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Peça queixa crime

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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO
MARIA DO ROSÁRIO NUNES, brasileira, solteira, Deputada Federal, titular do RG nº 12.345.678-9 SSP-RS, e do CPF/MF nº 987.765.543-21, com endereço profissional sediado no Gabinete 312, Anexo IV – Câmara dos Deputados – Praça dos Três Poderes – Brasília – Distrito Federal, CEP 70.160-900 vem, por intermédio da sua advogada constituída com procuração anexa com poderes especiais, conforme art. 44 CPP, vem com fundamento nos artigos 145,100, § 2º, 139, 140, caput, 141 incisos I e II e, 145 do Código Penal, ajuizar:
QUEIXA CRIME
Em face de DANILO GENTILI JÚNIOR, brasileiro, solteiro, publicitário, natural de Santo André/SP, titular do RG nº 111.222.333-3 SSP/SP e do CPF/MF nº 333.444.555-66, nascido aos 27/09/1979, filho de Danilo Gentili e Guiomar Pereira do Nascimento, com endereço profissional na Avenida das Comunicações, nº 04, Bairro Industrial Anhanguera, São Paulo, Capital, CEP 06276-190, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I – DOS FATOS 
SINTESE FÁTICA
Na data 20 de setembro de 2019, o réu Danilo publicou mensagens no seu Twitter com os seguintes conteúdos: “Quando alguém cuspir em você, devolva com um soco que Maria do Rosário aprova. Cuspir nela quando ela o chamar de estuprador também. Aí ela chama o cara de estuprador, toma um empurrão e dá chilique. Falsa e cínica para caraleo [sic]”. “Já já Maria do Rosário fala no rádio que se ela cuspir na cara de uma mulher nordestina é sinal de respeito. Nojenta para caraleo [sic]”. 
Com isso o réu recebeu uma notificação extrajudicial. Ao receber, o apresentador grava um vídeo no qual abre a notificação extrajudicial em questão, e ao identificar quem mandou, e a profissão de Maria do Rosário, ele esconde com os dedos o início e o fim da palavra deputada, deixado visível apenas "puta". 
Ato contínuo, o querelado rasga a notificação e coloca os papéis dentro das suas calças. Na seqüência, retira os pedaços, coloca no mesmo envelope e reenvia a mesma correspondência para a parlamentar com a frase: “sinta aquele cheirinho do meu saco e abra a bunda e enfie bem no meio dela tudo isso que estou mandando pra você”. Este vídeo feito pelo réu fora feito no dia 27 de setembro de 2019, tendo a Deputada visto o conhecimento do seu conteúdo.
Diante do exposto, evidente é a difamação sofrida pela querelante diante dos atos desrespeitosos e ilegais das publicações feitas pelo querelado, devendo este ser responsabilizado criminalmente por seus atos publicamente praticados, conforme será demonstrado e fundamentado abaixo.
II. DO DIREITO 
II.I. DA COMPETÊNCIA
	Conforme o artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, cabe aos juízes federais processar e julgar os crimes políticos, bem como infrações penais, que ocorreram em detrimento de bens, serviços ou interesse da União e ou suas entidades autárquicas. 
	Em decorrência de tal entendimento, foi editada a Súmula 147 do Superior Tribunal de Justiça, a qual declara:
“Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”.
Partindo-se deste entendimento, a querelante é funcionária pública federal, devido ao seu cargo de deputada, e, decorrente e atrelado a este, ela sofreu difamações e calúnias praticadas pelo querelado.
Em complemento, o artigo 70 do Código de Processo Civil, determina que a competência territorial, em regra, será onde, ou seja, o lugar, em que se consumou a infração. No presente caso é São Paulo/SP. 
Deste modo, o juízo competente que irá processar e julgar o presente caso será a Vara Criminal Federal da capital paulista.
II.II. DA TEMPESTIVIDADE
	A queixa-crime é tempestiva, devido ao fato de que não transcorreram os seis meses que prescrevem o crime, respeitando os requisitos do artigo 38 do Código de Processo Penal e o 103 do Código Penal, uma vez que os fatos criminosos ocorreram na data de 20 e 27 de setembro de 2019.
