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Prévia do material em texto

2015
GeoGrafia da 
américa Latina
Profa. Leia de Andrade
Profa. Rosani Lidia Dahmer
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Profa. Leia de Andrade
Profa. Rosani Lidia Dahmer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
918.1
A553g Andrade, Leia de
Geografia da América Latina/ Leia de Andrade; Rosani 
Lidia Dahmer. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
259 p. : il. 
ISBN 978-85-7830-935-0
1. Geografia Latino Americana. 
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
III
apresentação
Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Geografia da 
América Latina!
Certamente você já ouviu as expressões: América do Sul, América 
do Norte, América Latina... o questionamento pertinente que se apresenta 
para início de conversa, é: conhecemos o contexto de cada uma destas 
macrorregiões? 
O continente americano pode ser regionalizado (enquanto 
metodologia para seu estudo), dividindo-o em partes ou agrupando os países, 
de diferentes maneiras, dependo do objetivo para determinado recorte. 
Algumas nomenclaturas são mais conhecidas e utilizadas no nosso cotidiano. 
A expressão América Latina é uma delas. Mas o que realmente significa?
 Nós brasileiros, também somos latino-americanos, mas questiono: 
nós nos consideramos latino-americanos? Pretendemos neste Caderno de 
Estudos, através de suas unidades e tópicos de estudos, apresentar conceitos, 
conteúdos e informações que possam auxiliar nas reflexões e possíveis 
respostas para estes questionamentos.
No espaço geográfico da América Latina se realizam as manifestações 
da natureza, na concepção de tempo geológico, e atividades humanas, numa 
concepção de tempo histórico. Assim, o espaço geográfico latino-americano 
contemporâneo apresenta características econômicas, sociais, culturais, 
políticas e ambientais semelhantes às demais áreas da superfície terrestre, 
inserida nos processos de expansão capitalista através do colonialismo, 
imperialismo, globalização e regionalização. Entretanto, cabe lembrar 
que existem também diferenciações, peculiaridades caracterizadas pela 
diversidade, heterogeneidade e identidades culturais particulares, resultados 
de sua formação socioespacial e histórico cultural.
Pretendemos neste Caderno a partir dos conteúdos apresentados, 
conduzir você acadêmico à reflexão, ao estudo e à análise de aspectos da 
Geografia da América Latina, para que você possa compreender a organização 
e as transformações sofridas por esse espaço geográfico latino-americano. Na 
sala de aula, estes conteúdos e conceitos são essenciais para a formação de 
cidadãos conscientes, sensibilizados e críticos dos problemas comuns desta 
macrorregião. 
Pensamos em contribuir na formação acadêmica do futuro professor 
de Geografia, que em sua prática docente, atuará como agente influenciador 
e mediador de práticas socioespaciais dentro de uma proposta educacional 
que requer responsabilidade de todos, visando um mundo melhor, com 
probabilidades futuras menos desanimadoras, com mais equidade e um 
futuro possível. 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Neste caderno, cada unidade está estruturada a partir de conceitos-
chaves, problematizações, reflexões e análises. Em cada unidade você 
vai encontrar fragmentos literários, fatos atuais, sugestões de leituras 
complementares, filmes, para promover uma aprendizagem significativa. 
Cada tópico apresenta resumo e sugestões de autoatividades para pensar, 
analisar e refletir sobre a geografia da América Latina a partir da observação 
da realidade geográfica local e conteúdos e informações do Caderno de 
Estudos. Durante o estudo deste caderno, sugerimos que você consulte os 
cadernos que já utilizou nas outras disciplinas, para facilitar seu aprendizado.
Desejamos a você um ótimo estudo e que a partir dele você possa 
construir o seu conhecimento sobre a América Latina.
Saudações! 
Profa. Leia de Andrade
Profa. Rosani Lidia Dahmer
V
VI
VII
UNIDADE 1 - AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO,
 REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL ........................1
TÓPICO 1 - LOCALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO ..................................................................3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................3
2 A CONQUISTA DE REGIÕES NATURAIS COM O COLONIALISMO ...............................5
3 A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO CONTINENTE AMERICANO ..........................................5
3.1 A COLONIZAÇÃO DE POVOAMENTO .................................................................................6
3.2 A COLONIZAÇÃO DE EXPLORAÇÃO ...................................................................................6
3.3 DO COLONIALISMO PORTUGUÊS E ESPANHOL AO IMPERIALISMO
 BRITÂNICO E ESTADUNIDENSE ............................................................................................8
3.4 CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES LATINO-AMERICANOS E
 RELAÇÃO CENTRO-PERIFERIA ..............................................................................................9
RESUMO DO TÓPICO 1.....................................................................................................................13
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................15
TÓPICO 2 - AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA .........................17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................17
2 APONTAMENTOS SOBRE OS ELEMENTOS FÍSICOS DENTRO DO
 CONTEXTO DE UMA DIVISÃO REGIONAL GEOGRÁFICA - FÍSICA .............................17
2.1 A TECTÔNICA DE PLACAS NA AMÉRICA LATINA E RELEVO .....................................18
2.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS .......................................................................................................26
2.3 CLIMAS E VEGETAÇÕES ...........................................................................................................29
RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................33
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................35
TÓPICO 3 - APONTAMENTOSE CARACTERÍSTICAS SOCIOESPACIAIS
 PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA
 HISTÓRICO-CULTURAL .............................................................................................37
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................37
2 O POVOAMENTO PRÉ-COLOMBIANO ....................................................................................38
3 REMANESCENTES DE POVOS NATIVOS E MISCIGENAÇÃO ..........................................40
4 ASPECTOS DA COLONIZAÇÃO E DA DEMOGRAFIA QUE
 CORROBORAM PARA UMA REGIONALIZAÇÃO HISTÓRICO-CULTURAL ................41
4.1 AMÉRICA CENTRAL E MÉXICO .............................................................................................41
4.2 NAS GUIANAS, UMA COLONIZAÇÃO DIFERENTE ........................................................42
4.3 AMÉRICA ANDINA ....................................................................................................................43
5 AMÉRICA PLATINA .......................................................................................................................45
6 A REGIONALIZAÇÃO DO CONTINENTE AMERICANO POR CRITÉRIOS 
SOCIOECONÔMICOS .......................................................................................................................50
6.1 CONTRADIÇÕES SOCIOECONÔMICAS DENTRO DA AMÉRICA LATINA .................51
6.2 APONTAMENTOS ECONÔMICOS ..........................................................................................53
6.3 AS TENTATIVAS DE ASSOCIAÇÃO E/OU DE INTEGRAÇÃO
 DE PAÍSES LATINO-AMERICANOS ........................................................................................57
sumário
VIII
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................59
RESUMO DO TÓPICO 3.....................................................................................................................61
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................63
TÓPICO 4 - MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS EXTREMOS
 E VULNERABILIDADE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE ..............................65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................65
2 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS ...............................65
3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA A GESTÃO DOS RISCOS
 DE EVENTOS EXTREMOS E DESASTRES, PARA O AVANÇO NA
 ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS ......................................................................69
4 AMÉRICA LATINA E CARIBE: PROBABILIDADES FUTURAS ...........................................70
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................74
RESUMO DO TÓPICO 4.....................................................................................................................77
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................79
UNIDADE 2 - AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM
 A DIVISÃO REGIONAL ..........................................................................................81
TÓPICO 1 - MÉXICO ...........................................................................................................................83
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................83
2 TERRITÓRIO E POPULAÇÃO .......................................................................................................85
3 ENTRE PAÍSES RICOS E ENTRE PAÍSES POBRES ..................................................................92
4 A MIGRAÇÃO DOS MEXICANOS PARA OS ESTADOS UNIDOS .....................................94
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................100
RESUMO DO TÓPICO 1.....................................................................................................................103
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................104
TÓPICO 2 - AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL .............................................................105
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................105
2 AMÉRICA CENTRAL CONTINENTAL: SEU TERRITÓRIO
 E A SUA POPULAÇÃO ....................................................................................................................106
2.1 ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO .....................................................................................109
2.1.1 O caso do Panamá ................................................................................................................110
3 AMÉRICA CENTRAL INSULAR ...................................................................................................117
3.1 TERRITÓRIO E POPULAÇÃO ...................................................................................................118
3.2 ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO .....................................................................................119
3.2.1 O MCCA e Caricom.............................................................................................................120
3.2.2 O caso de Cuba .....................................................................................................................121
3.2.3 A base de Guantánamo .......................................................................................................123
3.2.4 Embargo econômico ............................................................................................................124
3.2.5 O caso do Haiti .....................................................................................................................126
RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................129
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................131
TÓPICO 3 - AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA ..............................................................133
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................133
2 TERRITÓRIO E POPULAÇÃO .......................................................................................................133
3 O PARAGUAI .....................................................................................................................................135
4 O URUGUAI .......................................................................................................................................138
4.1 O GOLPE MILITAR NO URUGUAI E SUAS CONSEQUÊNCIAS .......................................140
4.2 O GOVERNO DE MUJICA ..........................................................................................................140
IX
5 A ARGENTINA ..................................................................................................................................143
RESUMO DO TÓPICO 3.....................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................149
UNIDADE 3 - O BRASIL E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NAAMÉRICA LATINA: DOS CONFLITOS FRONTEIRIÇOS
 À COOPERAÇÃO, INTEGRAÇÃO E LIDERANÇA REGIONAIS .................151
TÓPICO 1 - DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO
 DAS FRONTEIRAS POLÍTICAS ...............................................................................153
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................153
2 RIVALIDADES COLONIAIS ..........................................................................................................153
2.1 A QUESTÃO CISPLATINA NO PERÍODO IMPERIAL BRASILEIRO .................................157
2.2 A ERA RIO BRANCO – 1902-1912 .............................................................................................158
3 AS RELAÇÕES REGIONAIS NA BACIA DO PRATA NO
 DECORRER DA HISTÓRIA ...........................................................................................................158
3.1 BRASIL E ARGENTINA: DA DESCONFIANÇA À APROXIMAÇÃO ................................158
3.2 BRASIL E ARGENTINA: COMPETIÇÃO GEOPOLÍTICA ....................................................160
3.3 A OPERAÇÃO PAN-AMERICANA (OPA) E OS ACORDOS DE URUGUAIANA ...........161
3.4 GOVERNOS MILITARES NO BRASIL E NA ARGENTINA .................................................161
3.5 O RETORNO À DEMOCRACIA E A APROXIMAÇÃO DE BRASIL
 E ARGENTINA E OUTROS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL ...............................................163
3.6 O MERCOSUL E A CRISE DOS ANOS 1999-2001 ...................................................................164
4 A FAIXA DE FRONTEIRA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA .............................................165
4.1 CIDADES-GÊMEAS ....................................................................................................................165
4.2 MARCOS DE FRONTEIRA, TENSÕES E QUESTÕES FRONTEIRIÇAS .............................167
4.3 TEXTO COMPLEMENTAR: ESTUDO DE CASO: CIDADES DE
 TABATINGA (AM) E LETÍCIA (COL): USO DA ÁGUA SUBTERRÂNEA .........................171
4.4 O PAPEL ESTRATÉGICO DAS PONTES INTERNACIONAIS .............................................172
RESUMO DO TÓPICO 1.....................................................................................................................174
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................176
TÓPICO 2 - A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL .................................................179
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................179
2 O MERCOSUL ....................................................................................................................................179
2.1 O COMÉRCIO INTRABLOCO ...................................................................................................181
2.2 ADESÃO DA VENEZUELA COMO ESTADO MEMBRO
 OU ESTADO PARTE EM 2012 ....................................................................................................184
2.3 A BOLÍVIA NO MERCOSUL COMO ESTADO ASSOCIADO
 E COMO ESTADO MEMBRO OU ESTADO PARTE ...............................................................186
3 MERCOSUL - INTEGRAÇÃO FÍSICA E ENERGÉTICA ..........................................................188
3.1 INTEGRAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO ....................................................................................192
3.2 A POSIÇÃO DO PARAGUAI DIANTE DA HEGEMONIA BRASILEIRA ..........................195
3.2.1 A questão de Itaipu: o preço da energia paraguaia ........................................................195
3.3 DESAFIOS PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA E ABASTECIMENTO
 DE ÁGUA NAS CIDADES ..........................................................................................................196
3.4 INTEGRAÇÃO GÁS NATURAL ................................................................................................197
3.5 MERCOSUL: INFRAESTRUTURA DOS MEIOS DE TRANSPORTES.................................201
3.6 LIMITES E DESAFIOS..................................................................................................................205
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................206
RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................208
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................210
X
TÓPICO 3 - DOS ESPAÇOS GEOGRÁFICOS REGIONAIS DE
 ENTORNO PARA O ESPAÇO REGIONAL MAIS
 AMPLO DA AMÉRICA DO SUL E DA AMÉRICA LATINA ...............................213
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................213
2 COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA – CEPAL ......................................213
3 DA ALALC À ALADI ........................................................................................................................214
4 DO PACTO ANDINO À COMUNIDADE ANDINA DE NAÇÕES – CAN ..........................215
5 INICIATIVA PARA A INTEGRAÇÃO DA INFRAESTRUTURA
 REGIONAL SUL-AMERICANA – IIRSA .....................................................................................216
6 UNIÃO DAS NAÇÕES SUL-AMERICANAS – UNASUL ........................................................217
7 A COMUNIDADE DE ESTADOS LATINO-AMERICANOS
 E DO CARIBE – CELAC ...................................................................................................................221
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................224
RESUMO DO TÓPICO 3.....................................................................................................................226
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................228
TÓPICO 4 - PROJEÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICA EXTERNA ....................................231
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................231
2 A INDUSTRIALIZAÇÃO TARDIA ...............................................................................................231
2.1 PERÍODOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO LATINO-AMERICANA ........................................232
3 O BRASIL NO CONTEXTO INTERNACIONAL .......................................................................234
4 A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA .........................................................................................235
4.1 A LIDERANÇA REGIONAL NEM SEMPRE FOI BEM ACEITA ..........................................236
4.2 SONHANDO COM MAIOR PRESENÇA INTERNACIONAL .............................................238
5 BRASIL: LIDERANÇA E TENSÕES NA INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA ....................241
5.1 A PRESENÇA DA PETROBRÁS NA BOLÍVIA E NO EQUADOR .......................................242
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................245
RESUMO DO TÓPICO 4.....................................................................................................................246
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................248
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................251
1
UNIDADE 1
AMÉRICA LATINA: 
CONTEXTUALIZAÇÃO, 
REGIONALIZAÇÕES E 
VULNERABILIDADE AMBIENTALOBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender sob uma visão integrada (do ponto de vista geográfico, 
histórico e sociológico) o espaço geográfico americano, desde sua forma-
ção até as atuais dinâmicas que o transformam continuamente;
• relacionar os conceitos de localização e regionalização da América Latina;
• perceber a relação exploração/povoamento de maneira geo-histórica;
• perceber a atual situação social e econômica da América Latina como 
fruto de exploração durante séculos, e de dificuldades próprias de cada 
estado-nação na contemporaneidade;
• analisar o espaço geográfico como palco de produção social. 
