colônias unidas e não submetidas à Espanha. Como no período da União Ibérica as cláusulas do Tratado de Tordesilhas foram desconsideradas, ocorreu o avanço português em direção ao interior, permitindo a expansão gradual do território brasileiro, especialmente estimulado pela busca de metais preciosos AS INVASÕES HOLANDESAS Os holandeses detinham grande participação na comercialização do açúcar aqui produzido. Entretanto, em 1580, com a passagem do trono português à coroa espanhola, perderam essa posição. Isso fez com que fosse criada a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, com o objetivo de ocupar as zonas de produção açucareira na América portuguesa, e o controle no abastecimento dos escravos. Em 1654, com a Batalha dos Guararapes, os domínios sobre Recife são reconquistados e devolvidos à Coroa portuguesa. A forma pela qual se deu a expulsão dos holandeses, com a união de brancos, negros e índios, fez surgir o nativismo pernambucano. Segundo alguns autores, talvez tenha sido esse o primeiro sentimento patriótico de nossa história. A COLONIZAÇÃO DO NORTE A Coroa portuguesa, nas mãos da Espanha, formou uma administração à parte do Norte do país, criando o Estado do Maranhão e Grão-Pará. A influência dos índios foi muito grande fazendo surgir uma considerável população mestiça. Para a Igreja, a grande presença de índios transformou a região Norte numa das mais propícias para suas atividades missionárias. Conflitos entre os representantes da Coroa, religiosos e colonizadores foram constantes na região. Desses conflitos resultou que, em 1759, os jesuítas foram definitivamente expulsos do Brasil. É importante notar que na região Norte foi onde ocorreu a maior escassez de moeda. Por esse motivo, eram frequentes as trocas diretas de produtos também conhecidas por escambo. Fato importante a ser destacado foi a coleta de recursos florestais, chamados de “drogas do sertão”, como cacau, baunilha, guaraná, pimenta, cravo, castanha, ervas medicinais e aromáticas. Essa foi a principal base econômica para a ocupação da Amazônia, em que se destacaram os jesuítas, usando a mão de obra indígena. Até fins do século XVIII a colonização do Norte, por desinteresse de Portugal, foi bastante precária. Aproveitando-se disso, em 1612, os franceses conseguiram se estabelecer no Maranhão, fundando São Luis. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4775560Z6 O risco de perda territorial fez com que os portugueses expulsassem os invasores, fundassem Belém em 1616, e partissem para incursões graduais pelo rio Amazonas, chegando até o Peru. A COLONIZAÇÃO DO SUDESTE E CENTRO SUL Da Capitania de São Vicente (futura cidade de São Paulo) partiram as expedições denominadas “Bandeiras”, que tinham por objetivo a descoberta de metais preciosos e diamantes. Os grupos, formados de poucos brancos e muitos mamelucos e índios, tomavam as direções de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Paraná e ficavam até anos sertão adentro. Em suas incursões deu-se o início da servidão indígena, através do trabalho do índio na agricultura de subsistência dos Bandeirantes. Muitas aldeias já organizadas pelos jesuítas foram saqueadas pelos bandeirantes. Esse fato representou a grande marca dos paulistas na vida da colônia do Séc. XVII. Em 1695, o ouro foi descoberto em Minas Gerais sendo logo explorado em larga escala criando um grande fluxo migratório para aquela região. O ciclo do ouro e diamante fez surgir a classe média urbana e acarretou, para o Sudeste, urbanização e crescimento demográfico. A atividade mineradora em MT, GO e MG, tornou o Rio de Janeiro o centro político e comercial do país. A crescente produção de ouro fez com que ocorresse certo alívio nos problemas financeiros de Portugal, país agrícola e dependente de uma Inglaterra industrializada. Arrecadar o máximo de tributos com o ouro aqui produzido foi a solução encontrada por Portugal para manter equilibradas sua contas externas. O “quinto” foi implantado (20% da produção era do rei) e a “capitação” que, em substituição ao quinto, era mais ambiciosa, pois incidia sobre pessoas e empresas. O descontentamento geral levou à sonegação, ao contrabando e aos movimentos de rebeldia. OS MOVIMENTOS DE REBELDIA No século XVIII, iniciaram-se na Colônia movimentos regionais que tinham em comum o questionamento da ligação do Brasil com Portugal. Aos poucos surgia uma nova consciência: a de ser brasileiro. A partir do momento em que os interesses da sociedade local eram divergentes dos da Metrópole, surgiram reações ao regime. O empenho da Metrópole em receber os impostos a qualquer preço, tomando medidas cada vez mais impopulares, aumentou o descontentamento na Colônia. A Inconfidência Mineira foi o primeiro grande movimento de rebeldia. Silvério dos Reis, no intuito de receber perdão por dívidas contraídas junto à Coroa, delatou o movimento. Todos foram banidos, à exceção de Tiradentes, que foi enforcado e teve seu corpo esquartejado. Mesmo não tendo sido concretizada, a InconfidênciaMineira conseguiu transformar Tiradentes, ao longo dos anos, em herói nacional. A esta iniciativa seguiram-se outras regionais - dentre as quais se destacam a Conjuração dos Alfaiates, na Bahia, e a Revolução Pernambucana - até a Independência. Em fins do século XVIII, a Europa apresentou uma série de modificações no plano das ideias e dos fatos. Essas novas ideias ficaram conhecidas como “pensamento ilustrado”. Dele resulta o pensamento liberal, no mesmo momento em que o regime das monarquias, atuantes desde o Séc. XVI, entra em crise, e com ele, o sistema colonial, que nos deixou como legado, dentre outras, a arte barroca e a democracia racial. Aula 3- A vinda da família real e a independência do Brasil A TRANSFERÊNCIA DO TRONO PARA O BRASIL Portugal por interesses comerciais e diplomáticos, ao optar pela Inglaterra, não aderindo ao bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte, passou a ser alvo de invasão pelos franceses (1807). Para manter a coroa dos Braganças D. João, sob a escolta da marinha inglesa, transferiu-se para a Colônia com os nobres portugueses e o aparelho burocrático da Metrópole, chegando ao Brasil no início de 1808. A vinda da Corte provocou significativas mudanças na relação entre Portugal e a Colônia. Logo ao chegar à Bahia D. João, cumprindo acordo com os ingleses, proclamou a abertura dos portos (até então monopólio português) às nações amigas. Em seguida, permitiu que as manufaturas voltassem a se instalar e possibilitou a importação de matéria prima para as indústrias. A abertura dos portos preservou os interesse comerciais da Inglaterra como principal parceira de Portugal. Sobre os produtos importados que aqui chegavam, os de origem inglesa eram taxados em 15% ao passo que os demais, a 24%. A consequência foram importações cada vez maiores, tornando-se o Brasil excelente mercado para os produtos ingleses de exportação. A política externa de Portugal passou a ser decidida na Colônia, instalando-se no Rio de Janeiro o Ministério da Guerra e Assuntos Estrangeiros. Surge uma vida cultural na cidade mudando também sua própria fisionomia. A edição do primeiro jornal, teatros, bibliotecas, academias literárias e científicas e uma população urbana em rápido crescimento foram as primeiras consequências. D. João VI foi um ferrenho defensor da cultura, das artes, da educação e da liberação crescente do comércio externo brasileiro e procurou elevar o Rio de Janeiro à categoria das principais cidades européias. Para tanto, criou ministérios e tribunais, fundou a Casa da Moeda e o Banco do Brasil e tornou realidade o Jardim Botânico, a Escola de Medicina, o Teatro Real, a Imprensa Real, a Academia Real Militar, a Biblioteca Real e a Academia Real de Belas Artes. O Brasil deixou de ser oficialmente colônia em 1815, quando foi elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves. Essa medida viabilizou a participação de D. João no Congresso de Viena, que tratava da redivisão geopolítica da Europa após a queda de Napoleão, pois o mesmo só poderia participar estando em seu reino. Com a morte da rainha, em 1818, foi sagrado rei de Portugal, do Brasil e Algarves, como D. João VI. