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Acórdão TCU nº 3298 2015-Plenário

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
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GRUPO I – CLASSE VII – Plenário 
TC 024.796/2014-0 [Apenso: 017.362/2015-6] 
Natureza: Representação 
Órgão: Ministério das Cidades (vinculador) 
Responsável: Inês da Silva Magalhães (051.715.848-50) 
Representação legal: Luiz Henrique Pandolfi Miranda (OAB/DF 
21.994), representando Inês da Silva Magalhães. 
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. CRIAÇÃO DE APARTADO 
EM CUMPRIMENTO AO ACÓRDÃO 2255/2014-TCU-
PLENÁRIO. PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA. 
MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO LIMITADA A 50 MIL 
HABITANTES. AUDIÊNCIA. RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. 
ACATAMENTO DAS RAZÕES RELATIVAS AO SUBITEM 
9.4.1.3 E ACATAMENTO PARCIAL DAS RAZÕES 
RELATIVAS AO SUBITEM 9.4.1.1. REJEIÇÃO DAS RAZÕES 
REFERENTES AO SUBITEM 9.4.1.2. MULTA. 
COMUNICAÇÕES. APENSAMENTO. 
Relatório 
Reproduzo, a seguir, com os ajustes de forma pertinentes a instrução elaborada pela 
Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Urbana (SeinfraUrbana) inserta à peça 21 dos presentes 
autos: 
“INTRODUÇÃO 
Trata-se de processo apartado, autuado em cumprimento ao item 9.4.2 do Acórdão 
2.255/2014-TCU-Plenário, a fim de ouvir em audiência a Sra. Inês da Silva Magalhães, 
Secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, em virtude de condutas omissivas, 
que implicaram infração à Lei 10.683, de 28/5/2003, art. 27, III; Decreto 4.665, de 3/4/2003, 
Anexo I, art. 7º; Portaria Ministério das Cidades 227, de 4/7/2003, anexo V (Regimento Interno 
da Secretaria Nacional de Habitação, art. 16), bem como à Portaria Interministerial 484 , de 
28/9/2009, Anexo 1, item 5.1, ‘h’ e à Portaria 547, de 28/11/2011, Anexo 1, item 5.1, ‘d’. 
As irregularidades foram constatadas por meio de auditoria realizada na gestão do 
Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), na vertente destinada a atender Municípios com 
população de até cinquenta mil habitantes, de responsabilidade da Secretaria Nacional de 
Habitação (SNH) do Ministério das Cidades (MCidades) (Fiscalização 614/2013, TC 
010.900/2013-6). 
Os trabalhos foram realizados em cumprimento ao Acórdão 2.110/2013 – TCU – Plenário 
e tinham como objetivo o atendimento de solicitação do Congresso Nacional, referente ao 
requerimento 315/2013, do Senador Aloysio Nunes Ferreira, aprovado pelo Plenário do Senado 
Federal, em 18/4/2013. 
A solicitação mencionada resultou de reportagens publicadas originalmente no jornal O 
Globo a respeito de supostas irregularidades na execução da referida vertente do PMCMV, 
notadamente em relação ao modus operandis da empresa RCA Assessoria, que estaria exigindo 
comissões indevidas em troca da liberação dos pagamentos às construtoras das obras. 
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Diante disso e considerando as competências constitucionais deste Tribunal, o 
mencionado requerimento do Senado Federal solicitava a realização de auditoria para 
atendimento de dois objetivos específicos: verificação (i) da legalidade das empresas que 
operam no Programa e (ii) dos resultados da aplicação dos recursos públicos. 
Para a análise dos resultados da aplicação dos recursos, foram consideradas as conclusões 
obtidas na Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC) autorizada por meio do Acórdão 
1.488/2013-TCU-Plenário e consolidada no âmbito do TC 017.374/2013-8, na qual foi aferida a 
qualidade de obras executadas no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida, na vertente 
que atende municípios com população de até cinquenta mil habitantes. 
A presente instrução tem como objetivo o exame da audiência da Sra. Inês da Silva 
Magalhães (peça 16), Secretária Nacional de Habitação, promovida em função das 
irregularidades detectadas na citada Fiscalização 614/2013. 
HISTÓRICO 
Como resultado dos trabalhos, o relatório de fiscalização (peça 50 do TC 010.900/2013-
6) apontou cinco achados de auditoria (achados 3.1 a 3.5 daquele relatório), conforme descritos 
a seguir: 
Achado 3.1 - Deficiência de controles do Ministério das Cidades na habilitação e 
acompanhamento das instituições que operam no programa, pois se verificou que o Ministério 
não possuía um processo de habilitação capaz de avaliar a real capacidade técnica e jurídica das 
instituições financeiras que operam no programa, nem acompanha, ainda que superficialmente, 
a atuação dessas instituições financeiras. E mais, os recursos são repassados a estas sem que 
haja uma verificação efetiva por parte do órgão do cumprimento dos contratos; 
Achado 3.2 - Vínculos identificados entre construtoras responsáveis pela execução das 
obras do programa e a empresa RCA Assessoria; 
Achado 3.3 - A seleção e contratação das empresas para execução das obras não é 
regulamentada pelo MCidades em nenhum dos normativos do programa, não é feita com base 
em princípios concorrenciais, não respeita os princípios constitucionais basilares, como o da 
isonomia e da impessoalidade, e não possui transparência adequada; 
Achado 3.4 - Os procedimentos adotados pelo Ministério das Cidades não asseguram que 
as moradias possuam padrões mínimos de habitabilidade e salubridade; até a publicação de 
denúncias envolvendo essa modalidade do programa, o referido órgão não realizava de forma 
sistemática vistorias nas casas entregues e, mesmo após as denúncias, realiza em um percentual 
muito baixo das moradias, tendo sido verificado, no âmbito da FOC consolidada no TC 
017.374/2013-8, graves problemas de qualidade nas habitações vistoriadas; 
Achado 3.5 - As moradias do programa são entregues aos beneficiários sem assegurar a 
devida regularização fundiária, isto é, sem os devidos títulos de propriedade juridicamente 
válidos, sendo que estes sequer são previstos nos normativos elaborados pelo MCidades. 
Dentre as propostas de encaminhamento da equipe de auditoria , destaca-se a realização de 
audiência da Sra. Inês da Silva Magalhães, em razão das seguintes condutas: 
a) homologar a 1º Oferta de recursos públicos, a qual contou com instituições financeiras 
que declararam serem contratantes da empresa RCA Assessoria em Controle de Obras e 
Serviços, o que provocou desobediência ao limite legal de 15% de recursos controlados por uma 
única empresa (art. 6º-B, da Lei 11.977/2009); 
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b) não regulamentar e não controlar a forma de seleção e contratação das empresas 
construtoras no PMCMV Sub50, não adotando também providências no sentido de saber quais 
eram as empresas contratadas para execução das obras; 
c) não adotar providências no sentido de assegurar a entrega de moradias com padrões 
adequados de habitabilidade e salubridade; e 
d) não adotar providências necessárias para assegurar aos beneficiários do PMCMV 
Sub50 o recebimento das moradias acompanhadas de título de propriedade ou instrumento de 
legitimação de posse legalmente válidos, contrariando, dentre outros, o art. 59 da Lei 
11.977/2009. 
À peça 51 do TC 010.900/2013-6, o titular da unidade técnica concordou na essência com 
todas as conclusões constantes no relatório de fiscalização. Contudo, quanto à proposta de 
encaminhamento sugerida, entendeu necessário proceder a ajustes, já que as evidências e as 
situações descritas no relatório demonstravam a ausência de controles mínimos, por parte do 
Ministério, no acompanhamento da execução dessa vertente do programa. Sendo assim, 
entendeu que a responsabilização da gestora deveria ser em virtude da má gestão na condução 
dessa vertente do PMCMV. 
O Ministro-Relator e o Pleno desta Corte alinharam-se ao entendimento do titular da 
unidade técnica, ensejando a prolação do Acórdão 2.255/2014, pelo qual se determinou a 
audiência da Sra. Inês da Silva Magalhães, pelas seguintes condutas omissivas: 
‘9.4.1.1. não realização adequada da gestão do ProgramaMinha Casa, Minha Vida, no 
segmento de que tratam os presentes autos, caracterizada pela regulamentação insuficiente das 
ações conduzidas pelas instituições financeiras e agentes financeiros do Sistema Financeiro de 
Habitação e pela ausência de adoção de mecanismos de controle e supervisão pelo Ministério 
das Cidades para acompanhamento das referidas ações (achados 3.1 e 3.3); 
9.4.1.2. não adoção de providências para assegurar a entrega de moradias com padrões 
adequados de habitabilidade e salubridade, caracterizado, dentre outros fatores, pela ausência 
de: (i) adequada definição das especificações mínimas exigidas para as moradias custeadas pelo 
programa, sobretudo na 1ª etapa; (ii) inspeções sistemáticas in loco nas moradias entregues; (iii) 
trabalho técnico social na 1ª etapa do programa; e (iv) ações que fomentem e favoreçam o 
controle social do programa (achado 3.4); 
9.4.1.3. não adoção de providências necessárias para assegurar aos beneficiários do 
Programa Minha Casa Minha Vida, na vertente analisada nos presente autos, o recebimento das 
moradias acompanhadas de título de propriedade ou de instrumento de legitimação de posse 
legalmente válidos, contrariando, dentre outros, o art. 59 da Lei 11.977/2009 (achado3.5).’ 
Os presentes autos foram constituídos para a realização da citada audiência, em 
cumprimento ao item 9.4.2 do supracitado Acórdão. Com efeito, foi encaminhado o Ofício 
550/2014-TCU/SecobUrban (peça 7), de 17/9/2014, o qual contou com a ciência em 18/9/2014 
(peça 8). 
Após isso, foi recebido, em 2/10/2014, pedido de prorrogação de prazo por 15 dias (peça 
9), o qual foi atendido (peça 12). 
Tabela 1 – Notificações realizadas com seus prazos e peças correspondentes. 
Notificação - Peça Assunto Destinatário Prazo Resposta - Peça 
7 Audiência Inês da Silva Magalhães 15 dias 9 
13 Prorrogação de prazo Inês da Silva Magalhães 15 dias 16 
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Por fim, merece registro que encontra-se juntado aos autos pedido de reexame impetrado 
pela Advocacia Geral da União contra as determinações constantes no Acórdão 2.255/2014-
TCU-Plenário, as quais estão sendo analisadas no processo TC 010.900/2013-6. 
EXAME TÉCNICO 
A defesa apresentada pela Sra. Inês da Silva Magalhães (peça 16), Secretária Nacional de 
Habitação do Ministério das Cidades, foi elaborada pelo corpo técnico de procuradores da 
Advocacia Geral da União (AGU), inexistindo assinatura conjunta da responsável. Anexo à sua 
defesa, constam a Nota Técnica nº 003/2014/GABIN/SNH/MCidades (peça 16, p. 33-46), que 
contém as manifestações apresentadas pelos gestores na ocasião do envio do relatório 
preliminar da equipe, em fevereiro/2014, as quais já haviam sido devidamente analisadas e 
consideradas no relatório final de auditoria, e a Nota Técnica 
nº 044/2014/GABIN/SNH/MCidades (peça 16, p. 47-63), que versa sobre o teor das 
determinações constantes do Acórdão 2.255/2014 – TCU – Plenário, as quais estão sendo 
tratadas no bojo do processo TC 010.900/2013-6. 
Adiante, segue a análise das manifestações, na ordem apresentada pelo subitem 9.4.1 do 
Acórdão supramencionado. 
 
