Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autora: Profa. Lidiana Flora Vidôto da Costa Colaboradoras: Profa. Renata Guzzo Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Professora conteudista: Lidiana Flora Vidôto da Costa É professora titular da Universidade Paulista (UNIP) desde 2004, graduada em Enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC‑Campinas – 1988), mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp – 2008) e doutora em Patologia Ambiental e Experimental pela Universidade Paulista – UNIP (2015). Ministra as disciplinas de Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente no curso de graduação em Enfermagem da UNIP. Atuou 20 anos em área hospitalar, com ênfase em terapia intensiva pediátrica e neonatal. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C837p Costa, Lidiana Flora Vidôto da. Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente / Lidiana Flora Vidôto da Costa. – São Paulo: Editora Sol, 2018. 264 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIV, n. 2‑115/18, ISSN 1517‑9230. 1. Desenvolvimento. 2. Doença. 3. Hospitalização. I. Título. CDU 616‑083 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Rose Castilho Elaine Pires Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Sumário Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 CRESCIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ............................................................................. 11 1.1 Conhecendo o perfil epidemiológico da criança brasileira ................................................. 11 1.2 O papel do enfermeiro na vigilância do crescimento e do desenvolvimento da criança e do adolescente .................................................................................................................... 15 1.3 Padrões de crescimento e desenvolvimento ............................................................................. 16 1.3.1 Tendências direcionais .......................................................................................................................... 16 1.3.2 Tendências sequenciais......................................................................................................................... 16 1.4 Crescimento ............................................................................................................................................ 20 1.4.1 Estatura ....................................................................................................................................................... 24 1.4.2 Peso .............................................................................................................................................................. 26 1.4.3 Circunferência do braço e espessura da prega cutânea ......................................................... 30 1.4.4 Perímetro cefálico ................................................................................................................................... 31 1.4.5 Determinantes biológicos de crescimento ................................................................................... 35 1.4.6 Gráficos de avaliação antropométrica (peso/estatura) na criança ..................................... 38 2 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE .................................................................. 48 2.1 Faixas etárias do desenvolvimento da criança ......................................................................... 50 2.1.1 Período pré‑natal .................................................................................................................................... 51 2.1.2 Período de lactente ................................................................................................................................ 52 2.1.3 Período inicial da infância ................................................................................................................... 61 2.1.4 Período intermediário da infância (idade escolar) .................................................................... 62 2.1.5 Período tardio da infância ................................................................................................................... 63 2.2 Fatores de risco para problemas do desenvolvimento .......................................................... 67 2.3 Avaliação do desenvolvimento da criança ................................................................................ 68 Unidade II 3 O ENFERMEIRO, A COMUNICAÇÃO, A CRIANÇA E A FAMÍLIA ....................................................... 77 3.1 O enfermeiro e as formas de comunicação com a criança ................................................. 78 3.1.1 Comunicação verbal .............................................................................................................................. 78 3.1.2 Comunicação não verbal (paralinguagem) .................................................................................. 79 3.1.3 Comunicação abstrata .......................................................................................................................... 79 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I 3.2 Instrumento de intervenção na enfermagem pediátrica: o brinquedo ......................... 86 4 CONSULTA DE ENFERMAGEM PEDIÁTRICA .......................................................................................... 88 4.1 Entrevista ................................................................................................................................................. 89 4.2 Examinando a criança: verificações fisiológicas e exame físico ....................................... 93 4.2.1 As medidas fisiológicas da criança e do adolescente .............................................................. 97 4.2.2 Exame físico ............................................................................................................................................113 Unidade III 5 ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA ...................................................156 5.1 Aleitamento materno .......................................................................................................................1565.2 Alimentação da criança do 6º mês até o 1º ano de vida ...................................................168 6 DOENÇAS NA INFÂNCIA DECORRENTES DE PRIVAÇÃO NUTRICIONAL ...................................174 6.1 Desnutrição na infância ..................................................................................................................174 6.1.1 Kwashiorkor ........................................................................................................................................... 177 6.1.2 Marasmo .................................................................................................................................................. 177 6.1.3 Deficiência de vitamina A..................................................................................................................181 6.2 Anemia ferropriva ..............................................................................................................................182 Unidade IV 7 A DOENÇA NA INFÂNCIA ...........................................................................................................................190 7.1 Diarreia ...................................................................................................................................................192 7.1.1 Complicações da diarreia .................................................................................................................. 198 7.2 Doenças respiratórias .......................................................................................................................202 7.2.1 Rinofaringite aguda ............................................................................................................................ 203 7.2.2 Otite média aguda (OMA) .................................................................................................................207 7.2.3 Pneumonia ............................................................................................................................................. 