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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO UM OLHAR SOBRE A PERCEPÇÃO DE RISCO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS (DTAs) ENTRE MANIPULADORES DE ALIMENTOS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA KATRYN BACK DE ARRUDA Cuiabá-MT, outubro de 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO UM OLHAR SOBRE A PERCEPÇÃO DE RISCO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS (DTAs) ENTRE MANIPULADORES DE ALIMENTOS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA KATRYN BACK DE ARRUDA Trabalho de graduação apresentado ao curso de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob orientação da Professora Ma Géssica Fraga. Cuiabá-MT, outubro de 2018 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO UM OLHAR SOBRE A PERCEPÇÃO DE RISCO DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS (DTAs) ENTRE MANIPULADORES DE ALIMENTOS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA KATRYN BACK DE ARRUDA Orientadora: Profa. Ma. Gessica Fraga MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA JULGADO EM: 09/10/2018 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Ao meu namorado, pela força, carinho e palavras de consolo quando foi preciso. A minha orientadora Géssica Fraga, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos. A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................9 2. OBJETIVOS...........................................................................................................10 2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 10 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................... 10 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................11 4. MATERIAL E MÉTODO........................................................................................14 5. RESULTADOS .........................................................................................................15 6. DISCUSSÃO..............................................................................................................19 7. CONCLUSÃO............................................................................................................22 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 23 RESUMO ARRUDA, K. B. Um olhar sobre a percepção de risco de Doenças Transmitidas por Alimentos entre manipuladores de alimentos – Revisão Bibliográfica. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Nutrição) - Faculdade de Nutrição, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2018. O manipulador de alimentos é considerado uma das principais fontes de contaminação durante a produção de alimentos. Sendo assim, a conscientização, a alta percepção de risco e a capacitação sobre higiene de alimentos e perigos que podem ser evitados e prevenidos é uma ferramenta bastante eficiente para a redução de surtos provocados por doenças transmitidas por alimentos. Percepção de risco do indivíduo envolve perspectivas de experiências, crenças e imagens, fazendo com que os comportamentos tenham outras fontes que não o conhecimento científico. Portanto, o presente trabalho objetivou-se realizar uma análise sumária das pesquisas avaliativas sobre a percepção de risco dos manipuladores com pesquisa bibliográfica no período de 2008 a 2017 nas bases de dados SciELO, LILACS e PUBMED. Foram selecionados 12 artigos vinculados à área, onde sete analisaram o nível de conhecimento dos manipuladores de alimentos, quatro, as condições socioeconômicas dos manipuladores de alimentos; seis, avaliaram a presença de cursos e treinamentos para os manipuladores; dois, avaliaram a qualidade microbiológica em unidades de alimentação e nutrição; e dois, avaliaram as condições de higiene pessoal e o comportamento dos manipuladores. Apontam-se insatisfatório a percepção de risco dos manipuladores quando avaliados, e pouco satisfatório quando impostos a cursos e treinamentos. Destaca-se a necessidade de maior atenção à percepção de risco dos manipuladores, de maneira a garantir o alimento seguro a todos dentro de princípios que promovam a segurança alimentar e nutricional. Novos estudos acerca do tema são fundamentais para caracterizar os vieses que contrapõe os treinamentos acerca dos conhecimentos sobre as boas práticas. PALAVRAS-CHAVE: Manipuladores de alimentos; Capacitação; Alimentos