I. - Não realização adequada da gestão do Programa Minha Casa, Minha Vida, no 
segmento de que tratam os presentes autos, caracterizada pela regulamentação 
insuficiente das ações conduzidas pelas instituições financeiras e agentes financeiros do 
Sistema Financeiro de Habitação e pela ausência de adoção de mecanismos de controle e 
supervisão pelo Ministério das Cidades para acompanhamento das referidas ações 
(achados 3.1 e 3.3 - item 9.4.1 do Acórdão 2.255/2015-TCU-Plenário). 
Situação encontrada 
Foram encontrados diversos problemas relacionados à gestão do programa, tendo como 
causa a ausência ou insuficiência de normativos ou a deficiência no acompanhamento e 
supervisão do programa por parte do Ministério das Cidades. 
Para a execução do Programa Minha Casa Minha Vida em municípios de até cinquenta 
mil habitantes, o Ministério efetua o cadastramento de instituições e agentes financeiros do 
SFH, todas estas entidades privadas, para que se responsabilizem pelos seguintes serviços: 
análise da viabilidade técnica, jurídica e documental das obras e serviços; assinatura de termo de 
acordo e compromisso com o proponente, estado ou município, bem como com os beneficiários 
finais do programa; acompanhamento de toda a execução das obras e serviços; recebimento dos 
recursos financeiros do MCidades e posterior repasse desses para pagamentos às construtoras; e 
fornecimento ao MCidades das informações e documentos necessários ao acompanhamento e 
avaliação do programa. 
Vê-se, portanto, que essas entidades financeiras privadas desempenham um papel chave 
na execução dessa vertente do programa. Nesse ponto, é de se registrar que existe um elevado 
risco implícito nessa forma de operar, pois os interesses de quaisquer entidades privadas são 
distintos e até mesmo conflitantes com os interesses de entidades públicas, já que estas devem 
sempre mirar o interesse da coletividade enquanto aquelas, o lucro. 
A auditoria revelou que o Ministério habilitava instituições financeiras que não possuíam 
recursos humanos nem competência técnica para realizar as atribuições que lhes eram 
correlatas. Por isso, boa parte delas terceirizava todo seu serviço para uma das duas empresas a 
seguir: RCA Assessoria em Controle de Obras – empresa que tinha como sócios ex-funcionários 
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da Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades e deu causa às irregularidades 
denunciadas pelo jornal O Globo – e Família Paulista Promotora de Vendas. 
Segundo as regras do programa, a participação de cada instituição ou agente financeiros 
do SFH deveria estar restrita a, no máximo, 15% do total de recursos disponível em cada oferta 
pública (art. 6º-B, da Lei 11.977/2009). Contudo, como muitas instituições terceirizavam seus 
serviços para uma dessas duas empresas anteriormente mencionadas, juntas elas estavam 
gerindo mais da metade dos R$ 3,68 bilhões investidos no programa. 
Verificou-se ainda que, na ocasião do cadastramento das instituições financeiras, elas já 
informavam que não possuíam qualificação técnica nem recursos humanos para desempenhar as 
atividades técnicas necessárias e, por isso, previam subcontratar seus serviços a uma daquelas 
duas empresas. Logo, é possível inferir que o MCidades possuía conhecimento de que tanto a 
RCA como a Família Paulista estavam operando para muitas instituições financeiras e 
extrapolando, consequentemente, o percentual limite por entidade. 
Mesmo diante do elevado vulto financeiro que estavam sendo investidos, do relevante 
papel que seria desempenhado por estas instituições e do respectivo risco que isso representava, 
a auditoria evidenciou que o MCidades não realizava nenhum procedimento formal de 
supervisão permanente nem efetuava avaliações periódicas sobre a atuação dessas 
instituições/agentes financeiros. 
O repasse de recursos às mencionadas entidades era feito exclusivamente com base nos 
dados constantes dos relatórios mensais por elas mesmo elaborados, sem o mínimo de 
verificação por parte do Ministério (como a requisição de registros fotográficos), a fim de 
confirmar a fidedignidade das informações e ao menos se certificar de que as moradias estavam 
de fato sendo construídas. 
E mais, apontou-se que as regras definidas para reembolso das instituições financeiras 
propiciavam um descompasso físico-financeiro em relação à execução das obras. Por exemplo, 
na 1º oferta pública, as instituições/agentes financeiros recebiam 70% dos recursos destinados à 
construção das moradias ao concluir apenas 30% das obras, o queevidencia a ilegalidade de 
antecipação de pagamentos. 
Esse descompasso físico-financeiro também continuou, mesmo que em menor proporção, 
na 2º oferta pública. Nesta, as instituições/agentes financeiros passaram a receber do MCidades 
65% dos recursos destinados à construção de moradias, quando da execução de 40% das 
unidades habitacionais. 
Quanto à execução das obras, apontou-se que o Ministério sequer procurou ter 
conhecimento sobre quais empresas construtoras essas instituições estavam contratando e nem 
mesmo sobre como eram realizadas essas contratações. Somente foi solicitar informações sobre 
quais empresas haviam sido contratadas para execução das unidades habitacionais meses depois 
das reportagens que denunciaram irregularidades no programa. 
Em relação à forma de seleção dessas empresas construtoras, o Ministério não possuía 
nenhum procedimento ou regramento disciplinando como deveria ser esse ponto. Informou que, 
em regra, a seleção das construtoras deveria ficar ao livre arbítrio de cada beneficiário do 
programa. Na prática, se verificou que essa escolha ficava por conta das instituições financeiras 
privadas que operacionalizavam o programa. 
Tanto é assim que se verificou na auditoria uma alta concentração de contratos sob a 
responsabilidade de poucas construtoras: 43,92% do total de moradias contratadas estavam 
centradas em apenas 40 construtoras, enquanto os outros 56,08% estavam dispersos entre cerca 
de 700 empresas. 
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Por meio de recursos de tecnologia da informação, foi possível identificar que os sócios 
de boa parte dessas construtoras possuíam vínculos diretos e/ou indiretos com os sócios das 
duas mencionadas terceirizadas (RCA Assessoria e Família Paulista), o que significa que as 
empresas terceirizadas que tinham por obrigação analisar os projetos e fiscalizar as obras 
estavam contratando parceiras suas para executar os empreendimentos, fato que aumenta 
sobremaneira os riscos implícitos no programa. 
Em alguns casos, verificou-se que o sócio de algumas empresas construtoras (Setorial 
Construção; Artifício Assessoria e Sigma Assessoria), responsáveis por expressiva quantidade 
de obras do programa, era o mesmo da empresa RCA Assessoria, que, por sua vez, era ex-
servidor do Ministério das Cidades, ocupando, no período de 22/03/2006 a 13/01/2009, o cargo 
de Diretor do Departamento de Produção Habitacional da Secretaria Nacional de Habitação, de 
confiança, portanto, da Secretária de Habitação, Sra. Inês da Silva Magalhães. 
Por tudo isso, entendeu-se que a falta de controles aliada à ausência de qualquer 
fiscalização, por parte do Ministério, sobre as instituições financeiras privadas estaria 
representando uma gestão deficiente dessa vertente do programa. Comprovou-se que a 
consequência dessa omissão do ministério foi danosa principalmente aos beneficiários do 
programa, pessoas de classe econômico-social menos favorecida, que receberam moradias em 
condições precárias de habitabilidade, conforme constatado por meio de vistorias in loco no 
âmbito da Fiscalização de Orientação Centralizada (TC 017.374/2013-8). Dentre outros 
problemas, foram encontradas moradias entregues sem portas nem janelas, sem reboco, sem 
água, sem energia elétrica. 
Manifestação da Sra. Inês da Silva Magalhães 
Segundo manifestação da Sra. Inês da Silva Magalhães, compete aos Ministérios das 
Cidades, Fazenda e Planejamento, Orçamento e Gestão, estabelecer as ‘condições operacionais 
para pagamento e controle da subvenção econômica’ no âmbito das operações que compõem o 
Programa Nacional de Habitação Urbana (PNHU), do qual faz parte o Programa Minha Casa, 
Minha Vida, modalidade Oferta Pública. 
Para a responsável, o Ministério das Cidades nada mais fez que executar os regulamentos 
(Portarias 484/2009, 472/2009 e 152/2012) editados conjuntamente com os Ministérios aos 
quais foi atribuída a competência de estabelecer as ‘condições operacionais para pagamento e 
controle da subvenção econômica’. 
Dessa forma, argumenta que não pode ser atribuída responsabilidade a ela por ter 
regulamentado de forma insuficiente as ações conduzidas pelas instituições financeiras e 
agentes financeiros, já que essa regulamentação não seria competência da sua unidade, mas sim 
dos Ministérios das Cidades, Fazenda e Planejamento, Orçamento e Gestão, nos termos do art. 
13, inciso III, do Decreto n. 7.499/2009. 
Em relação à ausência de regulamentação sobre a forma de seleção e contratação das 
empresas responsáveis pela execução das obras do PMCMV, na modalidade Sub 50, a 
responsável alega que as operações dessa modalidade se diferenciam das outras estabelecidas 
pela Lei 11.977/2009, já que se caracteriza pelo pagamento de subvenções econômicas a 
pessoas físicas, o qual é intermediado por uma instituição financeira sujeita a vários controles, 
tão somente a fim de assegurar a aplicação desses recursos nos fins previstos pela norma. 
A defendente acrescenta que não há que se buscar a aplicação do mesmo procedimento de 
seleção de construtoras nas outras vertente do programa, a exemplo da operacionalizada com 
recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que utiliza apoio técnico da Caixa 
Econômica Federal para gerir os recursos, pois a modalidade Sub 50 é caracterizada pela 
entrega de subvenção econômica ao beneficiário, para que este, ainda que com a intermediação 
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de uma instituição ou agente financeiro, com a ajuda do poder público local, adquira ou produza 
sua moradia. 
Além disso, explica que a omissão da lei sobre o assunto deve-se ao fato de que as 
operações de aquisição ou produção das unidades habitacionais são realizadas pelos próprios 
beneficiários, a quem se destinam as subvenções econômicas. Seriam, portanto, operações 
privadas, e não atos administrativos sujeitos à aplicação dos princípios constitucionais a que se 
deve obediência a Administração Pública. Senão vejamos: 
Uma vez repassados os recursos federais às instituições e agentes financeiros, portanto, 
este montante passa a compor o patrimônio dos beneficiários, embora o beneficiário não possa 
dispor livremente sobre este, tendo em conta a necessidade de garantir a correta aplicação destas 
subvenções nos objetivos do PMCMV - Sub 50.000. Estes controles (intermediação por meio de 
uma instituição financeira, necessidade de comprovar a aplicação dos recursos nas finalidades 
do Programa), não impõem, entretanto, o regime público a estas operações, isto é, a aquisição 
ou produção das unidades habitacionais é realizada por um contrato privado firmado pelo 
beneficiário com a instituição financeira, ainda que com a participação do poder público local 
(peça 16, p. 19 e 20). 
Para a responsável, as normas de direito público e os princípios da administração pública 
só alcançariam até a etapa de pagamento da subvenção à pessoa física beneficiária. 
Quanto à ausência de mecanismos de controle e supervisão, a responsável alega que agiu 
nos termos dos regulamentos editados pelos três ministérios citados anteriormente. Dessa forma, 
declara que falta um dos elementos fundamentais para sua responsabilização, que nesse caso 
seria sua a inércia ante a obrigação de agir. 
Ademais, afirma que o simples fato de a servidora ser titular da unidade do Ministério das 
Cidades, responsável pelas políticas habitacionais desse órgão, não tem o condão de atribuir-lhe 
responsabilidade por toda a deficiência supostamente existente na regulamentação do programa. 
Segundo a responsável, a alegação da equipe de auditoria de que os procedimentos são 
deficientes, já que são baseados principalmente em informações prestadas pelas próprias 
instituições,representa, antes de mais nada, uma crítica à própria concepção do programa. Para 
ela, é inegável que foi o legislador quem optou por um modelo no qual as instituições e agentes 
financeiros são os principais atores da aplicação dos recursos públicos, como ocorre nos 
financiamentos imobiliários (PSH, e faixa 2 do Programa Minha Casa, Minha Vida). 
Adiante, a responsável enfatiza o papel das instituições e agentes financeiros no PMCMV 
– Sub 50, afirmando que é dessas entidades a responsabilidade pela aplicação dos recursos, já 
que são autorizadas a operar o programa e, inclusive, remuneradas por isso. 
Para a gestora, apesar de parecer lógica a conclusão da equipe de auditoria, de que essa 
modalidade do PMCMV necessitaria de um maior acompanhamento, essa não foi a opção do 
legislador, que reservou à União o papel de realizar a oferta de recursos; estabelecer a tipologia 
e o padrão das moradias e da infraestrutura urbana; fixar os valores e os limites das subvenções 
individualizadas a serem destinadas a cada beneficiário; a remuneração das instituições e 
agentes financeiros pelas operações realizadas; e a quantidade, condições e modalidades de 
ofertas públicas de cotas de subvenções. 
Nesse sentido, para a responsável, atribuir a responsabilidade à União pela gestão e 
fiscalização da aplicação destes recursos, implica em negar vigência às disposições da Lei 
11.977/2009. 
Em seu entendimento, a responsabilidade pelo acompanhamento físico das obras, sua 
aderência aos projetos e a entrega dos imóveis com condições de habitabilidade competiria às 
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instituições financeiras e agentes financeiros, aos Estados e Munic ípios proponentes e aos 
beneficiários. 
Ademais, argumenta que não é possível imputar-lhe responsabilidade com base no art. 7º, 
incisos I e XIII, do Decreto n. 4.665/2003, como pretendeu a equipe de auditoria, já que os 
dispositivos citados não se referem à fiscalização ‘in loco’, mas sim ao acompanhamento e 
avaliação da política pública, a partir de dados que permitem gerar informações gerenciais. 
Dessa forma, faltaria à imputação feita pelo item 9.4.1.1 [do Acórdão 2.255/2014] a 
demonstração de que a servidora tinha o dever de agir e foi omissa. Requisito sem o qual não é 
possível atribuir responsabilidade por supostos atos omissos (peça 16, p. 14). 
Acrescenta que a União buscou chamar os beneficiários e os estados e municípios à 
responsabilidade, através de exigência de ateste, dos beneficiários, da plena execução das 
unidades habitacionais, no momento da sua entrega, e habite-se ou documentação equivalente, 
dos entes federativos beneficiários. 
Continuando, dissente do posicionamento exposto no relatório e voto do Ministro Relator 
do Ac. 2.555/2014, de que ‘não seria possível acolher o argumento do Ministério das Cidades 
de que o Órgão carecia de recursos humanos para realizar inspeções e vistorias sistemáticas nas 
obras, porque não haveria evidências de que tal tipo de controle sequer tenha sido previsto.’ 
(peça 16, p. 16) 
Conforme narrado pela Secretaria Nacional de Habitação (SNH), apesar dos escassos 
recursos (a unidade possuía seis servidores atuando na área em 2009, e atualmente possui oito), 
ela teria realizado diversas diligências sempre que surgiram denúncias de irregularidades na 
aplicação dos recursos, inclusive vistorias em obras e reuniões com as instituições financeiras 
habilitadas. 
Segundo a defendente, também não merecem prosperar as críticas feitas pela equipe 
técnica do Tribunal de Contas da União no tocante à atuação do Ministério das Cidades após a 
publicação das denúncias de irregularidades no PMCMV - Sub 50 na imprensa a partir de abril 
de 2013. Além da realização de vistorias ‘in loco’ em várias obras, conforme reconhecido pelo 
próprio Tribunal, o Ministério das Cidades deflagrou sindicância investigativa para apuração 
específica dos fatos noticiados, encaminhou os resultados deste apuratório ao Ministério Público 
Federal, solicitou à Controladoria-Geral da União a realização de uma auditoria no Programa, e 
encaminhou notícias dos fatos ao Ministério da Justiça para a deflagração e inquérito policial, 
consoante Portaria Interministerial n. 170, de 15 de abril de 2013, publicada no D.O.U. de 16 de 
abril de 2013, Aviso n. 18/2013, de 26 de abril de 2013, e Ofício n 2 22.12112013, de 25 de 
julho de 2013 (peça 16, p. 16 e 17). 
Alega ainda que tomou providências com base nas constatações obtidas com as 
fiscalizações realizadas, antes e depois das denúncias publicadas na imprensa, em início de 
2013. Ademais, o Ministério das Cidades suspendeu a realização de nova oferta pública e 
estendeu a modalidade do PMCMV, que utiliza recursos do FAR, para municípios com até 50 
mil habitantes (Portaria 363, de 12 de agosto de 2013). 
Afirma que a sugestão da equipe de auditoria, quanto à suspensão de novas obras do 
PMCMV Sub 50, após as denúncias, é inapropriada, tendo em vista que interromper o início de 
novas obras implicaria além de descumprimento dos regulamentos das 1ª e 2ª ofertas, frustraria 
as expectativas dos municípios e beneficiários já contratados, com base em denúncias ainda não 
completamente esclarecidas (peça 16, p. 17). 
Por fim, argumenta que não há como atribuir à Secretária Nacional de Habitação 
responsabilidade por suposta conduta omissiva na regulamentação e no acompanhamento e 
controle do PMCMV - Sub 50.000, já que não restou demonstrado no Acórdão n. 2.255/2014-
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
9 
 
