Buscar

73_marx-karl-o-capital-1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

De acordo com o princípio do nível constante dos salários, neste caso
deveria ter lugar uma reação, exatamente como no anterior. Por con-
seguinte, os operários agiriam com acerto reagindo contra as baixas
de salários ou contra as tentativas em tal sentido. Procederiam, por-
tanto, acertadamente, ao arrancar aumentos de salários, pois toda rea-
ção contra uma baixa de salários é uma ação a favor do seu aumento.
Logo, mesmo que aceitássemos o princípio do nível constante de salários,
como sustenta o cidadão Weston, vemos que os operários devem, em
certas circunstâncias, unir-se e lutar pelo aumento de salários.
Para negar essa conclusão ele teria que renunciar à premissa
em que se baseia. Não deveria dizer que o volume dos salários é uma
grandeza constante, mas sim que, embora não possa nem deva aumen-
tar, pode e deve baixar todas as vezes que o capital sinta vontade de
diminuí-lo. Se o capitalista quer vos alimentar com batatas, em vez
de carne, ou com aveia, em vez de trigo, deveis acatar a sua vontade
como uma lei da economia política e vos submeter a ela. Se num país,
por exemplo, nos Estados Unidos, as taxas de salários são mais altas
do que em outro, por exemplo, na Inglaterra, deveis explicar essa di-
ferença no nível dos salários como uma diferença entre a vontade do
capitalista norte-americano e a do capitalista inglês; método este que,
sem dúvida, simplificaria imensamente não apenas o estudo dos fenô-
menos econômicos, como também o de todos os demais fenômenos.
Ainda assim caberia perguntar: Por que a vontade do capitalista
norte-americano difere da do capitalista inglês? E para responder a
essa questão, não teriam outro remédio senão ir além dos domínios da
vontade. É possível que venha um padre dizer-me que Deus quer na
França uma coisa e na Inglaterra outra. E se o convido a explicar essa
dualidade de vontade, ele poderá ter a imprudência de responder que
está nos desígnios de Deus ter uma vontade na França e outra na Ingla-
terra. Mas nosso amigo Weston será, com certeza, a última pessoa a
converter em argumento essa negação completa de todo raciocínio.
Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em en-
cher os bolsos, o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar
acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites desse
poder e o caráter desses limites.
II
[Produção, Salários e Lucros]
A conferência proferida pelo cidadão Weston poderia ser conden-
sada a ponto de caber numa casca de noz.
Toda a sua argumentação reduz-se ao seguinte: se a classe ope-
rária obriga a classe capitalista a pagar-lhe, sob a forma de salário
em dinheiro, 5 xelins em vez de 4, o capitalista devolver-lhe-á, sob a
forma de mercadorias, o valor de 4 xelins em vez do valor de 5. Então
a classe operária terá de pagar 5 xelins pelo que antes da alta de
MARX
75

Outros materiais