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL A situação em Portugal era cada vez pior, pois a ausência do monarca criara uma crise militar permitindo, inclusive, que o governo fosse exercido por um inglês.Por outro lado, a perda dos produtos da colônia gerou sérias dificuldades econômicas. Esses fatos desencadearam, em 1820, uma revolução na cidade do Porto. Os rebeldes decidiram a convocação das Cortes (assembléia para nova Constituição) e o imediato regresso de D. João VI. Apesar de defenderem o liberalismo em Portugal, com a redução dos poderes do rei, as Cortes enxergaram, na possibilidade de recolonização do Brasil, a solução para conseguir enfrentar seus problemas econômicos. Antes de partir, pressentindo a possibilidade do Brasil se separar de Portugal, D. João VI aconselhou seu filho D. Pedro a liderar tal movimento, caso isso viesse a ocorrer. Logo que assumiu a regência D. Pedro se deparou com determinações vindas de Portugal com as quais era frontalmente contrário. Foram elas: - Subordinação de todas províncias a Portugal; - Imposição de transferir para Portugal as repartições instaladas aqui no Brasil por D. João VI; - Envio de novas tropas portuguesas para o Rio de Janeiro e Pernambuco; e, principalmente; - Exigência de retorno imediato de D. Pedro a Portugal. As relações se tornaram cada vez mais tensas e essa última exigência resultou no dia do “fico”, que demonstrou, claramente, a opção feita por D. Pedro. Daí para a independência, foi um passo. D. Pedro começou a praticar sucessivos atos de ruptura com a Corte. Os mais relevantes são apontados a seguir: - As tropas portuguesas que se recusaram a jurar fidelidade ao príncipe foram obrigadas a deixar o Rio de Janeiro; - Foi criado um novo ministério, sob o comando de José Bonifácio de Andrada e Silva; - Eleição de uma Assembléia Constituinte a qual possuía nítidas idéias de rompimento com Portugal; e - As tropas vindas de Portugal seriam tidas como inimigas. Não havia mais como evitar. Despachos chegados de Lisboa revogando os decretos do príncipe regente levam D. Pedro, às margens do riacho Ipiranga, a proclamar a Independência do Brasil. É importante notar que, ao proclamar a independência, D. Pedro manteve como forma de governo a monarquia, que era absolutista e constitucional. A independência do Brasil foi reconhecida primeiramente pelos Estados Unidos, em 1824, devido à política do presidente James Monroe (doutrina Monroe) que defendia “a América para os americanos”. Por trás dessa máxima estava a base do pensamento emancipador nas colônias americanas: o Pensamento Liberal Em agosto de 1825, a Inglaterra mediou junto às cortes portuguesas pelo reconhecimento de nossa independência. Para tanto, o Brasil pagou 2 milhões de libras esterlinas, emprestadas pela Inglaterra (constituindo tal fato em nossa primeira dívida externa), e comprometeu-se a não anexar a seu território qualquer outra colônia portuguesa. Logo depois de Portugal, a Inglaterra oficializou também seu reconhecimento, seguida de outros países da Europa e repúblicas da América Latina. Sua ação mediadora deu-lhe importantes vantagens comerciais com o Brasil. Entretanto, a partir de 1828, D Pedro estendeu a tarifa alfandegária de 15% a outros países. O baixo preço das mercadorias importadas inibiu o desenvolvimento de nossa produção industrial e criou um crescente déficit em nosso comércio internacional. Fomos obrigados a recorrer a vários empréstimos, endividando-nos cada vez mais e aumentando nossa dependência econômica em relação à Inglaterra. O Brasil fornecia produtos primários e permanecia dependente dos produtos do mundo capitalista. Aula 4 Primeiro reinado: a organização do estado brasileiro A CONSOLIDAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA Após a Independência, D. Pedro deparou-se com revoltas militares, ocorridas em todo país, que causaram sérios problemas ao seu governo. Desses conflitos, os mais relevantes ocorreram no Sul e na Bahia. Por não possuir, ainda, um exército organizado, tomou as medidas necessárias contratando experientes militares estrangeiros, reestruturando as milícias e adquirindo navios. Em 1823, no Sul, expulsamos os portugueses da Província Cisplatina para, depois, sermos expulsos de lá por seus habitantes, na Independência do Uruguai, com reconhecimento de D. Pedro I em 1828. Nesse mesmo ano, na Bahia, a vitória das forças brasileiras contou com o apoio de vários senhores de engenho do Recôncavo e por uma frota comandada pelo inglês Almirante Cochrane. A Independência consolidou-se em poucos anos. Naquela época, contrariando uma tendência republicana, o Brasil adotara o regime monárquico, forte e centralizador, o qual foi de fundamental importância para a manutenção de sua unidade territorial. Em maio de 1823, foi eleita umaAssembléia Constituinte encarregada de elaborar a 1ª Constituição. O poder absolutista de D. Pedro I fica claro na fala de abertura ao copiar Luis XVIII: “Juro defender a Constituição se ela for digna do Brasil e de mim”. Entretanto, antes de sua implantação, D. Pedro dissolveu a Assembléia Constituinte por entender que era excessivamente liberal. Por isso, alguns radicais que haviam lutado pela Independência preferiram não participar, sendo alguns deles presos, inclusive José Bonifácio. Em 25 de março de 1824, foi promulgada a primeira Constituição brasileira cuja característica foi a de ter sido imposta pelo Imperador ao povo. A Constituição definiu o governo como monárquico, hereditário e constitucional. O país foi dividido em províncias cujos presidentes seriam nomeados pelo Imperador. Na política, a monarquia brasileira sujeitava-se ao Conselho de Estado, ao Parlamento, à Corte Suprema e ao Poder Moderador, que era sempre utilizado pelo Imperador como voto de minerva. Na prática, esse era o mais relevante deles. No plano econômico, os mercados externos dos principais produtos do Nordeste, açúcar e algodão, apresentavam dificuldades à época. A produção de açúcar passou a sofrer concorrência de Cuba e do açúcar de beterraba da Europa, e o algodão, da produção norte-americana. Por esses fatos, pode-se dizer que a economia nordestina do primeiro reinado caracterizou-se pela crise do setor agrícola de exportação. De um modo geral as províncias do Norte/Nordeste, pelas suas produções eram contra a centralização do poder. Um reflexo desse descontentamento foi a Confederação do Equador, importante revolução republicana, surgida em Pernambuco no ano de 1824, da qual participaram, também, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, e que teve em Frei Caneca um de seus principais líderes. Para reprimir e vencer a rebelião, D. Pedro I enviou tropas à região lideradas por Francisco de Lima e Silva e contratou, mais uma vez, navios comandados pelo inglês Almirante Cochrane. A pressão pela autonomia das províncias levou o Imperador a abdicar, em 1831, partindo para a Inglaterra, na esperança de recuperar o trono português ocupado por seu irmão D. Miguel, após a morte de D. João VI. O destaque da abdicação de Pedro I foi a escolha de José Bonifácio de Andrada e Silva para tutor de Pedro II que, na época, tinha apenas 5 anos de idade. Pela primeira vez o Brasil teria a oportunidade de sagrar um rei nascido no país. O PERÍODO DE REGÊNCIA: 1831 – 1840 O período de regência caracterizou-se pela tomada de uma série de medidas importantes tais como a manutenção da nossa unidade territorial, a determinação de quanto deveria ser a autonomia de cada província, a organização das Forças Armadas e a fixação dos limites entre a centralização ou descentralização do poder. Inicialmente, três foram os regentes predominando Francisco de Lima e Silva – o Chico Regente. A partir de 1834, a Regência se tornou una, com Padre Antonio Diogo Feijó e, depois, Araújo Lima, sofrendo pressão restauradora de José Bonifácio de Andrada e Silva. É dessa época o surgimento do Código de Processo Criminal, dando mais poderes aos juízes de paz que passaram a poder prender e julgar pessoas por pequenos delitos, ajudando na manutenção da ordem nas localidades. Apesar dos presidentes das províncias continuarem a serem designados pelo governo central, ocorreu uma certa descentralização do poder. Foram criadas Assembleias Provinciais que passaram a ter importantes poderes, dentre eles o de repartir a renda entre o governo central, as províncias e os municípios e a competência para fixar as despesas municipais e das províncias. Na Regência também ocorreram importantes revoltas regionais motivadas por ideias republicanas de liberdade, autonomia das Províncias, escravidão, carga tributária e o desejo de uma vida melhor. Destacam-se