209 8 A HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA E AS PRINCIPAIS TÉCNICAS DE ASSISTÊNCIA ...............211 8.1 A criança hospitalizada ....................................................................................................................211 8.2 Os cuidados de enfermagem na saúde da criança e do adolescente ...........................217 8.2.1 Administração de medicamentos e a criança ...........................................................................217 7 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 APRESENTAÇÃO A disciplina Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente oferece embasamento teórico e prático para a avaliação clínica da criança e do adolescente, destacando as especificidades de cada faixa etária. Ao final do curso, o aluno deverá ser capaz de conhecer as características e necessidades nos processos de crescimento e desenvolvimento e de saúde‑doença na criança e no adolescente. Deverá, ainda, ser capaz de conhecer as características e necessidades nos processos de crescimento e desenvolvimento e de saúde‑doença na criança e no adolescente. A disciplina tem como objetivo: • Conhecer os fundamentos de crescimento e desenvolvimento da criança e do adolescente através dos estágios de desenvolvimento e padrões de crescimento e desenvolvimento. • Conhecer o crescimento biológico e o desenvolvimento físico da criança e do adolescente através da identificação das proporções externas, dos determinantes biológicos do crescimento, do crescimento e da maturação esqueléticos, das maturações neurológicas e teciduais e das tendências gerais no ganho de peso e altura durante a infância. • Identificar os principais desenvolvimentos biológicos, psicossociais, cognitivos e sociais da criança. • Identificar o gráfico pondero‑estatural como recurso de avaliação do crescimento da criança e do adolescente. • Conhecer as alterações fisiológicas da criança e do adolescente (metabolismo, temperatura sono e repouso). • Conhecer o desenvolvimento da personalidade e função mental na infância. • Conhecer métodos de comunicação e avaliação da criança: tipos de comunicação, diretrizes para a comunicação e entrevista, técnicas de comunicação e levantamento da história de saúde. • Listar achados clínicos na criança e adolescente, diferenciando do adulto, utilizando as propedêuticas do exame físico. • Relacionar os achados da avaliação da criança com as possíveis alterações prevalentes na infância e adolescência. • Conhecer a importância da nutrição da criança, adequada às fases de desenvolvimento, e a seleção, preparação e introdução dos alimentos sólidos. 8 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I • Conhecer as etapas do exame físico da criança: verificações fisiológicas e exame físico da criança. • Identificar recursos diagnósticos que auxiliam na avaliação clínica da criança e do adolescente nas situações de doenças prevalentes na infância e adolescência. • Identificar a utilização do brinquedo, desenhos e avaliação de comportamentos como estratégias de investigação de enfermagem junto à criança, compreendendo as narrativas e o brinquedo como importantes recursos de investigação. • Conhecer as principais doenças prevalentes na infância e correlacioná‑las às ações de enfermagem. • Conhecer as principais técnicas de enfermagem envolvendo a assistência à criança. • Realizar cálculos para administração de fármacos à criança e suas peculiaridades. INTRODUÇÃO Prezado aluno, todos nós um dia já fomos crianças e talvez já tivemos a oportunidade de cuidar de alguma criança, seja na vivência da maternidade/paternidade, ajudando algum parente ou amigo, ou até mesmo em pequenas experiências na comunidade onde vivemos. Quem não se encanta com o sorriso de uma criança ou com a evolução dela ao aprender aos poucos a usar palavras para descrever o que vê, ouve, sente e pensa? A criança é o futuro, a esperança, a idealização de um mundo melhor. Sabemos também que muitas etapas terão que ser vencidas para que ela se torne um adulto saudável, produtivo, competente, independente e feliz, de preferência. Construir o futuro de uma criança é construir o futuro de uma sociedade, o futuro das relações humanas/ambientais para o mundo. Cabe, portanto, a todos os adultos, desempenhar esse papel construtor. Dessa forma, a criança deve ser assistida pela família, pela comunidade, pela sociedade, pelas políticas sociais e públicas dos serviços da educação e da saúde, pela legislação, nacional e internacionalmente, assegurando‑lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social em condições de liberdade e de dignidade. Já pensou que a somatória de todos esses recursos, se investidos adequadamente, resultarão em uma sociedade adulta desenvolvida, criativa, respeitosa, honrada, saudável, com os potenciais de inteligência desenvolvidos, tornando o mundo um lugar melhor para se viver? Então, contribuindo com essa ideia e integrados a esse desafio, a disciplina que você está prestes a conhecer e estudar – Propedêutica e Processos de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente – abordará uma fração dessas necessidades da criança, com ênfase no monitoramento e vigilância do enfermeiro no crescimento e desenvolvimento saudável da criança, bem como nas principais doenças na infância. É importante colocar que durante a experiência profissional como enfermeiro na assistência à criança, muitas vezes, é necessário demonstrar que a criança não é um adulto em menor proporção de tamanho. 9 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Para tal, o enfermeiro precisa conhecer a criança nas diversas fases de seu desenvolvimento e crescimento, nas peculiaridades e necessidades, e idealizar os recursos tecnológicose científicos para essa assistência, inclusive conduzindo a equipe de trabalho (selecionada e capacitada) para desenvolver a assistência esperada. Dando início aos estudos desta disciplina, você deverá inicialmente entender que, embora já tenha bagagem adquirida dos estudos das disciplinas ofertadas com ênfase na saúde do adulto – com todas as características e peculiaridades dessa população, nos cuidados das esferas da atenção básica, níveis II e III de saúde –, ela deve ser entendida como exclusivamente voltada para adultos. Nesse momento, você deverá enxergar a atenção à saúde da criança como um novo desafio de aprendizado, lembrando‑se sempre de que a criança não é um adulto minimizado. Espero que você aproveite a disciplina, estudando e aprimorando seu conhecimento para se tornar um enfermeiro competente e consciente de suas funções. Bons estudos! Figura 1 – Criança brincando 11 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Unidade I 1 CRESCIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 1.1 Conhecendo o perfil epidemiológico da criança brasileira Muitas políticas de saúde nacionais e internacionais visam criar um ambiente propício para a saúde, buscando transformar as sociedades para que crianças e adolescentes em toda parte possam usufruir do seu direito à saúde física e mental e ao bem‑estar, da melhor forma que seja possível atingir. Consequentemente, quando essas metas de atenção à saúde da criança e do adolescente são alcançadas, benefícios sociais, demográficos e econômicos são vistos e aplaudidos. Dessa forma, esses futuros adultos terão oportunidades sociais e econômicas e poderão participar plenamente da construção de sociedades prósperas e economicamente sustentáveis. Um exemplo de implementação de estratégias dessas políticas em nosso País encontra‑se na legislação, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata a lei, assegurando‑lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990). Um outro exemplo, este decorrente de um planejamento mundial, foi a Estratégia Global para a Saúde das Mulheres, das Crianças e dos Adolescentes, iniciativa da Organização Mundial da Saúde, que vigorou entre 2010 e 2015, atualizada em 2016, conseguindo grandes realizações. A implementação da Estratégia Global (2010/2015) teve como metas, entre outras: • O fim das mortes maternas, neonatais, infantis, de adolescentes e da natimortalidade passíveis de prevenção. • Um retorno de pelo menos 10 vezes o investimento por meio de melhores resultados educacionais, participação na força de trabalho e contribuições sociais. • Pelo menos US$ 100 bilhões em dividendos demográficos advindos de investimentos na saúde e no desenvolvimento na primeira infância e na adolescência. 12 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I • Uma “grande convergência” em saúde, dando a todas as mulheres, crianças e adolescentes oportunidade igual de sobreviver e prosperar (CADA MULHER, CADA CRIANÇA, 2016, p. 7). É recomendável que todos os países, todas as civilizações, construam, junto com o setor privado e a sociedade civil, planos de implementações, em escala apropriada, para estabelecer intervenções que visem aumentar a demanda e a utilização de serviços de saúde e produtos que salvam vidas, especialmente entre as populações subatendidas, em todas as faixas etárias e gêneros, mas especialmente no que se diz respeito às crianças. Para isso, um governo precisa, entre outros, de recursos financeiros, recursos humanos qualificados, tecnologias e conhecimentos avançados. Todos os aspectos citados são fundamentais para melhorar os indicadores de qualidade de saúde da criança e do adolescente. No caso do Brasil, por exemplo, verificou‑se que os esforços estabelecidos a médio prazo, focados na promoção de ações de diminuição da pobreza, da ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família, dentre outros, levaram à diminuição dos óbitos infantis de 47,1 a cada mil nascidos vivos, em 1990, para 15,6 em 2010, ou seja, as taxas de mortalidade infantil (de crianças com menos de 1 ano) e na infância (com menos de 5 anos) no País apresentaram redução de mais de 70% nos últimos 30 anos (IBGE, 2018). O Brasil é um dos 62 países que alcançaram a meta de redução da mortalidade infantil estipulada pela Organização das Nações Unidas (ONU) por meio dos Objetivos do Milênio. A meta apontava para a necessidade