Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Biologia Celular e Molecular Membrana Plasmática – Parte I Introdução A membrana plasmática delimita a célula e separa o interior do exterior. Nos eucariotos, as membranas também delimitam as organelas intracelulares, como o núcleo, a mitocôndria e o lisossomo. Têm a mesma arquitetura básica – uma bicamada fosfolipídica nas quais as proteínas estão embebidas.; atua como barreira à permeabilidade, ajudando a manter as diferenças características entre o interior e o exterior da célula ou da organela.; as proteínas embebidas conferem à membrana funções específicas. Os procariotos são circundados por uma membrana plasmática simples. No entanto, essa membrana plasmática simples tem centenas de tipos diferentes de proteínas integradas ao funcionamento da célula., como as proteínas de transporte de membrana, que possibilitam a entrada na célula através da bicamada fosfolipídica, que é impermeável. Os receptores na membrana plasmática são proteínas que permitem à célula reconhecer sinais químicos presentes em seu ambiente, e ajustar seu metabolismo ou padrão de expressão genica. Os eucariotos também têm uma membrana plasmática provida de muitas proteínas que desempenham uma diversidade de funções, entre as quais a sinalização celular e a conexão de células em tecidos. As membranas não são estruturalmente rígidas, devido a abundantes interações não covalentes que mantem unidos os lipídios e as proteínas. Além disso, no interior do plano da membrana há uma considerável mobilidade de lipídeos e proteínas individuais. De acordo com o modelo do mosaico fluido de biomembranas, inicialmente proposto por pesquisadores na década de 70, a bicamada lipídica se comporta em alguns aspectos como fluido bidimensional, com moléculas individuais capazes de se mover uma Cada membrana de organela tem um complemento único de proteínas que a capacita a desempenhar suas funções celulares características, como a geração de ATP (mitocôndria) e a síntese de DNA (núcleo) após a outra e girar no seu loca.l. Essa fluidez e essa flexibilidade permitem às organelas não apenas assumir suas formas típicas, mas também capacitam a propriedade dinâmica de brotamento e fusão de membranas, como ocorre quando são liberados os vírus de uma célula infectada e quando as membranas celulares internas do aparelho de Golgi exibem brotamentos em forma de vesículas no citosol. Bicamada lipídica: composição e organização estrutural Os fosfolipídeos mais comuns nas membranas são os fosfoglicerídeos. Todos os fosfolipídeos são moléculas anfipáticas – e consistem em dois segmentos com propriedades químicas muito distintas: uma “cauda” hidrofóbica de hidrocarbonetos compostos por ácidos graxos, que não interage com a água, além de um grupo apical polar, fortemente hidrofílico, com tendência a interagir com as moléculas de água. Além dos fosfolipideos, as biomembranas contem quantidades menores de outros lipídeos anfipáticos, como glicolipídeos e colesterol, que contribuem para o funcionamento das membranas. Os fosfolipídeos formam bicamadas espontaneamente Quando uma suspensão de fosfoflipídeos é dispersada mecanicamente em solução aquosa, os fosfolipídeos se agregam em uma das três formas: micelas esféricas, lipossomos ou bicamadas fosfolipídicas. O tipo de estrutura formada por fosfolipídeos puros ou uma mistura de fosfolipídeos depende de vários fatores, incluindo o comprimento das cadeias acil graxas na cauda hidrofóbica, seu grau de saturação e a temperatura.. Em todas as três estruturas, o efeito hidrofóbico agrega as cadeias acil graxas, excluindo as moléculas de água do centro. As micelas são formadas se uma das duas cadeias acil graxas que constituem a cauda de um fosfolipídeo for removida por hidrólise, gerando um lisofosfolipídeo, como ocorre sob tratamento com a enzima fosfolipase. Os fosfolipídeos dessa composição nas células formam espontaneamente bicamadas fosfolipídicas simétricas. Cada camada fosfolipídica dessa estrutura lamelar é denominada folheto. As cadeias acil graxas hidrofóbicas em cada folheto minimizam seu contato com a água por meio do seu denso alinhamento no centro da bicamada, formando um núcleo hidrofóbico de aproximadamente 3 a 4nm de espessura.. Uma bicamada fosfolipídica pode ser de tamanho quase ilimitado – de micrometros a milímetros de comprimento ou largura – e pode