como principais revoltas: Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835 - 1845) Cabanagem (Pará, 1835 - 1840) Balaiada (Maranhão, 1838 - 1841) Sabinada (Bahia, 1837 - 1838) Praieira (Pernambuco, 1848 – 1850) Note-se que Farroupilha foi a mais longa delas, iniciando-se no período de Regência e terminando no Segundo Reinado. Fato internacional relevante foi a tomada, por pouco tempo, da Província Cisplatina pelo exército brasileiro. Após a Guerra dos Farrapos, as tropas brasileiras, em conjunto com a facção dos “colorados” no Uruguai, garantiram que os argentinos não ocupassem a outra margem do Rio da Prata. Essa conquista foi de fundamental importância para as definições geopolíticas da América do Sul. No período da Regência surgiram os dois principais partidos políticos do Império: o Partido Conservador e o Partido Liberal. Ao Partido Conservador, cujas bases estavam localizadas principalmente no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, estavam ligados aqueles que defendiam a centralização do poder. O Partido Liberal, mais fortalecido em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, tinha seus simpatizantes na classe média e nos que desejavam a descentralização do poder e o conseqüente aumento da autonomia das províncias. Aula 5- Segundo reinado: a consolidação do estado e das elites políticas do brasil O MOVIMENTO REPUBLICANO Já foi dito que o amplo domínio do imperador era fruto da forma como era definido e exercido o poder, que era totalmente centralizador. Sempre que fosse de sua conveniência, o Imperador exercia o Poder Moderador (o principal poder) e, após ouvir o Conselho de Estado, se lhe aprouvesse, dissolvia a Câmara e convocava novas eleições. Com o passar dos anos, entretanto, propostas como a descentralização do poder, a defesa das liberdades e as mudanças na representação política do povo foram se tornando cada vez mais significativas. Contrárias a situação vigente, as idéias do Partido Liberal ganharam terreno e apresentaram progressos A elite, representada pela burguesia cafeeira e a classe média urbana, havia concluído que as mudanças pretendidas jamais seriam concedidas naturalmente pela monarquia. O quadro político já mostrava uma realidade diferente na qual as futuras reformas certamente surgiriam do povo em direção ao poder, e não o contrário. Em decorrência desta certeza surgiu o movimento republicano. A ECONOMIA CAFEEIRA No início do século XIX, o café passou a ocupar lugar de destaque na pauta de exportação do Brasil. Sua produção representativa iniciou-se com as plantações no Vale do Rio Paraíba, onde regiões como Vassouras (RJ) e Bananal (SP) tornaram-se importantes zonas produtoras. O transporte do café se dava no lombo de burros, que desciam a serra em direção ao porto do Rio de Janeiro. Após algumas décadas, com as ferrovias e a exploração de novas terras, o porto de Santos passou a ser o mais movimentado do país e o centro-oeste paulista firmou-se como a mais importante região cafeeira do Brasil. O modelo utilizado nas fazendas era a forma tradicional do “plantation” que, como já vimos, consistia em grandes extensões de terras, conquistadas à força, e cultivadas pelos escravos. Nas primeiras produções de café, para que uma fazenda pudesse se tornar produtiva eram necessários investimentos consideráveis. O desmatamento, o preparo do solo, a aquisição de novos escravos e o tempo de espera pela primeira colheita (nunca inferior a quatro anos), eram fatores responsáveis por essa necessidade. Entretanto, nem sempre o fazendeiro dispunha do capital necessário. Nesse contexto, a figura do comerciante de café, também conhecido como comissário, desempenhou papel de importância na economia cafeeira. As casas comissárias – por estarem estabelecidas nos grandes centros junto aos bancos e portos por onde escoava a produção das sacas de café – financiavam e comercializavam a produção. Era comum que o comerciante se tornasse pessoa próxima e até conselheiro dos agricultores. Apesar de apoiada inicialmente no trabalho escravo, a produção de café teve, na imigração europeia, a partir do Segundo Reinado,um dos fatores mais importantes para o seu sucesso. O início desse processo deu-se com a pressão internacional, principalmente da Inglaterra, para que fosse abolida a escravatura. Essa pressões serão discutidas mais adiante ao abordarmos a extinção do tráfico de escravos. A GUERRA DO PARAGUAI (1864 – 1870) Após o fim do colonialismo espanhol, surgiu o Vice-Reinado do Rio da Prata. Na região, após uma série de conflitos, surgiram a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia. A criação do Uruguai, apoiada pela Inglaterra, localizado em uma das margens do Rio da Prata, impedia o completo domínio da Argentina na foz do rio. O apoio da Inglaterra devia-se, como sempre, aos grandes interesses de comércio exterior na região. Quando, em 1864, com o objetivo de ajudar os Colorados a reconquistarem o poder, o Império invadiu o Uruguai, Solano López, ditador paraguaio, preocupou-se com um possível expansionismo brasileiro e iniciou uma série de hostilidades: prendeu o navio Marquês de Olinda e, logo depois, invadiu Mato Grosso. Nessa época, o governo uruguaio era disputado entre Blancos e Colorados. Havia uma séria questão geopolítica entre Brasil e Paraguai sobre a livre utilização do Rio Paraguai, pois era o melhor acesso a Mato Grosso. Dominando Mato Grosso, pensava López que seria fácil obter um acordo com o Brasil e imaginava também contar com o apoio dos Blancos e dos opositores a Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina. O Brasil ajudou os Colorados a assumirem o governo uruguaio Em 1º de maio de 1865, Argentina, Brasil e Uruguai assinaram o Tratado da Tríplice Aliança para combaterem o Paraguai. Logo no início do conflito, o almirante Tamandaré destruiu a Marinha inimiga, em território argentino, na Batalha do Riachuelo. Entretanto, o fato de o Exército paraguaio ser moderno e numeroso fez com que a guerra durasse vários anos. Há dois anos no comando das tropas brasileiras, Caxias, em 1868, assume a liderança das forças aliadas. A tomada de Humaitá, seguida da entrada em Assunção e da morte de Solano López, colocou, em 1870, um ponto final no conflito. No período derradeiro dos combates, Caxias, doente, afastou-se e foi substituído pelo Conde d’Eu, marido da Princesa Isabel. Esse fracasso impôs ao Paraguai a perda de território e de grande contingente de sua população masculina ativa, passando a ser exportador de produtos agrícolas de pouca importância. Para o Brasil, a participação na guerra implicou mais endividamento com a Inglaterra mas, em compensação, consolidou definitivamente o Exército como instituição, fato relevante na futura queda da Monarquia. A EXTINÇÃO DO TRÁFICO DE ESCRAVOS Desde o início do Primeiro Reinado, o governo inglês preocupava-se em conseguir a extinção do tráfico de escravos para o nosso país. Em 1826, conseguiram os ingleses impor um tratado pelo qual, três anos após a sua ratificação, o tráfico de escravos para o Brasil seria declarado ilegal. Mas, quem substituiria a mão-de-obra escrava? A resposta veio com a contratação dos imigrantes europeus. Os movimentos em prol do término da escravatura foram se fortalecendo com a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885), culminando com a abolição definitiva dos escravos, em 1888.A decadência dos cafezais do Vale do Paraíba resultaram num número de pessoas desempregadas, sem qualificação profissional e sem domicílio. Ao tentarem a sorte nos centros urbanos fizeram surgir as primeiras favelas na cidade do Rio de Janeiro. Os fazendeiros de café de São Paulo preferiram admitir imigrantes europeus que, apesar de mais caros, possuíam a disciplina e autonomia que os novos tempos exigiam. Desencadeou-se, com essa contratação em massa, um movimento expansionista nunca visto, decorrendo daí a primeira fase de desenvolvimento do capitalismo no Brasil, onde o modelo de financiamento da lavoura precisou ser modificado. O custo da introdução desse trabalho livre nas fazendas foi compensado em parte pela economia dos recursos antes necessários para a aquisição de escravos. Com isso, o número de casas comissárias multiplicou-se e as cidades do interior desenvolveram-se de forma nunca vista, passando a dispor, inclusive, de agências bancárias Em termos sociológicos, é fato que a abolição da escravatura não eliminou nem de perto