Plenário nem o dever de agir da servidora, que não era competente sozinha para a 
regulamentação do Programa, tendo agido nos estritos termos da Lei n. 11.977/2009 e dos 
regulamentos editados pelos Ministérios das Cidades, da Fazenda e do Planejamento, 
Orçamento e Gestão (peça 16, p. 17). 
Análise 
Quanto à primeira alegação da responsável, de que não poderia ser imputada 
responsabilidade a ela, já que não era apenas de sua competência a definição das regras 
normativas sobre o programa, é necessário, primeiramente, identificar a responsabilidade de 
cada mistério na regulamentação do Minha Casa, Minha Vida Sub50, já que as normas são 
editadas por mais de um. 
Vale mencionar que o fato de ela possuir uma competência conjunta com outros gestores, 
não é argumento suficiente para excluir a responsabilidade pela sua omissão. Portanto, se fosse 
o caso, caberia, no mínimo, a responsabilização solidária dos responsáveis que tem o dever de 
atuarem conjuntamente e no limite de suas competências, e assim não o fizeram. 
Nos termos do caput do art. 10 da Lei 11.977/2009, compete aos Ministérios da Fazenda 
e das Cidades a regulamentação e a gestão do Programa Nacional de Habitação Urbana 
(PNHU), do qual o MCMV faz parte, no âmbito de suas respectivas competências. 
Dessa forma, conforme afirmado pela responsável, realmente cabe aos três ministérios a 
regulamentação das normas, no entanto, cada órgão deverá agir nos limites de suas 
competências institucionais. 
Nesse caso, será demonstrado que a Lei 11.977/2009 e seu Decreto 7.499/2009 são claros 
ao exigirem a atuação dos Ministérios da Fazenda e Planejamento somente quando se falar em 
orçamento e recursos financeiros, ou seja, no âmbito de suas competências. 
Não haveria de ser diferente, já que, conforme dispõe a Lei 10.180, de 6/2/2001, esses 
ministérios são os órgãos centrais dos sistemas de administração financeira e planejamento e 
orçamento federais. 
Art. 4º Integram o Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal: 
I - o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, como órgão central; 
(...) 
Art. 11. Integram o Sistema de Administração Financeira Federal: 
I - a Secretaria do Tesouro Nacional[do Ministério da Fazenda], como órgão central;(Lei 
10.180/2001) 
Dessa forma, a presença dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento nada mais é do 
que uma exigência da Lei 10.180/2001, tendo em vista que a concessão de subvenções 
econômicas terá impacto tanto orçamentário como financeiro. 
Da leitura do art. 24 da Lei 11.977/2009, pode-se extrair a mesma conclusão: 
Art. 24. Os recursos vinculados ao PNHU [Programa Nacional de Habitação Urbana] e 
ao PNHR [Programa Nacional de Habitação Rural], previstos neste Decreto, serão transferidos 
para a CEF, na qualidade de gestor operacional, pelo Ministério das Cidades, conforme 
programação orçamentário-financeira a ser definida pelos Ministérios da Fazenda e do 
Planejamento, Orçamento e Gestão. 
Portanto, não é razoável considerar que caberia aos Ministérios da Fazenda e do 
Planejamento, definir, no momento de elaborar normas em conjunto com o Ministério das 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
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Cidades, regras sobre o funcionamento e gestão do programa, que são de competência exclusiva 
desse último. 
Identificados os papeis do Ministério da Fazenda e do MPOG, passa-se à verificação do 
papel do Ministério das Cidades. Para tanto, recorre-se aos termos do art. 11, inciso I, do 
Decreto 7.499/2009, o qual estabelece que cabe a este a regulamentação do PNHU, quanto à 
fixação das diretrizes e condições gerais de operacionalização. 
Da mesma forma, o art. 27, inciso III, da Lei 10.683/2003, atribuiu ao Ministério das 
Cidades a responsabilidade pelo planejamento, regulação, normatização e gestão da aplicação 
de recursos em políticas de habitação. Por sua vez, o Decreto 4.665/2003 remeteu, dentro da 
estrutura do Ministério das Cidades, à SNH tais competências, que incluem o acompanhamento 
e a avaliação do PMCMV Sub 50. 
Lei 10.683/2003 
Art. 27. Os assuntos que constituem áreas de competência de cada Ministério são os 
seguintes: 
III - Ministério das Cidades: 
d) política de subsídio à habitação popular, saneamento e transporte urbano; 
e) planejamento, regulação, normatização e gestão da aplicação de recursos em políticas 
de desenvolvimento urbano, urbanização, habitação, saneamento básico e ambiental, transporte 
urbano e trânsito; (grifo nosso) 
 
