Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ABRANGÊNCIA DAS AÇÕES DE SAÚDE CASO 2 OBJETIVO 1: Caracterizar a história natural da doença (febre amarela) A história natural de uma doença é uma descrição, ou seja, algo que possui uma evolução, do processo de adoecimento de um indivíduo até sua cura ou morte. Trata-se de um estudo que acaba sendo um instrumento necessário, pois aponta quais métodos podem ser utilizados na prevenção e no controle. A história natural da doença é todo tipo de interação entre três elementos: Dizemos então que esses três elementos são uma tríade epidemiológica de onde é preciso reconhecer: • Hospedeiro: se homem - idade, sexo, estado civil, ocupação, escolaridade, características genéticas, história patológica pregressa, estado imunológico e estado emocional; se animal – qual o animal, qual a espécie • Agente: biológico (microrganismos), químicos (mercúrio, álcool, medicamentos), físicos (trauma, calor, radiação) e nutricionais (carência, excesso) • Ambiente: determinantes físico-químicos (temperatura, umidade, poluição, acidentes), determinantes biológicos (acidentes, infecções) e determinantes sociais (comportamentos, organização social) ➢ Fases da história natural da doença: A história natural da doença possui dois períodos, que acontecem de forma subsequente: • período epidemiológico; • período patológico. Durante a fase epidemiológica, conhecida também como pré-patológica, a doença ocorre quando há uma ruptura no equilíbrio da saúde do hospedeiro, que acaba sendo influenciada pelos determinantes que contribuem para que a doença aconteça, especialmente quando o hospedeiro está exposto a certos riscos. O período patológico vem a seguir, quando: • já ocorreu a contaminação e a doença já se desenvolveu; • os sintomas da doença começam a se manifestar; • o corpo começa a sofrer com as perturbações causadas pelo hospedeiro. Se não houver tratamento durante a fase do desenrolar fisiopatológico e clínico da doença, o quadro da enfermidade pode evoluir para sequelas permanentes ou até a morte. ➢ É importante dizer que, na expressão “história natural da doença”, a palavra “natural” refere-se ao lado biológico da doença. Ela não deve ser considerada como oposição ou até mesmo como uma negação à questão histórica/ social da doença. Na verdade, aqui o natural (biológico) e o social têm, cada um, seu papel e não se excluem. ➢ Dizendo de outra maneira, para definirmos quais são os atos preventivos em relação a uma determinada enfermidade, é preciso estar ciente de alguns aspectos: • os fatores de risco que contribuem para que a doença aconteça; • os sintomas que um indivíduo com determinada doença pode apresentar; • como se manifesta a evolução da doença ao longo do tempo. Conhecendo esses aspectos, fica mais fácil traçar um plano de combate e prevenção à doença. ➢ Um pouco sobre a Febre Amarela: A febre amarela é uma doença infecciosa não contagiosa que se mantém endêmica ou enzoótica nas florestas tropicais da América e África causando periodicamente surtos isolados ou epidemias de maior ou menor impacto em saúde pública, sendo transmitida ao homem mediante a picada de insetos hematófagos da família Culicidae, em especial dos gêneros Aedes e Haemagogus. Os pacientes mais acometidos são geralmente indivíduos jovens, do sexo masculino, realizando atividades agropecuárias e de extração de madeira, bem como ecoturistas que se embrenham nas matas sem vacinação prévia. Clinicamente, a febre amarela pode se apresentar assintomática, oligossintomática, moderada, grave e maligna. Pode ser prevenida pelo uso da vacinação anti-amarílica mediante aplicação da vacina 17D, uma das vacinas de vírus vivo atenuado mais seguras e eficazes; recomenda-se a revacinação a cada 10 ano. O vírus da febre amarela pertence ao gênero Flavivirus da família Flaviviridae. Ele pertence ao mesmo gênero e família de outros vírus responsáveis por doença no homem, entre os quais o Dengue. ➢ A febre amarela é uma doença hemorrágica viral, como a dengue e o ebola. Ela é causada por um vírus de RNA transmitido por um mosquito Aedes aegypti ou Haemagogus – apenas as fêmeas infectadas podem, de fato, transmitir a doença e picam principalmente durante o dia. Em cerca de 80% dos casos, as infecções provocam nenhum sintoma ou sintomas leves, semelhantes à gripe ou malária, e geralmente desaparecem de 3 a 4 dias. Em cerca de 20% dos casos, a doença é muito mais grave e outros sintomas são desenvolvidos: icterícia (daí o nome febre amarela), distúrbios renais, sangramento intenso, convulsões e até coma. Embora tenha sido descoberto há 90 anos, ainda não há medicamento específico para o tratamento da doença – os pacientes só podem ser ajudados a superar a doença tratando os sintomas. Então, a prevenção é crucial. Para reduzir o risco de picadas de mosquito, é necessária uma proteção pessoal com uso de repelente, redes protetoras de portas e janelas, mosqueteiros. Além disso, o controle vetorial é muito importante, isso inclui: eliminação de água parada (criadouro), uso de inseticidas e fumigação para eliminação do inseto adulto. ➢ Ciclos de transmissão: O vírus da febre amarela mantém-se em dois ciclos básicos: um ciclo urbano simples do tipo homem-mosquito onde o Aedes aegypti responsabiliza-se pela disseminação da doença e, outro, silvestre complexo, onde várias espécies de mosquitos responsáveis pela transmissão diferem: na África, os mosquitos Aedes e na América os mosquitos Haemagogus e Sabethes. ➢ Ciclo urbano: neste ciclo, a transmissão pelo Aedes aegypti é feita diretamente ao homem sem necessitar da presença de hospedeiros amplificadores, ou melhor, o próprio homem infectado e em fase virêmica atua como amplificador e disseminador do vírus na população. Em geral, também é o homem que introduz o vírus numa área urbana. Uma vez introduzido o vírus no ambiente urbano, o paciente infectado desenvolverá viremia, pode expressar a doença e servir de fonte de infecção a novos mosquitos (Aedes aegypti). Assim, o ciclo se perpetua, até que se esgotem os suscetíveis ou se realize vacinação em massa da população para bloquear a transmissão. HND: os mosquitos transmissores do vírus são fêmeas hematófagas, ou sejam, se alimentam de sangue. Ao picarem primatas infectados, que pode ser macacos ou humanos, o vírus infecta o intestino do mosquito e migra para as glândulas salivares e permanecem ali até que o mosquito se alimente novamente. O vírus então é inoculado em outro primata, a exemplo o ser humano, por meio da picada. Ao entrar na corrente sanguínea, o vírus infecta as células do sangue para se multiplicar. Após uma grande multiplicação do vírus, ele passa para outras partes do corpo, como rins, fígado e baço, causando inflamações. ➢ Ciclos silvestres: envolve a transmissão do vírus entre primatas como, por exemplo, macacos bugios, e espécies de mosquitos encontrados na floresta, como Haemagogus e Sabethes. Mas o mosquito pode transmitir o vírus para os humanos quando entramos nas regiões de matas (trabalho ou turismo). Além de complexo, é ainda imperfeitamente compreendido e varia de acordo com a região onde ocorre. Na África, por exemplo, várias espécies de mosquitos do gênero Aedes têm sido associados com a transmissão. Os mosquitos, além de serem transmissores, são os reservatórios do vírus, desde que uma vez infectados assim permanecem por toda a sua vida, ao contrário dos macacos que, como os homens, ao se infectarem morrem ou se curam, e ficam imunes para sempre. Portanto, os macacos atuam tão somente como hospedeiros amplificadores da virose. A febre amarela silvestre é transmitida através da picada de mosquitos Haemagogus, que vivem em matas e vegetações. Quando o mosquito infectadopica um macaco, ele adoece e torna-se uma fonte de transmissão do vírus para outros mosquitos. Esses mesmos mosquitos infectados podem picar o homem que entra em contato com a área de transmissão. Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra; o macaco também não transmite a doença. É imprescindível a presença de mosquitos infectados agindo como vetores para que haja transmissão. ✓ Período de Incubação: de três a seis dias após a picada do mosquito infectado. ✓ Período de Transmissibilidade: o sangue dos doentes é infectante para os mosquitos cerca de 24-48 hs antes do aparecimento dos sintomas, de três a cinco dias após o início da doença. O período de incubação extrínseco no Aedes aegypti, dura, em média, de nove a doze dias. Uma vez infectado, o mosquito pode transmitir o vírus amarílico durante toda sua vida (3 a 4 meses). OBJETIVO 2: Conhecer as ações preventivas dos níveis primário, secundário e terciário, relacionado a história natural da doença; ➢ Para muitos autores incluindo Leavell & Clark (propuseram o modelo da história natural da doença composto por três níveis de prevenção: primaria, secundaria e terciaria) é possível identificar distintos momentos da “história natural das doenças” orientando-se pela vertente epidemiológica desse conceito, ou seja, não se limitando às considerações fisiopatológicas ou anatamo-clínicas da descrição das patologias. Do ponto de vista epidemiológico pode-se distinguir 4 fases de evolução, associados por sua vez à distintos níveis de prevenção por ações de saúde: • Fase inicial ou de susceptibilidade. – é o período que antecede às manifestações clínicas das doenças. Nessa fase, as medidas preventivas à doença são de promoção primaria, que seria: quarentena, higiene pessoal, vacinação, recomendação para utilização de equipamentos de proteção individual nos ambientes de trabalho etc. • Fase patológica pré-clínica – Nessa fase, do ponto de vista clínico, a doença ainda está no estágio de ausência de sintomatologia, embora o organismo já apresente alterações patológicas. Nessa fase, as intervenções necessárias são de diagnóstico precoce, a chama prevenção secundária – aí entra tecnologias de rastreio como o teste do pezinho, exames periódicos de saúde, procura de casos por agentes da vigilância epidemiológica etc. • Fase clínica – Ainda no período da patogênese da história natural das doenças a fase de manifestação clínica corresponde à expressão patognomônica em diferentes estágios de dano. As medidas profiláticas nessa fase são também denominadas prevenção secundária e correspondem ao tratamento adequado para interromper o processo mórbido e evitar futuras complicações e sequelas. • Fase de incapacidade residual – Na vertente patológica da concepção da evolução clínica, essa fase corresponde à adaptação ao meio ambiente como as sequelas produzidas pela doença e/ou ao controle (estabilização) das manifestações clínicas das doenças crônicas. Aqui entra o último nível de prevenção, a terciaria, que seria: A prestação de serviços de reabilitação em nível hospitalar ou ambulatorial, terapia ocupacional, reabilitação psicossocial etc. ➢ Primária (promoção da saúde e proteção específica): A promoção da saúde aparece como prevenção primária, confundindo-se com a prevenção referente à proteção específica (vacinação, por exemplo). Corresponde a medidas gerais, educativas, que objetivam melhorar a resistência e o bem-estar geral dos indivíduos (comportamentos alimentares, exercício físico e repouso, contenção de estresse, não ingestão de drogas ou de tabaco), para que resistam às agressões dos agentes. Também diz respeito a ações de orientação para cuidados com o ambiente, para que esse não favoreça o desenvolvimento de agentes etiológicos (comportamentos higiênicos relacionados à habitação e aos entornos). ➢ Secundária (diagnóstico e tratamento precoce; limitação da invalidez): Engloba estratégias populacionais para detecção precoce de doenças, como por exemplo, o rastreamento de câncer de colo uterino. Também contempla ações com indivíduos doentes ou acidentados com diagnósticos confirmados, para que se curem ou mantenham-se funcionalmente sadios, evitando complicações e mortes prematuras. Isto se dá por meio de práticas clínicas preventivas e de educação em saúde, objetivando a adoção/mudança de comportamentos (alimentares, atividades físicas etc.) ➢ Terciária (reabilitação): Consiste no cuidado de sujeitos com sequelas de doenças ou acidentes, visando a recuperação ou a manutenção em equilíbrio funcional. ➢ Alguns ainda consideram a Prevenção Quaternária. Esse nível foi desenvolvido pelo médico Marc Jamoulle (Médico de familia. Investigador em Cuidados de Saúde Primários, Charleroi, Belgica) em 1995, e está relacionada não ao risco de doença, mas ao risco por excesso de medicalização desnecessária – conjunto de medidas para evitar intervenções desnecessárias e diminuir efeitos adversos dos tratamentos. ➢ A prevenção primária refere-se a ações relacionadas aos determinantes de adoecimentos ou agravos que incidem sobre indivíduos e comunidades de modo a buscar impedir os processos patogênicos antes que eles se iniciem. A prevenção primária subdivide-se, por sua vez, em dois níveis: a promoção da saúde e a proteção específica: • Prevenção - refere-se, como apontado acima, a ações que incidem sobre melhorias gerais nas condições de vida de indivíduos, famílias e comunidades, beneficiando a saúde e a qualidade de vida de modo geral. Ex: Saneamento básico, com distribuição de água potável e esgotamento sanitário; disposição e coleta de lixo adequadas; boas condições de moradia, nutrição, trabalho e transporte; acesso a serviços etc. • O exemplo clássico de ação preventiva para proteção específica é a vacinação, ação que imuniza os suscetíveis contra um agente infeccioso, reduzindo as chances de que, ao entrar em contato com esse agente, os indivíduos sejam infectados, adoeçam, ou desenvolvam formas graves da doença. Podemos ainda citar como exemplos de medidas de proteção específica, o combate aos criadouros domiciliares do aedes egypti para o controle da dengue; o controle biológico das larvas dos anopheles para a prevenção da malária; a fluoração da água para o combate à cárie dentária; adição de iodo ao sal para combate do bócio endêmico; a distribuição de camisinhas para a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis; ➢ A prevenção secundária atua já no período patogênico, isto é, nas situações onde o processo saúde-doença já está instaurado. Ela visa, fundamentalmente, dois objetivos. Um deles é propiciar a melhor evolução clínica para os indivíduos afetados, conduzindo ao máximo o processo para os melhores desfechos, de preferência evitando a transposição do horizonte clínico ou, pelo menos, minimizando a sintomatologia. O outro é interromper ou reduzir a disseminação do problema a outras pessoas. Para atingir esses objetivos, são definidos também dois níveis de prevenção de fase secundária: • Diagnóstico Precoce e Tratamento Imediato - As medidas de diagnóstico precoce e tratamento imediato, como o próprio nome indica, devem detectar o mais rapidamente possível processos patogênicos já instalados. Exemplos de ações de diagnóstico precoce são os rastreamentos. • Limitação de Incapacidade - Aqui o objetivo é cuidar dos casos com os mais eficazes e adequados recursos para que o curso clínico possa tender, ao máximo possível, para a cura total ou com poucas sequelas, ou reduzir e retardar ao máximo as complicações clínicas, nos casos de condições crônicas (como hipertensão primária, diabetes mellitus, certos distúrbios mentais) ou cronificadas com recurso asuportes terapêuticos (como a aids ou algumas doenças autoimunes). ➢ Prevenção Terciária - Este nível de prevenção refere- se, finalmente, ao momento em que o processo saúde- doença alcançou um termo final ou uma forma estável de longo prazo, a cura com sequelas ou a cronificação, as quais também reclamam cuidados preventivos específicos. Neste plano, o objetivo é conseguir que as limitações impostas pela condição provocada pelo adoecimento ou agravo prejudiquem o mínimo possível o cotidiano e a qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidades afetadas. O alcance deste objetivo requer esforços que podem passar por medidas de reabilitação física, como no caso de restrições funcionais, seqüelas neuro-motoras ou necessidade de uso de próteses; apoios de caráter psico-emocional, como em mutilações físicas, alterações psico-motoras ou dificuldades emocionais que interfiram com a auto-imagem, a identidade, o equilíbrio mental ou a sociabilidade dos afetados; até apoios de alcance social, como readaptação no trabalho, apoio previdenciário, ajustes no ambiente doméstico, suporte jurídico contra ações discriminatórias etc. OBJETIVO 3: Determinar qual papel das esferas de gestão do SUS; ➢ Gestão Nacional O MS, Gestor Nacional do SUS, tem a função de elaborar políticas e diretrizes nacionais, bem como colaborar com os sistemas de saúde estaduais e municipais, repassar os recursos previstos em orçamento e regulá-los. A iniciativa privada que presta serviços de saúde também compõe o SUS e é regulada pelo MS em nível nacional e, regionalmente, por estados e municípios, não podendo, porém, receber repasses financeiros, salvo por ocasionais serviços prestados. O MS é, assim, a autoridade sanitária nacional, que deve garantir a assistência à saúde fundada nos princípios e diretrizes básicas do SUS: • Universalidade: atender a todos, sem distinção ou discriminação; • Equidade: tratar desigualmente os desiguais; • Integralidade: prestar assistência integral ao cidadão, de acordo com suas necessidades; • Descentralização: distribuição do poder decisório e da gestão; • Regionalização: gestão e assistência de acordo com as realidades locais, respeitando-se a direção única; • Hierarquização: oferecer assistência básica, em primeiro lugar, promovendo saúde e evitando gastos desnecessários; • Participação Social: a sociedade deve participar da gestão, regulá-la e controlá-la. As competências da União estão ainda vinculadas à participação na formulação de políticas nacionais de nutrição, meio ambiente, saneamento básico e saúde do trabalhador, bem como definir e coordenar os sistemas de redes integradas de assistência de alta complexidade, de rede de laboratórios de saúde pública, de Vigilância Epidemiológica e Vigilância Sanitária. A União, através do MS, também deve promover articulação com os órgãos educacionais (como ocorre no Programa Mais Médicos) e de fiscalização do exercício profissional, com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde e se articular também com outros órgãos governamentais para formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde. Além das já citadas, há outras atribuições, que podem ser conhecidas nas publicações produzidas para a apresentação da estrutura do SUS. Entre elas, o livro do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), “Para entender a gestão do SUS”, de 2003. Atenção! A União é, porém, apenas um dos gestores do SUS e, apesar de sua ampla abrangência de ação, deve respeitar a autonomia de cada nível de gestão. ➢ Gestão Estadual À direção estadual do Sistema Único de Saúde compete – para o bem da estrutura do Sistema e dos princípios da Descentralização e Regionalização – promover a descentralização para os municípios dos serviços e das ações de saúde, acompanhando, controlando e avaliando as redes hierarquizadas do SUS, estabelecendo normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de saúde e também no caso da Vigilância Sanitária. Os estados também devem prestar apoio técnico e financeiro aos municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde, inclusive no que diz respeito à Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária, alimentação e nutrição e saúde do trabalhador, sem esquecer de falar da participação no controle dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana. Em caráter suplementar, as secretarias de Saúde dos estados devem formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde, identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadual e regional, bem como coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros e gerir as unidades que permaneçam em sua organização administrativa. ➢ Gestão Municipal À direção municipal do Sistema Único de Saúde compete o planejamento, organização, controle e avaliação das ações e os serviços de saúde, gerindo e prestando os serviços públicos de saúde à população. Quando necessário, pode celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar, fiscalizar e avaliar sua execução. O gestor municipal deve ser ativo no planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do SUS, em articulação com a gestão estadual, e normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de atuação. Outras atribuições são: participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho, executar serviços de Vigilância Epidemiológica, Sanitária, de alimentação e nutrição, além do saneamento básico, claro. De acordo com sua realidade e para atender aos princípios do SUS, o município pode participar de consórcios intermunicipais, para garantir, principalmente, os princípios da Universalidade, Equidade e Integralidade, e deve gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros. Cada município está obrigado a dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde e a colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana, atuando junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes para controlá-las. ➢ As atribuições comuns A Lei 8080/90 estabelece, em seu artigo 15, as atribuições comuns das três esferas de governo, de forma bastante genérica e abrangendo vários campos de atuação. São definidas como atribuições comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, em seu âmbito administrativo e dizem respeito a inúmeros aspectos de gestão. Por exemplo, são competências de todas as esferas a definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde e a administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados à saúde. Em cada nível, o gestor está obrigado a acompanhar, avaliar e divulgar o nível de saúde da população e das condições ambientais, organizando e coordenando o sistema de informação em saúde. Também deve elaborar normas técnicas, padrões de qualidade e parâmetros de custos para a assistência à saúde à população, incluindo a saúde do trabalhador. Isso sem falar na gestão de pessoas, que é atribuição de cada nível de gestão, e a elaboração do Plano de Saúde, com proposta orçamentária em conformidade com o planejado. Também é o caso de lembrar que a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativosà saúde, saneamento e meio ambiente também é atribuição de todas as esferas de gestão, conforme a realidade de cada uma. Dessa forma, cabe às três esferas de governo, de maneira conjunta, definir mecanismos de controle e avaliação dos serviços de saúde, monitorar o nível de saúde da população, gerenciar e aplicar os recursos orçamentários e financeiros, definir políticas de recursos humanos, realizar o planejamento de curto e médio prazo e promover a articulação de políticas de saúde, entre outras ações. Os gestores do SUS ficam assim responsáveis por executar a política de saúde de maneira a garantir a toda a população o pleno usufruto do direito à saúde. OBJETIVO 4: Definir incidência e prevalência