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PRADO JR. (1977 cap. 15 18 e 19)

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HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL
Caio Prado Jr
CAP 15 - Crise do Regime Servil e Abolição do Tráfico
Nesta etapa (início do séc XIX), o processo de emancipação política vai polarizar forças políticas e sociais em gestação e desencadear conflitos entre os grupos e classes do sistema colonial. Participará muito pouco dessas agitações a gigantesca massa de escravos (1/3 da população total), pois, devido principalmente ao tráfico africano, não há uma formação homogênea (mesmo nível de desenvolvimento cultural, mesmo idioma etc) de uma identidade negra no Brasil (intenção dos senhores). Este torpor da população escrava permitiu que a estrutura econômica se assentasse sem abalos sobre o trabalho servil, apesar da simples presença da vultosa população por si só para desencadear a crise no sistema.
Moralmente condenada, justificam-na pela "necessidade"; não é defendida abertamente e seu fim é dado como certo...a questão é a oportunidade. 
Mola mestra sobre a qual repousam todas as atividades econômicas (sem aparente substituto possível, daí a conclusão de que sua abolição total, na época, talvez fosse prematura), a escravidão se reforça com a subida ao poder dos proprietários de terra, no Império.
A persistência do regime escravista na estrutura social do novo Estado representa uma profunda contradição, pois, se enquanto colônia, a pressão externa da metrópole acarretava um relativo equilíbrio nos terrenos econômico e social, com a independência sua população é dividida claramente em castas diferentes e opostas entre si (contemporâneos alegarão como argumento contra a emancipação política a ameaça do contingente escravo). Contudo, a visão da necessidade da abolição, ainda que gradual, e da diminuição da heterogeneidade social já estava clara quando da formação do Império.
Outro fator condicionante da tendência antiescravista é o tráfico africano. Vital para a reposição da mão-de-obra (crescimento vegetativo negativo da população escrava local), sabia-se que, findo o tráfico, não tardaria a ser abolida a escravidão. Um golpe no tráfico (um assunto internacional), portanto, traria certamente repercussões para a estabilidade da estrutura servil (um problema interno). A oposição internacional ao tráfico atingirá a escravidão brasileira.
Após abolir o tráfico em suas colônias (em 1807), a Inglaterra (antiga beneficiária do comércio de almas) hasteia a bandeira internacional contra ele. Sob sua influência (o pressão), o tráfico vai sendo eliminado nos países do mundo.
Portugal (e Brasil, a seguir) resistirá à influência inglesa por mais tempo (havia interesses demais a serem contrariados), e no acordo de paz e amizade (também assinado em 1810) prometem uma vaga cooperação na campanha contra o tráfico. Esta cláusula dá brecha à interpretação de ilegalidade do tráfico em alguns casos, e a Inglaterra passa a perseguir navios negreiros em alto mar, com a alegação de estes escravos provinham de territórios não portugueses. Em 1815, nas convenções para reestruturação européia após Napoleão, a Inglaterra reconhece a ilegalidade dos apresamentos realizados anos antes, e indeniza Portugal. Consegue, porém, uma nova concessão: a ilegalidade do tráfico acima da linha do Equador. 
Mesmo assim, o tráfico e a perseguição ilegal inglesa continuam. Em 1817, assinada outra convenção em favor dos ingleses, que passavam a ter o direito (válido por 15 anos após Portugal abolir o tráfico) de visitar navios suspeitos em alto mar. Portugal se compromete a extinguir o tráfico o mais brevemente possível.
No Brasil, enquanto isso, discute-se tanto o fim do tráfico quanto a abolição da escravidão. A idéia difunde-se principalmente após o estabelecimento das Cortes no RJ, e prende-se claramente aos fatores internacionais que agiam contra o sistema servil. O debate sobre a situação do Brasil surge em periódicos londrinos, lidos no Brasil. O sistema é duramente condenado em sua base moral. Interessante notar que na revolta de Pernambuco (1817) a escravidão é formalmente condenada, e entre os revoltosos encontram-se inclusive proprietários se senhores rurais (mais uma manifestação da contradição escravista).
O tráfico nessa época pré-independência, mesmo com a interferência britânica, intensifica-se, o que justifica o desenvolvimento econômico verificado (que repousava no trabalho servil).