seguros; Boas Práticas de Fabricação. ABSTRACT ARRUDA, K. B. A Look At The Risk Perception Of Foodborne Illness Among Food Handlers - Bibliographic Review. Completion of course work. College of nutrition – UFMT, 2018. The food handler is considered a major source of contamination during food production. Thus, awareness, high risk perception and training on food hygiene and avoidable and preventable hazards is a very effective tool for the reduction of outbreaks caused by foodborne diseases. Risk perception of the individual involves perspectives of experiences, beliefs and images, causing behaviors to have sources other than scientific knowledge. Therefore, the present work aimed to perform a summary analysis of the evaluative research on the risk perception of manipulators with bibliographic research in the period from 2008 to 2017 in the databases SciELO, LILACS and PUBMED. We selected 12 articles related to the area, where seven analyzed the level of knowledge of food handlers, four, the socioeconomic conditions of food handlers; six, evaluated the presence of courses and training for the manipulators; two, evaluated the microbiological quality in feeding and nutrition units; and two, evaluated the personal hygiene conditions and the behavior of the manipulators. The perceived risk of manipulators when assessed is unsatisfactory, and unsatisfactory when imposed on courses and training. Emphasis is placed on the need for greater attention to the risk perception of the manipulators, so as to guarantee safe food for all within principles that promote food and nutritional security. New studies on the subject are fundamental to characterize the biases that the training counterposes about knowledge about good practices. KEYWORDS: Food handler. Training; Food safety; Good Manufacturing Practices. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figuras: Pg Figura 1 - Fluxograma das fases de identificação, triagem e seleção de artigos sobre a percepção de risco dos manipuladores de alimentos. 14 Tabelas: Tabela 1 - Características dos estudos sobre a percepção de risco de manipuladores de alimentos entre 2008 e 2017: caracterização geral. 16 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BPF - Boas Práticas de Fabricação BVS - Biblioteca Virtual em Saúde DTA - Doenças Transmitidas por Alimentos SAN - Segurança Alimentare Nutricional 9 1. INTRODUÇÃO De acordo com a lei no 11.346 de 2006, a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), entre outros aspectos, é conceituada como o acesso assegurado do indivíduo a alimentos inócuos7. Nesse contexto, foi estabelecida, pela a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em março de 2004, destinada ao controle higiênico-sanitário em estabelecimentos que preparam e distribuem refeições, a Resolução da Diretoria Colegiada nº. 216, que determina o Regulamento Técnico sobre as Boas Práticas de Fabricação – BPF, para serviços de alimentação, com o objetivo de regulamentar adequadas condições higiênico-sanitárias do alimento preparado6. Indivíduos envolvidos na manipulação de alimentos representam grande importância para medidas e controle da contaminação dos produtos alimentícios. Sabe-se que o homem é o principal elo da cadeia de transmissão da contaminação microbiana dos alimentos. Está amplamente comprovado que a grande maioria dos casos de toxinfecções alimentares ocorre, devido à contaminação dos alimentos pelos manipuladores. Os mesmos podem estar transmitindo microrganismos patogênicos, mesmo sem apresentarem sintomas de doenças, comprometendo os alimentos, através de hábitos inadequados de higiene pessoal e até por meio de práticas indevidas, ocasionadas, muitas vezes por desconhecimento32. A qualificação dos funcionários que trabalham na manipulação dos alimentos é de fundamental importância. Quando os manipuladores cometem falhas de higiene pessoal, ambiental ou nos cuidados com os alimentos, há o risco de contaminá-los, através das mãos, do cabelo, do acondicionamento dos produtos em temperatura inadequada, da ocorrência de contaminação cruzada, dentre outros fatores, o que favorece a multiplicação de microrganismos patogênicos, comprometendo a saúde dos consumidores9, 27. A percepção é o processo pelo qual o ser humano toma consciência dos fatos e de suas relações num contexto ambiental (fixação). Embora o ambiente influencie significativamente na percepção, aquilo