o problema do negro. As oportunidades de trabalho dadas aos imigrantes em dissonância com a falta de bons empregos para os ex escravos determinaram uma enorme desigualdade social para a população negra no país que, infelizmente, se arrastou ao longo dos anos.. Aula 6 - Segundo reinado: a queda da monarquia e o início do processo de industrialização A QUEDA DA MONARQUIA O surgimento do pensamento republicano, vindo a reboque da urbanização e do aumento do ensino nas cidades, a escravatura, as tensões entre o Estado e a Igreja e o fortalecimento dos militares após a Guerra do Paraguai deram início ao movimento que resultaria na queda do regime monárquico. O Império e a Igreja eram detentores, cada um em sua realidade, de grande poder sobre os indivíduos. Não era incomum que, por causa disso, ocorressem atritos. Um dos principais ocorreu em 1848 quando o bispo de Olinda, D. Vital, seguindo determinação do Vaticano, proibiu o ingresso de maçons nas irmandades religiosas. Ocorre que O Barão do Rio Branco, presidente do Conselho de Ministros, era maçom. D. Vital e seu sucessor foram presos e anos foram necessários para que a paz fosse selada. O movimento republicano, surgido no Rio de Janeiro em 1870, era formado por profissionais liberais e jornalistas, e teve em Quintino Bocaiúva, que preconizava uma transição pacífica de um regime para o outro, seu grande líder. De uma forma geral, eram questões básicas do pensamento republicano a representatividade política dos cidadãos, os direitos e garantias individuais, a federação e a libertação dos escravos. Em 1873, fato relevante no âmbito civil foi o surgimento, pela sólida e influente oligarquia cafeeira de São Paulo, do Partido Republicano Paulista – PRP, tendo no conceito de federação sua principal idéia. No plano militar, uma sucessão de fatos levou o Exército a influir de forma decisiva na queda da monarquia. Observe-se que quando a República foi proclamada, D. Pedro II, doente e acometido de diabetes, afastara-se do trono. Com seu afastamento, esses passaram a ter que lidar diretamente com a intransigente elite civil, a quem faziam severas críticas. Os atritos não foram poucos. Por fim, soma-se a isso o fato da falta de perspectivas de um terceiro reinado pois a Princesa Isabel casara-se com uma figura controversa e totalmente desgastada: o Conde d’Eu. A insatisfação militar e a propaganda republicana já faziam parte do cotidiano político do país. Quando, em junho de 1889, o imperador convidou o liberal Visconde de Ouro Preto para formar um novo ministério, um grande atrito iria se formar. Ouro Preto nomeou para a presidência do Rio Grande do Sul Silveira Martins,inimigo pessoal de Deodoro da Fonseca. Por seu grande prestígio no exército, Deodoro foi o escolhido para liderar o movimento. Rui Barbosa, Benjamim Constant, Aristides Lobo e Quintino Bocaiúva foram personagens decisivos no processo de convencer Deodoro da Fonseca a liderarum movimento contra o regime. Por sua reputação, a liderança de Deodoro daria credibilidade ao movimento. Em 15 de novembro de 1889, Deodoro assumiu o comando da tropa e partiu para o Ministério da Guerra. Era o fim da monarquia no Brasil. O INÍCIO DO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO Em 1850, ao mesmo tempo que ocorreu o fim da importação de escravos foi criado o primeiro Código Comercial. O Brasil estava se transformando para o que se considerava o caminho da modernidade. A segunda metade do século XIX caracterizou-se pelo segundo ciclo do café (Centro Oeste paulista) e pelos primeiros passos da industrialização, ocorrida no Vale do Paraíba, Rio Grande do Sul e Amazonas. Essespassos foram facilitados pela Lei Áurea, uma vez que recursos antes aplicados na compra dos escravos passaram a ser canalizados para a atividade industrial. A liberação desses recursos, antes destinados à importação de escravos, provocou uma intensa atividade de negócios, surgindo bancos, ferrovias, indústrias, empresas de navegação a vapor, novos tipos de comércio, etc. Em meados do Segundo Reinado ocorreu significativa mudança nas tarifas alfandegárias de importação, favorecendo a indústria que se instalava. O tratado de 1810 com a Inglaterra, vigente até 1842, estabelecia a baixa tarifa de 15% para os importados britânicos. No intuito de elevar a receita originadas das tarifas de importação, o ministro das Finanças Manuel Alves Branco não renovou-o. Em 1844 foi decretada a tarifa Alves Branco cujas taxas variavam de 30 a 60%. Daí resultou que os preços dos produtos importados tiveram sensível elevação, estimulando a criação de indústrias no país que abastecessem o mercado interno. Surgiam os primeiros passos na tentativa de se criar um sólido mercado interno, com os fatores de produção disponíveis A partir de 1854, a interligação da Coroa com os mercados de Minas Gerais e São Paulo se consolidou com a construção de ferrovias. Por sua vez, o setor das comunicações, a instalação de telégrafo nas principais cidades e o lançamento do cabo submarino que ligou o Império ao continente europeu deram a velocidade necessária para que a industrialização se tornasse uma realidade. A produção cafeeira do Vale do Rio Paraíba teve seu problema de escoamento para o porto do Rio de Janeiro resolvido com a construção da Estrada de Ferro D. Pedro II. Mais tarde, com a construção da Estrada de Ferro Santos–Jundiaí, as lavouras de café do interior paulista eliminaram o gargalo à sua expansão, e o porto de Santos, que antes movimentava apenas produções locais, transformou-se em grande centro exportador. No final do século XIX, a produção de café no Vale do Paraíba começou a declinar, dadas as limitações de expansão da área cultivável e a erosão do solo cansado. Além da desvalorização de suas terras, com a decretação da Lei Áurea, os fazendeiros fluminenses sofreram outro grande golpe em seus patrimônios, representado pela falta de retorno nos investimentos feitos na aquisição de escravos. O mesmo não ocorreu com as lavouras do oeste paulista, que puderam se expandir para novas terras virgens e de melhor qualidade, onde a nova tecnologia do arado e do despolpador, representando uma verdadeira revolução na técnica de descascamento dos grãos, pôde ser implantada. Isso ajudou a compensar as perdas financeiras provocadas pela nova lei. Passado algum tempo, o desenvolvimento da lavoura de café no interior paulista, com sua nova mão-de-obra assalariada e melhores técnicas de cultivo formou, gradativamente, a constituição de uma economia capitalista cuja classe representativa denominou-se a “burguesia do café”. Aos poucos, a economia foi se diversificando. A expansão do café gerou novas cidades, e o capital acumulado, de início oriundo da produção cafeeira, passou a ser reinvestido, gerando novos acúmulos em outros setores como ferrovias, bancos e comércio. Os primeiros passos da industrialização surgiram no Segundo Reinado nas regiões do Vale do Paraíba, Rio Grande do Sul e Amazonas. A região do Vale do Paraíba foi a que abrigou a primeiras unidades industriais. Após a implantação das Tarifas Alfandegárias do Ministro Alves Branco, na primeira década do Segundo Reinado, deu-se o primeiro surto industrial brasileiro, tendo como principal empreendedor Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Apoiado de início pelo capital inglês, desenvolveu a construção naval, várias linhas férreas, um conjunto industrial diversificado e o setor dos serviços públicos. Mauá gerou uma nova filosofia empresarial, participando simultaneamente de vários segmentos da economia, com firmas no Brasil e no exterior. É curioso que, apesar de toda essa capacidade construtiva, seu espírito empreendedor não tenha contemplado dois segmentos da mais alta relevância: educação e saúde. Aula 7- A república militar ou a república da espada: INTRODUÇÃO O movimento republicano tinha três vetores de ideais, a saber: - o ideal liberal, inspirado nos princípios federativos dos EUA, do qual fazia parte o PRP; - o ideal jacobino, do qual faziam parte os intelectuais e a baixa classe média urbana; e - o ideal positivista, que tinha ampla penetração no exército, cujos membros consideravam a Monarquia um entrave ao desenvolvimento. A proclamação da República decorreu da aliança do Partido Republicano Paulista - PRP com lideranças do exército. O exército, prestigiado após a vitória da Guerra do Paraguai, além de considerar a monarquia como um entrave ao