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PSICOLOGIA DO PENSAMENTO E DA LINGUAGEM – Prof. Sonia de Souza Medeiros Aula 3 – Teorias Sobre A Aquisição da Língua • Teorias ambientalistas p.17 • Noam Chomsky p.18 • Teoria da solução de problemas de Jerome Bruner p. 21 • Piaget e a língua p. 22 • Vygotsky e a relação entre pensamento e língua p. 25 Teorias Ambientalistas • Ênfase às experiências e à educação do sujeito em detrimento aos possíveis aspectos inatos. A experiência e os estímulos são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem. • Para os behavioristas as crianças aprendem a língua exatamente da mesma forma que aprendem comportamentos simples: pelo condicionamento mecânico. • A língua precisa ser repetidamente reforçada, o ato em si torna-se reforçador, e sua probabilidade de ocorrência aumenta. O comportamento verbal se desenvolve na sucessão de mecanismos de estímulo -resposta-reforço: eles explicam o condicionamento que está na base da estrutura do comportamento. • A imitação também exerce uma função importante na aquisição da língua pela criança. • A criança imita essa produção, e o adulto recompensa a criança por essa repetição, mesmo que ela não seja fiel ao que foi dito inicialmente. Com o passar do tempo, a criança passa a falar mais parecido com o adulto, aprendendo como combinar as palavras da mesma forma que aprendeu a reproduzi-las, por meio da imitação e posterior aproximação ao modelo adulto. • Para Skinner (1978), são três os princípios de aprendizagem familiar: ➢ Associação (da visão das coisas com os sons das palavras); ➢ Imitação (das palavras e sintaxe modeladas por outros); ➢ Reforço (com sorrisos e abraços quando a criança diz uma coisa certa). • Os bebês aprendem a falar, sob muitos aspectos, da mesma forma que os animais aprendem a bicar ou apertar teclas! • Os behavioristas tendem a enfatizar a influência do meio e ver a criança como um receptor mais passivo do que ativo no processo de aquisição da língua, tornando o seu papel no processo de aprendizagem menos relevante. • Skinner introduziu a ideia de que é a partir da repetição de formas corretas pelos pais que leva as crianças à aquisição da gramática correta. Noam Chomsky • Chomsky (1957) reagiu fortemente aos argumentos de Skinner, contrapondo que levaria uma vida inteira a adquirir uma língua por condicionamento direto. Chomsky desenvolveu um modelo formal de linguagem, conhecido como gramática generativa • Para ele, haveria uma estrutura universal subjacente a todas as línguas, e a “competência linguística” seria inata. Segundo ele, Skinner foi ingênuo, pois “um cientista marciano observando crianças numa comunidade de língua única concluiria que ela é quase completamente inata” • O ritmo que a crianças aprendem gramática e palavras sem serem ensinadas é extraordinário demais para ser explicado apenas pelos princípios da aprendizagem. As crianças criam todos os tipos de frases que nunca ouviram antes e por isso não podem estar imitando • Uma das características fundamentais da linguagem é que as palavras podem se combinar para dizermos coisas que nunca ouvimos antes, não havendo limite para as novas frases que podemos formar. • Propõe a existência de um “Mecanismo de aquisição da linguagem”. Noam Chomsky – Herança Genética • Há uma herança genética exclusiva da espécie que dá ao homem o dom da linguagem que só se atualiza num meio próprio ao seu desenvolvimento. • É sua teoria do dispositivo de aquisição de linguagem (LDA). As pessoas nascem com um equipamento mental (LDA) que lhes possibilita descobrir as regras para aglutinar sentenças aceitáveis. Assim como a maturação sexual: com um cuidado adequado, a língua simplesmente “acontece” à criança. • Graças à gramática universal inata, aprenderemos prontamente qualquer linguagem que ouvirmos. Acontece de forma tão natural – como as aves aprendem a voar – que o treinamento pouco ajuda. Teoria de Jerome Bruner • Bruner (nascido em 1915), psicólogo americano, adota como unidade de análise para o estudo da