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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
FRANCIANE VIRMOND CARVALHO 
FEMINIZAÇÃO DA DOCÊNCIA, UMA REVISÃO DE LITERATURA 
CURITIBA 
2021
FRANCIANE VIRMOND CARVALHO
FEMINIZAÇÃO DA DOCÊNCIA, UMA REVISÃO DE LITERATURA 
CURITIBA 
2021
FRANCIANE VIRMOND CARVALHO
FEMINIZAÇÃO DA DOCÊNCIA, UMA REVISÃO DE LITERATURA 
Artigo apresentado à disciplina Seminário de Monografia B, como requisito parcial à conclusão do Curso de Educação Física, setor de ciências biológicas, Universidade Federal do Paraná. 
Orientador: Prof° Rogério Goulart Da Silva
CURITIBA
2021
FEMINIZAÇÃO DA DOCÊNCIA, UMA REVISÃO DE LITERATURA 
Franciane Virmond Carvalho
RESUMO
O presente trabalho pretende por meio de (foi realizados através de) estudos bibliográficos (para) tratar de assuntos referentes a maternidade e docência como acontece sua feminização, admitindo a necessidade de [footnoteRef:1]compreendermos como a feminização está ligada fortemente à docência. [1: 1 Significado qualitativo ou feminização: alude às transformações de significado e valor social de uma profissão ou ocupação, originadas a partir da feminilização e vinculadas à concepção de gênero predominante em uma época; seu impacto é avaliado pela análise do discurso.] 
Observamos que a constituição histórica da imagem do profissional de educação tem estado fortemente impregnada do mito da maternidade e da mulher como educadora nata. A partir disso consideramos que o problema não é unir a aprendizagem à afetividade, o que tentamos problematizar aqui é o fato de apenas a mulher ser relacionada ao ato de cuidar, zelar, de ser cuidadosa carinhosa, de ser permissiva, de ser paciente e doce com seus alunos/as. Pois independente da disciplina lecionada, a mulher professora é visualizada de outra forma, por diretamente estar ligada a figura materna. 
Palavras-chave: Feminização, Maternidade e Docência.
FEMINIZAÇÃO DA DOCÊNCIA, UMA REVISÃO DE LITERATURA 
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo abordará uma síntese de como ocorreu o processo de feminização da docência, seus conceitos históricos, a luz de pesquisas bibliográficas como introdução ao entendimento de quando se deu início a essa junção entre maternidade e docência e passou a ser relacionada à figura da mulher. A reflexão sobre as produções escritas desta temática instiga-nos a perceber que é necessário entendermos como a feminização1 está fortemente ligada à docência, a ver qual é a concepção de gênero feminino da sociedade, para ligar diretamente a imagem feminina à docência.
A mulher dos tempos hodiernos exibem perfis cada vez mais distintos dos que se configuravam nos séculos anteriores, cabe frisar também que, se tratando de século 21, as mulheres tem mais autonomia liberdade de expressão, bem como emancipou seu corpo, suas ideias e posicionamentos outrora sufocados. Em outras palavras, a mulher do século XXI deixou de ser coadjuvante para assumir um lugar diferente na sociedade, com novas liberdades, possibilidades e responsabilidades, dando voz ativa a seu senso crítico. Deixou-se de acreditar numa inferioridade natural da mulher diante da figura masculina nos mais diferentes âmbitos da vida social, inferioridade esta aceita e assumida muitas vezes mesmo por algumas mulheres. Hoje as mulheres não ficam apenas restritas ao lar (como donas de casa), mas comandam escolas, universidades, empresas, etc. Porém, mesmo tendo todas essas mudanças de lá para cá, a mulher ainda assim é fortemente associada ao papel materno, pois é ela quem gera, muitas vezes cria, provê toda a educação do seu filho/a, sem uma rede de apoio, trazendo essa ligação, feminizando à docência, principalmente nas séries iniciais. (para o âmbito da docência principalmente na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental). 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
Gênero na sociedade patriarcal
Desigualdade de gênero na família
 O Patriarcado é uma forma de organização social onde suas relações são regidas por dois princípios basilares: as mulheres são hierarquicamente subordinadas aos homens, e os jovens estão subordinados hierarquicamente aos homens mais velhos, patriarcas da comunidade”. Este sentido de patriarcado caracterizado pela supremacia masculina, desvalorização da identidade feminina e atribuição funcional do ser mulher, apenas para procriação, remonta a História Antiga e Idade Média.
