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A voz do Isolamento

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Livro: 
A Voz do Isolamento 
 
 
SeKwMa Academia, 2020 
Endereço: Centralidade do Kilamba, Luanda – Angola 
Telemóvel: 929 550 655 – 222 776 566 
Email: bsekwma@gmail.com 
 
Proibida a reprodução total ou parcial deste livro sem a autorização 
Todos os direitos estão reservados por SeKwMa Academia 
 
Coordenação editorial: SeKwMa Academia 
 
Capa e Design 
Gelson Manuel & Golden Memoriy 
 
 
 
 
Equipa de Revisão 
Nkuby Telama e Silvina Domingos 
 
 
Acabamentos 
SeKwMa Academia 
 
 
 
AUTORES 
 
Márcia Fula 
 
 
Master Wily 
(Wilson Imperial) 
 
 
Hélder Simbad 
(Hélder André) 
 
 
Grimagno 
(Gregório Domingos) 
 
 
Optimista Blessedbefu 
(Domingos Cipriano) 
 
 
Poeta Ausente 
(Martinho Pedro) 
 
 
Valdemar Fonseca 
 
 
Edson Mulogy 
(Poeta do Século) 
 
 
Verbo Bucks 
(Wibilidon Neto) 
 
 
Don Samú 
(Samuel Domingos) 
 
 
ÍNDICE 
 
PREFÁCIO ............................................................................ 5 
 
Convocatória ...................................................................... 6 
A Voz do Isolamento ............................................................. 8 
Mas que bicho é esse! ........................................................... 9 
A falta de amor .................................................................. 10 
Fim do Mundo .................................................................... 11 
SARS ............................................................................... 14 
O que será de nós? ............................................................. 15 
A batalha existencial ............................................................ 17 
Eu Sonhei… Eu Pensei ........................................................... 18 
Efeito COVID ..................................................................... 20 
Havemos de Voltar .............................................................. 22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
PREFÁCIO 
 
O clima que vivemos nos últimos dias, não tem sido leve, estamos 
em guerra mundial e temos como inimigo comum o coronavírus (Covid- 
19). Este período é de forte reflexão e meditação, relacionadas, no nosso 
olhar, à seguinte agenda: a relação entre o homem e o meio ambiente, a 
falta de amor ao próximo, que tipo de família queremos e estamos a 
construir…. Expressos entre poemas e crônicas. 
Nesta fase, um dos factos preocupantes é o isolamento social, sendo 
que este pode ser um gatilho para um possível desenvolvimento de 
distúrbios psicológicos das pessoas durante o regime de quarentena; é uma 
experiência nova para uma sociedade global desencontrada com a essência 
humana. Reconhecemos, indubitavelmente, ser necessário acatar as 
orientações dos profissionais de saúde e aplicar as medidas de protecção. 
Mas no meio de tudo isso, destaca-se joga até ao presente momento 
da história da humanidade um papel preponderante, quer esses momentos 
fossem bons ou maus. Para os homens que vivem a arte, o isolamento é 
percebido de maneira diferente, servindo como um período de inspiração e 
criação de textos, que exprimem os pensamentos vindos da alma de cada 
autor, dada a sua vivência durante esta fase,” Poetas não ficam em 
quarentena”. Desejamos brindar os digníssimos leitores, mensagens de 
reflexão, esperança, o humor e o encorajamento a todas as pessoas, quer 
sejam nacionais ou estrangeiros. A escrita transcende o nosso universo, 
vitaliza o corpo e a alma e nela plantamos as sementes da vida tal como as 
plantas do éden, igual a sapiência extraída do mais intimo desses brilhantes 
autores. A obra conta com a participação especial do vencedor do Prémio 
Literário António Jacinto edição 2017, Hélder Simbad1 
Em unidade venceremos o assassino invisível e talvez os homens se 
tornem mais humanos. 
Por: Gregório Domingos 
 
1 Escritor e crítico literário, Angolano. Autor dos livros “Enviesada Rosa”; “Insurreição dos 
signos” e “Tradução Literária”. 
6 
 
 
Título: Convocatória 
Autor: Grimagno 
 
 
 
Estilhaços e letras, surgiram numa pancada que minha nave mental sofreu, 
enquanto sobrevoava o universo infinito e embateu com choques de 
pensamentos teleguiados pelo bem, em socorro dos aflitos. Numa era 
terrivelmente dominadas pelos famosos inimigos virais, extremamente 
mortíferos para todos os mamíferos pensantes. 
 