e os demais indicadores epidemiológicos de saúde; Os coeficientes mais utilizados na área da saúde baseiam-se em dados sobre doenças (morbidade) e sobre eventos vitais (nascimentos e mortes). • Coeficientes de MORBIDADE (doenças): Coeficiente de incidência da doença, Coeficiente de prevalência da doença, Coeficiente de letalidade. • Coeficientes de MORTALIDADE: Coeficiente geral de mortalidade (CGM), Coeficiente de mortalidade infantil (CMI), Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis. ➢ Incidência: A incidência refere-se ao número de novos eventos ou casos novos que ocorrem em uma população de indivíduos em risco durante um determinado período de tempo. Existem duas formas de se medir incidência: • incidência cumulativa e • taxa de incidência ou densidade de incidência A incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período. Traz a ideia de intensidade com que acontece uma doença numa população, mede a frequência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. Da fórmula acima fica evidente que a prevalência, além dos casos novos que acontecem (incidência), é afetada também pela duração da doença, a qual pode diferir entre comunidades, devido a causas ligadas à qualidade da assistência à saúde, acesso aos serviços de saúde, condições nutricionais da população, etc. Assim, quanto maior a duração média da doença, maior será a diferença entre a prevalência e a incidência. A incidência cumulativa fornece uma estimativa da probabilidade de um indivíduo desenvolver a doença durante um período específico de tempo e, por isso, é também chamada simplesmente de risco. Esta medida assume que todos os indivíduos identificados no início do seguimento foram acompanhados por todo o período em questão. O tempo de observação ou seguimento é variável, mas deve sempre ser claramente indicado. A fórmula proposta para incidência cumulativa (Ic) é ➢ Prevalência: A prevalência mede a proporção de indivíduos em uma população que estão acometidos da doença em um determinado momento. É, portanto, uma medida estática (análoga a uma fotografia) relacionada a um ponto no tempo, mesmo que a coleta de dados ocorra durante dias, meses ou até anos. O numerador é composto de casos ativos no momento do estudo, sejam eles recentes ou antigos. A fórmula para o cálculo da prevalência (P) é A prevalência indica qualidade do que prevalece, prevalência implica em acontecer e permanecer existindo num momento considerado. Portanto, a prevalência é o número total de casos de uma doença, existentes num determinado local e período. O coeficiente de prevalência é mais utilizado para doenças crônicas de longa duração. Ex: hanseníase, tuberculose, AIDS, tracoma ou diabetes. Casos prevalentes são os que estão sendo tratados (casos antigos), mais aqueles que foram descobertos ou diagnosticados (casos novos). A prevalência, como ideia de acúmulo, de estoque, indica a força com que subsiste a doença na população. A prevalência pode aumentar com o aumento da Incidência ou pela migração de grupos nos quais essa doença seja muito prevalente. Pode aumentar por tratamentos que prolonguem a vida (sem curar) e também por técnicas que levam a identificação da doença (diagnóstico mais fácil). A prevalência pode diminuir com novos tratamentos que curam a doença, pela diminuição da incidência ou pelo aumento da letalidade da doença, entre outros. ➢ Coeficiente de letalidade: representa a proporção de óbitos entre os casos da doença, sendo um indicativo da gravidade da doença ou agravo na população. Isso pode ser uma característica da própria doença (por exemplo, a raiva humana é uma doença que apresenta 100% de letalidade, pois todos os casos morrem) ou de fatores que aumentam ou diminuem a letalidade da doença na população (condições socioeconômicas, estado nutricional, acesso a medicamentos, por exemplo). É dado pela relação: Seu resultado é dado, portanto, sempre em percentual (%). Não deve ser confundido com coeficiente de mortalidade geral, que é dado por 1000 habitantes, e representa o risco de óbito na população. A letalidade, ao contrário, representa o risco que as pessoas com a doença têm de morrer por essa mesma doença. ➢ Coeficiente geral de mortalidade (CGM): representa o risco de óbito na comunidade. É expresso por uma razão, e pode ser calculado, como todos os demais coeficientes, também através de regra de três simples (se numa população de 70.000 habitantes tenho 420 óbitos, em 1000 habitantes terei “x”, sendo 1000 o parâmetro que permitirá comparar com outros locais ou outros tempos): Este coeficiente, no entanto, não é muito utilizado para comparar o nível de saúde de diferentes populações, pois não leva em consideração a estrutura etária dessas populações (se a população é predominantemente jovem ou idosa). Um coeficiente geral de mortalidade alto para uma população mais idosa significa apenas que as pessoas já viveram o que tinham para viver e, por isso, estão morrendo. Já para uma população mais jovem estaria significando mortalidade prematura. Para comparação de duas ou mais populações com diferentes estruturas etárias, ou de sexo, há necessidade de padronizar os coeficientes, tendo como referência uma população padrão. ➢ Coeficiente de mortalidade infantil (CMI): é uma estimativa do risco que as crianças nascidas vivas tem de morrer antes de completar um ano de idade. É considerado um indicador sensível das condições de vida e saúde de uma comunidade. Pode ser calculado por regra de três ou através da seguinte razão: ➢ Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis: é uma estimativa do risco de a população morrer por doenças infecciosas e parasitárias (tuberculose, tétano, diarreia infecciosa, aids etc.), classificadas atualmente no Capítulo I da CID- 10. Quanto mais elevado o resultado deste coeficiente, piores as condições de vida. É dado pela equação: OBJETIVO 5: Definir curva de Nelson de Moraes & Uemura; ➢ Ao avançar dos anos, cada vez mais, passou a haver necessidade de se analisarem as condições ou níveis de saúde da população visando ao diagnóstico da situação, seu acompanhamento no tempo, bem como a avaliação do que estava sendo feito do ponto de vista de planejamento e programação. Para tanto, medidas ou indicadores do estado/nível de saúde da população, sob vários aspectos, gerais ou específicos foram requeridos. Ao ser criada, logo após a II Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas procurou estabelecer indicadores de "Nível de Vida" tendo sugerido 12 componentes para sua mensuração ou avaliação; entre eles aparecia em primeiro lugar "Saúde", incluindo condições demográficas". Coube à recém-criada Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentar propostas quanto a esse componente, isto é, indicadores de saúde, e isso foi feito, aparecendo no chamado "Informe Técnicon. 