• identificar características comuns aos países latino-americanos e ao mes-
mo tempo diferenciações que existem entre os mesmos;
• entender a regionalização natural ou física de acordo com o processo 
natural de formação do espaço dos continentes e sua apropriação até os 
momentos atuais, como uma das metodologias de estudo da geografia;
• diferenciar os tipos de regiões e/ou possíveis regionalizações da América 
e da América Latina, seus países e principais semelhanças e diferenças;
• contextualizar a América Latina em relação ao espaço geográfico mundial;
• refletir sobre a questão dos povos pré-colombianos e indígena na Amé-
rica Latina para uma regionalização histórica cultural;
• entender a diversidade das condições climáticas, vegetais e sua relação 
com a sociedade;
• relacionar aspectos econômicos comuns e diferentes dos países latino-a-
mericanos;
2
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que em cada um 
deles você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos 
apresentados.
TÓPICO 1 – LOCALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO
TÓPICO 2 – AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
TÓPICO 3 – APONTAMENTOS E CARACTERÍSTICAS SOCIOESPA-
CIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA 
HISTÓRICO-CULTURAL
TÓPICO 4 – MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS EXTREMOS E VUL-
NERABILIDADE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
• refletir sobre a contemporaneidade do texto de Eduardo Galeano, em 
que o autor apresenta aspectos do colonialismo e imperialismo sobre a 
América Latina;
• correlacionar problemas e questões ambientais com mudanças climáti-
cas, eventos climáticos extremos, vulnerabilidade e desastres socionatu-
rais na América Latina.
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
LOCALIZAÇÃO E 
REGIONALIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade você vai iniciar os estudos sobre o conjunto de países 
situados ao Sul dos Estados Unidos e que recebe o nome de América Latina, em 
virtude de, com exceção das Guianas e de algumas ilhas do Caribe, terem sido 
ocupados e explorados do século XVI ao XIX, principalmente por portugueses 
e espanhóis, povos de origem latina. Esse fato os diferencia do Canadá e dos 
Estados Unidos, de influência inglesa e que compõe a América Anglo-saxônica. 
(ALMEIDA, 2009). 
Com a independência política das colônias americanas e funções na Divisão 
Internacional do Trabalho, as diferenças entre América Latina e América Anglo-
Saxônica se acentuaram. Esta diferença entre o conjunto de países que atualmente 
constitui a América Latina e Caribe (e se localizam ao sul do Rio Grande, fronteira 
natural entre os Estados Unidos e o México), e os países situados ao norte deste 
rio, Estados Unidos da América e Canadá, insere-os na divisão Norte-Sul, ou 
seja, na oposição entre países ricos e países pobres. A separação entre América 
Latina e América Anglo-saxônica como mostra o mapa a seguir, não corresponde 
à clássica separação do continente em três partes: América do Norte, América 
Central e América do Sul. Sendo o México situado geograficamente na América 
do Norte, faz parte da América Latina do ponto de vista socioeconômico. 
Apesar de enfrentar problemas econômicos e sociais parecidos, como 
veremos adiante, encontramos muitas diferenças entre os integrantes da América 
Latina. Podemos dividi-la em porções definidas geograficamente: México, América 
Central e Guianas, América do Sul, onde podemos distinguir três conjuntos: 
América Andina, América Platina e Brasil, como mostra a figura a seguir.
O continente americano é o segundo maior continente do mundo, suas 
terras se localizam totalmente no Hemisfério Ocidental, isto é, estão a oeste do 
Meridiano de Greenwich e limitam-se ao norte com o Oceano Glacial Ártico, a leste 
com o Oceano Atlântico e a oeste com o Oceano Pacífico. O Continente é cortado 
por quatro paralelos principais: Círculo Polar Ártico, Trópico de Câncer, Equador 
e Trópico de Capricórnio. A grande extensão no sentido norte e sul confere ao 
continente americano enorme variedade de climas, solos e formação vegetal. 
FONTE: Disponível em: <http://geografianewtonalmeida.blogspot.com.br/2012/08/america-
localizacao-exercicios.html?view=snapshot&m=1>. Acesso em: 11 nov. 2015.
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
4
FIGURA 1 – MAPA DA AMÉRICA: DIVISÃO GEOGRÁFICA E SOCIOECONÔMICA
Divisão geográfica
Divisão sócioeconômica
América do Norte
1 - México
2 - Guatemala
3 - El Salvador
4 - Honduras
5 - Nicaragua
6 - Costa Rica
7 - Panamá
8 - Cuba
9 - Haiti
10 - Rep. Dominicana
11 - Porto Rico
12 - Guianas
13 - Venezuela
14 - Colômbia
15 - Equador
16 - Perú
17 - Brasil
18 - Bolívia
19 - Paraguai
20 - Argentina
21 - Uruguai
22 - Chile
América Central
América Anglo-Saxônica
América Latina
América do Sul
1 
2 
3 
4 
5 
6 
8 
9 
10 
7 
11
1213
14
15
16
18
22
21
19
17
20
FONTE: Disponível em: <www.blogdoprofalexandre.blogspot.com> e <http://web.ua.es/
centrobenedetti-antigua/actividades_07_08.html>. Acesso em: 10 nov. 2015.
A América Latina e o Caribe constituem uma vasta região geográfica com 
características socioeconômicas, culturais e históricas similares. Esta macrorregião 
abrange cerca de 20.808.000 quilômetros quadrados, representando quase a 
metade do continente americano e suas ilhas. 
Sobre o nome América Latina, foi inicialmente pelo agrupamento 
das sociedades em que a língua dominante tem origem no latim, como 
é o caso do português e do espanhol, principais povos colonizadores da 
América continental. Esse território compreende desde o México até o 
extremo sul da América do Sul. A expressão América Latina, refere-se 
também a países onde se fala inglês, como a Jamaica, ou holandês como o 
Suriname. Isso acontece porque o critério passou a levar em conta outros 
aspectos, tais como predominância da religião católica e desequilíbrio das 
condições socioeconômicas da população, com muitos de seus habitantes 
vivendo abaixo da linha de pobreza.
FONTE: Adaptado de: <http://geonaweb.blogspot.com.br/2010/05/localizacao-e-regionalizacao-
da-america.html>. Acesso em: 11 nov. 2015.
TÓPICO 1 | LOCALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO
5
2 A CONQUISTA DE REGIÕES NATURAIS 
COM O COLONIALISMO
A condição socioeconômica e comercial em que os europeus estavam 
inseridos na segunda metade do século XV os estimulou a buscar rotas comerciais 
que os levassem diretamente às regiões fornecedoras das mercadorias mais 
procuradas daquela época, às especiarias. Descobrir um caminho pelo mar seria a 
solução mais viável, já que as rotas que ligavam a Europa ao Extremo Oriente da 
Ásia já eram dominadas, em sua maioria por árabes. Foi em uma dessas tentativas 
que Cristóvão Colombo, em 1492, se deparou com terras nunca antes conhecidas 
da sociedade europeia.
Cristóvão Colombo era um navegador genovês, que se baseando na 
ideia de esfericidade da terra, foi em busca de encontrar a Índia navegando pelo 
Ocidente, obteve com os reis da Espanha uma frota composta por três navios, 
com o qual partiu do Porto de Palos, na Espanha, em 3 de agosto de 1492. No 
dia 12 de outubro atingiu a Ilha Guanaani e voltou para a Europa, assegurado de 
que havia chegado a terras asiáticas. No entanto, a partir do momento em que o 
território americano foi revelado ao mundo, iniciou-se o processo de colonização 
das terras descobertas. 
A regionalização da América enquantocontinente pode ser feita a 
partir da consideração de diversos critérios, entretanto, os aspectos geográficos, 
histórico-culturais e socioculturais são os mais utilizados, os primeiros levam em 
consideração os aspectos fisiográficos, enquanto o segundo considera a origem 
dos povos colonizadores, formação sócio-histórica que resultou numa condição 
socioespacial complexa e peculiar específica da América Latina. 
3 A FORMAÇÃO HISTÓRICA DO 
CONTINENTE AMERICANO
A história dos países que formam a América Latina tem seu início a partir 
do século XVI com a chegada do elemento branco colonizador europeu. A América 
Latina e a América Anglo-Saxônica sofreram tipos de ocupações totalmente 
diferentes pelos colonizadores europeus. Enquanto a América Anglo-Saxônica, 
formada pelos países Canadá e Estados Unidos, sofreu uma colonização de 
povoamento, a América Latina sofreu uma colonização predadora de exploração. 
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
6
3.1 A COLONIZAÇÃO DE POVOAMENTO
O Canadá e os Estados Unidos, situados na porção norte da América, 
sofreram uma colonização cujos objetivos eram totalmente diferentes dos 
objetivos europeus na América Latina. A conjuntura política, religiosa, e 
econômica durante os séculos XVI e XVII fez com que grandes levas de europeus 
saíssem de seus países de origem e se dirigissem para a América do Norte, com 
interesses não mercantis ou de exploração, mas sim como pessoas que sonhavam 
em construir um “novo lar”, ou uma Nova Europa. Os novos colonizadores, 
ingleses e franceses, que fugiram de situações adversas (políticas, econômicas e 
ou religiosas existentes em seus países de origem) tomaram posse das terras e as 
exploraram em benefício próprio, independente do controle e/ou orientações de 
suas metrópoles. 
As atividades desenvolvidas pelas colônias do Norte e do Centro, de um 
conjunto de 13, consistiram basicamente no aprimoramento de suas estruturas 
básicas, na liberdade para criação das instituições políticas e religiosas, com 
comércio interno e produção agrícola para autossubsistência. Este modelo de 
colonização foi aplicado também nas Colônias Britânicas que deram origem a 
outros países como Canadá, Nova Zelândia e Austrália. Ressalta-se, porém que 
as colônias do sul do atual Estados Unidos da América – EUA foram colônias 
de exploração, apoiadas no tripé: latifúndio, monocultura e escravidão, ou seja, 
utilizou-se mão de obra escrava negra nas fazendas, cujo, modelo de plantation 
era idêntico ao praticado nas colônias de exploração espanholas e portuguesas. 
