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Sociologia Industrial e do Trabalho

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MÓDULO DE: 
 
SOCIOLOGIA INDUSTRIAL E DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
 
Dr. DANIEL PERTICARRARI 
Dra. FERNANDA FLÁVIA COCKELL 
 
 
 
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Módulo de: Sociologia Industrial E Do Trabalho 
Autoria: Dr. Daniel Perticarrari 
 Dra. Fernanda Flávia Cockell 
 
Primeira edição: 2009 
 
 
CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS 
 
Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes 
e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando 
tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. 
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente a aplicação didática, beneficiando e 
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização 
e direitos autorais. 
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas 
de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos desta edição reservados à 
ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA 
http://www.esab.edu.br 
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES 
CEP: 29102-040 
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Apresentação 
Neste módulo você irá estudar os principais conceitos e ideias relacionadas à sociologia 
industrial e do trabalho. Você entrará em contato com as principais mudanças estruturais que 
ocorreram, não apenas, nas organizações de trabalho, como também na sociedade como um 
todo. 
Para um bom entendimento das questões relativas ao trabalho é extremamente desejoso 
que o aluno já tenha cursado os módulos “Teoria das Organizações” e “Organização do 
Trabalho”, oferecidos por essa instituição e que fazem parte do curso de pós-graduação 
“Ambiente Organizacional, Saúde e Ergonomia”. Dessa maneira, as questões impactantes 
sobre a sociedade, que serão trabalhadas nos estudos de casos e artigos expostos neste 
módulo, terão um melhor embasamento conceitual. 
As unidades baseiam-se em textos básicos e complementares e apresentação de estudos de 
caso específicos na utilização do desenvolvimento do módulo. Dessa forma, o módulo pauta-
se em artigos especializados sobre o tema, de autores de reconhecida importância 
acadêmica e científica. Tal procedimento justifica-se pela necessidade de entender as 
transformações no mundo do trabalho em termos macrossociais e não apenas em empresas 
específicas, o que engendra significativos desdobramentos para os trabalhadores, em que 
pese sua saúde. 
Se dedique à leitura dos textos, buscando aprofundar seus conhecimentos sobre cada 
assunto. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
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Objetivo 
Embasar teoricamente os profissionais de diversas áreas, na compreensão das principais 
transformações do mundo do trabalho e da sociedade, de forma a oferecer elementos 
conceituais para que se possam entender os possíveis impactos para os trabalhadores. 
 
Ementa 
Entendendo a Sociologia; 
O Mundo do Trabalho como Categoria de Análise; 
Principais Transformações no Mundo do Trabalho; 
Do Taylorismo/Fordismo à Especialização Flexível; 
Gênero e Cultura na Sociologia do Trabalho; 
O Cooperativismo como Forma de Associação do Trabalho; 
A Informalidade no Trabalho; 
A Precarização do Trabalho; 
Informalidade, Redes Sociais e Saúde. 
 
 
 
 
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Sobre o Autor 
Dr. Daniel Perticarrari 
Pós-Doutorado pela UNICAMP – Faculdade de Educação; 
Doutor em Sociologia Industrial e do Trabalho pela Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar) – SP, 2007; 
Mestre em Política Científica e Tecnológica pela UNICAMP, 2003; 
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos, 1999; 
Desenvolveu e desenvolve projetos de pesquisa científica junto à UFSCar, UNICAMP, e 
CARDIFF UNIVERSITY – Inglaterra. 
 
Dra. Fernanda Flávia Cockell 
Doutora em Engenharia de Produção (Saúde e Trabalho) pela Universidade Federal de São 
Carlos (UFSCar) – SP, 2008; 
Mestre em Engenharia de Produção (Ergonomia) pela Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar) – SP, 2004; 
Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, 2001. 
Desenvolveu pesquisas na área de ergonomia junto à UFMG, FUNEP e UFSCar. 
Atualmente, participa de projeto de pesquisas na UFSCar e UNICAMP, nas áreas de 
Sociologia do Trabalho e Saúde do Trabalhador. Tem experiência em treinamentos, comitês 
de ergonomia e projetos de intervenção ergonômica nas empresas: UNILEVER, Telemig 
Celular, Multibrás (Brastemp), SOICOM, CRB, Johnson & Johnson, PMMG, Companhia 
Mineira de Metais, entre outras. 
 
 
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SUMÁRIO 
UNIDADE 1 ........................................................................................................... 9 
Entendendo a Sociologia ................................................................................... 9 
UNIDADE 2 ......................................................................................................... 14 
A Sociologia Industrial e do Trabalho .............................................................. 14 
UNIDADE 3 ......................................................................................................... 18 
A Sociologia Industrial e do Trabalho .............................................................. 18 
UNIDADE 4 ......................................................................................................... 22 
A Sociologia Industrial e do Trabalho .............................................................. 22 
UNIDADE 5 ......................................................................................................... 26 
A Sociologia Industrial e do Trabalho .............................................................. 26 
UNIDADE 6 ......................................................................................................... 35 
Do Fordismo à Especialização Flexível ........................................................... 35 
UNIDADE 7 ......................................................................................................... 39 
A Especialização Flexível e a Sociedade Atual ............................................... 39 
UNIDADE 8 ......................................................................................................... 43 
O Fordismo Informal ........................................................................................ 43 
UNIDADE 9 ......................................................................................................... 48 
Novas Configurações do Trabalho: A Inserção da Mulher e a Mão-de-Obra 
Precária ............................................................................................................ 48 
UNIDADE 10 ....................................................................................................... 55 
Novas Configurações do Trabalho: A Inserção da Mulher e a Mão-de-Obra 
Precária ............................................................................................................ 55 
UNIDADE 11 ....................................................................................................... 61 
Novas Configurações do Trabalho: A Inserção da Mulher e a Mão-de-Obra 
Precária ............................................................................................................ 61 
 
 
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UNIDADE 12 ....................................................................................................... 66 
Novas Configurações do Trabalho: A Inserção da Mulher e a Mão-de-Obra 
Precária ............................................................................................................ 66 
UNIDADE 13 ....................................................................................................... 70 
A Divisão do Trabalho Doméstico.................................................................... 70 
UNIDADE 14 ....................................................................................................... 77 
O Cooperativismo Como Forma de Associação do Trabalho ......................... 77 
UNIDADE 15 ....................................................................................................... 82 
Informalidade No Trabalho .............................................................................. 82 
UNIDADE 16 ....................................................................................................... 86 
O Significado de Informalidade ........................................................................ 86 
UNIDADE 17 ....................................................................................................... 91 
Sobre o Conceito “Informalidade” .................................................................... 91 
UNIDADE 18 ....................................................................................................... 95 
Trabalho Informal e Economia Informal ........................................................... 95 
UNIDADE 19 ....................................................................................................... 98 
Trabalho Informal e Economia Informal ........................................................... 98 
UNIDADE 20 ..................................................................................................... 102 
Trabalho Informal e Contrato de Trabalho ..................................................... 102 
UNIDADE 21 ..................................................................................................... 107 
Informalidade na Globalização ...................................................................... 107 
UNIDADE 22 ..................................................................................................... 112 
Relações de Trabalho e Precarização ........................................................... 112 
UNIDADE 23 ..................................................................................................... 117 
Relações de Trabalho e Precarização ........................................................... 117 
UNIDADE 24 ..................................................................................................... 123 
Precarização das Relações de Trabalho e Sindicalismo .............................. 123 
UNIDADE 25 ..................................................................................................... 130 
 
 
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Precarização das Relações de Trabalho e Neoliberalismo ........................... 130 
UNIDADE 26 ..................................................................................................... 137 
Tecnologia da Informação e Qualificação Profissional: Um Estudo de Caso
 ........................................................................................................................ 137 
UNIDADE 27 ..................................................................................................... 141 
Tecnologia da Informação e Qualificação Profissional: Um Estudo de Caso
 ........................................................................................................................ 141 
UNIDADE 28 ..................................................................................................... 146 
Tecnologia da Informação e Qualificação Profissional: Um Estudo de Caso
 ........................................................................................................................ 146 
UNIDADE 29 ..................................................................................................... 152 
Informalidade e Saúde ................................................................................... 152 
UNIDADE 30 ..................................................................................................... 159 
Fragilidade do Sistema de Proteção Social ................................................... 159 
GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 166 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 176 
 
 
 
 
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UNIDADE 1 
Entendendo a Sociologia 
Objetivo: Explicitar o que é sociologia e quais são seus campos de análise 
 
Conceito Histórico 
Sociologia pode ser entendida como a ciência ou campo de estudo da sociedade (a 
totalidade dos seres humanos na terra, em conjunto com suas culturas, instituições, 
capacidades, ideias e valores). 
Dependendo do objeto de estudo em particular, a sociologia ganha especificidades: 
 Antropologia: estudo dos valores simbólicos de uma determinada cultura ou grupo 
social; 
 Política: estudo das relações de poder (estrutura política, partidos, mídia, etc.); 
 Economia: estudo das relações de troca e de produção; 
 Sociologia: estudo das instituições, grupos, interações, etc.; 
 Direito: estudo do aparato jurídico e legislativo. 
 