Por ocasião da emancipação política, a Inglaterra utiliza-se de uma manobra importante sobre Portugal/Brasil: a necessidade de uma nação ser reconhecida internacionalmente. O nascente Império, se contava com o apoio dos EUA (que rompiam com a tradição européia), não tinha a simpatia dos países do Velho Mundo. A Grã-Bretanha, mediando a questão, será responsável pela aceitação da soberania do Brasil, sem ferimento do princípio de legitimidade da Santa Aliança (formada a partir do Congresso de Viena, 1815), pois a transição se daria sem rompimento revolucionário, como uma continuidade do governo português, sendo o Imperador mera figura decorativa.
O preço cobrado pela "ajuda" será a tomada de postura definitiva, por parte do Brasil, no sentido de término do tráfico. O Brasil aquiesce, e assina com os ingleses tratado pelo qual se compromete a acabar com o tráfico 3 anos após 1827 (após este prazo o tráfico humano seria considerado pirataria). Em 1831, o Brasil promulga a lei que declara todos os indivíduos desembarcados no país como livres. O país, agora governado por uma regência tirada da classe dos proprietários rurais, não se esforçará para manter o combinado no tratado, e o tráfico continua.
Entra em cena novamente a Inglaterra, que redobra a patrulha marítima. Mesmo contando com amplos poderes de vigilância e intervenção, os ingleses enfrentavam o problema dos cargueiros que jogavam os escravos ao mar ao menor sinal da aproximação dos navios britânicos (faltavam, assim, provas para condenação em júri internacional). Insiste em um acordo concessão para apresamento de navios suspeitos (já havia conseguido este acordo de Portugal). O Brasil, entretanto, resiste e, diante da arrogante e desmedida pressão inglesa, verá o tráfico ganhar terreno, pois, se não abertamente defendido, tornava-se uma questão de honra e soberania nacional. O tráfico continuava, vez por outra com o despejo da carga no mar, aumentando em ritmo (alimentando o desenvolvimento econômico que o Brasil experimentava na primeira metade do século) e cabendo aos ingleses, apenas, a repressão em todo o vasto oceano.
Tensões diplomáticas com a Inglaterra passam a ocorrer e atingem o paroxismo em 1845, quando o direito (de 15 anos) de visitar navios estava para expirar e não é acordada uma renovação do prazo. Unilateralmente, a Grã-Bretanha sanciona o Bill Aberdeen, pelo qual o tráfico de escravos passa a ser crime de pirataria a ser julgado nos tribunais do Almirantado. Sem demora, a repressão passa a ser feita mesmo em águas territoriais, praias e portos brasileiros (com ataques à costa e desembarque de tropas para perseguir em terra condutores de escravos e tomar-lhes a presa).
Diante de tal afronta, o governo do Brasil, sem poderio militar para fazer frente aos ingleses, respondia com desprezo ou reiteradas promessas de acabar com o tráfico. O perigo de guerra era real, e encontrava apoio na opinião pública inglesa. As intervenções britânicas interferiam inclusive nas comunicações internas do país (na dúvida, todos os navios que continham negros eram considerados traficantes). Interessante notar que os escravos capturados abasteciam as Antilhas, onde, apesar do fim da escravidão, satisfaziam a grande necessidade de trabalhadores (isto era um estímulo para os abusos da repressão inglesa).
Tal situação não poderia continuar, e, afinal, a política brasileira cede. Em 1850 adotam-se medidas efetivas e continuadas de repressão (inclusive com expulsão de notórios traficantes, o que desorganiza a atividade). Outro fator que contribuiu para a aceitação das ações foi a ascensão dos traficantes ao nível de potentados financeiros, credores da classe de maior expressãopolítica e social do país: os proprietários rurais. Sua expulsão, certamente, era conveniente. As medidas surtem efeito e o tráfico, intensificado na década de 40, despenca no início dos anos 50 para cessar de vez pelo meio da década. 
Era o fim do tráfico africano no Brasil, e com ele findam-se também uma série de medidas transformadoras do quadro político e social, iniciadas desde o início do século. Serenam os conflitos violentos decorrentes das transformações sociais, e o país passa a percorrer um caminho de desenvolvimento relativamente estável. Certamente, é afetada profundamente a estrutura de base que nos legara a colônia; ajustamentos de curto prazo permitem uma acomodação momentânea do sistema econômico colonial, mas ações alternativas terão que ser levadas a cabo, dado o caráter de dissociação, representada pela abolição, na evolução econômica brasileira.