de diminuição em dois terços no índice. “De 1990 a 2015, o Brasil reduziu em 73% a mortalidade infantil. Há 25 anos eram registradas 61 mortes para cada mil crianças menores de cinco anos. O número caiu para 16 mortes (a cada cem mil) após esse período” (BRASIL, 2015a). Mesmo com os dados positivos demonstrando reduções na taxa de óbitos nos primeiros anos de vida da criança e alcançando a meta estabelecida pela ONU, o Brasil ocupa o 97º lugar no ranking mundial, com 16,7 mortes por 1.000 nascidos vivos (CADA MULHER, CADA CRIANÇA, 2016). Embora, hoje em dia, detenham‑se conhecimentos e tecnologias necessários para acabar com as mortes evitáveis – assim como a oportunidade de fazê‑lo por meio de diretrizes de iniciativas de saúde pública, desafiadoras e fundamentais para essas melhorias –, os resultados no Brasil precisam ser mais impactantes. É importante salientar que 68,6% das mortes de crianças brasileiras com menos de um ano acontecem no período neonatal, ou seja, com até 27 dias de vida, sendo a maioria no primeiro dia (BRASIL, 2012c). Outra característica epidemiológica importante dessa população, no Brasil, é que o grupo de crianças com idade entre 0 e 14 anos vem diminuindo com o passar dos anos, como demonstrado pelos sensos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 1980 e 2010, como podemos ver no gráfico a seguir (IBGE, 2018). Mesmo com o perfil da curva descendente, observa‑se que, em 2010, as crianças ainda representavam 25% da população brasileira. 13 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 100 75 50 25 0 1980 1991 0‑14 anos 15‑64 anos 65 mais % 1996 2000 2010 Figura 2 – Distribuição percentual da população por grandes grupos de idade no Brasil (1980 a 2010) É importante recordar que no Brasil existem vários programas e políticas de saúde pública que visam melhorar e intervir nessa realidade. Nesse contexto, podemos citar alguns: Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), o Programa de Humanização do Pré‑Natal e Nascimento (PHPN) e o documento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes (PNAISM). Existem ainda programas e políticas específicos, voltados à saúde da criança. Entre esses, destacamos a Rede Cegonha, em que o Ministério da Saúde organizou uma grande estratégia a fim de qualificar as Redes de Atenção Materno‑Infantil em todo o País com o objetivo de reduzir as taxas, ainda elevadas, de morbimortalidade materna e infantil brasileiras (BRASIL, 2012c). Atendendo às diretrizes de políticas de saúde vigentes em prol de atender e promover a saúde da criança, inclusive no contexto familiar sob todos os aspectos, a contribuição do enfermeiro nessas ações é fundamental. O papel do enfermeiro junto à população jovem (considerando crianças e adolescentes) é imprescindível na composição multidisciplinar com foco nas ações das políticas de saúde, que têm como objetivos prioritários a redução das taxas de morbidade e mortalidade por causas evitáveis (SOUZA etal., 2013). A criança, em todo o desenvolvimento de sua vida, seja desde os primeiros momentos de vida até o avançar dos anos, quando na adolescência, necessita estabelecer relações afetivas, precisa de outra pessoa para ir se estruturando como sujeito e para ter uma identidade própria. Portanto, estabelecer, desde o nascimento, relações com pessoas que a escutem e entendam suas necessidades, que lhe deem carinho e afeto, que lhe proporcionem oportunidades seguras de explorar e conhecer o mundo que a rodeia, são condições essenciais ao adequado crescimento e desenvolvimento da criança (BRASIL, 2002). Nesse contexto, além do eixo familiar, profissionais da saúde, como o enfermeiro, devem compor essas relações. 14 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Dessa forma, surge um campo rico de atuação para o enfermeiro, que desempenha um importante papel na consulta de puericultura por meio da detecção precoce de problemas de saúde e prescrição de cuidados, bem como a implementação de ações interventivas para melhoria da qualidade do atendimento prestado a esse grupo etário, fortalecendo a assistência para que se reduzam índices de morbidade e mortalidade na região e no município onde atua (ABE; FERRARI, 2008). Para tal, o enfermeiro deve deter conhecimentos técnico‑científicos que favoreçam esse trabalho e permitam atingir o objetivo principal, que é a excelência no cuidado com a saúde da criança. Saiba mais Conheça mais sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e descubra de que forma a legislação brasileira contribui para os direitos de todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade acessando: BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 6 jun. 2018. Figura 3 – A criança e o cuidado 15 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 1.2 O papel do enfermeiro na vigilância do crescimento e do desenvolvimento da criança e do adolescente A legislação brasileira, de forma clara e precisa, determina, em todo o território nacional, através da norma jurídica oriunda da Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente, que: “Art. 2º – Considera‑se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1990). Durante toda a longa trajetória da criança, desde seu nascimento até a fase adulta, existem fases e peculiaridades específicas de cada fase. O enfermeiro deve compreender esses conceitos e os métodos de avaliação e vigilância, para que a criança possa crescer e se desenvolver com a qualidade máxima esperada, exposta e com acesso aos melhores recursos disponíveis. O crescimento e o desenvolvimento são eixos referenciais para todas as atividades de atenção à criança e ao adolescente sob os aspectos biológico, afetivo, psíquico e social (BRASIL, 2002). A criança deve ser acompanhada, avaliada e monitorada por profissionais qualificados, desde seu nascimento, quanto à condição e evolução de seu crescimento e desenvolvimento, independentemente da situação socioeconômica e origem étnica. Alguns fatores de risco devem ser considerados para que o monitoramento do crescimento e desenvolvimento da criança exijam um acompanhamento especial, pois aumentam a probabilidade da existência de doença perinatal e infantil. Dentre eles encontram‑se: baixo peso ao nascer, baixa escolaridade materna, idades maternas extremas (< 19 anos e > 35 anos), gemelaridade, intervalo intergestacional curto (inferior a dois anos), criança indesejada, desmame precoce, mortalidade em crianças menores de 5 anos na família, condições inadequadas de moradia, baixa renda e desestruturação familiar (BRASIL, 2002). Uma das estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde, a partir de 1984, visando incrementar a capacidade resolutiva dos serviços de saúde na atenção à criança, foi priorizar cinco ações básicas de saúde: “promoção do aleitamento materno, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, imunizações, prevenção e controle das doenças diarreicas e das infecções respiratórias agudas” (BRASIL, 2002, p. 3). Tais ações devem constituir o centro da atenção a ser prestada em toda a rede básica de serviços de saúde, e serão abordadas no decorrer da disciplina. Em relação ao crescimento e desenvolvimento da criança, sabe‑se que são processos paralelos, mas com conceitos próprios e não obrigatoriamente dotados de igual velocidade ou de igual sensibilidade aos agravos (MOREIRA, 2011). Embora o crescimento e o desenvolvimento configurem um processo global, dinâmico e contínuo, nesta disciplina os estudaremos separadamente, sob a ótica didática, pois a avaliação do crescimento e a avaliação do desenvolvimento possuem abordagens sistemáticas e metodologias diferenciadas e específicas. 16 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Vamos conhecer cada um deles e aprender como o enfermeiro deve realizar o controle e o monitoramento do crescimento e do desenvolvimento da criança e do adolescente. 1.3 Padrões de crescimento e desenvolvimento Como já mencionado, a criança não possui recursos para enfrentar o mundo sozinha. Portanto, ela necessita do apoio dos adultos e da sociedade, todos dispostos a compartilhar alegrias e momentos difíceis. Existem padrões de crescimento e desenvolvimento esperados, denominados tendências. De forma geral, as crianças seguem um mesmo padrão de desenvolvimento e maturação, influenciadas pelas informações genéticas da sua constituição hereditária, da cultura da sociedade e das experiências a que serão expostas, que fazem de cada criança um ser distinto. Esses fatores devem ser sempre lembrados durante a avaliação das condições de saúde de uma criança. Dentre os padrões de crescimento e desenvolvimento esperados, encontram‑se as tendências direcionais e as tendências sequenciais. 1.3.1 Tendências direcionais O crescimento e o desenvolvimento da criança possui uma tendência em seguir um padrão próximo‑distal (do mais próximo para o mais distante) e da linha média para a periferia. Observação Exemplos de tendências direcionais observadas no crescimento e desenvolvimento da criança: Exemplo 1: durante o desenvolvimento embrionário, primeiro observam‑se os botões dos membros e depois aparecem os dedos. Exemplo 2: durante o desenvolvimento do sistema nervoso, desenvolve‑se primeiro o sistema nervoso central e depois o periférico. 