Obviamente, uma disciplina não consegue dar conta sozinha de todos os campos de análise, 
de maneira que qualquer pesquisa social envolve multidisciplinaridade, apesar dos meios 
acadêmicos por razões de delimitação de campo profissional, tenderem a fracionar as 
ciências sociais. 
 
 
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Em termos históricos, a sociologia teve suas origens no século XVIII (retardatária em relação 
a outras ciências, como a física, matemática, biologia, que se desenvolveram muito antes 
disso) junto com o iluminismo e pretendia entender os fenômenos sociais não como obras do 
acaso ou de forças metafísicas ou divinas, mas como estruturas construídas historicamente 
com determinada lógica e dinâmica. 
Um dos primeiros teóricos foi Auguste Comte, cuja importância repousa apenas na 
delimitação da sociologia enquanto uma nova ciência. Segundo ele, os fenômenos da 
sociedade obedecem a leis que podem ser analisáveis. É importante ressaltar, entretanto, 
que, para Comte, a sociologia se ocupava mais em como a sociedade deve ser, do que 
como ela realmente é o que dá um caráter extremamente positivista, ou seja, as diferenças e 
transformações são consideradas disfunções (a sociedade fica “doente”). Esse caráter, 
obviamente não se aplica mais, e as mudanças e diferenças são vistas como fenômenos 
específicos construídos segundo uma lógica própria. 
A partir do século XIX e início do século XX, a sociologia ganha estudiosos de maior gabarito 
e o estudo dos fenômenos sociais passa a ter mais consistência. Nessa época, procurava-se 
estudar a sociedade como um todo, e o que importava eram os grandes fenômenos 
(macrossociais). Destacam nessa época Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. 
No entanto, é necessário frisar, de forma muito clara, que a Sociologia é datada 
historicamente e que o seu surgimento está vinculado à consolidação do capitalismo 
moderno. 
Esta disciplina marca uma mudança na maneira de se pensar a realidade social, 
desvinculando-se das preocupações especulativas e metafísicas e diferenciando-se 
progressivamente enquanto forma racional e sistemática de compreensão da mesma. 
Assim é que a Revolução Industrial significou,para o pensamento social, algo mais do que a 
introdução da máquina a vapor. Ela representou a racionalização da produção da 
materialidade da vida social. 
 
 
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O triunfo da indústria capitalista foi pouco a pouco concentrando as máquinas, as terras e as 
ferramentas sob o controle de um grupo social, convertendo grandes massas camponesas 
em trabalhadores industriais. Neste momento, se consolida-se a sociedade capitalista, que 
divide de modo central a sociedade entre burgueses (donos dos meios de produção) e 
proletários (possuidores apenas de sua força de trabalho). Há paralelamente um aumento do 
funcionalismo do Estado que representa um aumento da burocratização de suas funções e 
que está ligado majoritariamente aos estratos médios da população. 
O quase desaparecimento dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos independentes, a 
imposição de prolongadas horas de trabalho, e etc., teve um efeito traumático sobre milhões 
de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas tradicionais de vida. 
Não demorou para que as manifestações de revolta dos trabalhadores se iniciassem. 
Máquinas foram destruídas, atos de sabotagem e exploração de algumas oficinas, roubos e 
crimes, evoluindo para a criação de associações livres, formação de sindicatos e movimentos 
revolucionários. 
Este fato é importante para o surgimento da Sociologia, pois colocava a sociedade num 
plano de análise relevante, como objeto que deveria ser investigado tanto por seus novos 
problemas intrínsecos, como por seu novo protagonismo político já que junto a estas 
transformações de ordem econômica pôde-se perceber o papel ativo da sociedade e seus 
diversos componentes na produção e reprodução da vida social, o que se distingue da 
percepção de que este papel seja privilégio de um Estado que se sobrepõe ao seu povo. 
O surgimento da Sociologia prende-se em parte aos desenvolvimentos oriundos da 
Revolução Industrial, pelas novas condições de existência por ela criada. Mas outra 
circunstância concorreria também para a sua formação. Trata-se das modificações que 
vinham ocorrendo nas formas de pensamento, originada pelo Iluminismo. As transformações 
econômicas, que se achava em curso no ocidente europeu desde o século XVI, não 
poderiam deixar de provocar modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. 
A Sociologia, assim, vai debruçar-se sobre todos os aspectos da vida social. Desde o 
funcionamento de estruturas macrosociológicas como o Estado, a classe social ou longos 
 
 
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processos históricos de transformação social ao comportamento dos indivíduos num nível 
microsociológico, sem jamais esquecer-se que o homem só pode existir na sociedade e que 
esta, inevitavelmente, lhe será uma "jaula" que o transcenderá e lhe determinará a 
identidade. 
Para compreender o surgimento da sociologia como ciência do século XIX, é importante 
perceber que, nesse contexto histórico social, as ciências teóricas e experimentais 
desenvolvidas nos séculos XVII, XVIII e XIX inspiraram os pensadores a analisar as 
questões sociais, econômicas, políticas, educacionais, psicológicas, com enfoque científico. 
Como ciência, a Sociologia se esmera em obedecer aos mesmos princípios gerais válidos 
para todos os ramos de conhecimento científico, apesar das peculiaridades dos fenômenos 
sociais quando comparados com os fenômenos de natureza e, consequentemente, da 
abordagem científica da sociedade. Tais peculiaridades, no entanto, foram e continuam 
sendo o foco de muitas discussões, ora tentando aproximar as ciências, ora afastando-as e, 
até mesmo, negando às humanas tal estatuto com base na inviabilidade de qualquer controle 
dos dados tipicamente humanos, considerados por muitos, imprevisíveis e impassíveis de 
uma análise objetiva. 
As perspectivas teórico-metodológicas apresentam tanto o estudo estatístico de 
comportamentos sociais, buscando evidenciar padrões (estudo quantitativo), até estudos que 
buscam a percepção dos atores envolvidos em determinado fenômeno social, tentando 
entender a lógica simbólica e os interesses velados conscientes ou não dos indivíduos 
(estudo qualitativo). 
Os sociólogos estudam uma gama muito grande de assuntos, desde que relacionados ao 
indivíduo em sociedade. Como exemplo, podemos citar: 
 Sociologia da administração: é a disciplina que consiste na aplicação dos 
conhecimentos sociológicos - conceitos, teorias e princípios - à análise das relações 
sociais encontradas nas empresas de modo geral; 
 
 
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 Sociologia econômica: é um ramo da sociologia que busca os elementos 
socializadores da economia e do mercado. Surgiu em resposta às teorias da 
economia clássica e neoclássica sobre o Homo economicus e a teoria da escolha 
racional ao negar que as relações sociais inseridas no mercado visassem somente à 
satisfação racional e utilitária de interesses individuais; 
 Sociologia Industrial e do trabalho: é o ramo da Sociologia que procura estudar os 
sujeitos ocultos do ambiente de trabalho, principalmente as fábricas e os sindicatos 
estruturados, bem como os fenômenos que surgem das relações de trabalho e as 
consequências para os trabalhadores, tanto em termos de empregabilidade quanto em 
termos de saúde, projetos políticos, etc.; 
 Sociologia das Religiões: busca explicar empiricamente as relações mútuas entre 
religião e sociedade. Seus estudos fundamentam-se na dimensão social da religião e 
na dimensão religiosa da sociedade; 
 Sociologia urbana: é o ramo da Sociologia que trata do estudo das relações sociais 
(entre indivíduos, grupos e agentes sociais) dentro do espaço urbano. Em síntese, 
portanto, a sociologia urbana constitui-se de forma geral como a base dos estudos 
sobre as cidades. 
 
 
 
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UNIDADE 2 
A Sociologia Industrial e do Trabalho 
Objetivo: Compreender os principais conceitos relacionados à sociologia industrial e do 
trabalho. 
 
