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Estrutura do Ato Moral na Filosofia e Ética

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Filosofia e Ética
Aula 4
Prof. Luiz Cláudio Deulefeu
Rio de Janeiro, 30 de abril de 2011
Nessa nossa quarta aula teletransmitida da disciplina de Filosofia e Ética vamos juntos estudar a estrutura do ato moral
Aula 4
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Sejam bem vindos a nossa quarta aula tele transmitida da disciplina de Filosofia e Ética, estaremos juntos no decorrer dos seus estudos, aproveitem e desejo a todos sucesso.
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 A moral pode ser compreendida como tendo duas faces, a primeira é a da esfera teórica da moral que se constitui dos princípios, dos valores e das normas, essa dimensão seria o plano normativo da moral. Entretanto a moral possui também a dimensão factual, na qual se encontram os atos humanos, as condutas humanas, essa é a esfera do ato moral propriamente dito, é o conjunto dos atos morais humanos.
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 Podemos definir o ato moral começando por dizer aquilo que ele não é, o ato moral não é aquela conduta que o ser humano adota e que provoca consequências que não podiam ser previstas quando de sua execução. Por outra podemos definir o ato moral como sendo todas aquelas condutas tomadas pelos humanos nas quais se poderiam prever quais as consequências que dela adviriam para os outros seres humanos.
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Para que um ato seja considerado um ato moral, ele deve pressupor que o sujeito que o pratica seja dotado de consciência moral, ou seja, que ele seja capaz de internalizar as normas estabelecidas pela comunidade e de se comportar de acordo com elas. 
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Um ato pode ser considerado um ato moral quando atende a diversos requisitos ou elementos: motivo, fim, meios, resultados, e conseqüências objetivas. O ato moral é determinado por pertencer a uma comunidade humana, historicamente determinada e só pode ser qualificado em relação ao código moral que naquela sociedade vigora. 
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O ato moral se apresenta como uma totalidade de elementos: motivos, intenção ou fim, decisão pessoal, emprego de meios adequados, resultados e conseqüências. O ato moral não pode ser reduzido a um de seus elementos, mas está em todos eles, na sua unidade e nas suas mútuas relações. O ato moral assume um significado moral em relação a uma norma. O ato moral, com o auxilio da norma, se apresenta como a solução de um caso determinado, singular.
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A norma, que apresenta um caráter universal, se singulariza no ato real. A moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal.  
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Da mesma forma as transformações do fenômeno moral suscitam necessariamente a adesão de demais membros do corpo social aquela nova conduta proposta para que essa nova conduta possa ser estabelecida como uma conduta aprovada socialmente pelos demais, formatando assim novos princípios, valores ou interesses morais que passam a ser considerados como legítimos.
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A norma, que apresenta um caráter universal, se singulariza no ato real. A moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal.  
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A moral é um conjunto de normas, aceitas livre e conscientemente, que regulam o comportamento individual e social dos homens. Encontramos na moral dois planos: o normativo: constituído pelas normas ou regras de ação e pelos imperativos que enunciam algo que deve ser. E o fatual: que é o plano dos fatos morais, constituído por certos atos humanos que se realizam efetivamente 
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Os atos adquirem um significado moral: são positivos ou moralmente valiosos quando estão de acordo com a norma e negativos quando violam ou não cumprem as normas. Portanto, certos atos são incluídos na esfera moral por cumprirem ou não uma determinada norma. 
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Os atos adquirem um significado moral: são positivos ou moralmente valiosos quando estão de acordo com a norma e negativos quando violam ou não cumprem as normas. Portanto, certos atos são incluídos na esfera moral por cumprirem ou não uma determinada norma. 
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O normativo não existe independentemente do fatual, mas aponta para um comportamento efetivo, pois, toda norma postula um tipo de comportamento que considera devido, exigindo que esse comportamento passe a fazer parte do mundo dos fatos morais, isto é, do comportamento efetivo real dos homens.  
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O fato de uma norma não ser cumprida não invalida a exigência de que ela seja posta em prática. Esta exigência e a validade da norma não são afetadas pelo que acontece no mundo dos fatos. O normativo e o fatual possuem uma relação mútua: o normativo exige ser realizado e orienta-se no sentido do fatual; o realizado (o fatual) só ganha significado moral na medida em que pode ser referido positiva ou negativamente a uma norma 
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A moral efetiva compreende as normas ou regras de ação e os fatos que possuem relação com ela. Esta distinção entre o plano normativo (ou ideal) e o fatual (real ou prático) leva alguns autores a propor dois termos para designar cada plano: moral e moralidade. A moral designaria o conjunto dos princípios, normas, imperativos ou idéias morais de uma época ou sociedade determinadas. 
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A moralidade seria um componente efetivo das relações humanas concretas que adquirem um significado moral em relação à moral vigente. A moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada. Por isso, cremos que é melhor empregar um termo só: moral, indicando os dois planos, o normativo e o efetivo. Portanto, na moral se conjugam o normativo e o fatual. 
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 A moral ocorre em dois planos: o normativo e o factual. De um lado, nela encontramos normas e princípios que tendem a regulamentar a conduta dos homens e, de outro lado, um conjunto de atos humanos regulamentados por eles; cumprindo assim a sua exigência de realização. 
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A essência da moral deve ser procurada, por conseguinte, tanto num plano quanto no outro e daí a necessidade de analisar o comportamento moral dos indivíduos reais através dos atos concretos nos quais se manifesta. O sujeito pode reconhecer o motivo da sua ação, e, neste sentido, tem um caráter consciente. Mas nem sempre apresenta esta característica. 