que é percebido depende das habilidades construtivas, da fisiologia e das experiências, ou seja, a percepção depende da capacidade de atentar, dos interesses e motivações e das experiências passadas. A percepção de risco influencia no comportamento do indivíduo e no grau de precaução perante situações que possam ocasionar acidentes14. Desta forma, a fim de modificar o comportamento e incorporar novas atitudes que aportem segurança, é necessário que o indivíduo tenha a percepção adequada do risco da atividade que exerce. A atual prática de capacitação para manipuladores de alimentos é 10 realizada por um instrutor que repassa conhecimentos e estimula a compreensão dos conteúdos abstratos, como a contaminação por bactérias17. Portanto, o objetivo deste trabalho é fazer um levantamento na literatura em relação a percepção de risco dos manipuladores de alimentos para que assim haja a possibilidade de produção de alimentos mais seguros. 11 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL • Avaliar as publicações que norteiam sobre o tema da avaliação percepção de risco de manipuladores de alimentos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Analisar o panorama das publicações em periódicos científicos brasileiros sobre estudos relacionados a percepção de risco dos manipuladores de alimentos. • Descrever os achados literários que norteiam as publicações relacionadas ao impacto da percepção de risco dos manipuladores de alimentos. 12 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são um conjunto de normas empregadas em produtos, processos, serviços e edificações, visando a promoção e a certificação de qualidade e da segurança do alimento. No Brasil, as BPF são legalmente regidas pelas Portarias 1428/93-MS e 326/97-SVS/MS. A qualidade da matéria-prima, a arquitetura dos equipamentos e das instalações, as condições higiênicas do ambiente de trabalho, as técnicas de manipulação dos alimentos, a saúde dos funcionários e a distribuição dos alimentos são fatores importantes a serem considerados na produção de alimentos seguros e de qualidade33. A incidência de alguns agentes patogênicos transmitidos pelos alimentos continua a aumentar consideravelmente em muitos países e vem se tornando um grave problema de saúde pública. Além disso, o risco da doença associada a esses patógenos transmitidos pelos alimentos é exacerbado pela globalização da comercialização e distribuição de alimentos23. O padrão do consumo de alimentos da população em vários países tem mudado ao longo dos anos. No Brasil, embora a maioria das refeições ainda sejam consumidas em casa (68,9% das despesas com alimentos em 2008-2009), os alimentos consumidos fora de casa aumentaram significativamente7. Sendo assim, a incidência de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA’S) vem aumentando concomitantemente, tornando uma causa importante de morbidade e mortalidade em todo o mundo¹. As mudanças ocorridas no estilo de vida da população brasileira, assim como, a inserção da mulher no mercado de trabalho, provocaram o aumento do consumo de refeições fora do domicílio e de alimentos de preparo mais rápido; pratos prontos ou semi-prontos, que possibilitam a ingestão de alimentos, que nem sempre são elaborados, atendendo às normas de higiene, exigidas pela legislação17. Dados epidemiológicos apontam que os alimentos preparados em Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) estão entre os principais locais onde ocorrem a maioria dos surtos de doenças de origem alimentar20 que os fatores causais associados às enfermidades relacionam-se com o processo produtivo e diretamente com os manipuladores3. Dentre os possíveis obstáculos, encontram-se as práticas inadequadas de higiene e o processamento de alimentos por manipuladores inabilitados. Os cuidados higiênicos no processo produtivo e a educação dos manipuladores envolvidos na preparação, processamento e serviços são fatores cruciais para a prevenção da maioria das DTA’S 1. 