Decreto 4.665/2003 
Art. 7º À Secretaria Nacional de Habitação compete: 
I - formular e propor, acompanhar e avaliar os instrumentos para a implementação da 
Política Nacional de Habitação, em articulação com as demais políticas públicas e com as 
instituições e órgãos voltados para o desenvolvimento urbano, regional e social, visando à 
universalização do acesso à moradia, incluindo a rural; 
II - promover e acompanhar a consolidação e modernização da legislação do setor 
habitacional; 
Portanto, resta evidente que questões relativas à operacionalização/funcionamento do 
PMCMV são de competência normativa do MCidades, o que abrange inclusive o pagamento 
das instituições e agentes financeiros prestadores de serviços ao governo e os percentuais de 
liberação das subvenções para construção das casas. Esses dois aspectos são analisados adiante 
como deficiências normativas do PMCMV. 
Em relação à liberação dos recursos das subvenções e da remuneração das instituições e 
agentes financeiros, a Lei 11.977/2009 estabelece as seguintes regras de normatização: 
Art. 6º-B 
(...) 
§ 1º O Poder Executivo federal disporá necessariamente sobre os seguintes aspectos: 
(...) 
II - remuneração das instituições e agentes financeiros pelas operações realizadas; 
(...) 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
11 
 
Art. 8º Caberá ao Poder Executivo a regulamentação do PNHU, especialmente em 
relação: 
(...) 
V – ao estabelecimento das condições operacionais para pagamento e controle da 
subvenção econômica. 
Visando regulamentar tais dispositivos, o Decreto 7.499, de 16/6/2011, imputou ao 
Ministério das Cidades, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, Orçamento e 
Gestão (MPOG), a regulamentação dos aspectos acima elencados, nos seguintes termos: 
Art. 10. 
(...) 
§ 2º Para a concessão de subvenção econômica nas operações de que trata o caput, fica 
estabelecido que a instituição ou agente financeiro participante somente poderá receber recursos 
até o máximo de quinze por cento do total ofertado em cada oferta pública, considerado o limite 
de cem unidades habitacionais por município, na forma regulamentada em ato conjunto dos 
Ministérios das Cidades, da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão, que disporá sobre 
os seguintes aspectos: 
(...) 
II - remuneração das instituições e agentes financeiros pelas operações realizadas; 
(...) 
Art. 13. Os Ministros de Estado das Cidades, da Fazenda e do P lanejamento, Orçamento 
e Gestão fixarão, em ato conjunto: 
(...) 
III - as condições operacionais para pagamento e controle da subvenção econômica. (grifo 
nosso) 
Obedecendo aos mandamentos da Lei 11.977/2009 e Decreto 7.499/2011, os ministérios 
editaram as Portarias Interministeriais n. 472/2009 e 152/2012, as quais regulamentaram os 
temas acima expostos, no âmbito das 1º e 2º Ofertas Públicas, respectivamente. 
Foram nessas portarias que ficaram definidos os percentuais de liberação de recursos para 
pagamento das instituições financeiras e subvenções econômicas para execução das obras e, 
conforme relatado anteriormente, foram apontadas deficiências na fixação desses percentuais, 
tendo em vista que existe um descompasso financeiro entre o que é pago e o que é entregue, 
caracterizando antecipação de pagamento. 
Os arts. 62 e 63 da Lei n. 4.320, de 17/3/1964, pressupõem a regular liquidação da 
despesa para o pagamento de determinado encargo executado. Ou seja, a efetiva prestação do 
serviço ou fornecimento do objeto contratado, para, daí sim, efetuar-se a contraprestação 
remuneratória. O art. 65, alínea ‘c’, da Lei de Licitações (Lei 8.666/1993) também veda a 
antecipação de pagamento. 
Nesse mesmo sentido, a jurisprudência do Tribunal de Contas da União é pacífica no 
sentido de somente admitir esse tipo de antecipação em situações excepcionais. É o que dispõe 
o trecho do Voto do Acórdão 1.016/2013-TCU-Plenário: 
Acórdão n. 1.016/2013-TCU-Plenário: 
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7. Quanto ao argumento de que a legislação não veda a realização de pagamento 
antecipado, a jurisprudência do Tribunal é clara no sentido de somente admitir esse tipo de 
antecipação em situações excepcionais , conforme aponta a unidade técnica, situações em que 
ficar demonstrada a existência de interesse público, em que esse tipo de pagamento estiver 
previsto no edital de licitação e quando forem exigidas as devidas garantias (Acórdãos 
918/2009-Plenário, 3332/2012-Plenário, dentre outros). No caso concreto, nenhuma dessas 
condições foi observada. 
8. O pagamento antecipado expõe desnecessariamente a administração ao risco de 
não ter o serviço prestado e por isso constitui irregularidade grave . (grifo nosso) 
Ademais, conforme delimitado inicialmente, tal assunto é intrínseco às competências 
institucionais do MCidades, o qual, conforme dispõe o art. 11, inciso I, do Decreto 7.499/2009, 
é competente para fixar as diretrizes e condições gerais de execução do PNHU, ao qual o 
PMCMV está vinculado. Mais especificamente, dentro da estrutura do MCidades, é 
competência da SNH a definição de tais limites, já que a política habitacional e a modernização 
de sua legislação estão sob sua responsabilidade (art. 7º, inc. I e II, do Decreto 4.665/2003). 
Além das deficiências normativas, foi também apontada ausência de normatização nosprocedimentos de seleção e contratação de construtoras, no âmbito do PMCMV Sub 50. Esse 
também é assunto intrínseco à operacionalização do PMCMV e, conforme dispõe o art. 27, 
inciso III, da Lei 10.683/2003, está sob responsabilidade do Ministério das Cidades o 
planejamento, regulação, normatização e gestão da aplicação de recursos em políticas de 
habitação. 
Dessa forma, indispensável à Secretária Nacional de Habitação seria o acompanhamento 
e a regulamentação da seleção dessas construtoras, bem como o estabelecimento de controle 
para assegurar a boa execução do programa, já que o resultado dos serviços prestados por tais 
empresas é determinante para a efetividade da política pública de habitação. 
Nesse sentido, é de se ressaltar que seria de suma importância a definição de critérios 
mínimos a serem observados pelas instituições, na ocasião da seleção das construtoras, para 
evitar que fossem contratadas empresas ‘aventureiras’, sem expertise na área. Contudo, o 
MCidades não definiu esses critérios, fato este que contribuiu para a quantidade de obras 
executadas com qualidade deficiente, conforme verificado nas fiscalizações realizadas no 
âmbito do TC 017.374/2013-8 e detalhado no próximo item deste relatório. 
Permitir a seleção das empresas construtoras ao livre arbítrio de entes privados, sem a 
definição de quaisquer critérios para seleção destas, representa um desrespeito aos princípios 
constitucionais a que está submetida a Administração Pública, dentre os quais se destacam o da 
isonomia, legalidade, impessoalidade, moralidade, eficiência e até mesmo publicidade, já que 
estaria havendo a contratação de empresas para executar obras custeadas com recursos públicos 
sem adequada transparência à sociedade. 
Outro argumento apresentado pela responsável para não regulamentar a seleção das 
construtoras é de que o regime público não seria aplicável às operações nesta vertente do 
programa, pois a aquisição ou produção das unidades habitacionais seria realizada por um 
contrato privado firmado pelo beneficiário com a instituição financeira, ainda que com a 
participação do poder público local. Dessa forma, as regras de direito público só poderiam ser 
aplicadas até a etapa de pagamento da subvenção, já que, no momento do repasse dos recursos 
às instituições financeiros, esse montante passa a compor o patrimônio dos beneficiários, 
embora o beneficiário não possa dispor livremente sobre este. 
Novamente, os argumentos da responsável não merecem acolhimento. Deve-se destacar 
que as subvenções econômicas, acima de tudo, são recursos públicos e, portanto, o Ministério 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
13 
 