De forma a mitigar a situação e fazer a gestão psicológica dos terráqueos 
que se encontram isolados em cadeias domiciliares, estendi o batuque aos 
poetas e escritores com poder de criação que se encontravam a meditar 
por debaixo dos escombros dos seus cadeirões, ligados ao universo por 
intermédio de ossos tecnológicos que funcionam num simples click. 
Com arcos, azagaias e flechas bem preparadas para a famosa batalha, os 
poetas receberam automaticamente as chamadas, mas antes, achei viável 
fazer uma leitura da situação para alinhar o plano estratégico: a emergência 
foi sentenciada por dias sem limites. 
Resultado: julgamento para todos mamíferos pensantes indexados nas 
paredes da ignorância. O inimigo deleta os adversários principalmente os 
desprovidos de Fé, temos de estar armados, dos dedos ao cérebro, carregar 
a mente com munições de motivações. 
 
O álcool tornou-se nosso aliado, tanto em gel como gelado, o sabão azul é 
mais procurado do que o ópio, o petróleo perdeu rede, está a ser zungado 
e avacalhado pelas máscaras brancas e luvas pretas no mercado do medo 
por quase 150 caras do rio da margem norte. 
 
Enquanto uns espumam e contraem ataques de psicose, barões do amor 
durante o tempo de prisão, descobrem que estabelecem ligações nulas com 
princesas desencantadas, amarrotadas que, camuflavam a realidade das 
fadas madrinhas em formado makeup. 
 
7 
 
Fadas que peneiram ovos e queimam chá de caxinde, existe a vontade de 
consumir pinchos, mas a carne lá fora está envenenada (atrofio). Agora 
andar com “amigou, amigou” é drama, caso ele tusa serás acusado de 
posse ilegal de arma: 
 
O tâmbi é mundial, ouvem-se choros em pontos cardeais 
 
É dizumba, é dizumba grande (repita para cuiar mais...) 
 
Mas medo não pode se transformar em pânico, nem o pânico em morte 
antecipada, vamos salvar os mamíferos pensantes dessa situação e sob 
forma de retribuição depois da tempestade de Wuhan, têm de valorizar mais 
o abraço e as pessoas que amam, serem melhores do que já são, promover 
o bem comum, criar condições para aniquilar as assimetrias sócio – 
económicas, culturais, religiosas e outras. 
 
Que esta fase demostre quão frágeis são os mamíferos pensantes, o salalé 
se alimenta de todos, não quer saber quem fostes, ele alimentar-se-á do 
pedaço estreito ou gordo de carne. 
 
São todos Vulneráreis, por hoje as bombas atómicas, os carros e mansões 
de luxo não fazem parte do pacote da salvação. Após saírem desta tumba 
geral, todos os mamíferos pensantes devem realmente pensar em serem 
mais humanos. 
 
Realmente é necessário regressar à essência da existência humana, sem 
desligar-se do cordão umbilical que nos conecta ao Criador. 
 
Agora que estás em contacto comigo, suba na Nave textual e convido-te a: 
“FICARES EM CASA, Cuide de si e Cuide nós”. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Título: A Voz do Isolamento 
Autores: Hélder Simbad & Grimagno 
 
É inaudível a voz do isolamento 
O medo esmurrando as grades na cabeça 
A garganta se abre em seu invisível presídio 
Solta o questionário filosófico 
DEUS, homens e vírus em seus distintos laboratórios 
O homem indecifrável vírus 
O eco se dilui nas paredes da saudade 
 
E segue a voz isolada na ausência dos homens invisíveis 
Também as ruas nas crianças dos natais 
 
É uma voz que se não via em nós, uma voz de memória 
Voz professora 
Voz sem voz 
Porque se ouve no silêncioOs braços trepidam 
Casas isoladas, ouço o bater das portas 
Vejo fantasmas a saírem de lâmpadas apagadas 
 
