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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 1 GRUPO I – CLASSE VII – Plenário TC 024.796/2014-0 [Apenso: 017.362/2015-6] Natureza: Representação Órgão: Ministério das Cidades (vinculador) Responsável: Inês da Silva Magalhães (051.715.848-50) Representação legal: Luiz Henrique Pandolfi Miranda (OAB/DF 21.994), representando Inês da Silva Magalhães. SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CRIAÇÃO DE APARTADO EM CUMPRIMENTO AO ACÓRDÃO 2255/2014-TCU- PLENÁRIO. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA. MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO LIMITADA A 50 MIL HABITANTES. AUDIÊNCIA. RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. ACATAMENTO DAS RAZÕES RELATIVAS AO SUBITEM 9.4.1.3 E ACATAMENTO PARCIAL DAS RAZÕES RELATIVAS AO SUBITEM 9.4.1.1. REJEIÇÃO DAS RAZÕES REFERENTES AO SUBITEM 9.4.1.2. MULTA. COMUNICAÇÕES. APENSAMENTO. Relatório Reproduzo, a seguir, com os ajustes de forma pertinentes a instrução elaborada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrbana) inserta à peça 21 dos presentes autos: “INTRODUÇÃO Trata-se de processo apartado, autuado em cumprimento ao item 9.4.2 do Acórdão 2.255/2014-TCU-Plenário, a fim de ouvir em audiência a Sra. Inês da Silva Magalhães, Secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, em virtude de condutas omissivas, que implicaram infração à Lei 10.683, de 28/5/2003, art. 27, III; Decreto 4.665, de 3/4/2003, Anexo I, art. 7º; Portaria Ministério das Cidades 227, de 4/7/2003, anexo V (Regimento Interno da Secretaria Nacional de Habitação, art. 16), bem como à Portaria Interministerial 484 , de 28/9/2009, Anexo 1, item 5.1, ‘h’ e à Portaria 547, de 28/11/2011, Anexo 1, item 5.1, ‘d’. As irregularidades foram constatadas por meio de auditoria realizada na gestão do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), na vertente destinada a atender Municípios com população de até cinquenta mil habitantes, de responsabilidade da Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do Ministério das Cidades (MCidades) (Fiscalização 614/2013, TC 010.900/2013-6). Os trabalhos foram realizados em cumprimento ao Acórdão 2.110/2013 – TCU – Plenário e tinham como objetivo o atendimento de solicitação do Congresso Nacional, referente ao requerimento 315/2013, do Senador Aloysio Nunes Ferreira, aprovado pelo Plenário do Senado Federal, em 18/4/2013. A solicitação mencionada resultou de reportagens publicadas originalmente no jornal O Globo a respeito de supostas irregularidades na execução da referida vertente do PMCMV, notadamente em relação ao modus operandis da empresa RCA Assessoria, que estaria exigindo comissões indevidas em troca da liberação dos pagamentos às construtoras das obras. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 2 Diante disso e considerando as competências constitucionais deste Tribunal, o mencionado requerimento do Senado Federal solicitava a realização de auditoria para atendimento de dois objetivos específicos: verificação (i) da legalidade das empresas que operam no Programa e (ii) dos resultados da aplicação dos recursos públicos. Para a análise dos resultados da aplicação dos recursos, foram consideradas as conclusões obtidas na Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) autorizada por meio do Acórdão 1.488/2013-TCU-Plenário e consolidada no âmbito do TC 017.374/2013-8, na qual foi aferida a qualidade de obras executadas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida, na vertente que atende municípios com população de até cinquenta mil habitantes. A presente instrução tem como objetivo o exame da audiência da Sra. Inês da Silva Magalhães (peça 16), Secretária Nacional de Habitação, promovida em função das irregularidades detectadas na citada Fiscalização 614/2013. HISTÓRICO Como resultado dos trabalhos, o relatório de fiscalização (peça 50 do TC 010.900/2013- 6) apontou cinco achados de auditoria (achados 3.1 a 3.5 daquele relatório), conforme descritos a seguir: Achado 3.1 - Deficiência de controles do Ministério das Cidades na habilitação e acompanhamento das instituições que operam no programa, pois se verificou que o Ministério não possuía um processo de habilitação capaz de avaliar a real capacidade técnica e jurídica das instituições financeiras que operam no programa, nem acompanha, ainda que superficialmente, a atuação dessas instituições financeiras. E mais, os recursos são repassados a estas sem que haja uma verificação efetiva por parte do órgão do cumprimento dos contratos; Achado 3.2 - Vínculos identificados entre construtoras responsáveis pela execução das obras do programa e a empresa RCA Assessoria; Achado 3.3 - A seleção e contratação das empresas para execução das obras não é regulamentada pelo MCidades em nenhum dos normativos do programa, não é feita com base em princípios concorrenciais, não respeita os princípios constitucionais basilares, como o da isonomia e da impessoalidade, e não possui transparência adequada; Achado 3.4 - Os procedimentos adotados pelo Ministério das Cidades não asseguram que as moradias possuam padrões mínimos de habitabilidade e salubridade; até a publicação de denúncias envolvendo essa modalidade do programa, o referido órgão não realizava de forma sistemática vistorias nas casas entregues e, mesmo após as denúncias, realiza em um percentual muito baixo das moradias, tendo sido verificado, no âmbito da FOC consolidada no TC 017.374/2013-8, graves problemas de qualidade nas habitações vistoriadas; Achado 3.5 - As moradias do programa são entregues aos beneficiários sem assegurar a devida regularização fundiária, isto é, sem os devidos títulos de propriedade juridicamente válidos, sendo que estes sequer são previstos nos normativos elaborados pelo MCidades. Dentre as propostas de encaminhamento da equipe de auditoria , destaca-se a realização de audiência da Sra. Inês da Silva Magalhães, em razão das seguintes condutas: a) homologar a 1º Oferta de recursos públicos, a qual contou com instituições financeiras que declararam serem contratantes da empresa RCA Assessoria em Controle de Obras e Serviços, o que provocou desobediência ao limite legal de 15% de recursos controlados por uma única empresa (art. 6º-B, da Lei 11.977/2009); Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 3 b) não regulamentar e não controlar a forma de seleção e contratação das empresas construtoras no PMCMV Sub50, não adotando também providências no sentido de saber quais eram as empresas contratadas para execução das obras; c) não adotar providências no sentido de assegurar a entrega de moradias com padrões adequados de habitabilidade e salubridade; e d) não adotar providências necessárias para assegurar aos beneficiários do PMCMV Sub50 o recebimento das moradias acompanhadas de título de propriedade ou instrumento de legitimação de posse legalmente válidos, contrariando, dentre outros, o art. 59 da Lei 11.977/2009. À peça 51 do TC 010.900/2013-6, o titular da unidade técnica concordou na essência com todas as conclusões constantes no relatório de fiscalização. Contudo, quanto à proposta de encaminhamento sugerida, entendeu necessário proceder a ajustes, já que as evidências e as situações descritas no relatório demonstravam a ausência de controles mínimos, por parte do Ministério, no acompanhamento da execução dessa vertente do programa. Sendo assim, entendeu que a responsabilização da gestora deveria ser em virtude da má gestão na condução dessa vertente do PMCMV. O Ministro-Relator e o Pleno desta Corte alinharam-se ao entendimento do titular da unidade técnica, ensejando a prolação do Acórdão 2.255/2014, pelo qual se determinou a audiência da Sra. Inês da Silva Magalhães, pelas seguintes condutas omissivas: ‘9.4.1.1. não realização adequada da gestão do ProgramaMinha Casa, Minha Vida, no segmento de que tratam os presentes autos, caracterizada pela regulamentação insuficiente das ações conduzidas pelas instituições financeiras e agentes financeiros do Sistema Financeiro de Habitação e pela ausência de adoção de mecanismos de controle e supervisão pelo Ministério das Cidades para acompanhamento das referidas ações (achados 3.1 e 3.3); 9.4.1.2. não adoção de providências para assegurar a entrega de moradias com padrões adequados de habitabilidade e salubridade, caracterizado, dentre outros fatores, pela ausência de: (i) adequada definição das especificações mínimas exigidas para as moradias custeadas pelo programa, sobretudo na 1ª etapa; (ii) inspeções sistemáticas in loco nas moradias entregues; (iii) trabalho técnico social na 1ª etapa do programa; e (iv) ações que fomentem e favoreçam o controle social do programa (achado 3.4); 9.4.1.3. não adoção de providências necessárias para assegurar aos beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida, na vertente analisada nos presente autos, o recebimento das moradias acompanhadas de título de propriedade ou de instrumento de legitimação de posse legalmente válidos, contrariando, dentre outros, o art. 59 da Lei 11.977/2009 (achado3.5).’ Os presentes autos foram constituídos para a realização da citada audiência, em cumprimento ao item 9.4.2 do supracitado Acórdão. Com efeito, foi encaminhado o Ofício 550/2014-TCU/SecobUrban (peça 7), de 17/9/2014, o qual contou com a ciência em 18/9/2014 (peça 8). Após isso, foi recebido, em 2/10/2014, pedido de prorrogação de prazo por 15 dias (peça 9), o qual foi atendido (peça 12). Tabela 1 – Notificações realizadas com seus prazos e peças correspondentes. Notificação - Peça Assunto Destinatário Prazo Resposta - Peça 7 Audiência Inês da Silva Magalhães 15 dias 9 13 Prorrogação de prazo Inês da Silva Magalhães 15 dias 16 Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 4 Por fim, merece registro que encontra-se juntado aos autos pedido de reexame impetrado pela Advocacia Geral da União contra as determinações constantes no Acórdão 2.255/2014- TCU-Plenário, as quais estão sendo analisadas no processo TC 010.900/2013-6. EXAME TÉCNICO A defesa apresentada pela Sra. Inês da Silva Magalhães (peça 16), Secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, foi elaborada pelo corpo técnico de procuradores da Advocacia Geral da União (AGU), inexistindo assinatura conjunta da responsável. Anexo à sua defesa, constam a Nota Técnica nº 003/2014/GABIN/SNH/MCidades (peça 16, p. 33-46), que contém as manifestações apresentadas pelos gestores na ocasião do envio do relatório preliminar da equipe, em fevereiro/2014, as quais já haviam sido devidamente analisadas e consideradas no relatório final de auditoria, e a Nota Técnica nº 044/2014/GABIN/SNH/MCidades (peça 16, p. 47-63), que versa sobre o teor das determinações constantes do Acórdão 2.255/2014 – TCU – Plenário, as quais estão sendo tratadas no bojo do processo TC 010.900/2013-6. Adiante, segue a análise das manifestações, na ordem apresentada pelo subitem 9.4.1 do Acórdão supramencionado. I. - Não realização adequada da gestão do Programa Minha Casa, Minha Vida, no segmento de que tratam os presentes autos, caracterizada pela regulamentação insuficiente das ações conduzidas pelas instituições financeiras e agentes financeiros do Sistema Financeiro de Habitação e pela ausência de adoção de mecanismos de controle e supervisão pelo Ministério das Cidades para acompanhamento das referidas ações (achados 3.1 e 3.3 - item 9.4.1 do Acórdão 2.255/2015-TCU-Plenário). Situação encontrada Foram encontrados diversos problemas relacionados à gestão do programa, tendo como causa a ausência ou insuficiência de normativos ou a deficiência no acompanhamento e supervisão do programa por parte do Ministério das Cidades. Para a execução do Programa Minha Casa Minha Vida em municípios de até cinquenta mil habitantes, o Ministério efetua o cadastramento de instituições e agentes financeiros do SFH, todas estas entidades privadas, para que se responsabilizem pelos seguintes serviços: análise da viabilidade técnica, jurídica e documental das obras e serviços; assinatura de termo de acordo e compromisso com o proponente, estado ou município, bem como com os beneficiários finais do programa; acompanhamento de toda a execução das obras e serviços; recebimento dos recursos financeiros do MCidades e posterior repasse desses para pagamentos às construtoras; e fornecimento ao MCidades das informações e documentos necessários ao acompanhamento e avaliação do programa. Vê-se, portanto, que essas entidades financeiras privadas desempenham um papel chave na execução dessa vertente do programa. Nesse ponto, é de se registrar que existe um elevado risco implícito nessa forma de operar, pois os interesses de quaisquer entidades privadas são distintos e até mesmo conflitantes com os interesses de entidades públicas, já que estas devem sempre mirar o interesse da coletividade enquanto aquelas, o lucro. A auditoria revelou que o Ministério habilitava instituições financeiras que não possuíam recursos humanos nem competência técnica para realizar as atribuições que lhes eram correlatas. Por isso, boa parte delas terceirizava todo seu serviço para uma das duas empresas a seguir: RCA Assessoria em Controle de Obras – empresa que tinha como sócios ex-funcionários Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 5 da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades e deu causa às irregularidades denunciadas pelo jornal O Globo – e Família Paulista Promotora de Vendas. Segundo as regras do programa, a participação de cada instituição ou agente financeiros do SFH deveria estar restrita a, no máximo, 15% do total de recursos disponível em cada oferta pública (art. 6º-B, da Lei 11.977/2009). Contudo, como muitas instituições terceirizavam seus serviços para uma dessas duas empresas anteriormente mencionadas, juntas elas estavam gerindo mais da metade dos R$ 3,68 bilhões investidos no programa. Verificou-se ainda que, na ocasião do cadastramento das instituições financeiras, elas já informavam que não possuíam qualificação técnica nem recursos humanos para desempenhar as atividades técnicas necessárias e, por isso, previam subcontratar seus serviços a uma daquelas duas empresas. Logo, é possível inferir que o MCidades possuía conhecimento de que tanto a RCA como a Família Paulista estavam operando para muitas instituições financeiras e extrapolando, consequentemente, o percentual limite por entidade. Mesmo diante do elevado vulto financeiro que estavam sendo investidos, do relevante papel que seria desempenhado por estas instituições e do respectivo risco que isso representava, a auditoria evidenciou que o MCidades não realizava nenhum procedimento formal de supervisão permanente nem efetuava avaliações periódicas sobre a atuação dessas instituições/agentes financeiros. O repasse de recursos às mencionadas entidades era feito exclusivamente com base nos dados constantes dos relatórios mensais por elas mesmo elaborados, sem o mínimo de verificação por parte do Ministério (como a requisição de registros fotográficos), a fim de confirmar a fidedignidade das informações e ao menos se certificar de que as moradias estavam de fato sendo construídas. E mais, apontou-se que as regras definidas para reembolso das instituições financeiras propiciavam um descompasso físico-financeiro em relação à execução das obras. Por exemplo, na 1º oferta pública, as instituições/agentes financeiros recebiam 70% dos recursos destinados à construção das moradias ao concluir apenas 30% das obras, o queevidencia a ilegalidade de antecipação de pagamentos. Esse descompasso físico-financeiro também continuou, mesmo que em menor proporção, na 2º oferta pública. Nesta, as instituições/agentes financeiros passaram a receber do MCidades 65% dos recursos destinados à construção de moradias, quando da execução de 40% das unidades habitacionais. Quanto à execução das obras, apontou-se que o Ministério sequer procurou ter conhecimento sobre quais empresas construtoras essas instituições estavam contratando e nem mesmo sobre como eram realizadas essas contratações. Somente foi solicitar informações sobre quais empresas haviam sido contratadas para execução das unidades habitacionais meses depois das reportagens que denunciaram irregularidades no programa. Em relação à forma de seleção dessas empresas construtoras, o Ministério não possuía nenhum procedimento ou regramento disciplinando como deveria ser esse ponto. Informou que, em regra, a seleção das construtoras deveria ficar ao livre arbítrio de cada beneficiário do programa. Na prática, se verificou que essa escolha ficava por conta das instituições financeiras privadas que operacionalizavam o programa. Tanto é assim que se verificou na auditoria uma alta concentração de contratos sob a responsabilidade de poucas construtoras: 43,92% do total de moradias contratadas estavam centradas em apenas 40 construtoras, enquanto os outros 56,08% estavam dispersos entre cerca de 700 empresas. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 6 Por meio de recursos de tecnologia da informação, foi possível identificar que os sócios de boa parte dessas construtoras possuíam vínculos diretos e/ou indiretos com os sócios das duas mencionadas terceirizadas (RCA Assessoria e Família Paulista), o que significa que as empresas terceirizadas que tinham por obrigação analisar os projetos e fiscalizar as obras estavam contratando parceiras suas para executar os empreendimentos, fato que aumenta sobremaneira os riscos implícitos no programa. Em alguns casos, verificou-se que o sócio de algumas empresas construtoras (Setorial Construção; Artifício Assessoria e Sigma Assessoria), responsáveis por expressiva quantidade de obras do programa, era o mesmo da empresa RCA Assessoria, que, por sua vez, era ex- servidor do Ministério das Cidades, ocupando, no período de 22/03/2006 a 13/01/2009, o cargo de Diretor do Departamento de Produção Habitacional da Secretaria Nacional de Habitação, de confiança, portanto, da Secretária de Habitação, Sra. Inês da Silva Magalhães. Por tudo isso, entendeu-se que a falta de controles aliada à ausência de qualquer fiscalização, por parte do Ministério, sobre as instituições financeiras privadas estaria representando uma gestão deficiente dessa vertente do programa. Comprovou-se que a consequência dessa omissão do ministério foi danosa principalmente aos beneficiários do programa, pessoas de classe econômico-social menos favorecida, que receberam moradias em condições precárias de habitabilidade, conforme constatado por meio de vistorias in loco no âmbito da Fiscalização de Orientação Centralizada (TC 017.374/2013-8). Dentre outros problemas, foram encontradas moradias entregues sem portas nem janelas, sem reboco, sem água, sem energia elétrica. Manifestação da Sra. Inês da Silva Magalhães Segundo manifestação da Sra. Inês da Silva Magalhães, compete aos Ministérios das Cidades, Fazenda e Planejamento, Orçamento e Gestão, estabelecer as ‘condições operacionais para pagamento e controle da subvenção econômica’ no âmbito das