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Fundamentos	da	Psicanálise
Tema:
A pulsão e sua ruptura com a natureza
Coordenação	Alexandre Simões
ALEXANDRE SIMÕES
® Todos os direitos de autor reservados.
Terminamos nosso último encontro propondo que a grande novidade teórica	-	com amplas repercussões clínicas	-	dos Três ensaios sobre a teoria da sexualidade foi:
a pulsão
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A pulsão é a via conceitual adotada por Freud para, na perspectiva clínica,
localizar o sujeito no âmbito do quantum: força, impacto, atividade, irrupção, quant idade, ímpeto, tenacidade.
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Ou seja, por meio da pulsão
Freud instaura no psíquico
uma dimensão essencialmente material e plástica.
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Vejamos, pois, alguns detalhes do relevo pulsional
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Trieb é uma palavra derivada do verbo
treiben.
Treiben significa impelir, conduzir, lançar à frente, ocupar-se de.
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Além disso, a palavra trieb se encontra presente em muitos outros termos da língua alemã que, em alguma medida, comportam sentidos próximos ao que o trieb designa na Psicanálise:
Triebkraft: força motriz
Triebwerk: motor
Triebfeder: mola
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O conceito de pulsão terá uma importância considerável para Freud, chegando a ser alçado à condição de conceito fundamental da Psicanálise (mesmo que o próprio Freud tenha constantemente indicado as dificuldades deste conceito).
Ao longo do itinerário de Freud podemos verificar que a noção de pulsão promoverá efeitos em cascata no restante da malha conceitual da Psicanálise ... além disso, é em torno da pulsão que serão efetuadas as transformações mais marcantes da Psicanálise.
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A pulsão entra em cena em 1905, no
ambiente dos Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade
Vale frisar, mais uma vez, que apesar do título desta obra, Freud não está envolvido com a elaboração uma teoria sobre a genitalidade ou a sexologia, porém, sobre a „coisa sexual‟.
Vejamos o locus da Coisa Sexual
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A presença da pulsão é concomitante ao abandono, por Freud, da chamada
„teoria da sedução‟:
A sexualidade, no ambiente da
sedução, localizava-se no exterior e era introduzida na cena infantil por um adulto (um adulto perverso). Este encontro, com alguém na posição de desamparo (daí, a referência à criança), funcionava como uma espécie de
„primeiro motor‟.
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Era a partir deste motor, deste impulso, que o psíquico era tirado do lugar, sendo daí lançado em uma trajetória bem complexa.
Com o abandono desta perspectiva, tudo mudou:
à medida em que este motor externo indicava seus limites, a maquinaria psíquica (chamada por Freud de „aparelho psíquico‟)
precisava de uma força motriz interna.
O conceito de pulsão é chamado a responder por este lugar.
De agora em diante, a pergunta clínica não é mais
„como lidar com os efeitos de um trauma
externo?‟, porém,
„como responder à pulsão?‟
É precisamente neste lugar outro que não mais o do trauma ou do encontro que poderia ser evitado ou contornado, que Freud localizará o sujeito:
agora, trata-se de uma articulação que não é mais atenuada pela esquiva (aos moldes de um encontro com uma estimulação externa).
Temos, assim, um novo cenário:
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Pulsão como força constante (bem distinta de uma
estimulação esporádica e externa)
Pulsão como exigência de trabalho
Pulsão como conceito-limite:
Situada entre o somático e o psíquico.
Ou seja, o continuum do vivo na vida.
A pulsão, vinda com o afastamento da teoria traumática, não é uma exclusão do outro.
Mas, o que Freud vai nos propor é que é pelo corpo (pelo vivo) que o outro se apresenta. Freud nomeia este outro de Nebenmensch: o outro humano.
Para melhor verificarmos as
incidências clínicas do „vivo na vida‟, é importante ressaltar uma sutil distinção presente em Freud, desde o momento de fundação da pulsão:
Seelisch e
Psychisch
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Seelisch
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Pode ser traduzido por “Anímico”;
Contrariamente ao psíquico, é a dimensão do que afeta ao sujeito sem passar pelo que Freud nomeia de tópica, instância ou representação;
Ou seja: um psíquico sem borda.
Psychisch
Usualmente é traduzido por “Psíquico”;
Trata-se da cena
psíquica, na qual o que há é um tratamento do gozo;
Ou seja: um psíquico com borda.
Por meio da pulsão, Freud estabelece uma curiosa forma de „biologia‟ (uma “biologia ampla”) melhor designada por ele de Metapsicologia.
Enfim, uma psicologia não mais calcada no primado da consciência, mas no inconsciente.
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Prosseguiremos com o tema:
A pulsão e sua aventura
Até lá!
Acesso a este conteúdo:
www.alexandresimoes.com.br
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