Pontos de referência 
A sociologia industrial e do trabalho pode ser entendida como a ciência que se propõe 
reconhecer, observar e interpretar os fenômenos sociais que se produzem no trabalho. A 
noção de trabalho, por sua vez, é interpretada por teorias filosóficas e ou religiosas, 
geralmente considerada com um valor moral. 
O conjunto dos trabalhos que constitui a sociologia do trabalho varia sem dúvida de acordo 
com os autores que a estão estudando. De um modo geral, estabelece-se o início desta 
ciência com a descoberta pelo sociólogo americano Elton Mayo, de um novo domínio – o das 
relações entre indivíduos e os grupos na indústria. 
Não obstante, durante a maior parte da História da Civilização o trabalho foi considerado 
como uma atividade depreciável. Para o Judaísmo e Cristianismo o trabalho é um castigo 
divino. A palavra trabalho evoluiu da palavra "Tripalium", castigo que se dava aos escravos 
preguiçosos. Para o mundo protestante europeu não latino, o trabalho não é um castigo, e 
sim uma oferenda a Deus. Os gregos da Idade de Ouro pensavam que só o ócio criativo era 
digno do homem livre. 
A escravidão foi considerada pelas mais diversas civilizações como a forma natural e mais 
adequada de relação laboral. Desde os meados do século XIX, vinculado ao 
desenvolvimento da democracia e ao sindicalismo, a escravidão deixa de ser a forma 
 
 
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predominante de trabalho, para ser substituída pelo trabalho assalariado. Com o surgimento 
de uma valorização social positiva do trabalho, pela primeira vez na história da Civilização. 
A partir da segunda guerra surgem conceitos da sociologia do trabalho: "divisão de trabalho", 
"classe social", "estratificação social", "conflito", "poder".A Sociologia presta atenção e estuda as implicâncias sociais da relação de trabalho com a 
ferramenta (técnica e tecnologia). As profundas transformações que derivam do passo do 
trabalho com simples ferramentas individuais (artesanato), ao trabalho industrial com 
grandes máquinas (maquinismo), ao trabalho com computadores (sociedade de informação), 
constituem um permanente tema de estudo sociológico. 
Além disso, as relações de trabalho e as consequências para os trabalhadores, tanto em 
termos de empregabilidade quanto em termos de saúde, projetos políticos, etc., se 
configuram como tema de investigação. 
A seguir, apresentaremos o artigo de Bila Sorj “Sociologia do trabalho: mutações, encontros 
e desencontros”, que faz, justamente, um balanço da trajetória internacional da sociologia do 
trabalho e traça os principais desafios da disciplina num mundo de constantes 
transformações nas relações de trabalho. 
 
O Mundo do Trabalho: Categoria de Análise 
Há certos períodos na história em que muitos dos entendimentos produzidos pela Sociologia 
sobre o modo como a sociedade se organiza têm o seu valor explicativo diminuído. As duas 
últimas décadas foram, certamente, um desses períodos, momento em que novas 
tendências no mundo do trabalho ensejaram uma extensa reavaliação das teorias e quadros 
analíticos oferecidos pela Sociologia do Trabalho há quase um século. 
O mundo do trabalho é apenas uma das dimensões de um amplo espectro de 
transformações radicais que afeta nossas vidas e que está a desafiar a nossa imaginação 
sociológica. Não obstante a carência de teorias gerais que interpretem, de uma maneira mais 
 
 
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ou menos sistemática, essas mudanças e também as continuidades que marcam as 
sociedades atuais, ouvimos de todos os lados que tudo, de alguma forma, mudou 
fundamentalmente. 
A família nuclear moderna desintegrou-se, dando lugar a uma grande diversidade de arranjos 
singulares; a sociedade de classes dissolveu-se, assumindo a forma de grupos e 
movimentos sociais separados, baseados em etnicidade, sexo, localidades; os Estados-
nação enfraqueceram-se em virtude de forças globais e regionais. 
Uma boa evidência da percepção do caráter liminar do período em que vivemos é a profusão 
de títulos de obras recentes nas ciências humanas que sentenciam o fim de algo: o fim da 
história, o fim do social, o fim da sociedade industrial, o fim do iluminismo, o fim da 
modernidade, o fim do trabalho. Evidentemente, não precisamos aceitar versões 
cataclismáticas do presente para reconhecer a importância das transformações que estão 
em curso na atualidade. 
Neste final de século, a Sociologia do Trabalho, ou Sociologia Industrial, parece ter perdido a 
importância adquirida entre os anos 40 e 60 como uma subárea central da Sociologia. A 
proposição, quase que axiomática, de que o trabalho constitui a principal referência que 
determina não apenas direitos e deveres, diretamente inscritos nas relações de trabalho, 
mas principalmente padrões de identidade e sociabilidade, interesses e comportamento 
político, modelos de família e estilos de vida, vem sendo amplamente revista. 
Novas categorias de análise como "identidades", "estilos de vida" e "movimentos sociais" 
ganham preeminência e asseveram, implícita ou explicitamente, que o trabalho e a produção 
perderam sua capacidade de estruturar posições sociais, interesses, conflitos e padrões de 
mudança social. 
As implicações desses deslocamentos analíticos para a Sociologia do Trabalho são 
numerosas. Desejo apenas assinalar que a área ficou acuada entre dois movimentos 
teóricos distintos, ambos, a meu ver, insatisfatórios: um que continuou a insistir na validade 
de modelos explicativos tradicionais, especialmente os de inspiração marxista, apesar do 
reconhecimento da perda do seu poder explicativo, e outro que rapidamente abraçou as 
 
 
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teses sobre o "fim do trabalho", deslocando o interesse da Sociologia para outras esferas da 
vida e adotando novos conceitos de rentabilidade sociológica, supostamente superiores. 
O resultado disso tem sido uma contínua perda de espaço da Sociologia do Trabalho. Na 
melhor das hipóteses, seu campo de pesquisa hoje se limita ao estudo das novas práticas de 
gerenciamento de recursos humanos provocadas pela reestruturação produtiva, 
aproximando-se dos temas de interesse da Administração de Empresas; na pior das 
hipóteses, reitera-se que o seu objeto de estudo perdeu todo interesse sociológico. Nesse 
contexto, proliferam estudos históricos em que se observa um indisfarçável saudosismo dos 
sistemas produtivos tayloristas ou fordistas que, até ontem, eram considerados modelos 
supremos da alienação do trabalho. 
Contra a ideia do "fim do trabalho", argumento que o trabalho, na pluralidade de formas, que 
tem assumido, continua a ser um dos mais importantes determinantes das condições de vida 
das pessoas. Isto porque o sustento da maioria dos indivíduos continua a depender da venda 
do seu tempo e de suas habilidades de trabalho no mercado. 
Mais ainda, como veremos adiante, sua presença tem invadido de tal forma diferentes 
esferas da vida que temos, hoje, grandes dificuldades em estabelecer as fronteiras que 
separam o âmbito do trabalho do não-trabalho. Por outro lado, também é pouco convincente 
pretender que nada mudou. As transformações nessa área são tão profundas que requerem 
uma ampla revisão da forma como a Sociologia construiu o seu objeto de investigação. 
Meu argumento será exposto da seguinte maneira. Na primeira parte do artigo retomo o 
modo como a Sociologia do Trabalho construiu o seu objeto visando identificar os limites dos 
modelos interpretativos dominantes. Na segunda, analiso como os estudos de gênero 
questionam a construção do conceito de trabalho prevalecente na Sociologia ao focalizar o 
tema da cultura, geralmente negligenciado nos estudos do trabalho. Na terceira e última 
parte, detenho-me nas novas configurações do mundo do trabalho para sugerir que hoje, 
mais do que em qualquer outro momento, com a desregulação das relações contratuais de 
emprego, as fronteiras entre o trabalho e o não-trabalho foram severamente reduzidas. 
 
 
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UNIDADE 3 
A Sociologia Industrial e do Trabalho 
Objetivo: Compreender os principais conceitos relacionados à sociologia industrial e do 
trabalho em relação a construção do objeto de estudo 
 
Conteúdo 
Nesta unidade você continuará lendo o texto de Bila Sorj. Neste, a autora trata da construção 
do objeto da sociologia do trabalho, ou seja, quais seus campos de atuação. 
 
A Construção do Objeto 
Desde a sua constituição como uma subárea da Sociologia, a Sociologia do Trabalho 
incorporou o ponto de vista então predominante entre os intérpretes das sociedades 
modernas de que a economia formava uma esfera central e socialmente diferenciada do 
conjunto da vida social. 
É nos clássicos das ciências sociais que encontramos a origem dessa interpretação. A 
despeito do interesse que manifestavam pelo sistema social como um todo, ou pelas 
conexões entre "base" e "superestrutura", na formulação marxista, a verdade é que eles 
consideravam a sociedade moderna diferenciada o bastante para que suas partes fossem 
pensadas como subsistemas relativamente autônomos. 
Para Parsons, por exemplo, uma das grandes realizações da modernidade teria sido 
diferenciar internamente a sociedade de tal forma que princípios distintos orientariam a ação 
de seus subsistemas. 
 