137", publicado em 1955. Além daquelas que apareceram no informe, vários autores, individualmente ou em grupos também fizeram propostas de indicadores, destacando-se um dos mais conhecidos e utilizados que foi criado pelo indiano Swaroop e pelo japonês Uemura, conhecido como "Razão de Mortalidade Proporcional" ou "Indicador de Swaroop e Uemura" O indicador de Swaroop-Uemura mensurava a proporção de óbitos de 50 anos e mais em uma determinada população e discriminava muito bem, diferenciando, populações com "alto" e com "baixo" nível de saúde. Surgiu, logo a seguir, uma contribuição brasileira que era uma variante da razão de mortalidade proporcional e que foi chamada pelo autor, Nelson de Moraes,3 "Curva de Mortalidade Proporcional", que era uma projeção gráfica dos valores da mortalidade proporcional em cinco grupos etários, sendo o último, aquele de 50 anos e mais, isto é, o próprio indicador de Swaroop-Uemura. Atualmente tende-se a usar indicadores que procuram mostrar se está havendo ou não ganho de saúde com o declínio da mortalidade. Surgiram as “medidas-resumo de saúde da população”, conhecidas, em inglês, como Summary Measures of Population Health que avalia a vida média com ou sem incapacidades. Essas medidas associam mortalidade com morbidade e incapacidade e vêm sendo utilizadas pela OMS, Banco Mundial e outras agências internacionais para avaliar o que se denominou “carga da doença”. ➢ As curvas de mortalidade proporcional, ou como são conhecidas, curvas de Nelson de Moraes, receberam este nome em homenagem ao sanitarista brasileiro que as idealizou em 1959. São construídas a partir da distribuição proporcional dos óbitos por grupos etários em relação ao total de óbitos. O seu formato gráfico permite avaliar o nível de saúde da região estudada. Os grupos etários considerados nas curvas são: menores de 1 ano, 1 a 4 anos, 5 a 19 anos, 20 a 49 anos e 50 anos ou mais, correspondendo, esta última, à faixa etária do indicador de Swaroop-Uemura. As variações da curva de mortalidade proporcional representam distintos níveis de saúde, como você pode visualizar a seguir: ➢ A curva de Nelson Moraes é uma representação gráfica da mortalidade proporcional. O eixo x representa faixas etárias predeterminadas (menor que 1 ano; 1 a 4 anos; 5 a 19 anos; 20 a 49 anos; 50 anos ou mais) e o eixo y é a mortalidade proporcional para cada faixa etária representada no eixo x. A curva possui 4 tipos com formas características que correspondem a distintas condições de vida da população estudada: N invertido, L (ou J invertido), V (ou U) e J ➢ A curva de Nelson Moraes pode assumir a forma de N invertido, L (ou J invertido), V (ou U) e J. Essas formas correspondem, respectivamente, às condições de vida e de saúde muito baixas, baixas, regulares ou elevadas, indicando os níveis de vida da população. Os níveis foram assim distribuídos pelo autor: • Nível de saúde muito baixo: ao observar o gráfico é possível notar que os índices de mortalidade infantil estão elevadíssimos e o mesmo se acontece com a faixa etária de indivíduos em plena produção humana (20 a 49 anos); • Nível de saúde baixo: esse nível apresenta alta mortalidade infantil e baixa mortalidade entre os maiores de 50 anos, formando a figura de um J invertido. Em países onde a mortalidade infantil é elevada, o indicador é preocupante para a saúde pública; • Nível de saúde regular: esse nível apresenta alta mortalidade infantil, alta mortalidade em idosos e índice menor de mortalidade em adultos jovens; • Nível de saúde elevado: conhecido com J, esse nível de saúde é considerado elevado, pois apresenta um índice baixo de mortalidade infantil e a curva segue de forma ascendente (“sendo essa já esperada pela “ordem” natural das coisas) OBJETIVO 6: Identificar as doenças que necessitam de notificação compulsória, nos âmbitos nacional e estadual; ➢ É dever de todo cidadão comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fato, comprovado ou presumível, de caso de doença transmissível, sendo obrigatória a médicos e outros profissionais de saúde no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares de saúde e ensino a notificação de casos suspeitos ou confirmados das doenças relacionadas em conformidade com o artigo 7º. ➢ Os dados coletados sobre as doenças de notificação compulsória são incluídos no Sistema Nacional de Agravos Notificáveis (SINAN). Estados e municípios podem adicionar à lista outras patologias de interesse regional ou local, justificada a sua necessidade e definidos os mecanismos operacionais correspondentes. Entende-se que só devem ser coletados dados para efetiva utilização no aprimoramento das ações de saúde, sem sobrecarregar os serviços com o preenchimento desnecessário de formulários. Os parâmetros para inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória devem obedecer aos critérios a seguir: OBJETIVO 7: Diferenciar casos notificados, confirmados, descartados; ➢ Caso suspeito: o indivíduo que apresenta alguns sinais e sintomas sugestivos de um grupo de agravos que compartilha a mesma sintomatologia. Exemplo: pessoa que apresenta quadro agudo de infecção, independentemente da situação vacinal. Caso suspeito de rubéola é aquele que, independentemente do estado vacinal, apresenta quadro agudo de exantema máculo-papular e febre baixa. ➢ Caso provável: um caso clínicamente compatível, sem identificação de vínculo epidemiológico ou confirmação laboratorial. Exemplo: Na rubéola, é todo caso suspeito que apresente exantema máculopapular de início agudo, febre, se medida, maior que 37 graus Celsius, e um ou mais dos seguintes sintomas: artralgia, artrite ou linfoadenopatia ou conjuntivite. ➢ Caso confirmado: um caso que é classificado como confirmado para os propósitos de notificação e segundo os seguintes critérios: • Clínico: é o caso que apresenta somente os achados clínicos compatíveis com a doença, cujas medidas de controle foram efetuadas. Exemplo: Na difteria, a confirmação clínica se dá quando houver placas comprometendo pilares ou úvula, além das amígdalas; ou placas nas amígdalas, toxemia importante, febre baixa desde o início do quadro e evolução, em geral, arrastada. • Laboratorial: é o caso que apresentou teste laboratorial reativo para detecção de vírus, bactérias, fungos ou qualquer outro microrganismo. Por exemplo, provas bacterioscópicas (identificação do bacilo de Köch no escarro), bacteriológicas, isolamento de bactéria por CIE, imunológicas (sorologia para detecção de anticorpos da hepatite viral B). Exemplo: No sarampo, os casos confirmados laboratorialmente são todos aqueles cujos exames apresentarem IgM positivo para sarampo em amostras coletadas do 1º ao 28º dia do início do exantema. • Vínculo epidemiológico: um caso no qual a) o paciente tem tido contato com um ou mais pessoas que têm/tiveram a doença ou tem sido exposto a uma fonte pontual de infecção (i.e., uma única fonte de infecção, tal como um evento que leva a um surto de toxinfecção alimentar, para a qual todos os casos confirmados foram expostos) e b) história de transmissão do agente pelos modos usuais é plausível. Um caso pode ser considerado vinculado epidemiologicamente a outro caso confirmado se pelo menos um caso na cadeia de transmissão é confirmado laboratorialmente. Exemplo: No sarampo, os casos confirmados por vínculo epidemiológico são aqueles que apresentam quadro clínico sugestivo de sarampo, tendo como fonte de infecção comprovada um ou mais casos de sarampo com confirmação laboratorial, diagnosticado no período de 21 dias, precedendo o caso atual. Na raiva, é todo pacientecom quadro compatível de encefalite rábica, sem possibilidade de diagnóstico laboratorial, mas com antecedente de exposição a uma provável fonte de infecção, em região com comprovada circulação de vírus rábico. Descartado: aquele caso que não atende aos requisitos necessários à sua confirmação como uma determinada doença. Durante períodos de surto, os casos que estão epidemiologicamente associados ao surto podem ser aceitos como casos, enquanto que nos períodos não-epidêmicos, informação sorológica ou outros dados mais específicos podem ser necessários. ➢ Descartado: aquele caso que não atende aos requisitos necessários à sua confirmação como uma determinada doença. Durante períodos de surto, os casos que estão epidemiologicamente associados ao surto podem ser aceitos como casos, enquanto que nos períodos não- epidêmicos, informação sorológica ou outros dados mais específicos podem ser necessários. OBJETIVO 8: Conhecer as principais fontes de dados epidemiológicos e quais são os sistemas de registro de dados, nas esferas