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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Parasitologia II – P.S.D. II INTRODUÇÃO Geo-helminto: Strongyloides stercoralis. Filo Nematoda. Família Strongiloididae. Relevante causa de mortalidade em países tropicais e subtropicais, principalmente imunossuprimidos e etilistas. MORFOLOGIA FÊMEA PARTENOGENÉTICA PARASITO Corpo cilíndrico com aspecto filiforme longo, extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Cutícula fina e transparente. Aparelho digestivo simples com boca contendo três lábios e esôfago longo. Ela é partenogênica, ou seja, não há machos durante a vida parasitária. FÊMEA DE VIDA LIVRE Possui aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior afilada. Cutícula fina e transparente, com finas estriações. Boca contendo três lábios e esôfago curto. MACHO DE VIDA LIVRE Aspecto fusiforme, com extremidade anterior arredondada e posterior recurvada ventralmente. Boca com três lábios, esôfago rabditoide, seguido de intestino terminando em cloaca. OVOS São elípticos, de parede fina e transparente, praticamente idênticos aos dos ancilostomídeos. LARVAS RABDITOIDES Esôfago rabditoide. Possuem cauda pontiaguda. Forma infectante. LARVAS FILARIOIDES A larva é longa e seu esôfago também. Cutícula fina e hialina. A porção anterior é ligeiramente afilada e a posterior afina-se gradualmente terminando em duas pontas, conhecida como cauda entalhada, que a diferencia. HÁBITAT Localizam-se na parede do intestino, mergulhadas nas criptas da mucosa duodenal e na porção superior do jejuno. Nas formas graves ela é encontrada no estômago até o intestino grosso. CICLO BIOLÓGICO É um ciclo monoxênico. Apresenta ciclo direto (partenogenético) e o ciclo indireto (sexuado ou de vida livre). No ciclo direto as larvas rabditoides no solo ou sobre a pele da região perianal, após 24 a 72 horas, transformam- se em larvas filarioides infectantes. No ciclo indireto as larvas rabditoides produzem fêmeas ou machos de vida livre. Ocorre somente um ciclo de vida livre, pois os ovos originados do acasalamento das formas adultas de vida livre uma vez que as larvas rabditoides originadas evoluem para larvas filarioides infectantes. Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou em mucosas oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Essas larvas secretam metaloproteases, que as ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Parasitologia II – P.S.D. II auxiliam, tanto na penetração quanto na migração através dos tecidos. Algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que alcançam as circulações venosa e linfática e através desses vasos seguem para o coração e os pulmões. Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e, por meio de migração pela árvore brônquica, chegam à faringe. Podem ser expelidas pela expectoração ou deglutidas, chegando ao intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas que depositam poucos ovos por dia na mucosa intestinal. Nesse local, as larvas rabditoides maturam, alcançam a luz intestinal e são eliminadas com as fezes do paciente, constituindo a forma diagnostica visualizada em microscopia óptica. O período pré-patente, isto é, o tempo decorrido desde a penetração da larva filarioide na pele até que ela se tome adulta e comece a eliminar ovos larvados e eclosão das larvas no intestino, é de aproximadamente 15 a 25 dias. TRANSMISSÃO Primoinfecção: larvas filarioides infectantes (L3) penetram usualmente através da pele. Nas pessoas que não usam calcados, a penetração ocorre pela pele dos pés, particularmente nos espaços interdigitais e lateralmente. Autoinfecção externa: larvas rabditoides presentes na região perianal de indivíduos infectados transformam-se em larvas filarioides infectantes e aí penetram, completando o ciclo. Comum em pacientes em uso de fraldas. Autoinfecção interna: larvas rabditoides evoluem para filarioides ainda na luz do intestino e penetram a mucosa intestinal (casos de constipação e imunossupressão). Ingestão de água e/ou alimentos contaminados por L3. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA A patogenia é determinada pela relação parasito e hospedeiro, já que o parasito possui diversos mecanismos de evasão do sistema imune. A produção de anticorpos (IgG, IgA, IgM e IgE específicos) é importante nos casos de hiper-infecção e reinfecção. Uma baixa carga parasitária torna o indivíduo assintomático, mas isso não significa ausência de patogenia e de lesões. A alta carga parasitária possibilita a forma grave quando associada a fatores como imunossupressão (baixas células de defesa) e alcoolismo crônico (aumenta os níveis de cortisol, que tem ação imunossupressora). MANIFESTAÇÃO CUTÂNEA Eritema no local de penetração do parasito ou reações de hipersensibilidade, pode acompanhar prurido e edema. MANIFESTAÇÃO PULMONAR Intensidade variável, tosse com ou sem expectoração, febre, dispneia, podendo causar Síndrome de Loeffler, broncopneumonia e insuficiência respiratória em casos mais graves. MANIFESTAÇÃO INTESTINAL Apresenta dor epigástrica, diarreia em surtos, desconforto abdominal, náuseas, vômito, emagrecimento, enterite (catarral, edematosa: causa uma má absorção intestinal e ulcerosa), síndrome disentérica, podendo ser fatal. Localizam-se principalmente na mucosa do duodeno e jejuno. MANIFESTAÇÃO DISSEMINADA Autoinfecção com grande produção de larvas rabditoides e filarioides no intestino, às quais alcançam a circulação e se disseminam para múltiplos órgãos como fígado, rins, ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Parasitologia II – P.S.D. II coração, pâncreas, cérebro, ovário, tireóide. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Difícil, uma vez que em 50% dos casos não há sintomas. A tríade sugestiva é: dor abdominal + diarreia + urticária. Quadro de eosinofilia e imunossupressão. OBS.: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL – ancilostomose, ascaridíase, giardíase, pneumonia, urticária, colecistite, pancreatite e eosinofilia pulmonar tropical. LABORATORIAL Pesquisa de larvas rabditoides nas fezes pelo método de Baermann-Moraes. Hemograma para avaliar eosinofilia. Raio-x do tórax para identificar a síndrome de Loeffler. Endoscopia digestiva. Biopsia e análise histopatológica. Cultura, realizando um ciclo indireto do parasito, com possibilidade de visualização de diversas formas evolutivas. Métodos imunológicos com ELISA. PCR para analisar o DNA de Strongyloides em amostras de fezes humanas. Alta sensibilidade e especificidade do método. EPIDEMIOLOGIA Todas as áreas hiperendêmicas estão situadas nos trópicos. Nos países desenvolvidos, a infecção prevalece em agricultores, hortigranjeiros, trabalhadores rurais, imigrantes e viajantes que visitaram áreas endêmicas. Fatores que influenciam o aparecimento, a manutenção e a propagação da estrongiloidose: Fezes de homens ou animais infectados contaminando o solo, Larvas infectantes originárias dos ciclos direto e de vida livre no solo, Solo arenoso ou arenoargiloso, úmido, com ausência de luz solar direta, Temperatura entre 250 e 300C., Condições sanitárias inadequadas, Hábitos de higiene inadequados, Contato com alimento contaminado por agua de irrigação poluída com fezes, Não utilização de calçados. PROFILAXIA Educação sanitária Lavar as mãos Usar calçados Lavar bem os alimentos Beber água filtrada Saneamento básico Diagnóstico correto Melhoria na alimentação TRATAMENTO O tratamento é feito com ivermectina (mais tolerado por imunossuprimidos), albendazol, tiabendazol e cambedazol).
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