operações que compõem o Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), do qual faz parte o Programa Minha Casa, Minha Vida, modalidade Oferta Pública. Para a responsável, o Ministério das Cidades nada mais fez que executar os regulamentos (Portarias 484/2009, 472/2009 e 152/2012) editados conjuntamente com os Ministérios aos quais foi atribuída a competência de estabelecer as ‘condições operacionais para pagamento e controle da subvenção econômica’. Dessa forma, argumenta que não pode ser atribuída responsabilidade a ela por ter regulamentado de forma insuficiente as ações conduzidas pelas instituições financeiras e agentes financeiros, já que essa regulamentação não seria competência da sua unidade, mas sim dos Ministérios das Cidades, Fazenda e Planejamento, Orçamento e Gestão, nos termos do art. 13, inciso III, do Decreto n. 7.499/2009. Em relação à ausência de regulamentação sobre a forma de seleção e contratação das empresas responsáveis pela execução das obras do PMCMV, na modalidade Sub 50, a responsável alega que as operações dessa modalidade se diferenciam das outras estabelecidas pela Lei 11.977/2009, já que se caracteriza pelo pagamento de subvenções econômicas a pessoas físicas, o qual é intermediado por uma instituição financeira sujeita a vários controles, tão somente a fim de assegurar a aplicação desses recursos nos fins previstos pela norma. A defendente acrescenta que não há que se buscar a aplicação do mesmo procedimento de seleção de construtoras nas outras vertente do programa, a exemplo da operacionalizada com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que utiliza apoio técnico da Caixa Econômica Federal para gerir os recursos, pois a modalidade Sub 50 é caracterizada pela entrega de subvenção econômica ao beneficiário, para que este, ainda que com a intermediação Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 7 de uma instituição ou agente financeiro, com a ajuda do poder público local, adquira ou produza sua moradia. Além disso, explica que a omissão da lei sobre o assunto deve-se ao fato de que as operações de aquisição ou produção das unidades habitacionais são realizadas pelos próprios beneficiários, a quem se destinam as subvenções econômicas. Seriam, portanto, operações privadas, e não atos administrativos sujeitos à aplicação dos princípios constitucionais a que se deve obediência a Administração Pública. Senão vejamos: Uma vez repassados os recursos federais às instituições e agentes financeiros, portanto, este montante passa a compor o patrimônio dos beneficiários, embora o beneficiário não possa dispor livremente sobre este, tendo em conta a necessidade de garantir a correta aplicação destas subvenções nos objetivos do PMCMV - Sub 50.000. Estes controles (intermediação por meio de uma instituição financeira, necessidade de comprovar a aplicação dos recursos nas finalidades do Programa), não impõem, entretanto, o regime público a estas operações, isto é, a aquisição ou produção das unidades habitacionais é realizada por um contrato privado firmado pelo beneficiário com a instituição financeira, ainda que com a participação do poder público local (peça 16, p. 19 e 20). Para a responsável, as normas de direito público e os princípios da administração pública só alcançariam até a etapa de pagamento da subvenção à pessoa física beneficiária. Quanto à ausência de mecanismos de controle e supervisão, a responsável alega que agiu nos termos dos regulamentos editados pelos três ministérios citados anteriormente. Dessa forma, declara que falta um dos elementos fundamentais para sua responsabilização, que nesse caso seria sua a inércia ante a obrigação de agir. Ademais, afirma que o simples fato de a servidora ser titular da unidade do Ministério das Cidades, responsável pelas políticas habitacionais desse órgão, não tem o condão de atribuir-lhe responsabilidade por toda a deficiência supostamente existente na regulamentação do programa. Segundo a responsável, a alegação da equipe de auditoria de que os procedimentos são deficientes, já que são baseados principalmente em informações prestadas pelas próprias instituições,representa, antes de mais nada, uma crítica à própria concepção do programa. Para ela, é inegável que foi o legislador quem optou por um modelo no qual as instituições e agentes financeiros são os principais atores da aplicação dos recursos públicos, como ocorre nos financiamentos imobiliários (PSH, e faixa 2 do Programa Minha Casa, Minha Vida). Adiante, a responsável enfatiza o papel das instituições e agentes financeiros no PMCMV – Sub 50, afirmando que é dessas entidades a responsabilidade pela aplicação dos recursos, já que são autorizadas a operar o programa e, inclusive, remuneradas por isso. Para a gestora, apesar de parecer lógica a conclusão da equipe de auditoria, de que essa modalidade do PMCMV necessitaria de um maior acompanhamento, essa não foi a opção do legislador, que reservou à União o papel de realizar a oferta de recursos; estabelecer a tipologia e o padrão das moradias e da infraestrutura urbana; fixar os valores e os limites das subvenções individualizadas a serem destinadas a cada beneficiário; a remuneração das instituições e agentes financeiros pelas operações realizadas; e a quantidade, condições e modalidades de ofertas públicas de cotas de subvenções. Nesse sentido, para a responsável, atribuir a responsabilidade à União pela gestão e fiscalização da aplicação destes recursos, implica em negar vigência às disposições da Lei 11.977/2009. Em seu entendimento, a responsabilidade pelo acompanhamento físico das obras, sua aderência aos projetos e a entrega dos imóveis com condições de habitabilidade competiria às Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 8 instituições financeiras e agentes financeiros, aos Estados e Munic ípios proponentes e aos beneficiários. Ademais, argumenta que não é possível imputar-lhe responsabilidade com base no art. 7º, incisos I e XIII, do Decreto n. 4.665/2003, como pretendeu a equipe de auditoria, já que os dispositivos citados não se referem à fiscalização ‘in loco’, mas sim ao acompanhamento e avaliação da política pública, a partir de dados que permitem gerar informações gerenciais. Dessa forma, faltaria à imputação feita pelo item 9.4.1.1 [do Acórdão 2.255/2014] a demonstração de que a servidora tinha o dever de agir e foi omissa. Requisito sem o qual não é possível atribuir responsabilidade por supostos atos omissos (peça 16, p. 14). Acrescenta que a União buscou chamar os beneficiários e os estados e municípios à responsabilidade, através de exigência de ateste, dos beneficiários, da plena execução das unidades habitacionais, no momento da sua entrega, e habite-se ou documentação equivalente, dos entes federativos beneficiários. Continuando, dissente do posicionamento exposto no relatório e voto do Ministro Relator do Ac. 2.555/2014, de que ‘não seria possível acolher o argumento do Ministério das Cidades de que o Órgão carecia de recursos humanos para realizar inspeções e vistorias sistemáticas nas obras, porque não haveria evidências de que tal tipo de controle sequer tenha sido previsto.’ (peça 16, p. 16) Conforme narrado pela Secretaria Nacional de Habitação (SNH), apesar dos escassos recursos (a unidade possuía seis servidores atuando na área em 2009, e atualmente possui oito), ela teria realizado diversas diligências sempre que surgiram denúncias de irregularidades na aplicação dos recursos, inclusive vistorias em obras e reuniões com as instituições financeiras habilitadas. Segundo a defendente, também não merecem prosperar as críticas feitas pela equipe técnica do Tribunal de Contas da União no tocante à atuação do Ministério das Cidades após a publicação das denúncias de irregularidades no PMCMV - Sub 50 na imprensa a partir de abril de 2013. Além da realização de vistorias ‘in loco’ em várias obras, conforme reconhecido pelo próprio Tribunal, o Ministério das Cidades deflagrou sindicância investigativa para apuração específica dos fatos noticiados, encaminhou os resultados deste apuratório ao Ministério Público Federal, solicitou à Controladoria-Geral da União a realização de uma auditoria no Programa, e encaminhou notícias dos fatos ao Ministério da Justiça para a deflagração e inquérito policial, consoante Portaria Interministerial n. 170, de 15 de abril de 2013, publicada no D.O.U. de 16 de abril de 2013, Aviso n. 18/2013, de 26 de abril de 2013, e Ofício n 2 22.12112013, de 25 de julho de 2013 (peça 16, p. 16 e 17). Alega ainda que tomou providências com base nas constatações obtidas com as fiscalizações realizadas, antes e depois das denúncias publicadas na imprensa, em início de 2013. Ademais, o Ministério das Cidades suspendeu a realização de nova oferta pública e estendeu a modalidade do PMCMV, que utiliza recursos do FAR, para municípios com até 50 mil habitantes (Portaria 363, de 12 de agosto de 2013). Afirma que a sugestão da equipe de auditoria, quanto à suspensão de novas obras do PMCMV Sub 50, após as denúncias, é inapropriada, tendo em vista que interromper o início de novas obras implicaria além de descumprimento dos regulamentos das 1ª e 2ª ofertas, frustraria as expectativas dos municípios e beneficiários já contratados, com base em denúncias ainda não completamente esclarecidas (peça 16, p. 17). Por fim, argumenta que não há como atribuir à Secretária Nacional de Habitação responsabilidade por suposta conduta omissiva na regulamentação e no acompanhamento e controle do PMCMV - Sub 