13 O termo “Manipulador de Alimentos” é usado para as pessoas que podem entrar em contato com a matéria no ato da produção dos alimentos incluindo os que colhem, abatem, armazenam, transportam, processam ou preparam alimentos e ainda, os trabalhadores da indústria e comércio de alimentos19. Os manipuladores de alimentos são, com frequência, associados a surtos de doenças transmitidas por alimentos, sendo estimado que contribuam para 97% dos surtos34. Entre os fatores mencionados com mais frequência como associados a manipuladores, estavam o contato direto das mãos aos alimentos e sua higiene inadequada24. O entendimento sobre a percepção de risco dos manipuladores é fundamental para o êxito da inocuidade de alimentos e para elaboração de normas em higiene alimentar27. A percepção de risco é a habilidade de interpretar uma situação de potenciais danos à saúde ou à vida28. A percepção de risco envolve componentes externos e internos ao indivíduo, de forma que as informações sobre os riscos potenciais à saúde são equacionadas na perspectiva de experiências, crenças e imagens, fazendo com que os comportamentos necessários tenham como referencial outras fontes que não o conhecimento científico28. Embora o ambiente influencie significativamente na percepção, aquilo que é percebido depende das habilidades construtivas, da fisiologia e das experiências, ou seja, a percepção depende da capacidade de atentar, dos interesses e motivações e das experiências passadas3. A vantagem para o estudo da percepção de risco dos manipuladores de alimentos éque, por intermédio deles, se podem priorizar ações políticas e sociais, conforme a própria manifestação coletiva. Assim como em um estudo realizado³, observou-se que os manipuladores tinham conhecimento dos procedimentos que deveriam realizar; contudo, identificavam obstáculos que os impediam de colocá-los em prática, tais como falta de tempo, de pessoal e de recursos. Assim, embora 95% dos respondentes tivessem recebido capacitação em higiene de alimentos, 63% admitiram não colocá-los em prática23. De acordo com pesquisadores, isso se deve a problemas na qualificação desta mão de obra, em função da formação profissional deficiente, decorrente da pouca escolaridade e dos baixos salários.⁵ Este fato constitui-se num grave problema social e de saúde pública, pois a falta de qualificação profissional para atuar neste segmento de mercado cria obstáculos à implantação de processos produtivos seguros e na aplicação de ferramentas de controle de qualidade⁹. 14 Segundo a literatura, é necessário o aprimoramento do processo de recrutamento dos responsáveis pelo manuseio dos alimentos, por meio de seleção e avaliação de desempenho e viabilizar qualificação desses profissionais sobre questões relativas à produção de alimentos seguros10. 15 4. MATERIAL E MÉTODOS Realizou-se uma revisão de literatura que utiliza as bases de dados PUBMED, LILACS e a biblioteca eletrônica SciELO a fim de identificar artigos científicos publicados no período de 2008 a 2017. E de forma a localizar artigos não identificados em tal pesquisa, utilizou-se também a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que integra as bases acima citadas. A busca nas fontes supracitadas foi realizada tendo como termo indexador “percepção de risco”; “manipuladores” e “doenças transmitidas por alimentos”. As publicações foram pré-selecionadas pelos títulos, os quais deveriam conter como primeiro critério o termo completo e/ou referências à percepção de risco de manipuladores, alimento seguro ou doenças transmitidas por alimentos, acompanhada da leitura dos resumos disponíveis. Em seguida foram excluídos artigos repetidos em diferentes bases de dados. Os critérios de inclusão foram artigos publicados nas datas estipuladas, realizados no Brasil e que não fossem teses, dissertações ou artigos de revisão. Ao final, foram selecionados 12 artigos resultantes das pesquisas nas bases e da pesquisa complementar para compor esta revisão. A análise do material empírico selecionado tomou como referência a categorização dos estudos de acordo com o tipo do estudo e objetivos, local de realização da pesquisa, ano de publicação, as revistas nas quais foram veiculados, metodologias utilizadas e principais resultados encontrados. Os estudos levantaram a análise outros fatores como: nível socioeconômico, presença de treinamentos, nível de escolaridade e a análise de atos e comportamentos dos manipuladores. 