Que triste sensação de ver a alma partir 
Desliguei a TV para barrar notícias falsas 
Mas ela voltou a ligar-se por si só 
O barulho das maçanetas é arrepiante 
Acho que vou sucumbir 
 
Horrível isolamento… 
Sinto a falta de respirar liberdade 
 
Grito berrante e o som não sai 
Vou dar em louco 
O volume do silêncio é mais alto 
 
Alguém vem me salvar!.. 
Prometo fazer diferente 
E valorizar os meus… 
Fora e dentro do isolamento 
9 
 
Título:Mas que bicho é esse! 
Autor: Don Samú 
 
 
Que bicho é esse... 
Que mata o que não come, derruba o que não plantou 
Que rouba a herança de todos que Deus nos deixou 
Que consegue transformar o mar azul em um lago preto de óleo 
Matando toda vida nele até o branco alvo das ondas 
Nem as águas correntes dos rios consegue purificar a sua mãe. 
 
Que bicho é esse... 
Que até manipula o poderoso vento 
Destruindo a atmosfera que respira 
Provocando vendavais, tufões e furacões 
Que seca o orvalho eliminando o ciclo da chuva 
Chuva esta que alimenta os prados, savanas e florestas 
 
Que bicho é esse... 
Que constrói onde não deve, destruindo tudo no caminho 
Deixando milhares de espécies a beira da extinção 
E tudo porquê? Orgulho, vaidade, materialismo 
Que destrói e corrói, contamina e polui 
Até ao ponto de não sobrar nada do perfume de uma planta 
 
 
Esse bicho busca, busca a sua morte 
Pois a sua ganância levara tudo e todos à perdição 
Esse bicho deixa o ecossistema fragilizado, descontrolado 
E acabara seco e vazio como as dunas dum deserto 
Se não parar e refletir, e recuar e tomar consciência 
De preservar a natureza para o bem colectivo 
Enquanto ainda há tempo 
10 
 
 
Título: A falta de amor 
Autor: Valdemar Fonseca 
 
 
 
 
 
Com o tempo ele esfria-se no tocar do sino que tine; 
Na ausência do verdadeiro que cristão que o mundo tinge; 
 
 
 
E torna-se obscuro na acção do benevolente que finge? 
O porquê da falta de amor? 
Será que por vivermos num mundo onde a moda é o rancor? 
Ou por estarmos bruta e fielmente comprometido com a dor? 
Será por vivermos uma vida onde odiar tem mais sabor que amar? 
Pela ausência do amor somos capazes do sangue do próximo derramar; 
 
 
 
Da alma do outro facilmente magoar; 
Do espelho da fidelidade de quem mais nos ama dilacerar; 
Por falta de amor, o que era luz baço ficou, já não brilha; 
O sorriso alegre da criança não mais irradia; 
 
 
 
 
E a brisa suave do vento que para todos venta já não esfria; 
 
 
Queria eu viver num mundo que sorria, mas infelizmente a falta de amor o 
seu âmago todos os dias feria. 
 
 
11 
 
Poema: Fim do Mundo 
Autor: Poeta Ausente 
 
 
Eram duas da manhã, quando de repente desperto sem o meu boneco e na 
escuridão. 
 
No mesmo drama, ouço trovões e múrmuros da comunidade numa gigante 
confusão. 
Quase que morro de paragem cardíaca. Para uma visão panorâmica. Abro 
a janela, os tímpanos e os olhos meus seguidamente deito-lhes contra os 
céus. 
Lá estavam as nuvens que transavam sem destreza. Óbito? 
Enquanto gemiam trovões e se viam relâmpagos, os vizinhos choravam, 
dando-me a certeza que alguém morreu. Então, pude responder-me à 
questão supracitada. 
Algumas nuvens sofriam cesariana, da lacuna parecia desfilar uma flecha, 
isto mesmo uma FLECHA. Bem acelerada. 
Aquilo inspirava um poema sinistro! Mas era coisa séria para brincar de 
poeta. 
 
Assim, que o silêncio da noite se fugiu de todos, anotou-se o medo, que o 
relógio chorava aos minutos como quem tende a empurrar o tempo, como 
quem corre contra o destino tremendo. 
 