das Cidades, como gestor de tais recursos, deve, conforme dispõe o art. 27, inciso III, ‘e’, da Lei 
10.683/2003, planejar, regular, normatizar e gerir a sua aplicação. 
Dessa maneira, apesar de a aplicação desses recursos ser realizada por intermédio de 
instituições financeiras privadas, são submetidos sim a normas de direito público e aos 
princípios da administração pública, e, portanto, caberia ao gestor, no caso o Ministério das 
Cidades, gerenciar a sua boa e regular aplicação, com o intuito de dar efetividade à política 
pública de habitação. 
Da mesma forma, não obstante o programa destinar, legalmente, a subvenção econômica 
ao beneficiário para construção de sua moradia, o que se observa é que em momento algum este 
tem efetivo poder de decisão no gerenciamento dos recursos a ele destinados , já que são as 
instituições financeiras privadas as responsáveis pela análise da viabilidade dos 
empreendimentos bem como pela contratação e acompanhamento das obras. 
Portanto, entende-se caracterizada a omissão da responsável na regulamentação da 
contratação das construtoras, atividade esta que, frise-se, era de competência do Ministério das 
Cidades, mais especificamente da Secretaria Nacional de Habitação. 
No que concerne à ausência de mecanismos de controle e supervisão, os dispositivos 
expostos anteriormente declaram a competência do Ministério das Cidades na regulamentação e 
na gestão do PMCMV (Art. 10, da Lei 11.977), que envolvem também o acompanhamento das 
operações do programa. 
As competências do Ministério das Cidades e da Secretaria Nacional de Habitação estão 
dispostas na Lei 10.683/2003, art. 27, inciso III, ‘e’, a qual atribui a gestão da política de 
nacional de habitação ao Ministério das Cidades, e no Decreto 4.665/2003, art. 7º, inciso I e 
XIII, que confere à Secretária Nacional de Habitação a responsabilidade pelo acompanhamento 
e avaliação dessa política, a qual abrange o PMCMV Sub 50. 
Decreto 4.665/2003 
Art. 7º 
I - formular e propor, acompanhar e avaliar os instrumentos para a implementação da 
Política Nacional de Habitação, em articulação com as demais políticas públicas e com as 
instituições e órgãos voltados para o desenvolvimento urbano, regional e social, visando à 
universalização do acesso à moradia, incluindo a rural; 
(...) 
XIII - acompanhar e avaliar o desempenho físico-financeiro das ações e programas da 
Secretaria, elaborando informações gerenciais para o processo de tomada de decisões. (grifo 
nosso) 
 Embora a legislação supracitada não especifique, de modo detalhado, quais ações estão 
relacionadas ao acompanhamento e avaliação do desempenho físico-financeiro das ações e 
programas da secretaria, conclui-se inequivocamente que se tratam de todas aquelas que 
necessárias ou suficientes para a boa gestão destes. 
Segundo ensinamento de Enrique Saraiva, o ciclo de uma política pública envolve as 
seguintes fases: definição de agenda, elaboração, formulação, implementação, execução, 
acompanhamento e avaliação. Para o autor, acompanhamento é o processo sistemático de 
supervisão da execução de uma atividade, que tem por objetivo fornecer a informação 
necessária para introduzir eventuais correções a fim de assegurar a consecução dos objetivos 
estabelecidos (Saraiva, E. (2006). Introdução à teoria da política pública. In: E. Saraiva, & E. 
Ferrarezi, Políticas públicas: coletânea (Vol. V.1, pp. 21-42). Brasília: ENAP). 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
14 
 
Portanto, era de se esperar alguma supervisão do órgão ministerial no programa, ainda 
que fosse mínima. Porém, foi evidenciado na auditoria que o Ministério repassava o recurso 
com base exclusivamente nas solicitações das instituições financeiras, sem fazer nenhum tipo de 
questionamento nem verificação para confirmar se as obras estariam de fato com o avanço 
físico informado pelas entidades privadas, bem como se estavam sendo executadas com 
qualidade satisfatória. 
Como já mencionado, as fiscalizações aos empreendimentos revelaram uma grande sorte 
de problemas, haja vista terem sido verificadas inúmeras unidades entregues sem condições 
mínimas de habitabilidade. 
A Controladoria Geral da União realizou também outra expressiva quantidade de 
fiscalizações em empreendimentos do programa, tendo sido identificadas as mesmas 
irregularidades verificadas por esta Corte, o que demonstra a recorrência da baixa qualidade das 
moradias entregues. 
A realização de inspeções in loco, por parte do Ministério, permitiria a identificação das 
irregularidades apontadas pela equipe de auditoria e possibilitaria a sua correção tempestiva. 
Ainda que, dada à insuficiência de recursos humanos, a fiscalização fosse esporádica, seria 
possível ao Ministério observar as reais condições das habitações que estavam sendo entregues 
e, assim, intervir para exigir uma melhor qualidade. 
Dessa forma, tendo em vista que se comprovou que a responsabilidade pela gestão do 
PMCMV Sub 50 é da Secretária Nacional de Habitação, do Ministério das Cidades, pode-se 
concluir que as alegações daresponsável, de que agiu conforme regulamentos editados pelos 
Ministérios das Cidades, Fazenda e Planejamento e de que a responsabilidade pelo 
acompanhamento físico das obras seria exclusiva das instituições financeiras e beneficiários, 
não merecem prosperar. Na verdade, os argumentos apresentados apenas tentam negar uma 
competência que legalmente lhe foi imputada, pela Lei 10.683/2003 e pelo Decreto 4.665/2003. 
De igual modo, não prospera a alegação de que foi o legislador quem optou por um 
modelo no qual as instituições financeiras são o principal ator da aplicação dos recursos 
públicos, como ocorre nos financiamentos imobiliários. Nesse aspecto, as disposições 
normativas já expostas anteriormente são bastantes para negar tal alegação. De fato, o que o 
legislador fez foi estipular as diretrizes para operacionalização do programa, munindo o 
Ministério das Cidades de todas as competências necessárias para bem complementar a forma 
de operar, controlar e supervisioná-lo. 
Reforça esse entendimento o fato de que, nas demais vertentes do Minha Casa Minha 
Vida, todas apoiadas nas mesmas leis e decretos anteriormente mencionados, o Ministério das 
Cidades usualmente expede portarias disciplinando as formas de atuação, os critérios mínimos 
de projeto e outros pontos que poderiam suscitar dúvidas ou controvérsias. Bastaria, assim, 
expedir portarias regulamentares também para essa vertente do programa. 
No mais, embora os beneficiários possam exercer algum tipo de ingerência e controle 
social sobre esses empreendimentos, a responsabilidade governamental não pode ser 
simplesmente delegada a essas pessoas físicas. O órgão ministerial não é, pois, um mero 
repassador de recursos públicos, mas sim o gestor e detentor de toda a política pública 
habitacional. 
De modo similar, não se pode conceber a delegação de competência tão relevante para as 
instituições financeiras intermediárias, entidades majoritariamente de natureza privada, sem 
nenhum acompanhamento e avaliação pelo órgão repassador. 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
15 
 