conter dezenas de milhões de moléculas de fosfolipídeos. Seu centro hidrofóbico impede que a maioria das substancias hidrossolúveis atravesse de um lado da membrana para outro. As bicamadas fosfolipídicas formam um compartimento fechado que envolve um espaço aquoso interno Elas podem ser geradas em laboratório. As bicamadas sintéticas possuem três propriedades importantes. Primeiro, são praticamente impermeáveis a solutos hidrossolúveis (hidrofílicos), que não se difundem facilmente através da membrana.; isso inclui sais, açúcares e a maioria de outras moléculas hidrofílicas pequenas – incluindo a própria água. Segundo, sua estabilidade, pois interações hidrofóbicas e de van der Waals entre as cadeias acil graxas mantem a integridade do interior da estrutura da bicamada.; mesmo que o ambiente aquoso externo possa variar amplamente em poder iônico e PH, a bicamada tem força para reter sua arquitetura característica. Terceiro, todas as bicamadas fosfolipídicas podem formar espontaneamente compartimentos fechados, onde o espaço aquoso no interior é separado daquele do exterior. Desse modo, em solução aquosa, folhetos de bicamadas fosfolipídicas vedam espontaneamente suas bordas, formando uma bicamada esférica que envolve um compartimento aquoso central. O lipossomo é uma estrutura desse tipo vista em secção transversal. Nenhuma membrana em uma célula pode ter “bordas” com cadeias acil graxas de hidrocarbonetos expostas. Todas as membranas formam compartimentos fechados, semelhantes aos lipossomos quanto à arquitetura básica. Geralmente, as duas superfícies de uma membrana celular são chamadas de face citosólica e face exoplasmática. A face exoplasmática da membrana plasmática está voltada para longe do citosol. A face citosólica volta-se para o citosol. Do mesmo modo, para as organelas e vesículas circundadas por uma membrana simples, a face citosólica está voltada para o citosol. A face exoplasmática é sempre direcionada para longe do citosol e, nesse caso, fica no interior da organela em contato com o espaço interno aquoso. (lúmen) Três organelas – núcleo, mitocôndria e cloroplasto – são circundadas não por membrana única, mas por duas membranas. A superfície exoplasmática de cada membrana está voltada para o espaço entre as membranas. As biomembranas contem 3 classes principais de lipídeos Uma biomembrana típica, de fato, contem 3 classes de lipídeos anfipáticos: fosfoglierídeos, esfingolipídeos e esteróis, que diferem quanto a estruturas químicas, abundancia e funções na membrana. Enquanto todos os fosfoglicerídeos são fosfolipídeos., apenas alguns esfingolipideos o são e os esteróis não o são. Os fosfoglicerídeos, classe mais abundante dos fosfolipídeos, são derivados de glicerol-3-fosfato. Uma molécula típica de fosfoglicerídeo consiste em uma cauda hidrofóbica composta por duas cadeias de ácidos graxos (acil) esterificadas com os dois grupos hidroxila no glicerol fosfato e em um grupo apical polar unido a um grupo fosfato.. Um fosfoglicerídeo é classificado de acordo com a natureza dos seus lipídeos apicais. Nas fosfatidilcolinas, os fosfolipídeos mais abundantes na membrana plasmática, o grupo apical consiste em colina,um álcool carregado positivamente., esterificado com o fosfato carregado negativamente.. Quando as fosfolipases agem sobre os fosfoglicerideos, são produzidos lisofosfolipideos, que carecem de uma das duas cadeias acil. Os plasmogênios são um grupo de fosfoglicerídeos que contêm uma cadeia acil graxa conectada ao carbono 2 do glicerol por meio de uma ligação éster e uma longa cadeia de hidrocarbonetos ligada ao carbono 1 do glicerol por uma ligação éter. São especialmente abundantes em tecidos do cérebro e do coração humano. Uma segunda classe de lipídeo de membrana é a dos esfingolipídeos. Todos esses compostos são derivados da esfingosina, um álcool amino com longa cadeia de hidrocarbonetos, e contêm uma longa cadeia acil graxa ligada por uma ligação amida ao grupo amino da esfingosina. Alguns esfingolipídeos tem um grupo apical polar de fosfato. Na esfingomielina, o esfingolipídeo mais abundante, a fosfocolina é ligada ao grupo hidroxila terminal da esfingosina.. As esfingomielinas são similares, quanto á forma, aos fosfoglicerídeos e podem formar bicamadas mistas com eles. O colesterol e seus análogos constituem a terceira classe importante de lipídeos de membrana, os esteróis. A