 
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O ethos utilitário, por exemplo, prevaleceria no sistema econômico, ao passo que na família e 
no sistema de parentesco as "atribuições de qualidades" e a "expressividade" teriam 
primazia. Era nisto que asociedade moderna se distanciava com maior nitidez da 
"solidariedade mecânica", marcada pela rígida integração das partes em torno de um núcleo 
central de valores, a qual, seguindo a influente descrição feita por Durkheim, supostamente 
caracterizava as sociedades tradicionais. 
De Marx herdamos ainda os pressupostos de que a posição do trabalhador no processo 
produtivo é o princípio organizador da estrutura social; de que a dinâmica do 
desenvolvimento é pautada pelos conflitos gerados em torno da exploração no plano das 
relações de trabalho, e de que a racionalidade capitalista industrial é a responsável pela 
continuidade do desenvolvimento das forças produtivas. 
Tais interpretações da sociedade moderna, cuja economia foi concebida como uma esfera 
separada e determinante do sistema social orientou a Sociologia do Trabalho em pelo menos 
um aspecto fundamental: na concepção de que as formas de utilização industrial da força de 
trabalho seriam presididas por um tipo de racionalidade estratégica amoral, desvinculada de 
quaisquer critérios imediatos de referência ao mundo doméstico ou a lealdades de cunho 
particularista. 
Seriam os mandamentos dessa racionalidade estratégica que organizariam e regulariam 
tanto o processo de trabalho direto, como o campo de ação dos atores nele envolvidos. 
A relação salarial seria, então, o ponto de referência central por intermédio dos quais todos 
os demais aspectos da sociedade — organização política, cultura, sistemas cognitivos, 
família, sistema moral, religião, dentre outros — deveriam ser deduzidos. 
É fácil constatar que a Sociologia do Trabalho escolheu como seu campo de pesquisa 
favorito o trabalho remunerado, ou, de uma maneira mais restritiva, o trabalho assalariado 
em tempo integral, particularmente na grande indústria. A produção em estilo fordista, isto é, 
a produção em massa de produtos padronizados que se disseminam principalmente nos 
Estados Unidos após a Primeira Guerra Mundial, passou a ser vista como a quintessência do 
 
 
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desenvolvimento industrial, e o trabalhador da indústria automobilística, como o símbolo 
daquilo que o trabalho moderno representava ou iria representar no futuro próximo. 
Se estiver interessada em fazer uma leitura da Sociologia do Trabalho que realce as 
convergências internas das distintas abordagens, para poder identificar os seus limites, 
certamente não ignoro as divergências presentes. O marxismo, que até pouco tempo foi a 
principal fonte de inspiração da Sociologia do Trabalho, pelo menos na Europa, distingue-se, 
evidentemente, das abordagens de inspiração neoclássica. 
Diferentemente dos neoclássicos, os marxistas enfatizam que o mercado de trabalho é um 
fenômeno histórico recente que substituiu o trabalho organizado em bases feudais, a 
escravidão e outras formas de vínculos pessoais fundados na coerção direta. 
Seu argumento é que a criação do mercado de trabalho dependeria não apenas do 
desenvolvimento tecnológico, mas também da acumulação prévia de riqueza e de recursos 
produtivos, bem como da proletarização de amplos grupos sociais. Também não se pode 
ignorar que os próprios marxistas divergem entre si. Por um lado, há aqueles que vêem a 
tecnologia como o principal promotor do desenvolvimento econômico. 
 Esta visão serviu de inspiração, por exemplo, para a tese de Braverman sobre o incessante 
esforço dos capitalistas para desqualificar a força de trabalho mediante uma minuciosa 
divisão do trabalho. 
Mas, por outro lado, há outras perspectivas que reconhecem a indeterminação das lutas 
políticas e econômicas, como aquela da escola "regulacionista" de origem francesa, que 
afirma que o capitalismo produz uma série de regimes de regulação cuja natureza de suas 
sucessivas fases dependeria também de circunstâncias históricas contingentes. 
Novamente contrastando com o modelo neoclássico, que concebe o mundo do trabalho 
como povoado por indivíduos independentes, automotivados, que tomam suas decisões a 
partir de interesses e preferências individuais, os marxistas enfatizam a consciência de 
classe, a consciência coletiva do interesse de classe que emerge mais ou menos 
naturalmente das relações sociais de produção. 
 
 
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A aglomeração de grandes contingentes de trabalhadores em grandes estabelecimentos 
industriais, com uma detalhada divisão do trabalho, e a crescente homogeneização da força 
de trabalho intraindústrias produziria o principal ator coletivo da sociedade capitalista. 
Embora os marxistas hoje adotem uma visão menos determinista e mais interativa da relação 
entre economia e consciência, eles ainda sustentam que a percepção dos interesses é 
poderosamente moldada pelo contexto estrutural da economia. 
Apesar dessas diferenças, que não são poucas, permito-me, tendo em vista os propósitos da 
minha análise, motivada pelos desafios do presente, unificá-las e concluir que a Sociologia 
do Trabalho sustentou, ao longo do tempo, um tipo de "consenso ortodoxo" que vem sendo 
recentemente desestabilizado pela ação de, pelo menos, duas ordens de fenômenos: 
As contribuições dos estudos de gênero, que contestam tanto os limites daquilo que se 
considera trabalho, como a visão de que a esfera econômica possa ser tratada de maneira 
autônoma das demais esferas da vida, e as recentes mudanças nas relações de trabalho — 
denominadas por alguns de pós-fordismo, acumulação flexível ou sociedade pós-industrial — 
que vêm deslocando a figura do trabalhador masculino em tempo integral na indústria como 
o arquétipo das sociedades contemporâneas. Tratarei de esses dois aspectos a seguir. (na 
próxima unidade). 
 
 
 
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UNIDADE 4 
A Sociologia Industrial e do Trabalho 
Objetivo: Compreender os principais conceitos relacionados à sociologia industrial e do 
trabalho em relação às relações de gênero e cultura. 
 
Conteúdo 
Nesta unidade você verá a segunda parte do texto de Bila Sorj, no qual a autora trata das 
dimensões de gênero e dos aspectos culturais da sociologia do trabalho. 
 
Gênero e Cultura na Sociologia do Trabalho 
Em que pese a grande variedade de abordagens que buscam salientar a importância das 
relações de gênero na organização do trabalho, todas elas, de uma forma ou de outra, 
procuram mostrar a influência dos valores da cultura mais ampla sobre a organização e a 
experiência no mundo do trabalho. 
Tal perspectiva não é exatamente uma novidade na Sociologia do Trabalho, tendo estado 
presente desde a constituição da disciplina. Entretanto, o interesse em relacionar a 
experiência no trabalho com outras esferas da vida ficou, na verdade, negligenciado diante 
do horizonte de indagações marcado pelo "consenso ortodoxo" a que acabo de me referir. 
Não apenas aquilo que se considera como a esfera própria do trabalho, como também os 
modelos interpretativos oferecidos pela Sociologia dominante passaram a ser revistos, 
sobretudo a noção de que a produção e o trabalho doméstico seriam regidos por diferentes 
princípios — isto é, de que as regras do mercado se aplicariam à produção, ao passo que o 
trabalho doméstico seria, por assim dizer, um dote natural que as mulheres aportariam ao 
 
 
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casamento em troca do seu sustento — consolidado no século passado com a emergência 
da família nuclear que acompanhou a industrialização. 
Passou-se a questionar também as diferenças nos atributos de gênero estabelecidas e 
justificadas, até pouco tempo atrás, como verdades eternas pelo discurso do senso comum e 
concebidas, em algumas abordagens sociológicas, como um pré-requisito funcional da 
sociedade moderna. 
Não pretendo analisar o conjunto de fatores, extremamente complexo, responsável pelas 
mudanças nomodo de conceber as relações entre os gêneros observadas nas sociedades 
ocidentais a partir dos anos 60. Quero, entretanto, assinalar que, além do ingresso maciço de 
mulheres casadas no mercado de trabalho, a reemergência do movimento feminista como 
articulador de um novo discurso sobre a condição das mulheres não pode ser ignorada. 
Abrir a caixa-preta da esfera doméstica e expô-la ao debate político ajudaram a dissolver a 
noção de harmonia ou equilíbrio entre os sexos, os tabus sobre o casamento, a sexualidade 
e a maternidade. 
Se a linguagem pode servir como barômetro das mudanças culturais nas relações de gênero 
das últimas décadas, expressões como "guerra dos sexos", "guerra na família", "exploração 
masculina", "contradição entre os sexos" passaram a caracterizar, frequentemente, o que 
ocorria no interior das famílias. É evidente que esses exageros linguísticos tinham como 
objetivo chamar a atenção do público para um problema político: a condição feminina 
subalterna. 
Mas, de alguma forma, também sensibilizaram a Sociologia para um campo de relações 
sociais altamente desigual e surpreendentemente pouco explorado pelas análises 
sociológicas dos anos 50 e 60. 
O que me interessa reter das análises feitas sobre a posição e experiência das mulheres no 
trabalho é que foram muito convincentes em mostrar a existência de um estreito vínculo 
entre o trabalho remunerado e o trabalho doméstico, uma vez que os indivíduos ou 
coletividades de trabalhadores não estão condicionados apenas por fatores de ordem 
 
 
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econômica, tecnológica ou política, fatores estes frequentemente privilegiados nas 
explicações sociológicas. 
A posição diferencial de homens e mulheres no espaço doméstico é um elemento central na 
determinação das chances de cada um no mercado das carreiras, dos postos de trabalho e 
dos salários. Por outro lado, a esfera familiar não pode mais ser vista como um modelo ou 
um sistema de posições fixas, livre dos constrangimentos externos gerados pelo mercado de 
trabalho. 
É importante reconhecer também as ambivalências presentes nos estudos de gênero. Se, 
por um lado, se enfatiza a importância dos valores culturais na compreensão do 
funcionamento dos mercados e das relações de trabalho, contraditoriamente, introduz-se 
uma abordagem econômica no cálculo do valor das atividades domésticas, que passam a ser 
contabilizadas em termos da sua contribuição para o funcionamento do sistema produtivo e 
percebidas não apenas pela ótica das qualidades expressivas e morais que encerram, mas 
também pelo valor econômico que aportam. 
De qualquer forma, o principal resultado dessas contribuições à Sociologia foi a expansão 
dos limites da definição de trabalho e o aprofundamento da reflexão acerca do caráter 
histórico e cultural deste conceito e das atividades que abrange. 
Tal conceito deixou de ter o significado objetivo, transcendente e autoevidente sobre o qual 
se alicerçou boa parte da nossa tradição sociológica. Seus contornos passaram a ser vistos 
como fruto de configurações culturais, de contextos cognitivos que constroem certas 
atividades como sendo "trabalho", e das instituições sociais que sustentam tais definições. 
Assim, as fronteiras entre o trabalho e o não-trabalho parecem menos demarcadas à medida 
que passamos a ver as atividades de lavar, passar, cozinhar, cuidar das crianças e de idosos 
e tantas outras tarefas domésticas como trabalho remunerado e não remunerado, embora 
não seja nada aleatório que o trabalho remunerado apareça, em geral, como mais "valioso" 
ou mais "real" do que o outro. 
 