Formou-se um Arco-íris envolto da Lua no cio, uma Lua coroada de nuvens 
queimadas, muito revoltadas, tipo uma negra insatisfeita. Logo, logo 
naquela altura, insatisfeita? 
 
Os cães latiam na correspondência do povoado do bairro, recheado de 
intelectuais, cristão de ceitas diferentes, jovens cunangas, folgados, 
criminosos, pastores, bêbados, prostitutas, fobadas e as mamãs que 
violavam a ética, numa orquestra bem diversificada de ofensa, enquanto 
uns debatiam sobre o FIM DO MUNDO outros se mijavam nas coadas e os 
filósofos cépticos que julgavam tudo absurdo. 
 
Para ser sinceiro, não sei se as mamãs ofendiam a quem, aos cães ou ao 
mistério? 
12 
 
Para o meu maior susto, toca o sino duma Igreja Católica Cristã do bairro, 
assim estala um cibório. 
Tim, tim, tim..,mas ou menos assim. O canto do sino. 
Rasguei um pedaço de papel dos meus pensamentos e rabisquei: 
- Será que este é um presépio? Vão inventar mais um novo Cristo? 
Mal terminei. 
O chão vibrava que nem um telefone NOKIA do Kikolo (rhum, ruhm), o 
grito dos pais e dos filhos, dos netos, e avós, uaueééé... Azarié.! 
Mamauééé! Meu Deus! Agora não senhor! 
 
Serenavam timidamente, as gotas de água estavam quentes demais, não 
sei se lá no céu queriam fazer chá ou café?! Que terror! 
Os gatos riam-se de nós, que até formavam relevos nas chapas de zinco. 
Um completo CAOS de morrer. 
Os supersticiosos, já começam a denunciar aos vazios de bruxos, mas os 
crentes só dizem isto é o FIM DO MUNDO. Falando em crentes, naquele 
impróprio instante, oiço o vizinho de parede única em boa disposição. 
Um evangelista neurótico que apodera-se da ocasião e profere uma corrente 
de oração: 
- Meu pai, vem nos salvar, nesta hora só você, senhor ó ó Jesus! 
Pela prosódia, pareceu-me um devoto da Igreja Universal, espumava pela 
boca, enquanto o chão não parava de vibrar e ficava lamacento. 
Pessoas viam, pessoas iam, todos desorientados e ansiosos. As portas 
fecharam-se de repente 
Já estávamos no curso das 4 horas e 15 minutos, para o grande abalo: 
Puam, puam, puam! Pelo chão escorregadio, as mamãs com osteomalacia, 
escorregavam sem travão, parecia uma imitação à zero custo do Michael 
Jackson. Era o comboio sem ninguém, numa velocidade de tiro, parecia 
estar nú, enferrujado, Não se via as cores da bandeira do MPLA ou de 
ANGOLA que veste o mesmo. Pois, estava muito escuro para vê-lo, segundo 
um mais velho cego do bairro. Nós que estávamos ocupados pelo FIM DO 
MUNDO, ficamos no PAUSE; 
 
Ó uau, milagre! Ele já está a ver? 
Mas não é hora para isso, vamos voltar aonde estávamos, já registou-se 
três mortes, um bebé que seguia a mãe e foi abafado por um portão, 
quando a mãe tentou socorrer, o chão cuspiu-a para uma fossa desabada. 
 
Afinal, quando o comboio passou dividiu ao meio um idoso que desmaiou 
na linha esféria. 
 
13 
 
A chuva não se intensifica e não para de chorar contra os terráqueos. 
O chão não para de vibrar, pelo menos terramoto, não é nossa realidade? 
Assim, instiga uma jovem pré-universitária virgem, que vê, os seus dias 
contados, camuflada num canto triste da parede mais suja dos arredores. 
Recordam a flecha que saía das lacunas da cirurgia das nuvens? 
É isto mesmo, recordas? A FLECHA acelerada escreveu-se contra alguém, 
perceberam? 
ELA ultrapassara sua região hipogástrica ainda cuspiu sangue pela seta 
depois de espreitar a coluna vertebral. 
 