estrutura básica dos esteróis é um hidrocarboneto isoprenoide com 4 anéis. Embora o colesterol tenha a composição quase inteiramente de hidrocarboneto, ele é anfipático porque seu grupo hidroxila pode interagir com a água. O colesterol não é um fosfolipídeo pois carece de um grupo apical de fosfato. O colesterol é especialmente abundante nas membranas plasmáticas de células de mamíferos, mas inexistente na maioria das células procarióticas e em todas as células vegetais. O colesterol e outros esteróis são demasiadamente hidrofóbicos para formar sua própria estrutura de bicamad.a. Em vez disso, esses esteróis precisam intercalar-se nas moléculas de fosfolipídeos para serem incorporados nas biomembranas.. Uma vez assim intercalados, os esteróis proporcionam suporte estrutural às membranas, impedindo a compactação demasiada das cadeias de fosfolipídeos, a fim de manter um grau expressivo de fluidez de membrana e, ao mesmo tempo, conferir a rigidez necessária para sustentação mecânica. A maioria dos lipídeos e muitas proteínas se deslocam lateralmente nas biomembranas No plano bidimensional de uma bicamada, a ação térmica permite a rotação livre das moléculas lipídicas ao redor dos seus longos eixos e a difusão lateral dentro de cada folheto. Como esses movimentos são laterais ou rotacionais, as cadeias acil graxas permanecem no interior hidrofóbico da bicamada.. Essas taxas de difusão indicam que a bicamada é 100 vezes mais viscosa do que a água – aproximadamente a mesma viscosidade do óleo de oliva. Embora os lipídeos se difundam mais lentamente na bicamada do que em solvente aquoso, um lipídeo de membrana pode difundir-se o correspondente ao comprimento de uma célula bacteriana típica. Em bicamadas de membranas puras, os fosfolipídeos e os esfingolipídeos apresentam rotação e se movem lateralmente, mas não migram espontaneamente de um folheto a outro. (movimento denominado flip flop em inglês). A barreira energética é demasiadamente alta Os movimentos laterais de proteínas e lipídeos específicos de membrana plasmática podem ser quantificados pela técnica denominada recuperação de fluorescência após fotoemissao (FRAP) *aquele parágrafo do livro que eu não entendi A composição de lipídeos influencia as propriedades físicas de membranas Uma célula típica contém muitos tipos diferentes de membranas, cada qual com propriedades singulares derivadas da sua mistura particular de lipídeos e proteínas. As abundancias relativas de fosfoglicerídeos e esfingolipídeos diferem entre as membranas do retículo endoplasmático, onde os fosfolipídeos são sintetizados, e as do aparelho de Golgi, onde os esfingolipídeos são sintetizados.. O movimento de membranas de um compartimento pra outro pode enriquecer seletivamente certas membranas em lipídeos como o colesterol. O grau de fluidez da bicamada depende da composição lipídica, da estrutura das caudas hidrofóbicas fosfolipídicas e da temperatura. Os fosfolipídeos com cadeias acil graxas curtas, que tem menor área de superfície e, por isso, menos interações de van der Waals, formam bicamadas mais fluidas. Da mesma maneira, as dobras nas cadeias insaturadas no cis resultam na formação de interações de van der Waals menos estáveis com outros lipídeos, e, portanto, em bicamadas mais fluidas, em relação às cadeias saturadas, que podem empacotar-se mais firmemente. O colesterol é importante na manutenção da fluidez apropriada de membranas naturais, propriedade que se revela essencial para o crescimento e a reprodução celulares normais. O colesterol restringe o movimento aleatório de grupos apicais fosfolipídicos junto às superfícies externas dos folhetos, mas seu efeito sobre o movimento de caudas fosfolipídicas longas depende da concentração. Nas concentrações de colesterol presentes na membrana plasmática, a interação do anel esteroide com as caudas hidrofóbicas longas de fosfolipídeos tende a imobilizar esses lipídeos e, assim, diminuir a fluidez da biomembrana. Essa propriedade é que ajuda a organizar a membrana plasmática em subdomínios discretos de composição única de lipídeos e proteínas. Em concentrações de colesterol mais baixas, entretanto, o anel esteroide separa e dispersa as caudas fosfolipídicas, tornando as regiões internas da membrana ligeiramente mais fluidas. A composição lipídica de uma bicamada também influencia sua espessura, que, por sua vez, pode influenciar