50.000, já que não restou demonstrado no Acórdão n. 2.255/2014- Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 9 Plenário nem o dever de agir da servidora, que não era competente sozinha para a regulamentação do Programa, tendo agido nos estritos termos da Lei n. 11.977/2009 e dos regulamentos editados pelos Ministérios das Cidades, da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão (peça 16, p. 17). Análise Quanto à primeira alegação da responsável, de que não poderia ser imputada responsabilidade a ela, já que não era apenas de sua competência a definição das regras normativas sobre o programa, é necessário, primeiramente, identificar a responsabilidade de cada mistério na regulamentação do Minha Casa, Minha Vida Sub50, já que as normas são editadas por mais de um. Vale mencionar que o fato de ela possuir uma competência conjunta com outros gestores, não é argumento suficiente para excluir a responsabilidade pela sua omissão. Portanto, se fosse o caso, caberia, no mínimo, a responsabilização solidária dos responsáveis que tem o dever de atuarem conjuntamente e no limite de suas competências, e assim não o fizeram. Nos termos do caput do art. 10 da Lei 11.977/2009, compete aos Ministérios da Fazenda e das Cidades a regulamentação e a gestão do Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), do qual o MCMV faz parte, no âmbito de suas respectivas competências. Dessa forma, conforme afirmado pela responsável, realmente cabe aos três ministérios a regulamentação das normas, no entanto, cada órgão deverá agir nos limites de suas competências institucionais. Nesse caso, será demonstrado que a Lei 11.977/2009 e seu Decreto 7.499/2009 são claros ao exigirem a atuação dos Ministérios da Fazenda e Planejamento somente quando se falar em orçamento e recursos financeiros, ou seja, no âmbito de suas competências. Não haveria de ser diferente, já que, conforme dispõe a Lei 10.180, de 6/2/2001, esses ministérios são os órgãos centrais dos sistemas de administração financeira e planejamento e orçamento federais. Art. 4º Integram o Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal: I - o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, como órgão central; (...) Art. 11. Integram o Sistema de Administração Financeira Federal: I - a Secretaria do Tesouro Nacional[do Ministério da Fazenda], como órgão central;(Lei 10.180/2001) Dessa forma, a presença dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento nada mais é do que uma exigência da Lei 10.180/2001, tendo em vista que a concessão de subvenções econômicas terá impacto tanto orçamentário como financeiro. Da leitura do art. 24 da Lei 11.977/2009, pode-se extrair a mesma conclusão: Art. 24. Os recursos vinculados ao PNHU [Programa Nacional de Habitação Urbana] e ao PNHR [Programa Nacional de Habitação Rural], previstos neste Decreto, serão transferidos para a CEF, na qualidade de gestor operacional, pelo Ministério das Cidades, conforme programação orçamentário-financeira a ser definida pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão. Portanto, não é razoável considerar que caberia aos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, definir, no momento de elaborar normas em conjunto com o Ministério das Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 10 Cidades, regras sobre o funcionamento e gestão do programa, que são de competência exclusiva desse último. Identificados os papeis do Ministério da Fazenda e do MPOG, passa-se à verificação do papel do Ministério das Cidades. Para tanto, recorre-se aos termos do art. 11, inciso I, do Decreto 7.499/2009, o qual estabelece que cabe a este a regulamentação do PNHU, quanto à fixação das diretrizes e condições gerais de operacionalização. Da mesma forma, o art. 27, inciso III, da Lei 10.683/2003, atribuiu ao Ministério das Cidades a responsabilidade pelo planejamento, regulação, normatização e gestão da aplicação de recursos em políticas de habitação. Por sua vez, o Decreto 4.665/2003 remeteu, dentro da estrutura do Ministério das Cidades, à SNH tais competências, que incluem o acompanhamento e a avaliação do PMCMV Sub 50. Lei 10.683/2003 Art. 27. Os assuntos que constituem áreas de competência de cada Ministério são os seguintes: III - Ministério das Cidades: d) política de subsídio à habitação popular, saneamento e transporte urbano; e) planejamento, regulação, normatização e gestão da aplicação de recursos em políticas de desenvolvimento urbano, urbanização, habitação, saneamento básico e ambiental, transporte urbano e trânsito; (grifo nosso) Decreto 4.665/2003 Art. 7º À Secretaria Nacional de Habitação compete: I - formular e propor, acompanhar e avaliar os instrumentos para a implementação da Política Nacional de Habitação, em articulação com as demais políticas públicas e com as instituições e órgãos voltados para o desenvolvimento urbano, regional e social, visando à universalização do acesso à moradia, incluindo a rural; II - promover e acompanhar a consolidação e modernização da legislação do setor habitacional; Portanto, resta evidente que questões relativas à operacionalização/funcionamento do PMCMV são de competência normativa do MCidades, o que abrange inclusive o pagamento das instituições e agentes financeiros prestadores de serviços ao governo e os percentuais de liberação das subvenções para construção das casas. Esses dois aspectos são analisados adiante como deficiências normativas do PMCMV. Em relação à liberação dos recursos das subvenções e da remuneração das instituições e agentes financeiros, a Lei 11.977/2009 estabelece as seguintes regras de normatização: Art. 6º-B (...) § 1º O Poder Executivo federal disporá necessariamente sobre os seguintes aspectos: (...) II - remuneração das instituições e agentes financeiros pelas operações realizadas; (...) Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 11 Art. 8º Caberá ao Poder Executivo a regulamentação do PNHU, especialmente em relação: (...) V – ao estabelecimento das condições operacionais para pagamento e controle da subvenção econômica. Visando regulamentar tais dispositivos, o Decreto 7.499, de 16/6/2011, imputou ao Ministério das Cidades, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), a regulamentação dos aspectos acima elencados, nos seguintes termos: Art. 10. (...) § 2º Para a concessão de subvenção econômica nas operações de que trata o caput, fica estabelecido que a instituição ou agente financeiro participante somente poderá receber recursos até o máximo de quinze por cento do total ofertado em cada oferta pública, considerado o limite de cem unidades habitacionais por município, na forma regulamentada em ato conjunto dos Ministérios das Cidades, da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, que disporá sobre os seguintes aspectos: (...) II - remuneração das instituições e agentes financeiros pelas operações realizadas; (...) Art. 13. Os Ministros de Estado das Cidades, da Fazenda e do P lanejamento, Orçamento e Gestão fixarão, em ato conjunto: (...) III - as condições operacionais para pagamento e controle da subvenção econômica. (grifo nosso) Obedecendo aos mandamentos da Lei 11.977/2009 e Decreto 7.499/2011, os ministérios editaram as Portarias Interministeriais n. 472/2009 e 152/2012, as quais regulamentaram os temas acima expostos, no âmbito das 1º e 2º Ofertas Públicas, respectivamente. Foram nessas portarias que ficaram definidos os percentuais de liberação de recursos para pagamento das instituições financeiras e subvenções econômicas para execução das obras e, conforme relatado anteriormente, foram apontadas deficiências na fixação desses percentuais, tendo em vista que existe um descompasso financeiro entre o que é pago e o que é entregue, caracterizando antecipação de pagamento. Os arts. 62 e 63 da Lei n. 4.320, de 17/3/1964, pressupõem a regular liquidação da despesa para o pagamento de determinado encargo executado. Ou seja, a efetiva prestação do serviço ou fornecimento do objeto contratado, para, daí sim, efetuar-se a contraprestação remuneratória. O art. 65, alínea ‘c’, da Lei de Licitações (Lei 8.666/1993) também veda a antecipação de pagamento. Nesse mesmo sentido, a jurisprudência do Tribunal de Contas da União é pacífica no sentido de somente admitir esse tipo de antecipação em situações excepcionais. É o que dispõe o trecho do Voto do Acórdão 1.016/2013-TCU-Plenário: Acórdão n. 1.016/2013-TCU-Plenário: Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 12 7. Quanto ao argumento de que a legislação não veda a realização de pagamento antecipado, a jurisprudência do Tribunal é clara no sentido de somente admitir esse tipo de antecipação em situações excepcionais , conforme aponta a unidade técnica, situações em que ficar demonstrada a existência de interesse público, em que esse tipo de pagamento estiver previsto no edital de licitação e quando forem exigidas as devidas garantias (Acórdãos 918/2009-Plenário, 3332/2012-Plenário, dentre outros). No caso concreto, nenhuma dessas condições foi observada. 