Quanto ao cenário familiar, Freyre (1990) caracteriza a mulher como “esposa dócil, submissa, ociosa e indolente, ocupando importância extrema na educação dos filhos, na gerência do domicílio e assumindo a posição de chefe na ausência do patriarca”
Desigualdade de gênero no âmbito profissional
Conceituação histórica da maternidade 
Para entender o processo de feminização da docência é importante inicialmente apontar algumas percepções e estudos da história da maternidade e, posteriormente, como esta foi sendo ligada à docência. 
Conforme cita o autor (a autora) DEL PRIORE (2000), no início do século XIX ocorreu algumas tentativas de prezar pela infância, destacou-se a grande incidência de mortes de crianças devido a maus tratos. As crianças eram abandonadas por suas mães, que não tinham condições financeiras de criá-las, aumentando também as taxas de aborto e infanticídio. 
Tal situação que demarcava um período de diminuição da alta mortalidade infantil, poderia ser visto com otimismo, porém tornou-se um problema para o país. O Brasil estava entrando em desenvolvimento, e para que isso acontecesse era necessário o aumento populacional, mas a sociedade não estava estruturada para o recebimento de tantos nascimentos. 
A maternidade neste período segundo Venâncio (2004) era bem difícil, pois as crianças recém nascidas eram abandonadas em frente às casas, nas calçadas terrenos baldios. Como forma de amenizar essa situação de abandono e acolher estas crianças, foram surgindo iniciativas de construção de casas de caridade; algumas dessas casas de caridade das cidades como Rio de Janeiro e Salvador acolheram cerca de 50 mil crianças rejeitadas nos séculos XVIII e XIX. Essas crianças eram batizadas pelas Santa Casas que os acolhiam, criando assim o hábito de que se alguma pessoa encontrasse determinada criança abandonada, esta pessoa era recompensada com um tipo de ajuda financeira; o intuito era incentivar para recolher a criança e batizá-la. Algumas pessoas recolhiam a criança de coração e outras por interesse financeiro. As crianças eram recolhidas, porém muitas vezes não eram bem tratadas, sofriam agressões físicas, recebiam uma alimentação não adequada à situação delas, não tinham tratos básicos de higiene, atitudes que provocaram algum tipo de sofrimento às mesmas. 
Segundo (VENÂNCIO, 2004) fazendo uma análise dos motivos que levaram ao abandono infantil, não era apenas pela precariedade financeira da época, pois existiam mulheres com uma boa situação econômica. Porém, para manter a uma certa imagem e postura social, e não ser condenada moralmente, afinal seu filho era fruto, de uma traição, um amor proibido, portanto, esse seria um forte impulso para o abandono infantil. De acordo com COSTA (2006), diante disto é importante problematizar o conceito de maternidade e analisar se realmente é inerente à natureza feminina. Já na visão de BADINTER (1985) esta afirma que a história da maternidade, e a forma como esta foi entendida, está intimamente ligada à história da infância. O comportamento de rejeição da criança por certas mães, durante muitos séculos, é justificado pela desvalorização que a própria sociedade fazia das crianças. Isto levou as mulheres de vários grupos sociais a gastarem seu tempo com outras coisas, já que outras mulheres (as amas de leite) poderiam cuidar dos seus filhos por dinheiro. Segundo BADINTER (1985), por volta do século XIII, os pais consideravam a presença da criança um incômodo na vida deles, e começavam a ter atitudes de abandono físico e moral. Um dos primeiros sinais de que a mãe estava rejeitando o próprio filho oriundo de seu ventre era recusar-se a alimentá-lo com oleite materno, sendo comum naquela época famílias com poder aquisitivo financeiro mais elevado contratarem amas de leite, que faziam o papel que deveria ser das mães. Já no caso das famílias mais pobres, os filhos eram tidos como uma ameaça à sobrevivência de seus próprios pais. Nesse cenário ameaçador para os pais das famílias mais pobres, as mães deixavam de alimentar as suas crianças com leite materno e iam trabalhar de amas de leite para famílias mais ricas. Dando relevância à sobrevivência e não ao instinto materno. 