federal, estadual e municipal. ➢ Tipos de Dados - Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica são os seguintes: • Dados Demográficos e Ambientais - Permitem quantificar a população: número de habitantes e características de sua distribuição, condições de saneamento, climáticas, ecológicas, habitacionais e culturais. • Dados de Morbidade - Podem ser obtidos através de notificação de casos e surtos, de produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigação epidemiológica, de busca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras formas. • Dados de Mortalidade - São obtidos através das declarações de óbitos que são processadas pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade. Mesmo considerando o sub- registro, que é significativo em algumas regiões do país, e a necessidade de um correto preenchimento das declarações, trata-se de um dado que assume importância capital como indicador de saúde. Esse sistema está sendo descentralizado, objetivando o uso imediato dos dados pelo nível local de saúde. • Notificação de Surtos e Epidemias - A detecção precoce de surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica local está bem estruturado com acompanhamento constante da situação geral de saúde e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeito à notificação. Essa prática possibilita a constatação de qualquer indício de elevação do número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras doenças não incidentes no local, e, consequentemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial para a adoção imediata das medidas de controle. Em geral, deve-se notificar esses fatos aos níveis superiores do sistema para que sejam alertadas as áreas vizinhas e/ou para solicitar colaboração, quando necessário. ➢ Os dados de importância para a análise de situação de saúde são inúmeros e de fontes diversas. Poderíamos destacar, por exemplo, os dados sobre a população (número de habitantes, idade, sexo, raça, etc.), os dados sócio-econômicos (renda, ocupação, classe social, tipo de trabalho, condições de moradia e alimentação), os dados ambientais (poluição, abastecimento de água, tratamento de esgoto, coleta e disposição do lixo), os dados sobre serviços de saúde (hospitais, ambulatórios, unidades de saúde, acesso aos serviços), os dados de morbidade (doenças que ocorrem na comunidade) e os eventos vitais (óbitos, nascimentos vivos e mortos, principalmente). Alguns desses dados (morbidade e eventos vitais) são gerados a partir do próprio setor saúde, de forma contínua, constituindo sistemas de informação nacionais, administrados pelo Ministério da Saúde. No Brasil, há, atualmente, cinco grandes bancos de dados nacionais (CARVALHO, 1997), continuamente alimentados: o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM); o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC); o Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação (SINAN); o Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) e o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde(SIH/SUS). Além dos cinco grandes bancos de dados nacionais, há, ainda, outros que trabalham dados específicos e/ou não têm abrangência nacional, entre os quais se destacam: o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), o Sistema de Informação sobre Acidentes de Trabalho (SISCAT), o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI- PNI). ➢ Sistema de Informação de Mortalidade – SIM - é o mais antigo sistema de informação de saúde no país. Foi instituído pelo Ministério da Saúde em 1975, e dispõe de dados consolidados nacionalmente a partir de 1979. Atua como referência nacional para informações sobre mortalidade. O registro da causa de morte baseia-se na Classificação Internacional de Doenças. O documento básico é a Declaração de Óbito (DO), padronizada nacionalmente e distribuída pelo Ministério da Saúde, em três vias. A Declaração deve ser preenchida pelo médico; nos locais sem médico, o preenchimento é feito em cartório, diante de duas testemunhas. Esse documento é indispensável para o fornecimento da certidão de óbito em cartório de registro civil e para o sepultamento. As DO são coletadas pelas secretarias estaduais ou municipais de saúde, em estabelecimentos de saúde e cartórios, sendo então codificadas e transcritas para um sistema informatizado. A Secretaria de Vigilância à Saúde (MS/SVS), responsável pela gestão nacional do sistema, consolida os dados, distribuindo-o em CD- ROM. O Departamento de Informática do SUS disponibiliza as informações pela internet, tanto para download4 como para tabulações on-line. O SIM foi concebido numa época em que todo o sistema de saúde era muito centralizado e verticalizado. Um dos principais problemas para descentralizá-lo residia na dificuldade da codificação das causas básicas de óbito, o que exige a atuação de profissionais especialmente treinados para isso. Recentemente foi criado um sistema informatizado de seleção da causa básica de óbito que, acoplado ao SIM, permite o seu uso em todos os níveis do sistema de saúde, sem os problemas de codificação, e gradativamente todas Secretarias Municipais de Saúde deverão implantar e operar este sistema. O Ministério da Saúde, tem incentivado aos gestores municipais e estaduais a fazerem uso do potencial de dados contidos no SIM, para a formulação de indicadores epidemiológicos como instrumentos estratégicos de suporte ao planejamento das ações, atividades e programas voltados à gestão em saúde. O SIM funciona como fonte de dados e de informação que subsidiam a tomada de decisão em diversas áreas da assistência à saúde ➢ Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC - Propicia informações sobre nascidos vivos no país, com dados sobre a gravidez, o parto e as condições da criança ao nascer. O documento básico é a Declaração de Nascido Vivo (DN), padronizada nacionalmente e distribuída pelo Ministério da Saúde, em três vias. Para os partos realizados em hospitais e outras instituições de saúde, a primeira via da DN deve ser preenchida e é coletada pela secretaria de saúde correspondente. No caso de partos domiciliares, essa comunicação cumpre aos cartórios do registro civil. O fluxo do Sinasc é análogo ao do SIM. O Ministério da Saúde, tem incentivado aos gestores municipais e estaduais a fazerem uso do potencial de dados contidos no SINASC, para a formulação de indicadores epidemiológicos como instrumentos estratégicos de suporte ao planejamento das ações, atividades e programas voltados à gestão em saúde. O nascimento é um dos eventosvitais e seu monitoramento pode contribuir para o conhecimento da situação de saúde de uma população e a avaliação de políticas e ações de vigilância e atenção à saúde na área da saúde materno-infantil. ➢ Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN - O Sinan tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo sistema de vigilância epidemiológica, nas três esferas de governo, para apoiar processos de investigação e de análise das informações sobre doenças de notificação compulsória. Há dois documentos básicos, que complementam entre si as informações sobre cada caso notificado. O primeiro é a ficha individual de notificação (FIN), preenchida pelas unidades assistenciais a partir da suspeita clínica da ocorrência de algum agravo de notificação compulsória ou outro agravo sob vigilância. Segue-se a ficha individual de investigação (FII), que contém campos específicos de orientação para a investigação do caso. Constam ainda do sistema a planilha e o boletim de acompanhamento de surtos, assim como os boletins de acompanhamento de hanseníase e tuberculose. As secretarias estaduais ou municipais de saúde são responsáveis pela impressão, numeração e distribuição dos formulários. ❖ ATRIBUIÇÕES DAS TRÊS ESFERAS DE GOVERNO: As atribuições das três esferas de governo com relação à gestão, à estruturação e à operacionalização do Sistema de Informação Epidemiológica Informatizada, a fi m de garantir a alimentação permanente e regular de dados nacionais, estaduais e municipais, foram definidas pela Portaria MG/MS n.