As populações indígenas foram dizimadas pelos colonizadores da mesma forma 
como as da América Central e da América do Sul. A abolição da escravatura 
ocorreu em meio às tensões da Guerra de Secessão, onde as colônias do Norte se 
tornaram vitoriosas sobre as do sul.
3.2 A COLONIZAÇÃO DE EXPLORAÇÃO
A colonização de exploração que se deu no século XVI ao XVIII visava 
exclusivamente o enriquecimento fácil das metrópoles europeias. Na América 
Latina as colônias eram organizadas com a única finalidade de atender tais 
anseios econômicos das metrópoles, aconteceu neste momento, na história da 
humanidade, que começaram a surgir ao mesmo tempo o sistema capitalista, 
e a consequente divisão internacional do trabalho, e a questão da dependência 
econômica. 
A colonização de exploração determinava que as colônias deveriam ser 
grandes fornecedoras de produtos primários, minerais ou agrícolas, tais como 
madeira, açúcar, ouro, prata entre outros, para tal exploração, os europeus 
escravizavam indígenas e negros africanos com a finalidade de usarem mão de 
obra escrava, o que remete ao custo de uma mercadoria. 
TÓPICO 1 | LOCALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO
7
As colônias de exploração organizadas na América Latina a partir do século 
XVI tornaram-se o grande quintal das metrópoles europeias e ficaram totalmente 
subordinadas aos interesses do mercado europeu, inseridas numa Divisão 
Internacional do Trabalho cujos pressupostos basearam-se na desigualdade, 
traduzidas no Pacto Colonial e no mercantilismo que apenas favoreciam as 
metrópoles. As atividades desenvolvidas nas colônias, como a agricultura 
(cultivo de extensas monoculturas de produtos tropicais), o extrativismo mineral 
e vegetal, a pecuária, tudo visava abastecer o comércio europeu. Os europeus que 
para a América Latina se encaminharam tinham um único objetivo: enriquecer 
o mais depressa possível e voltar correndo para suas metrópoles. Por mais de 
300 anos essa exploração desenfreada se fez presente em terras latino-americanas 
com grande evasão de riquezas e a destruição total de diversas culturas. Todos 
os países latino-americanos carregam hoje consigo profundas marcas desta época 
de exploração, a qual era baseada num modelo agroexportador cuja organização 
do espaço era na forma de latifúndios, produzindo monoculturas (ou plantations) 
com a utilização de mão de obra escrava. Os reflexos desta organização espacial 
se refletem na atual estrutura fundiária, que continua organizada em grandes 
propriedades rurais, no cultivo de monoculturas tropicais, utilizando-se de 
mecanização agrícola, biotecnologias e técnicas de irrigação, com contraste, 
porém, na utilização de mão de obra especializada e temporária.
Durante a fase do capitalismo comercial e necessidade de expandir o 
seu mercantilismo, vários países europeus foram conquistando várias terras. A partir desse 
momento, diversas partes do mundo foram submetidas à dinâmica de circulação e de 
produção que era comandada pela Europa. A Divisão Internacional do Trabalho é a 
especialização produtiva dos países e das regiões do globo na intensificação das trocas 
comerciais. Entre o final do século XV e meados do século XVIII, o capitalismo se baseava na 
distribuição e circulação das mercadorias entre as metrópoles e suas colônias. As diversas 
regiões do mundo, principalmente a América Latina, passaram a desenvolver funções 
diferentes, pois cada região passou a especializar-se ou no fornecimento de matéria-
prima, metais preciosos e produtos agrícolas (tropicais) e/ou na produção de produtos 
manufaturados etc. Dessa maneira, a metrópole exportava manufaturas a preços altos e 
as colônias produziam matéria-prima e exportavam para a metrópole, a preços baixos. 
Conteúdo estudado na Geografia Econômica. 
UNI
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3.3 DO COLONIALISMO PORTUGUÊS E ESPANHOL AO 
IMPERIALISMO BRITÂNICO E ESTADUNIDENSE
Apesar da independência política conseguida por muitos países 
da América Latina durante o século XIX, suas economias continuavam 
profundamente organizadas e direcionadas a abastecer o mercado europeu. Os 
melhores solos visavam cultivar produtos de exportação, ficando somente os 
piores solos para a agricultura de subsistência. As desiguais relações comerciais 
entre as colônias e as metrópoles se refletem ultimamente em diferentes relações 
comerciais estabelecidas ao longo do período em que os países latino-americanos 
conquistaram suas independências políticas, mas não independência econômica. 
A concentração de terras nas mãos de um pequeno grupo de indivíduos, a 
dependência do mercado externo, o povoamento a partir do litoral e portos, sem 
uma articulação e integração para o mercado interno são outras heranças desse 
período de colonização exploratória. 
A atual situação econômica apresentada pelos países da América Latina 
nada mais é que um reflexo do tipo de colonização sofrida por esses países. 
Mesmo com a independência política, os novos países surgidos continuaram 
subordinados aos interesses econômicos das grandes potências. Do início do século 
XVI até o início do século XIX, a maioria quase absoluta dos atuais países latino-
americanos estavam sob o domínio espanhol ou português. Com a declaração da 
independência política ocorre apenas uma transferência de subordinação, pois 
passam a ficar dependentes economicamenteda Inglaterra, a grande potência 
mundial durante os séculos XVIII e XIX, desempenhando as mesmas funções na 
Divisão Internacional do Trabalho. 
Ao longo do século XIX, a Inglaterra foi ocupando o lugar deixado 
pelas antigas metrópoles, através do imperialismo, quando estas perderam 
seus domínios coloniais na América Latina. A Inglaterra passou a ser a grande 
compradora de produtos minerais e agrícolas dos países latino-americanos, sempre 
a preços muito baixos e ao mesmo tempo, fornecia para esses países produtos 
manufaturados a preços altíssimos. Esta Divisão Internacional do Trabalho com 
domínio econômico que a Inglaterra exercia sobre a América Latina (imperialismo) 
perdurou até a metade do século XX, quando então a sua participação na Segunda 
Guerra Mundial fez com que sofresse um enfraquecimento e consequente 
declínio econômico e militar. Assim os Estados Unidos assumiram o papel de 
grande líder do continente americano, sedimentando seu domínio imperialista 
sobre a América Latina. O capitalismo mundial passa por transformações, com a 
internacionalização do capital e das empresas industriais. As principais indústrias 
localizadas em países centrais se expandem e instalam filiais em vários países, 
como Brasil, México, Argentina, Chile, organizando assim uma nova Divisão 
Internacional do Trabalho.
TÓPICO 1 | LOCALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO
9
3.4 CARACTERÍSTICAS DOS PAÍSES LATINO-
AMERICANOS E RELAÇÃO CENTRO-PERIFERIA
Apesar de os países latino-americanos apresentarem diferenças quanto 
ao espaço natural, características culturais e grau de desenvolvimento, todos 
eles possuem em comum a questão do subdesenvolvimento. Essa situação se 
manifesta claramente na qualidade de vida das populações caracterizada pelas 
desigualdades sociais e economias frágeis e dependentes. Além destas duas 
principais características gerais, podem ainda ser elencadas outras características 
comuns aos países, embora com diferentes níveis, conforme o país. Estas são:
• Forte dependência científica e tecnológica em relação aos países desenvolvidos; 
• Interferência de capital estrangeiro na vida econômica e política do país; 
• Economias dependentes de empréstimos externos para aquecer o mercado 
interno, o que resulta na dívida externa;
• O alto custo da dívida externa dos latino-americanos faz com que o dinheiro 
que poderia ser aplicado em melhorias para o bem-estar da população seja 
destinado ao pagamento da dívida;
• Relações comerciais muito desfavoráveis, pois exportam produtos primários e 
importam produtos industrializados; 
• Populações vivendo em péssimas condições de vida e que ainda lutam para 
resolver suas necessidades básicas como alimentação, habitação, educação, 
assistência médico-hospitalar e abastecimento de água tratada;
• Baixa renda per capita, elevadas taxas de natalidade, mortalidade infantil e 
crescimento vegetativo;
• Índices de concentração de renda elevados, que se mantiveram ou aumentam, 
nos últimos anos, que vêm agravar a pobreza da população;
• Crises econômicas, seguidas de períodos de recessão ou retração econômica, 
o que causa desemprego, falências, agravando a concentração de renda e 
aumentando a pobreza;
• Indicadores sociais contraditórios em relação ao conjunto das condições 
econômicas. Alguns países, Brasil por exemplo, conseguiram reduzir a 
porcentagem de pobreza absoluta. Isso quer dizer que, aproveitando os recursos 
dos períodos favoráveis, como a década de 1990, algumas nações reduziram 
índices de analfabetismo e mortalidade infantil, mas não conseguiram 
melhorar a distribuição de renda entre toda a população; 
Na Unidade 3, haverá uma seção explicando a industrialização tardia dos países 
emergentes da América Latina. 
UNI
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
10
• Risco em relação a investimentos estrangeiros altos, o que fez diminuir o fluxo 
de capital estrangeiro para a América Latina, principalmente entre os anos de 
2001 e 2002. 
Deste modo, os países latino-americanos compartilham um processo 
histórico de colonização semelhante, e apresentam uma forte dependência 
de capital externo, em suas relações comerciais e econômicas. Por outro lado, 
apresentam grandes diferenças quanto ao grau de desenvolvimento econômico e 
social. Países como o Brasil, a Argentina e o México se destacam na economia latino-
americana por apresentarem uma intensa e diversificada atividade industrial, 
que os projeta a nível mundial, mas mantêm índices elevados de concentração 
de renda, problemas sociais e atividades ilícitas como o contrabando e tráfico 
Os países emergentes, de industrialização tardia se inserem numa Divisão 
Internacional do Trabalho em que, além de produzirem e exportarem produtos primários, 
as commodities produzem e exportam produtos industrializados, principalmente, produtos 
de indústrias da Segunda Revolução Industrial, e bens de consumo duráveis e não 
duráveis. Continuam importando capitais, tecnologias e produtos das indústrias da Terceira 
Revolução Industrial. Ressalta-se sobre a complexidade desta realidade, pois atualmente, 
alguns países emergentes também industrializam produtos da Terceira Revolução Industrial, 
principalmente na área da informática, telecomunicações, energias alternativas, eletrônica, 
sem conseguirem superar problemas sociais, ou permitirem uma distribuição de renda 
mais equitativa.
Commodities é uma palavra em inglês, é o plural de commodity que 
significa mercadoria. Esta palavra é usada para descrever produtos de baixo valor agregado. 
Assim, commodities são artigos de comércio internacional, bens que não sofrem processos 
de alteração (ou que são pouco diferenciados), como frutas, legumes, cereais e alguns metais. 
Como seguem um determinado padrão, produzidos em larga escala e comercializados 
mundialmente, o preço das commodities é negociado na Bolsa de Valores Internacionais, 
e depende de algumas circunstâncias do mercado, como a oferta e demanda. Muitas vezes 
a palavra commodities pode ser sinônimo de “matéria-prima”, porque são produtos usados 
na criação de outros bens.
O Brasil é um grande produtor de algumas commodities como café, laranjas, petróleo, 
alumínio, minério de ferro etc.
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IMPORTANT
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TÓPICO 1 | LOCALIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO
11
de drogas. Alguns setores da indústria e mesmo do comércio se equiparam e 
até mesmo superam os países desenvolvidos europeus, embora convivam com 
setores que mantêm atividades tradicionais. Por outro lado, se existem países 
de economia forte, a exemplo do Brasil, existem também países primários de 
fraquíssima industrialização e que vivem quase exclusivamente da produção e 
exportação de commodities agrícolas. 
Assim, essas diferenças econômicas e sociais se manifestam dentro de um 
mesmo país, em cujas cidades podemos encontrar riqueza e pobreza vivendo lado 
a lado. Uma minoria da população gozando de todos os prazeres que o dinheiro 
e a tecnologia podem oferecer convive com a grande massa populacional que 
muitas vezes não tem o que comer.