desenvolvimento, tinha a grande insatisfação de ser controlado pelo poder civil, que não valorizava a meritocracia. Por outro lado, o PRP, representante da oligarquia cafeeira de São Paulo, não aceitava o fato da elite burocrática no poder central, oriunda do Nordeste e Baixada Fluminense, não atender aos seus anseios políticos e econômicos. Nesse contexto, deu-se a união de interesses que derrubou a Monarquia. O período considerado “República da Espada” (1889 a 1894), representa os primeiros anos do Brasil República, fruto do entendimento entre o PRP e o Exército, de que no início do novo regime era necessário um governo forte que coibisse quaisquer tentativas de retorno à Monarquia, e corresponde ao governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca seguido dos governos constitucionais do próprio Deodoro da Fonseca e do Marechal Floriano Peixoto. O GOVERNO PROVISÓRIO DE DEODORO DA FONSECA (1889 – 1891) As primeiras e mais urgentes medidas tomadas por Deodoro foram: - extinção da Constituição de 1824; - banimento da família imperial; - separação entre Igreja e Estado; - grande projeto de naturalização, oferecendo cidadania brasileira a todos os estrangeiros residentes no Brasil; - Convocação de uma Assembleia Constituinte para elaboração da nova Constituição. Como o governo era provisório, fazia-se necessário dar uma forma constitucional ao país para que a República fosse reconhecida internacionalmente facilitando, com isso, a obtenção de créditos no exterior. Em 24 de fevereiro de 1891, a Assembleia Constituinte promulgou o texto que teve em Rui Barbosa seu revisor final. Este modelo de constituição seguiu o exemplo dos Estados Unidos, definindo o Brasil como República federativa liberal. A nova Constituição teve por características: - autonomia política dos estados federados - harmonia entre os três poderes Essa opção permitiu que os estados passassem a ter a autonomia necessária para a busca do próprio desenvolvimento, podendo, inclusive, contrair dívidas no exterior e constituir forças militares próprias. Além desses fatos, a Constituição definiu também: - garantias à liberdade, à segurança individual e à propriedade. - extinção da pena de morte, - facilitação da imigração, - liberdade do culto religioso e considerável naturalização de imigrantes. Deodoro separou a Igreja do Estado e promoveu grande projeto de naturalização de imigrantes. Para o Ministério da Fazenda foi nomeado Rui Barbosa que tinha o agrado do exército e o apoio do presidente Deodoro. Para tentar atingir os objetivos de incentivo à industrialização, Rui Barbosa promoveu uma grande emissão de moeda, dificultou as importações através de taxas alfandegárias e estimulou a constituição de sociedades anônimas. Os resultados foram desastrosos. Ocorreu uma febre especulativa pela expectativa de grandes negócios, denominada “encilhamento” , altos índices de inflação e a insatisfação dos agricultores O BREVE GOVERNO CONSTITUCIONAL DE DEODORO DA FONSECA (1891) Apesar de constitucionalmente eleito, Deodoro não ficaria muito tempo nocargo da presidência. Acostumado à hierarquia do exército, tinha dificuldade de submeter sua vontade a um Congresso controlado pelos cafeicultores. Tentando contornar problemas políticos, Deodoro nomeou Ministro da Fazenda o Barão de Lucena que, por ser monarquista, desagradou ainda mais os cafeicultores e os militares. Em 03/11/1891, incapaz de conviver com a oposição a seus atos, Deodoro decreta o Estado de Sítio, fecha o Congresso e prende políticos. A reação foi forte e inesperada. Os principais líderes fugiram da prisão, os gaúchos, inclusive Floriano Peixoto, pegaram em armas e a Marinha colocou os canhões de seus navios, ancorados na Baía de Guanabara, apontados para a cidade, exigindo a renúncia do presidente. Em 03/11/1891, incapaz de conviver com a oposição a seus atos, Deodoro decreta o Estado de Sítio, fecha o Congresso e prende políticos. A reação foi forte e inesperada. Os principais líderes fugiram da prisão, os gaúchos, inclusive Floriano Peixoto, pegaram em armas e a Marinha colocou os canhões de seus navios, ancorados na Baía de Guanabara, apontados para a cidade, exigindo a renúncia do presidente. O GOVERNO CONSTITUCIONAL DE FLORIANO PEIXOTO (1891 - 1894) O governo de Floriano Peixoto foi considerado inconstitucional, pois Deodoro havia renunciado com menos de dois anos no poder o que, pela Constituição em vigor, novas eleições deveriam ser convocadas. Entretanto, argumentando com o fato da primeira eleição ter sido indireta (sem o voto popular), Floriano manteve-se no poder. Os distúrbios políticos no governo de Floriano Peixoto ocorreram a partir de abril de 1892, quando 13 generais do exército assinaram manifesto pedindo seu afastamento e foram presos. Em fevereiro de 1893, ocorreram acirradas disputas políticas no RS que acabaram por se tornar de âmbito nacional. De um lado, o governador Julio de Castilhos do PRR, positivista e apoiador de Floriano e, de outro, o Partido Federalista, liderado por Silveira Martins , contrário a Julio de Castilhos e à excessiva centralização política. O presidente tomou partido dos republicanos (Pica Paus) e os opositores, dos federalistas (Maragatos) que, apesar de liderarem de início, foram vencidos. Em setembro de 1893 ocorreu uma nova Revolta da Armada. A Marinha, liderada pelo Almirante Custódio de Melo que desejava a presidência, apontou os canhões de seus navios mais uma vez para a cidade do Rio de Janeiro. Floriano Peixoto reagiu e, ao invés de Deodoro, venceu seus opositores, governando até o último dia de seu mandato Aula 8- A República velha e os mecanismos políticos das oligarquias ▪ O Governo de Prudente de Morais ▪ A Guerra de Canudos ▪ A Política do Café com Leite ▪ A Política dos Governadores ▪ A Política dos Coronéis INTRODUÇÃO O período denominado “República Velha” ocorreu de 1894 a 1930 e foi caracterizado pelo predomínio político econômico e social das oligarquias rurais. A hegemonia do café e da borracha nas vendas externas brasileiras retratam bem essa realidade. Exemplo da hegemonia do café são os três primeiros presidentes civis, todos da oligarquia cafeeira paulista, vinculados ao PRP. Foram eles: Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves. A partir daí, com a eleição de Afonso Pena, ligado ao PRM, deu-se início à política do café com leite, onde a alternância no poder seria entre SP e MG. A relevância dessa política era a união do poder econômico (São Paulo maior produtor de café, principal item de nossas exportações) com o poder político (Minas Gerais, maior colégio eleitoral do país). Essa política gerou muitos benefícios para esses dois estados. Como exemplo podem ser citados a extensa malha ferroviária implantada em Minas Gerais nos anos 20 e os estoques reguladores do café para manutenção em alta dos preços do produto, garantindo a renda dos cafeicultores, mesmo implicando em elevadas perdas para os cofres públicos uma vez que os preços pagos aos senhores do café verificaram-se, após a realização dos estoques, bem superiores aos que o Brasil poderia praticar no mercado internacional. A política do café com leite terminou a partir da indicação do paulista Júlio Prestes para substituir Washington Luis, quando a vez era do mineiro Antônio Carlos, provocando a Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas. A escolha de Washington Luis deveu-se à crise internacional do café, provocada pela Grande Depressão, no sentido de preferir alguém ligado às oligarquias cafeeiras que pudesse defendê-las. Como já foi visto, na República Velha o voto era aberto, permitindo as mais variadas irregularidades. Suas atuações baseavam-se no analfabetismo, no clientelismo e eram favorecidas pela não intervenção militar estatal. Essa realidade política recebeu o nome de “coronelismo” e aconteceu no Brasil até a Revolução de 30. A partir daí, com a modernização industrial e o controle eleitoral pelo poder Judiciário, sua importância na República passou a declinar. O GOVERNO DE PRUDENTE DE MORAIS (1894 – 1898) O governo de Prudente de Morais representou a transição entre a República da Espada e o crescente poder das oligarquias. Os fatos de maior relevância que marcaram seu governo foram: - pacificou o país pondo fim à Revolução Federalista, anistiando seus líderes; - reatou relações diplomáticas com Portugal, rompidas por Floriano Peixoto; - resolveu problemas de fronteiras com a Argentina, na região de Missões - defendeu a economia dos cafeicultores e reduziu barreiras alfandegárias prejudicando o início do movimento industrial; - venceu Antonio Conselheiro, na Guerra de Canudos (1896 - 1897); - tomou a Ilha da Trindade, ocupada pelos ingleses; - declarou o Estado de Sítio após sofrer atentado. A GUERRA DE CANUDOS (1896 – 1897) A injustiça social no campo e o abandono a que estavam submetidas as populações humildes no interior do Nordeste mostrava uma situação traumática. Nesse quadro, o misticismo religioso tinha terreno fértil para se desenvolver. Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, era um líder espiritual que, percorrendo a pé o interior do Nordeste, proclamava a fé no “Reino de Deus” e também prestava assistência à população. Aos poucos, seus discursos começaram a reunir muitos seguidores, inclusive cangaceiros. Em 1893, fundou, na fazenda de Canudos, a aldeia de Belo Monte que passou a ser um porto seguro e uma alternativa de vida para um povo há séculos explorado pelo sistema fundiário da época. A acolhida àqueles que fugiam de uma situação de flagelo vivida no interior do sertão e nos latifúndios era vista pelas oligarquias como um “mau exemplo” que deveria ser extirpado logo. Logo, o governo da Bahia passou a atacar Antônio Conselheiro e sua comunidade mística. Depois de três incursões desastrosas, somente na quarta tentativa, com mais de 15 mil homens vindos de várias regiões do país, uma expedição do governo federal conseguiu cercar Canudos e sair-se vitoriosa. Na época de sua queda, Canudos era maior do que muitas cidades do Nordeste, contando com mais de trinta mil habitantes. A POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE Com o advento da República o Brasil não deixou de ser um país eminentemente agrícola”. As estruturas políticas, econômicas e sociais estavam diretamente ligadas à produção da lavoura de café, sendo ela a principal riqueza da nação no período da República Velha. As oligarquias agrárias dominavam o país, onde a elite política e a maioria dos presidentes do Brasil, naquele período, estavam ligadas ao café. Desde Prudente de Morais a alternância do poder foi dividida, na maioria das vezes, entre Minas e São Paulo. Essa predominância ficou conhecida como a política do café-com-leite. O domínio do cenário político da república explicava-se por serem esses dois os estados mais ricos da nação. Se o presidente fosse paulista, prestigiava a economia cafeeira.Por outro lado, a economia leiteira tinha seus momentos de glória, quando na presidência estava um mineiro. Nos anos 20, a título de exemplo, quase a metade das novas construções de estradas de ferro foi instalada em solo mineiro. Esse modo de governar, em que pese ter desenvolvido a Região Sudeste, foi duramente criticado pelos empresários ligados à indústria e provocou o abandono das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A POLÍTICA DOS GOVERNADORES A “Política dos Governadores” era um acordo entre o presidente e os governadores dos estados, pelo qual estes o apoiariam e, em troca, não interviria nos assuntos dos estados. Para tanto, bastava ajudá-lo a eleger Deputados Federais e Senadores dos estados, que o apoiassem em seus atos de governo. Os governadores, por sua vez, contavam com o apoio dos coronéis que controlavam um verdadeiro “depósito de votos” em seus municípios. A POLÍTICA DOS CORONÉIS O coronel era um proprietário rural, com patente da antiga Guarda Nacional, que detinha grande poder sobre a população pobre local. Esse poder provinha da ausência do Estado nas regiões interioranas, tornando a população carente dos mais elementares direitos, e era exercido com astúcia através da “política do clientelismo”. Os interesses dos coronéis eram sempre contrários ao desenvolvimento econômico. Quanto mais escolaridade mais independente se tornava a população. Da mesma forma, quanto mais desassistida ela fosse, mais a influência dos coronéis se fazia presente. A resultante desse quadro foi uma indiscutível liderança política, praticada com muito rigor. O apogeu do coronelismo ocorreu na República Velha. Sua influência, em consonância com a política de fortalecimento das lideranças estaduais, chegou a interferir nas decisões da administração federal. Era pública e notória a capacidade dos coronéis de influírem nas eleições, tornando-as sempre viciadas. Obrigando seus empregados a votarem em quem determinassem (“voto de cabresto”), faziam com que seu poder se perpetuasse na região onde exerciam o mando. Em determinadas regiões do sertão do Nordeste, em especial na Bahia e em torno do Rio São Francisco, as forças militares dos coronéis chegavam a sobrepujar as forças estaduais. Com o passar dos anos, a urbanização, a industrialização e o controle eleitoral pelo Judiciário fizeram com que os coronéis perdessem gradativamente parte de seus poderes AULA 9 AS RELAÇÕES DE PODER PÓS 1930, O ESTADO NOVO E O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO Conteúdo Programático desta aula A Revolução de 1930 ▪ A Era Vargas ▪ O Estado Novo ▪ O Processo de Industrialização ▪ O Segundo Governo de Getúlio Vargas A REVOLUÇÃO DE 1930 A República Velha tinha como suporte principal a economia cafeeira tendo, portanto, sólidos vínculos com grandes proprietários de terras e vigorou no Brasil até 1930. Sua característica principal era a forte centralização do poder entre os partidos políticos e a conhecida aliança entre São Paulo e Minas Gerais, denominada “política do café-com-leite”. Como já foi dito, havia um revezamento entre os presidentes apoiados pelo PRM e o PRP. A cada eleição, o presidente do partido no poder indicava um nome do outro partido para sucedê-lo, ficando os representantes dos demais estados na oposição oficial ao governo. A crise ocorreu quando, em 1929, ao final do mandato do Presidente Washington Luis, o PRM indicou o nome do governante de Minas, Antonio Carlos. Tendo em vista a Grande Depressão de 1929 e a crise mundial da I Guerra Mundial, Washington Luis optou por defender a candidatura do paulista Julio Prestes, representante da oligarquia cafeeira. Com isso, Minas Gerais afasta-se do governo e anuncia seu apoio à Aliança Liberal. Tal Aliança apresentara como candidato a presidente Getúlio Vargas, do Rio Grande do Sul, e, como vice, João Pessoa, da Paraíba Apesar de Getúlio ter perdido a eleição para Júlio Prestes a situação teve uma reviravolta com a suposição de motivos políticos para o assassinato de João Pessoa, vice de Vargas. A Aliança Liberal aproveitou o episódio e contestou o resultado, alegando fraude eleitoral. Foi o suficiente para que o Exército, apoiasse Getúlio Vargas e, com isso, a proclamação da Revolução. A ERA VARGAS Foi Vargas quem por mais tempo ocupou a presidência da república, iniciando seus mandatos com o governo provisório(1930-34), seguido do governo constitucional e democrático (1934-37), do Estado Novo (1937-45) e, finalmente, com o segundo governo constitucional (1951-54). Em todo esse tempo de governo, o ministério que mais se destacou foi o do Trabalho, da Indústria e do Comércio. A maneira como ascendeu à presidência, com o apoio do Exército, em uma eleição que aparentemente perdera, fizera com que os poderes de Vargas se tornassem quase que ilimitados. Isso possibilitou que, em nome da modernização, criasse novos ministérios, dentre eles os do Trabalho, Indústria e Comércio e Educação e nomeasse interventores de estados. Apesar de políticas populistas envolvendo sindicatos, Getúlio Vargas promoveu significativos progressos na legislação trabalhista, que sobrevivem até hoje. Com a derrubada da Constituição de 1931, o que foi um erro político de Vargas, a excessiva concentração de poderes levou à primeira revolução armada contra ele, a “Revolução Constitucionalista de 1932”. A oposição paulista, desgostosa com as nomeações dos interventores e a perda da autonomia estadual, iniciou uma revolta armada para defender a criação de uma nova Constituição. Em 9 de julho de 1932, explodia a revolução. Apesar de composta por tropas paulistas, gaúchas, mineiras e fluminenses, os revolucionários não obtiveram êxito. Mesmo perdedor, o movimento teve grande influência na Constituição de 1934, fazendo com que inúmeras ideias liberais fossem aceitas como por exemplo o voto feminino e o fim do voto aberto, passando a ser secreto. Como já foi dito, no jogo político, Getúlio Vargas cometeu