º 1.399 (BRASIL, 1999) e Portaria GM/MS n.º 95 (BRASIL, 2001) e Instrução Normativa SVS/MS n.º 2 (BRASIL, 2005) A seguir, apresentamos de forma sistematizada essas atribuições: → UNIÃO - Compete à SVS/MS, como gestora nacional do Sinan: I. estabelecer diretrizes e normas técnicas para o Sinan; II. prestar apoio técnico às unidades federadas para utilização e operacionalização do Sinan; III. estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados pelo nível estadual; IV. atualizar e fornecer as versões do Sinan e os modelos de instrumentos de coleta de dados para as unidades federadas; V. coordenar a seleção dos códigos correspondentes aos agravos de interesse estadual e municipal, segundo a Classificação Internacional de Doenças – CID 10; VI. consolidar os dados provenientes das unidades federadas; VII. informar às unidades federadas a ocorrência de casos de notificação compulsória, detectados em países que fazem fronteira com o Brasil, ou a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país; VIII. avaliar regularidade, completitude, consistência e integridade dos dados e duplicidade de registros, efetuando os procedimentos definidos como de responsabilidade do nível nacional, para a manutenção da qualidade da base de dados; IX. realizar análises epidemiológicas e operacionais; X. retroalimentar as informações para os integrantes do sistema; e XI. divulgar informações e análises epidemiológicas. → ESTADOS - Compete aos estados: I. consolidar os dados do Sinan provenientes dos municípios; II. prestar apoio técnico aos municípios para utilização e operacionalização do Sinan; III. coordenar a seleção dos códigos correspondentes a tabela de estabelecimentos de saúde a ser utilizada pelo Sinan; IV. estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados pelo nível municipal, respeitando os fluxos e prazos estabelecidos pela SVS/MS; V. distribuir as versões do Sinan e seus instrumentos de coleta de dados para os municípios; VI. enviar os dados à SVS/MS regularmente, observados os prazos estabelecidos nesta Portaria; VII. informar às outras unidades federadas a ocorrência de casos de notificação compulsória, detectados na sua área de abrangência (residentes em outras unidades federadas), ou a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país; VIII. informar à SVS/MS a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no país; IX. avaliar a regularidade, completitude, consistência e integridade dos dados e duplicidade de registros, efetuando os procedimentos definidos como de responsabilidade da unidade federada, para a manutenção da qualidade da base de dados; X. realizar análises epidemiológicas e operacionais; XI. retroalimentar as informações para os integrantes do sistema; XII. divulgar informações e análises epidemiológicas; e XIII. normatizar aspectos técnicos em caráter complementar a atuação do nível federal para a sua área de abrangência. → MUNICÍPIOS - Compete aos municípios: I. prestar apoio técnico às unidades notificantes; II. coletar e consolidar os dados provenientes de unidades notificantes; III. estabelecer fluxos e prazos para o envio de dados pelas unidades notificantes; respeitando os fluxos e prazos estabelecidos pela SVS/MS; IV. enviar os dados ao nível estadual, observados os fluxos e prazos estabelecidos pelos estados e pela SVS/MS; V. distribuir as versões do Sinan e seus instrumentos de coleta de dados para as unidades notificantes; VI. informar à unidade federada a ocorrência de casos de notificação compulsória, detectados na sua área de abrangência, residentes em outros municípios, ou a ocorrência de surtos ou epidemias, com risco de disseminação no País; VII. avaliar a regularidade, completitude, consistência e integridade dos dados e duplicidade de registros, efetuando os procedimentos definidos como de responsabilidade do município, para a manutenção da qualidade da base de dados; VIII. realizar análises epidemiológicas e operacionais; IX. retroalimentar os dados para os integrantes do sistema; X. divulgar informações e análises epidemiológicas; e XI. normatizar aspectos técnicos em caráter complementar à atuação do nível estadual para a sua área de abrangência ❖ A Ficha de Notificação deverá ser utilizada para: • Notificação negativa; • Notificação individual de casos suspeitos e/ou confirmados dos seguintes agravos de notificação compulsória: botulismo, carbúnculo ou “antraz”, cólera, coqueluche, dengue, difteria, doença de Creutzfeldt-Jacob, doença de Chagas (casos agudos), doença meningocócica e outras meningites, eventos adversos pós-vacinação, febre amarela, febre do Nilo, febre maculosa, febre tifóide, hantaviroses, hepatites virais, leishmaniose visceral, leptospirose, malária (em área não endêmica), peste, paralisia flácida aguda/poliomielite, raiva humana, rubéola, sarampo, síndrome da rubéola congênita, síndrome respiratória aguda grave, tétano neonatal e tétano acidental, tularemia, varíola; • Notificação individual de casos suspeitos e/ou confirmados dos seguintes agravos de interesse nacional: animais peçonhentos, atendimento anti- rábico humano e intoxicação por agrotóxico; • Notificação de casos suspeitos e/ou confirmados dos agravos de notificação de interesse estadual e municipal; • Notificação de surto: ‒ agravos inusitados de pelo menos dois casos epidemiologicamente vinculados. A notificação destes agravos deverá ser realizada por meio da abordagem sindrômica, de acordo com as seguintes categorias: diarréia aguda sanguinolenta, ictérica aguda, febre hemorrágica aguda, respiratória aguda, neurológica aguda, insuficiência renal aguda e outras síndromes (definições ver anexo A); ‒ casos agregados, constituindo uma situação epidêmica, das doenças que não constam na Lista de Doenças de Notificação Compulsória (LDNC); e ‒ casos agregados das doenças que constam na LDNC, mas cujo volume das notificações torne operacionalmente inviável o registro individualizado dos casos. Nota 1: A utilização do módulo de surtos para a notificação de agravos que constam na lista de notificação compulsóriadeve ser acordada entre os gestores federal, estadual e municipal, tanto para iniciar este processo de notificação agregada de casos, quanto para finalizá-lo. Nota 2: Quando o surto/epidemia for de agravos que constem na LDNC, pelo menos 10% dos casos deverão ser investigados e cadastrados no Sinan, utilizando o módulo de notificação individual, além de serem coletadas e processadas amostras biológicas para os referidos casos. Nota 3: Outras denominações como surto epidêmico, epidemias ou agregações de casos devem ser compreendidos como surto/epidemia para fins de notificação. Atenção: A notificação de surto/epidemias só deverá ser utilizada nos casos acima descritos, portanto, o instrumento de coleta de dados agregados não substitui a notificação individual de casos da LDNC. ➢ Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH/SUS - O SIH/SUS é gerido pela Secretaria de Assistência à Saúde, sendo seu documento básico a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), que habilita a internação do paciente e gera valores para pagamento. A AIH é preenchida pelo estabelecimento hospitalar e enviada mensalmente, em meio magnético, ao gestor municipal e/ou estadual do SUS, conforme o nível de gestão, para consolidação no nível nacional pelo Departamento de Informática