Alguém, certo. Só não compreendi?! Depois das três pessoas morrerem 
todos ficaram a gritar de desespero e para mim a olhar, estranho meu! 
Um total de duzentas e tal pessoas ainda em pé seriamente a vir pegar-me 
sem contar as trinta e tal desmaiadas; algumas hipertensas já não estão 
mais a despertar. Pessoas encardidas de lodo e de suor atrevido, lágrimas 
pálidas no rosto, vêm em palavras de lamentação e de despedida tocar-
me, pastores a rezarem para mim e por mim. Eu que sou ATEU E 
DESCRENTE DO FIM DO MUNDO, LOGO EU? ISTO É RUÍM. 
 
Algo aqui não está certo! 
Recolhi-me para revisar os meus passos, preciso compreender em que 
parte dessa trama encaixa-me então; não hesitei, por estar sozinho comigo 
em casa. 
 
Suspirei, respirei fundo que quase perdio coração para o quadrante direito 
superior da caixa torácica. O peito posto em brasa. 
 
Meus pés transpiravam ao derreter das vísceras uma homeostasia para 
equilibrar o meu sistema simpático. Oiço um zumbido tenaz e intromediço 
entre o intervalo do pânico e a estranheza da atmosfera, eram todos os 
meus vizinhos mais as trovoadas e os relâmpagos em trincheiras. 
 
Ham… agora sei, a FLECHA DA MALDIÇÃO, escreveu-se contra o meu 
humilde corpo, não consegui perceber, pois sim todos têm em si o 
respeitoso espanto de me verem a morrer ou a partir. 
 
Haaa…!! Deixá la de bobagens; eu nem saí de casa, deixa lá fechar a janela 
e dormir! FIM DO MUNDO 
 
14 
 
Título: SARS 
(Síndrome Respiratório Aguda 
Severa) 
 
Autor: Master Wily 
 
 
Por quê? 
Porque tornaste o mundo sombrio? 
Chamam-te Coronavírus, 
Pouco a pouco nos roubas a paz, 
 
Hoje já não posso alardear, 
Tornaste-me airado, 
Vivo em auréola cheio de arbovírus, 
Queria eu ser um antivírus, 
Para que assim esteja protegido do coronavírus, 
 
Até os aristocratas também temem pela vida, 
Tornaste-nos iguais, 
Disseram-me que és paroxítono 
Ou estão proparoxítonos, 
Mas chamam-te de vírus, 
Trás em nós momentos de reflexão, 
De geração para geração; 
 
Mundo sombrio, cheio de espinho desde a tua chegada, 
Vens de muito longe e lá deixaste pegada, 
Não sei por aonde vou, 
No atalho do destino onde de o vento me levar 
Levarei albacara como meu alimento, 
 
Trás na harmonização e também distância social, 
Ruas desertas roubaram-nos a sorte 
O medo bate em nós, 
Inimigo sombrio assim chora David, 
Por causa do COVID, 
Hoje és o vilão coronavírus. 
15 
 
 
 
Título: Crônicas Poéticas 
do 13º dia em Quarentena… 
O que será de nós? 
 
Autora: Márcia Fula. 
 
 
Mergulhada nos meus mais profundos pensamentos, me perdi procurando 
por soluções... por respostas que pudessem pôr fim ao sofrimento do 
mundo, das dores sem fim, das noites sem dormir e do medo que assola 
famílias, pequenos países e grandes nações... 
 
Busquei por Deus e em suas palavras encontrei o “Livre arbítrio, Ganância 
dos Homens, os últimos serão exaltados, não há mal que perdure” ... 
Enfim encontrei perguntas e respostas, respostas que me consolaram e 
também me inquietaram, que me envolveram num grande misto de 
sentimentos... (Meu Deus o que será de nós?) ... 
 
Ouvir as notícias hoje em dia é algo que todos no mundo fazem, somamos 
casos, somamos mortes e celebramos recuperações...vivemos com medo, 
com angústia, queremos as nossas vidas de volta, queremos abraçar nossos 
pais, amigos, pessoas próximas (já me ia esquecendo...o normal virou 
anormal, nada de beijos, abraços ou apertos de mão, mas tudo por 
protecção, não é desprezo, é SALVAÇÃO), queremos voltar a sorrir... 
 