 
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Rever as tradicionais distinções entre o trabalho e o não-trabalho torna-se, pois, imperioso 
para que a Sociologia possa sintonizar com as novas realidades produtivas do presente, das 
quais passarei a tratar a seguir. 
 
 
 
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UNIDADE 5 
A Sociologia Industrial e do Trabalho 
Objetivo: Compreender os principais conceitos relacionados à sociologia industrial e do 
trabalho em relação às novas configurações do mundo do trabalho. 
 
Conteúdo 
Nesta unidade você verá terá acesso à última parte do texto de Bila Sorj, no qual a autora 
traça as novas dimensões e configurações do mundo do trabalho e qual o papel da 
sociologia neste momento. 
 
Novas Configurações do Mundo do Trabalho 
O cenário produtivo com o qual nos defrontamos hoje revela fortes sinais de que a produção 
em massa de produtos industriais padronizados, empregando milhares de trabalhadores, 
pode ser considerada coisa do passado. Os empregados das indústrias estão, cada vez 
mais, produzindo bens especializados em fábricas que empregam consideravelmente menos 
funcionários e utilizam de forma crescente tecnologias altamente informatizadas. Há também 
grande alteração na organização espacial da produção. As empresas são hoje capazes de 
operar em escala mundial, movimentando-se por distintos países e/ou regiões, beneficiando-
se da presença de menores níveis salariais, da baixa incidência de conflitos industriais e das 
vantagens propiciadas por isenções fiscais de vários tipos. Outras mudanças relacionadas a 
estas também são evidentes, embora o ritmo de sua implantação varie de país para país: o 
crescimento significativo do emprego "autônomo"; o aumento das formas atípicas de 
emprego, como o trabalho temporário, em tempo parcial e a domicílio; a acelerada expansão 
de pequenas empresas, tanto no setor industrial como no de serviços; o declínio significativo 
 
 
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do emprego mesmo nas grandes empresas multinacionais; a forte tendência ao 
desmembramento de grandes empresas em pequenas unidades produtivas 
descentralizadas; o crescimento de novas formas de propriedade, como o franchising, ou de 
novos arranjos produtivos como a subcontratação. 
Deste elenco de mudanças vou me ater a apenas duas, que, a meu ver, implicam a 
formulação de uma nova agenda de questões para a Sociologia do Trabalho. 
A primeira é a forte expansão do setor de serviços e a queda concomitante da participação 
relativa da indústria nas economias contemporâneas. Esta transformação é de tal ordem que 
muitos autores consideram que seria mais apropriado chamar nossas sociedades de pós-
industriais. 
A demanda por serviços de toda espécie, como transporte e comunicações, governo e 
administração, saúde e educação e serviços financeiros, cresceu de tal maneira que a 
participação do setor industrial no total do emprego na Grã-Bretanha, por exemplo, caiu de 
40% em 1970 para 18% em 1995. 
Nos Estados Unidos, o setor de serviços, que respondia por 40% do total do emprego no 
início do século, hoje já ultrapassa a marca de 82%. No Brasil a trajetória é semelhante: o 
setor de serviços congrega mais de 50% da população ocupada, contra 20% na indústria e 
25% na agricultura (PNAD/IBGE, 1996). Estima-se que até o ano 2000 esta proporção subirá 
para 62% (Pastore, 1998). 
Embora o trabalho no setor de serviços se tenha tornado a principal forma de ocupação nas 
economias ocidentais, as análises sociológicas não acompanharam como deveriam essa 
nova realidade. Isto se deve, em grande parte, à contínua preferência dos sociólogos por 
formas particulares de trabalho — aquelas associadas à produção de bens tangíveis — e 
pelos ambientes onde elas se encontram — as fábricas. 
Nos casos em que o setor de serviços foi abordado, a atenção recaiu, principalmente, sobre 
as tarefas manuais e rotineiras executadas por empregados situados em segmentos 
inferiores da atividade, desconsiderando-se outras atividades do setor que envolvem 
 
 
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comportamentos relacionais e interativos com clientes. A consequênciadisso foi a 
representação do processo de trabalho nos serviços à semelhança do processo do trabalho 
na indústria. 
Não é de se estranhar, portanto, que muitos estudos sobre o setor de serviços tenham em 
Braverman (1974) a principal fonte de inspiração. Como é bastante conhecido, este autor 
argumenta que a introdução de novas tecnologias faz prevalecer no setor de serviços as 
mesmas normas de rotinização, fragmentação e desqualificação do trabalho vigentes na 
indústria. 
Não há dúvida de que muitas ocupações nesse setor assumem, de fato, essas 
características, especialmente nos níveis inferiores da hierarquia ocupacional. Entretanto, 
gostaria de argumentar que, na produção de bens intangíveis, surge um novo modelo de 
trabalho que escapa completamente ao padrão prevalecente na produção industrial. Refiro-
me aos aspectos interativos das ocupações no setor de serviços e às novas formas de 
"governance", ou controle, que eles animam. 
Como exemplo, Robert Reich, no seu livro The work of nations (1992), mostra que o maior 
grupo ocupacional norte-americano (30%), e o que mais cresceu nos anos 80, abrange 
empregos que envolvem algum tipo de interação ou contato direto entre produtor e 
comprador de um serviço. Nesta categoria estão incluídos vendedores de grandes cadeias 
varejistas, trabalhadores em restaurantes, hotéis, secretárias, corretores de imóveis, 
enfermeiras, terapeutas, comissários de bordo, caixas de supermercados e lojas etc. O que 
caracteriza essas ocupações é que a qualidade da interação estabelecida produz 
significados que operam como importantes sinalizadores do valor do produto para os 
consumidores. Dito de outra forma, o próprio trabalhador é parte do produto que está sendo 
oferecido ao cliente. 
A estreita relação que se estabelece entre características pessoais dos empregados e sua 
adequação ao trabalho transformam traços como aparência, idade, educação, gênero e raça 
em potencial produtivo, de tal forma que características e competências individuais são a 
condição mesma da empregabilidade. O resultado disso é uma forte estratificação do 
 
 
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mercado de trabalho, em que os níveis inferiores de emprego, em tempo parcial ou 
temporário, são preenchidos predominantemente por minorias, mulheres e jovens com baixa 
escolaridade e, portanto, poucas oportunidades de carreira e mobilidade. 
A crescente importância dos serviços envolve também novas modalidades de controle 
gerencial ou regulação que escapam às categorias de análise tradicionais da Sociologia. 
Arlie Hochschild, em livro cujo título é muito sugestivo, The managed heart: 
commercialization of human feelings (1983), mostra como o trabalho das aeromoças, por 
exemplo, exige que elas dominem suas emoções e sorriam de uma maneira agradável, 
envolvente e amigável para os clientes. A este tipo de trabalho, em que a cada contato é 
necessário que o empregado sintonize o seu comportamento com as emoções de cada 
cliente individualmente, Hochschild chamou de "trabalho emocional". Essa mudança 
constante de comportamento faz dos empregados "analistas culturais", nos termos de Scott 
Lash e John Urry (1994), aptos a interpretarem e modificarem suas interações com os 
consumidores a partir de um julgamento cultural que os situa em diferentes categorias 
sociais. 
Esse novo perfil de ocupação nos serviços tem colocado para a gerência das empresas o 
problema de como regular a relação empregado/consumidor em um contexto de interação. 
Por um lado, a supervisão pessoal, direta e constante pode prejudicar a eficácia do serviço, 
retirando dele sua qualidade espontânea e interpessoal. Por outro, como tornar previsíveis as 
reações dos empregados a situações de trabalho tão diversificadas? 
O entendimento da dinâmica das relações de trabalho nessas recentes e crescentes 
ocupações coloca para a Sociologia o desafio de integrar às suas preocupações um conjunto 
de novos elementos. O primeiro deles refere-se ao contato interpessoal como parte do 
processo de trabalho e como área legítima de intervenção da gerência empresarial. O 
segundo concerne à importância de integrar trabalho e consumo, que deixam de ser esferas 
distintas no tempo e no espaço; ao contrário, boa parte do trabalho é o próprio produto que 
está sendo consumido. Em terceiro lugar, é necessário considerar o impacto direto da 
presença cada vez mais atuante de agrupamentos sociopolíticos de consumidores, que 
 