As conexões e intercâmbios entre os países capitalistas subdesenvolvidos 
e desenvolvidos se inserem numa relação capitalista desigual recebem a 
denominação de centro-periferia. Os países capitalistas subdesenvolvidos 
são popularmente chamados países capitalistas periféricos ou da periferia por 
desempenharem um papel de fornecedores de insumos como matérias-primas, 
de energia, de lucros, de royalties para os países capitalistas desenvolvidos, que 
compõem uma centralidade e polarização capitalista, por serem países centrais ou 
avançados. Deste modo, o sistema capitalista possui estes dois setores, (centro e 
periferia), onde a palavra sistema significa um conjunto de atividades articuladas, 
complementares e articuladas entre si, na relação centro- periferia. 
Os países capitalistas de industrialização clássica, desenvolvidos, ocupam 
o centro, por assimilar o desenvolvimento técnico em seus estágios mais avançados, 
possuindoestruturas diversificadas e integradas, especializadas em tecnologias 
de ponta, em conhecimento científico altamente avançado e hiperespecializado. 
Os países capitalistas centrais, representados principalmente pelo grupo 
de países que compõem o G7 e organismos supranacionais (Fundo Monetário 
Internacional e Banco Mundial) por vezes liderados pelos Estados Unidos, 
dominam todo o sistema capitalista, em virtude do seu poderio econômico, 
financeiro, científico tecnológico e militar. Desse modo os países capitalistas 
subdesenvolvidos, também denominados países periféricos ocupam a periferia 
do sistema, ou seja, a sua extremidade e são dominados ou giram ao redor dos 
países centrais. Isso quer dizer que os países capitalistas subdesenvolvidos estão 
numa posição de dependência e subordinação dentro do sistema capitalista, na 
condição de fornecedores de matérias-primas, de mercados consumidores, de 
mão de obra barata, com pequeno poder de decisão nas questões econômicas 
e políticas mundiais e não se beneficiam da riqueza. Importante ressaltar que 
existem países desenvolvidos que se situam numa periferia privilegiada do 
sistema capitalista, como por exemplo, a Austrália e Nova Zelândia, pois estes 
são considerados desenvolvidos. 
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
12
FIGURA 2 – FLUXOS ENTRE CENTRO, SEMIPERIFERIA E PERIFERIA
FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/guest87c201/globalizao-1416732>. Acesso em: 
10 nov. 2015.
13
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:
• O continente americano é dividido em América do Sul, América Central e 
América do Norte, considerando a localização geográfica na superfície terrestre 
decorrente da evolução e transformação geológica das terras e massas.
• O continente americano é dividido em América Latina e América Anglo-
Saxônica considerando num primeiro momento o tipo de colonização 
implantado e povos colonizadores e num segundo momento as condições 
socioeconômicas que diferenciam os dois conjuntos.
• A América Latina compreende um conjunto de 36 países, sendo eles o México, 
da América do Norte, os países da América Central e os da América do Sul.
• Na América Latina, portugueses e espanhóis implantaram a colonização de 
exploração, cujos objetivos eram explorar ao máximo as riquezas naturais 
destas terras e retornar para Portugal e Espanha.
• A colonização de exploração foi incentivada e batizada pelas metrópoles 
através do pacto colonial, orientado pelo mercantilismo.
• O tripé que sustentou a colonização de exploração implantada pelos 
colonizadores era apoiado na apropriação de enormes extensões de terras 
em nome das coroas portuguesas e espanhola, na monocultura de produtos 
tropicais, e na utilização de mão de obra escrava (inicialmente dos nativos e 
posteriormente dos negros africanos).
• Plantation era a denominação dada pelos espanhóis para a modalidade 
agrícola desenvolvida em suas colônias baseada no latifúndio, monocultura 
para exportação e utilização da mão de obra escrava.
• A 1ª Divisão Internacional do Trabalho, que é a especialização das regiões 
e países para produção para o mercado internacional constitui na relação 
Colônia – Metrópole. Colônias de exploração produzindo e exportando 
para a Metrópole, matérias-primas (agrícolas e minerais) a preços baixos, e 
comprando, importando produtos manufaturados a preços altos.
• Com a independência política dos países latino-americanos no decorrer do 
século XIX, estes deixaram de ser subordinados às metrópoles Portugal e 
Espanha, e passaram a ser área de influência da Grã-Bretanha, especificamente 
da Inglaterra. Sua condição socioeconômica de dependência econômica e 
disparidades sociais existentes desde o período colonial se perpetuou. 
14
• A influência da Inglaterra, (principal potência econômica do século XIX), 
ocorreu através do imperialismo, uma prática com exercício de supremacia 
e hegemonia, com interferência e controle, às vezes mais direto e ousado, 
outras vezes mais sutil e mascarado nos países latino-americanos recém-
independentes através de empréstimos de capitais e tecnologias, presença 
de empresas, bancos, construção de infraestrutura e apoio a governantes 
simpáticos às suas ações. 
• No decorrer do século XX, o imperialismo britânico foi substituído pelo 
estadunidense, visto que Reino Unido da Grã-Bretanha (da qual a Inglaterra 
faz parte) saiu enfraquecida das Guerras Mundiais enquanto Estados Unidos 
se fortaleceram.
• Dentre as características comuns aos países latino-americanos destacam-se a 
desigualdade social e a dependência econômica. Citam-se ainda, a dependência 
de capitais e tecnologias estrangeiros, os quais geram dívidas externas, cujos 
juros exigem das economias endividadas, políticas que priorizem os interesses 
do capital e dos organismos supranacionais (Fundo Monetário Internacional 
e Banco mundial), em detrimento de políticas públicas de cunho social nas 
áreas da educação, saúde, segurança, moradia e outras. Apesar das melhorias 
em alguns países, principalmente no conjunto dos que fazem parte do BRICS 
(Brasil e México), persistem índices de concentração de renda elevados. Parcela 
significativa da população latina continua vivendo sem ter atendidas suas 
necessidades básicas.
15
AUTOATIVIDADE
Leia o texto e responda:
Na América Latina prevaleceu a colonização cuja característica 
principal foi a exploração do trabalho indígena e do escravo negro, trazido 
da África. Já na América Anglo-Saxônica, o tipo de colonização privilegiou o 
trabalho familiar livre e assalariado.
a) Que tipo de colonização ocorreu na América Latina? E na América Anglo-
Saxônica?
b) Quais países europeus colonizaram, predominantemente, cada porção da 
América?
c) Que línguas predominaram como oficiais nos países americanos, devido à 
colonização?
16
17
TÓPICO 2
AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES 
DA AMÉRICA LATINA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Estudar a diversidade das Américas é um grande desafio para a geografia. 
Dependendo dos objetivos do geógrafo, ou do professor de geografia escolar 
poder-se-á adotar diferentes critérios que permitirão dividir o continente de 
diferentes maneiras, separando a América conforme as semelhanças e diferenças 
geográficas existentes no seu território. Cada região possui características 
diferentes das demais regiões, por isso são separadas. Existem diferentes formas 
de dividir a América em regiões. Três divisões regionais são as mais conhecidas 
e utilizadas pelos estudiosos: Física ou Geográfica, Socioeconômica e Histórico-
cultural.
Os países que compõem a América Latina formam uma “grande família”, 
que vai desde o México na América do Norte, passa pela América Central e 
termina no Extremo Sul da América do Sul. Para facilitar seu estudo, vamos 
dividi-la inicialmente, observando critérios de localização geográfica, onde 
se destacam elementos físicos: América Platina, países ligados à bacia Platina: 
Paraguai, Argentina e Uruguai; a América Andina, Bolívia, Chile, Colômbia, 
Equador, Peru e Venezuela; América Central, abrange o trecho do Istmo e as 
Antilhas, Guianas, México e Brasil.
2 APONTAMENTOS SOBRE OS ELEMENTOS 
FÍSICOS DENTRO DO CONTEXTO DE UMA DIVISÃO 
REGIONAL GEOGRÁFICA - FÍSICA
A regionalização geográfica e física divide o continente americano 
conforme as características naturais considerando o formato do continente. O 
formato do continente americano e seus subcontinentes são resultado do tempo 
geológico. Se observarmos a América, temos duas grandes porções de terras na 
América do Norte e América do Sul, interligadas por uma terceira porção estreita 
de terra na (ou da) América Central. Outro aspecto interessante dessa divisão 
é que cada uma das três regiões está sobre uma placa tectônica diferente, como 
mostra o mapa a seguir:
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
18
FIGURA 3 – MAPA IDENTIFICANDO AS PLACAS TECTÔNICAS DO MUNDO E O CONTINENTEAMERICANO
FONTE: Disponível em: <www.curso-objetivo.br>. Acesso em: 10 nov. 2015.
2.1 A TECTÔNICA DE PLACAS NA 
AMÉRICA LATINA E RELEVO
Se por um lado a regionalização do ponto de vista geográfico ou físico é 
uma das mais utilizadas e conhecidas, o processo geológico responsável pela sua 
fisionomia é um tanto desconhecido ou, pouco estudado na geografia escolar. 
Alguns elementos geológicos, principalmente os localizados nas bordas das placas 
tectônicas são responsáveis por eventos sísmicos e vulcânicos, que dependendo 
da localização, modelam e orientam a relação sociedade-espaço, resultando num 
ordenamento socioespacial que se adaptou a estes eventos geológicos, como se 
observa no Chile. Os sismos, quando ocorrem em áreas de maior vulnerabilidade, 
como foi o caso do Haiti, em 2010, poderá causar desastres socionaturais 
dependendo da vulnerabilidade de suas populações, exigindo dos governantes 
políticas públicas para mitigar possíveis catástrofes.
A América do Sul é a área que se estende do sul do istmo do Panamá ao cabo 
Horn, perfazendo sete mil quilômetros de extensão norte e sul e apresentando um 
formato triangular, suas terras atingem a maior largura na altura do Equador e se 
afunilam em direção ao sul do continente americano, onde terminam nos mares 
austrais. Atravessado pela linha do Equador ao norte do Brasil e do Equador no 
sul da Colômbia. A América do Sul tem uma área de 17 815 000 Km² dos quais 
cerca de três quartos estão localizados na zona intertropical, ou seja, entre os 
trópicos de Câncer e Capricórnio.
TÓPICO 2 | AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
19
A América Latina é uma extensão territorial de grande diversidade 
geográfica, contando com extensas e elevadas cadeias montanhosas, cujos picos 
elevados são cobertos de neve e geleiras, (onde podem se localizar vulcões ativos 
e inativos), extensas planícies, vales, depressões e outras formas de relevo.
FONTE: Disponível em: <https://c1.staticflickr.com/5/4092/5028508397_ff95487186_b.jpg> e
<http://www.wikiwand.com/es/Suri_(alpaca)>. Acesso em: 10 nov. 2015.
FIGURA 4 – ALTIPLANOS COLOMBIANOS E PERUANOS
Devido à sua extensão latitudinal, possui ampla variedade de climas, e 
alguns dos rios mais extensos do planeta, lagos, salinas, pântanos, cujas extensões 
são cobertas por diferentes biomas. Seu litoral apresenta-se irregular, destacando-
se três grupos costeiros: o do Pacífico, do Atlântico, e do Caribe. As reentrâncias 
possuem praias arenosas, recifes coralinos e mangues, todos em diferentes 
estados de conservação. 
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
20
FIGURA 5 – LOCALIZAÇÃO DE LAGOS NA CORDILHEIRA DOS ANDES, ARGENTINA PRÓXIMO À 
FRONTEIRA CHILENA
FONTE: Disponível em: <http://www.villadeayora.com/blog/travel-and-adventure-in-la-
angostura-neuquen/>. Acesso em: 10 nov. 2015.
A geografia física da América Latina e do Caribe é muito complexa. 
A vertente do lado Pacífico está delineada pelas serras centro-americanas e 
mexicanas e pela grande extensão montanhosa na América do Sul, a Cordilheira 
dos Andes, onde também se destacam áreas planas, os platôs, intercalados com 
altiplanos da Bolívia, as terras altas do Peru, altiplanos na Colômbia, vales e 
planícies pouco extensas na América Central e México. 
TÓPICO 2 | AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
21
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/07/america-
central.jpg>. Acesso em: 10 nov. 2015.
Na área marítima leste entre as Américas do Sul e do Norte, se formou 
um conjunto insular em forma de arco, as grandes e pequenas Antilhas do 
Caribe. Observe no mapa a disposição das Grandes e Pequenas Antilhas.