Como conseqüências, vemos a aplicação de capitais em outros setores, com posterior inflação. Em seguida, o país conhecerá pela primeira vez avanços nas práticas financeiras e aplicações em infraestrutura de comunicações, transporte etc. As relações com a Inglaterra melhoram, e a reativação das atividades britânicas no Brasil é mais um resultado importante da abolição.
CAP 18 - A Decadência do Trabalho Servil e sua Abolição
O ponto culminante da trajetória escravista no Brasil se deu em meados do séc XVIII, às vésperas da lei Eusébio de Queiroz (1850), e logo após já há sinais claros de sua decomposição. Resolvida questão do tráfico, a atenção volta-se totalmente (pois já ocorriam manifestações anteriores a 1850) para o problema interno da instituição servil.
O "silêncio" a respeito da abolição dos escravos não deve ser interpretado apenas como fruto do interesse dos conservadores. Pairava no ar um receio da reação da imensa massa de escravos à possibilidade de liberdade. Daí, as deliberações e debates seguirem no mais rigoroso segredo (a ausência de manifestações mais enérgicas poderia refletir, ao invés de desprezo ou esquecimento, um excesso de preocupação).
Ainda que, de fato, logo após o fim do tráfico, tentativas parlamentares de tratamento do assunto encontrem total resistência, nos anos que seguem o problema fica evidente, dado que se começa a sentir os efeitos da diminuição de mão-de-obra. Medidas para estimular a natalidade e conservação dos escravos são inócuas.
O movimento de escravos do Norte para o Sul torna crítica a situação das áreas de origem. Impostos para trânsito interprovincial são aplicados. A área rica do país (centro-sul) torna-se um freio do movimento libertador. Aliás, verificar-se-á que tanto esta transferência de mão-de-obra não satisfaz as necessidades do Sul quanto a coexistência do escravismo com o trabalho livre (solução posterior) não será adequada.
A nascente manufatura brasileira também não empregará escravos (exceto em funções acessórias), por eles não se adaptarem ao trabalho delicado e pela imobilização do capital representar uma desvantagem financeira em relação ao trabalho livre.
Agravadas as contradições do sistema escravista, a partir de 1860 o debate sobre a abolição ganha espaço aberto, mais até do que no Parlamento. A questão é analisada a fundo, em seus aspectos social, político, econômico. Esta discussão passa a ocupar o centro principal das atenções.
Compreende-se que a solução deve ser gradual, devido a possíveis choques na estrutura econômica do país. À semelhança da experiência de outros países, iniciam-se os debates sobre a proposta a liberdade dos nascituros.
Após 1865, o isolamento internacional de Brasil e Cuba como os últimos países a manterem regimes escravistas e as hostilidades decorrentes levam o Imperador a abordar o tema e sugerir que se iniciem as reformas necessárias. Muito mal recebida a proposta nas esferas políticas de maior influência, mas dado de quem partia a demanda, iniciam-se as análises para a tomada de medidas. Nesta época, pórem, estava envolvido o Brasil na guerra do Paraguai, e a alegação de que, no momento, não se dispunha de contingente militar para rechaçar uma sublevação escrava amaina a disposição para as reformas. Ademais, em 1868, o Imperador forma um ministério francamente conservador que, de imediato, dissolve a Câmara libertadora. Provoca-se, com isso, a polarização de forças conservadoras e reformistas (cuja ala extrema se agrupará, anos depois, sob a bandeira republicana).
A necessidade de recrutamento (através de desapropriação) de escravos, o receio de convocar homens livres e deixar "à mercê dos temidos negros" diversas comunidades, além do ridículo internacional de um conflito vencido pela tropa escrava animam sobremaneira o debate após o final da guerra do Paraguai. A abolição passa a ser vista como um ponto de honra nacional.