Rousseau, com a publicação de Emílio em 1762, lançou uma visão sobre a família, fundada no amor e dedicação materna. E, deste modo propaga uma imagem feminina que implica características de mãe. Para Rousseau a educação das crianças é responsabilidade da mãe que nasceu para isto; assim, faz uma crítica àquelas que abandonam seu principal dever, não amamentando os filhos e os deixando aos cuidados de estranhas.
Como naquela época a taxa de mortalidade infantil era elevada, isso começou a causar grande preocupação às mães de se entregarem e se apegarem muito aos seus filhos, pois a morte deles causariam uma imensa tristeza nelas uma morte de alma das mesmas. Segundo Ariès (1981) afirmou que a vida, a família e a infância ganhou satisfatória importância a partir do século XVI. Diferente de como os pais tratavam seus filhos na idade média, pois encaminhavam as crianças a outras famílias para que esses aprendessem boas maneiras, para que entrassem na escola, sendo assim esse distanciamento contribuía para a não construção de um laço afetivo entre os pais e os filhos, não valorizando a instituição família. 
Após os anos de 1760, BADINTER (1985) relata, que neste período começou o surgimento de publicações que traziam recomendações às mães para que as mesmas fossem mais zelosas com seus filhos, mostrando uma exaltação pelo amor materno que em algumas épocas atrás não era vista. O estado começou a ter preocupação com o bem estar das crianças, exigindo que as mulheres cumprissem seu papel de ser uma boa mãe, sendo assim notório para as mulheres que ao fazerem bem este papel estariam contribuindo positivamente para a preservação da sociedade, diminuindo as taxas de mortalidade infantil. 
Junções da mulher como figura materna na docência
Quando falamos da função do ser professor e professora, não podemos esquecer das tramas ideológicas que foram se constituindo ao longo da história da educação, isto é, até o século XIX, a história da humanidade é caracterizada por uma prática que restringe o papel da mulher a um campo de ocupações estereotipadas e subjugadas, rebaixando a condição social.
A representação do ser professor e ou professora foi relacionada a todo o momento, a imagem do ser mãe.
Como afirma JESUS (2009) os papéis tanto, de ser mãe como de professora, foram naturalizados. Eles são historicamente datados e não percebidos como sociais, o papel de professora foi atribuído à mulher, assim como a função de cuidar dos filhos. Os dramas de consciência das professoras que querem atender a todas as necessidades dos alunos/as e da família antes mesmo delas, correspondem a essa determinação histórica e culturalmente instituída. 
Arce (2001), cita Fröebel que considera que a mulher, devido ao seu instinto maternal e o seu papel dentro da sociedade, em cuidar da família, se torna ideal para o trabalho como educadora docente, eleita pelo educador como grande progenitora. Arce afirma que Fröebel considerava a mulher uma educadora nata com necessidades de despertar o fazer educativo.
Em 1964 foi realizada no Brasil uma pesquisa referente ao magistério onde foi constatado que a maioria dos postos ocupados pelo magistério era de mulheres, cerca de 93,4%. E a maioria desses professores julgava as mulheres mais aptas a ocuparem espaço maior no magistério devido ao instinto maternal. (que dados são este e para que etapa de ensino?)