um grave erro, em 1931, com a derrubada da Constituição. A par desses fatos, Getúlio Vargas convocou uma nova Assembleia Constituinte. A nova Constituição introduziu no país uma ordem jurídico política que consagrava a democracia, com a garantia do voto direto e secreto, da alternância no poder, dos direitos civis, da liberdade de expressão e da pluralidade sindical. Como da outra vez, o Colégio Eleitoral escolheu Getúlio Vargas o presidente da República. A proximidade das eleições previstas para 1938, fez com que os partidos lançassem suas candidaturas.Como não era intenção de Getúlio abandonar o poder, usou de um artifício aético para conseguir um pretexto que impedisse as eleições: O Plano Cohen. O plano simulava em detalhes uma suposta insurreição comunista que provocaria um duro golpe na ordem pública, com massacres, saques, depredações, desrespeito aos lares, incêndios de igrejas, etc. Não se sabe como nem porque, o plano caiu nas mãos do Exército, que o divulgou através da “Hora do Brasil”. O perigo iminente da tomada do poder pelos comunistas e a aversão declarada da sociedade a essa possibilidade, eram os fatos político que Getúlio precisava para instaurar da ditadura do Estado Novo e se manter no poder. O ESTADO NOVO (1937 – 1945) A nova Constituição possuía vários dispositivos semelhantes aos de países autoritários da Europa e seu foco era o de destruir as ideias liberais da Constituição de 1934. .Com a decretação de rigorosas leis de censura e o Congresso Nacional fechado, Vargas governou sem oposição legal. A intervenção do Estado e o poder autoritário exercido ao extremo seriam as marcas registradas de seu governo. Para viabilizar o desenvolvimento econômico foram criados órgãos de apoio a áreas estratégicas, como o Conselho Nacional do Petróleo e o Conselho Federal de Comércio Exterior. A queda repentina nas exportações e a escassez de produtos essenciais importados, provocados pela II Guerra Mundial, tornavama industrialização uma metainadiável. A auto suficiência no setor siderúrgico, para acelerar esse processo, foi obtida na construção da Companhia Siderúrgica Nacional, através de apoio direto dos Estados Unidos. Da mesma forma que a guerra incrementou a nossa indústria de base, a partir da instalação da CSN, em 1941, ela também provocou a queda do regime ditatorial. Com a vitória dos aliados a democracia era a grande vencedora. Não fazia sentido, portanto, o Brasil, que ajudara a derrubar os regimes nazista e fascista, permanecer numa ditadura. Assim, Vargas marcou eleições para dezembro de 1945, decretou a anistia e promoveu a reorganização dos partidos políticos, com a indicação de candidatos à presidência da República. O fim do Estado Novo ocorreu por conta do movimento “Constituinte com Getúlio”, denominado “Movimento Queremista” (queremos Getúlio). Os militares viram nesse movimento uma chance de boicote as eleições e Getulio Vargas foi deposto. O General Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente do Brasil e Vargas eleito senador, com a maior votação da época. O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO Segundo os principais historiadores, a Grande Depressão representou, para o Brasil, o momento em que ocorreu a mudança do modelo calcado na produção agrícola exportadora para um modelo econômico de crescimento voltado para o mercado interno. Diversos bens, antes importados, passaram a serproduzidos internamente, através de um processo desubstituição de importações (PSI). Para que o projeto de industrialização se tornasse realidade, foi criada uma indústria de base, pois o país precisava se tornar menos dependente da importação de produtos vitais no processo produtivo, tais como petróleo, cimento, aço, energia elétrica, etc. Com essa indústria de base, e as importações de bens de capital e de bens Intermediários, foi possível que a produção interna dos bens de consumo, antes adquiridos no exterior, atendesse a demanda interna. Por ter concordado em participar da II Guerra Mundial, enviando tropas para a Itália e permitindo a instalação de uma Base Aérea para apoio aos aliados, Vargas recebeu investimentos americanos que gerou a construção da Companhia Siderúrgica Nacional. Ao fim da guerra, pela escassez de produtos de importação, a industrialização tornou-se meta inadiável no Brasil. A Era Vargas caracterizou-se pelo estado forte, pela modernização urbana e industrial, pelo incentivo à indústria de base através do intervencionismo estatal, pela aversão ao capital privado nacional e americano e pela consolidação das leis trabalhistas. O SEGUNDO GOVERNO DE GETÚLIO VARGAS (1951 -1954) Apoiado no Processo de Substituição de Importações (PSI), já eleito presidente do Brasil, Getúlio Vargas tentou obter as condições para implantar as bases de uma indústria pesada no país. Como a reconstrução da Europa no pós-guerra prejudicou o nosso fluxo de importações, restava-nos a alternativa de buscar o desenvolvimento por conta própria. Assim, em 1952, foi criado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDES, que passou a financiar importantes projetos de infra estrutura. Em 1954, com o suicídio de Vargas, ocorre o fim do processo nacionalista de produção Aula 10 A abertura política e as conquistas sociais Conteúdo Programático desta aula ▪ O Governo de Juscelino Kubitschek ▪ O Governo de Jânio Quadros ▪ O Governo de João Goulart ▪ O Governo Militar ▪ O Governo de José Sarney ▪ O Governo de Fernando Collor de Mello ▪ O Governo de Itamar Franco ▪ Os Governos de Fernando Henrique Cardoso ▪ Os Governos de Luis Inácio Lula da Silva O GOVERNO DE JUSCELINO KUBITSCHEK (1956 – 1961) O processo de industrialização promovido por Juscelino Kubitschek estava apoiado no capital privado nacional e estrangeiro e nas empresas do governo. JK, como era chamado, utilizou o planejamento econômico, sistema adotado com sucesso na Rússia desde os anos 30, como ferramenta para obter um desenvolvimento industrial acelerado e organizado. Dentre os três vetores de sustentação de sua política, ao contrário do que fora defendido pelo governo Vargas, a aceitação do capital externo representava o principal ponto de apoio de sua política. Nesse processo, o Brasil passou a atrair, a partir de 1956, empresas multinacionais do mundo inteiro. Os principais ramos industriais se transformaram em setores oligopolistas, onde um pequeno número de grandes empresas domina o mercado. A influência das empresas multinacionais passou a ser uma realidade na produção industrial brasileira. O Plano de Metas estimulou em muito o Programa de Substituição de Importações – PSI, com significativo incremento à nossa industrialização, especialmente no setor de bens de consumo duráveis e de bens de capital, como energia, transporte, siderurgia, refino de petróleo, máquinas, ferramentas e elétrico pesado. consequência de toda essa mudança na economia brasileira fez com que o crescimento do Produto Interno Bruto passasse a estar diretamente vinculado ao crescimento da produção industrial, o que até então não ocorria, pois o Brasil era um país agrícola. Assim, o nível dos investimentos passou a ser a variável fundamental para explicar a nova realidade econômica implantada em nosso país. Há que ressaltar que JK, ao colocar em prática o slogan “50 anos em 5”, através da utilização do capital estrangeiro, do financiamento dos gastos público e privado, e da expansão dos meios de crédito através do BNDES, colaborou decisivamente para a elevação do valor da dívida externa e das taxas de inflação no país, taxas essas que se manteriam muito elevadas durante os próximos quarenta anos. O GOVERNO DE JÂNIO QUADROS (1961) Jânio Quadros foi eleito com pouco mais de 6 milhões de votos para suceder Juscelino Kubitscheck, tendo como vice João Goulart . Seu breve governo caracterizou-se pela falta de uma política interna consistente e, na área externa, pela aproximação aos países do bloco socialista. Nesse sentido, iniciou o processo de restabelecimento de relações diplomáticas com a União Soviética, enviou seu vice João Goulart em missão oficial à China, criticou a política norte americana em relação à Cuba e condecorou o revolucionário Ernesto “ Che” Guevara com a ordem do Cruzeiro do Sul, a mais relevante medalha nacional. Para surpresa do país, em 25 de agosto de 1961, alegando forças ocultas Jânio Quadros renunciou. Até hoje não se sabe as reais intenções de Jânio ao renunciar. Se seu