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FILOSOFIA DA CIENCIA AULA 02

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Filoso�a da ciência
Aula 2: Positivismo
Apresentação
Nesta aula, trataremos do pensamento de Augusto Comte, �lósofo francês do século XIX, que in�uenciou tanto a Ciência
de um modo geral como o campo do Serviço Social. Para tanto, é necessário compreender conceitos importantes como:
positivo, ciência positiva, a lei dos Três Estados, assim como os critérios de classi�cação das ciências. Reconhecer a
inserção do pensamento Comtiano nas Ciências e suas implicações no campo do Serviço Social dará ao aluno um amplo
conhecimento sobre a in�uência positivista.
Objetivos
Identi�car os termos utilizados por Augusto Comte.
Reconhecer os signi�cados implicados no termo positivo e suas principais características.
Relacionar o pensamento positivista e sua in�uência no campo cientí�co e acadêmico com o Serviço Social.
O termo positivismo
O termo positivismo é um conceito que possui muitos
signi�cados. No contexto da disciplina, é dado destaque ao
signi�cado extraído de Augusto Comte. Sob o nome desse
autor, representa corrente que visa a reforma da sociedade e
de seus valores a partir da compreensão do
desenvolvimento do conhecimento cientí�co.
A ciência apresenta-se como o estado mais evoluído do
desenvolvimento da inteligência humana e deve guiar a
formação da nova sociedade. Os saberes que, de acordo
com essa posição, já alcançaram o estado cientí�co
encontram-se classi�cados e relacionados por uma
hierarquia. 
Tais características são determinantes para entender a
corrente �losó�ca do século XIX, fundada pelo francês
Augusto Comte, no que tange a reação à �loso�a
especulativa, em especial, representada pelo idealismo
clássico alemão.
 Augusto Comte (Fonte: Wikipedia)
É necessário lembrar que a �loso�a é um saber que se caracteriza
pelo chamado caráter crítico, desde sua emergência na Grécia com os
primeiros �lósofos. Tanto a �loso�a como a ciência nascem sob tal
característica que assume uma dimensão importante: a interlocução.
 Fonte: Shutterstock
Não basta saber ler o autor, entendê-lo em sua
especi�cidade, em seu domínio teórico, mas conhecer a
quem ele se dirige.
Dessa forma, ao rejeitar a �loso�a especulativa dos
idealistas alemães, como Fichte, Schelling, Kant e Hegel,
Augusto Comte exalta os fatos tem como intuito de
demonstrar como a realidade pode ser conhecida.
O termo positivo guarda acepção e evidencia o fato de que o
conhecimento humano só é capaz de conhecer algo que
possa ser conhecido, e não as causas últimas ou primeiras
das coisas como na metafísica.
Aspectos favoráveis ao positivismo
O positivismo é um rótulo novo, para uma nova fase de desenvolvimento do empirismo. Seu nome nasceu em 1830, na Escola
do socialista utópico Saint-Simon (1760-1825), e ganhou fortuna com Augusto Comte, o pensador protótipo do movimento,
sobretudo na França. Derivado do latim  positum , signi�ca descritivamente o que se observa, ou experimenta.
O progresso das ciências experimentais prestigiou o positivismo, re�etido nos seguintes acontecimentos:
Desenvolvimento da química por Lavoisier (1743-1793);
Progressão da biologia por Bichat (1771-1802);
Descoberta dos argumentos para o evolucionismo das espécies vivas, com o resultado de uma nova mundivisão, que
espantava aos teólogos tradicionais;
A visão de que os astros giram em um céu cada vez menos sacral;
O desenvolvimento das ciências sociais à base da observação dos fatos reduziu a situações meramente culturais
estruturas anteriormente consideradas naturais.
1
Estes e outros aspectos da modernidade vieram criar um clima favorável ao
positivismo, que portanto desenvoltamente proclamou a importância dos
métodos experimentais e advertiu para as limitações da �loso�a
racionalista, sobretudo da racionalista de ideias de todo autônomas da
experiência”.
