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Custos Industriais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Edson Nunes Revisão Textual: Profa. Dra. Sílvia Albert Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial • Introdução • Sistema de Acumulação de Custos por Processo • Produção Equivalente na Apuração de Custos por Processo • Alocação dos Custos aos Produtos na Apuração de Custos por Processo • Sistema de Acumulação de Custos por Ordem de Produção · Fornecer conceitos básicos sobre as formas de apuração em uma empresa industrial. OBJETIVO DE APRENDIZADO Formas de Apuração de Custo em uma Empresa Industrial Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial Introdução Será que todas as empresas são iguais em se tratando de critérios de apuração de custos? Podemos apurar os custos de forma única? Ex pl or Segundo Megliorini (2001) existem, basicamente, dois tipos de empresas in- dustriais, em relação a produtos fabricados: as que produzem produtos padroni- zados em série e as que produzem mediante encomendas, conforme as especifi- cações dos clientes. Os produtos fabricados em série são aqueles que encontramos prontos para serem consumidos. São exemplos de produtos fabricados em série: produtos alimentícios, produtos farmacêuticos, automóveis, televisores, máquinas de lavar, computadores, calculadoras, móveis, etc. Os produtos fabricados sob encomenda não são encontrados facilmente nas prateleiras, necessitando de um pedido do cliente especificando os seus requisitos como é o caso de um móvel sob medida para a sala de uma casa térrea com dimensões específicas e detalhes personalizados de acordo com o gosto do cliente. São exemplos de produtos fabricados sob encomenda: veículos especiais, peças e equipamentos especiais para indústrias siderúrgicas e petroquímicas, móveis conforme especificações de decoradores, navios, aeronaves, etc. Para efeitos de custeamento, temos dois sistemas distintos de acumulação de custos: • Para empresas que trabalham com produção em série aplica-se o sistema de acumulação de custos por processo, no qual os custos são acumulados por processo, departamento ou etapas do processo de fabricação de acordo com o volume produzido. Nesse sistema, o custo unitário é a soma dos custos de cada processo e é obtido por meio do quociente dos custos de cada processo por sua respectiva quantidade equivalente; • Para empresas que trabalham com produção sob encomenda aplica-se o sistema de acumulação de custos por ordem de produção ou ordem de serviço, no qual os custos são acumulados em contas representativas de cada produto. Nesse sistema, o custo de uma encomenda é a somatória dos valores acumu- lados durante todo o processo de fabricação, sendo que o custo total só será conhecido quando da finalização do produto. Importante! Como você pode perceber até este momento, separamos as empresas industriais em duas modalidades: as que fabricam produtos padronizados em série e as empresas que fabricam seus produtos sob encomenda. Para as primeiras, utilizaremos a acumulação de custos por processo enquanto que para as outras (as que fabricam sob encomenda) utilizaremos o sistema de acumulação por ordem de produção. Em Síntese 8 9 Sistema de Acumulação de Custos por Processo O sistema de acumulação de custos por processo é utilizado em empresas que fabricam produtos padronizados em série. Os produtos padronizados são aqueles que recebem quantidades equivalentes ou proporcionais de recursos (materiais, mão de obra e Custos Indiretos de Fabricação - CIF). Nas empresas que trabalham por processo, a produção obedece a uma sequência de fabricação que, em geral, pode ser considerado um departamento. É como se tivéssemos várias fábricas dentro da mesma empresa em que uma fábrica fornece a matéria-prima, a outra recebe essa matéria-prima e a transforma em um novo produto que entrega para a etapa final do produto (produto que será entregue ao cliente). Cada uma dessas fábricas consome matéria-prima, mão de obra e Custos Indiretos de Fabricação (CIF) que somados fornecem o custo total. A Figura 1, a seguir, representa esquematicamente o funcionamento da sequência de fabricação de empresas que fabricam produtos padronizados em série: ESTOQUE DE MATÉRIA PRIMA ESTOQUE DE