 
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pressionam pela elevação da qualidade dos serviços, sobre a própria organização e gestão 
do trabalho. 
A segunda grande mudança refere-se ao regime de emprego que prevaleceu nas sociedades 
avançadas desde o pós-guerra, período chamado por muitos de "a idade de ouro do 
capitalismo". No que se segue, pretendo sugerir algumas hipóteses acerca da direção dessa 
mudança — as quais, evidentemente, devem ser muito mais discutidas e empiricamente 
testadas — que buscam escapar daqueles dois movimentos teóricos aos quais me referi no 
início: a visão de que nada, ou muito pouco, mudou, e a perspectiva do "fim do trabalho", ou 
seja, de que tudo mudou. 
O regime de emprego que emergiu no século passado como resultado de conflitos ferozes e 
de constantes crises sociais e políticas caracterizava-se por um alto grau de padronização 
em quase todos os aspectos: o contrato de trabalho, o lugar do trabalho, a duração da 
jornada de trabalho. Em termos legais, a tendência era a adoção de um padrão de contrato 
negociado coletivamente para um segmento industrial inteiro ou para grupos ocupacionais 
específicos. O emprego era também, em geral, geograficamente concentrado em grandes 
empresas. Pode-se afirmar que até os anos 70, nas sociedades avançadas, o chamado 
"emprego em tempo integral e para a vida toda" era uma forte referência tanto no 
planejamento organizacional das empresas como no horizonte existencial dos trabalhadores. 
Em sentido macrossociológico, o emprego desempenhava a poderosa função de articular 
diferentes níveis do sistema social: as motivações individuais, as posições sociais e a 
reprodução ou integração sistêmica. A construção das identidades sociais, ao menos para os 
homens, tinha como principais determinantes a qualificação, a posição no emprego e as 
expectativas de carreira. 
Torna-se cada vez mais evidente que, nos tempos atuais, o emprego como uma carreira 
contínua, coerente e fortemente estruturada não é mais uma opção que esteja amplamente 
disponível. Empregos permanentes estão cada vez mais restritos a poucas e velhas 
indústrias ou a algumas profissões que estão rapidamente desaparecendo. Os novos postos 
 
 
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criados tendem a ser flexíveis no tempo, no espaço e na duração, dando origem a uma 
pluralidade de contratos de trabalho: em tempo parcial, temporários ou por conta própria. 
O fato de que as formas típicas de emprego não fazem mais parte do horizonte 
organizacional das grandes empresas foi eloquentemente reconhecido pelo vice-presidente 
do Departamento de Recursos Humanos da AT&T, James Meadows, em entrevista ao New 
York Times, no início do programa de demissão de 40 mil trabalhadores, em 1996. Segundo 
Meadows, "as pessoas devem ver a si mesmas como trabalhadores autônomos, como 
vendedores que vêm para esta companhia vender suas habilidades". E acrescenta: "Na 
AT&T temos que promover toda uma concepção de que a força de trabalho é temporária. Em 
vez de empregos, as pessoas têm cada vez mais projetos' ou campos de trabalho'." (apud 
Tilly e Tilly, 1998, p. 224). 
Tal declaração indica que o trabalho na empresa transferiu-se do emprego assalariado típico 
para outras formas de contratos de prestação de serviços que, no limite, tenderiam a 
transações individuais. Sugere, ainda, que nas novas regras dojogo contratual não existe 
nenhuma referência a um coletivo, exceto àquele formado pelo contratante e o prestador do 
serviço. Mudanças similares, em termos de atitudes e expectativas de trabalhadores e 
gerentes, foram captadas em amplos surveys realizados nos EUA (Cappelli e 
O'Shaughnessy, 1995, apud Tilly e Tilly, 1998). Ambos os grupos avaliaram que o seu 
compromisso atual com o empregado era muito menor do que em décadas anteriores. 
Pois bem, as transformações que acabo de esboçar animaram um intenso debate na 
Sociologia nos últimos anos. Alguns autores, mediante o conceito de "especialização 
flexível", procuraram salientar dimensões específicas desse processo, particularmente os 
desafios colocados à coordenação ou governance de estruturas produtivas altamente 
descentralizadas, baseadas em redes de produtores independentes, tão distantes do modelo 
weberiano de organizações burocráticas e hierárquicas. 
Outros procuraram teorizar sobre a relação entre mudanças no regime de emprego e 
mudanças mais gerais ocorridas nas sociedades contemporâneas. Neste último caso, como 
mencionei no início, creio que a Sociologia do Trabalho ficou imprensada por duas visões 
 
 
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opostas: aquela que considera que, no fundo, nada ou muito pouco mudou — afinal, as 
economias continuam capitalistas e, portanto, estruturam-se a partir dos mesmos princípios 
— e a que considera que tudo mudou e que o trabalho perdeu sua centralidade, tornando-se 
o consumo o princípio ordenador das relações sociais. 
Ambas as perspectivas são altamente parciais e, portanto, insustentáveis. Por um lado, a 
tendência atual que encoraja os trabalhadores a perceberem a si mesmos como 
empreendedores e a tratarem seus empregadores como clientes de seus serviços implica 
uma mudança radical na experiência do trabalho. Por outro, o aumento da flexibilidade e a 
precariedade do emprego, em lugar de diminuírem o peso do trabalho na vida das pessoas, 
difundiram a sua presença em inúmeras esferas da vida que, anteriormente, eram vistas 
como separadas do trabalho. 
A erosão das normas tradicionais de assalariamento, fundadas em identidades ocupacionais 
ou de classe, e a paulatina perda das funções protetoras do Estado têm como consequência 
o aumento da individualização na construção e valorização das próprias condições de 
empregabilidade. A constante incerteza, advinda da pluralidade de formas de contratos de 
trabalho, em relação à duração, ao tempo e à localização das atividades, associada à rápida 
obsolescência das habilidades adquiridas, requerem das pessoas intensos investimentos 
privados e permanente sintonia com as eventuais oportunidades que o mercado oferece. 
Nessas circunstâncias, os trabalhadores devem adquirir habilidades, inclusive a de cooperar 
em diferentes ambientes, sem que, no entanto, possam contar com relações de longa 
duração com qualquer empregador, ou cliente, em particular. Mais ainda, a crescente 
exigência de reintegração da concepção e execução no processo de trabalho requer dos 
trabalhadores maior qualificação, sem que a ela correspondam postos de trabalho definidos 
ou um lugar institucional assegurado. 
A desregulação das normas tradicionais do emprego e o consequente aumento da 
individualização vis-à-vis o mercado transformam o trabalhador em um bricoler de sua 
condição de empregabilidade.Gostaria de sugerir que uma das formas de assegurar a 
empregabilidade a longo prazo é transformar as múltiplas redes de sociabilidade — como a 
 
 
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família, grupos de vizinhança, igrejas, associações profissionais, clubes e partidos políticos 
— em fontes de informação e de renovadas oportunidades no mercado de trabalho. O 
recurso a essas redes, embora preexistente, tende a se aprofundar no novo contexto 
marcado pela imprevisibilidade. 
Participar das atividades sociais que tais redes organizam se tem tornado uma precondição 
de empregabilidade. Pesquisas internacionais recentes mostram que uma elevada proporção 
de trabalhadores vem encontrando emprego mediante o acionamento de redes de amigos, 
familiares, vizinhança e contatos pessoais. Essa proporção alcança, por exemplo, 40% dos 
trabalhadores da Grã-Bretanha, 35% dos trabalhadores japoneses e 61% dos altos 
executivos na Holanda (Granovetter, 1995, pp. 140-141). 
Podemos dizer que, da mesma forma que está ficando cada vez mais difícil identificar para 
quem se trabalha, está igualmente difícil saber quando se trabalha. 
Diante desse quadro, a Sociologia deve enfrentar uma nova agenda de questões. A primeira 
delas é a de como situar as alterações que ora ocorrem no mundo do trabalho em um quadro 
mais geral de mudanças sociais na família, na cultura e na política. Seja como locus 
privilegiado da mudança ou como um sintoma dela, em nenhum dos casos o trabalho pode 
ser estudado por si só. 
A segunda refere-se à maneira pela qual as identidades das pessoas vêm sendo afetadas. 
Se a flexibilidade do trabalho requer identidades menos atadas, por exemplo, às empresas 
ou às ocupações, que identidades ou "comunidades imaginárias", internas ou externas à 
produção, se desenvolvem e como elas moldam as percepções e as chances que se tem no 
mercado? 
 A terceira questão que se coloca é: que funções o sindicalismo irá assumir em um contexto 
em que contratos de trabalho são cada vez mais negociados individualmente, as relações 
entre os empregados são mais amorfas e em que não há mais uma clara correspondência 
entre o trabalho e o espaço da empresa? 
 