FIGURA 6 – MAPA: AMÉRICA CENTRAL, ISTMO E ANTILHAS
O arquipélago das Bahamas é uma exceção do ponto de vista geomorfológico, 
pois este se formou a partir da acumulação de corais. Os recifes de corais em franja são 
formações simples e próximas aos continentes ou a ilhas. Este é o tipo mais comum de 
recife. Diversas formações em franja ocorrem no Caribe, próximo à Florida e às Bahamas. 
No passado geológico, em condições favoráveis, os recifes de corais transformaram-se 
nas ilhas que constituem o arquipélago das Bahamas.
A formação dos recifes de corais deve ser entendida na extensão do tempo geológico: 
há 500 milhões de anos, minúsculos animais sem esqueleto e flutuantes, associaram-se a 
algas microscópicas e fixaram-se às rochas, formando colônias. Estes animais coloniais não 
são mais do que os corais e a concentração destas colônias dão origem a áreas naturais 
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
22
FIGURA 7 – MAPA ILHAS DAS BAHAMAS
FONTE: Disponível em: <http://www.atozmapsdata.com/zoomify.asp?name=Country/
Modern/Z_Bahama_Phys>. Acesso em: 10 nov. 2015.
inigualáveis, pela sua cor, beleza, forma e grande variedade de vida – os recifes de coral. Os 
recifes de coral, verdadeiros oásis de vida marinha, são dos mais produtivos ecossistemas 
do planeta. Fruto de longas histórias evolutivas, estes sistemas são extremamente frágeis e 
susceptíveis à perturbação natural e humana. 
As viagens dos portugueses, no período dos descobrimentos, proporcionaram a descoberta 
dos recifes de coral no oceano Índico. No Atlântico, a viagem de Colombo, em 1492, 
permitiu a descoberta das Bahamas e de Cuba, onde se encontram recifes de coral típicos. 
Em anos seguintes, ainda antes do fim do século XV, novas descobertas vieram enriquecer 
os conhecimentos dos europeus referente às ilhas do Caribe. 
FONTE: RIBEIRO, Susana. Disponível em: <http://naturlink.sapo.pt/Natureza-e-Ambiente/
Sistemas-Aquaticos/content/Recifes--de-Coral-sua-iistoria-e-Evolucao?bl1-vvieaall-
true>. Acesso em: 30 out. 2015.
TÓPICO 2 | AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
23
A extensa vertente sul-americana do oceano Atlântico se localiza numa 
estrutura geológica mais estável, se comparada à placa tectônica onde se localiza o 
México, e a placa Caribenha, onde se localiza a América Central e ilhas do Caribe. 
De modo geral, o interior da placa tectônica sul-americana, onde se 
localiza o continente sul-americano é estável, possuindo poucas falhas geológicas 
ativas, porém são registradas atividades sísmicas e vulcânicas em suas bordas, 
tanto no Oceano Atlântico, como no oceano Pacífico, próximo da costa oeste 
do continente. O processo tectônico que ocorre entre os limites da placa sul-
americana e africana, é divergente, ou seja, as placas estão formando em suas 
bordas, no assoalho oceânico, cristas em expansão ou margens construtivas. O 
magma aflorou e ainda pode aflorar próximo da superfície causando afastamento 
das placas, e formando uma dorsal submarina. Por vezes estes movimentos são 
sentidos no litoral brasileiro. Já na borda oeste da placa tectônica sul-americana, 
no encontro com a placa de Nazca, o processo tectônico é muito diferente, pois é 
um limite convergente, ou seja, as placas colidem, e a placa de Nazca submerge 
e mergulha por debaixo da sul-americana, retornando à astenosfera ou manto 
superior, se liquefazendo. No decorrer do tempo geológico, entre o final da era 
mesozoica e no início da era cenozoica as transformações e pressão interna dos 
materiais decorrentes destes processos de subducção, formaram a Cordilheira dos 
Andes, considerados na estrutura geológica Dobramentos Modernos. No Oceano 
Pacífico, próximo do litoral oeste da América do Sul, principalmente litoral 
chileno e peruano, a convergência crosta oceânica – crosta continental formou 
a fossa submarina abissal. Este processo geológico de subducção é responsável 
pela atividade vulcânica que ocorre de tempos em tempos nos vulcões ativos 
que se localizam na Cordilheira dos Andes, e atividades sísmicas que tanto em 
terras continentais como no fundo do Oceano Pacífico, a exemplo dos terremotos 
seguidos de tsunamis que afetaram principalmente o Chile. (ALMEIDA, 2005b).
A título de curiosidade,em 2010 o mundo foi surpreendido por três grandes 
terremotos: o do iaiti, de magnitude 7, em 12 de janeiro, o do Chile, de magnitude 8,8, em 
27 de fevereiro, e o do México, de magnitude 7,2, em 4 de abril.
UNI
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
24
A América Central, formada por uma parte continental, denominada de 
ístmica, e Grandes e Pequenas Antilhas, localiza-se sob a placa Caribenha ou do 
Caribe. Esta placa constitui o fundo do mar do Caribe, faz fronteira com as placas 
norte-americana, sul-americana, Nazca e com a placa de Cocos. Estas fronteiras 
são regiões de intensa atividade sísmica, incluindo terremotos, tsunamis, 
ocasionais e erupções vulcânicas.
FONTE: By Alataristarion [CC BY-SA 4.0 (<http://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>)], via 
Wikimedia Commons disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tectonic_plates_
boundaries_detailed-en.svg>. Acesso em: 10 nov. 2015. 
Diferente da placa sul-americana, a do Caribe possui várias falhas 
geológicas ativas ou instáveis (exemplo, falha de Motagua na Guatemala, das 
ilhas Swan em Honduras, túmulo de Cayman, elevação divergente no fundo 
do mar do Caribe, próximo de Cuba, o Trench de Puerto Rico, uma trincheira 
marinha localizada na fronteira submarina entre o mar do Caribe e oceano 
atlântico, sistema de falhas Setentrional e, Enrillo-Plaintain Garden, na ilha de 
Hispaniola onde se localiza o Haiti e a República dominicana. O terremoto de 
2010 no Haiti foi excepcional, porque a falha geológica do sistema Enriquillo-
Plaintain localizada ao sul se movimentou, cujo limite entre a placa do Caribe e 
a da América do Norte é próximo e a falha está praticamente dentro da cidade 
de Porto Príncipe, de população elevada e construções não preparadas para 
FIGURA 8 – MAPA PLACA TECTÔNICA DO CARIBE OU CARIBENHA E SUAS FRONTEIRAS
TÓPICO 2 | AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
25
FONTE: Disponível em: <https://geoazur.oca.eu/spip.php?rubrique424>. Acesso em: 14 nov. 2015.
suportar grandes vibrações (LIMA, 2010). No Haiti, a parte da falha que se 
deslocou causando o terremoto, tinha aproximadamente 50 km de comprimento. 
(LIMA, 2010).
FIGURA 9 – MAPA: FALHA ENRIPQILLO-PLAINTAIN GARDEN, SUL DO HAITI
Caro(a) acadêmico(a), é importante acompanhar diferentes informações 
sobre o mesmo fenômeno geográfico. Leia notícia divulgada em outubro de 2010, no G1, 
disponível em: <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/10/dados-de-satelite-
indicam-verdadeira-causa-do-terremoto-no-haiti.html>. Segundo a notícia, o terremoto 
de magnitude 7 que matou cerca de 200 mil haitianos no início de 2010, pode não ter sido 
causado especificamente pelo deslocamento na falha geológica de Enriquillo-Plantain Garden, 
como os cientistas imaginavam e explicada no parágrafo anterior. Segundo a notícia, cientistas 
norte-americanos, baseados em imagens de satélite do período em que ocorreram os tremores 
de janeiro de 2010, apresentaram como provável “verdadeira” causa um colapso de múltiplas 
falhas, sendo que uma delas, mais profunda, nem é conhecida pelos geólogos. As conclusões 
foram publicadas no site da revista especializada “Nature Geoscience”. A falha de Enriquillo é a 
“fronteira” entre a placa tectônica do Caribe e a placa Norte-Americana. 
UNI
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
26
2.2 BACIAS HIDROGRÁFICAS
De maneira geral, a formação do relevo da América Latina é o resultado 
de processos geológicos e ação erosiva, decorrentes dos processos externos 
do intemperismo. Destacam-se ao norte a Serra Madre Ocidental e o Planalto 
Mexicano, a oeste a Cordilheira dos Andes, a Leste o Planalto Brasileiro, no norte 
da América do Sul, o Planalto das Guianas e nas áreas centrais do continente a 
planície de Orenoco, planície Amazônica e planície Platina. As diferentes formas 
de relevo e localização das vertentes das bacias hidrográficas orientam por sua 
vez a distribuição e drenagem dos cursos dos rios das vias fluviais. Relevo e 
hidrografia estão amplamente integrados.
Em relação à distribuição das bacias hidrográficas, as principais são: Bacia 
do Orenoco, Bacia Amazônica, Bacia Platina, bacias secundárias da vertente do 
Atlântico, como por exemplo, a Bacia Amazônica, como mostra a figura a seguir.
Leia também apenas a título de curiosidade estes dois textos, dos links a 
seguir, que relacionam as causas do terremoto do iaiti a outras causas. Imagino que 
você, caro(a) acadêmico(a), tenha ficado perplexo e surpreso! No entanto, ressaltamos que 
podemos encontrar muitas informações equivocadas na internet, assim cabe lembrar que 
o conhecimento científico deve sempre respaldar nossas práticas pedagógicas. 
<https://franciscofalconi.aordpress.com/2010/02/03/militares-russos-acusam-eua-de-
causar-terremoto-no-haiti/> 
<http://aaa.tecmundo.com.br/tecnologia-militar/8018-haarp-o-projeto-militar-dos-eua-
que-pode-ser-uma-arma-geofisica.htm>
DICAS
TÓPICO 2 | AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
27
FIGURA 10 – EXTENSÃO DA BACIA AMAZÔNICA
FONTE: Disponível em: <www2.ana.gov.br>. Acesso em: 10 nov. 2015. 
Os limites entre as bacias hidrográficas encontram-se nas partes mais 
altas do relevo e são denominados divisores de água, pois separam as águas de 
diferentes bacias. A topografia do terreno é responsável pela drenagem da água 
da precipitação pluviométrica, a chuva, para esse curso de água. A superfície 
da Terra é drenada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Entre 
as bacias hidrográficas encontram-se as partes mais altas do relevo que são os 
divisores de águas, uma vez que separam as águas de bacias. Entre o divisor de 
água e o rio principal está o declive, por onde correm as águas dos afluentes está 
a vertente. Deste modo, as águas são depositadas no leito do rio que em época de 
cheia pode transbordar para as margens baixas e planas que o acompanham e que 
constituem as várzeas. Como por exemplo, a Bacia Amazônica. O rio Amazonas 
atravessa uma área plana e pouco profunda, o rio é largo e apresenta um elevado 
volume de água. Essas são características também dos trechos de seus afluentes. 
Observe o mapa do relevo da América do Sul, e principais bacias 
hidrográficas (o mapa colorido pode ser observado no arquivo em PDF deste 
Caderno de Estudos). Observe que os principais rios desaguam no oceano 
Atlântico, em função da disposição do relevo. As cidades localizadas nos 
altiplanos da Cordilheira dos Andes e as localizadas no litoral do oceano Pacífico, 
utilizam os poucos rios da vertente do Pacífico para abastecimento de água como 
para produção de eletricidade. Para complementar suas necessidades hídricas 
muitos países e cidades dependem das geleiras.
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
28
FIGURA 11 – MAPA DO RELEVO DA AMÉRICA DO SUL
FONTE: Disponível em: <websites.listas.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2015.
Sobre as geleiras, seu derretimento e desaparecimento e problemas para 
abastecimento de água em cidades como La Paz, Sucre e Lima, veja texto sobre 
vulnerabilidade. 
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 2 | AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
29
A Cordilheira dos Andes constitui-se num dos cinturões orogenéticos mais 
ricos do mundo, por suas reservas de hidrocarbonetos e minas metalíferas. 95% 
das reservas de petróleo e gás natural da América Latina e Caribe se encontram nas 
bacias andinas que vão desde a costa caribenha até o sul da Venezuela e passando 
pelo leste da Colômbia, Equador e norte do Peru. (PNUMA; CATHALAC, 2010). 