MATÉRIA PRIMA DEPARTAMENTO 1 Matéria-prima (+) Mão de Obra (+) Custos Indiretos de Fabricação (=) Custo do produto semiacabado DEPARTAMENTO 2 Matéria-prima Componentes (+) Mão de Obra (+) Custos Indiretos de Fabricação (=) Custo do produto Figura 1 – Sequência de fabricação de empresas que fabricam produtos em série Fonte: Adaptado de Megliorini (2001) Analisando a Figura 1, nota-se que o sistema de acumulação de custos obedece a seguinte sequência de fabricação: a) O estoque de matéria-prima fornece os materiais para o departamento 1 e o departamento 2; b) A matéria-prima e o custo do produto semiacabado do departamento 1 se transformam em matéria-prima componente do departamento 2; c) O custo do produto 2 é transferido ao estoque de produto acabado. Esses tipos de empresas acumulam os custos em cada departamento produtivo e, de acordo com o volume de produção fabricado, debitam os custos. O custo unitário é obtido por meio da divisão do custo do departamento pela quantidade total de produtos por ele fabricado. Uma vez obtido o custo unitário dos produtos acabados de um determinado departamento ou fase, o mesmo é transferido para o departamento ou fase seguinte até a conclusão do produto. Sendo assim, o custo acumulado de um departamento ou fase do processo passa a constituir o custo de matéria-prima da etapa seguinte. 9 UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial Muitas vezes, não é possível concluir todas as fases ou etapas de produção em um determinado período. Nesse caso, as unidades não concluídas devem receber uma parcela menor de custos, equivalente aos serviços já executados em com- paração com as unidades já concluídas. Para isso, há necessidade de avaliação da quantidade de serviços e materiais que foram aplicados, por meio de uma produ- ção equivalente que trataremos em maiores detalhes no próximo capítulo. ProduçãoEquivalente na Apuração de Custos por Processo Um produto que ainda não foi completado, ou seja, os produtos que estão em andamento nos departamentos, não podem receber o mesmo custo dos produtos acabados, pois haveria uma supervalorização dos produtos semiacabados e uma subavaliação dos produtos acabados. Então, como atribuir custos aos produtos semiacabados, já que os custos são atribuídos aos departamentos e não aos custos? Ex pl or A fim de solucionar a problemática de contabilização dos produtos inacabados, recorre-se à conversão da produção em andamento em unidades equivalentes aos produtos acabados e para tanto seguimos os seguintes passos: • Definir qual o grau médio de andamento da produção inacabada; • Determinar a quantidade da produção equivalente, baseado no grau médio de produção inacabada. Deve-se levar em consideração que na produção haverá itens que podem não ser consumidos de maneira uniforme e assim podemos ter: • A matéria-prima sendo colocada a qualquer momento no processo de fabricação, podendo ocorrer no início do processo ou continuamente durante a fabricação. Para cada uma dessas situações, haverá uma produção equivalente específica; • A mão de obra direta sendo empregada uniformemente durante a fabricação; • Os custos indiretos sendo rateados por uma base que não seja a mão de obra direta. 10 11 Alocação dos Custos aos Produtos na Apuração de Custos por Processo Primeiramente os custos incorridos são identificados com os departamentos onde os produtos sofrem os processos de fabricação para, posteriormente, serem alocados aos produtos, fazendo-se divisão do montante de custos pela quantidade de produção equivalente. O custo obtido pelo departamento é transferido, então, ao próximo departamento, de acordo com a sequência de fabricação, até a finalização do produto. Os custos podem ser obtidos da seguinte maneira: a) Matérias primas: são requisitadas do estoque de matéria-prima para os departamentos produtivos; b) Mão de obra direta: é extraída da folha de pagamento, acrescido dos encargos sociais e trabalhistas; c) Custos Indiretos de Fabricação: alguns são identificados nos departa- mentos e outros são comuns; estes últimos são rateados, de acordo com critérios pré-estipulados pela empresa. Veja o exemplo adaptado de Megliorini (2001): Uma empresa fabricante do produto Y tem dois departamentos produtivos: Montagem e Pintura. Os dados