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A pessoa impulsionada a agir por fortes paixões (ciúmes, ira, etc.), por impulsos irresistíveis ou por traços negativos do seu caráter (crueldade, avareza, egoísmo) não é consciente dos motivos de seu comportamento. Esta motivação inconsciente não permite qualificar o ato que ela estimula como propriamente moral. 
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O motivo — aquilo que induz o sujeito a realizar um ato — não é suficiente para atribuir a tal ato um significado moral, porque o agente nem sempre pode reconhecê-lo claramente. Assim sendo, o motivo de que o sujeito tem consciência faz parte do conteúdo do ato moral, e deve ser considerado quando se qualifica esse ato num sentido ou no outro. 
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Outro aspecto fundamental do ato moral é a consciência do fim visado. Toda ação especificamente humana exige certa consciência de um fim, ou antecipação ideal do resultado que se pretende alcançar. Também o ato moral implica na produção de um fim, ou antecipação ideal de um resultado. Mas o fim proposto pela consciência implica também na decisão de alcançá-lo. 
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A consciência do fim e a decisão de alcançá-lo dão ao ato moral a qualidade de ato voluntário. E, por esta voluntariedade, o ato moral – no qual o sujeito, consciente do fim, decide a realização - diferencia-se radicalmente de outros que se verificam à margem da consciência, como é o caso dos atos fisiológicos ou dos atos psíquicos automáticos – instintivos ou habituais - que
se produzem no indivíduo sem sua intervenção ou controle. 
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O ato moral implica, assim, na consciência de um fim e a decisão de realizá-lo. Esta decisão pressupõe, em muitos casos, a escolha entre vários fins possíveis que, em dadas ocasiões, se excluem reciprocamente. A decisão de realizar um fim pressupõe a sua escolha entre outros. A pluralidade de fins exige, de um lado, a consciência da natureza de cada um deles e, ao mesmo tempo, a consciência de que, numa determinada situação concreta, um é preferível aos demais. 
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A pluralidade dos fins no ato moral exige, pois: a escolha de um fim entre outros e a decisão de realizar o fim escolhido.
  Um ato moral não se completa com a decisão tomada; é necessário chegar ao resultado efetivo. Se decido concretizar determinado fim e não dou os passos necessários para isto, o fim não se realiza e, portanto, o ato moral não se produz. 
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O passo seguinte, aspecto igualmente fundamental do ato moral, é a consciência dos meios para realizar o fim escolhido e o seu emprego para obter assim, finalmente, o resultado desejado.
O emprego dos meios adequados não pode entender-se no sentido de que todos os meios sejam bons para alcançar um fim ou que o fim justifique os meios. 
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Um fim elevado não justifica o uso dos meios mais baixos, como aqueles que levam a tratar os homens como coisas ou meros instrumentos, ou a humilhá-lo como ser humano. Por isto, não se justifica o emprego de meios como a calúnia, a tortura, o suborno, etc.
O ato moral, no que diz respeito ao agente, consuma-se no resultado, ou seja, na realização ou concretização do fim desejado.
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Como fato real, todo ato moral deve ser relacionado com a norma que aplica e que faz parte do “código moral” da comunidade respectiva. Ou seja, o ato moral responde de modo efetivo à necessidade social de regulamentar, de certa maneira, as relações entre os membros de uma comunidade, o que significa que deve levar em consideração as consequências objetivas do resultado obtido, isto é, o modo como este resultado afeta aos demais.
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O ato moral supõe um sujeito real dotado de consciência moral, isto é, da capacidade e interiorizar as normas ou regras de ação estabelecidas pela comunidade e de atuar de acordo com elas. A consciência moral é, por um lado, consciência do fim desejado, dos meios adequados para realizá-lo e do resultado possível; mas é, ao mesmo tempo, decisão de realizar o fim escolhido, pois a sua execução se apresenta como uma exigência ou um dever.
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O agente moral deve responder não só por aquilo que projeta ou propõe realizar, mas também pelos meios empregados e pelos resultados obtidos. Nem todos os meios são moralmente bons para obter um resultado. Justifica-se moralmente como meio a violência que o cirurgião faz num corpo e a dor respectiva que provoca; mas não se justifica a violência física contra um homem para arrancar-lhe uma verdade.
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O ato moral possui uma qualidade social: isto é, não é algo de exclusiva competência do agente, mas que afeta ou tem conseqüências para outro, razão por que essas devem estar bastante presentes quando se qualifica um ato moral.
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O ato moral apresenta também um aspecto subjetivo (motivos, consciência do fim, consciência dos meios e decisão pessoal), mas, ao mesmo tempo, mostra um lado objetivo que transcende a consciência (emprego de determinados meios, resultados objetivos, conseqüências). Por isso, a natureza moral do ato não pode ser reduzida exclusivamente ao seu lado subjetivo. 
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Em suma: o ato moral é uma totalidade ou unidade indissolúvel de diversos aspectos ou elementos: motivo, fim, meios, resultados, e conseqüências objetivas. O subjetivo e o objetivo estão aqui como duas faces de uma mesma moeda.  O ato moral não pode ser reduzido a um dos seus elementos, mas está em todos eles, na sua unidade e nas suas mútuas relações. 
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Assim, embora a intenção preceda o resultado, isto é, preceda sua concretização objetiva, a qualificação moral da intenção não pode prescindir da consideração do resultado. Por sua vez, os meios não podem ser considerados sem os fins, e tampouco os resultados e as conseqüências objetivas do ato moral podem ser isolados da intenção, porque circunstâncias externas imprevistas ou casuais podem conduzir a resultados que o agente não pode reconhecer como seus.
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Na próxima aula vamos juntos abordar:
 Responsabilidade moral, determinismo e liberdade
Não percam e até breve!
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