2.3 CLIMAS E VEGETAÇÕES
Na extensão territorial da América Latina que se situa na zona 
intertropical, predominaram climas quentes e úmidos, com exceção das terras 
de altitude do Equador, Bolívia e Peru, onde os climas apresentam baixas 
temperaturas e poucas chuvas. Já as terras localizadas nas áreas temperadas, 
ao sul do trópico de Capricórnio, possuemclimas mesotérmicos, temperados 
ou subtropicais, com chuvas bem distribuídas durante o ano, a exemplo da 
região Sul do Brasil. No extremo sul da Argentina e do Chile, bem como nas 
áreas montanhosas dos Andes, os climas são mais rigorosos, uma vez que dois 
fatores climáticos (altas latitudes e altitudes) atuam em conjunto, mantendo 
temperaturas baixas, com ocorrência de neve e ausência de chuvas. O norte 
do México que se localiza ao norte do trópico de Câncer, o clima apresenta 
temperaturas mais amenas oscilando entre climas secos e semiúmidos em 
função do relevo (altitude) e fatores de continentalidade e maritimidade. 
Destacam-se as principais paisagens vegetais: Floresta Amazônica, 
Cerrado, Caatinga, Pampa ou Estepes e desertos do México, Atacama e 
Patagônia.
Na América do Sul suas principais planícies centrais são a Amazônica 
e Platina, são pouco povoadas e nelas se destacam a pesca, o extrativismo e a 
pecuária. Sobre a vegetação poucas áreas do continente americano apresentam 
vegetação original ou primitiva que não tenham sofrido interferência humana. A 
vegetação original é importante pois ela é interdependente de outros elementos 
da natureza, como o relevo, a hidrografia, o clima e o solo. Isso quer dizer que a 
derrubada das florestas, e construção de ferrovias, rodovias, e hidrelétricas para 
extrair os recursos das florestas ou expandir cidades, provoca modificações nos 
outros elementos naturais. Observe a figura a seguir do cerrado brasileiro e 
para elencar elementos geográficos naturais deste bioma.
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
30
FIGURA 12 – CERRADO BRASILEIRO
FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2015.
Nas regiões de clima tropical semiúmido, com uma estação chuvosa e 
outra seca, ocorrem formações vegetais que apresentam campos com arbustos, 
plantas rasteiras e árvores esparsas de troncos retorcidos e casca grossa. É a 
savana que recebe os nomes de cerrado no Brasil e lhanos na Venezuela. 
As florestas pluviais são formações vegetais típicas das regiões do 
continente americano localizadas em baixas latitudes. O calor constante e 
a forte umidade são fatores fundamentais para a existência de uma grande 
diversidade de espécies vegetais tanto nas Florestas Tropicais quanto nas 
Equatoriais. Outro importante fator para o desenvolvimento da vegetação é o 
solo, os solos de algumas florestas pluviais são pouco férteis, mas em sua parte 
superior apresentam uma camada muito rica de material orgânico conhecida 
como Húmus, esse é formado pela própria floresta, como folhas, galhos e micro-
organismos. As Florestas Pluviais são chamadas também de Latifoliadas porque 
apresentam folhas grandes e largas, permanecem sempre verdes e exuberantes 
graças à intensa umidade da atmosfera. 
As raízes são superficiais e os troncos costumam ser largos perto da 
base, de modo que fornecem fixação ampla e firme. Há numerosas trepadeiras 
lenhosas, cipós e epífitas, plantas que usam tronco das árvores como superfície 
de apoio. As epífitas podem obter água e minerais diretamente do ar úmido da 
folhagem. Muitas possuem as folhas em forma de taça que capturam a umidade 
e restos orgânicos, algumas possuem raízes esponjosas. Certas epífitas absorvem 
nutrientes de organismos em decomposição nesses reservatórios. Muitos tipos 
TÓPICO 2 | AS POSSÍVEIS REGIONALIZAÇÕES DA AMÉRICA LATINA
31
FONTE: Disponível em: <http://meioambiente.culturamix.com/ecologia/flora/floresta-tropical-
pluvial>. Acesso em: 10 nov. 2015.
de plantas como samambaias, orquídeas, musgos e líquens, exploram esse tipo 
de vida. Nas figuras a seguir é possível observar a localização das florestas 
pluviais e o tipo de vegetação.
FIGURA 13 – LOCALIZAÇÃO E UM DOS TIPOS DA FLORESTA PLUVIAL
A pradaria é formada basicamente por gramíneas, podendo ocorrer 
alguns arbustos, é uma vegetação típica do clima temperado continental, que se 
caracterizam por verões quentes, invernos frios e baixa pluviosidade. No Brasil a 
pradaria recebe o nome campos, que ocorrem em sua maioria no estado do Rio 
Grande do Sul, mas também pode ser encontrado como manchas menores em 
outros estados. As áreas de pradarias foram muito utilizadas para a pecuária, o que 
causou intensa devastação desse tipo de vegetação e desgaste dos solos. Nessas 
áreas desgastadas predomina o cultivo de grãos, sobretudo, soja, milho e trigo.
Os estepes, outro tipo de vegetação da América Latina ocorre nas áreas 
de clima semiárido do continente, onde as temperaturas são elevadas e as chuvas 
escassas e mal distribuídas, como no México e na Argentina, a estepe é uma 
vegetação rasteira dominada por pequenas plantas. No Brasil encontra-se no 
Nordeste e recebe o nome de caatinga apresentando pequenas árvores, arbustos 
espinhosos e cactos. Já os desertos são áreas marcadas por intensa aridez, isto é, 
por pouca ocorrência de chuva. Na América, eles ocorrem no noroeste do México, 
na costa do Peru, no norte do Chile e no sul da Argentina. As plantas existentes nas 
áreas desérticas do continente americano são espinhosas ou com pequenas folhas 
e possuem raízes profundas capazes de retirar água do subsolo, como mostra a 
figura a seguir.
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
32
FIGURA 14 – VEGETAÇÃO DE ESTEPES E PRADARIAS E O DESERTO DO ATACAMA
FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2015.
Importante salientar que uma regionalização da América Latina do ponto 
vista físico é apenas uma possibilidade metodológica simples para estudar e 
analisar processos e elementos naturais, porém, talvez não indicada. As tendências 
da ciência contemporânea e da geografia, apontam para análises socioespaciais, 
pois mesmo que os fenômenos sejam naturais, estes de alguma forma, direta ou 
indiretamente estão na interface da relação sociedade - natureza. 
Sugestão de leitura: A expansão dos Desertos. Eaan Mcleish. São Paulo: 
Scipione, 1992. O livro caracteriza o deserto e expõe os problemas ambientais que o faz 
expandir-se pelo mundo.
DICAS
33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
• Devido sua extensão e dificuldades para abarcar toda a complexidade e 
peculiaridade da América Latina, é possível utilizar a regionalização como 
metodologia para estudo e pesquisa. Assim, dependendo do objetivo do 
professor, ou dos autores de livros didáticos e pesquisadores, existem diferentes 
regionalizações do espaço geográfico latino-americano. O importante, é 
sempre deixar claro aos seus leitores e alunos, quais os critérios utilizados para 
a regionalização.
• Do ponto de vista geográfico ou físico os países da América Latina podem 
ser agrupados em América Platina, América Andina, Guianas, Brasil, América 
Central ístmica, Antilhas (Grandes e Pequenas) e México.
• Agrupamento de países latinos observando o formato do continente, resultado 
do processo geológico e disposição das placas tectônicas. Cada porção 
geográfica do continente da América (do Norte, Central e do Sul) se localiza 
sobre uma placa tectônica diferente.
• A placa tectônica sul-americana sobre a qual se localiza a América do Sul é 
relativamente estável, sendo que suas atividades sísmicas mais intensas 
ocorrem nas bordas, no fundo do Oceano Atlântico e Cordilheira dos Andes e 
litoral do oceano Pacífico.
• Na placa tectônica caribenha se localizam o istmo da América Central e as 
Antilhas. Explicando de forma simples, esta placa possui em sua extensão 
inúmeras falhas geológicas, como se fossem fissuras, que trabalham muito 
lentamente, acumulando energia, e de forma abrupta pode ocorrer sua 
liberação. 
• A Placa Caribenha, cujas bordas fazem fronteira com as placas sul-americana, 
norte-americana, Atlântica, de Cocos, Nazca, apresentaram no passado 
geológico, intensa atividade sísmica e vulcânica, continuam de certa forma 
instáveis sujeitas a processos tectônicos na atualidade.
• A vertente do oceanoPacífico é pouco extensa, porém com declividade 
acentuada. Seus rios são pouco extensos, possuem, no entanto, corredeiras e 
cachoeiras, aproveitados pelos países andinos para geração de eletricidade. 
Alguns são intermitentes, pois dependem da formação e derretimento de neve 
nos picos da Cordilheira.
34
• A vertente do oceano Atlântico é a mais extensa, com formas variadas de 
relevo, e rios extensos e volumosos, tanto de planície e de planalto, com grande 
potencial hidrelétrico, e possibilidade de navegação. 
• A extensão latitudinal da América Latina (cujas terras se estendem desde 
latitudes médias, próximas do Trópico de Câncer no hemisfério norte, até o 
extremo sul próximo do Círculo Polar Ártico), disposição do relevo, altitudes, 
maritimidade e continentalidade, atuação das massas de ar são os principais 
fatores responsáveis pela variedade climática e diversidade de espécies 
vegetais e animais que formam os biomas latino-americanos. 
• Do ponto de vista geomorfológico a maior parte das Grandes e Pequenas ilhas 
da América Central, conhecida por Caribe, é de formação geológica vulcânica 
muito antiga. O arquipélago que constitui as Bahamas, é de formação orgânica, 
ou seja, de origem coralígena. 
• As principais bacias hidrográficas do norte para o sul são: rio Grande, na divisa 
do México com os Estados Unidos, rio Orinoco, na divisa da Venezuela com 
Colômbia, rio Amazonas, cujas nascentes se localizam no Peru, e afluentes 
do curso superior descem das terras altas da Bolívia, Equador e Colômbia, e 
demais afluentes drenam uma grande extensão do território brasileiro, rios da 
bacia do Prata no cone sul da América do Sul e rio São Francisco no nordeste 
brasileiro.
• Os rios das bacias principais como os das bacias secundárias, são amplamente 
explorados ou utilizados pelas sociedades, para abastecimento, geração 
de energia e/ou navegação, são ao mesmo tempo elementos geográficos 
importantes para a manutenção, conservação e preservação do equilíbrio 
ecológico dos biomas e ecossistemas de seus entornos. 
35
AUTOATIVIDADE
1 A partir das características apresentadas sobre o relevo, o clima, a hidrografia 
da América Latina, apresente como você observa e caracteriza a cidade 
onde você mora, como está disposto o clima da sua região, procure por 
um mapa do relevo da sua cidade e observe como este está disposto, se é 
possível identificar alguma bacia hidrográfica, ou rios. Descreva as suas 
observações, apresente mapas, imagens, gráficos, entre outros. 
Relacione as suas observações com as características apresentadas 
sobre a América Latina, apresente os pontos em comum, como a sua cidade 
faz parte da América do Sul.
2 Os aspectos naturais de uma região são consequências da interação de 
diversos fatores como o clima, solo, vegetação, relevo, entre outros. A 
sociedade humana também interfere e usufrui deste ambiente. Diante do 
assunto, sobre os aspectos físicos da América Latina, analise as sentenças:
I – Os principais rios da América do Sul desaguam no Oceano Atlântico, pois 
o relevo auxilia para tal orientação.
II – A cordilheira dos Andes destaca-se na paisagem da América do Sul devido 
sua altitude, além disso, apresenta reserva de importantes minerais.
III – Na América do Sul predominam diversos biomas, apresentando na 
paisagem desde florestas pluviais até desertos. 
IV – Os rios andinos são os mais importantes da América do Sul, pois são 
extensos e volumosos. 
V – A América Latina não sofre com terremotos ou sismos, pois encontra-se 
totalmente acima de uma placa tectônica. 
Assinale a alternativa CORRETA:
( ) As sentenças I, II e V estão corretas. 
( ) As sentenças I, II e III estão corretas. 
( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.
( ) As sentenças II, III e V estão corretas.