1.3.2 Tendências sequenciais Em condições saudáveis, existe uma sequência de crescimento e desenvolvimento definida, previsível e inalterada. Observação Um exemplo de tendência sequencial pode ser: a criança primeiro consegue sentar‑se sem apoio e depois anda, nunca ao contrário. 17 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A) B) Figura 4 – Demonstração ilustrativa da tendência sequencial do crescimento/desenvolvimento da criança É importante salientar que a velocidade de desenvolvimento e crescimento não apresenta o mesmo ritmo, como observado nas tendências sequencias e direcionais. Essas sequências são caracterizadas por eventos inalterados, porém o ritmo poderá mudar de criança para criança. Existem períodos em que o desenvolvimento e o crescimento são mais acelerados e outros mais lentos.Observação Alguns exemplos de períodos em que o crescimento ocorre mais acelerado ou mais lento: período pré‑natal, período neonatal e adolescência (acelerados); infância (diminui a velocidade). Os períodos de crescimento e desenvolvimento devem ser sensibilizados e estimulados durante todo o processo. O potencial de crescimento e desenvolvimento esperado à idade dependerá da interação com um meio ambiente particular, podendo ser fator de influência benéfico ou nocivo. A qualidade dessas interações da criança com o meio em que vive é muito importante. As figuras a seguir demonstram fotos de crianças sensibilizadas de modos diferentes, dependendo do ambiente em que vivem. Elas podem aprender e experimentar situações diferentes, o que vai influenciar no seu desenvolvimento. 18 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Figura 5 – Demonstração de influências ambientais no desenvolvimento da criança: ambientes urbanos, grandes centros versus ambientes rurais, na natureza Figura 6 – Demonstração da socialização da criança com a família e com outras crianças Figura 7 – Demonstração da socialização da criança 19 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Observação Um bom exemplo da influência do meio ambiente sobre o crescimento é o de gêmeos homozigóticos (portanto, com a mesma herança e potencial genético de crescimento): quando criados separadamente e em meios diferentes, o que cresceu em meio favorável tende a atingir sua meta de crescimento determinada pelo seu potencial genético, enquanto o que foi criado em meio desfavorável, cresce aquém do seu potencial genético (BRASIL, 2002). O ambiente em que criança vive também interfere em sua saúde ao longo da vida. Uma criança exposta a ambientes saudáveis terá possibilidade de usar seu potencial máximo de desenvolvimento e crescimento, tornando‑se um adulto capaz de enfrentar as dificuldades e contribuir para uma sociedade mais feliz e justa. Como exemplo, a criança pode sofrer interferências ambientais negativas, dependendo do local onde vive, como a poluição do ar e das águas, assim como a precariedade de condições de saneamento básico. Figura 8 – Criança com a mãe, demonstrando momento de alegria e de bom relacionamento familiar afetivo Figura 9 – Demonstração da influência do ambiente na vida da criança: um grande centro urbano e a poluição do ar 20 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Figura 10 – Demonstração da influência do ambiente na vida da criança: condições precárias de saneamento básico e de moradia Observação A oferta de estímulos físicos, sensoriais, emocionais, sociais e nutricionais inadequados à idade da criança pode influenciar negativamente em seu crescimento e desenvolvimento. Uma criança privada de nutrientes adequados e vítima de violência psicológica, por exemplo, certamente, quando adulta, terá comprometimentos intelectuais e de socialização, podendo interferir na sua qualidade de vida. 1.4 Crescimento O crescimento e o desenvolvimento saudável das crianças, principalmente nos primeiros cinco anos de vida, é fundamental para que possam desenvolver seus potenciais físicos e mentais completos (DE ONIS et al., 2013). O crescimento é um processo biológico, dinâmico e contínuo de multiplicação (hiperplasia) e aumento do tamanho (hipertrofia) celular, que ocorre desde a concepção até o final da vida, considerando‑se os fenômenos de substituição e regeneração de tecidos e órgãos. De forma geral, o crescimento é entendido como o aumento do tamanho corporal, cessando com o término do aumento do crescimento linear (BRASIL, 2002). Existe um perfil de crescimento esperado para cada fase etária do desenvolvimento da criança, porém é importante salientar que o potencial máximo desse crescimento sofre influências de diversos fatores, conhecidos como intrínsecos e extrínsecos. Os fatores genéticos são considerados como fatores intrínsecos, que influenciam o crescimento da criança. Veja: crianças filhas de pais com estatura alta terão maior chance de ser mais altas se comparadas àquelas filhas de pais mais baixos. Isso é verificado também em populações, que podem carregar genes para estaturas mais altas ou mais baixas. Como exemplo, podemos citar o perfil de estatura da população norte‑americana e compará‑lo à população asiática. Existem diferenças significativas entre o perfil de estatura dessas populações, sendo uma das causas sua característica genética. 21 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Portanto, a variabilidade genética normal deve sempre ser levada em consideração quando se realizam diagnósticos de déficit de crescimento na criança. Todavia, existem também fatores extrínsecos que exercem influência no crescimento da criança e que devem ser considerados. Fatores extrínsecos são fatores externos, que poderão influenciar o potencial genético do crescimento da criança de forma positiva ou negativa. Esses fatores são ambientais, tais como alimentação, condições de higiene e de saneamento básico, condições socioeconômicas e de educação das pessoas de vínculo, problemas de saúde adquiridos no útero ou na infância, maus‑tratos, entre outros. Hipoteticamente, vamos comparar dois irmãos, gêmeos idênticos e saudáveis, que, ao nascer, são separados e criados por duas famílias distintas. A primeira oferece condições adequadas de educação, saneamento, alimentação. A segunda família não consegue oferecer todas as condições necessárias para a criança. Provavelmente, quando as curvas de crescimento dessas crianças forem comparadas, poderão apresentar‑se diferentes, com o potencial de crescimento da primeira criança atingindo um perfil de maior estatura se comparado à segunda. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), existem fatores extrínsecos que influenciam sistematicamente o crescimento da criança: Alimentação: a criança até cinco anos requer cuidados específicos com a sua alimentação. Crescer consome energia: 32% das necessidades calóricas de um recém‑nascido são destinadas ao crescimento. A dieta da criança deve ter qualidade, quantidade, frequência e consistência adequadas para cada idade. Para crianças com até 6 meses de idade, o leite materno exclusivo é o melhor alimento. Infecções: é essencial que as crianças sejam imunizadas, segundo o calendário de vacinação preconizado pelo Ministério da Saúde, para que se evite a ocorrência das doenças imunopreveníveis. Os processos infecciosos devem ser identificados e tomadas as medidas para que sejam debelados precocemente. Higiene: a higiene adequada da criança, dos alimentos, do ambiente e de todos aqueles que lidam com ela são fatores essenciais para seu bom crescimento. Isso implica na disponibilidade de água potável, de meios adequados para o esgotamento sanitário, e destinação de lixo e em conhecimentos, atitudes e práticas corretas sobre o manuseio, armazenamento, preparo e conservação dos alimentos, de higiene corporal e do ambiente. Cuidados gerais com a criança: assim como os demais aspectos citados acima, também é fundamental para o bom crescimento e desenvolvimento a qualidade dos cuidados dispendidos à criança. Em outras palavras, a criança pequena necessita estabelecer relações afetivas, precisa de outra pessoa para ir se estruturando como um sujeito e para ter uma identidade própria. Estabelecer, desde o nascimento, relações com pessoas que a escutem e entendam suas necessidades, que lhe deem carinho e afeto, 22 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I que lhe proporcionem oportunidades seguras de explorar e conhecer o mundo que a rodeia, são condições essenciaisao adequado crescimento e desenvolvimento da criança (BRASIL, 2002, p. 25‑26). A figura a seguir ilustra um local onde crianças vivem em situação de pobreza. Essas condições de higiene, de atenção básica e alimentação são consideradas como fatores extrínsecos que influenciarão no crescimento e no desenvolvimento saudável da criança. Figura 11 – Crianças vivendo em situação de pobreza Através do acompanhamento do crescimento e do pleno conhecimento dos fatores envolvidos nesse processo, pode‑se não só apoiar a manutenção e promoção de um crescimento saudável, como intervir, o mais precocemente possível, nos casos de desvio, possibilitando, assim, que o processo de crescimento se concretize na plenitude do potencial genético da criança (AQUINO, 2011). Portanto, durante a consulta da criança, na entrevista, o enfermeiro deverá investigar as condições dos cuidados que estão sendo ofertados à criança, levando em consideração os fatores intrínsecos, porém sempre avaliando e corrigindo, quando possível, os extrínsecos. Saiba mais Leia sobre o crescimento da criança: BRASIL. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Série Cadernos de Atenção Básica, n. 11. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/crescimento_desenvolvimento.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2018. 23 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE As medidas de peso e estatura, conhecidas como medidas antropométricas, estabelecem uma relação entre peso e estatura importante para detectar o estado nutricional da criança, seja apontando as deficiências recentes de peso (desnutrição aguda), bem como sobrepeso e obesidade. As medidas de peso e estatura, além de serem utilizadas para esses fins, são fundamentais para analisar fatores de crescimento, desenvolvimento e maturação. Os parâmetros de crescimento físico incluem, além do peso e da estatura, as espessuras das dobras cutâneas, circunferências do braço e cefálica. Durante o crescimento da criança, é importante compreender que as diversas partes do corpo crescem em velocidades diferentes, até que se alcance a fase adulta, como exemplificado na figura a seguir. Observe na figura que aos dois meses de idade fetal, a cabeça é maior em relação ao corpo, quando comparada às demais fases, e essa proporção vai diminuindo e se adequando, com o crescimento nas demais fases, até a fase de adulto. Verifique que o tronco, aos 12 anos, representa uma proporção corpórea maior quando comparada à fase fetal. 2 meses fetal 6 meses fetal Recém‑nascido 2 anos 6 anos 12 anos 25 anos Figura 12 – Demonstração do crescimento das diversas partes do corpo da criança, em velocidades diferentes, de acordo com a idade Sabe‑se também que a velocidade de crescimento que ocorre nas diferentes fases etárias de desenvolvimento da criança acontece em um mesmo ritmo quando comparado entre as populações. Ou seja, o perfil do ritmo da velocidade nas diferentes fases etárias de desenvolvimento da criança tende a ser similar entre as populações no mundo, exceto em algumas tribos africanas e crianças orientais (HABICHT et al., 1974). 24 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Saiba mais A leitura do artigo científico a seguir pode propiciar uma inter‑relação com os conteúdos: PEDRAZA, D. F.; SALES, M. C.; MENEZES, T. N. Fatores associados ao crescimento linear de crianças socialmente vulneráveis do Estado da Paraíba, Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 935‑946, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/ v21n3/1413‑8123‑csc‑21‑03‑0935.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2018. É importante frisar que as técnicas de verificação da estatura e do peso da criança devem ser realizadas por profissionais qualificados, treinados e habilitados. Um registro com informações erradas, gerado pela realização inadequada da técnica indicada, poderá comprometer a avaliação de saúde atual e futura da criança. 1.4.1 Estatura Para avaliar o crescimento linear da criança, verificamos a estatura, medindo a criança no sentido longitudinal, podendo ser em centímetros ou em metros, de acordo com a medida obtida. A estatura é considerada como um dos melhores indicadores de saúde da criança, pois possibilita que o profissional da saúde identifique ou suspeite de falhas nos cuidados desejáveis à sua saúde, que de forma significativa influenciarão diretamente no seu crescimento. Essas falhas podem estar relacionadas à alimentação inadequada, ocorrência de doenças, cuidados gerais e de higiene insatisfatórios, condições de habitação e saneamento básico comprometidos, inacessibilidade aos serviços de saúde, refletindo assim as condições de vida da criança, no passado e no presente (BRASIL, 2002). Para verificar a estatura, o enfermeiro deverá levar em consideração a idade da criança. É aconselhável que a medição da estatura da criança até os dois anos (ou três, dependendo da indicação do gráfico que será usado para o registro), seja feita com a criança em decúbito dorsal e no sentido céfalo‑caudal, que chamamos de verificação do comprimento, conhecida também como comprimento em decúbito dorsal. Quando avaliamos a estatura da criança na posição vertical, chamamos de verificação da altura, que é similar à verificação da altura do adulto, salvo as orientações e cuidados com a segurança da criança durante a avaliação. Técnica de verificação do comprimento da criança (BRASIL, 2002; HOCKENBERRY; WILSON, 2014): • Material necessário: — Régua antropométrica. 25 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE — Gráfico de crescimento adequado à idade e gênero da criança (se a criança já recebeu atendimento anterior, usar sempre o mesmo gráfico, para gerar a curva de crescimento da criança) e caneta para os registros. — Mesa de avaliação com colchonete. • Inicie a técnica: — Lave as mãos. — Verifique se a temperatura do ambiente está propícia. — Posicione a criança em decúbito dorsal sobre a mesa de avaliação, seguindo as normas de segurança. — A criança deve estar descalça, despida, sem touca, protetores ou enfeites de cabeça. — Com o auxílio da mãe, deite a criança, mantendo seus ombros e cabeça apoiados na mesa ou superfície plana. — Coloque a régua perpendicular ao corpo da criança, encostando a cabeça na extremidade fixa da régua. — Em virtude da posição, normalmente flexionada (recém‑nascidos e lactentes), estique completamente o corpo, segurando a cabeça na linha média, centrada ao eixo do corpo, coloque a mão sobre os joelhos, mantendo‑os juntos e empurrando‑os suavemente em direção ao colchão, para baixo. Segure os tornozelos da criança, mantendo as pernas esticadas. — Deslize a peça móvel até encostar nos calcanhares, mantendo os joelhos bem estendidos. Solicite ajuda da mãe para manter a cabeça da criança na posição correta. — Proceda a leitura da medida. A medida correta exige a precisão até o milímetro, contudo, para evitar erros de medição, aconselha‑se aproximar, quando necessário, para o meio centímetro mais próximo (exemplo: 70,2 cm pode ser aproximado para 70,0 cm, 81,8 cm, para 82,0 cm). Registre imediatamente. — Retire a criança da mesa e oriente a mãe para vesti‑la. — Lave as mãos. — Registre no gráfico e avalie o resultado. — Informe e oriente a mãe sobre o resultado da avaliação. — Não se esqueça de higienizar a mesa e a régua após o atendimento. 26 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Figura 13 – Verificação do comprimento da criança Observação O ganho de estatura é um bom parâmetro para a avaliação do crescimento da criança por ser cumulativo, progressivo e não sofrer regressões (BRASIL,2002). 1.4.2 Peso O peso é um importante indicador de crescimento, pois sua variação com relação à idade da criança é muito mais rápida do que a da estatura e reflete, quase que imediatamente, o estado de saúde da criança, seja satisfatoriamente ou indicando algum problema de saúde, como nos processos agudos. O peso expressa a dimensão da massa ou volume corporal considerado somatório de células do corpo, tecidos de sustentação, órgãos, músculos e água. Portanto, diferente da estatura, em um prazo de poucos dias, podem ser observadas alterações importantes no peso, cuja medição é mais fácil e mais precisa que a estatura (BRASIL, 2002). O peso é facilmente verificado por meio de uma balança, adequada à idade da criança. A balança pode ser eletrônica ou manual, desde que tenha recursos adequados. Ou seja, deve propiciar uma mensuração do peso em escala e comportar o peso da criança: • Lactentes: escalas de 10 g em 10 g; peso até 16 Kg. • Acima da faixa etária/lactentes: escalas de 100 g. 27 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Para que os equipamentos de verificação antropométrica estejam sempre calibrados, é importante que o enfermeiro estabeleça rotinas de checagem e manutenção periódica que favoreçam essa meta. Antes do uso, o enfermeiro deve checar as condições de calibração dos equipamentos. Geralmente as balanças portáteis são recomendáveis, pois facilitam seu deslocamento. Figura 14 – Verificação do peso da criança Porém, se a abalança disponível for do tipo manual, antes de iniciar a pesagem, deve‑se verificar sua calibragem, ou seja, sem nenhum peso colocado sobre ela deverá registrar 0 Kg (nem uma grama a mais ou a menos). Caso não esteja assim, regule‑a antes do uso. Algumas balanças podem oferecer esse recurso e outras necessitarão de serviço técnico específico, dependendo do fabricante. Técnica de verificação do peso da criança menor de 2 anos: • Material necessário: — Balança pediátrica adequada à idade da criança, colocada em superfície plana, em altura que permita uma boa visualização da escala, destravada e tarada. — Gráfico de crescimento adequado à idade e gênero da criança (se a criança já recebeu atendimento anterior, usar sempre o mesmo gráfico para gerar a curva de crescimento da criança) e caneta para registros. 