Além disso (não entendi esse “o” no inicio) o, afirmaram que esta ocupação deve ser mais feminina, pois o sistema de ensino tem salários baixos, poucas horas de trabalho diário e prestígio ocupacional insatisfatório (LOPES, 1991).
Conforme os dados levantados (quais??) acima, podemos afirmar a relação próxima que a mulher tem com a docência, mesmo que algumas outras pesquisas também demostrem que o ambiente docente também já teve predominância masculina, a ligação materna e à docência se naturalizou no senso comum. 
Conforme SCHAFFRATH (2000) evidenciou que desde a colonização brasileira, a educação era mais direcionada ao público masculino, e as mulheres estavam afastadas da sala de aula, então os homens lecionavam para outros homens apenas. O principal motivo do afastamento das mulheres do meio de ensino, é que as mesmas deveriam dar atenção apenas as atividades naturais ditas pertencentes a elas, como: cuidar da casa, marido e filhos. Como a educação aos homens era lecionada pelos Jesuítas, que tinham alguns ideais de liberdade e igualdade, trouxeram a ideia de um ensino público de educação, despertando no governo uma preocupação em capacitar os profissionais docentes. 
Este autor afirma ainda que aos poucos as autoridades da época começaram a despertar para o fato de que sendo a mulher a primeira educadora de seus filhos seria ideal que fizesse parte da educação primária.
Na data 1987 ??? (qual a fonte???) foram criadas as primeiras escolas somente para as mulheres, as turmas eram separadas e apenas mulheres poderiam lecionar para outras mulheres. Sendo assim necessário a admissão de professoras do sexo feminino. Então, a mão de obra feminina começou a entrar em cena na educação, pois os homens precisavam ter um trabalho onde fossem melhor remunerados. As mulheres eram instruídas a exercer essa profissão docente além de cuidar da casa e esposo e filhos, 
[...] de forma que o lar e o bem-estar do marido e dos filhos fossem beneficiados por essa instrução. [...] Assim as mulheres poderiam e deveriam ser educadas e instruídas, era importante que exercessem uma profissão — o magistério — e colaborassem na formação de diretrizes básicas da escolarização manter-se-iam sob a liderança masculina”. (ALMEIDA, 1996, p. 73)
SCHAFFRATH (2000) afirma que magistério enquanto profissão pouco rentável afastava os homens que deveriam prover o sustento da família.
Há de se destacar que a categoria docente não sofre desvalorização devido a feminização, mas por uma distribuição de poderes, pois os homens saiam do âmbito da sala de aula, mas continuavam a ocupar cargos de controle do sistema, como a direção da escola. 
Por volta de meados do século XIX, foram criadas as primeiras escolas parecidas com as nossas de hoje em dia do século 21 que compreendiam a formação de docentes homens e mulheres, mesmo que pertencentes a salas separadas. 
O ambiente de sala de aula deveria ser compreendido como um lugar de sacerdócio e não um local que você exercia sua profissão. 
Louro (2004) e Almeida (1998) assinalam que a mulher dentro da sala de aula como professora nada mais é que o equilíbrio entre a condição desejável e a possível de se obter, ou seja, o “ser professora” está intimamente ligado à missão, vocação e extensão do lar e da maternidade.
A mulher ligada as profissões do cuidado
Na educação tem poucos homens no ensino infantil levantar isso
Feminilização[footnoteRef:2] docente nos dias atuais e concepções conservadoras [2: Significado quantitativo ou feminilização: refere-se ao aumento do peso relativo do sexo feminino, na composição de uma profissão ou ocupação; sua mensuração e análise realizam-se por meio de dados estatísticos] 
Nos dias atuais o trabalho docente feminino é necessário requer reflexão a partir dos estudos de gênero ser refletido devido aos estudos de gênero, que discorrem à participação das mulheres na profissão docente, tem-se implicado em afirmações que postulam uma relação direta entre a desvalorização e precarização do trabalho docente com a chamada “feminização do trabalho”.