a distribuição de outros componentes de membrana – como as proteínas – em determinada membrana. Outra propriedade dependente da composição lipídica de uma bicamada é a sua curvatura, que depende dos tamanhos relativos dos grupos apicais polares e das caudas apolares dos seus constituintes fosfolipídicos. Lipídeos com caudas longas e grupos apicais grandes tem formas cilíndricas; aqueles com grupos apicais pequenos tem forma cônica. Esse efeito de composição lipídica sobre a curvatura a bicamada exerce um papel na formação de membranas altamente curvadas, como os sítios de brotamento viral e a formação de vesículas internas a partir da membrana plasmática. . A composição lipídica é diferente nos folhetos exoplasmáticos e citosólico Uma característica de todas as biomembranas é a assimetria na composição lipídica através da bicamada. Embora a maioria dos fosfolipídeos esteja presente em ambos os folhetos da membrana, alguns são geralmente mais abundantes em um outro folheto. Ao contrario de fosfolipídeos específicos, o colesterol é distribuído de forma relativamente uniforme em ambos os folhetos de membranas celulares. A abundancia relativa de um fosfolipídeo em particular nos dois folhetos de uma membrana plasmática pode ser determinada experimentalmente com base na suscetibilidade de fosfolipídeos à hidrólise por fosfolipases, enzimas que clivam as ligações éster pelas quais cadeias acil e grupos apicais são conectados à molécula lipídica. Quando adicionadas ao meio externo, as fosfolipases são incapazes de atravessar a membrana e, desse modo, elas clivam os grupos apicais de apenas aqueles lipídeos presentes na face exoplasmática; os fosfolipídeos no folheto citosólico são resistentes à hidrólise porque as enzimas não conseguem penetrar na face citosólica da membrana plasmática. Os fosfolipídeos não migram espontaneamente (flip flop) de um folheto para o outro. Em parte, a assimetria na distribuição de fosfolipídeos pode refletironde esses fosfolipídeos são sintetizados no retículo endoplasmático e no aparelho de Golgi. A esfingomielina é sintetizada na face luminal (exoplasmatica) do aparelho de Golgi, que se torna a face exoplasmática da membrana plasmática. Os fosfoglicerideos são sintetizados na face citosólica na membrana do RE, topologicamente equivalente à face citosólica da membrana plasmática. A localização preferencial de lipídeos em uma face da bicamada é necessária para uma diversidade de funções das membranas. Por exemplo, os grupos apicais de todas as formas fosforiladas de fosfatidilinositol, fontes importantes de segundos mensageiros, estão voltadas para o citosol. A estimulação de muitos receptores de superfície celular por seu ligante correspondente resulta na ativação da enzima citosólica fosfolipase C. O colesterol e os esfingolipídeos se associam a proteínas específicas em microdomínios de membrana Os lipídeos de membrana não são distribuídos aleatoriamente em cada folheto da bicamada.. Considerando que o colesterol e a esfingomielina são lipídeos encontrados em bicamadas mais ordenadas, menos fluidas, pesquisadores formularam a hipótese que eles formam microdomínios, denominados balsas lipídicas.; esses microrganismos são envolvidos por outros fosfolipídeos, mais fluidos. Essas frações de balsas contem um subconjunto de proteínas de membrana plasmática, muitas das quais estão implicadas na percepção de sinais extracelulares e na transmissão deles para o citosol. As células armazenam em gotículas lipídicas os lipídios em excesso Gotículas lipídicas são estruturas vesiculares, compostas por triglicerídeos e ésteres de colesterol, que se originam do RE e têm a função de armazenamento lipídico. Os lipídios em excesso são enviados para essas gotículas, facilmente visualizados em células vivas mediante emprego do corante vermelho Congo. As gotículas também servem como plataformas para armazenagem de proteínas destinadas á degradação Proteínas de membrana: Estrutura e funções básicas São definidas pela sua localização dentro da superfície da bicamada lipídica ou junto a ela. As proteínas associadas a uma membrana em particular são responsáveis por suas atividades diferenciais. Os tipos e as quantidades de proteínas associadas a biomembrana variam de acordo com a natureza da célula e a localização subcelular. A bicamada lipídica apresenta um ambiente hidrofóbico bidimensional