 
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Considerando que na emergente economia flexível alguns são mais vulneráveis do que 
outros, outra questão a ser examinada é como os menos vulneráveis exercem seu poder 
sobre os mais vulneráveis e que tipos de novos conflitos emergem. Como os excluídos 
reagem à exclusão? E, finalmente, que impactos a constante perda de direitos sociais e 
trabalhistas terá sobre a política, a cidadania e a democracia? 
Estas são apenas algumas das questões que o atual mundo do trabalho coloca para a 
Sociologia em geral e para a Sociologia do Trabalho em particular. À medida que for capaz 
de interpretar as mutações em curso sem reduzi-las, por um lado, a uma visão saudosista de 
um passado agora idealizado e, por outro, a uma sociedade de consumidores ávidos de 
imagens e símbolos da qual se exorcizou a luta pela sobrevivência material, creio que a 
Sociologia do Trabalho poderá ocupar um lugar central na renovação da teoria social nos 
tempos vindouros. 
 
 
EXERCÍCIOS DISSERTATIVOS: 
1. Por que dizemos que a sociologia do trabalho está reconsiderando seu objeto de estudo? 
 
 
 
 
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UNIDADE 6 
Do Fordismo à Especialização Flexível 
Objetivo: Apresentar a crise do taylorismo/fordismo e o advento da flexibilidade produtiva na 
sociedade. 
 
Conteúdo 
Nas unidades 6, 7 e 8 apresentaremos uma síntese do taylorismo/fordismo, bem como do 
sistema flexível de produção industrial, que ganhou fôlego principalmente na década de 70 
no mundo ocidental (Estados Unidos) e na década de 90 no Brasil. Para quem já cursou os 
módulos “Teoria das Organizações” e “Organização do Trabalho” trata-se de uma 
recapitulação, mas que se torna necessária devido aos desdobramentos para o mundo do 
trabalho e para os trabalhadores, quando apresentaremos os principais impactos em artigos 
relacionados ao tema. Para quem não pôde estudar os módulos supracitados, não se 
preocupe, pois o artigo “Da rotina à flexibilidade: análise das características do fordismo fora 
da indústria” de Alexandre Barbosa Fraga faz um bom resumo das características do 
taylorismo/fordismo e da especialização flexível. 
Bom Estudo. 
 
O Fordismo e o Taylorismo 
O conjunto de práticasprodutivas cunhado de fordismo é característico da modernidade 
sólida ou do capitalismo pesado, para usar expressões de Bauman, sendo importante para a 
organização da produção até meados dos anos 70 do século passado. "Entre os principais 
ícones dessa modernidade estavam a fábrica fordista, que reduzia as atividades humanas a 
movimentos simples, rotineiros e predeterminados, destinados a serem obedientes e 
 
 
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mecanicamente seguidos, sem envolver as faculdades mentais e excluindo toda 
espontaneidade e iniciativa individual " (Bauman, 2001: 33/34). 
O fordismo, método de racionalização da produção em massa, teve início na indústria 
automobilística Ford, nos Estados Unidos, onde esteiras rolantes levavam o chassi do carro 
e as demais peças a percorrerem a fábrica enquanto os operários, distribuídos lateralmente, 
iam montando os veículos. Esse método integrou-se às teorias do engenheiro norte-
americano Frederick Winslow Taylor, que ficaram conhecidas como taylorismo. Ele buscava 
o aumento da produtividade através do controle dos movimentos das máquinas e dos 
homens no processo de produção. O empregado, seguindo o que foi determinado pelos seus 
superiores, deveria executar uma tarefa no menor tempo possível. 
Ford fez um acordo geral que aumentou o salário nominal de 2,5 para 5 dólares ao dia. Mas 
o que Ford pretendia ao dobrar o salário de seus trabalhadores? É claro que a explicação 
não vem de uma das suas famosas frases "quero que meus trabalhadores sejam pagos 
suficientemente bem para comprar meus carros", já que eles eram responsáveis por uma 
fatia muito pequena das suas vendas. 
O “five dollars day” acabava com a alta rotatividade dos trabalhadores. Para que 
continuassem recebendo o salário duplicado, os operários faziam de tudo para 
permanecerem na Ford Motor Company. Com isso, as funções na linha de produção tinham 
fixas a elas trabalhadores que ficavam por mais tempo na empresa, aumentando a prática 
em determinada função e diminuindo o tempo de cada movimento. Além disso, ao impedir a 
alta rotatividade dos trabalhadores, economizava-se dinheiro gasto em sua preparação e 
treinamento. 
O five dollars day não se estendia a todos os trabalhadores. Não se beneficiavam dele, os 
operários que tivessem menos de seis meses na empresa, os jovens menores de vinte e um 
anos e as mulheres. "Asegurado el aprovisionamiento de una mano de obra seleccionada y 
dócil, la expansión de la Ford Motor Company prosigue a un ritmo desconocido hasta 
entonces: 200.000 coches fabricados en 1913, 500.000 en 1915, um millón en 1919, dos 
millones en 1923. Ha nascido la producción en masa del automóvil" (Coriat, 1994: 59). 
 
 
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Dessa forma, o modelo fordista pode ser entendido por uma série de características: 
"meticulosa separação entre projeto e execução, iniciativa e atendimento a comandos, 
liberdade e obediência, invenção e determinação, com o estreito entrelaçamento dos opostos 
dentro de cada uma das oposições binárias e a suave transmissão de comando do primeiro 
elemento de cada par ao segundo" (Bauman, 2001: 68); baixa mobilidade dos trabalhadores; 
homogeneização da mão-de-obra; "mão-de-obra numerosa e predominantemente masculina" 
(Beynon, 1995: 6); produção em massa; consumo em massa; rotinas de trabalho; controle do 
tempo; adaptação ao ritmo da máquina; e homogeneidade dos produtos. 
Como mostrou José de Souza Martins, ao serem feitas mudanças tecnológicas "a la Ford" e 
"a la Taylor" na produção de uma fábrica de ladrilhos, em São Caetano do Sul, no subúrbio 
da cidade de São Paulo, no ano de 1956, "ao operário já não cabia pensar o seu trabalho, 
mas apenas reagir interpretativamente aos movimentos que o ritmo do processo de trabalho 
impunha ao seu corpo. O processo de trabalho não dependia da mediação de sua 
interpretação para que tivesse seqüência. Seu corpo fora transformado num instrumento dos 
movimentos automáticos da linha de produção" (Martins, 1994: 18). 
 
O sistema produtivo flexível 
De meados dos anos 70 em diante, houve uma transformação organizacional da produção, 
como forma de se proteger das mudanças econômicas que estavam em ritmo cada vez mais 
veloz. Os mercados eram cada vez mais diversificados e as transformações tecnológicas 
faziam com que os equipamentos de produção que tinham apenas um objetivo se tornassem 
obsoletos. "O sistema de produção em massa ficou muito rígido e dispendioso para as 
características da nova economia. O sistema produtivo flexível surgiu como uma possível 
resposta para superar essa rigidez" (Castells, 1999a: 176). O fordismo se enfraqueceu, a 
partir do final do século XX, com a introdução de novos métodos de trabalho. 
Nesse contexto, surge um modo original e novo de gerenciamento do processo de trabalho: 
o toyotismo. Nele os trabalhadores tornam-se especialistas multifuncionais. Ele elevou a 
produtividade das companhias automobilísticas japonesas e passou a ser considerado um 
 
 
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modelo adaptado ao sistema produtivo flexível. Dentre as suas características temos: a 
existência de um relacionamento cooperativo entre os gerentes e os trabalhadores, ou seja, 
uma hierarquia administrativa horizontal; controle rígido de qualidade; e "desintegração 
vertical da produção em uma rede de empresas, processo que substitui a integração vertical 
de departamentos dentro da mesma estrutura empresarial" (Castells, 1999a: 179). Não há 
mais uma rígida separação entre a direção (que pensa) e o operário (que executa). 
Ulrich Beck ao ser entrevistado em 1999 por Jonathan Rutherford afirma que estamos 
vivendo numa situação em que a primeira modernidade está se transformando em uma 
segunda modernidade. Esta última, "se está viendo desafiada por cuatro tipos de desarrollo. 
En primer lugar, la individualización. En segundo lugar, la globalización como fenómeno 
económico, sociológico y cultural. En tercer lugar, el subempleo o el desempleo, no 
simplesmente como consecuencia de la política gubernamental o de un retroceso en la 
economía, sino como desarrollo estructural que no puede superarse fácilmente. Y, en cuarto 
lugar, la crisis ecológica" (Beck, 2003: 344/345). 
 
 
 
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UNIDADE 7 
A Especialização Flexível e a Sociedade Atual 
Objetivo: Apresentar o advento da flexibilidade produtiva na sociedade e as principais 
consequências para a vida cotidiana dos indivíduos. 
 