Conforme (LIMA 2015) há diversas linhas que abordam a feminização docente, entreelas existem as concepções “conservadoras” pautadas pela ideia de “vocação”. As mulheres, portanto, seriam levadas à profissão docente por conta da sua “natureza”, propensa à manutenção das relações humanas e as práticas do cuidado. Dessa maneira, a atividade assimilou peculiaridades naturalizadas como femininas, como, por exemplo, a sensibilidade, o amor incondicional, a tranquilidade, a entrega, etc. Assim, o magistério passa a ser visto como uma atividade que poderia e deveria paulatinamente ser exercido conjuntamente com as atividades do lar. 
Ter a compressão de como aconteceu a feminização da docência, é entender que este processo não está ligado a presença das mulheres, mas sim associado aos símbolos de feminilidade da escola. Faz-se necessário compreender que tantos os papéis ditos femininos e ditos masculinos são construídos historicamente. 
“gênero se constitui em cada ato da nossa vida, seja no plano das ideias, seja no plano das ações. O tempo inteiro a gente está constituindo o gênero no nosso próprio cotidiano”. (GROSSI, 2004, p.09)
Segundo (LIMA 2015) dessa forma, a leitura de gênero perpassa o campo dos símbolos, observáveis em determinada sociedade, expressos culturalmente, em normas reveladas nas suas ideias, na subjetividade como também nas relações de poder. No campo do simbólico, podemos pensar na feminização da docência como composição de práticas, ações que permeiam essa atividade independente do corpo que a assume e não somente à participação numericamente hegemônica de mulheres nessa profissão. Contar com a participação de mulheres ou de homens na atividade de professoras e professores é pensar em uma pequena parte das dimensões simbólicas da realidade educacional. 
Sendo assim não é necessário feminizar o trabalho docente, pois escolas não devem ser instituições receptoras de práticas da sociedade de masculinidades e feminilidades, que transportadas para seu interior condicionam sua realidade, elas produzem significados que contribuem com o processo de formação dos indivíduos, da infância a vida adulta.
Será que todas as mulheres desejam ser mães ou tem características maternais, ou isso tudo é apenas uma imagem criada pela sociedade
Mulher um ser não tão dócil assim
A autora Rachel Sohiet (1989), na obra denominada “Condições femininas e formas de violência” (apud OLIVEIRA, 2008), apresenta uma perspectiva histórica sobre concepções a respeito da “natureza” da mulher. Para fins deste estudo, é interessante salientar, conforme a autora, que no fim do século XIX, Lombroso e Ferrero, (significativos representantes da corrente evolucionista) muito influenciaram no universo jurídico e policial, buscando provar a inferioridade feminina, apontando as deficiências da mulher, infantilizando-a. Deste modo, comandadas pela natureza e seus impulsos mais instintivos, a mulher aparecia biológica e intelectualmente inferior ao homem. Partiam das características das mulheres que consideravam normais (como toda a tese lombrosiana), e buscavam analisar as chamadas “desviantes”, que eram as prostitutas e as criminosas.
Desconsiderando questões sociais, econômicas e culturais, Lombroso e Ferrero enfatizavam um biologismo, segundo o qual a mulher apresentaria menor tendência ao crime porque evoluíra menos que os homens, sendo organicamente mais passiva e conservadora devido, basicamente, à imobilidade do óvulo comparada à mobilidade do espermatozóide. Assim, a baixa inserção da mulher na criminalidade estaria explicada exclusivamente pela personalidade feminina, vista como menos inteligente, sem criatividade, passiva, submissa, dócil, com instinto maternal (SOHIET, 1989).