desejo foi tentar um golpe em que voltaria ao cargo com mais poderes, não conseguiu pois sua decisão foi aceita pacificamente pelo Congresso Nacional e pelas Forças Armadas. Pela Constituição o vice João Goulart, que estava em visita à China, assumiria a presidência do país. Pelos rumos do governo Jânio, essa a alternativa encontrava resistência, principalmente dos militares. O GOVERNO DE JOÃO GOULART (1961 – 1964) A solução encontrada para que os militares aceitassem Jango na presidência foi o parlamentarismo. Entre setembro de 1961 e janeiro de 1963, o Brasil foi parlamentarista. Ou seja: Jango seria o presidente mas o governo de fato seria exercido por um primeiro ministro. Essa experiência durou pouco tempo pois foi implantada de forma artificial e num momento de grandes dificuldades econômicas e políticas. As discussões das reformas de base propostas por Jango e as contundentes promessas proferidas no comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964,de reforma agrária e a menção de uma futura reforma urbana, além da iminente possibilidade de aumento da taxação das camadas mais ricas da população, assustaram as elites, a classe média e as Forças Armadas, fazendo com que ocorresse uma das maiores mobilizações políticas na sociedade brasileira. A resposta imediata contrária ao comício de 13 de março ocorreu, em São Paulo, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, a qual foi seguida de outras manifestações semelhantes em diversas cidades do país. Nãobastando as repercussões do discurso de Jango, ocorreu a revolta dos marinheiros no Rio de Janeiro, colocando em xeque a disciplina nas Forças Armadas. Era o que faltava para o golpe militar de 1964. O GOVERNO MILITAR (1964 – 1985) Por longos 21 anos o Brasil foi governado por uma ditadura militar. A princípio, estava prevista a instalação de um governo provisório e futura eleição de um presidente civil e a volta da normalidade democrática, o que não ocorreu. Nesse período, foram decretados cinco Atos Institucionais, com perdas crescentes dos direitos constitucionais, como o “habeas corpus” e a censura à imprensa. O Congresso foi fechado, reduziram-se a dois o número de partidos políticos (Aliança Renovadora Nacional - ARENA, da situação e MDB – Movimento Democrático Brasileiro, da oposição consentida) e foi deflagrada a luta armada, onde sequestros políticos, desaparecimentos e torturas passaram a fazer parte da vida nacional. Na tentativa de estabilizar a economia e lançar as bases para a retomada do crescimento, foi elaborado o PAEG – Plano de Ação Econômica do Governo, apoiado numa política de forte arrocho salarial e na instituição da correção monetária. Foi durante a ditadura militar que a economia nacional apresentou, de 1968 a 1973, taxas de crescimento surpreendentes. Esse período de elevadas taxas de crescimento econômico ficou conhecido como o Milagre Econômico Brasileiro, interrompido com a crise internacional do petróleo, cujo preço por barril passou de US$ 2,90 para US$ 11,65 em 3 meses. Apesar da força comum a um governo militar, o crescimento econômico verificado, entretanto, não gerou o desenvolvimento econômico esperado, uma vez que a concentração de renda acentuou-se no período. O GOVERNO DE JOSÉ SARNEY (1985 – 1989) Após o movimento das Diretas Já, Tancredo Neves, através de eleição indireta, foi eleito presidente do Brasil. Todavia, na véspera de sua posse, foi hospitalizado vindo a falecer em 21 de abril de 1985. José Sarney, que já assumira interinamente a presidência na condição de vice presidente, passou a ocupá-la em caráter definitivo. Na área econômica, o governo Sarney colocou em prática frustradas tentativas de combate à inflação, cuja principal foi o Plano Cruzado, de forte apelo popular, apoiado no congelamento de preços e salários, e a implantação da nova moeda Cruzado com a eliminação de três zeros do cruzeiro e o fim da correção monetária. O plano previa o descongelamento gradual dos preços mas, por questões políticas, isso não ocorreu acarretando sérios problemas na economia. Apesar de todas as medidas adotadas, o final do governo Sarney ficou estigmatizado pelo descontrole econômico com a inflação atingindo, no ano de 1989, a insuportável marca dos 1.764%.A convocação de uma Assembléia Constituinte foi o fato político marcante de seu governo, resultando na promulgação da Constituição de 1988. O GOVERNO DE FERNADO COLLOR DE MELLO (1990 – 1992) Em 1990, Fernando Collor de Mello foi eleito presidente do Brasil deparando-se com uma das piores crises inflacionárias que se teve notícia no país. Para se ter uma ideia, no último mês do governo anterior a taxa superara 80%. Medidas econômicas impopulares foram implantadas, tais como o confisco de depósitos à vista e a reforma administrativa, com o fechamento de vários órgãos públicos e demissões de funcionários. A queda acentuada do PIB, o aumento do desemprego, o enorme desgaste do governo provocado pelo confisco e as crescentes denúncias de corrupção levou, em 1992, ao primeiro caso de impeachment do país. O GOVERNO DE ITAMAR FRANCO (1990 – 1992) Vice de Fernando Collor, Itamar Franco teve o respaldo político necessário para concluir o mandato presidencial. O principal mérito de seu curto governo foi implantar um plano vitorioso de combate a uma inflação crônica de mais de quarenta anos: o Plano Real. Elaborado em 1994 pela equipe econômica do então ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso, conseguiu estabilizar a nova moeda e fez com que o Brasil viesse apresentar sensíveis melhoras nos Indicadores de Desenvolvimento Humano – IDH.Graças ao sucesso do real, Fernando Henrique Cardoso foi candidato e eleito presidente da república nas eleições seguintes. OS GOVERNOS DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995 – 2002) Durante seu primeiro mandato, com muita barganha política, ocorreu importante mudança no sistema eleitoral do país, com a possibilidade de reeleição aos principais cargos do executivo (presidente, governador e prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes), abrindo caminho para que FHC obtivesse sucesso na conquista de sua reeleição.Na área econômica, além da manutenção da estabilidade da moeda, seu governo promoveu a privatização de inúmeras empresas estatais (Vale do Rio Doce, Telebrás, Banespa, dentre outras) gerando uma receita para o país da ordem de 100 bilhões de dólares, aproximadamente.A criação dos remédios ditos genéricos permitiu que famílias de baixa renda tivessem acesso a seu consumo, representando fato social relevante. Também nesse período a diplomacia brasileira auxiliou negociações para o processo de integração econômica com países vizinhos viabilizando a consolidação do MERCOSUL. Há que se notar, entretanto, que mesmo a estabilidade dos preços por mais de uma década e os excelentes resultados da Balança Comercial, possibilitando ao país as condições de crescimento sustentável, não foram suficientes para que o Brasil conquistasse significativa melhore nos índices de desenvolvimento econômico. OS GOVERNOS DE LUIS INÁCIO LULA DA SILVA (2003 – 2010) Após três tentativas, com a divulgação da “carta aos brasileiros, Lula foi eleito. Já no início de seu governo, demonstrou que quaisquer que fossem seus planos para o desenvolvimento econômico e uma melhor distribuição de renda, não abriria mão das conquistas do governo anterior com relação ao controle da inflação e da estabilidade da moeda. No âmbito político, para governar aliou-se a inúmeros partidos, liderados pelo PMDB. Em seu primeiro governo passou por séria crise política, com o caso do “mensalão” (compra de votos dos deputados sobre propostas do governo). A principal consequência foi a queda do Deputado federal e Chefe da Casa Civil, José Dirceu.As medidas econômicas adotadas por Lula permitiram que em seus dois mandatos ocorresse uma real distribuição de renda no país, principalmente pelo sucesso da implantação do projeto social denominado “bolsa família” que, no final de seu governo, interferia diretamente na vida de mais de um terço da população brasileira. Comentário:Os significativos ganhos sociais das camadas menos favorecidas deu a Lula o invejável índice de aceitação,superior a 80%, permitindo que Dilma Rousseff, sua escolhida, se tornasse a primeira presidenta do Brasil sem nunca antes ter sido eleita para qualquer mandato político
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