36
37
TÓPICO 3
APONTAMENTOS E CARACTERÍSTICAS 
SOCIOESPACIAIS PARA UMA 
REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA 
HISTÓRICO-CULTURAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Estudar a América a partir das características históricas, especialmente 
as relacionadas à formação da população dos países americanos poderá ser uma 
opção metodológica alternativa diante da complexidade e peculiaridades deste 
grande conjunto que é a América Latina. Marcada pela miscigenação, a origem 
da atual população americana se encontra na mistura ocorrida entre os povos 
indígenas com europeus, africanos e asiáticos. Esse processo não se resume aos 
aspectos físicos da população como cor da pele e dos olhos, mas a cultura dos 
povos. Nosso continente se formou através da mistura entre as inúmeras culturas 
que aqui se encontraram.
Porém, essa mistura não ocorreu de forma uniforme. Em cada região 
temos o predomínio de características populacionais e culturais diferentes das 
demais. A partir disso, dividimos a América em sete principais regiões culturais: 
América Anglo-Saxônica, Região Centro-americana, Antilhas, Guianas, 
América Andina, América Platina e América Portuguesa.
38
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
FIGURA 15 – MAPA: REGIÕES HISTÓRICO-CULTURAIS DO CONTINENTE AMERICANO
FONTE: Disponível em: <http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/uploads/5/
america_regioes_culturais.jpg>. Acesso em: 10 nov. 2015.
2 O POVOAMENTO PRÉ-COLOMBIANO
A teoria mais aceita para o povoamento da América Latina indica que 
grupos de caçadores vindos da Ásia pelo Estreito de Bering, ocupando terras da 
América do Norte, com o tempo deslocaram-se para terras da América Central e 
América do Sul, onde passaram a ocupar essas terras muito antes dos europeus 
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
39
chegarem aqui. Um dos indícios que dão base a essa tese são os sambaquis, 
sítios arqueológicos formados por depósitos de conchas de mariscos, carcaças 
de crustáceos e ossos de peixes. Encontram-se principalmente na costa do 
Atlântico, mas existem também na do Pacífico. Esses indícios de que o feijão, a 
abóbora, e o algodão já eram cultivados no litoral do Pacífico datam por volta 
de 9000 a.C. Mas foi só por volta de 4000 a. C. que os indígenas deixaram o 
nomadismo constante em busca de alimentos. Sua sedentarização deve-se ao 
desenvolvimento das técnicas de cultivo e armazenamento do milho que gerou 
estoques alimentares para a população. Na América Latina, desenvolveram-se 
sofisticadas civilizações notadamente nos Andes.
A civilização maia pode ter se fixado na região onde hoje se localiza 
o México e os países da América Central da Península de Yucatan por volta 
de 1500 a.C. onde se fixaram e desenvolveram importante civilização. Outra 
civilização ocupou as atuais terras mexicanas, onde desenvolveram sua cultura, 
estendia-se pelo vale do México, o litoral do Golfo do México e do Pacífico, e 
parte da Guatemala.
No seu apogeu a civilização Inca dominou toda a região dos Andes, 
territórios que hoje fazem parte da Colômbia, do Equador, do Peru, da Bolívia, 
do Chile e da Argentina. Esse vasto império abrigava mais de 10 milhões de 
pessoas. Os Incas construíram uma grande rede de estradas na qual circulavam 
continuamente mensageiros levando notícias e carregadores transportando 
mercadorias. Apesar de só andarem a pé os incas transpunham rios por meio 
de pontes pênseis tão sólidas que muitas delas ainda eram usadas em pleno 
século XX. 
Desse modo, foi vencido o isolamento natural das regiões montanhosas, 
o que permitiu que essa extraordinária civilização se estendesse por mais de 4 
mil quilômetros ao longo da cordilheira dos Andes. Os Incas desenvolveram 
importantes técnicas de construção e suas cidades eram bem maiores do que 
muitas das grandes cidades europeias na época da colonização espanhola.
A sociedade Inca fez grandes avanços nas ciências embora o império 
fosse muito centralizado e bem estruturado pode-se dizer que eram burocráticos, 
não havia um sistema de escrita. Para administrar o império eram utilizados os 
quipos cordões de lã ou outro materialonde eram codificadas mensagens.
Em relação ao povo maia e asteca, estima-se que hoje em dia cerca de 2 
milhões de maias estão espalhados pela região, que compreende os territórios 
do México, Guatemala, São Salvador e Honduras.
40
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
FIGURA 16 – SOCIEDADE INCA
FONTE: Disponível em: <www.klickeducacao.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2015.
3 REMANESCENTES DE POVOS NATIVOS 
E MISCIGENAÇÃO
Submetida ao domínio espanhol, em 1533, a cultura inca foi praticamente 
destruída. Na atualidade, restam apenas alguns grupos de descendentes 
divididos em pequenas nações. São impressionantes as ruínas de seus grandiosos 
monumentos, templos e palácios. Elas dão uma ideia do poder desse império. 
Os principais descendentes dos incas na América do Sul são os quíchua, 
vivem da pecuária e da agricultura, mas suas atividades e seu modo de vida já 
foram profundamente alterados. Seu idioma foi mantido porque a Igreja Católica 
escolheu estas línguas nativas como veículo para evangelizar os incas. Sem dinheiro 
e sem proteção governamental ao longo dos séculos esses indígenas dirigiram-
Para manter-se e investir no desenvolvimento, a sociedade inca criou um 
sistema de impostos. É interessante notar que parte desses tributos destinavam-
se a amparar idosos e doentes. Os incas faziam regularmente o recenseamento 
da população. Assim sabiam com precisão a quantidade de alimentos que seria 
necessário produzir, quantos homens poderiam servir ao exército entre outras 
atribuições. Esse planejamento não comprometia o cotidiano das pessoas. Para 
infelicidade dos incas, o território do império dispunha de enormes jazidas 
de metais valiosos, como cobre, ouro e prata, fato que despertou a cobiça dos 
conquistadores.
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
41
se para as cidades, onde trabalham em atividades de baixa remuneração. São 
trabalhadores e trabalhadoras braçais, que vivem em estado de pobreza. 
Neste contexto destacamos, o eleito presidente de seu país em dezembro 
de 2005, o boliviano Evo Morales que foi o primeiro indígena aimará a governar 
a Bolívia, filho de lavradores Morales participou ativamente da luta contra a 
pressão dos Estados Unidos pelo fim do plantio de coca.
4 ASPECTOS DA COLONIZAÇÃO E DA DEMOGRAFIA 
QUE CORROBORAM PARA UMA REGIONALIZAÇÃO 
HISTÓRICO-CULTURAL
4.1 AMÉRICA CENTRAL E MÉXICO
De maneira geral, a composição étnica da população do México e da 
América Central é resultante da miscigenação de populações nativas, astecas, 
indígenas e espanhóis, os principais colonizadores da região e negros que eram 
os escravos. A maior parte da população de El Salvador, Honduras, Nicarágua e 
Panamá é de mestiços ou pardos. Na Guatemala, mais de metade da população é 
constituída por indígenas. Em Belize e na Costa Rica predominam os indivíduos 
brancos de origem europeia. Existe também uma pequena porcentagem de 
descendentes dos africanos trazidos como escravos para trabalhar em plantations 
da costa atlântica. 
Em se tratando da América Central insular, as ilhas do Caribe foram 
colonizadas por espanhóis, ingleses, franceses e holandeses, suas sociedades 
formaram-se da miscigenação de diversas etnias e culturas. Além do branco de 
origem europeia há uma minoria de indígenas e a presença marcante de negros. 
A região contava com aproximadamente 38 milhões de habitantes em 2005, sendo 
Cuba o país mais populoso, com cerca de 11 milhões de habitantes. 
A população caribenha sofre com graves problemas sociais existentes 
na maioria dos países: altas taxas de mortalidade infantil, baixa renda per 
capita, elevados índices de analfabetismo e deficiência no atendimento médico-
hospitalar, como mostra a figura a seguir.
42
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
FIGURA 17 – POPULAÇÃO DO HAITI
Neste contexto esses problemas têm raízes nos séculos de dominação 
colonial. A maior parte dos países caribenhos só obteve a independência política 
no início do século XX, sendo que suas economias são frágeis. Ainda hoje várias 
ilhas continuam politicamente dependentes de Estados europeus, ou Estados 
Unidos como Aruba, que pertence aos Países Baixos, Porto Rico, (EUA), Martinica 
e Guadalupe (França).
4.2 NAS GUIANAS, UMA 
COLONIZAÇÃO DIFERENTE 
No que se refere aos países da Guiana, Suriname e Guiana Francesa, esses 
não foram colonizados por portugueses nem por espanhóis, as línguas faladas 
nesses territórios e sua Geografia se diferem dos outros países do continente. 
A palavra Guiana vem do vocabulário indígena guyana, que significa “terra de 
muitas águas”. Essa era a maneira como os indígenas chamavam a área onde se 
localizam atualmente a Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa. Até a década 
de 1960 as guianas ainda se mantinham como colônias dos países europeus. A 
Guiana Inglesa tornou-se independente em 1966 adotando o nome de República 
Cooperativa da Guiana. A Guiana Holandesa agora Suriname conquistou sua 
independência em 1975, passando a chamar-se República do Suriname. A Guiana 
Francesa continua vinculada à França. A população Guianense se caracteriza pela 
diversidade étnica e cultural, sendo constituída por negros, indígenas, europeus, 
chineses e por aqueles que se originaram da miscigenação desses grupos étnicos. 
Também há uma grande participação de descendentes de indianos, trazidos do 
sul da Ásia pelos colonizadores britânicos. 
FONTE: Disponível em: <www.agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2015.
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
43
O Suriname tem a maioria da população vivendo no litoral em Paramaribo, 
principal cidade do país. É uma população muito heterogênea refletindo a forma 
como os governantes das metrópoles europeias deslocavam os povos de uma 
colônia para outra, a fim de obter mão de obra, como exemplifica a figura a seguir.
FONTE: Disponível em: <http://brandusblog.blogspot.com.br/>. Acesso em: 10 nov. 2015.
4.3 AMÉRICA ANDINA
A colonização da América Andina pela exploração não respeitava as 
sociedades nem o meio ambiente dos lugares onde era imposta. No decorrer do 
século XIX, o domínio europeu na América do Sul declinou pouco a pouco e no 
século XX foi superado pelo poderio econômico e militar dos Estados Unidos, 
que submeteram grande parte da América Latina aos seus próprios interesses. 
É importante ressaltar que continua grande a influência econômica e política 
dos Estados Unidos sobre a América, essa situação de transnacionais norte-
americanas, que são muito importantes para a economia do continente. 
A América Andina é composta pelos países: Venezuela, Colômbia, 
Equador, Peru, Bolívia e Chile. Esses países têm em comum entre outros aspectos 
a presença da Cordilheira dos Andes em seu território. Quando os europeus 
FIGURA 18 – APRESENTAÇÃO CULTURAL NO SURINAME
44
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
chegaram à América os Andes eram habitados por várias nações ameríndias, 
como mostra a figura a seguir.
Atualmente seus descendentes habitam principalmente os altiplanos 
andinos, que são as terras altas entre os picos das cordilheiras. Muitas 
comunidades indígenas e de pequenos agricultores praticam a agricultura de 
subsistência e pequenas propriedades, seus métodos de cultivos são tradicionais. 
Praticam o pousio: plantam e depois da colheita deixam a terra descansar. 
Também aproveitam como adubo o esterco das suas poucas cabeças de gado. Em 
geral os indígenas são extremamente pobres e vivem em pequenas comunidades 
isoladas. Mas, não se pode atribuir às altas montanhas o isolamento desses povos. 
Os sucessivos governos das colônias e, depois, dos países independentes que 
não se interessaram em construir estradas ou ferrovias que interligassem essas 
regiões. Foram implantadas interligações somente ondehavia interesse em escoar 
mercadorias para os portos e o exterior.
FIGURA 19 – AMÉRICA ANDINA, CIDADE DE CUSCO, ANTIGA CAPITAL DO IMPÉRIO 
INCA, AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA E FAMÍLIA QUÍCHUA
FONTE: Disponível em: <www.brasilescola.com> e <https://joaquimnery.files.
wordpress.com/2013/08/dsc_0168.jpg>. Acesso em: 10 nov. 2015.