II.III. DA PRÁTICA DE DIFAMAÇÃO
	A difamação, delito estabelecido no artigo 139 do Código Penal, é entendida por ser a conduta proibida em imputar fato ofensivo a reputação de alguém.
	A difamação, conforme Guilherme Nucci[footnoteRef:1], envolve a honra objetiva de alguém (objeto jurídico), sendo o objeto material a reputação da pessoa. A difamação é o ato de imputar algo não desejado que afete a honra de alguém, sendo tais fatos verdadeiros ou falsos. [1: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020. Pág. 939.] 
	No presente caso, a conduta do querelado foi consumada quando, por ação intencional, fato determinado e ofensivo à reputação da querelante, estando o primeiro ciente de seus atos e escolhas, dirigiu ofensas e ação repudiosa para terceiros, de maneira ampla, direcionando seus atos para além da querelante.
	O querelado se utilizou de suas redes sociais, como o Twitter, com amplo público, para praticar os atos criminosos contra a querelante. O ato foi, de fato, consumado, via o tweet do querelado:
“Já já Maria do Rosário fala no rádio que se ela cuspir na cara de uma mulher nordestina é sinal de respeito”
	O elemento subjetivo do tipo específico da difamação, conforme Nucci[footnoteRef:2], é a vontade específica de macular a imagem de alguém, ou seja, o animus diffamandi deve estar presente. [2: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020. Pág. 939.] 
	Por todos os pontos levantados anteriormente, é por óbvio que as atitudes do querelado evidenciam o elemento subjetivo, pois, existia a vontade específica de atingir a imagem, honra e reputação da querelante.
	Deste modo, o crime de difamação fica evidenciado, conforme previsto no artigo 139 do CP.
II.IV. DA PRÁTICA DE INJÚRIA
	O Código Penal, em seu artigo 140, caput, define o crime de injúria por ser o ato de ofender a dignidade ou decoro de alguém. Assim, consiste em tal crime a atribuição genérica de qualidades negativas ou de fatos vagos e indeterminados a alguém, prescindindo-se de falsidade. [footnoteRef:3] [3: JUNIOR, MIGUEL REALE. Código penal comentado. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017. P. 417.] 
	Entendendo que qualquer pessoa física pode sofrer tal crime, e que o objeto jurídico em questão é a honra subjetiva da pessoa, considerando sua autoestima no objeto material, fica claro que a querelante foi injuriada pelo querelado, no ato do último atacar, publicamente, a imagem pública da querelante, por palavras odiosas e sexistas.
Deste modo, quando o querelado imputou fato ofensivo à reputação da querelante, este cometeu o tipo penal de injúria, ao chamar a vítima de “puta”, e desmerecer a notificação extrajudicial, ao colocá-la dentro de sua calça, esfregá-la em suas partes íntimas, expor ao público o vídeo de tal ato, atingindo a honra, autoestima, e imagem da querelante.
Ainda, o animus injuriandi, ou seja, a vontade específica de ferir a autoimagem de alguém (elemento subjetivo do tipo específico)[footnoteRef:4], foi nitidamente realizado, ao ponto de que o querelado se utilizou de meios audiovisual para dirimir a imagem da querelante, deputada, ocupante de cargo público, no ato concreto de se utilizar das suas partes íntimas, palavras e atos grosseiros, para que ela se sentisse inferior e sua imagem e posição de poder fossem consideradas inferiores ou desmerecidas. [4: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2020. Pág. 942.] 
A ata material comprova o delito, bem como sua autoria, a qual ocorreu na data de 27 de setembro de 2019, demonstrando o querelado como sujeito que pratica delitos penais.
Resta-se, deste modo, demonstrado o fato criminoso que constata a injúria prevista no artigo 140, caput, do Código Penal.
II.V. DO AUMENTO DE PENA
	As causas de aumento de pena podem ocorrer nos delitos contra a honra, tais quais a difamação e injúria, sendo estes presentes no atual caso. [footnoteRef:5] [5: NUCCI, Guilherme de Souza. Manuel de Direito Penal. 16ª ed.– Rio de Janeiro: Forense, 2020. Pág. 947.] 
	O artigo 141, incisos II e III, do Código Penal representam a causa de aumento de pena na situação de: contra funcionário público em razão de sua função e, na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação dos crimes contra a honra.