Para esta linha de pensamento, a mulher estaria mais sujeita à prática de crimes quando influenciada por fenômenos biológicos, tais como: a puberdade, a menstruação, a menopausa, o parto. Assim coloca Sohiet (1989, p.98):
“A mulher normal, portanto, apresentaria graves defeitos em proporção superior àqueles do homem, porém sua fraca inteligência, frigidez sexual, fraqueza das paixões, dependência, unidos ao sentimento maternal, mantinham-na como uma “semicriminalóide inofensiva”. Ao contrário, aquelas dotadas de erotismo intenso, com sensibilidade sexual superior a das mulheres normais, dotadas de forte inteligência, se revelavam extremamente perigosas; eram as criminosas natas, cujas tendências para o mal eram mais numerosas e variadas que as do homem, algumas prostitutas natas e as loucas” (SOHIET, 1989, p. 98).
Importante ressaltar, que o Código Penal Brasileiro, em vigência, encontra-se ainda marcado por alguns elementos desta perspectiva, apontando que pela sua constituição hormonal, a mulher possui uma natureza psicológica por vezes sujeita a transtornos mentais significativos, em determinados períodos específicos da sua vida, os quais influenciam o psiquismo, devendo ser considerados em caso de delito ou crime, devendo ser analisados pormenorizadamente pelos peritos. Estes períodos se dividem em quatro: período menstrual, período de gravidez e parto, puerpério e menopausa.
3 METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado em apenas uma etapa:
Que consiste em através uma da revisão bibliográfica a partir da temática: Feminização, Maternidade e Docência. Desenvolvido com o intuito de analisar as transformações, decorrentes da modernidade, acerca da feminização docente, indagar o porquê a mulher de uma maneira conservadora de se pensar era naturalizada como uma espécie de exemplo docente, por ela ter características maternais, tais questões referente a temática foram levantadas através de uma pesquisa bibliográfica, de trabalhos de autores como: DEL PRIORE, LOURO, VENÂNCIO, SCHAFFRATH, GROSSI que abordam os Feminização, Maternidade e Docência.
Franciane, você deverá depois da apresentação do TCC refazer essa metodologia e fundamentá-la com mais elementos metodológicos sobre revisões bibliográficas. 
 4 RESULTADOS
A partir do levantamento de pesquisa bibliográfica realizado conforme citação dos autores e das autoras supracitadas compreendemos que a imagem da professora está diretamente associada a imagem de uma mãe, que cuida que zela, que deixa seus próprios interesses de lado para dar o máximo de atenção para aquele pequeno ser, que está sob seu ensinamento e cuidado. Porém este cenário de feminilização docente nem sempre foi assim, pois o cargo de magistério já foi, predominantemente masculino. Conforme SCHAFFRATH (2000), durante o período colonial, a mulher esteve bastante distante da escola em detrimento das atividades que lhes eram atribuídas como próprias da sua natureza como mulher, que seriam os cuidados maternos, com o lar, zelar pelo marido e demais tarefas cotidianas propriamente ditas naturais do seu gênero. Sendo assim, eram os homens que frequentavam os colégios tanto no papel de alunos quanto como docentes. Esse cenário só foi mudando à medida que as meninas iam sendo incluídas na educação, sendo permitida a participação das mesmas, pois os homens precisavam correr atrás de profissões mais bem remuneradas para eles. Assim as mulheres deram o ponta pé inicial na luta por espaço dentro da educação, dentre outros motivos. 
Para Arce (2001), a utilização de termos como tia, ou até, em certa medida, pejorativos tais como professorinha, era uma forma de chamar as professoras. E tais manifestações configuram uma caracterização pouco definida da profissional, oscilando entre o papel doméstico de mulher /mãe e o trabalho de educar. 