característico para proteínas de membrana. Os domínios proteicos sobre a superfície extracelular da membrana plasmática geralmente se ligam a moléculas extracelulares, incluindo proteínas de sinalização externa, íons e pequenos metabólitos., bem como proteínas sobre outras células ou no ambiente externo. Os segmentos de proteínas no interior da membrana cumprem múltiplas funções, como a formação de canais e poros através dos quais íons e moléculas entram e saem das células. As proteínas interagem com membranas por meio de três maneiras diferentes Podem ser classificados em 3 categorias: integrais, ancoradas em lipídeos e periféricas. As proteínas integrais de membrana atravessam uma bicamada fosfolipídica e compreendem três segmentos.. Os domínios citosólicos e exoplasmático têm superfícies exteriores hidrofílicas que interagem com o ambiente aquoso nas faces citosólicas e exoplasmica da membrana. Por outro lado, segmentos que atravessam a membrana geralmente contem muitos aminoácidos hidrofóbicos cujas cadeias laterais projetam-se para fora e interagem com o centro de hidrocarbonetos hidrofóbico da bicamada lipídica. As proteínas de membrana ancoradas em lipídeos são ligadas covalentemente a uma ou mais moléculas lipídicas. O segmento hidrofóbico do lipídeo ligado é embebido em um folheto da membrana e ancora a proteína à membrana.. A cadeia polipeptídica não penetra na bicamada fosfolipídica. As proteínas periféricas de membrana não estabelecem contato direto com o centro hidrofóbico da bicamada lipídica. Em vez disso, elas são ligadas à membrana direta ou indiretamente mediante interações com proteínas integrais ou proteínas ancoradas em lipídeos ou diretamente por meio de interações com grupos apicais lipídicos. Além dessas proteínas intimamente associadas à bicamada, filamentos do citoesqueleto podem ser associados com menor afinidade à face citosólica, geralmente por meio de uma ou mais proteínas periféricas. Essas associações com o citoesqueleto proporcionam suporte para diferentes membranas celulares, auxiliando na determinação da forma celular e das propriedades mecânicas. A maioria das proteínas transmembrana tem hélices alfa que atravessam a membrana O repertório de estruturas enoveladas nos domínios transmembranas de proteínas integrais de membrana é muito limitado, com predomínio da hélice alfa hidrofóbica. As proteínas dotadas de hélices alfa que atravessam a membrana são embebidas nas membranas de maneira estável, devido a interações hidrofóbicas energicamente favoráveis e interações de van der Waals das cadeias laterais hidrofóbicas do domínio com lipídeos específicos. Um domínio hélice alfa é suficiente para incorporar à membrana uma proteína integral. Entretanto, muitas proteínas têm mais de uma hélice alfa transmembrana. Em geral, uma hélice alfa embebida na membrana é composta por um segmento contínuo de 20 a 25 aminoácidos hidrofóbicos (não carregados) O comprimento previsto de uma hélice alfa (3,75nm) é apenas o suficiente para atravessar o centro de hidrocarbonetos de uma bicamada fosoflipídica. As cadeias laterais hidrofóbicas projetam-se para fora da hélice e formam interações de van der Waals com as cadeias acil graxas na bicamada. a) Glicoforina A A principal proteína na membrana plasmática das hemácias, é uma representativa proteína transmembrana de uma só passagem, que contem apenas uma hélice alfa que atravessa a membrana.. A hélice alfa de 23 resíduos que atravessa a membrana é composta por aminoácidos com cadeias laterais hidrofóbicas, que interagem com cadeias acil graxas na bicamada circundante. A glicoforina A forma dímeros: a hélice transmembrana de glicoforina A associa- se à hélice transmembrana correspondente em uma segunda glicoforina A, formando uma estrutura de super-hélice. b) Família dos receptores acoplados à proteína G Um grande e importante grupo de proteínas integrais de membrana é definido pela presença de sete hélices- alfa que atravessam a membrana. Esse grupo inclui a grande família dos receptores de superfície celular acoplados à proteína G. Uma dessas proteínas transmembrana de múltiplas passagens de estrutura conhecida é a bacteriorodopsina. c) Aquaporinas As aquaporinas constituem em uma grande família proteína altamente conservadas que transportam água, glicerol e outras moléculas hidrofílicas através de membranas. As aquaporinas são tetrâmeros de 4 