Conteúdo 
Nesta unidade, o autor Alexandre Barbosa Fraga apresenta uma síntese do sistema flexível 
de produção industrial, que ganhou fôlego principalmente na década de 70 no mundo 
ocidental (Estados Unidos) e na década de 90 no Brasil e seus impactos para o mundo atual. 
A seguir leremos mais um trecho do artigo “Da rotina à flexibilidade: análise das 
características do fordismo fora da indústria”. Note que a nova conformação produtiva tem 
incidido em âmbito macrossocial, não se restringindo apenas a uma forma de produção de 
bens e serviços, o que traz grandes consequências para a vida cotidiana dos indivíduos. 
 
O sistema produtivo e o mercado de trabalho na sociedade atual 
Na era contemporânea, o sistema produtivo e o mercado de trabalho são muito diferentes do 
que foram na modernidade pesada. Nessa alta modernidade, como diria Giddens, 
modernidade reflexiva, como diria Ulrich Beck, ou modernidade líquida, como diria Bauman, 
há uma flexibilidade e instabilidade do emprego, uma transformação do capitalismo que 
incorporou a tecnologia da informação e sofisticou a forma de ganhar capital, um crescimento 
acelerado do setor de serviços, um aumento das mulheres no mercado de trabalho, aumento 
estrutural do desemprego, o surgimento de novas formas de gestão industrial que superaram 
o fordismoe o taylorismo. Há também uma reestruturação produtiva, ou seja, o processo 
 
 
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pelo qual as empresas passam ao absorver as tecnologias de informação, que rearticula o 
trabalho. Dessa forma, o emprego passa a exigir maior escolaridade. 
A qualidade e a quantidade de educação recebida têm um peso importante na possibilidade 
de inserir-se no mercado de trabalho formal e de progredir nele, ainda mais na condição 
atual em que ele tem a oferecer cada vez menos garantias e estabilidade aos trabalhadores. 
A flexibilização do emprego se dá de duas maneiras, "seja legal, por meio de recente 
legislação trabalhista, que facilita a flexibilidade para o desempenho de novas tarefas e, 
inclusive, a dispensa dos trabalhadores; seja efetivamente, pelo trabalho clandestino ou no 
setor informal. A terceirização do emprego (...) contribui, também, para a instabilidade 
trabalhista" (Gallart, 2002 : 173). 
Na América Latina, por exemplo, como nos mostra Gallart, houve mudanças no mundo do 
trabalho entre a segunda metade do século XX e sua década final e início do século XXI. 
Nesta parte do Globo, estende-se, na segunda metade do século XX, o modelo produtivo da 
substituição de importações. "O fomento do consumo interno de produtos manufaturados, 
cobertos por tarifas à importação, a produção em série na indústria têxtil e metalúrgica, o 
desenvolvimento de empresas estatais e de serviços públicos contribuíram para a existência 
de uma força de trabalho com determinado tipo de qualificações, as necessárias para uma 
produção "fordista" e para o desenvolvimento dos serviços e do comércio" (Gallart, 2002 : 
170). 
Houve o desenvolvimento de uma indústria manufatureira, com o predomínio da indústria 
automotriz, que tinha uma produção em cadeia e uma homogeneização do produto. Nesse 
contexto, para que a educação pudesse atender a esse modelo de desenvolvimento, houve a 
expansão da matrícula na educação básica e privilegiou-se uma formação técnica-
profissional relativamente específica para quadros médios e operários. 
A partir da década final do século XX, há a privatização, em muitos países, dos serviços que 
eram prestados pelo Estado, levando à limitação do emprego público. Na nova organização 
do trabalho é enfatizada a produção flexível. Há também uma modernização tecnológica, 
cuja "conseqüência para os trabalhadores é uma maior necessidade de multifuncionalidade e 
 
 
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a exigência de administrar processos ainda em níveis ocupacionais relativamente baixos" 
(Gallart, 2002: 172). 
A reestruturação do modo capitalista de produção, no final do século XX, deu-se 
principalmente através do informacionalismo, ou seja, de uma revolução tecnológica 
concentrada nas tecnologias da informação, como nos mostra Castells. "As novas 
tecnologias permitem a transformação das linhas de montagem típicas da grande empresa 
em unidades de produção de fácil programação que podem atender às variações do 
mercado (flexibilidade do produto) e das transformações tecnológicas (flexibilidade do 
processo)" (Castells, 1999a : 176). 
Há uma expansão do emprego no setor de serviços. "Atualmente, os serviços são 
responsáveis por mais de 70% dos postos de trabalho na Inglaterra" (Beynon, 1995: 9). 
Embora seja difícil trabalhar com um conceito que abarca múltiplas atividades, tudo o que 
não é indústria, construção, mineração ou agricultura. Mas vis-à-vis as indústrias, muitos 
serviços dependem de ligação direta com elas. Isso põe um pouco em xeque a teoria pós-
industrialista. O que há é uma redução do emprego industrial. 
Com o advento da modernidade e da tão em voga globalização, como nos mostra Giddens, 
há mudanças na intimidade e na vida das pessoas. Nesse contexto, duas características 
polares passam a permear todos os aspectos da vida cotidiana: confiança e risco. As 
pessoas constroem confiança em sistemas abstratos. "Com o desenvolvimento dos sistemas 
abstratos, a confiança em princípios impessoais, bem como em outros anônimos, torna-se 
indispensável à existência social" (Giddens, 1991: 122). 
Dentre as quatro formas que alteram a distribuição objetiva de riscos específicos à 
modernidade, citadas por Giddens, a que afeta mais diretamente o mundo do trabalho é a 
segunda, ou seja, uma extensão quantitativa de eventos ou ambientes de risco por todo o 
planeta. "Novos riscos surgiram: recursos ou serviços já não estão mais sob controle local e 
não podem, portanto ser localmente reordenados no sentido de irem ao encontro de 
contingências inesperadas" (Giddens, 1991: 128). Dessa forma, uma decisão tomada nos 
Estados Unidos, por exemplo, pode afetar trabalhadores no mundo todo. 
 
 
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O desemprego e o trabalho informal crescem. Este primeiro torna-se "estrutural" (eliminação 
de postos de trabalho que não são recuperados e que ocorre de forma independente do 
crescimento ou crise da economia), ou seja, "para cada nova vaga há alguns empregos que 
desapareceram, e simplesmente não há empregos suficientes para todos" (Bauman, 2001: 
185). Não se tem a mesma segurança que se tinha no emprego, nem os mesmos direitos. 
Uma das respostas ao desemprego é o aumento do setor informal da economia. Aumenta o 
número de pessoas que trabalha por conta própria. 
 
 
 
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UNIDADE 8 
O Fordismo Informal 
Objetivo: Apresentar o fordismo fora da indústria e como características do fordismo ainda 
coexistem no mundo do trabalho atual. 
 
Nesta unidade, o autor Alexandre Barbosa Fraga apresenta uma síntese o fordismo fora da 
indústria ou da produção industrial. Neste momento o autor ressalta que a convivência dos 
dois modelos conforma uma condição pós-moderna, a que o autor chama de pós-fordismo 
ou fordismo informal. A seguir leremos mais um trecho do artigo “Da rotina à flexibilidade: 
análise das características do fordismo fora da indústria”. 
 
O “Fordismo” fora da indústria 
Em meio a todas essas transformações no mundo do trabalho, algumas importantes 
características do fordismo passam a ser verificadas no setor de serviços e, como eu quero 
demonstrar nesse artigo, também no setor informal da economia. Dessa forma, 
características do capitalismo pesado estendem-se ao capitalismo leve, mas em setores que 
atualmente são importantes empregadores de mão-de-obra e não mais no industrial. 
Embora, ainda existam, atualmente, indústrias que têm fortemente características fordistas. 
Ritzer mostrou que, na sociedade atual, "à moda do McDonald's", como ele diz, aspectos do 
fordismo podem ser encontrados no setor de serviços. "Muitas características do fordismo 
também são encontradas no estilo McDonald's: a homogeneidade dos produtos, a rigidez 
das tecnologias, as rotinas padronizadas de trabalho, a desqualificação, a homogeneização 
da mão-de-obra (e do freguês), o trabalhador em massa e a homogeneização do consumo 
(...) nestes e em outros aspectos, o fordismo continua vivo e forte no mundo moderno" 
 
 
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(Ritzer, 1993, p.155, citado em: Beynon, 1995: 12). Em novos setores de serviços há 
também um controle do tempo e uma "produção" e venda em massa. "Em todos seus 
pontos-de-venda, o McDonald's "tem como meta atender a qualquer pedido em 60 segundos, 
Na hora do almoço, num ponto muito concorrido, chegamos a servir 2 mil refeições por 
hora""(Beynon, 1995: 12). 
A falta de emprego leva muitas pessoas a procurarem meios informais para se manterem. 
Um desses meios é o que eu chamei de "fordismo" informal. Denominei dessa maneira 
porque algumas características vitais do que passou a se chamar fordismo se encontram 
presentes nessa atividade. 
A atividade a que me refiro é a venda de balas e confeitos

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