16 5. RESULTADOS O fluxo relacionado à identificação e seleção dos artigos encontra-se na Figura 1. Inicialmente, foram identificados 163 artigos, desses, 34 registros estavam duplicados. Após as análises dos títulos e resumos, foram excluídos 129 registros. Com a leitura dos artigos na íntegra, foram incluídos 12 que adequadamente preenchiam os critérios de inclusão. Figura1. Fluxograma das fases de identificação, triagem e seleção de artigos sobre a percepção de risco dos manipuladores de alimentos. Conforme caracterização geral dos estudos, dos 12 artigos incluídos, sete 5,11,13,15,19,21,22 analisaram o nível de conhecimento dos manipuladores de alimentos, três 19,21,22, apresentaram resultados de percepção mediana e um com percepção totalmente insatisfatória. Apenas um artigo apresentou o resultado de percepção satisfatório, porém os manipuladores de alimentos recebiam capacitação apenas esporadicamente 13. 17 A avaliação das condições socioeconômicas dos manipuladores de alimentos foi abordada em quatro artigos 1,15,16. Os resultados apresentados apontaram que a maior parte dos manipuladores de alimentos recebem em média de um a dois salários mínimos. Seis estudos avaliaram a presença de cursos e treinamentos para os manipuladores1,4,5,11,19,29. Cinco desses trabalhos1,4,11,19,29 relataram que não há, no geral, treinamentos e capacitações e apenas um identificou a presença do mesmo5. Aspectos relacionados a avaliação da qualidade microbiológica em unidades de alimentação e nutrição foram tratados em dois artigos4,21. Em todos eles os pesquisadores constataram resultado positivo para as pesquisas bacteriológicas. Dois artigos2,29 abordaram a avaliação das condições de higiene pessoal e o comportamento dos manipuladores. Segundo os resultados desses estudos, as condições de higiene dos manipuladores concomitantemente com seus atos, apresentaram deficiência. De acordo com os artigos científicos encontrados referentes ao assunto pesquisado segue em tabela para melhor compreensão dos dados. Quadro 1. Características dos estudos sobre a percepção de risco de manipuladores de alimentos entre 2008 e 2017: caracterização geral. Autor, ano Objetivos Métodos Esfera (s) Avaliada (s) GONZALEZ et al. 2009 Investigar o perfil demográfico e educacional dos manipuladores de alimentos e verificar o conhecimento e a percepção de risco sobre higiene alimentar em restaurantes comerciais. Transversal -Perfil socioeducacional; - Percepção de risco; - Higiene alimentar; - Conhecimento; - Manipuladores de alimentos. BERTIN et al. 2009. Analisar as percepções acerca da atividade profissional de um grupo de manipuladores de alimentos de um hospital público. Qualitativo - Manipulação de alimentos; - Responsabilidade social. AGUIAR et al. 2010 Analisar e discutir o nível de educação formal e não- formal dos trabalhadores de alimentação coletiva dos restaurantes populares do estado do Rio de Janeiro. Transversal - Educação formal e não- formal; - Manipuladores de alimentos; - Alimentação coletiva. Continua 18 Continuação BEZERRA et al. 2010 Avaliar a qualidade microbiológica de sanduíches e a microbiota nas mãos de vendedores em Cuiabá-MT. Transversal - Qualidade dos alimentos; - Segurança alimentar; - Avaliação; - Educação. MELLO et al. 20 Avaliar o nível de conhecimento de conhecimento dos manipuladores dos restaurantes públicos populares do estado do Rio de Janeiro. Transversal - Manipuladores de alimentos; - Capacitação; - Boas práticas de manipulação; - Restaurantes. RIBEIRO et al. 2010 Inspecionar as condições higiênico-sanitárias de 48 estabelecimentos alimentícios do município de Ivaiporã/PR Exploratório e descritivo - Estabelecimentos alimentícios; - Boas práticas de manipulação; - Inspeções higiênico- sanitárias. CASTRO et al. 2011 Avaliar a percepção de manipuladores de alimentos de restaurantes tipo self- service em shoppings centers no município do Rio de Janeiro. Transversal - Manipulador de alimentos; - Segurança do alimento; - Restaurantes Self- Service. ALVES et al. 2012 Avaliar as condições de higiene pessoal e o comportamento dos manipuladores de alimentos dos estabelecimentos do setor de alimentos e bebidas. Transversal - Higiene pessoal; - Manipuladores de alimentos; - Segurança dos alimentos. BRASIL et al. 2013. Avaliar o conhecimento sobre higiene alimentar de manipuladores de alimentos no setor supermercadista do município de Santa Maria – RS. Transversal - Manipulação de alimentos; - Qualidade dos alimentos; - Higiene dos alimentos; - Cursos de capacitação. DEON et al. 2014. Diagnosticar o perfil dos manipuladores de alimentos nos domicílios da cidadede Santa Maria – RS. Transversal - Manipulador de alimentos; - Segurança de alimentos; - Doenças transmitidas por alimentos. Continua Continuação 19 DEVIDES et al. 2014. Levantar o perfil socioeconômico e profissional de manipuladores de alimentos, e avaliar o impacto de um curso de capacitação em Boas Práticas de Fabricação realizado na cidade de Araraquara – SP. Transversal - Boas práticas de fabricação; - Manipuladores de alimentos; CUNHA et al. 2015. Examinar a associação de percepções de risco dos manipuladores de alimentos, conhecimento, atitudes, auto-relato práticas, participação na capacitação e desempenho em segurança alimentar. Transversal - Percepção de risco; - Conhecimento; - Capacitação; - Manipuladores. 