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon202/aula2.html
Há motivos presentes no criticismo de Kant que
favoreceram ao positivismo. Ao publicar a ”Crítica da razão
pura” (1781), lançou barreiras às pretensões da metafísica.
Ao reduzir os universais a uma validade apriorística,
meramente formal, no recinto do entendimento, nada mais
resta de verdadeiramente apreciável na �loso�a racionalista.
O positivismo deu mais um passo, reduzindo o
conhecimento ao experimentável, o que na prática signi�ca
uma consideração das relações extrínsecas entre as coisas,
sem que estas relações possam ser consideradas
intrinsecamente, como nas ciências positivas.
 Fonte: Shutterstock
Buscar a explicação dos fenômenos por meio das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos faz com que o
positivismo não aceite outra realidade que não sejam os fatos, assim “a busca da explicação dos fenômenos através das
relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos, mas resulta que para ligar os fatos existe “necessidade de uma
teoria”. Não sendo assim, acredita-se que seja impossível que os fatos sejam percebidos.
"Desde Bacon se repete que são reais os conhecimentos que
repousam sobre fatos observados, mas para entregar-se à
observação nosso espírito precisa de uma teoria."
- TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987, p. 34
 Fonte: Shutterstock
 Método e atitude positivistas
Há uma preocupação em conhecer as leis de
funcionamento da Natureza (estende-se no Curso de
�loso�a positiva, inclusive a biologia, a patologia), mesmo
que não haja necessariamente uma utilização prática.
A demanda de caráter intelectual visa submeter a
imaginação à observação, tendo como telos (objetivo) uma
ciência que fosse capaz de prever, assim como um
verdadeiro espírito positivo.
O método a ser utilizado para tal conhecimento postula leis
invariáveis, assim como os das Ciências Naturais, assim
como a atitude positivista consiste em descobrir as
relações entre as coisas e não as causas dos fenômenos. 
Exemplo
As estratégias como questionários, escalas de atitudes, escalas de opinião, tipos de amostragem etc. e a estatística produziam as
relações entre os fatos de forma a dar coerência a eles que eram serem observados de forma imediata pela experiência.
Para ler Comte
Para compreender Comte é preciso ver que ele está imerso em uma sociedade profundamente marcada (abalada) pela
Revolução Francesa.
A visão conservadora tem a intenção de fundar “o novo pacto entre a �loso�a e a ordem social, num período de contra-
revolução”. (VERDENAL Apud CHÂTELET, 1976).
O que seria a ordem para Comte?
“Nenhum grande progresso poderá efetivamente realizar-se se não tender em última instância para a evidente consolidação da
ordem” (Política postiva, IV, p.17).
Nesse sentido, há a apreensão de uma ordem também no sentido moral que faz com que Comte seja um autor muito
estigmatizado no século XX, principalmente quando vai da sociologia à religião, fundando uma nova religião na qual é o sumo
sacerdote.
A sociologia ou física social
Vejamos, a seguir, alguns dos aspectos da sociologia ou física social a serem observados no Positivismo.
Clique nos botões para ver as informações.
“A ciência a que todas as ciências estão subordinadas, como ao seu �m último, é a sociologia. O escopo desta ciência é o
de "perceber nitidamente o sistema geral das operações sucessivas, �losó�cas e políticas, que devem libertar a sociedade
da sua fatal tendência para a dissolução iminente e conduzí-Ia diretamente para uma nova organização, mais progressiva
e mais sólida do que a que repousava na �loso�a teológica" (Phil. pos., IV, p. 7). Para tal �m, a �loso�a deve constituir-se
da mesma forma que as demais disciplinas positivas e conceber os fenômenos sociais como sujeitos às leis naturais que
tornem possível a previsão deles, pelo menos dentro dos limites compatíveis com a sua complexidade superior.