8. O pagamento antecipado expõe desnecessariamente a administração ao risco de não ter o serviço prestado e por isso constitui irregularidade grave . (grifo nosso) Ademais, conforme delimitado inicialmente, tal assunto é intrínseco às competências institucionais do MCidades, o qual, conforme dispõe o art. 11, inciso I, do Decreto 7.499/2009, é competente para fixar as diretrizes e condições gerais de execução do PNHU, ao qual o PMCMV está vinculado. Mais especificamente, dentro da estrutura do MCidades, é competência da SNH a definição de tais limites, já que a política habitacional e a modernização de sua legislação estão sob sua responsabilidade (art. 7º, inc. I e II, do Decreto 4.665/2003). Além das deficiências normativas, foi também apontada ausência de normatização nosprocedimentos de seleção e contratação de construtoras, no âmbito do PMCMV Sub 50. Esse também é assunto intrínseco à operacionalização do PMCMV e, conforme dispõe o art. 27, inciso III, da Lei 10.683/2003, está sob responsabilidade do Ministério das Cidades o planejamento, regulação, normatização e gestão da aplicação de recursos em políticas de habitação. Dessa forma, indispensável à Secretária Nacional de Habitação seria o acompanhamento e a regulamentação da seleção dessas construtoras, bem como o estabelecimento de controle para assegurar a boa execução do programa, já que o resultado dos serviços prestados por tais empresas é determinante para a efetividade da política pública de habitação. Nesse sentido, é de se ressaltar que seria de suma importância a definição de critérios mínimos a serem observados pelas instituições, na ocasião da seleção das construtoras, para evitar que fossem contratadas empresas ‘aventureiras’, sem expertise na área. Contudo, o MCidades não definiu esses critérios, fato este que contribuiu para a quantidade de obras executadas com qualidade deficiente, conforme verificado nas fiscalizações realizadas no âmbito do TC 017.374/2013-8 e detalhado no próximo item deste relatório. Permitir a seleção das empresas construtoras ao livre arbítrio de entes privados, sem a definição de quaisquer critérios para seleção destas, representa um desrespeito aos princípios constitucionais a que está submetida a Administração Pública, dentre os quais se destacam o da isonomia, legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência e até mesmo publicidade, já que estaria havendo a contratação de empresas para executar obras custeadas com recursos públicos sem adequada transparência à sociedade. Outro argumento apresentado pela responsável para não regulamentar a seleção das construtoras é de que o regime público não seria aplicável às operações nesta vertente do programa, pois a aquisição ou produção das unidades habitacionais seria realizada por um contrato privado firmado pelo beneficiário com a instituição financeira, ainda que com a participação do poder público local. Dessa forma, as regras de direito público só poderiam ser aplicadas até a etapa de pagamento da subvenção, já que, no momento do repasse dos recursos às instituições financeiros, esse montante passa a compor o patrimônio dos beneficiários, embora o beneficiário não possa dispor livremente sobre este. Novamente, os argumentos da responsável não merecem acolhimento. Deve-se destacar que as subvenções econômicas, acima de tudo, são recursos públicos e, portanto, o Ministério Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 13 das Cidades, como gestor de tais recursos, deve, conforme dispõe o art. 27, inciso III, ‘e’, da Lei 10.683/2003, planejar, regular, normatizar e gerir a sua aplicação. Dessa maneira, apesar de a aplicação desses recursos ser realizada por intermédio de instituições financeiras privadas, são submetidos sim a normas de direito público e aos princípios da administração pública, e, portanto, caberia ao gestor, no caso o Ministério das Cidades, gerenciar a sua boa e regular aplicação, com o intuito de dar efetividade à política pública de habitação. Da mesma forma, não obstante o programa destinar, legalmente, a subvenção econômica ao beneficiário para construção de sua moradia, o que se observa é que em momento algum este tem efetivo poder de decisão no gerenciamento dos recursos a ele destinados , já que são as instituições financeiras privadas as responsáveis pela análise da viabilidade dos empreendimentos bem como pela contratação e acompanhamento das obras. Portanto, entende-se caracterizada a omissão da responsável na regulamentação da contratação das construtoras, atividade esta que, frise-se, era de competência do Ministério das Cidades, mais especificamente da Secretaria Nacional de Habitação. No que concerne à ausência de mecanismos de controle e supervisão, os dispositivos expostos anteriormente declaram a competência do Ministério das Cidades na regulamentação e na gestão do PMCMV (Art. 10, da Lei 11.977), que envolvem também o acompanhamento das operações do programa. As competências do Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de Habitação estão dispostas na Lei 10.683/2003, art. 27, inciso III, ‘e’, a qual atribui a gestão da política de nacional de habitação ao Ministério das Cidades, e no Decreto 4.665/2003, art. 7º, inciso I e XIII, que confere à Secretária Nacional de Habitação a responsabilidade pelo acompanhamento e avaliação dessa política, a qual abrange o PMCMV Sub 50. Decreto 4.665/2003 Art. 7º I - formular e propor, acompanhar e avaliar os instrumentos para a implementação da Política Nacional de Habitação, em articulação com as demais políticas públicas e com as instituições e órgãos voltados para o desenvolvimento urbano, regional e social, visando à universalização do acesso à moradia, incluindo a rural; (...) XIII - acompanhar e avaliar o desempenho físico-financeiro das ações e programas da Secretaria, elaborando informações gerenciais para o processo de tomada de decisões. (grifo nosso) Embora a legislação supracitada não especifique, de modo detalhado, quais ações estão relacionadas ao acompanhamento e avaliação do desempenho físico-financeiro das ações e programas da secretaria, conclui-se inequivocamente que se tratam de todas aquelas que necessárias ou suficientes para a boa gestão destes. Segundo ensinamento de Enrique Saraiva, o ciclo de uma política pública envolve as seguintes fases: definição de agenda, elaboração, formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação. Para o autor, acompanhamento é o processo sistemático de supervisão da execução de uma atividade, que tem por objetivo fornecer a informação necessária para introduzir eventuais correções a fim de assegurar a consecução dos objetivos estabelecidos (Saraiva, E. (2006). Introdução à teoria da política pública. In: E. Saraiva, & E. Ferrarezi, Políticas públicas: coletânea (Vol. V.1, pp. 21-42). Brasília: ENAP). Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 14 Portanto, era de se esperar alguma supervisão do órgão ministerial no programa, ainda que fosse mínima. Porém, foi evidenciado na auditoria que o Ministério repassava o recurso com base exclusivamente nas solicitações das instituições financeiras, sem fazer nenhum tipo de questionamento nem verificação para confirmar se as obras estariam de fato com o avanço físico informado pelas entidades privadas, bem como se estavam sendo executadas com qualidade satisfatória. Como já mencionado, as fiscalizações aos empreendimentos revelaram uma grande sorte de problemas, haja vista terem sido verificadas inúmeras unidades entregues sem condições mínimas de habitabilidade. A Controladoria Geral da União realizou também outra expressiva quantidade de fiscalizações em empreendimentos do programa, tendo sido identificadas as mesmas irregularidades verificadas por esta Corte, o que demonstra a recorrência da baixa qualidade das moradias entregues. A realização de inspeções in loco, por parte do Ministério, permitiria a identificação das irregularidades apontadas pela equipe de auditoria e possibilitaria a sua correção tempestiva. Ainda que, dada à insuficiência de recursos humanos, a fiscalização fosse esporádica, seria possível ao Ministério observar as reais condições das habitações que estavam sendo entregues e, assim, intervir para exigir uma melhor qualidade. Dessa forma, tendo em vista que se comprovou que a responsabilidade pela gestão do PMCMV Sub 50 é da Secretária Nacional de Habitação, do Ministério das Cidades, pode-se concluir que as alegações daresponsável, de que agiu conforme regulamentos editados pelos Ministérios das Cidades, Fazenda e Planejamento e de que a responsabilidade pelo acompanhamento físico das obras seria exclusiva das instituições financeiras e beneficiários, não merecem prosperar. Na verdade, os argumentos apresentados apenas tentam negar uma competência que legalmente lhe foi imputada, pela Lei 10.683/2003 e pelo Decreto 4.665/2003. De igual modo, não prospera a alegação de que foi o legislador quem optou por um modelo no qual as instituições financeiras são o principal ator da aplicação dos recursos públicos, como ocorre nos financiamentos imobiliários. Nesse aspecto, as disposições normativas já expostas anteriormente são bastantes para negar tal alegação. De fato, o que o legislador fez foi estipular as diretrizes para operacionalização do programa, munindo o Ministério das Cidades de todas as competências necessárias para bem complementar a forma de operar, controlar e supervisioná-lo. Reforça esse entendimento o fato de que, nas demais vertentes do Minha Casa Minha Vida, todas apoiadas nas mesmas leis e decretos anteriormente mencionados, o Ministério das Cidades usualmente expede portarias disciplinando as formas de atuação, os critérios mínimos de projeto e outros pontos que poderiam suscitar dúvidas ou controvérsias. Bastaria, assim, expedir portarias regulamentares também para essa vertente do programa. No mais, embora os beneficiários possam exercer algum tipo de ingerência e controle social sobre esses empreendimentos, a responsabilidade governamental não pode ser simplesmente delegada a essas pessoas físicas. O órgão ministerial não é, pois, um mero repassador de recursos públicos, mas sim o gestor e detentor de toda a política pública habitacional. De modo similar, não se pode conceber a delegação de competência tão relevante para as instituições financeiras intermediárias, entidades majoritariamente de natureza privada, sem nenhum acompanhamento e avaliação pelo órgão repassador. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 15 Além disso, por se tratar de uma política pública, ainda que haja a participação de terceiros privados em qualquer instância de sua execução, cabe ao MCidades, especificamente à SNH, nos termos da citada legislação pertinente ao tema, o planejamento, a regulação, a gestão e a avaliação do desempenho do programa. Conforme afirmado pela equipe de auditoria, a implementação de política pública por meio de instituições majoritariamente de natureza privada deveria ser amparada por instrumentos eficazes para acompanhamento e avaliação do trabalho dessas instituições. Não é o que se observa no caso do PMCMV Sub50 (peça 28, p. 32 do TC 010.900/2013-6). Consoante as evidências contidas no relatório de auditoria e sumariamente expostas nos parágrafos anteriores desta instrução, transparece uma omissão ministerial na condução dessa vertente do programa. Recupere-se, conforme registrado em parágrafos anteriores, o elevado risco a que estava submetido o Ministério por estar operando essa vertente do programa por meio de repasses a entidades privadas, que visam primariamente maximizar seus lucros. Nesse ambiente, era de se esperar de um gestor médio que realizasse alguma supervisão para verificar a boa e regular aplicação dos recursos, o que independe da expedição de leis ou normas, sendo necessário para tanto apenas destinar alguma equipe de servidores a realizar inspeções nos empreendimentos, ainda que fossem periódicas. Consoante dados obtidos no relatório de gestão da SNH de 2014, a Secretaria de Habitação contava com um efetivo de 84 servidores e, sendo o Minha Casa Minha Vida o principal programa sob sua responsabilidade, era razoável esperar que fosse designada uma equipe, ainda que diminuta, para acompanhar, ao menos por amostragem, a adequada execução desse programa. Quanto à natureza das operações de aquisição pelos beneficiários, não se pode sustentar que se trata de relação estritamente privada. Ressalta-se que o financiamento das construções habitacionais é inteiramente público, oriundos do Orçamento Geral da União (OGU) (art. 2º, inc. III, da Lei 11.977/2009), o que, por si só, já afasta a tese trazida pela responsável. Assim, ao contrário do que afirma a gestora, os princípios da administração pública alcançam todas as etapas do programa, desde a seleção dos beneficiários até a entrega das obras. Vale transcrever o art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988, que afirma: Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Caso houvesse a transferência total de responsabilidade às empresas privadas, fugiria do poder público o controle e a direção de sua própria política socioeconômica. E não somente isso, incorreria o órgão no risco de ver o seu alto dispêndio financeiro ser empregado de forma ineficaz e/ou ineficiente, maculando todo o programa e não atingindo os objetivos propostos. Sobre as justificativas apresentadas de que teria havido a realização de diversas diligências sempre que ocorriam denúncias de irregularidades, inclusive realização de vistorias em obras, entende-se, mais uma vez, que não merecem prosperar. Isso porque a equipe de auditoria constatou, conforme Relatório de Fiscalização (peça 50), que o ministério só começou a tomar providências após decorridos oito meses da publicação, na imprensa, de denúncias de irregularidades no PMCMV Sub 50 e, ainda assim, somente após o TCU e a CGU já estarem realizando auditorias nessa vertente do programa, o que demonstra uma significativa morosidade por parte do MCidades para, mesmo diante de denúncias de irregularidades, adotar medidas mínimas de supervisão. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 16 Por todo o exposto, propõe-se a rejeição das razões de justificativa apresentadas pela Sra. Inês da Silva Magalhães, Secretária da SNH, acerca dos diversos problemas relacionados à gestão do programa, tendo como causa a ausência ou insuficiência de normativos e a deficiência no acompanhamento e supervisão do programa por parte da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades. II. –Não adoção de providências para assegurar a entrega de moradias com padrões adequados de habitabilidade e salubridade, caracterizado, dentre outros fatores, pela ausência de: (i) adequada definição das especificações mínimas exigidas para as moradias custeadas pelo programa, sobretudo na 1ª etapa; (ii) inspeções sistemáticas in loco nas moradias entregues; (iii) trabalho técnico social na 1ª etapa do programa; e (iv) ações que fomentem e favoreçam o controle social do programa (achado 3.4 - item 9.4.2 do Acórdão 2.255/2015-TCU-Plenário). Situação Encontrada Este achado se baseou nas conclusões obtidas na Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) autorizada por meio do Acórdão 1.488/2013-TCU-Plenário e consolidada no âmbito do TC 017.374/2013-8, com o objetivo de aferir a qualidade de obras executadas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida, na vertente que atende municípios com população de até cinquenta mil habitantes. Foi verificado que os procedimentos adotados pelo Ministério das Cidades não asseguravam que as moradias fossem entregues com padrões adequados de habitabilidade e salubridade, conforme previsto nos itens 1 e 2, alínea ‘g’, da Portaria 484/2009, caracterizados, dentre outros fatores, pelas ausências de: a) adequada definição das especificações mínimas exigidas para moradias custeadaspelo programa, sobretudo na 1º Oferta Pública; b) inspeções sistemáticas in loco nas moradias entregues; c) trabalho técnico social na 1º etapa do programa; e d) ações que fomentem e favoreçam o controle social do programa. No que concerne às especificações, a equipe constatou que o Ministério das Cidades não regulamentou, de forma suficiente e adequada, os critérios mínimos exigidos para se atingir, na operacionalização do programa, os parâmetros de habitabilidade e salubridade. Segundo o relatório de auditoria, no item 8.2 da Portaria Interministerial 484/2009 (1º Oferta Pública), consta apenas que as unidades habitacionais deverão contar com: a) área útil de trinta e dois metros quadrados; b) sala, dois quartos, banheiro, cozinha e área de serviço’ (peça 28, p. 221 do TC 010.900/2013-6). Tais especificações não seriam suficientes para garantir padrões adequados de habitabilidade. Para a 2º Oferta Pública (Portaria Interministerial 547/2011), a equipe identificou algumas melhorias nas especificações, porém fazendo menção de que as unidades deveriam contar com infraestrutura básica que incluísse vias públicas de acesso, iluminação pública, solução de esgotamento sanitário e de drenagem de águas pluviais, ligações domiciliares de abastecimento de água, e energia elétrica, além de aumento da área útil das unidades habitacionais (36 m²) e definições para pé direito mínimo, cobertura, revestimentos internos e externos, pisos, instalações elétrica/telefônica, etc. Quanto à ausência de inspeções in loco, a equipe identificou, conforme já mencionado no item anterior desta instrução, que o Ministério das Cidades não realizava procedimento formal de supervisão permanente nem efetuava avaliações periódicas sobre a atuação das instituições/agentes financeiros para verificar em quais condições as obras estariam sendo entregues. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 17 Segundo análise da equipe de auditoria, o acompanhamento do programa pelo Ministério das Cidades não era satisfatório, posto que baseado exclusivamente em informações fornecidas pelas instituições/agentes financeiros, os quais não continham nem mesmo registros fotográficos, sem que fossem realizados quaisquer questionamentos nem mesmo inspeções in loco para verificar a fidedignidade das informações. Como resultado dessa falta de acompanhamento/supervisão das obras executadas e entregues aos beneficiários, tem-se o elevado percentual de irregularidades detectadas na FOC realizada por este Tribunal. Segundo o relatório de auditoria (peça 50 do TC 010.900/2013-6), todas as obras vistoriadas apresentaram deficiência na execução de serviços, senão vejamos: Tabela 2 – Falhas de qualidade em unidades habitacionais inspecionadas pelo TCU. Irregularidade/Falha encontrada % de ocorrência da amostra Execução de serviços com qualidade deficiente 100 Projeto executivo deficiente 70 Perdas econômicas e sociais decorrentes da não execução concomitante de serviços essenciais à funcionalidade da obra 60 Obra entregue sem estar devidamente concluída 30 Inexecução ou execução parcial do objeto 20 Inobservância dos requisitos legais e técnicos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou mobilidade reduzida 10 Conforme já mencionado, a Controladoria Geral da União realizou também expressiva quantidade de inspeções a outros empreendimentos e identificou, de modo também sistêmico, as mesmas irregularidades verificadas por esta Corte. Ou seja, as irregularidades verificadas na FOC não são apenas pontuais, mas sim recorrentes em boa parte dos empreendimentos e moradias entregues. Apontou-se, ainda, que a ausência de fiscalização e inspeção das unidades habitacionais entregues não permitia a retroalimentação das informações utilizadas na formulação do programa. Desse modo, não havia, por exemplo, como o Ministério das Cidades se certificar nem da suficiência dos recursos, de R$ 12 mil a R$ 16 mil, na 1ª etapa (2009), e de R$ 25 mil, na 2ª etapa (2012), para execução das moradias nos parâmetros almejados. Sobre esse ponto, a Lei 11.977/2009 não definiu o valor da cota por unidade habitacional. Desse modo, na 1ª Oferta Pública, por exemplo, para qual a Lei destinou R$ 1 bilhão, poderiam ter sido executadas menos unidades com um valor de cota superior, não tendo sido esta a decisão na formulação da política pública. Ao contrário, buscou-se atingir um maior público de beneficiários com o mesmo recurso, sem, contudo, se dispor de meios adequados para supervisão do que se pretende executar. Outra falha identificada foi a ausência de trabalho técnico-social na 1º Oferta Pública, sendo realizado apenas no âmbito da 2º Oferta Pública (Portaria 547/2011). Esse tipo de trabalho, além de ser uma importante fonte de informação sobre as condições em que as moradias são entregues, é imprescindível para garantir a perenidade do empreendimento, ajudar na inclusão social dos beneficiários e contribuir, consequentemente, para a eficácia da política habitacional. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 18 Por fim, o Ministério das Cidades não dispunha de canais de comunicação efetivos e eficazes com os beneficiários do programa e tampouco exigia que as instituições e agentes financeiros os implementassem, de forma que o controle social do programa não foi incentivado pelo ministério, como por exemplo a participação de conselhos comunitários e outras formas de mobilização da comunidade local. Manifestação da Sra. Inês da Silva Magalhães Quanto às especificações técnicas mínimas para as unidades habitacionais, a defendente alega que a responsabilidade pela definição da tipologia e do padrão das moradias na 1º oferta pública era não só do Ministério das Cidades, mas também do Ministério da Fazenda, consoante os artigos 10 e 19, § 3º, da Lei 11.977/2009. Afirma que não se trata de repasse de recursos para obra pública, mas sim do pagamento de subvenções a pessoas físicas, para que estas adquiram ou produzam uma moradia. Dessa forma, ‘não era conveniente fixar detalhadamente as especificações técnicas destas unidades habitacionais, que devem atender primordialmente aos interesses e possibilidades dos beneficiários das subvenções.’ (peça 16, p. 21). Apesar disso, alega que consta, na Portaria 484/2009, orientações apara que fossem adotados padrões mínimos de habitabilidade e salubridade, devendo estar assegurados o acesso por via pública, acesso a equipamentos e serviços públicos, soluções de abastecimento de água e esgotamento sanitário e ligação de energia elétrica. A responsável argumenta também que a ausência de ligação das casas à rede elétrica, conforme consta no relatório de auditoria, não é em decorrência de falta de regulamentação do Ministério das Cidades, mas sim de falta de atendimento dos estados e munícios, pois, segundo consta na Portaria 484/2009, é de responsabilidade desses entes a disponibilização da infraestrutura básica. No que concerne à ausência de inspeções sistemáticas in loco nas moradias entregues, a responsável afirma que o tema já foi exaustivamente debatido na discussão do item 9.4.1.1 do Acórdão 2.255/2014 (analisado no item anterior desta instrução), e apenas acrescenta que ‘a própria evolução da regulamentação do PMCMV - Sub 50.000 entre a 1º e 2º oferta pública, conforme ressaltado no próprio Acórdão n. 2.255/2014, bem demonstra que a União detinha sim elementos que lhe permitiam buscar a melhoria na concepção e execução da política pública’ (peça 16, p. 22). Quanto à fixação do valor da cota por unidade habitacional, a responsável alega que também não seria competência apenas do Ministério das Cidades, mas também dos Ministériosda Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão (art. 8, inciso III, da Lei n. 11.977, de 2009, e art. 10, § 2, do Decreto n 7.499, de 2011). Acerca da ausência de trabalho social na 1º oferta pública do PMCMV Sub 50 e de ações que favoreçam e fomentem o controle social do programa, assevera ‘que embora se concorde que tais medidas podem favorecer a política pública em discussão, não existe uma obrigatoriedade legal para a implementação destas ações na forma almejada pela equipe técnica do Tribunal de Contas da União’ (peça 16, p. 24). Segundo a responsável, não existe norma que imponha a realização de trabalho social no PMCMV Sub 50, e nem mesmo a Lei 12.527/2011 aponta quais os dados e informações devem ser disponibilizados ao público na chamada transparência ativa. De qualquer forma, a responsável alega que a página eletrônica do Ministério das Cidades disponibiliza um grande número de informações, inclusive do PMCMV Sub 50. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 19 Dessa forma, segundo a responsável, não merece prosperar a imputação feita à Secretária Nacional de Habitação de que teria se omitido na adoção de providências para assegurar a entrega de moradias com padrões adequados de habitabilidade e salubridade, já que atuou na forma disposta na Lei n. 11.977, de 2009, e na regulamentação editada pelos Ministérios das Cidades, da Fazenda, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, não se podendo falar em descumprimento do dever de agir ou de nexo de causalidade entre a conduta da servidora e os problemas detectados nas obras do PMCMV - Sub 50.000. Por fim, quanto ao nexo de causalidade apontado pela equipe de auditoria, afirma que por se tratar de tão grave acusação, careceria de melhor fundamentação. Além disso, argumenta que o ‘PMCMV - Sub 50.000 representava um grande desafio por exigir a produção e entrega de imóveis residenciais para populações carentes dos menores municípios do país, por meio de um modelo (oferta pública de recursos a instituições e agentes financeiros) que não foi uma opção do Poder Executivo Federal’, mas sim uma proposta do Poder Legislativo (peça 16, p. 24). Análise Como visto, em suas alegações, a defendente alegou que a responsabilidade pela regulamentação das especificações mínimas das moradias entregues, na 1ª Oferta, era também dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Conforme já discutido no item anterior desta instrução, a atuação do Ministério da Fazenda e do MPOG se limita às suas competências, as quais estão ligadas a questões orçamentário-financeiras. Dessa forma, não é razoável considerar que cabia a esses ministérios a normatização de questões tão particulares à operacionalização do PMCMV Sub 50, como é o caso das especificações mínimas de projeto das moradias. Também não merece ser acolhido o argumento da responsável de que não era conveniente fixar detalhadamente as especificações técnicas das unidades habitacionais, por não se tratar de transferência de recursos para obras, mas de pagamento de subvenções. Primeiro porque as subvenções tinham como propósito específico a construção de unidades habitacionais, não podendo ser utilizadas em outras finalidades. Segundo que, conforme demonstrado pela equipe de auditoria, o ministério regulamentou as especificações, mas as regulamentou de maneira insuficiente, o que, aliado à ausência de fiscalização, não foi suficiente para garantir uma adequada qualidade nas moradias. Quanto à falta de inspeção in loco, o tema também já foi objeto de análise no item anterior desta instrução. A responsável acrescenta apenas que a própria evolução das normas, da 1º para a 2º Oferta Pública, já demonstram que o ministério possui elementos capazes de permitir a melhoria do programa. Quanto a esse aspecto, cabe observar que o simples fato de ter realizado alterações nos normativos de uma oferta para outra não elide a falta de procedimentos de controle, por parte da SNH do MCidades, para evitar falhas de qualidade na construção de moradias habitacionais. Aliás, por melhor que fossem os normativos, a própria ausência de fiscalização impediria o seu cumprimento. Vale trazer à lume a análise crítica realizada no âmbito do TC 017.374/2013-8 (peça 21 daqueles autos) acerca da qualidade das obras nas duas principais vertentes do PMCMV: a vertente ora analisada, que enfoca municípios de até cinquenta mil habitantes e é operacionalizada pelo Ministério das Cidades com auxílio de instituições financeiras privadas, e a vertente custeada com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que abrange os municípios com mais de cinquenta mil habitantes e é operacionalizada pelo Ministério das Cidades com auxílio da Caixa Econômica Federal. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 20 ‘222. No âmbito do Fiscobras/2012, esta Secretaria realizou a Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), consolidada no TC 034.402/2012-8, para avaliar a qualidade de onze obras executadas por meio de outra vertente do Programa Minha Casa, Minha Vida, a vertente que é custeada com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e possui regramentos específicos e distintos da vertente em análise. 223. Naquela vertente, tanto a análise e aprovação dos projetos como a fiscalização das obras competem à Caixa Econômica Federal. 