subunidades idênticas. Cada uma das 4 subunidades tem 6 hélices alfa que atravessam a membrana.. O canal de glicerol Glfp tem uma longa hélice transmembrana com uma curvatura no meio e, o mais admirável, duas hélices que atravessam apenas a metade da membrana. Portanto, algumas hélices embebidas na membrana não atravessam a bicamada inteira.. A aquaporina 0 é a proteína mais abundante na membrana plasmática das células fibrosas que constituem a parte principal do cristalino do olho humano. Como outras proteínas, ela é um tetrâmero de subunidades idênticas. A superfície da proteína não é coberta por um conjunto de sítios de ligação uniformes para moléculas fosfolipídicas. Em vez disso, as cadeias laterais acil graxasse ligam com alta afinidade à superfície externa hidrofóbica e irregular das proteínas; esses lipídeos são conhecidos como fosfolipídeos anelares. d) Receptor de antígeno na célula T É composto por quatro dímeros separados, cujas interações são determinadas por interações carga-carga entre as hélices alfa na “profundidade” apropriada no centro de hidrocarbonetos da bicamada lipídica.. A atração eletrostática de cargas positivas e negativas em cada dímero auxilia os dímeros a se encontrarem mutualmente. Múltiplas fitas B nas porinas formam “barris” que atravessam a membrana As porinas constituem uma classe de proteínas transmembrana cuja estrutura difere radicalmente da de outras proteínas integrais, com base nos domínios transmembrana de hélices alfa. As sequencias de aminoácidos das porinas não contem os segmentos hidrofóbicos longos e contínuos, típicos de proteínas integrais com domínios de hélices alfa que atravessam a membrana. Ao contrario, é a superfície externa da porina completamente enovelada que expõe sua porção hidrofóbica ao centro de hidrocarbonetos da bicamada lipídica. Ao contrário de uma proteína globular hidrossoluvel típica, uma porina tem interior hidrofílico e exterior hidrofóbico.; Nesse sentido, é como se as porinas estivessem ao avesso. Lipídeos ligados covalentemente ancoram algumas proteínas à membrana Em células eucarióticas, lipídeos ligados covalentemente podem ancorar algumas proteínas hidrossolúveis a um ou outro folheto da membrana. Nessas proteínas ancoradas em lipídeos, as cadeias lipídicas de hidrocarbonetos são embebidas na bicamada, mas a proteína propriamente não penetra a bicamada. As âncoras lipídicas usadas para ancorar proteínas à face citosólica não são usadas para a face exoplasmática e vice versa. Algumas proteínas de superfície celular e proteínas especializadas, com polissacarídeos ligados covalentemente denominados proteoglicanos, são ligadas à face exoplasmática da membrana plasmática por um terceiro tipo de grupo âncora, o glicosilfosfatidilinositol (GPI). As estruturas exatas de ancoras de GPI variam muito em diferentes tipos celulares, mas sempre contêm fosfatidilinositol (PI), cujas duas cadeias acil graxas se estendem para a bicamada lipídica, exatamente como aquelas de fosfolipídeos típicos de membrana. As proteínas e os glicolipídeos transmembranas apresentam orientação assimétrica na bicamada Com relação às faces da membrana, cada tipo de proteína transmembrana tem uma orientação específica, conhecida como sua topologia. Seus segmentos citosólicos voltam-se sempre para o citoplasma e os segmentos exoplasmáiticos estão sempre voltados para o lado oposto da membrana. Essa assimetria na orientação das proteínas proporciona propriedades distintas às duas faces da membrana. As proteínas de membrana nunca foram observadas em movimento flip-flop; esse movimento, que requer um deslocamento transitório de resíduos hidrofílicos de aminoácidos através do interior hidrofóbico da membrana, seria energicamente desfavorável. Dessa maneira, a topologia assimétrica de uma proteína transmembrana, estabelecida pela sua inserção na membrana durante sua síntese, é mantida durante toda a existência da proteína. Muitas proteínas transmembranas contêm cadeias de carboidratos covalentemente ligadas a cadeias laterais de serina, treonina ou asparagina do polipeptídeo. Essas glicoproteínas transmembranas estão sempre orientadas de modo que todas as cadeias de carboidratos estejam no domínio exoplasmático. Da mesma maneira, os glicolipídeos, nos quais uma cadeira de carboidratos está ligada à cadeia principal de glicerol ou de esfingosina de um lipídeo de