Previsibilidade dos fenômenos 
A sociologia, ou física social, é dividida por Comte em estática social e dinâmica social, correspondentes aos dois
conceitos fundamentais em que ela se funda, os de ordem e do progresso. A estática social põe em luz a relaçãonecessária, o "consenso universal", que existe entre as várias partes do sistema social. Assim, entre o regime político e o
estado correspondente da civilização humana há uma relação necessária, pela qual um determinado regime, embora
estando de acordo com a fase correspondente da civilização, se torna inadequado para unir a fase diversa e subsequente.
Divisão da sociologia 
A ideia fundamental da dinâmica social é, pelo contrário, a do progresso, isto é, do desenvolvimento continuo e gradual da
humanidade. Segundo a noção do progresso, cada um dos estados sociais consecutivos é o "resultado necessário do
precedente e o motor indispensável do seguinte, segundo o luminoso axioma do grande Leibniz: “o presente está grávido
do futuro". A ideia do progresso tem para a sociologia uma importância ainda maior do que a que tem a ideia da série
individual das idades para a biologia. Ela explica também a aparição dos homens de gênio, desses homens a que Hegel
chamava "indivíduos da história cósmica"; e a explicação de Comte é análoga à de Hegel. Os homens de gênio não são
mais que os órgãos próprios do movimento predeterminado, o qual, se esses gênios porventura não surgissem, teria
aberto outras vias.
Ideia de progresso 
O progresso realiza um aperfeiçoamento incessante, embora não ilimitado, do gênero humano; e este aperfeiçoamento
assinala "a preponderância crescente das tendências mais nobres da nossa natureza" (Ib., p. 308). Mas este
aperfeiçoamento não implica que uma qualquer fase da história humana seja imperfeita ou inferior às outras. Para Comte,
como para Hegel, a história é sempre, em todos os seus momentos, tudo o que deve ser. "Dado que o aperfeiçoamento
efetivo resulta sobretudo do desenvolvimento da humanidade, como poderia isso não ser essencialmente, em cada época,
o que podia ser segundo o conjunto da situação" (Phil. pos., IV, p. 311). Comte a�rma que, sem esta plenitude de cada
época da história com relação a si mesma, a história seria incompreensível. E tão-pouco hesita em restabelecer na
história o conceito de causa �nal. Os eventos da história são necessários no duplo signi�cado do termo: no sentido de que
nela é inevitável o que se manifesta primeiro como impensável, e reciprocamente. É este um modo igualmente e�caz de
exprimir a identidade hegeliana entre o racional e o real. E Comte cita a este propósito "o belo aforismo político do ilustre
de Maístre: tudo o que é necessário existe".
Aperfeiçoamento da ideia de progresso 
É fácil de ver como deste ponto de vista o futuro regime sociológico parece a Comte inevitável porque racionalmente
necessário. Neste regime, a liberdade de investigação e de critica será abolida. "Historicamente considerado, diz Comte
(Ib., p. 39), o dogma do direito universal, absoluto e inde�nido de exame é apenas a consagração, sob a forma
viciosamente abstracta, comum a todas as concepções metafísicas, do estado passageiro da liberdade ilimitada, no qual
o espírito humano foi espontaneamente colocado por uma consequência necessária da irrevogável decadência da
�loso�a teológica e que deve durar naturalmente até ao advento social da �loso�a positiva". Por outros termos, a liberdade
de investigação justi�ca-se no período de trânsito do absolutismo teológico ao absolutismo sociológico; instaurado este
último, será banida por ele, como o foi pelo primeiro.” (Abbagnano, Nicola. História da Filoso�a, Primeiro volume, Editorial
Presença, 1999. pp.132-4)
Liberdade de investigação 
Características da Sociologia Comteana
Vejamos, agora, algumas características da Sociologia Comteana:
1
Caracteriza-se como uma “física social”, sendo dividida em
estática e dinâmica, correspondentes aos dois conceitos
fundamentais em que ela se funda, os de ordem e do
progresso.