28 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I • Inicie a técnica: — Lave as mãos. — Verifique se a temperatura do ambiente está propícia. — A criança deve estar descalça, despida ou, no caso de frio, com roupas muito leves, sem touca, protetores ou enfeites de cabeça. Se usar fralda, ela deve ser retirada. — Com o auxílio da mãe ou acompanhante, colocar a criança no centro da balança pediátrica, deitada ou sentada (caso já esteja sentando sem apoio). Em ambas as situações, a criança nunca deverá ser deixada na balança sozinha e sem acompanhamento de um adulto. As normas de segurança da criança devem ser sempre respeitadas. — Se a balança for manual, movimente o cursor maior (quilogramas) sobre o suporte, aproximando‑a do número de quilos esperados para a idade. Movimentar o cursor menor (gramas), fazendo o ajuste até o ponteiro atingir o equilíbrio. Se a balança for digital, aparecerá o peso da criança na tela. — Espere a criança parar de se movimentar. — Leia o peso da criança. — Retire a criança da balança, entrega‑a para a mãe/pessoa de vínculo para propiciar conforto/ aquecimento. — Lave as mãos. — Registre imediatamente os dados no gráfico de acompanhamento antropométrico da criança. — Interprete a curva da evolução, comparando o peso atual com o peso anterior e com o peso esperado, relacionando‑o ao comprimento. Avalie a curva de crescimento. — Informe o peso da criança e a evolução do crescimento para a mãe ou acompanhante. — Não se esqueça de higienizar a mesa de exames e a balança após o atendimento. É importante salientar que acessórios que não possam ser retirados deverão ser registrados em uma observação ao lado do registro do peso (impresso), tais como tala gessada, tala para imobilização para acesso venoso, fixadores externos e internos etc. 29 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Figura 15 – Verificação do peso da criança na posição deitada Figura 16 – Verificação do peso da criança na posição sentada 30 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Lembrete As técnicas de verificação da estatura e do peso da criança devem ser rigorosamente realizadas por profissionais qualificados, treinados e habilitados para tal. Um registro com informações erradas, gerado pela realização inadequada da técnica indicada, poderá comprometer a avaliação de saúde atual e futura da criança. As medidas de peso e estatura (medidas antropométricas) estabelecem uma relação entre peso e estatura, importante para detectar o estado nutricional da criança, seja apontando as deficiências recentes de peso (desnutrição aguda) como também sobrepeso e obesidade. Além de serem utilizadas para esses fins, são fundamentais para analisar fatores de crescimento, desenvolvimento e maturação. Observação A mãe, ou a pessoa de vínculo da criança, deve ser orientada de modo que reconheça a importância de levar a criança à Unidade Básica de Saúde (UBS) para acompanhamento e monitoramento do peso e da estatura, possibilitando intervir, o mais precocemente possível, nos casos de desvio do crescimento saudável. 1.4.3 Circunferência do braço e espessura da prega cutânea As verificações do peso e da estatura não podem diferenciar tecido adiposo de músculo. Dessa forma, a verificação da circunferência do braço e espessura da prega cutânea permite avaliar a gordura corporal. A circunferência do braço indica uma medida indireta da massa muscular do braço. Já a verificação da espessura da prega cutânea está baseada na relação entre gordura subcutânea, gordura interna e densidade corporal. Além de não ser um método invasivo, tem um baixo custo operacional, aplicabilidade em grandes grupos, rapidez e facilidade na aquisição das medidas, sendo utilizado amplamente em estudos epidemiológicos (SICHIERI; FONSECA; LOPES, 1999). Os locais mais comuns para medir a espessura da prega cutânea é na região do tríceps (mais utilizada), subescapular, supra ilíaca e parte superior da coxa, utilizando‑se um marcador específico. Deve‑se verificar duas vezes a medida do mesmo local e depois fazer a média aritmética. O valor a ser considerado será o obtido pela média (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Em crianças, a técnica usada é a mesma que no adulto. 31 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Saiba mais Para conhecer mais sobre a importância da relação entre peso e altura no acompanhamento do estado nutricional da criança e do adolescente, leia o texto a seguir: CORADINE, A. V. P.; PIANOVSKI, M. A. D.; RABITO, E. I. Medidas antropométricas para o acompanhamento do estado nutricional de crianças e adolescentes com câncer, o que utilizar na prática clínica? Revista Brasileira de Cancerologia, v. 61, n. 3, p. 269‑276, 2015. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/rbc/n_61/v03/ pdf/10‑revisao‑medidas‑antropometricas‑para‑o‑acompanhamento‑do ‑estado‑nutricional‑de‑criancas‑e‑adolescentes‑com‑cancer‑o‑que‑ utilizar‑na‑pratica‑clinica.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2018. 1.4.4 Perímetro cefálico A medição do perímetro da cabeça é importante para avaliar o tamanho da cabeça e do cérebro. Sua importância na infância está relacionada ao volume intracraniano, permitindo uma avaliação do crescimento do cérebro. O acompanhamento do perímetro craniano deve serfeito, prioritariamente, nas crianças de 0 a 24 meses, período de maior crescimento pós‑natal da cabeça e cérebro (BRASIL, 2002). Mas é importante lembrar que, na suspeita de qualquer alteração no tamanho da cabeça, independentemente da idade, ele deve ser avaliado e monitorado. O perímetro cefálico (PC) é maior que o perímetro torácico (PT) até aproximadamente os dois anos de idade. Entre o primeiro e o segundo ano de idade o PC e O PT são iguais. Posteriormente, o PT ultrapassa o PC em torno de 5 a 7 cm. Durante os primeiros meses de vida, uma anormalidade cerebral pode ser investigada verificando‑se o PC e por meio das provas de desenvolvimento. A partir de 2016, o Ministério da Saúde estabeleceu novos parâmetros para medir o perímetro cefálico, com o intuito de identificar casos suspeitos de bebês com microcefalia. Para meninos, a medida é considerada igual ou inferior a 31,9 cm e, para meninas, igual ou inferior a 31,5 cm. A mudança está de acordo com a recomendação anunciada recentemente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), valendo para bebês nascidos com 37 ou mais semanas de gestação. 32 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Figura 17 – Verificação do perímetro cefálico A seguir, técnicas de verificação do Perímetro Cefálico (PC) da criança menor de 2 anos: • Material necessário: — Fita métrica (descartável ou plástica). — Gráfico de crescimento do Perímetro Cefálico, adequado à idade e ao gênero, e caneta. — Álcool 70% e bolas de algodão. — Mesa de exame. • Inicie a técnica: — Lave as mãos. — Verifique se a temperatura do ambiente está propícia. — A criança deve estar sem touca, protetores ou enfeites de cabeça. — Com o auxílio da mãe ou acompanhante, colocar a criança deitada na posição dorsal ou sentada (caso já esteja sentando sem apoio) no centro da maca. Em ambas as situações, a criança nunca deverá ser deixada na maca sozinha e sem acompanhamento de um adulto. As normas de segurança da criança devem ser sempre respeitadas. — Meça o perímetro cefálico colocando a fita métrica (marco zero) entre e logo acima das sobrancelhas, iniciando o contorno da fita pela cabeça da criança, passando acima do pavilhão auditivo, sobre a proeminência occipital e, assim, da mesma forma, chegando ao ponto de início. Esse é o maior diâmetro da circunferência da cabeça da criança. 33 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE — Leia o PC da criança. — Retire a criança da maca, entregue‑a para a mãe/pessoa de vínculo para propiciar conforto/aquecimento. — Lave as mãos. — Registre imediatamente no gráfico de acompanhamento antropométrico da criança. O PC deve ser registrado em centímetros (cm). — Interprete a curva da evolução, comparando com o PC anterior, se houver. — Avalie se a medida está de acordo com o esperado para a idade/gênero. — Informe o PC da criança e a evolução do crescimento para a mãe ou acompanhante. — Não se esqueça de higienizar a mesa de exames e a fita métrica. Se a fita for descartável, despreze‑a no lixo logo após o atendimento. Figura 18 – Verificação do perímetro cefálico 34 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Na figura a seguir, você verá modelos de gráfico de acompanhamento do crescimento cefálico em crianças 0 a 2 anos, de acordo com o gênero (menina e menino, respectivamente): 0 0 2 2 4 4 6 6 8 8 10 10 1 ano 1 ano 2 anos 2 anos 2 2 4 4 6 6 8 8 10 10 P90 50 48 P10 46 44 42 40 38 36 34 3232 P10 34 36 P90 38 40 42 44 46 48 50 Pe rím et ro c ef ál ic o CM Pe rím et ro c ef ál ic o CM 0 0 2 2 4 4 6 6 8 8 10 10 1 ano 1 ano 2 anos 2 anos 2 2 4 4 6 6 8 8 10 10 P90 50 48 P10 46 44 42 40 38 36 34 3232 P10 34 36 P90 38 40 42 44 46 48 50 Pe rím et ro c ef ál ic o CM Pe rím et ro c ef ál ic o CM Figura 19 – Demonstração de gráficos de monitoramento e avaliação do perímetro cefálico da criança até os 36 meses de idade para meninas (rosa) e meninos (azul) 35 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 1.4.5 Determinantes biológicos de crescimento Como sabemos se uma criança está crescendo de acordo com o esperado? Durante o exame físico, o que o enfermeiro deverá usar como base para avaliar se o crescimento da criança avaliada está de acordo com o esperado para a idade? Essas perguntas são muito importantes, pois de nada adiantaria conhecer as técnicas de como pesar e como medir a criança se o enfermeiro não souber interpretar os dados antropométricos. A característica mais proeminente da infância e da adolescência é o crescimento físico. E no decorrer de todo o período de crescimento da criança, vários tecidos corporais passam por determinadas mudanças no crescimento, composição e estrutura (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). A figura a seguir ilustra crianças de diferentes tamanhos e, portanto, de diferentes idades. Figura 20 – Crianças de diferentes tamanhos e idades O crescimento do corpo, a exemplo do crescimento dos tecidos – nervoso, linfoides, genital e ósseos –, possui características diferentes relacionadas ao período da vida em que ocorrem, e também sobre a velocidade desses crescimentos, conforme demonstrados na figura a seguir. Esses padrões esperados de crescimento devem ser considerados no decorrer da avaliação do crescimento da criança/adolescente. 