de fabricação são apresentados a seguir: a) Em janeiro, o departamento de Montagem iniciou o processamento de 800 unidades. Concluiu 600 delas, restando a conclusão de 200 unidades, que estão, na média, com 50% de conclusão; b) Os custos de matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação totalizaram em janeiro $150.500,00 no departamento de Montagem e $100.000,00 no departamento de Pintura, conforme Quadro 1; c) Em fevereiro o departamento de Montagem concluiu as 200 unidades não acabadas de janeiro. Iniciou a fabricação de outras 1.000 unidades concluindo 700 destas unidades, ficando, em andamento na produção, com 300 peças que estão, na média, com 40% de conclusão; d) Os custos de matéria-prima, mão de obra direta e os custos indiretos de fabricação totalizaram em fevereiro $202.400,00 no departamento de Montagem e $150.000,00 no departamento de pintura, conforme Quadro 1. Outras informações: e) No início do mês de janeiro não havia produção em andamento em nenhum dos departamentos; f) Os produtos acabados da Montagem são transferidos para a Pintura e desta para o estoque de produtos acabados; 11 UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial g) No departamento de Pintura não ficam produtos em andamento de um mês para o outro; h) A matéria-prima é aplicada continuamente na produção, tendo a mes- ma porcentagem de uso da mão de obra direta e dos Custos Indiretos de Fabricação. O Quadro 1 traz o resumo dos dados: Quadro 1: Resumo dos dados Quadro resumo dos dados Montagem Pintura Janeiro Fevereiro Janeiro Fevereiro Saldo inicial da produção 0 0 0 0 Quantidade iniciada no mês 800 1.000 600 900 Quantidade concluída no mês 600 900 600 900 Saldo final da produção 200 300 0 0 Grau médio de execução 50% 40% 0 0 Custos Matéria-prima 40.500 54.000 20.000 35.000 Mão de obra 60.000 70.000 40.000 57.500 Custos Indiretos 50.000 69.400 40.000 57.500 Custo Total 150.500 202.400 100.000 150.000 A resolução poderá ser realizada por duas metodologias, uma considerando os custos pelo método PEPS (Primeiro que Entra Primeiro que Sai) e a outra considerando o custo médio. Resolução pelo PEPS Tabela 1: Alocação dos custos aos produtos na apuração de custos por processo (PEPS) Departamento de Montagem Departamento de Pintura JANEIRO JANEIRO Saldo inicial da produção em andamento 0 Saldo inicial da produção em andamento 0 Quantidade iniciada no mês 800 Quantidade iniciada no mês 600 Quantidade concluída no mês e transferida para a Pintura 600 Quantidade concluída no mês e transferida para a Pintura 600 Saldo final da produção em andamento 200 Saldo final da produção em andamento 0 Cálculo da produção equivalente Cálculo da produção equivalente Produção acabada 600 Produção acabada 600 Produção em andamento 200 u a 50% 100 --- --- 12 13 Quantidade equivalente a unidades acabadas durante o mês 700 Quantidade equivalente a unidades acabadas durante o mês 600 Cálculo dos custos Cálculo dos custos Custo unitário $150.500/700 u $215,00/u Custo unitário ($100.000 + $129.000)/600 u $381,67 Custo da produção acabada 600 x 215,00 $129.000,00 Custo da produção acabada 600 x $381,67,00 $229.000,00 Custo da produção em andamento (200 x 50%) x 215,00 $21.500,00 --- --- FEVEREIRO FEVEREIRO Saldo inicial da produção em andamento 200 Saldo inicial da produção em andamento 0 Quantidade iniciada no mês 1.000 Quantidade recebida da montagem 900 Quantidade concluída no mês e transferida para a Pintura Saldo inicial A seguir mais 200 700 Quantidade concluída no mês 900 Saldo final da produção em andamento 300 Saldo final da produção em andamento 0 Cálculo da produção equivalente Cálculo da produção equivalente Conclusão do saldo inicial 200 u x 50% dos serviços restantes 100 u --- Produção iniciada e acabada do mês 700 u Produção acabada do mês 900 Produção em andamento 300 u a 40% 120 u Produção em andamento 0 Quantidade equivalente a unidades acabadas durante o mês 920 u Quantidade equivalente a unidades acabadas durante o mês 900 Cálculo dos custos Cálculo dos custos 1) Custo unitário $202.400/920 u $220,00 1) Custo unitário ($150.000,00 + $197.500,00)/900 u 386,11 2) Custo da produção acabada: a) mês anterior b) custo do mês (100 x $220,00) c) iniciada e concluída no mês (700 x $220,00) d) SOMA TOTAL