Muitos desses autores (cite quais) levantados na pesquisa bibliográfica relataram que a educação feminina tem seu predomínio só no século XIX, quando surge o argumento de que a docência é uma extensão da maternidade. Então “ser professora” está intimamente ligado à missão, vocação e extensão do lar e da maternidade. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao abordar este tema, procuramos analisar através dos autores/as citados que discorreram do assunto Feminização, Maternidade e Docência, os porquês da figura feminina estar tão ligada à docência. Através desta pesquisa bibliográfica, foi possívelobservar que a feminização docente segue um caminho histórico conservador e machista, porém não linear, de como a sociedade entendia o papel natural da mulher 
Reside aqui, entre outros fatos, o fato de apenas a mulher ser relacionada ao ato de cuidar, de ser permissiva, de ser paciente e doce com seus alunos. É possível perceber que no decorrer do tempo, nas falas dos autores (cite os principais) que fizeram trabalhos sobre o tema Feminização, Maternidade e Docência, que o gênero feminino foi naturalizado como o mais sensível e capaz de amar seu filho incondicionalmente, mas também à docência como vocação, um dom reservado apenas para o sexo feminino, e parte do instinto maternal o que, talvez pensando desta forma conservadora afasta a mulher do profissionalismo e de uma busca por uma formação melhor docente (seria melhor colocar adequada formação).
Acreditamos que qualquer momento da vida educacional de uma criança pode permear uma realidade de trabalho a uma pessoa do sexo feminino quanto masculino, pois as dimensões de feminilidade criadas socialmente, o cuidado, a emoção, a sensibilidade, podem estar presentes em qualquer pessoa. 
Aqui você poderia descrever como foi pra você ler e interpretar essas noções de como esse papel foi sendo incrustrado não somente na mulher como no senso comum de nossa sociedade. 
O que lhe incomoda nisso? 
Como você pretende mudar na sua trajetória para que não repita ou reforce essa ideia nos seu ambiente de trabalho ? 
Descreva essas questões para que haja uma conclusão de fato. 
Ler o capítulo 4 (Gênero da docência) do livro: Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista da Guacira Lopes Louro.
As professoras ocupam um universo marcadamente masculino — não apenas porque as diferentes disciplinas escolares se construíram pela ótica dos homens, mas porque a seleção, a produção e a transmissão dos conhecimentos (os programas, os livros, as estatísticas, os mapas; as questões, as hipóteses e os métodos de investigação "científicos" e válidos; a linguagem e a forma de apresentação dos saberes) são masculinos. (p.89)
Pensar a escola é refletir sobre as construções sociais e culturais de masculino e feminino
Na página 92 Guacira escreve sobre o mestre no masculino porque é quem inaugura a instituição escolar moderna, o religioso, pois são modelos de virtudes, disciplinados disciplinadores, guias espirituais, conhecedores das matérias e das técnicas de ensino, esses primeiros mestres devem viver a docência como um sacerdócio, como uma missão que exige doação.
Também no Brasil a instituição escolar é, primeiramente, masculina e religiosa. Os jesuítas, "braço espiritual da colonização", para além das tentativas de catequização dos índios, investem, de fato, na formação dos meninos e jovens brancos dos setores dominantes, p.94
O magistério se tornará, neste contexto, uma atividade permitida e, após muitas polêmicas, indicada para mulheres, na medida em que a própria atividade passa por um processo de ressignificação; ou seja, o magistério será representado de um modo novo na medida em que se feminiza e para que possa, de fato, se feminizar. (p.95)
Embora professores e professoras passem a compartilhar da exigência de uma vida pessoal modelar, estabelecem-se expectativas e funções diferentes para eles e para elas: são incumbidos de tarefas de algum modo distintas, separados por gênero (senhoras honestas" e "prudentes" ensinam meninas, homens ensinam meninos), tratam de saberes diferentes (os currículos e programas distinguem conhecimentos e habilidades adequados a eles ou a elas), recebem salários diferentes, disciplinam de modo diverso seus estudantes, têm objetivos de formação diferentes e avaliam de formas distintas.(p.95-96)