Em meio a este caos, pensei com os meus botões e pratiquei o que faço há 
anos, tirar o melhor de qualquer situação ruim...porquê que não pensamos 
em amar mais, cuidar mais e desfrutamos mais do que temos, pais, irmãos, 
maridos, filhos, enfim...porque não aproveitamos o descanso que estamos 
recebendo (embora que com medos e inseguranças, porque não amar o 
certo?), estamos recebendo algo que não tínhamos, mais TEMPO DE 
QUALIDADE COM A FAMÍLIA!!! 
 
Devemos cultivar o amor, cuidar da educação dos nossos filhos, amar 
nossos maridos e esposas, olhar e ser grato pela vida e saúde que temos. 
Hoje temos tempo de pensar e analisar que os filhos são educados em casa 
e não na escola, que brigas em casal devem ser devidamente resolvidas 
(não temos como fugir, heheheh) ... 
 
16 
 
 
Devemos abrir as nossas janelas e olhar para o céu...a natureza está a 
voltar a respirar, a dar o que precisamos, pois ela precisava deste tempo 
para recuperar-se de todo o mal que causamos...animais e plantas 
voltaram a surgir em vários países, os índices de CO2 diminuíram em quase 
30% em todo mundo.... Será que foi preciso perder tudo o que tínhamos, 
para poder olhar a natureza e a nós, com os olhos de ver?... 
 
Mas fica um senão...o que estamos aprendendo? O que estamos fazendo? 
Seremos os mesmos depois de tudo isso? Estamos conseguindo tirar o 
melhor de tudo isso? 
 
Enfim concluí que nós, sim...Nós os Homens não merecemos a terra que 
Deus nos deu, não merecemos a natureza que sempre nos acolheu e apenas 
a destruímos sem limites, sem pensar em devolver a ela o que nos oferece, 
sem pensar nas gerações vindouras..., mas também não merecemos sofrer 
como condenados por ganância dos donos do mundo, das super potências 
que duelam sem limites por mais e mais poder, deixando o povo perecer... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Título: A batalha existencial 
Autor: Hélder Simbad 
 
Porém prevalece o tédio 
O tempo infinito amargos dias 
Uma batalha existencial 
Na roda do globo 
 
Eis o homem das imponentes torres 
O das viagens interplanetárias 
Prostrado diante do minúsculo ser 
Terráqueo multiplicador 
 
Menos que um grão de areia 
Menos que uma gotícula de saliva 
Tão enorme como arrogância 
 
Pede o Estado a mão do pão 
Lá fora brinquedos da infância 
Acordaram gigantes: militares e tanques 
Expostos ao invisível 
 
Há um mar de alcatrão que me separa do amor 
Portanto eis-me aqui sem mamas para extrair orquídeas 
Observando a preguiça das horas 
Enquanto o mundo seleciona habitantes 
 
Tenho de sair para recolher lírios 
Uma desértica rua espia-me 
O soldado, o vaso azul enorme repele-me 
Regresso corpo desalmado 
 
Como a vasta solidão da casa que assombro 
Com grafos com facas e lambuzo-me 
Beija o copo a fúria do azulejo 
Cristais “kriptonianos” mordem pés 
Esquizofrénico procuro por mim 
Não estou, o que queres de mim 
COVID – 19 
18 
 
Título: Eu Sonhei… Eu Pensei 
 E aconteceu no deserto do Universo 
Autor: Optimista Blessedbefu 
 
Eu Sonhei… 
Eu Pensei… 
E aconteceu no deserto do Universo 
 
 
Sonhei, 
Mergulhado no deserto do Universo 
não pudesse mais chegar a terra da promessa 
de repente o dia escureceu-se 
o deserto virou inferno 
a caminhada tornou-se distante 
e a multidão…. 
Oh! a multidão rasgada de tristeza: 
evocavam em oração! 
meu Deus, meu Deus, meu Deus … 
 
 
Eu Sonhei… 
Eu Pensei… 
E aconteceu no deserto do Universo 
 
 
O deserto do Universo 
Insuflou tempestade sangrenta isenta, 
no santuário de cada ente vivente, 
e o povo… 
Oh! o povo não entendeu… não percebeu…, mas excedeu 
no entanto, o espanto de todos 
são os sinais de novos tempos 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Eu Sonhei… 
Eu Pensei… 
E aconteceu no deserto do Universo 
 
 
Pensei 
os 40 dias encurtaram-se no domingo da Aleluia 
os pães na multidão multiplicaram-se 
os peixes nas águas superabundaram-se 
e as terras…. 
Oh! as terras secas e espinhosas 
tornaram-se férteis. 
 