aquisição da língua os esquemas interacionais encontrados na díade mãe-criança. • Aprender uma língua não consiste apenas em aprender a gramática, mas também a apreender as intenções do outro pelo uso apropriado da gramática. • Bruner foi um dos primeiros a propor que as crianças aprendem a se comunicar no contexto da solução de problemas enquanto interagem com os pais. Teoria de Jerome Bruner e a Linguagem Maternês • Os pais se comunicam em linguagem infantil, o que ele chamou de “aula de linguagem”. A regularidade, as simplificações e o foco no aqui e agora são apropriados à capacidade cognitiva limitada da criança. • A linguagem consistente e fácil possibilita à criança começar a extrair a estrutura da língua e formular princípios gerais. O foco de atenção da criança é um tipo de “andaime” para os primórdios da aprendizagem da língua que ajuda os aprendizes a discernir as intenções comunicativas do adulto. • Para adquirir o uso de um símbolo linguístico, a criança tem de ser capaz de determinar as intenções comunicativas do adulto. Piaget e a Língua • O aparecimento da língua seria decorrência de algumas das aquisições do período sensório-motor (0 A 2 ANOS). Ao longo desse período, a criança adquire a capacidade de substituir ou representar eventos que não se encontram presentes. Assim ela pode atuar sobre o seu ambiente dispensando a presença da realidade imediatamente perceptível. Objeto e eventos são, agora, substituídos por símbolos mentais. A formação desses símbolos se dá a partir da imitação. • A imitação é a grande responsável pela aquisição da linguagem. Inicialmente a criança imita determinados comportamentos em função de simples exercitação. Essas primeiras ações imitativas são imprecisas e mesmo rudimentares; aos poucos a criança vai aperfeiçoando seus movimentos, até ser capaz de reproduzir internamente tais ações. Piaget, A Língua e Os Símbolos Mentais • Os símbolos mentais são as ações internalizadas. • A aquisição da linguagem se processa por meio da imitação desses sons. As primeiras palavras estão assim, intimamente ligadas com os desejos e as ações da criança. Para Piaget, Existiram Duas Amplas Categorias de Linguagem • Linguagem não comunicativa ou egocêntrica ➢ Não existe uma intenção de comunicar e não há tentativa de levar em consideração o ponto de vista do ouvinte. Para quem já esteve em uma creche, é fácil lembrar. As crianças falam entre si, mas não querem saber o que o outro está dizendo. É preciso a intervenção do professor para que algum diálogo possa começar a se estruturar. Linguagem egocêntrica se divide em: ➢ Repetição ou ecolalia, quando a criança expressa de maneira repetitiva sílabas ou palavras, sem contexto; ➢ Monólogo, quando a fala da criança é dirigida a si mesma; ➢ Monólogo coletivo, quando a fala da criança é dirigida para si, porém em uma situação de interação social, mas sem preocupar-se em ser ouvida por aqueles que os cercam. Essa é bem a situação da creche: todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo . Não há liderança, e os pares são constantemente trocados. • Linguagem comunicativa ou socializada ➢ A criança leva em conta o ponto de vista do ouvinte e tenta transmitir alguma informação. ➢ Piaget distingue cinco subclasses da linguagem socializada: o Informação adaptada, que constituía a base dos verdadeiros diálogos. Aqui o emissor e o receptor conseguem realmente falar sobre um mesmo assunto; o Críticas, que são comentários em que o emissor afirma sua superioridade ou deprecia aqueles a quem se dirige. O momento em que a criança faz observações sobre a conduta de seus interlocutores, como: ordens, súplicas e ameaças; o Ordens; o Questões;o Respostas; O Desenvolvimento do Pensamento na Criança • À medida que as crianças vão crescendo, verifica-se um aumento da linguagem comunicativa em detrimento da linguagem egocêntrica. • Entre os sete e oito anos de idade ocorre a ruptura com o egocentrismo infantil, caracterizando cada vez mais a socialização da atividade infantil. • A partir dessa idade