membrana, estão sempre localizados no folheto exoplasmático, com a cadeia de carboidratos projetando-se a partir da superfície de membrana. As glicoproteínas e os glicolipídeos são especialmente abundantes nas membranas plasmáticas de células eucarióticas e nas membranas dos compartimentos intracelulares que estabelecem rotas secretoras e endocíticas; eles inexistem na membrana mitocondrial interna, nas lamelas dos cloroplastos e em diversas outras membranas intracelulares. Os motivos de ligação a lipídeos ajudam a direcionar proteínas periféricas à membrana Muitas enzimas hidrossolúveis utilizam fosfolipídeos como seus substratos, e, portanto, devem ligar-se às superfícies de membranas. As fosfolipases, por exemplo, hidrolisam ligações variadas nos grupos apicais de fosfolipídeos e, desse modo, desempenham uma diversidade de papéis nas células – ajudando a degradar membranas celulares danificadas ou envelhecidas, gerando precursores para moléculas sinalizadores e servindo até como componentes ativos em muitos venenos de serpentes. As proteínas podem ser removidas da membrana por detergentes ou soluções altamente salinas Os detergentes são moléculas anfipáticas que rompem as membranas mediante intercalação nas bicamadas fosfolipídicas e, desse modo, podem ser usados para solubilizar lipídeos e muitas proteínas de membrana. A parte hidrofóbica de uma molécula de detergente é atraída pelos hidrocarbonetos fosfolipídicos e rapidamente se mistura a eles; a parte hidrofílica é fortemente atraída pela água. Em concentrações muito baixas, os detergentes se dissolvem em água pura como moléculas isoladas. À medida que a concentração aumenta, as moléculas começam a formar micelas – pequenos agregados esféricos em que as partes hidrofílicas da molécula voltam-se para fora e as partes hidrofóbicas agrupam-se no centro. Os detergentes iônicos e não iônicos interagem diferentemente com proteínas e tem funções distintas no laboratório. Os detergentes iônicos ligam-se às regiões hidrofóbicas expostas de proteínas de membrana, bem como aos centros hidrofóbicos de proteínas hidrossolúveis. Devido à sua carga, esses detergentes também podem romper ligações iônicas e ligações de hidrogênio. Em concentrações altas, por exemplo, o dodecilssulfato de sódio desnatura completamente proteínas mediante ligação a cada cadeia lateral. Os detergentes não iônicos geralmente não desnaturam proteínas e, assim, são uteis na extração de proteínas – nas suas formas enoveladas e ativa – da membrana, antes que elas sejam purificadas. Em concentrações altas, os detergentes não iônicos solubilizam membranas biológicas por meio da formação de micelas mistas de detergente, fosfolipídeo e proteínas integrais de membrana; essas micelas são estruturas volumosas hidrofóbicas que não se dissolvem em solução aquosa. Fosfolipídeos, esfingolipídeos e colesterol: síntese e movimento intracelular O movimento de lipídeos, especialmente os componentes de membrana entre diferentes organelas é fundamental para a manutenção da composição e das propriedades das membranas e da estrutura celular global. Um princípio fundamental da biossíntese de membranas é que as células sintetizam novas membranas somente pela expansão de membranas existentes. Embora algumas etapas iniciais da síntese de lipídeos de membrana ocorram no citoplasma, as etapas finais são catalisadas por enzimas ligadas a membranas celulares preexistentes, e os produtos são incorporados à membrana à medida que elas são geradas. Os ácidos graxos são formados a partir de unidades básicas de 2 carbonos, por diversas enzimas importantes Os ácidos graxos desempenham muitos papeis importantes nas células. Além de serem fonte de combustível celular, os áciso graxos são componentes básicos de fosfolipídeos na constituição de membranas celulares e também ancoram algumas proteínas às membranas celulares. Portanto, a regulação da síntese de ácidosgraxos exerce um papel essencial na regulação da síntese de membranas como um todo. Os principais ácidos graxos nos fosfolipídeos contem 14,16, 18 ou 20 átomos de carbono e incluem tanto cadeias insaturadas como saturadas. Os ácidos graxos são sintetizados a partir do acetato, CH3COO-, bloco construtor de 2 carbonos. Nas células, tanto o acetato quanto os intermediários na biossíntese de ácidos graxos são esterificados à grande molécula hidrossolúvel da coenzima A (coA) A