Além disso, por se tratar de uma política pública, ainda que haja a participação de 
terceiros privados em qualquer instância de sua execução, cabe ao MCidades, especificamente à 
SNH, nos termos da citada legislação pertinente ao tema, o planejamento, a regulação, a gestão 
e a avaliação do desempenho do programa. 
Conforme afirmado pela equipe de auditoria, a implementação de política pública por 
meio de instituições majoritariamente de natureza privada deveria ser amparada por 
instrumentos eficazes para acompanhamento e avaliação do trabalho dessas instituições. Não é o 
que se observa no caso do PMCMV Sub50 (peça 28, p. 32 do TC 010.900/2013-6). Consoante 
as evidências contidas no relatório de auditoria e sumariamente expostas nos parágrafos 
anteriores desta instrução, transparece uma omissão ministerial na condução dessa vertente do 
programa. 
Recupere-se, conforme registrado em parágrafos anteriores, o elevado risco a que estava 
submetido o Ministério por estar operando essa vertente do programa por meio de repasses a 
entidades privadas, que visam primariamente maximizar seus lucros. Nesse ambiente, era de se 
esperar de um gestor médio que realizasse alguma supervisão para verificar a boa e regular 
aplicação dos recursos, o que independe da expedição de leis ou normas, sendo necessário para 
tanto apenas destinar alguma equipe de servidores a realizar inspeções nos empreendimentos, 
ainda que fossem periódicas. 
Consoante dados obtidos no relatório de gestão da SNH de 2014, a Secretaria de 
Habitação contava com um efetivo de 84 servidores e, sendo o Minha Casa Minha Vida o 
principal programa sob sua responsabilidade, era razoável esperar que fosse designada uma 
equipe, ainda que diminuta, para acompanhar, ao menos por amostragem, a adequada execução 
desse programa. 
Quanto à natureza das operações de aquisição pelos beneficiários, não se pode sustentar 
que se trata de relação estritamente privada. Ressalta-se que o financiamento das construções 
habitacionais é inteiramente público, oriundos do Orçamento Geral da União (OGU) (art. 2º, 
inc. III, da Lei 11.977/2009), o que, por si só, já afasta a tese trazida pela responsável. 
Assim, ao contrário do que afirma a gestora, os princípios da administração pública 
alcançam todas as etapas do programa, desde a seleção dos beneficiários até a entrega das obras. 
Vale transcrever o art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988, que afirma: 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos 
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. 
Caso houvesse a transferência total de responsabilidade às empresas privadas, fugiria do 
poder público o controle e a direção de sua própria política socioeconômica. E não somente 
isso, incorreria o órgão no risco de ver o seu alto dispêndio financeiro ser empregado de forma 
ineficaz e/ou ineficiente, maculando todo o programa e não atingindo os objetivos propostos. 
Sobre as justificativas apresentadas de que teria havido a realização de diversas 
diligências sempre que ocorriam denúncias de irregularidades, inclusive realização de vistorias 
em obras, entende-se, mais uma vez, que não merecem prosperar. 
Isso porque a equipe de auditoria constatou, conforme Relatório de Fiscalização (peça 
50), que o ministério só começou a tomar providências após decorridos oito meses da 
publicação, na imprensa, de denúncias de irregularidades no PMCMV Sub 50 e, ainda assim, 
somente após o TCU e a CGU já estarem realizando auditorias nessa vertente do programa, o 
que demonstra uma significativa morosidade por parte do MCidades para, mesmo diante de 
denúncias de irregularidades, adotar medidas mínimas de supervisão. 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
16 
 
Por todo o exposto, propõe-se a rejeição das razões de justificativa apresentadas pela Sra. 
Inês da Silva Magalhães, Secretária da SNH, acerca dos diversos problemas relacionados à 
gestão do programa, tendo como causa a ausência ou insuficiência de normativos e a deficiência 
no acompanhamento e supervisão do programa por parte da Secretaria Nacional de Habitação 
do Ministério das Cidades. 
 
II. –Não adoção de providências para assegurar a entrega de moradias com padrões 
adequados de habitabilidade e salubridade, caracterizado, dentre outros fatores, pela 
ausência de: (i) adequada definição das especificações mínimas exigidas para as moradias 
custeadas pelo programa, sobretudo na 1ª etapa; (ii) inspeções sistemáticas in loco nas 
moradias entregues; (iii) trabalho técnico social na 1ª etapa do programa; e (iv) ações que 
fomentem e favoreçam o controle social do programa (achado 3.4 - item 9.4.2 do Acórdão 
2.255/2015-TCU-Plenário). 
Situação Encontrada 
Este achado se baseou nas conclusões obtidas na Fiscalização de Orientação Centralizada 
(FOC) autorizada por meio do Acórdão 1.488/2013-TCU-Plenário e consolidada no âmbito do 
TC 017.374/2013-8, com o objetivo de aferir a qualidade de obras executadas no âmbito do 
Programa Minha Casa, Minha Vida, na vertente que atende municípios com população de até 
cinquenta mil habitantes. 
Foi verificado que os procedimentos adotados pelo Ministério das Cidades não 
asseguravam que as moradias fossem entregues com padrões adequados de habitabilidade e 
salubridade, conforme previsto nos itens 1 e 2, alínea ‘g’, da Portaria 484/2009, caracterizados, 
dentre outros fatores, pelas ausências de: a) adequada definição das especificações mínimas 
exigidas para moradias custeadaspelo programa, sobretudo na 1º Oferta Pública; b) inspeções 
sistemáticas in loco nas moradias entregues; c) trabalho técnico social na 1º etapa do programa; 
e d) ações que fomentem e favoreçam o controle social do programa. 
No que concerne às especificações, a equipe constatou que o Ministério das Cidades não 
regulamentou, de forma suficiente e adequada, os critérios mínimos exigidos para se atingir, na 
operacionalização do programa, os parâmetros de habitabilidade e salubridade. 
Segundo o relatório de auditoria, no item 8.2 da Portaria Interministerial 484/2009 (1º 
Oferta Pública), consta apenas que as unidades habitacionais deverão contar com: a) área útil de 
trinta e dois metros quadrados; b) sala, dois quartos, banheiro, cozinha e área de serviço’ (peça 
28, p. 221 do TC 010.900/2013-6). Tais especificações não seriam suficientes para garantir 
padrões adequados de habitabilidade. 
Para a 2º Oferta Pública (Portaria Interministerial 547/2011), a equipe identificou 
algumas melhorias nas especificações, porém fazendo menção de que as unidades deveriam 
contar com infraestrutura básica que incluísse vias públicas de acesso, iluminação pública, 
solução de esgotamento sanitário e de drenagem de águas pluviais, ligações domiciliares de 
abastecimento de água, e energia elétrica, além de aumento da área útil das unidades 
habitacionais (36 m²) e definições para pé direito mínimo, cobertura, revestimentos internos e 
externos, pisos, instalações elétrica/telefônica, etc. 
Quanto à ausência de inspeções in loco, a equipe identificou, conforme já mencionado no 
item anterior desta instrução, que o Ministério das Cidades não realizava procedimento formal 
de supervisão permanente nem efetuava avaliações periódicas sobre a atuação das 
instituições/agentes financeiros para verificar em quais condições as obras estariam sendo 
entregues. 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
17 
 
Segundo análise da equipe de auditoria, o acompanhamento do programa pelo Ministério 
das Cidades não era satisfatório, posto que baseado exclusivamente em informações fornecidas 
pelas instituições/agentes financeiros, os quais não continham nem mesmo registros 
fotográficos, sem que fossem realizados quaisquer questionamentos nem mesmo inspeções in 
loco para verificar a fidedignidade das informações. 
Como resultado dessa falta de acompanhamento/supervisão das obras executadas e 
entregues aos beneficiários, tem-se o elevado percentual de irregularidades detectadas na FOC 
realizada por este Tribunal. 
Segundo o relatório de auditoria (peça 50 do TC 010.900/2013-6), todas as obras 
vistoriadas apresentaram deficiência na execução de serviços, senão vejamos: 
Tabela 2 – Falhas de qualidade em unidades habitacionais inspecionadas pelo TCU. 
Irregularidade/Falha encontrada % de ocorrência da 
amostra 
Execução de serviços com qualidade deficiente 100 
Projeto executivo deficiente 70 
Perdas econômicas e sociais decorrentes da não execução concomitante de serviços 
essenciais à funcionalidade da obra 
 
60 
Obra entregue sem estar devidamente concluída 30 
Inexecução ou execução parcial do objeto 20 
Inobservância dos requisitos legais e técnicos de acessibilidade de pessoas portadoras de 
deficiência ou mobilidade reduzida 
 