	Em sequência a tal raciocínio, a querelante ocupa cargo de função pública, deputada, o qual foi motivo do crime de difamação e injúria, visto que, devido a ele, a querelante foi chamada de “puta”, e, por conta disto, foi difamada e redes sociais. 
	O meio, redes sociais, pela qual o querelado difamou e injuriou a querelante, representa o enquadrado no inciso III do artigo supracitado, visto que o querelado possui grande número de seguidores, bem como é uma pessoa pública, de tal modo que seus atos, falas e crimes são amplamente difundidos pela sociedade brasileira.
	Por conta do exposto, de forma fundamentada, o querelado deve ter sua pena aumentada em 1/3 (um terço), posto que praticou o ato criminoso em conjunto com o artigo 141, incisos II e III do Código Penal.
II.VI. DO CONCURSO MATERIAL
	Em consideração ao anteriormente exposto, ressaltando o cometimento de duas condutas penalmente repudiadas, previstas nos artigos 139 e 140, caput, do Código penal, as penas deverão ocorrer de forma cumulada, conforme o artigo 69 do Código Penal.
III. DOS PEDIDOS
Diante de todo exposto, requer-se à apreciação desta queixa-crime, pelo r. juízo no sentido de:
A) O recebimento, o processamento e a autuação da presente queixa-crime.
B) A citação do querelado, para que este tome conhecimento desta queixa-crime e se torne parte do processo;
C) A condenação do querelado, ora infrator, pela prática dos crimes de injúria e difamação, em concurso material de crimes, com causa de aumento de pena de 1/3, de acordo com o artigo 141, II e III do Código Penal;
D) Ao querelado condenado o pagamento de custas e honorários advocatícios;
E) A condenação à indenização do querelado acusado, conforme o artigo 387, IV, do Código de Processo Penal;
F) A juntada de procuração outorgando poderes especiais ao advogado que ora subscreve, nos termos do artigo 44 do Código de Processo Penal;
G) A produção de todos os meios de provas admitidos em Direito, em especial a oitiva do rol de testemunhas abaixo arroladas.
Termos em que, pede deferimento.
São Paulo, 19 de março de 2020.
Advogadas... OAB...
ROL DE TESTEMUNHAS
1.
2.
3.
...
 PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS
OUTORGANTE: MARIA DO ROSÁRIO NUNES, brasileira, solteira, Deputa Federal, inscrita sob o nº de registro geral 12.345.678-9 e inscrita no CPF de nº 987.765.543-21, com endereço profissional sediado no gabinete 312, anexo IV, Câmara dos Deputados, Praça dos Três Poderes – Brasília, Distrito Federal.
OUTORGADO: __________, advogada inscrita na OAB/__ sob nº ____, com escritório profissional na Rua ________, cidade_____, estado______.
PODERES ESPECÍFICOS: conforme o artigo 44 do Código de Processo Penal, apresentar queixa-crime pela prática dos crimes de injúria e difamação (crimes contra a honra), tipificados nos artigos 139, 140, caput e 141, II e III, do Código Penal, cometidos por DANILO GENTILI JUNIOR, nas datas de 20 e 27 de setembro de 2019, em São Paulo/SP. Os crimes foram realizados via rede social (Twitter), no qual foi postado um vídeo de conteúdo descrito a seguir: 
Querelado rasga a notificação extrajudicial recebida, coloca o papel dilacerado dentro da calça e, em seguida, pronunciou as seguintes frases:
“Quando alguém cuspir em você, devolva com um soco que Maria do Rosário aprova. Cuspir nela quando ela o chamar de estuprador também. Aí ela chama o cara de estuprador, toma um empurrão e dá chilique. Falsa e cínica para caraleo [sic]”. “Já já Maria do Rosário fala no rádio que se ela cuspir na cara de uma mulher nordestina é sinal de respeito. Nojenta para caraleo [sic]”. “sinta aquele cheirinho do meu saco e abra a bunda e enfie bem no meio dela tudo isso que estou mandando pra você”.
	Pelo exposto, outorga também os poderes para a prática de todos os atos necessários ao desempenho do processo.
_________________, 19 de março de 2020.

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