do SUS. São disponíveis dados individualizados (mas não identificados) sobre o paciente e a internação, como o diagnóstico de internação, os procedimentos realizados e os valores pagos, para download e tabulações on-line. A abrangência do sistema está limitada às internações no âmbito do SUS, excluindo, portanto, as que são custeadas diretamente ou cobertas por seguro-saúde. O SIH/SUS não foi concebido sob a lógica epidemiológica, mas sim com o propósito de operar o sistema de pagamento de internação dos hospitais contratados pelo Ministério da Previdência. O sistema foi desenvolvido com a finalidade de propiciar a elaboração de alguns indicadores de avaliação de desempenho de unidades, além do acompanhamento dos números absolutos relacionados à frequência de AIHs e o valor total, entre os quais podem ser citados: tempo médio de permanência geral ou por alguma causa específica, valor médio da internação, geral ou por alguma causa específica, proporção de internação por causa ou procedimento selecionado, utilização de UTI, mortalidade hospitalar geral, ou por alguma causa, ou procedimento específico. ➢ Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS – SIA/SUS - O SIA/SUS, gerido nacionalmente pela Secretaria de Assistência à Saúde, é o sistema responsável pela captação e processamento das contas ambulatoriais do SUS, que representam mais de 200 milhões de atendimentos mensais. O documento básico é o Boletim de Produção Ambulatorial (BPA), preenchido pelas unidades ambulatoriais. Seu processamento é descentralizado na esfera estadual ou municipal, conforme o nível de gestão, para envio ao Datasus. O BPA contém o número de atendimentos realizados por tipo de procedimento e, dependendo deste, por grupo populacional. Os dados não são individualizados, fornecendo basicamente indicadores operacionais. Estão disponíveis regularmente na internet, desde julho de 1994, para download e para tabulações on-line. Para procedimentos de alta complexidade e alto custo (hemodiálise, terapia oncológica etc.), o SIA/SUS tem como documento básico a “Autorização para procedimentos de alto custo/complexidade (Apac)”. Para esses procedimentos, as informações são individualizadas e bastante detalhadas. ➢ Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) - Este cadastro substitui então os diversos cadastros existentes nos sistemas de âmbito nacional, como SIH/SUS, SIA/SUS etc. Também é gerido pela Secretaria de Assistência à Saúde. Além de registrar as características dos estabelecimentos, tais como tipo, leitos, serviços, equipamentos, o sistema registra também a mantenedora, as habilitações, sua forma de relacionamento com o SUS (regras contratuais) e seus profissionais dos estabelecimentos, com ou sem vínculo empregatício. Também são registradas equipes de Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde, permitindo então uma ampla visão dos recursos físicos e humanos existentes, SUS e não-SUS. As consultas ao CNES podem ser realizadas através do sítio do Datasus. ➢ Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) - O SI-PNI foi desenvolvido para orientar as ações do Programa Nacional de Imunizações (PNI), constituindo-se dos módulos de: Avaliação do Programa de Imunizações (API), Estoque e Distribuição de Imunobiológicos (EDI), Apuração dos Imunobiológicos Utilizados (AIU), Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV), Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão (PAIS), Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão em Sala de Vacinação (PAISSV) e Sistema de Informações dos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (SICRIE). Os documentos básicos do sistema correspondem a cada módulo, e estão implantados em todos os municípios brasileiros: boletins mensais de doses aplicadas de vacinas e de movimentação de imunobiológicos, fichas de notificação de eventos adversos, instrumento de supervisão etc. Os dados coletados referem-se ao número de indivíduos vacinados nas unidades de saúde, à movimentação dos imunobiológicos (estoque, distribuição, utilização, perdas técnicas e físicas) e à notificação de eventos adversos. Na internet, estão disponíveis dados sobre o número de doses aplicadas, desagregados por tipo de vacina, dose recebida, faixa etária e município, além de dados de cobertura da população de menores de um ano de idade e de outras faixas etárias. ➢ DATASUS: O Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) surgiu em 1991 com a criação da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), pelo Decreto 100 de 16.04.1991, publicado no D.O.U. de 17.04.1991 e retificado conforme publicado no D.O.U. de 19.04.1991. Na época, a Fundação passou a exercer a função de controle e processamento das contas referentes à saúde que antes era da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (DATAPREV). Foi então formalizada a criação e as competências do DATASUS, que tem como responsabilidade prover os órgãos do SUS de sistemas de informação e suporte de informática, necessários ao processo de planejamento, operação e controle. Em quase 25 anos de atuação, o DATASUS já desenvolveu mais de 200 sistemas que auxiliam diretamente o Ministério da Saúde no processo de construção e fortalecimento do SUS. Atualmente, o Departamento é um grande provedor de soluções de software para as secretarias estaduais e municipais de saúde, sempre adaptando seus sistemas às necessidades dos gestores e incorporando novas tecnologias, na medida em que a descentralização da gestão torna-se mais concreta. O DATASUS dispõe de duas salas-cofre, uma em Brasília e outra no Rio de Janeiro, nas quais são mantidos os servidores de rede que hospedam a maioria dos sistemas do Ministério da Saúde. A estrutura de armazenamento de dados (STORAGE) do Departamento tem condições de armazenar informações sobre saúde de toda população brasileira. Além disso, disponibiliza links espalhados em várias cidades brasileiras com conexões com todos os Núcleos Estaduais do Ministério da Saúde, Funasa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Casa do Índio e com as 27 secretarias estaduais de saúde. O DATASUS está presente em todas as regiões do país por meio das Regionais que executam as atividades de fomento e cooperação técnica em informática nos principais estados brasileiros. O acesso às informações dos bancos do DATASUS pode ser feito de duas formas: por meio de diferentes plataformas online TABNET, que podemser federais ou mesmo municipais, ou por meio do download das bases de dados integrais. O TABNET é uma ferramenta online que permite a seleção de variáveis e cruzamentos de dados para a criação de tabelas consolidadas. Embora as plataformas TABNET sejam interfaces um pouco mais amigáveis para o público em geral e que poderiam ser usadas em análises iniciais e exploratórias, um ponto crítico é que não apresentam todas as colunas existentes nos bancos de dados de interesse. Assim, os resultados são apresentados frequentemente de forma limitada e fragmentada, sendo difícil saber quais são de fato os dados disponíveis. As plataformas TABNET também podem apresentar instabilidade no acesso, de acordo com o órgão que as hospeda (veja ponto de ‘atenção’ em vermelho, abaixo). Por este motivo, recomendamos o download das bases integrais de dados. Para ter acesso completo às informações, é necessário baixar os arquivos integrais das bases, usar o software TABWIN (também disponível no site) para ao menos descompactar as bases do formato .dbc para o formato .dbf e então trabalhar com programas de análises de dados, tais como Pandas, Excel, LibreOffice ou o próprio TABWIN. O TABWIN foi desenvolvido para o sistema operacional Windows, mas é possível usá-lo no Linux via Wine.
Compartilhar