a fala infantil assume cada vez mais traços de uma linguagem socializada, que é ocasionada pela mudança da estrutura do pensamento infantil. • O pensamento infantil faz a transição do não-dirigido (autístico) para o tipo dirigido (inteligente). Este fato se dá por conta das alterações ou amadurecimentos cognitivos das crianças. Vygotsky e A Relação Entre Pensamento e Língua • Lev Vygotsky nasceu na Bielorrúsia, em 1896. Curiosamente, o mesmo ano em que Jean Piaget nasceu. Ao contrário, porém, do que muitos pensam, Piaget e Vygotsky nunca se encontraram, um não complementou a obra do outro. Eles pensavam e escreviam de lugares diferentes sobre o mesmo objeto de estudo, o desenvolvimento cognitivo. • As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se em sua ideia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. As características tipicamente humanas resultam da interação dialética do homem e seu meio sociocultural A Cultura • A língua é um signo mediador por excelência, pois ela carrega em si os conceitos generalizados e elaborados pela cultura humana. • Vygotsky rejeitou, portanto, a ideia de funções mentais fixas e imutáveis, trabalhando com a noção do cérebro como um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual. O Principal Conceito da Obra de Vygotsky é O de Mediação • A língua, sistema simbólico fundamental na mediação entre sujeito e objeto de conhecimento, tem, para Vygotsky, duas funções básicas: a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante. Isto é, além de servir ao propósito de comunicação entre os indivíduos (intercâmbio), a língua simplifica e generaliza a experiência, ordenando as instâncias do mundo real em categorias conceituais cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa língua. • A linguagem ordena o real, agrupando todas as ocorrências de uma mesma classe de objeto, eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual. É essa função de pensamento generalizante que torna a linguagem um instrumento de pensamento: a linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento. • https://br.psicologia-online.com/teoria-sociocultural-de- vygotsky-509.html Relações Entre Pensamento e Linguagem • A compreensão das relações entre pensamento e linguagem é, pois, essencial, segundo Vygotsky, para a compreensão do funcionamento psicológico do ser humano. Segundo nosso autor, pensamento e linguagem têm percursos distintos. Até os dois anos de idade, vemos um pensamento sem linguagem e uma linguagem sem pensamento. É o período que Vygotsky chama de “inteligência prática”, assim como também chamou Piaget mencionando seu estágio sensório-motor. Por volta dos 2 anos, o percurso do pensamento encontra-se com o da linguagem e inicia-se uma nova forma de funcionamento: ➢ A fala torna-se intelectual, com função simbólica, generalizante; ➢ O pensamento torna-se verbal, mediado por significados dados pela linguagem A vinculação dos processos de pensamento e linguagem é impulsionada pela própria inserção da criança num grupo cultural. O surgimento do pensamento verbal e da linguagem como sistema de signos é um momento crucial no desenvolvimento da espécie humana, momento em que o biológico transforma-se no sócio-histórico. Quando os processos se unem, o ser humano passa a ter a possibilidade de um modo de funcionamento psicológico mais sofisticado, mediado pelo sistema simbólico da linguagem. O Construtivista e O Sócio Construtivista • Jean Piaget (1896 – 1980) - Desenvolveu uma teoria conhecida como Epistemologia Genética, base para o desenvolvimento de fecundas práticas pedagógicas. É construtivista ou interacionista. • Lev Vygotsky (1896-1934) - Foi um psicólogo russo que realizou diversas pesquisas na área do desenvolvimento da aprendizagem e do papel preponderante das relações sociais nesse processo, estudou a ZDP (zona de desenvolvimento proximal) o que originou uma corrente de pensamento denominada Sócio Construtivismo ou sócio-histórico- interacionista.
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