2
Abarca todos os homens em todos os tempos.
3
É uma visão continuísta da história, que suprime a
descontinuidade do presente.
4
A sociedade estudada são os núcleos permanentes: a
propriedade, a família, o trabalho, a pátria e sobretudo, a
religião.
5
A positividade é uma estrutura mental da sociedade.
A Lei dos Três Estados
A ideia-chave do Positivismo comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo com a qual o homem passou e passa por três
estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias:
Teológico
O ser humano explica a realidade
apelando para entidades
supranaturais (os "deuses"),
buscando responder a questões
como "de onde viemos" e "para
onde vamos"; além disso, busca-
se o absoluto.
Metafísico
É uma espécie de meio-termo
entre a teologia e a positividade.
No lugar dos deuses há
entidades abstratas para explicar
a realidade. Continua-se a
procurar responder a questões
como "de onde viemos" e "para
onde vamos" e procurando o
absoluto.
Positivo
Etapa �nal e de�nitiva, não se
busca mais o "porquê" das
coisas, mas sim o "como", com
as leis naturais, ou seja, relações
constantes de sucessão ou de
coexistência. A imaginação
subordina-se à observação e
busca-se apenas o relativo.
A neutralidade da Ciência
Quando discute o papel da Ciência para assegurar a marcha
normal e regular da sociedade industrial, engendra um
posicionamento próprio ao espírito positivista: a
neutralidade da ciência, que se faz sentir nas Ciências de
um modo geral e no entendimento do que chamamos de
ciência. A in�uência Comteana no meio acadêmico e
cientí�co Brasileiro é veri�cável.
Além disso, Chauí descreve que “na concepção comtiana,
tornar as sociedades mais cientí�cas – ou melhor: em seu
linguajar, mais positivas – não é o mesmo que as tornar
tecnocráticas ou desumanizadas, mas, justamente ao
contrário, é torná-las mais justas, mais cuidadosas com
todos os cidadãos. Melhorar as sociedades somente é
possível se as sociedades forem conhecidas – e esse
conhecimento só é possível por meio da ciência. Assim,
como ” somente seria possível explicar o que ocorria na
sociedade de então fazendo uma referência aos eventos
sociais prévios, sendo necessário, portanto, determinar os
diversos agentes sociais e suas mútuas relações.
 Fonte: Shutterstock
Esse procedimento – característico das investigações sociológicas – seria
chamado de “�liação histórica”. O estudo cientí�co da sociedade exige a
compreensão do conjunto social: para a análise das partes é necessária
uma visão do todo”.
Atividade
1. Pesquise a in�uência positivista nos meios acadêmicos brasileiros e seus principais representantes.
Notas
Positum 1
Posto, o que está posto diante, situado.
Título modal 1
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Referências
CHAUÍ, Marilena Convite à Filoso�a. Rio de janeiro: Ática, 1995.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filoso�a - Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
VERDENAL, René. La Filosofía Positiva de Auguste COMTE. In: CHÂTELET, François. Historia de la Filosofía: Ideas, Doctrinas.
Tomo III. Madrid, Espasa-Calpe, 1976, p. 117
Próxima aula
O pensamento de Marx e Engels;
Os conceitos marxistas: trabalho, modos de produção, mais-valia, Materialismo histórico e ideologia;
A inserção do pensamento positivista nas Ciências e no campo do Serviço Social.
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Leia os textos:
TRIVIÑOS, Augusto N.S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1987. Disponível em
www.hugoribeiro.com.br .
VERDENAL, René. La Filosofía Positiva de Auguste COMTE. In: CHÂTELET, François. Historia de la Filosofía: Ideas,
Doctrinas. Tomo III. Madrid, Espasa-Calpe, 1976.
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