Diante disso, os reacionários são forçados a concessões, como a Lei do Ventre Livre (1871). Entendendo os abolicionistas que o fim da escravidão era, agora, literalmente uma questão de tempo, arrefeceu-se a intensidade da pressão emancipacionista. Dos lados dos escravos, a tutela exercida pelos proprietários até a maioridade do negro resultava, efetivamente, na continuidade de sua escravidão. A Lei do Ventre Livre, portanto, nada mais foi do que uma manobra retardadora da solução para o problema. Foram necessários mais 10 anos para o debate voltar à baila, quando a gradual diminuição da mão-de-obra (sem reposição há 30 anos) tornou crítica a situação em algumas regiões (como o Norte, que tinha seu contingente drenado pelo Sul). Diante do explosivo crescimento na demanda por café, os produtores, baseados na malograda experiência de anos anteriores, que dentro de um sistema escravista não seria possível a solução do problema com trabalhadores europeus. Tentou-se importar asiáticos, atitude rapidamente rechaçada pela Inglaterra (suspeita de renascimento do tráfico escravo).
As circunstâncias provocam uma urgência inédita ao tratamento da abolição, assunto que finalmente ganha francamente as ruas. Jornais e revistas abolicionistas proliferam na década de 80, com simpatia do povo. Os escravos, até então expectadores passivos, entram em cena, rebelando-se e fugindo em massa das fazendas.
A reação conservadora, sem meio de lutar abertamente, tenta, por pressões políticas, manipulação de urnas e medidas evasivas a protelação da solução. Sucedem-se os ministérios. A lei dos Sexagenários (1885) é recebida com total descrédito pela população, ainda que tivesse uma roupagem de "larga e generosa concessão".
Chamado para controlar a situação o grupo político mais conservador, encontra como contragolpe a ampliação da agitação popular, com o abandono diuturno das fazendas, quebra da disciplina das senzalas etc. Medidas de contenção do governo são inócuas. As forças armadas recusam-se a intervir no restabelecimento da ordem ameaçada (além da abolição ser simpática à jovem oficialidade, a tarefa de capturar escravos fugidos será considerada humilhante pelos militares).
Os escravocratas percebem que a batalha estava perdida. Insistir na protelação poderia acarretar uma violenta batalha. Principalmente nas zonas rurais, onde a concentração de negros era maior do que a de brancos, poderia haver um trágico banho de sangue. Os abolicionistas haviam ganho, e em 13 de maio de 1888, é promulgada a Lei Áurea.
CAP 19 - Imigração e Colonização
Fenômeno ligado à transformação do regime de trabalho do país, a imigração européia que será tratada neste capítulo difere daquela ocorrida majoritariamente até então para o Brasil (espontânea, comumente portugueses). É certo que se encontram alguns exemplos isolados de tentativa semelhante do povoamento que será discutido (SC, RS e Extremo Norte - Pará), mas não na escala maciça do que ocorreu a partir de meados do séc XIX.
Desde a chegada das Cortes ao RJ, em 1808, percebe-se a necessidade de reformas na política de povoamento (a heterogeneidade que resultava do sistema de poucos colonos brancos e grande massa escrava negra não convinha para um país que se tornarasede de uma monarquia européia). As condições que os dirigentes encontraram quando aqui chegaram eram alarmantes, e a primeira necessidade com que esbarraram foi a da reconstituição das forças armadas portuguesas (desmanteladas pelo momento de grave conflito e ameaça que corria), condição fundamental para manutenção da soberania e da personalidade internacional portuguesa. O problema era como fazer isto em um país com metade da população escrava e outra grande parcela de elementos heterogêneos e mal-assimilados (tanto que, para a questão do Prata, foi preciso o recrutamento de tropas em Portugal).
Quanto à segurança interna dos nobres (que nunca se sentirão totalmente seguras diante de uma massa tão grande de escravos), sempre as tropas nativas foram comandadas por portugueses, e o problema continuará após a Independência (recrutar-se-ão tropas mercenárias alemãs e irlandesas).
Ademais, a questão premente do fim do tráfico africano e a subseqüente abolição dos escravos apontavam para uma necessidade inadiável de uma alternativa de mão-de-obra para a lavoura.
A ação do governo português, entretanto, como sempre será dúbia e incerta. Hesitante, sem saber que linha política seguir com a colônia, estabelece um punhado de colônias alemãs, suíças e açorianas no RJ, ES e SC, com resultados econômicos desenvolvimento inexpressivos.
