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Saúde mental e gênero. Resumo.
A violência contra a mulher, além de ser uma das mais frequentes violações de direitos humanos no Brasil, é um grande problema de saúde pública. Além de afetar a liberdade, a autonomia, o desenvolvimento pleno de meninas e mulheres, e a própria sobrevivência, repercute também de forma importante na saúde mental de quem sofre ou já sofreu violência.
Estima-se que mulheres que sofreram violência doméstica tem aumento do risco em três vezes de desenvolver transtornos depressivos, quatro vezes de desenvolver transtornos ansiosos, sete vezes de desenvolver síndrome de estresse pós-traumático. Também foram encontradas associações significativas entre sofrer violência por parceiro íntimo e abuso de substâncias, transtornos alimentares e sintomas psicóticos. Sabe-se que mulheres que experienciam mais de uma forma de violência (física, verbal, sexual, por exemplo) que é comum, apresentam risco ainda maior de transtornos mentais e comorbidades. Resultados desfavoráveis na saúde mental das mulheres também foram encontradas em mulheres que sofriam violência emocional e controle coercitivo dentro do relacionamento e do ambiente em que vive, ficando claro a necessidade de politicas públicas.
A Organização Mundial de Saúde aponta como fatores de risco individuais para sofrer violência doméstica ser mulher, ter deficiências, pobreza, ter testemunhado violência doméstica quando criança, abuso de substâncias, entre outros. Muitos desses são também fatores de risco para desenvolvimento de transtornos mentais. Além de fatores individuais, uma série de fatores relacionados ao contexto comunitário e da sociedade impactam nesses riscos, como sofrer discriminação de gênero, de raça, de classe, de sexualidade. Mesmo sem categorizar por violência, mulheres apresentam uma prevalência significativamente maior de transtornos como depressão e ansiedade no mundo inteiro. Nesse sentido, é fundamental levar em consideração a determinação social do processo saúde-doença na abordagem do sofrimento e de transtornos mentais, que inclui desde a violência estrutural a que as mulheres estão submetidas, principalmente mulheres negras, até mesmo acesso à renda, educação, segurança, sistema de saúde e seguridade social . Infelizmente, tanto as políticas públicas vigentes quanto o cotidiano da prática nos serviços de saúde ainda estão engatinhando em integrar a abordagem da saúde mental em mulheres que sofreram violência de gênero.
Para que os profissionais de saúde possam compreender as reais 
necessidades das mulheres que buscam um atendimento em serviço 
de saúde mental, é necessário que se dê um processo de incorporação, 
à prática das ações de saúde, da perspectiva de que a saúde mental das 
mulheres é, em parte, determinada por questões de gênero, somadas às 
condições socioeconômicas e culturais. Dentro dessa realidade, o SUS 
poderá propiciar um atendimento que reconheça, dentre os direitos 
humanos das mulheres, o direito a um atendimento realmente integral 
a sua saúde.

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