a) $21.500,00 b) $22.000,00 c) $154.000,00 d) $197.500,00 2) Custo da produção acabada 900 x 386,11 $347.500,00 Custo da produção em andamento (300 x 40%) x 220,00 $26.400,00 --- --- Resolução pelo Custo Médio Para o mês de janeiro, os custos da produção acabada e da produção em andamento serão os mesmos quer se utilize a metodologia PEPS ou a metodologia do CUSTO MÉDIO. Para o mês de FEVEREIRO tem-se: 13 UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial Tabela 2: Alocação dos custos aos produtos na apuração de custos por processo (CUSTO MÉDIO) Departamento de Montagem Departamento de Pintura FEVEREIRO FEVEREIRO Saldo inicial da produção em andamento 200 Saldo inicial da produção em andamento 0 Quantidade iniciada no mês 1.000 Quantidade recebida da montagem 900 Quantidade concluída no mês e transferida para a Pintura 900 Quantidade concluída no mês 900 Saldo final da produção em andamento 300 Saldo final da produção em andamento 0 Cálculo da produção equivalente Cálculo da produção equivalente Produção acabada do mês 900 Produção acabada do mês 900 Produção em andamento 300 u a 40% 120 u Produção em andamento 0 Quantidade equivalente a unidades acabadas durante o mês 1.020 u Quantidade equivalentea unidades acabadas durante o mês 900 Cálculo dos custos Cálculo dos custos 2) Custo unitário: ($202.400 + $21.500)/1.020 u $219,51 2) Custo unitário ($150.000,00 + $197.559,00)/900 u 386,18 3) Custo da produção acabada: (900u x 219,51) $197.559 3) Custo da produção acabada 900 x 386,18 $347.559,00 4) Custo da produção em andamento (300 x 40%) x 219,50 $26.341 --- --- Em resumo, os custos das peças acabadas e as em andamento ficaram conforme Tabela 3: Tabela 3: Resumo dos Custos Janeiro Fevereiro Montagem Pintura Montagem Pintura Produção em andamento Pelo PEPS $21.500,00 0 $26.400,00 0 Pelo Custo Médio $21.500,00 0 $26.341,00 0 Produção acabada Pelo PEPS $129.000,00 $229.000,00 $197.500,00 $347.500,00 Pelo Custo Médio $129.000,00 $229.000,00 $197.559,00 $347.559,00 Você viu um exemplo de sistema de acumulação de custos por processo de maneira detalhada. Essa metodologia é utilizada em empresas que possuem processos de fabricação contínua. Agora, veremos, a seguir, como funciona em empresas cujos processos são sob encomenda. 14 15 Sistema de Acumulação de Custos por Ordem de Produção Em geral, as empresas que trabalham por encomendas necessitam de uma auto- rização do cliente, antes de iniciarem quaisquer atividades em produtos ou serviços. Muitas vezes essa autorização se dá após a empresa vencer a concorrência de que participou e assinar o contrato ou autorização de fornecimento. Usualmente, os processos de concorrência possuem as seguintes etapas: 1. Cotação de preços: o cliente, antes de adquirir o produto ou serviço que necessita, realiza consultas geralmente em mais de um fornecedor objetivando melhores condições de pagamento, melhores preços, prazo de entrega, garantias, etc.; 2. Orçamento do produto ou serviço cotado: o fabricante consultado calcula ou estima o custo do produto ou serviço para formular o preço de venda que será oferecido ao cliente. Para que o fornecedor obtenha o valor da base de custo para a formulação do preço de venda a ser ofertado ao cliente, algumas etapas e procedimentos são executados: a) Projetos e desenhos: caso o cliente não forneça, o departamento de engenharia é o responsável pelo desenvolvimento; b) Listas de materiais: estes materiais podem ser fabricados ou comprados; c) Estimativa de horas de fabricação nos departamentos produtivos; d) Previsão de custos de atividades complementares como fretes, seguros, embalagens especiais, etc. Estes custos são previstos juntamente com os custos dos produtos. Os custos orçados devem prever: • Valores de reposição dos materiais; • Custo atualizado dos valores pagos devido à mão de obra; • Custos atualizados de demais recursos que possam ser utilizados na confecção do produto ou do serviço; • Cláusulas de reajustes de preços entre a data da proposta do orçamento e a data da assinatura do contrato ou entrega do equipamento, prevenindo-se da inflação que possa ocorrer nesse período; • Gastos na elaboração do orçamento. A seguir, apresentamos um modelo de formulário para o orçamento proposto por Megliorini (2001): 15 UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial Quadro 2: Modelo de formulário de orçamento ORÇAMENTO DE EQUIPAMENTO Número: Cliente: Código: Equipamento: Desenho MATERIAIS Código Descrição Qtde Peso líquido Peso bruto Custo Unitário Custo Total Total dos Materiais SERVIÇOS EXECUTADOS EXTERNAMENTE Descrição Fornecedor Custo Total dos serviços externos FABRICAÇÃO (Mão De Obra e Custos Indiretos) Departamento Horas orçadas Custo/ hora Custo Total Total mão de obra direta + CIF ENGENHARIA Atividades Horas orçadas Custo/ hora Custo Total Projetos Engenharia Total engenharia DEMAIS CUSTOS Descrição Custo Total Total demais custos TOTAL CUSTO ORÇADO DESPESAS ADMINISTRATIVAS E DE VENDAS PREÇO DE VENDA: Alíquota do ICMS (%): Alíquota do IPI (%): Encargo financeiro para pagamento a _______________ dias = ________________(%) Fonte: Adaptado de Megliorini (2001) Importante! Observe que uma empresa que trabalha sob encomenda, de acordo com os requisitos do cliente, incorre em gastos antes de conquistar o pedido do cliente. Os gastos mais signif- icativos da etapa de orçamento são aqueles relacionados com a engenharia de projetos. Trocando ideias... 16 17 Caso a empresa conquiste o pedido, os custos relacionados com o orçamento poderão ser transferidos para a ordem de serviço, a fim de se fazer a apuração dos custos totais da encomenda. No caso da empresa ganhar a concorrência e, como consequência, conquistar efetivamente o pedido, o departamento de vendas aciona todos os demais departamentos por meio da emissão de uma ordem de Serviço (OS) para que todos realizem suas atribuições: • Departamento financeiro: programar o recebimento dos contratos de fornecimento e atualizar o fluxo de caixa da empresa; • Departamento de contabilidade: abrir as contas nas quais serão acumulados os custos; • Departamento de estoque de matéria-prima (almoxarifado): verificar, reservar ou solicitar as compras de materiais que serão utilizados na execução do produto; • Departamento de Planejamento e Controle da Produção (PCP): efetuar a programação da produção; • Produção: providenciar ferramentas, máquinas, equipamentos e recursos produtivos para a confecção do produto. O número da Ordem de Serviço emitido pelo departamento de vendas corresponderá ao número da conta em que as receitas e os custos serão lançadas. Também é gerada uma ficha de apropriação, que deve conter informações tais como: cliente, produto, data prevista de entrega, horas orçadas; nela serão acumuladas custos e receitas realizadas até a finalização e entrega do produto. Nesse processo, são gerados relatórios mensais para a contabilização dos dados. Sendo assim, as informações que devem ser lançadas para essa finalidade nas Fichas de Apropriação são: • Relatório de materiais: resume por Ordem de Serviço (OS) as requisições de materiais emitidas, indicando o tipo de material, quantidade e valor; • Relatório de mão de obra: resume por OS as horas de produção dos departamentos produtivos e de seus custos; • Relatório da engenharia: resume por OS as atividades e projetos realizados e a apuração dos respectivos custos; • Relatório de custos diversos: resume por OS todos os documentos referentes aos gastos com ferramentas, viagens, representações, serviços executados por terceiros, etc. • Relatório de faturamento: resume por OS os faturamentos referentes ao valor principal e os reajustes de preços ocorridos no período. Encerrada a encomenda, acumulam-se as receitas e os custos, para a determina- ção de lucro ou prejuízo; além de se confrontar o custo orçado com os realizados, para detectar eventuais distorções que possam afetar o resultado da encomenda. 