36 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Genital Geral Nervoso Linfoide Percentual Idade Figura 21 – Padrões esperados de crescimento de tecidos do corpo, de acordo com a idade da criança Dessa forma, conclui‑se que a idade cronológica da criança é um indicador importante para observarmos o seu crescimento e identificar se está adequado à idade biológica. Vamos compreender a diferença entre a idade cronológica e a idade biológica, para contextualizarmos a frase anterior: • Idade cronológica: é a idade que se refere ao período de tempo contado a partir do nascimento, podendo ser em meses ou anos. Exemplo: uma criança tem 1 ano e 3 meses de idade. Essa é a idade cronológica da criança. • Idade biológica: de acordo com as modificações biológicas que ocorrem ao longo do tempo, pode‑se classificar a idade biológica. Avaliando uma criança, por exemplo, pode‑se verificar a idade biológica esperada à idade cronológica. Por exemplo, por volta dos 10 anos de idade, é esperado que, em meninas, inicie‑se o aparecimento das características sexuais secundárias, como o crescimento de pelos pubianos e das mamas. Essas características identificam a idade biológica. É desejável que a idade biológica da criança acompanhe a idade cronológica, mas essa adequação nem sempre poderá ocorrer. Como exemplo, podemos citar as crianças com Síndrome de Down, que possuem velocidade de crescimento mais lenta, entre os 3 e os 6 meses de idade, demonstrando que essas crianças possuem a idade biológica atrasada quando comparada à idade cronológica. 37 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Figura 22 – Criança com Síndrome de Down Observação Um indicador importante e confiável para avaliar se o crescimento biológico da criança está de acordo com o crescimento cronológico é a verificação da estatura e do peso e sua comparação aos indicadores de crescimento por idade/gênero. Dessa forma, o processo evolutivo de crescimento da criança poderá ser avaliado com segurança. A medição mais precisa do desenvolvimento geral é a idade esqueléticaou óssea. A idade óssea pode ser determinada por meio de exames radiológicos da articulação, nos quais se compara a imagem radiológica com um indicador de imagens correspondentes à maturação óssea (HOCKENBERRY; WILSON, 2014, p. 67). Geralmente é realizada a análise do raio‑X da mão da criança, avaliando‑se o aparecimento de núcleos de ossificação do rádio/ulna, metacarpos/falanges e carpo. Ao que parece, a idade esquelética tem melhor correlação com outras medidas da maturidade fisiológica, a idade cronológica ou a altura (HOCKENBERRY; WILSON, 2014, p. 67). Observação Um exemplo de medida da maturidade fisiológica seria o início da menarca, que não é visto como um bom marcador de idade biológica. 38 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I A maturação óssea pode ser influenciada por fatores genéticos, ambientais e endócrinos. A idade óssea é determinada comparando a mineralização dos centros de ossificação aos padrões relacionados à idade, obtidos por meio de padrões cronológicos de crianças normais. Essa avaliação é feita pelo médico e pelo odontólogo quando houver suspeita de atraso do crescimento, ou mesmo ao contrário, quando a criança estiver crescendo além do padrão esperado para a idade. Saiba mais A estudante de medicina Patrícia Schwenck de Carvalho, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), desenvolveu um aplicativo que auxilia médicos na avaliação da idade óssea e na verificação de distúrbios de crescimento de crianças e adolescentes. Vale a pena conhecer mais sobre esse aplicativo, que está disponível para download. Para esclarecer as dúvidas dos usuários, a acadêmica disponibilizou informações sobre o aplicativo e suas funcionalidades em um website minimalista, totalmente responsivo, que pode ser acessado de qualquer plataforma digital: <http://www.mesmeracomunicacao.com.br/produtos/idadeossea/>. 1.4.6 Gráficos de avaliação antropométrica (peso/estatura) na criança Como já discutido anteriormente, a partir dos índices antropométricos são construídos indicadores, definindo níveis de corte que permitam situar a criança dentro de uma faixa aceita como normal, de acordo com a referência de crescimento utilizada. Avaliar o crescimento da criança implica: 1) coletar medidas antropométricas com metodologia padronizada; 2) relacionar essas medidas com sexo, idade ou outra variável da criança (índices), comparando‑as com os valores de referência; 3) verificar se os valores encontrados estão dentro dos limites (pontos de corte) estabelecidos como normais (BRASIL, 2002). A antropometria não deve ser entendida como uma simples ação de pesar e medir, mas, sobretudo, como uma atitude de vigilância. 39 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Figura 23 – Evolução do crescimento Agora que você já aprendeu como deve ser realizada a verificação dos dados antropométricos da criança, você irá conhecer como avaliar esses resultados. Os gráficos de crescimento, por exemplo, são instrumentos importantes de avaliação e acompanhamento do crescimento da criança. Como já descrito anteriormente, as verificações e o acompanhamento da evolução das curvas de crescimento e de peso da criança são indicadores importantes da qualidade de saúde da criança e podem, inclusive, ser usados como integrantes da avaliação do estado nutricional delas. No entanto, nunca devem ser usados como únicos indicadores. É importante conhecer os fatores de risco aos quais a criança está exposta, como o peso baixo ao nascer (identificar problemas no pré‑natal, como fumo, etilismo, drogadição, a hipertensão arterial, as doenças infecciosas crônicas, as doenças sexualmente transmissíveis, o estado nutricional da gestante, o curto intervalo interpartal, entre outros), as condições ambientais socioeconômicas e emocionais às quais a criança está exposta e a presença de doenças na história pregressa e atual (infecciosas, genéticas e agudas). A figura a seguir ilustra crianças de diferentes idades e gêneros. Cada uma poderá ter apresentado, em sua história de crescimento, fatores de risco que possam interferir, que estejam interferindo ou que, por ventura, venham a interferir no potencial de crescimento e desenvolvimento, visto que o crescimento da criança é contínuo e findará apenas ao final da adolescência. Figura 24 – Crianças de diferentes idades e gêneros 40 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I A história do crescimento da criança pode ser representada por meio de dois tipos de curvas: a curva de distância ou de crescimento longitudinal e a curva de velocidade de crescimento (BRASIL, 2002). Nessa abordagem serão apresentadas a curva de crescimento longitudinal e a curva de ganho de peso. A curva de referência de uma população é aquela cujas medidas antropométricas foram aferidas em indivíduos sadios, vivendo em condições socioeconômicas, culturais e ambientais satisfatórias, tornando‑se uma referência para comparações com outros grupos. Com a distribuição gráfica das medidas de peso e estatura de indivíduos sadios, são construídas curvas de crescimento de referência (BRASIL, 2011b). Portanto, as curvas de referência recomendadas em 2006 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram criadas a partir de estudos multicêntricos, com a participação de crianças sadias de várias partes do mundo, inclusive do Brasil. Para que a amostra fosse capaz de representar diferentes grupos étnicos, foram escolhidas seis cidades, de continentes diferentes: Pelotas (Brasil), Davis (Estados Unidos), Muscat (Omã), Oslo (Noruega), Acra (Gana) e Nova Deli (Índia). Esse estudo teve início em 1997 e terminou em 2003, com a avaliação de 8.500 crianças sadias com idades entre zero e cinco anos. Os parâmetros padronizados possibilitam a avaliação de crianças de qualquer país, independentemente de etnia, condição socioeconômica e tipo de alimentação (OMS, 2006). Essa referência foi adotada pelo Ministério da Saúde para avaliação e acompanhamento do crescimento e do estado nutricional das crianças no Brasil. Inclusive, na Caderneta de Saúde da Criança, as curvas de referência adotadas foram essas. Existem várias curvas de referência, de acordo com os índices desejados para avaliação. A OMS recomendou curvas de índice, tais como (BRASIL, 2018): • Faixa etária, gênero e peso. • Faixa etária, gênero e altura. • Faixa etária, gênero e Índice de Massa Corporal (IMC), entre outros. Cada curva de referência possui cortes, denominados de percentis ou scores. Veja a seguir alguns exemplos de gráficos com curvas de referência da OMS. Exemplo A: esse gráfico demonstra a curva de referência da OMS que deve ser usada para meninas, desde o nascimento até os 5 anos de idade. Trata‑se do índice comprimento/estatura por idade. Existe também um gráfico para avaliar as mesmas variáveis, só que exclusivo para meninos, como será demonstrado posteriormente. 