 
Eu Sonhei… 
Eu Pensei… 
E aconteceu no deserto do Universo 
 
 
 
Aconteceu 
o deserto do Universo transformou-se 
na terra prometida. 
Os pólos em desavença 
do Norte e do Sul, uniram-se pela força dos 
Mandamentos da lei de Deus 
e a multidão…. 
Oh! a multidão cantou victória, 
ao som da harpa e da trombeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
Título: Efeito COVID 
Autor: Verbo Bucks 
 
 
 
Contemplo o caos biológico instalado 
Nas armaduras mundiais 
Onde o escudo protector do planeta Terra 
tornou-se frágil 
Disseminação total 
Afectando vários pontos e locais 
Efeito eminente! Espalhando-se de uma forma bruta e anormal 
 
O caos depressivo hoje toma conta das bandas 
 
Razões! Razões! Razões! 
Todas injustificadas! 
 
Pois, o gênero humano não consegue dar respostas às questões colocadas 
 
A sapiência humana foi vencida e não encontra respostas 
Cidades sombrias 
Distanciamento social por conta de um estado de emergência queaos 
poucos vai dando voltas 
Noites vazias 
 
Hábitos e costumes foram destruídos em pequenos minutos 
O homem adulto 
Transformou-se numa criança em miniatura 
O ser humano mostrou-se incapaz de perceber as razões por trás da 
pandemia 
Os efeitos negativos a nível económico são tantos que mais ninguém atura 
 
A economia mundial entrou em colapso e recessão 
Paralisação total 
Exportações e importações, passaram a ser simplesmente 
Meras palavras utópicas 
 
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Defunções tornaram-se o prato do dia nos países altamente desenvolvidos 
Contágio fatal 
 
Mostrando que perante as leis naturais e divinais 
Somos meramente carnais 
 
De epidemia o caos tornou-se Pandemia! 
 
COVID! O genocídio natural instalado na humanidade 
A consciência humana é a cura 
Mas as consequências ninguém atura. 
 
 
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Título: Havemos de Voltar 
(Inspirado em Agostinho Neto) 
 
Autor: Poeta do Século 
 
 
HAVEMOS DE VOLTAR... 
 
As nossas bebedeiras em grupo, as nossas ricas festas de quintal 
As nossas fogueiras poéticas, a nossa kimbemba no funeral, 
 
HAVEMOS DE VOLTAR... 
 
As nossas rodas de fofocas na Banda 
As nossas célebres ruas revestidas de lixo alimentando o nosso Luxo 
Aos pinchos da Tia Ngaxi que abafam o cheiro da dibinga 
O sobe e desce do cupapata sobre as Ordens da Lombriga 
Ver a Nossa Fé a Guiar a viagem e as nossas vestes herdando a Catinga 
 
HAVEMOS DE VOLTAR... 
 
Quando hoje o inimigo invisível faz o convite 
Ao arrendamento das máscaras ao nosso Rosto 
Mas esquecemos que a mesma reside em nós há Muito 
A fábrica de conhecimento que hoje produz desconhecimento 
A casa do Altíssimo que tornou-se no Templo de Fingimento 
 
HAVEMOS DE VOLTAR... 
 
Aos desrespeitos dos cobeles, as lotações excessivas nos Candongueiros 
A apetitosa jarda nos cagueiros 
As vivências do 1 de Abril vestido de 14 Fevereiro 
 
HAVEMOS DE VOLTAR... 
 
A Nossa Via pública sustentada pelo politicamente correcto e o trabalho de 
Sexo 
A corrida às zungueiras, pelo agente mais fobado, muitas vezes sem nexo 
Caminhar na via que mal se expressa repleta de lâmpadas 
Mas sem reflexo 
 
HAVEMOS DE VOLTAR... 
 
 
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