224. A seguir, é apresentado um comparativo de recorrência dos cinco achados desta FOC com os detectados naquela FOC, realizada no âmbito do Fiscobras/2012. Tabela 9: Comparativo da recorrência dos achados da FOC/2012 com os da FOC/2013. Achados Percentual de recorrência na amostra FOC/2012* FOC/2013 Execução de serviços com qualidade deficiente 64% 100% Projeto executivo deficiente ou desatualizado 64% 70% Perdas econômicas e sociais em decorrência da não execução concomitante de serviços essenciais à funcionalidade da obra 27% 60% Obra entregue sem estar devidamente concluída 0% 30% Inobservância dos requisitos legais e técnicos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida 9% 10% * Dados extraídos da Tabela 10 da Peça 33 (Instrução) do TC 034.402/2012-8. Gráfico 2: Comparativo da recorrência dos achados da FOC/2012 com os da FOC/2013. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Execução de serviços com qualidade deficiente Projeto executivo deficiente ou desatualizado Perdas econômicas e sociais em decorrência da não execução concomitante de serviços essenciais à funcionalidade da obra Obra entregue sem estar devidamente concluída Inobservância dos requisitos legais e técnicos de acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida Percentual de recorrência na amostra FOC/2012 Percentual de recorrência na amostra FOC/2013 Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 21 225. Como se pode observar na tabela e gráfico acima, foram encontrados significativamente mais problemas nas obras desta vertente do programa (para municípios de até 50 mil habitantes), que é operacionalizada por entidades privadas credenciadas (instituições financeiras e/ou agentes do Sistema Financeiro de Habitação), do que na vertente fiscalizada em 2012, cuja operacionalização é feita pela Caixa Econômica Federal, o que demonstra maior deficiência na atuação dos agentes credenciados privados em relação àquela empresa pública. 226. Vale observar, ainda, que as portarias do Ministério da Cidade que disciplinaram a vertente do PMCMV custeada com recursos do FAR já possuíam regras mais bem definidas sobreas atribuições de cada ente bem como especificações mínimas mais detalhadas para as casas que seriam construídas no âmbito do programa. 227. Nesse sentido, apresenta-se, na sequência, um comparativo das diretrizes e especificações mínimas para projetos da fase 1 da vertente do PMCMV que foi objeto desta FOC com as da fase 1 da vertente custeada com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). PMCMV - vertente que atende a municípios de até 50 mil habitantes: • Diretrizes para elaboração de projetos: - Nas portarias que regem essa vertente do PMCMV não foram previstas diretrizes para a elaboração do projeto. • Especificações mínimas (item 8 da Portaria 484/2009): - Substituição de unidades habitacionais isoladas em situação precária de habitabilidade, por meio de construção de novas moradias, que sejam localizadas em áreas com infraestrutura básica que permita as ligações domiciliares de sistema de abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia elétrica, acesso por vias públicas e drenagem de águas pluviais. - As unidades habitacionais observarão as seguintes especificações mínimas: a) área útil de trinta e dois metros quadrados; e b) sala, dois quartos, banheiro, cozinha e área de serviço. PMCMV - vertente custeada com recursos do FAR: • Diretrizes para elaboração de projetos (item 4 da Portaria 139/2009): - Os projetos serão elaborados para a execução de empreendimentos inseridos na malha urbana e que contem com a existência de infraestrutura básica que permita as ligações domiciliares de abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia elétrica, bem como vias de acesso e transportes públicos. - Deverá ser considerada a existência ou ampliação dos equipamentos e serviços relacionados à educação, saúde e lazer. - No caso de aquisição de projetos sob a forma de loteamento, cuja infraestrutura não se encontra executada, o valor de investimento poderá compreender os custos com a infraestrutura externa aos lotes adquiridos. • Especificações mínimas (item 4 da Portaria 139/2009): - Os projetos observarão especificação técnica mínima, disponível para consulta nos seguintes endereços eletrônicos: www.cidades.gov.br ou www.caixa.gov.br, reproduzida a seguir: Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 22 Tabela 10: Especificações mínimas da fase 1 do PMCMV- vertente custeada com recursos do FAR (Peça 19 do TC 034.402/2012-8). Projeto Projeto paradigma - Casa com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas / cozinha / área de serviço (externa) / circulação / banheiro. DIMENSÕES DOS CÔMODOS - Observar as dimensões da NBR 15.575 Mobiliário mínimo dormitório casal 1 cama (1,40x1,95); 1 criado-mudo (0,50x0,50); 1 guarda-roupa (1,50x0,55) e circulação de 0,50m. Mobiliário mínimo dormitório duas pessoas 2 camas (0,80x1,95); 1 criado (0,50x0,50); 1 guarda-roupa (1,50x0,55) e circulação de 0,80 m entre as camas e restante com 0,50 m. Mobiliário mínimo cozinha Largura mínima da cozinha: 1,60m. Quantidade mínima: pia, fogão (0,60x0,60) e geladeira (0,70x0,70). Previsão para armário sob a pia e gabinete. Sala de estar/refeições Largura mínima sala de estar/refeições: 2,40m. Quantidade mínima de móveis: sofás com número de assentos igual ao número de leitos, mesa para 4 pessoas e Estante/Armário TV. Área de Serviço Quantidade mínima: 1 tanque (0,60x0,55) e 1 máquina (0,60x0,65). CARACTERÍSTICAS GERAIS Área útil (área interna, sem contar áreas de paredes) 32 m² (não computada área de serviço). Pé direito mínimo Observar a orientação municipal vigente ou adotar as dimensões mínimas previstas na Norma de Desempenho quando o município não regulamentar o assunto. Forro Forro de madeira ou PVC. Cobertura Cobertura em telha cerâmica sobre estrutura de madeira ou metálica ou outra solução com desempenho equivalente. Revestimento Interno Massa única, gesso (exceto banheiros, cozinhas ou áreas de serviço) ou concreto regularizado para pintura. Revestimento Externo Massa única ou concreto regularizado para pintura. Revestimento Áreas Molhadas Azulejo no box com altura mínima de 1,50m. Barrado impermeável sobre a pia e o tanque. Revestimento áreas comuns Massa única, gesso ou concreto regularizado para pintura. Esquadrias e Ferragens Portas internas, completas, em madeira. Aceitável porta metálica adequada à agressividade do meio no acesso à casa. Portas banheiro largura de 0,80 para o caso de unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais Portas quartos largura de 0,80 para o caso de unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais Portas externas 0,80 x 2,10m Janelas De alumínio para regiões litorâneas (ou meios agressivos) e de aço para demais regiões. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 23 Pisos Cerâmica esmaltada em banheiro e cozinha, com rodapé. Cimentado preparado para aplicação de cerâmica nas demais áreas. Ampliação da UH Os projetos deverão prever a ampliação das casas. PINTURAS Paredes internas Tinta PVA Paredes áreas molhadas Tinta acrílica Paredes externas Tinta acrílica ou textura impermeável Tetos Tinta PVA Esquadrias Em esquadrias de aço, esmalte (2 demãos) sobre fundo preparador (1 demão). LOUÇAS E METAIS Lavatório Louça sem coluna e torneira metálica cromada. Vaso Sanitário Louça com caixa de descarga acoplada. Tanque Capacidade mínima de 18 litros, de concreto pré-moldado, granilite ou mármore sintético com torneira metálica cromada. Pia cozinha Bancada de 1,20x0,55m com cuba de granilite ou mármore sintético, torneira metálica cromada. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS Número de pontos de tomadas elétricas 2 na sala, 4 na cozinha, 1 na área de serviço, 2 em cada dormitório, 1 tomada no banheiro e mais 1 tomada para chuveiro elétrico (mesmo em caso de aquecimento solar). Número de pontos diversos 1 ponto de telefone, 1 ponto de antena e 1 ponto de interfone (em condomínios). Número de circuitos Prever circuitos independentes para chuveiro (dimensionado para a potência usual do mercado local), tomadas e iluminação. Interfone Instalar sistema de interfone (em condomínios) DIVERSOS Reservatório Caixa d´água de 500 litros ou de maior capacidade quando exigido pela concessionária local. Para reservatório elevado de água potável, em condomínio, prever instalação de no mínimo 2 bombas de recalque com manobra simultânea. Vagas Vagas de garagem conforme definido na legislação municipal Cercamento do condomínio Alambrado com baldrame e altura mínima de 1,80m no entorno do condomínio. Proteção da alvenaria externa Piso em concreto de 0,50 m de largura ao redor da edificação. Calçadas Quando previstas, as calçadas deverão apresentar largura mínima de 0,80m. Máquina de Lavar Prever solução para máquina de lavar roupas (ponto elétrico, hidráulica e de esgoto). Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 53393597. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 24 Equipamento de lazer / uso comunitário Para empreendimentos com 60UH ou mais, prever 1% da soma dos custos de Infraestrutura e Edificações para construção de equipamentos de lazer/uso comum. Priorização: centro comunitário, quadra de esportes, praça / playground. TECNOLOGIAS INOVADORAS Aceitáveis as tecnologias inovadoras testadas e aprovadas conforme a Norma de Desempenho - NBR-15.575 e homologadas pela CAIXA. SUSTENTABILIDADE Aquecimento solar nas unidades (item financiável nas regiões S, SE, CO e regiões frias do NE). Sistema aprovado pelo INMETRO e Qualisol Medição individualizada
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