20 6. DISCUSSÃO Na perspectiva da avaliação dos artigos selecionados pudemos observar que o perfil dos manipuladores no que diz respeito à educação formal, 39,2% dos manipuladores possuíam ensino fundamental incompleto, 14,3% completo, ensino médio concluído por 25,1% e 14,9% incompletos. O curso superior foi relatado por 7,3%¹. Em corroboração, outro estudo verificou que mais da metade dos entrevistados (52,2%) possuíam nível de escolaridade fundamental completo ou incompleto15. Pode-se avaliar que o baixo nível de escolaridade é inversamente proporcional a função de tamanha importância imposta a esses manipuladores. Já que em publicações dirigidas à área de alimentação coletiva é comum constatar a pouca educação formal dos trabalhadores, atribuindo-se a este fato um dos principais problemas das DTAs ou pela insuficiente qualidade na produção de alimentos15. Vale ressaltar a importância da identificação do perfil dos manipuladores de alimentos para que se desenvolvam estratégias a fim de prevenir ou diminuir a incidência das DTAS. De uma maneira geral observa-se na literatura que o perfil socioeconômico dos manipuladores possuem em média uma renda familiar de até dois salários-mínimos (59,9%)1. Em concordância, alguns estudos destacaram que a maioria dos manipuladores (76%) possuem registro em carteira de trabalho e renda mensal de um a dois salários mínimos16. Em outro estudo, apenas 35,4% dos manipuladores apresentavam um rendimento mensal familiar de 3 a 9 salários mínimos15. No que se refere a avaliação da percepção de risco dos manipuladores, constatou-se uma equalização mínima de percepção de risco29. Alguns estudos identificaram que de 109 manipuladores, apenas 4 apresentaram percepção satisfatória11. Em outros estudos, o conhecimento regular também foi apontado (56,09%)22 e (63%) de acertos em questões de percepção de risco19. Já em relação ao nível de conhecimento em itens específicos como higiene pessoal, ambiental e manipulação de alimentos, também constatou-se valores médios de satisfação21. Dessa forma, alguns autores ressaltam a importância da capacitação dos funcionários para a manipulação de alimentos, assegurando-se o controle de microrganismos indesejáveis, ou seja, a programação continuada de treinamentos em serviço - educação não-formal - por meio da aprendizagem de habilidades e ou desenvolvimento de competências, que possibilitem 21 aos indivíduos a desempenharem suas tarefas, apreendendo os conteúdos relativos à técnica de manipulação de alimentos15. Em alguns estudos realizados, constatou-se que apenas (55,6%) das unidades abordadas ofereciam curso e treinamentos1. Em correlação, em outro estudo, apenas (19,9%) dos manipuladores em pesquisa, relataram adquirir conhecimento por meio de treinamentos4. Ainda neste, (63%) dos manipuladores mencionaram nunca ter participado de qualquer capacitação ou treinamento5. De acordo com a literatura, resultados mostraram que o curso de capacitação e treinamento repercutiu de forma positiva no nível de conhecimento dos manipuladores, sendo que todos os temas sobre BPF avaliados apresentaram um percentual de respostas corretas significativamente maior na avaliação final em relação à avaliação diagnóstica16. Isso indica a necessidade de aperfeiçoamento constante, para garantir a qualificação profissional dos manipuladores e a qualidade sanitária dos alimentos e a segurança alimentar dos consumidores. É importante ressaltar que cursos de capacitação são fundamentais para divulgação de informações e para o estímulo a participação e compreensão dos conceitos transmitidos. Para tanto, é necessário que o manipulador tenha percepção do risco, ou seja, tenha consciência da importância e dos agravos ocasionados pelas atividades que exerce. Somente assim este será capaz de modificar o seu comportamento e incorporar novas