acetil COA é um intermediário muito importante no metabolismo da glicose, ácidos graxos e muitos aminoácidos. Os ácidos graxos saturados contendo 14 ou 16 átomos de carbono são formados a partir da acetil CoA por duas enzimas: acetil-CoA carboxilase e acido graxo sintetase. Em células animais, essas proteínas são encontradas no citosol; em plantas, são encontradas nos cloroplastos. Pequenas proteínas citosólicas facilitam o movimento de ácidos graxos Para serem transportados livres ou não esterificados por meio do citoplasma celular, os ácidos graxos geralmente são ligados por proteínas de ligação de ácidos graxos (FABPs), que facilitam o movimento intracelular de muitos lipídeos. Essas proteínas contem uma porção hidrofóbica revestida por folhas B. A expressão das FABPs celulares é regulada coordenadamente com as exigências celulares para a captação e a liberação de ácidos graxos. Assim, os níveis de FABP são elevados em músculos ativos usando ácidos graxos para a geração de ATP e em adipócitos, quando estão captando ácidos graxos para armazenagem como triglicerídeos ou liberando-os para a utilização por outras células.. A importância das FABPs no metabolismo dos ácidos graxos é realçada pelas constatações que podem representar cerca de 5% de todas as proteínas citosólicas no fígado; além disso, a inativação genética da FABP do músculo cardíaco converte o coração de um músculo que queima principalmente ácidos graxos como fonte de energia em um que queima principalmente glicose. Os ácidos graxos são incorporados aos fosfolipídeos principalmente na membrana do RE Os ácidos graxos não são incorporados diretamente aos fosfolipídeos; em vez disso, nas células eucarióticas, eles são primeiramente convertidos em ésteres de CoA. Em células animais, a síntese subsequente de fosfolipídeos é realizada por enzimas associadas à face citosólica da membrana do RE (geralmente o RE liso); por meio de uma série de etapas, CoAs acil graxas, glicerol-3-fosfato e precursores dos grupos apicais polares são ligados e, após, inseridos na membrana do RE. O fato de essas enzimas serem localizadas no lado citosólico da membrana significa que existe uma assimetria inerente na biogênese da membrana: novas membranas são sintetizadas inicialmente apenas em um folheto – fato com consequências importantes para a distribuição assimétrica de lipídeos nos folhetos da membrana.. Uma vez sintetizados no RE, os fosfolipídeos são transportados para outras organelas e para a membrana plasmática. Os esfingolipídeos são também sintetizados indiretamente a partir de percursores múltiplos. Alguma síntese de esfingolipídeos também pode ocorrer nas mitocôndrias. Após a conclusão da sua síntese no aparelho de golgi, os esfingolipídeos são transferidos para outros compartimentos celulares por mecanismos mediados por vesículas As filipases movem fosfolipídeos de um folheto da membrana ao folheto oposto Diversos fosfolipídeos são assimetricamente distribuídos nos dois folhetos da membrana do RE e de outras membranas celulares. Os fosfolipídeos não se deslocam facilmente de um folheto para outro (flip flop). Para que a membrana do RE se expanda mediante o crescimento de ambos os folhetos e tenham fosfolipídeos distribuídos assimetricamente, seus componentes fosfolipídicos devem ser capazes de mover-se de um folheto da membrana para outro. Embora os mecanismos empregados para gerar e manter a assimetria dos lipídeos de membrana ainda não sejam bem compreendidos, fica evidente que as filipases desempenham papel preponderante; essas proteínas integrais de membrana utilizam a energia da hidrólise do ATP para facilitar o movimento das moléculas de fosfolipídeos de um folheto ao outro. O colesterol é sintetizado por enzimas no citosol e na membrana do RE O colesterol é o principal esterol em células animais e é sintetizado no fígado. *resumo manuscrito Colesterol e fosfolipídeos são transportados entre organelas por meio de vários mecanismos As etapas finais da síntese de colesterol e fosfolipídeos ocorrem principalmente no RE. Desse modo, a membrana plasmática e as membranas que delimitam outras organelas devem obter esses lipídeos de um ou mais processos intracelulares de transporte. No entanto, várias linhas de evidencia sugerem que, por meio de outros mecanismos, existe entre organelas um substancial movimento de colesterol e fosfolipídeos.
Compartilhar