Aos poucos crescem os argumentos a favor da instrução feminina, usualmente vinculando-a à educação dos filhos e filhas. Essa argumentação irá, direta ou indiretamente, afetar o caráter do magistério — inicialmente impondo a necessidade de professoras mulheres e, posteriormente, favorecendo a feminização da docência. Os discursos que se constituem pela construção da ordem e do progresso, pela modernização da sociedade, pela higienização da família e pela formação dos jovens cidadãos implicam a educação das mulheres — das mães (p.96)
Já que se entende que o casamento e a maternidade, tarefas femininas fundamentais, constituem a verdadeira carreira das mulheres, qualquer atividade profissional será considerada como um desvio dessas funções sociais, a menos que possa ser representada de forma a se ajustar a elas.(p.96)
As escolas de formação docente enchem-se de moças, e esses cursos passam a constituir seus currículos, normas e práticas de acordo com as concepções hegemônicas do feminino. Disciplinas como Psicologia, Puericultura e Higiene constituem-se nos novos e prestigiados campos de conhecimento daquelas que são agora as novas especialistas da educação e da infância (p.97)
Representação do ser professora combinam-se elementos religiosos e "atributos" femininos, construindo o magistério como uma atividade que implica doação, dedicação, amor, vigilância. As mulheres professoras — ou para que as mulheres possam ser professoras — precisam ser compreendidas como "mães espirituais". O trabalho fora do lar, para elas, tem de ser construído de forma que o aproxime das atividades femininas em casa e de modo a não perturbar essas atividades. Assim, as mulheres que vão se dedicar ao magistério serão, a princípio, principalmente as solteiras, as órfãs e as viúvas. Nos primeiros tempos, quem vai, efetivamente, exercer a profissão são as mulheres "sós". (p.104)
Através de múltiplos recursos se estabelece ou se reforça uma ligação estreita entre mulheres/professoras e crianças, chegando-se, por vezes, a "infantilizar" tanto o processo de formação de professoras quanto a atividade docente de primeiro grau. (p.107)
REFERÊNCIAS 
Grossi, M. P. Masculinidades: Uma Revisão Teórica, Antropologia em primeira mão. Florianópolis: UFSC, 2004, v. 75. Disponível em: http://minhateca.com.br/ Acesso em 18/03/2015
DEL PRIORE, Mary. Mulheres no Brasil colonial. São Paulo: Contexto, 2000.
ALMEIDA, J. S. de. Mulheres na escola: Algumas reflexões sobre o magistério feminino. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 96, p. 71-78, fev., 1996
VENÂNCIO, Renato Pinto. Maternidade Negada. In: DEL PRIORE, Mary (org). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004, p. 189-222.
BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno; 1985. 
ARCE, Alessandra. A Imagem da mulher nas ideias educacionais de Pestalozzi: O aprisionamento ao Âmbito privado (doméstico) e à maternidade algelical. Caxambu: ANPED, 2001. 
LOPES, Eliane Marta Santos Teixeira. A educação da mulher: a feminização do magistério: 1991
SCHAFFRATH, Marlete A. S. A profissionalização do magistério feminino: uma história de emancipação e preconceitos. In: 23ª Reunião Anual da Anped, 2000, Caxambu, MG. Anais da 23ª Reunião Anual da Anped. São Paulo: ANPED, 2000.
LOURO, G. L. Gênero e Magistério: Identidade, História, Representação. In: CATANI, D. et al.(org.) Docência, memória e gênero: estudos sobre formação. São Paulo: Escrituras Editora, 1997.
JESUS, Adriana Regina De. Gênero e Docência: infantilização e feminização nas representações dos discentes do curso de pedagogia da Universidade estadual de Londrina. São Paulo: 2009.
LIMA, Admilson Marinho De. Feminização do trabalho docente: XXVIII Simpósio Nacional De História. Florianópolis - SC: 2015. 
COSTA, Maraiza Oliveira. Relação gênero-docência-maternidade e implicações no cotidiano escolar. Seminário Nacional de Trabalho e Gênero Sessão temática: Trabalho, gênero e educação. Goiânia: 2006.

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