10 
Conforme já mencionado, a Controladoria Geral da União realizou também expressiva 
quantidade de inspeções a outros empreendimentos e identificou, de modo também sistêmico, as 
mesmas irregularidades verificadas por esta Corte. Ou seja, as irregularidades verificadas na 
FOC não são apenas pontuais, mas sim recorrentes em boa parte dos empreendimentos e 
moradias entregues. 
Apontou-se, ainda, que a ausência de fiscalização e inspeção das unidades habitacionais 
entregues não permitia a retroalimentação das informações utilizadas na formulação do 
programa. Desse modo, não havia, por exemplo, como o Ministério das Cidades se certificar 
nem da suficiência dos recursos, de R$ 12 mil a R$ 16 mil, na 1ª etapa (2009), e de R$ 25 mil, 
na 2ª etapa (2012), para execução das moradias nos parâmetros almejados. 
Sobre esse ponto, a Lei 11.977/2009 não definiu o valor da cota por unidade habitacional. 
Desse modo, na 1ª Oferta Pública, por exemplo, para qual a Lei destinou R$ 1 bilhão, poderiam 
ter sido executadas menos unidades com um valor de cota superior, não tendo sido esta a 
decisão na formulação da política pública. Ao contrário, buscou-se atingir um maior público de 
beneficiários com o mesmo recurso, sem, contudo, se dispor de meios adequados para 
supervisão do que se pretende executar. 
Outra falha identificada foi a ausência de trabalho técnico-social na 1º Oferta Pública, 
sendo realizado apenas no âmbito da 2º Oferta Pública (Portaria 547/2011). Esse tipo de 
trabalho, além de ser uma importante fonte de informação sobre as condições em que as 
moradias são entregues, é imprescindível para garantir a perenidade do empreendimento, ajudar 
na inclusão social dos beneficiários e contribuir, consequentemente, para a eficácia da política 
habitacional. 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
18 
 
Por fim, o Ministério das Cidades não dispunha de canais de comunicação efetivos e 
eficazes com os beneficiários do programa e tampouco exigia que as instituições e agentes 
financeiros os implementassem, de forma que o controle social do programa não foi incentivado 
pelo ministério, como por exemplo a participação de conselhos comunitários e outras formas de 
mobilização da comunidade local. 
Manifestação da Sra. Inês da Silva Magalhães 
Quanto às especificações técnicas mínimas para as unidades habitacionais, a defendente 
alega que a responsabilidade pela definição da tipologia e do padrão das moradias na 1º oferta 
pública era não só do Ministério das Cidades, mas também do Ministério da Fazenda, consoante 
os artigos 10 e 19, § 3º, da Lei 11.977/2009. 
Afirma que não se trata de repasse de recursos para obra pública, mas sim do pagamento 
de subvenções a pessoas físicas, para que estas adquiram ou produzam uma moradia. Dessa 
forma, ‘não era conveniente fixar detalhadamente as especificações técnicas destas unidades 
habitacionais, que devem atender primordialmente aos interesses e possibilidades dos 
beneficiários das subvenções.’ (peça 16, p. 21). 
Apesar disso, alega que consta, na Portaria 484/2009, orientações apara que fossem 
adotados padrões mínimos de habitabilidade e salubridade, devendo estar assegurados o acesso 
por via pública, acesso a equipamentos e serviços públicos, soluções de abastecimento de água e 
esgotamento sanitário e ligação de energia elétrica. 
A responsável argumenta também que a ausência de ligação das casas à rede elétrica, 
conforme consta no relatório de auditoria, não é em decorrência de falta de regulamentação do 
Ministério das Cidades, mas sim de falta de atendimento dos estados e munícios, pois, segundo 
consta na Portaria 484/2009, é de responsabilidade desses entes a disponibilização da 
infraestrutura básica. 
No que concerne à ausência de inspeções sistemáticas in loco nas moradias entregues, a 
responsável afirma que o tema já foi exaustivamente debatido na discussão do item 9.4.1.1 do 
Acórdão 2.255/2014 (analisado no item anterior desta instrução), e apenas acrescenta que ‘a 
própria evolução da regulamentação do PMCMV - Sub 50.000 entre a 1º e 2º oferta pública, 
conforme ressaltado no próprio Acórdão n. 2.255/2014, bem demonstra que a União detinha sim 
elementos que lhe permitiam buscar a melhoria na concepção e execução da política pública’ 
(peça 16, p. 22). 
Quanto à fixação do valor da cota por unidade habitacional, a responsável alega que 
também não seria competência apenas do Ministério das Cidades, mas também dos Ministériosda Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão (art. 8, inciso III, da Lei n. 11.977, de 2009, 
e art. 10, § 2, do Decreto n 7.499, de 2011). 
Acerca da ausência de trabalho social na 1º oferta pública do PMCMV Sub 50 e de ações 
que favoreçam e fomentem o controle social do programa, assevera ‘que embora se concorde 
que tais medidas podem favorecer a política pública em discussão, não existe uma 
obrigatoriedade legal para a implementação destas ações na forma almejada pela equipe técnica 
do Tribunal de Contas da União’ (peça 16, p. 24). 
Segundo a responsável, não existe norma que imponha a realização de trabalho social no 
PMCMV Sub 50, e nem mesmo a Lei 12.527/2011 aponta quais os dados e informações devem 
ser disponibilizados ao público na chamada transparência ativa. De qualquer forma, a 
responsável alega que a página eletrônica do Ministério das Cidades disponibiliza um grande 
número de informações, inclusive do PMCMV Sub 50. 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
19 
 
Dessa forma, segundo a responsável, não merece prosperar a imputação feita à Secretária 
Nacional de Habitação de que teria se omitido na adoção de providências para assegurar a 
entrega de moradias com padrões adequados de habitabilidade e salubridade, já que atuou na 
forma disposta na Lei n. 11.977, de 2009, e na regulamentação editada pelos Ministérios das 
Cidades, da Fazenda, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, não se podendo falar em 
descumprimento do dever de agir ou de nexo de causalidade entre a conduta da servidora e os 
problemas detectados nas obras do PMCMV - Sub 50.000. 
Por fim, quanto ao nexo de causalidade apontado pela equipe de auditoria, afirma que por 
se tratar de tão grave acusação, careceria de melhor fundamentação. Além disso, argumenta que 
o ‘PMCMV - Sub 50.000 representava um grande desafio por exigir a produção e entrega de 
imóveis residenciais para populações carentes dos menores municípios do país, por meio de um 
modelo (oferta pública de recursos a instituições e agentes financeiros) que não foi uma opção 
do Poder Executivo Federal’, mas sim uma proposta do Poder Legislativo (peça 16, p. 24). 
Análise 
Como visto, em suas alegações, a defendente alegou que a responsabilidade pela 
regulamentação das especificações mínimas das moradias entregues, na 1ª Oferta, era também 
dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Conforme já discutido no item anterior desta 
instrução, a atuação do Ministério da Fazenda e do MPOG se limita às suas competências, as 
quais estão ligadas a questões orçamentário-financeiras. Dessa forma, não é razoável considerar 
que cabia a esses ministérios a normatização de questões tão particulares à operacionalização do 
PMCMV Sub 50, como é o caso das especificações mínimas de projeto das moradias. 
Também não merece ser acolhido o argumento da responsável de que não era conveniente 
fixar detalhadamente as especificações técnicas das unidades habitacionais, por não se tratar de 
transferência de recursos para obras, mas de pagamento de subvenções. 
Primeiro porque as subvenções tinham como propósito específico a construção de 
unidades habitacionais, não podendo ser utilizadas em outras finalidades. Segundo que, 
conforme demonstrado pela equipe de auditoria, o ministério regulamentou as especificações, 
mas as regulamentou de maneira insuficiente, o que, aliado à ausência de fiscalização, não foi 
suficiente para garantir uma adequada qualidade nas moradias. 
Quanto à falta de inspeção in loco, o tema também já foi objeto de análise no item 
anterior desta instrução. A responsável acrescenta apenas que a própria evolução das normas, da 
1º para a 2º Oferta Pública, já demonstram que o ministério possui elementos capazes de 
permitir a melhoria do programa. 
Quanto a esse aspecto, cabe observar que o simples fato de ter realizado alterações nos 
normativos de uma oferta para outra não elide a falta de procedimentos de controle, por parte da 
SNH do MCidades, para evitar falhas de qualidade na construção de moradias habitacionais. 
Aliás, por melhor que fossem os normativos, a própria ausência de fiscalização impediria o seu 
cumprimento. 
Vale trazer à lume a análise crítica realizada no âmbito do TC 017.374/2013-8 (peça 21 
daqueles autos) acerca da qualidade das obras nas duas principais vertentes do PMCMV: a 
vertente ora analisada, que enfoca municípios de até cinquenta mil habitantes e é 
operacionalizada pelo Ministério das Cidades com auxílio de instituições financeiras privadas, e 
a vertente custeada com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), que abrange 
os municípios com mais de cinquenta mil habitantes e é operacionalizada pelo Ministério das 
Cidades com auxílio da Caixa Econômica Federal. 
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 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.796/2014-0 
 
20 
 
‘222. No âmbito do Fiscobras/2012, esta Secretaria realizou a Fiscalização de 
Orientação Centralizada (FOC), consolidada no TC 034.402/2012-8, para avaliar a qualidade de 
onze obras executadas por meio de outra vertente do Programa Minha Casa, Minha Vida, a 
vertente que é custeada com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) e possui 
regramentos específicos e distintos da vertente em análise. 
223. Naquela vertente, tanto a análise e aprovação dos projetos como a fiscalização das 
obras competem à Caixa Econômica Federal. 
224. A seguir, é apresentado um comparativo de recorrência dos cinco achados desta FOC 
com os detectados naquela FOC, realizada no âmbito do Fiscobras/2012. 
Tabela 9: Comparativo da recorrência dos achados da FOC/2012 com os da FOC/2013. 
Achados 
Percentual de recorrência na amostra 
FOC/2012* FOC/2013 
Execução de serviços com qualidade deficiente 64% 100% 
Projeto executivo deficiente ou desatualizado 64% 70% 
Perdas econômicas e sociais em decorrência da não 
execução concomitante de serviços essenciais à 
funcionalidade da obra 
27% 60% 
Obra entregue sem estar devidamente concluída 0% 30% 
Inobservância dos requisitos legais e técnicos de 
acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou 
com mobilidade reduzida 
9% 10% 
* Dados extraídos da Tabela 10 da Peça 33 (Instrução) do TC 034.402/2012-8. 
Gráfico 2: Comparativo da recorrência dos achados da FOC/2012 com os da FOC/2013. 
 