17 UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial Apresentamos, a seguir, no Quadro 2, um exemplo de ficha de acompanhamento de custos: Quadro 3: Exemplo ficha de acompanhamento de custos Ficha de Acompanhamento O.S.: Cliente: Produto: Preço Contratual Prazo de entrega: Contas Mês e ano _____/_______ _____/_______ _____/_______ Acumulado Mão de obra Depto. Depto. Depto. Total Engenharia Projetos Desenhos Total Materiais Chapas Tubos Perfis Outros Total Demais custos Total Total de custo do mês Custo acumulado Receita do mês Receita acumulada Horas de fabricação Horas de engenharia Fonte: Adaptado de Megliorini (2001) Essa ficha é destinada para o acompanhamento dos custos e das receitas, além de ser uma ferramenta gerencial baseada nos resultados obtidos. Os detalhamentos das informações estão em relatórios e documentações específicas que poderão ser consultados. Exemplo: Uma empresa vence a concorrência para o fornecimento de um equipamento cujo prazo de execução é de 3 anos. Seus custos orçados e preços estão descritos a seguir: Custo orçado: $30.000,00 Preço de venda: $42.000,00 Margem de lucro: $12.000,00 18 19 (%)margem/custo: 40% Relação preço/custo: 1,40 Admitindo que no primeiro ano ocorra: Revisão dos custos orçados: não houve Revisão do preço de venda: não houve Custos reais incorridos: $8.000,00 A receita atribuída ao primeiro ano será de: Custo incorrido $8.000,00 Relação preço/custo x 1,40 Receita $11.200,00 No segundo ano, caso ocorra: 1. Reajuste em 20% nos custos orçados passando de $30.000,00 (primeiro ano) para $36.000,00. 2. Reajuste do preço de venda em 35% passando de $42.000,00 (primeiro ano) para $56.700,00 de acordo com cláusula de reajuste constante no contrato. 3. Custos reais incorridos no segundo ano = $15.000,00 Dessa maneira, a nova situação para o segundo ano passou a ser como apresentamos a seguir: Novo Custo orçado: 36.000,00 Novo Preço de venda: $56.700,00 Nova Margem de lucro: $20.700,00 Nova (%) margem/custo: 57,5% Relação preço/custo: 1,575 Assim deve-se considerar a margem de 57,5% para a encomenda toda e não apenas para o segundo exercício e, portanto, os resultados do primeiro ano devem ser reavaliados conforme segue: (+) Custo real incorrido no primeiro ano: $8.000,00 (+) Custo real incorrido no segundo ano: $15.000,00 (item 3) (=) Custo acumulado: $23.000,00 (x) Nova relação preço/custo: 1,575 (=) Receita acumulada: $36.225,00 (-) Receita do primeiro ano: $11.200,00 (=) Receita do segundo ano: $25.025,00 19 UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial No terceiro ano, ocorre o término da fabricação e o faturamento do equipamento é o seguinte: Custos reais incorridos: $22.000,00 Receita total: $60.000,00 Dessa maneira, para a finalização do equipamento no terceiro ano, o cálculo se dá assim: (+) Custo acumulado ano anterior: $23.000,00 (+) Custo terceiro ano: $22.000,00 (=) Custo acumulado total: $45.000,00 (+) Receita total: $60.000,00 (-) Receita acumulada ano anterior: $25.025,00 (=) Receita terceiro ano: $34.975,00 O lucro total considerando os três anos é obtido conforme abaixo: (+) Receita total: $60.000,00 (-) Custo acumulado total: $45.000,00 (=) Lucro: $15.000,00 O Quadro 3, a seguir, resume os resultados obtidos: Quadro 4 Contas Previsão 1° ano 2° ano 3° ano Total da encomendaCusto orçado e Preço contratual Resultado Revisão do Custo orçado e do Preço contratual Resultado Acumulado Resultado Custo 30.000 8.000 36.000 15.000 23.000 22.000 45.000,00 Receita 42.000 11.200 56.700 25.025 36.225 23.775 60.000,00 Margem de lucro 12.000 3.200 20.700 10.025 13.225 1.775 15.000,00 (%) M/C 40% 40% 57,5% 66,8% 57,5% 8,1% 33,3% Fonte: Adaptado de Megliorini (2001) Finalizamos, assim, mais uma unidade com importantes tópicos sobre os Custos Industriais. Até a próxima!!!!! 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Análise de Balanços, Estruturação e Avaliação das Demonstrações Financeiras Contábeis BLATT, A. Análise de balanços, estruturação e avaliação das demonstrações financeiras contábeis. Pearson: 2000. (e-book). Gestão de Custos Perspectivas e Funcionalidades CRUZ, A.W. Gestão de custos perspectivas e funcionalidades. IBPEX: 2012. (e-book) Contabilidade Gerencial Novas Práticas Contábeis para Gestão de Negócios HONG, Y.C. Contabilidade gerencial novas práticas contábeis para gestão de negócios. Pearson: 2005. (e-book) Custos MEGLIORINI, E. Custos. São Paulo: Makron books, 2001. (e-book). 21 UNIDADE Formas de Apuração de Custos em uma Empresa Industrial Referências MARTINS, E. Contabilidade de Custos: Livro de Exercícios. 9. Ed. São Paulo: Atlas, 2007. MARTINS, E. Contabilidade de Custos: O Uso da Contabilidade de Custos como Instrumento Gerencial. 9. Ed. Atlas: 2003. RIBEIRO, O. M. Contabilidade de Custos Fácil; 7 Ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 22
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