Após a partida do Imperador (Brasil já independente), o governo tentará dar continuidade à política imigratória, não obstante os desmotivadores que pesavam na decisão de se estabelecer em solo brasileiro (clima tropical desfavorável a europeus, organização social e econômica pouco atraente, liberdade civil praticamente inexistente, restrições religiosas etc). A imigração neste período ainda será incipiente, visto que o tráfico negreiro ainda cuidava de fornecer dezenas de milhares de escravos por ano. Apenas por volta de 1850, quando medidas efetivas contra o tráfico começaram a surtir efeito é que a imigração européia passou a primeiro plano nas cogitações brasileiras.
Reativada a política de povoamento pelo governo e particulares, estipula-se o sistema de parceria, segundo o qual o colono recebe pequenos lotes, mas trabalhando na grande lavoura como subordinado. Dada a necessidade crescente de braços, convinha o encaminhamento direto dos colonos às grandes lavouras.
 O idealizador deste novo sistema foi o Senador Vergueiro, que, entre 1847 e 1877, introduziu 177 famílias de europeus em sua fazenda Ibicaba, ao que foi logo imitado por outros fazendeiros. O costume do trato com os escravos, entretanto, dificultava a compreensão dos senhores de que lidavam agora com homens livres. Além, os contratos assinados na Europa não eram claros quanto ao meio e as condições em que os europeus viveriam e freqüentemente favoreciam o senhor da terra... o contato próximo entre imigrante e escravo, a falta de cuidado da seleção dos trabalhadores e um longo etc. foram fatores de origem de descontentamentos de lado a lado. Os senhores vão perdendo o interesse por tal sistema de parceria e, na Europa, protestos sobre as condições desumanas de trabalho no Brasil chegam a gerar proibições de imigração(como se verificou na Alemanha).
Interrompe-se novamente o fornecimento de mão-de-obra européia, justamente quando a demanda por café se fazia mais forte. Sofre o oeste paulista, enquanto as regiões do Vale do Paraíba atingem o apogeu (com mão-de-obra escrava).
Caracteriza o COLONATO, embora o livro não deixe isso claro
Estamos em 1870, e as causas escravistas passarão a receber duros golpes (começando pela Lei do Ventre Livre), com resultados evidentes no estímulo ao fomento imigratório. O momento internacional era propício: política de restrição de imigração nos EUA, intranqüilidades políticas e econômicas na Itália favorecem um fluxo para o Brasil. O italiano, inclusive, mostrará uma adaptação muito melhor do que os demais povos tanto ao clima quanto ao tipo de trabalho na grande lavoura. A escolha deste imigrante é feliz e o número de italianos desembarcando no Brasil passa a crescer ano a ano.
Nesta nova leva de imigrantes, abandona-se a parceria e o sistema de remuneração passa a ser o assalariado, mais conveniente (e seguro) para o imigrante. O governo assume o ônus da viagem, instalando os europeus em centros de imigrantes a partir dos quais eram distribuídos para as fazendas. Este sistema de recrutamento ficou conhecido com o nome de imigração subvencionada, reservando o nome de colonização ao primitivo sistema de localização dos imigrantes em pequenas propriedades agrupadas em núcleos (promovido pelo governo - interpretação minha).O sistema de imigração subvencionada encontrará nos proprietários de terra seus mais ardorosos defensores, pois tinham imediatamente seu problema de mão-de-obra resolvido. A colonização, mais atraente ao imigrante, pressupunha o incremento do povoamento no país, oferecendo desde logo a possibilidade do imigrante se tornar um pequeno proprietário.
Principalmente em São Paulo, prevalecerá o sistema de imigração, devido à demanda crescente de mão-de-obra. Longe das grandes lavouras (ES, PR, SC), a colonização encontrará o estímulo dos governos locais para o povoamento e fomento de atividades econômicas. Para o Norte, não haverá corrente apreciável de europeus.
O progresso da imigração no último quarto do século XIX será rápido, após 1871. Condicionado em grande parte pela decadência do regime servil, inversamente o movimento imigratório acelerará a decomposição deste. Evidencia as contradições do sistema escravista, a falta de qualidade e quantidade, além dos próprios imigrantes conspirarem contra a disciplina e submissão do escravo. Se antes a servidão corrompia o homem livre, agora é a liberdade que corrompe o escravo.

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