atitudes. Além disso, os resultados encontrados na literatura em avaliações diagnósticas demonstraram que o curso de capacitação repercutiu de forma positiva na aquisição de conhecimentos, indicando a necessidade de aperfeiçoamento constante, através de cursos regulares ou de reforço para todos os envolvidos na manipulação de alimentos, visando a qualidade dos produtos e a segurança alimentar dos consumidores. Em corroboração, em avaliação, (54%) dos manipuladores que receberam treinamento, apresentaram concomitantemente resultados de (63%) de acertos nas questões de percepção de risco19. Sendo assim, neste contexto, o local em que o manipulador atua deve capacitar o manipulador de alimentos e evocar uma perspectiva positiva em relação aos riscos. De uma maneira geral, observa-se na literatura sistematizada que, apesar da importância que o manipulador de alimentos tem sobre a ocorrência das DTA’s, há várias discrepâncias em relação a compreensão dos mesmos sobre o tema, devido à ausência de informações impostas. Os dados apresentados mostram a necessidade de uma maior atenção à percepção de risco dos manipuladores, de maneira a garantir o alimento seguro a todos dentro de princípios que promovam a segurança alimentar e nutricional. O desenvolvimento de novos estudos 22 avaliativos acerca do tema é fundamental para o fornecimento de ferramentas para execução de treinamentos cada vez mais eficientes. 23 7. CONCLUSÃO Diante do exposto, para que os estabelecimentos desempenhem seu papel de fornecer alimentos com qualidade, é necessário o conhecimento de Boas Práticas de manipulação por parte dos manipuladores de alimentos. Sendo assim, garantir que os mesmos tenham uma boa percepção de risco pode ser uma garantia de que este conhecimento está afixado. Contudo, faz-se necessários mais estudos para caracterizar os vieses que contrapõe os treinamentos acerca dos conhecimentos sobre as boas práticas. 24 8. REFERÊNCIAS BIBLLIOGRÁFICAS 1. AGUIAR, O. B. D.; KRAEMER, F. B. Educação formal, informal e não-formal na qualificação profissional dos trabalhadores de alimentação coletiva. Nutrire Rev. Soc. Bras. Aliment. Nutr, v. 35, n. 3, 2010. 2. ALVES, E.; GIARETTA, A. G.; COSTA, F. M. Higiene pessoal dos manipuladores de alimentos dos shoppings centers da região da grande Florianópolis. Revista Técnico Científica (IFSC). v. 3, n. 1, p. 604-614, 2012. 3. BERTIN, C.H.F.P.; MORAIS, T.B.; SIGULEM, D.M.; REZENDE, M.A. O trabalho sob a ótica das manipuladoras de alimentos de uma unidade hospitalar. Revista de Nutrição, Campinas, v. 5, n. 22, p. 643-652, 2009. 4. BEZERRA, A. C. D.; REIS, R. B. D.; BASTOS, D. H. M. Microbiological quality of hamburgers sold in the streets of Cuiabá - MT, Brazil and vendor hygiene-awareness. Food Science and Technology, v.30, n.2, p.520-524, 2010. 5. BRASIL, C. C. B.; HECKTHEUER, L. H. R.; GRESSLER, C. C.; MOURA, D. S.; PELEGRINI, S. B.; MEDEIROS, L. B. Conocimiento de los manipuladores de alimentos en el sector de los supermercadossobre higiene de los alimentos. Revista de Ciencia y Tecnología, v. 15, n. 20, 2013. 6. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução- RDC nº. 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas práticas para serviços de alimentação. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2004. 7. BRASIL. Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional - LOSAN, 2006. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano a alimentação adequada e dá outras providências. 8. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro; 2010. 9. ÇAKIROGLU, F. P.; UÇAR, A. Employees’ Perception of Hygiene in the Catering Industry in Ankara (Turkey). Food Control, Guildford, v. 19, n. 1, p. 09-15, 2008. 10. CAVALLI, S. B.; SALAY, E. Segurança do alimento e recursos humanos: estudo exploratório em restaurantes comerciais dos municípios de Campinas, SP e Porto Alegre, RS. Hig. aliment, p. 29-35, 2004. 11. CASTRO, FT; BARBOSA, CG; TABAI, KC. Perfil de Manipuladores de Alimentos e a Ótica desses Profissionais sobre alimento seguro no Rio de Janeiro (RJ). Rev Bras de Economia Doméstica. Viçosa, v.22, n.1, p.153-170, 2011. 25 12. COSTA, A. F. B. D.; SILVA, J. F. D.; BONEZI, L. M. H. Avaliação das condições higiênico-sanitárias do restaurante universitário (RU) do campus Londrina da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2014. 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