41 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Figura 25 – Demonstração de gráfico para avaliação da estatura da criança (meninas) de acordo com a idade, com referenciais de curva de crescimento Exemplo B: esse gráfico demonstra a curva de referência da OMS que deve ser usada para meninos, desde o nascimento até os 5 anos de idade. Trata‑se do índice comprimento/estatura por idade. Figura 26 – Demonstração de gráfico para avaliação da estatura da criança (meninos) de acordo com a idade, com referenciais de curva de crescimento 42 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Observe que os gráficos dos Exemplos A e B: • Apresentam, no eixo X, as variáveis da idade (em meses) e, no eixo Y, as variáveis da estatura(comprimento). Existem outros padrões de gráficos estabelecidos pela OMS que utilizam outras variáveis, como a faixa etária, o gênero e o peso, por exemplo, e, portanto, é outro tipo de gráfico de referência. • Apresentam curvas coloridas e ascendentes e cada uma representa um percentil (poderia ser representado como score Z). Encontramos à direita dos gráficos os percentis (P) informados: iniciando pela linha inferior (P3) e finalizando no P97. Dessa forma, uma criança saudável, exposta a condições adequadas de saúde e levando em conta sua herança genética, deverá estar com seus registros dentro desses percentis. Nessas condições, geralmente, mantêm‑se com um perfil de crescimento próximo ao percentil de nascimento, acompanhando a evolução da curva. Cada mensuração deve ser registrada no gráfico. Assim, a história de crescimento da criança vai ficando documentada no gráfico. Exemplo C: supondo que o gráfico a seguir seja de um menino com 10 meses de idade, observamos que os registros de comprimento do nascimento não estão presentes e que o primeiro registro da criança é aos 5 meses de idade. Mesmo assim, pode‑se avaliar que o percentil do comprimento da criança aos 10 meses é o percentil 50 e que vem se mantendo próximo a esse perfil desde o primeiro registro. Figura 27 – Demonstração de gráfico para avaliação da estatura da criança (meninos) de acordo com a idade, com referenciais de curva de crescimento e exemplo de registros de crescimento 43 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Saiba mais Amplie seus conhecimentos sobre a aplicação das curvas de crescimento na avaliação de determinada população de crianças, realizando a leitura do artigo: COSSIO‑BOLAÑOS et al. O uso das curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde em crianças e adolescentes que vivem em regiões de altitude moderada. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 30, n. 3, p. 314‑320, set. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpp/v30n3/03.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2018. É importante salientar que uma criança pode deixar de crescer, se privada de nutrientes ou se houver alguma doença de base que culmine na desaceleração do crescimento, porém nunca perderá altura. Nesse sentido, pode‑se observar uma queda no percentil da estatura, porém não haverá declínio da estatura. Quando ocorrem doenças infecciosas e/ou problema social, há uma desaceleração no ritmo de crescimento normal. Entretanto, corrigida a causa e se as condições ambientais forem adequadas, observa‑se um aumento da velocidade de crescimento superior ao esperado para a idade, como um crescimento compensatório. Esse fenômeno é observado na reabilitação de crianças com desnutrição grave, principalmente nas menores de 2 anos. Durante os dois primeiros anos de vida, o déficit de crescimento ocasionado pela desnutrição é reversível (BRASIL, 2002). Após essa idade, nota‑se que o fenômeno do crescimento compensatório, apesar de ativado, é bem menos intenso. Essa grande vulnerabilidade biológica faz com que seja extremamente importante o acompanhamento sistemático do crescimento da criança nessa fase da vida. Atividades de recuperação nutricional devem priorizar crianças menores de 24 meses, para permitir uma total recuperação e prevenção de problemas futuros (BRASIL, 2018). Uma variável mais instável é o peso. A criança perde peso facilmente quando exposta a alguma condição desfavorável, seja de adaptações ao ambiente, motivações psicológicas, doenças agudas, entre tantas outras. Da mesma forma, a criança poderá ganhar peso se exposta a uma condição de oferta inadequada de alimentos, situação potencializada com o sedentarismo, levando ao estado nutricional de sobrepeso e obesidade. O recém‑nascido, nos primeiros dias, perde cerca de 10% de seu peso de nascimento, devendo, dentro de 10 a 15 dias, ter recuperado essa perda, voltando ao peso inicial. Portanto, o gráfico de peso da criança pode apresentar curvas descendentes e ascendentes, assim como pode existir a flutuação dos percentis. Essas variações devem ser percebidas de imediato e corrigidas durante a avaliação do enfermeiro. 44 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Exemplo D: o gráfico a seguir demonstra a curva de referência da OMS que deve ser usada para meninas desde o nascimento até os 5 anos de idade. Trata‑se do índice peso/por idade. Figura 28 – Demonstração de gráfico para avaliação do peso da criança (meninas) de acordo com a idade, com referenciais de curva de crescimento Exemplo E: o gráfico a seguir demonstra a curva de referência da OMS que deve ser usada para meninos desde o nascimento até os 5 anos de idade. Trata‑se do índice peso/por idade. Figura 29 – Demonstração de gráfico para avaliação do peso da criança (meninos) de acordo com a idade, com referenciais de curva de crescimento 45 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Exemplo F: o gráfico a seguir demonstra o perfil de peso de uma menina com 11 meses de idade, que não possui registros do peso de nascimento e cujo primeiro registro ocorreu aos 3 meses de idade: Figura 30 – Demonstração de gráfico para avaliação do peso da criança (meninas) de acordo com a idade, com referenciais de curva de crescimento e exemplo de curva de peso Alguns dados importantes demonstrados no histórico de crescimento da criança, de acordo com o gráfico do exemplo F: • 3 meses de idade: peso – 4.600 g; P15. • 6 meses de idade, peso – 6.000 g; P15. • 8 meses de idade, peso – 9.000 g; P85 • 27 meses de idade (2 anos e 3 meses): peso – 9.000 g; entre o P15 e P50 Veja, se os dados do peso em relação à idade demonstrados não estivessem expostos no gráfico do exemplo F, não seria possível identificar os percentis, e a avaliação da criança estaria comprometida. Como a curva de ganho de peso da criança poderia ser interpretada pelo enfermeiro? Houve um ganho de peso entre os 4 e 10 meses de idade, e, provavelmente, devido a alguma ação proposta, a curva de ganho de peso está regredindo. É importante compreender que o inverso também pode acontecer, ou seja, quando, por algum motivo específico, a criança perde peso, consequentemente, isso refletirá no declínio da curva e dos percentis. 46 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : J ef fe rs on - 1 3/ 07 /1 8 Unidade I Lembrete Para que essas análises sejam efetivas, é fundamental que a mãe/pessoa de vínculo, responsável pela criança, seja orientada pelo enfermeiro para cumprir o calendário das consultas de puericultura, na Unidade Básica de Saúde, evitando as faltas. Não é possível recuperar uma informação antropométrica retroativa, pois o marco de seu crescimento não consegue se reproduzir em decorrência de que o tempo evolui e, com ele, o crescimento da criança. Observação É importante orientar o responsável pela criança que, quando ele falta à consulta de puericultura agendada, não levando a criança, jamais será possível retroceder no tempo para saber qual eram os dados antropométricos na época em que ela deveria ter sido avaliada, ocasionando, entre tantos problemas de acompanhamento do crescimento, uma falha significativa nos registros do histórico de crescimento da criança Os indicadores antropométricos, incluindo o índice peso/idade, são utilizados como indicadores diretos para avaliar o estado nutricional da criança. Os pontos de corte da Vigilância Nutricional no Brasil, determinados pelo Ministério da Saúde, são baseados em recomendações adotadas internacionalmente (BRASIL, 2011a). A Organização Mundial da Saúde apresenta referências de peso para estatura apenas para menores de 5 anos pelo padrão de crescimento de 2006 (OMS, 2006). A partir dessa idade, deve ser utilizado o Índice de Massa
Compartilhar