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Execução de 
serviços com 
qualidade 
deficiente
Projeto executivo 
deficiente ou 
desatualizado
Perdas 
econômicas e 
sociais em 
decorrência da 
não execução 
concomitante de 
serviços essenciais 
à funcionalidade 
da obra
Obra entregue 
sem estar 
devidamente 
concluída
Inobservância dos 
requisitos legais e 
técnicos de 
acessibilidade de 
pessoas 
portadoras de 
deficiência ou com 
mobilidade 
reduzida
Percentual de recorrência na amostra 
FOC/2012
Percentual de recorrência na amostra 
FOC/2013
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21 
 
225. Como se pode observar na tabela e gráfico acima, foram encontrados 
significativamente mais problemas nas obras desta vertente do programa (para municípios de 
até 50 mil habitantes), que é operacionalizada por entidades privadas credenciadas (instituições 
financeiras e/ou agentes do Sistema Financeiro de Habitação), do que na vertente fiscalizada em 
2012, cuja operacionalização é feita pela Caixa Econômica Federal, o que demonstra maior 
deficiência na atuação dos agentes credenciados privados em relação àquela empresa pública. 
226. Vale observar, ainda, que as portarias do Ministério da Cidade que disciplinaram a 
vertente do PMCMV custeada com recursos do FAR já possuíam regras mais bem definidas 
sobreas atribuições de cada ente bem como especificações mínimas mais detalhadas para as 
casas que seriam construídas no âmbito do programa. 
227. Nesse sentido, apresenta-se, na sequência, um comparativo das diretrizes e 
especificações mínimas para projetos da fase 1 da vertente do PMCMV que foi objeto desta 
FOC com as da fase 1 da vertente custeada com recursos do Fundo de Arrendamento 
Residencial (FAR). 
PMCMV - vertente que atende a municípios de até 50 mil habitantes: 
• Diretrizes para elaboração de projetos: 
- Nas portarias que regem essa vertente do PMCMV não foram previstas diretrizes 
para a elaboração do projeto. 
• Especificações mínimas (item 8 da Portaria 484/2009): 
- Substituição de unidades habitacionais isoladas em situação precária de 
habitabilidade, por meio de construção de novas moradias, que sejam localizadas em áreas com 
infraestrutura básica que permita as ligações domiciliares de sistema de abastecimento de água, 
esgotamento sanitário e energia elétrica, acesso por vias públicas e drenagem de águas pluviais. 
- As unidades habitacionais observarão as seguintes especificações mínimas: 
a) área útil de trinta e dois metros quadrados; e 
b) sala, dois quartos, banheiro, cozinha e área de serviço. 
PMCMV - vertente custeada com recursos do FAR: 
• Diretrizes para elaboração de projetos (item 4 da Portaria 139/2009): 
- Os projetos serão elaborados para a execução de empreendimentos inseridos na 
malha urbana e que contem com a existência de infraestrutura básica que permita as ligações 
domiciliares de abastecimento de água, esgotamento sanitário e energia elétrica, bem como vias 
de acesso e transportes públicos. 
- Deverá ser considerada a existência ou ampliação dos equipamentos e serviços 
relacionados à educação, saúde e lazer. 
- No caso de aquisição de projetos sob a forma de loteamento, cuja infraestrutura não 
se encontra executada, o valor de investimento poderá compreender os custos com a 
infraestrutura externa aos lotes adquiridos. 
• Especificações mínimas (item 4 da Portaria 139/2009): 
- Os projetos observarão especificação técnica mínima, disponível para consulta nos 
seguintes endereços eletrônicos: www.cidades.gov.br ou www.caixa.gov.br, reproduzida a 
seguir: 
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22 
 
Tabela 10: Especificações mínimas da fase 1 do PMCMV- vertente custeada com 
recursos do FAR (Peça 19 do TC 034.402/2012-8). 
Projeto 
Projeto paradigma - Casa com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para duas pessoas / 
cozinha / área de serviço (externa) / circulação / banheiro. 
DIMENSÕES DOS CÔMODOS - Observar as dimensões da NBR 15.575 
Mobiliário mínimo 
dormitório casal 
1 cama (1,40x1,95); 1 criado-mudo (0,50x0,50); 1 guarda-roupa (1,50x0,55) e circulação de 0,50m. 
Mobiliário mínimo 
dormitório duas pessoas 
2 camas (0,80x1,95); 1 criado (0,50x0,50); 1 guarda-roupa (1,50x0,55) e circulação de 0,80 m entre 
as camas e restante com 0,50 m. 
Mobiliário mínimo cozinha 
Largura mínima da cozinha: 1,60m. Quantidade mínima: pia, fogão (0,60x0,60) e geladeira 
(0,70x0,70). Previsão para armário sob a pia e gabinete. 
Sala de estar/refeições 
Largura mínima sala de estar/refeições: 2,40m. Quantidade mínima de móveis: sofás com número 
de assentos igual ao número de leitos, mesa para 4 pessoas e Estante/Armário TV. 
Área de Serviço Quantidade mínima: 1 tanque (0,60x0,55) e 1 máquina (0,60x0,65). 
CARACTERÍSTICAS GERAIS 
Área útil (área interna, sem 
contar áreas de paredes) 
32 m² (não computada área de serviço). 
Pé direito mínimo 
Observar a orientação municipal vigente ou adotar as dimensões mínimas previstas na Norma de 
Desempenho quando o município não regulamentar o assunto. 
Forro Forro de madeira ou PVC. 
Cobertura 
Cobertura em telha cerâmica sobre estrutura de madeira ou metálica ou outra solução com 
desempenho equivalente. 
Revestimento Interno 
Massa única, gesso (exceto banheiros, cozinhas ou áreas de serviço) ou concreto regularizado para 
pintura. 
Revestimento Externo Massa única ou concreto regularizado para pintura. 
Revestimento Áreas 
Molhadas 
Azulejo no box com altura mínima de 1,50m. Barrado impermeável sobre a pia e o tanque. 
Revestimento áreas comuns Massa única, gesso ou concreto regularizado para pintura. 
Esquadrias e Ferragens 
Portas internas, completas, em madeira. Aceitável porta metálica adequada à agressividade do meio 
no acesso à casa. 
Portas banheiro largura de 0,80 para o caso de unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais 
Portas quartos largura de 0,80 para o caso de unidades adaptadas para portadores de necessidades especiais 
Portas externas 0,80 x 2,10m 
Janelas De alumínio para regiões litorâneas (ou meios agressivos) e de aço para demais regiões. 
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23 
 
Pisos 
Cerâmica esmaltada em banheiro e cozinha, com rodapé. Cimentado preparado para aplicação de 
cerâmica nas demais áreas. 
Ampliação da UH Os projetos deverão prever a ampliação das casas. 
PINTURAS 
Paredes internas Tinta PVA 
Paredes áreas molhadas Tinta acrílica 
Paredes externas Tinta acrílica ou textura impermeável 
Tetos Tinta PVA 
Esquadrias Em esquadrias de aço, esmalte (2 demãos) sobre fundo preparador (1 demão). 
LOUÇAS E METAIS 
Lavatório Louça sem coluna e torneira metálica cromada. 
Vaso Sanitário Louça com caixa de descarga acoplada. 
Tanque 
Capacidade mínima de 18 litros, de concreto pré-moldado, granilite ou mármore sintético com 
torneira metálica cromada. 
Pia cozinha Bancada de 1,20x0,55m com cuba de granilite ou mármore sintético, torneira metálica cromada. 
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFÔNICAS 
Número de pontos de 
tomadas elétricas 
2 na sala, 4 na cozinha, 1 na área de serviço, 2 em cada dormitório, 1 tomada no banheiro e mais 1 
tomada para chuveiro elétrico (mesmo em caso de aquecimento solar). 
Número de pontos diversos 1 ponto de telefone, 1 ponto de antena e 1 ponto de interfone (em condomínios). 
Número de circuitos 
Prever circuitos independentes para chuveiro (dimensionado para a potência usual do mercado 
local), tomadas e iluminação. 
Interfone Instalar sistema de interfone (em condomínios) 
DIVERSOS 
Reservatório 
Caixa d´água de 500 litros ou de maior capacidade quando exigido pela concessionária local. Para 
reservatório elevado de água potável, em condomínio, prever instalação de no mínimo 2 bombas de 
recalque com manobra simultânea. 
Vagas Vagas de garagem conforme definido na legislação municipal 
Cercamento do condomínio Alambrado com baldrame e altura mínima de 1,80m no entorno do condomínio. 
Proteção da alvenaria externa Piso em concreto de 0,50 m de largura ao redor da edificação. 
Calçadas Quando previstas, as calçadas deverão apresentar largura mínima de 0,80m. 
Máquina de Lavar Prever solução para máquina de lavar roupas (ponto elétrico, hidráulica e de esgoto). 
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Equipamento de lazer / uso 
comunitário 
Para empreendimentos com 60UH ou mais, prever 1% da soma dos custos de Infraestrutura e 
Edificações para construção de equipamentos de lazer/uso comum. Priorização: centro 
comunitário, quadra de esportes, praça / playground. 
TECNOLOGIAS INOVADORAS 
 
Aceitáveis as tecnologias inovadoras testadas e aprovadas conforme a Norma de Desempenho - 
NBR-15.575 e homologadas pela CAIXA. 
SUSTENTABILIDADE 
 
Aquecimento solar nas unidades (item financiável nas regiões S, SE, CO e regiões frias do NE). 
Sistema aprovado pelo INMETRO e Qualisol 
 Medição individualizada

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