As comunidades empobrecidas não produziam nada para a exportação, 
ficaram isoladas com isso provocou-se o isolamento para muitas localidades 
na cordilheira, isso significou ficar sem saneamento básico, sem escolas, e sem 
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
45
5 AMÉRICA PLATINA 
A América Platina os territórios da Argentina, do Paraguai e do 
Uruguai, no passado colonial integravam o Vice-Reino do Rio da Prata, que 
abrangia uma extensa área subordinada à Espanha. Isso significa que os três 
países platinos estiveram sobre uma administração única durante muitos 
anos, nesta época o vice-reinado também incluía a Bolívia. O Rio da Prata 
usado pelos espanhóis como porta de entrada para a ocupação do sul do 
continente americano, recebeu esse nome porque os colonizadores europeus 
transportavam minerais, dentre estes, prata, explorados no interior das 
colônias que compunham o Vice-Reino da Espanha. 
A população da Argentina e do Uruguai constitui-se predominantemente 
de descendência de espanhóis e italianos, enquanto que o Paraguai apresenta 
uma população em sua maioria formada pela miscigenação de diversos povos 
com acentuada presença de indígenas, como mostra a figura a seguir.
assistência médica. A precariedade em que se encontram as comunidades 
indígenas contrasta com as condições favoráveis das enormes fazendas, que 
ocupam os solos mais férteis e são controladas por uma poderosa elite. Essas 
grandes propriedades rurais são acessíveis por boas estradas, pois sua produção 
se destina à exportação desde os tempos coloniais. Utilizando há séculos o sistema 
de plantation, elas cultivam e exportam os principais produtos tropicais.
No Equador, entre as cordilheiras Ocidental e Royale, os planaltos da 
região de Quito se beneficiam do clima úmido que permite a cultura de cereais e 
batatas. A agricultura é, essencialmente, de subsistência, empregando um milhão 
de pessoas e contribuindo com 30% do PIB, é uma exceção e exemplo de que as 
comunidades remanescentes dos povos nativos podem se integrar à economia do 
país em que vivem.
Plantation é uma grande propriedade agrícola (principalmente espanhola) na qual 
se cultivam produtos tropicais, em sistema de monoculturas, em geral para a exportação, 
utilizando até o século XIX, mão de obra escrava.
NOTA
46
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
FIGURA 20 – CRIANÇAS PARAGUAIAS E DO NORTE DA ARGENTINA
FONTE: Disponível em: <www.guarani-campaign.eu>; <http://www.colegioweb.com.br/
america-do-sul/paises-platinos> e <htmlvhttp://www.viajenaviagem.com/2012/07/salta-
argentina-offroad-dicas>. Acesso em: 10 nov. 2015.
Os indicadores sociais da população paraguaia são típicos de países 
subdesenvolvidos, as taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo são elevadas, 
e a expectativa de vida é baixa. Uma parcela significativa da população paraguaia 
está empregada no setor primário da economia, isso reflete na urbanização do 
país, pois é um dos países latino-americanos com menor taxa de urbanização. 
As principais cidades do Paraguai são Assunção e Cidade Del Este, esta última 
localizada na fronteira com Foz do Iguaçu, estado brasileiro do Paraná.
Leia o livro A guerra do Paraguai, de Júlio José Chiavenato. São Paulo, Ática, 
2003. O livro conta as razões que levaram à eclosão da guerra e analisa as profundas 
consequências políticas e econômicas para os países envolvidos no conflito. 
Assista ao documentário A Guerra do Brasil. Direção: Sylvio Back. Brasil: 1987. O 
documentário mistura a realidade e a ficção no debate da Guerra do Paraguai, que vitimou 
cerca de 1 milhão de pessoas. No filme entrelaçam a história oficial, o imaginário popular e 
a crítica de militares, cronistas e historiadores.
DICAS
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
47
O Uruguai até a década de 1960 era conhecido como a Suíça Sul-
Americana, por apresentar perfil de país desenvolvido, com estabilidade 
política e indicadores sociais elevados. A partir dos anos de 1970, com a 
escassez de recursos minerais e energéticos, o país importa todo o petróleo que 
consome, contribuindo para a desestabilização da economia. Em 1973 ocorreu 
um golpe militar que gerou a prisão e a tortura de pessoas que se opunham 
ao regime, censura da imprensa e às instituições de ensino entre outras graves 
consequências. Os fatos favoreceram o surgimento de movimentos de oposição 
a guerrilha, como o dos Tupamaros, nome em homenagem a Tupac Amaru, 
rebelde inca que lutou contra a dominação espanhola. 
A ditadura militar prolongou-se no Uruguai até 1984, e mesmo com o 
reestabelecimento da democracia, os problemas econômicos continuaram. A 
década de 1990 foi marcada por privatizações, diminuição dos gastos públicos, 
aumento de desemprego e, diante desse cenário, por uma grande emigração de 
jovens. Na tentativa de contornar a crise e diversificar as atividades econômicas 
o governo adotou uma legislação favorável à implantação de instituições 
financeiras, o que acabou atraindo diversas empresas do setor e transformando 
o Uruguai em um país de destaque na área bancária, como ilustra a figura a 
seguir da cidade de Montevidéu no Uruguai.
FONTE: Disponível em: <www.montevideu.org>. Acesso em: 10 nov. 2015.
FIGURA 21 – CIDADE DE MONTEVIDÉU NO URUGUAI
48
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
FIGURA 22 – CIDADE DE BUENOS AIRES NA ARGENTINA
FONTE: Disponível em: <http://www.partiuviagens.com.br/destinos/argentina/buenos-aires.aspx> e 
<http://www.neve.com.br/pacote/buenos-aires-a-pe#prettyPhoto[gal]/4/>. Acesso em: 10 nov. 2015.
A Argentina após a Segunda Guerra Mundial sobre o governo do Presidente 
Juan Domingo Perón, viveu um período de intensa modernização e de melhorias no 
atendimento às necessidades básicas da população. O país passou a atuar de forma 
decisiva em vários setores, como transportes, serviços públicos e infraestrutura. 
Em 1955 depois de entrar em atrito com parte do empresariado e das Forças 
Armadas, Perón o então presidente, foi derrubado do poder por um golpe militar 
que o obrigou a se exilar no Paraguai, e depois, na Espanha. De volta à Argentina 
após um longo período no exílio, Perón candidatou-se novamente à presidência 
em 1973 e foi eleito com enorme quantidade de votos. No entanto, faleceu logo em 
seguida e Isabelita Perón, sua terceira esposa e então vice-presidente, tomou posse. 
Em 1976 um golpe militar derrubou Isabelita e implantou na Argentina o regime 
ditatorial que se estendeu até 1983. Esse período ficou marcado pela forte repressão 
política imposta à população, com censura à imprensa, prisão, tortura e assassinato 
daqueles que se posicionavam contra o governo.
As décadas de 1970 e 1980 foram marcadas por sucessivas crises 
econômicas, que forçaram o governo argentino a diminuir os gastos com serviços 
públicos e a programar um intenso programa de privatizações. O padrão de vida 
da população argentina que era o mais alto da América Latina, caiu drasticamente. 
O desemprego aumentou, altas taxas de inflação e da dívida externa, aumento da 
pobreza e da concentração de renda foram as principais marcas deixadas no país 
pelos governos militares. Com o término do regime militar e a consolidação da 
democracia, a situação política e econômica tornou-se mais estável, a inflação 
caiu e o crescimento econômico foi retomado.
No entanto, de 1999 a 2002 uma nova crise econômica foi provocada pela 
queda das exportações, o peso, a moeda do país estava valorizada em relação ao 
dólar, oque tornava os produtos argentinos muito caros no mercado internacional, 
ainda neste contexto o Brasil que era parceiro comercial da Argentina promoveu 
uma desvalorização do real em relação ao dólar e diminuíram as importações dos 
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
49
FONTE: Disponível em: <http://sempreguerra.blogspot.com.br/2015_03_01_archive.
html>. Acesso em: 10 nov. 2015.
produtos argentinos, tentando contornar a crise o governo argentino desvalorizou 
o peso, contraiu empréstimos junto ao FMI e adotou um modelo econômico 
similar ao brasileiro. 
Outra ressaltante questão geopolítica envolvendo a Argentina refere-se 
à disputa com o Chile pelas Ilhas Picton, Nueva e Lennox no Canal de Beagle, 
extremo sul do continente. Com a interferência do Vaticano, um tratado de Paz 
foi assinado por representantes dos dois países, o documento estabelecia que as 
ilhas pertenciam ao Chile, mas assegurava aos argentinos direitos sobre recursos 
minerais que pudessem ser encontrados na região. 
Nesta situação, situada a cerca de 500 quilômetros do litoral sul do 
território argentino, as Ilhas Malvinas ou Falklands, são objeto de outra disputa 
territorial que envolve a Argentina, neste caso com o Reino Unido. Em 1982 
as Forças Armadas do país sul-americano invadiram de surpresa as ilhas com 
o objetivo de reaver as terras perdidas para os ingleses em 1883, em resposta 
o governo do Reino Unido enviou tropas às Malvinas e, em junho, retomou as 
ilhas, impondo uma rendição incondicional aos argentinos. Mesmo perdendo a 
guerra das Malvinas os argentinos não desistiram das ilhas, em 1999 reiniciaram 
as negociações com os ingleses para recuperar o território perdido.
FIGURA 23 – COMPOSIÇÃO SOBRE A POSSE, DISPUTA E LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA 
DAS ILHAS MALVINAS
50
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
6 A REGIONALIZAÇÃO DO CONTINENTE AMERICANO 
POR CRITÉRIOS SOCIOECONÔMICOS
Divide a América conforme suas características históricas e econômicas. 
De um lado, a América Anglo-saxônica, a região mais desenvolvida econômica e 
socialmente. De outro, a América Latina, região com os piores níveis de 
desenvolvimento. Essa diferença entre as regiões teria se iniciado ainda quando 
o território americano eram colônias europeias. A América Anglo-Saxônica era, 
predominantemente colônia de povoamento, enquanto a América Latina colônia 
de exploração, como mostra a figura a seguir.
FONTE: Disponível em: <www.brasilescola.com>. Acesso em: 10 jul. 2015. 
Assista ao documentário Malvinas: uma história alternativa. Produção 
original: Discovery Channel. Estados Unidos, 2007. O documentário mostra as estratégias 
de combate e detalhes operacionais para analisar quais decisões poderiam ter levado a 
Argentina à vitória da Guerra das Malvinas.
DICAS
FIGURA 24 – AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA E AMÉRICA LATINA
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
51
Uma curiosidade, a origem dos nomes, Anglo-Saxônica e Latina, esteve 
inicialmente associada a uma divisão da América baseada na origem dos povos 
europeus que colonizaram o continente. Os latinos seriam os povos que falam 
línguas de origem latina, predominante no sul da Europa, como portugueses, 
espanhóis, italianos e franceses. Os Anglo-saxões seriam povos de origem 
saxônica, predominantes no norte da Europa, como na Inglaterra. Apesar de 
utilizar essa nomenclatura, a divisão socioeconômica da América não se submete 
mais a questões de origem linguística.
Na América Latina no período em que o número de habitantes da América 
Anglo-Saxônica começava a diminuir nos países latino-americanos iniciava-se 
uma explosão demográfica. Houve aumento nas taxas de natalidade e redução da 
mortalidade como consequência de melhorias médico-sanitárias: campanhas de 
vacinação; investimento em atendimento médico hospitalar; tratamento de água 
e coleta de lixo e esgoto. 
Para muitos especialistas da década de 1960 o acelerado crescimento 
demográfico seria a principal causa do subdesenvolvimento da América Latina. 
Com isso a partir da década de 1970 muitos países latino-americanos passaram 
a adotar políticas de controle de natalidade como a esterilização masculina e 
feminina e as campanhas de planejamento familiar. 
Essa política resultou em um menor crescimento demográfico, mas os 
problemas sociais, como a fome, o analfabetismo e a mortalidade infantil ainda 
são motivos de preocupação. Nos países mais pobres da América isso demonstra 
que o crescimento populacional não é a principal causa do subdesenvolvimento, 
como se afirmava na década de 60. A razão fundamental dos problemas sociais 
na América Latina é a distribuição desigual de riqueza.
6.1 CONTRADIÇÕES SOCIOECONÔMICAS 
DENTRO DA AMÉRICA LATINA
Apesar dos avanços verificados nas últimas décadas, os problemas 
sociais mais graves da América Latina estão relacionados à saúde pública. Em 
grande parte dos países latino-americanos, o atendimento médico e hospitalar é 
inadequado e insuficiente para a maioria da população. O elevado contingente de 
pessoas vive na pobreza com renda insuficiente para obter alimentação adequada 
Taxa de mortalidade infantil: indica o número de crianças que morreram antes 
de completar um ano de idade a cada mil nascimentos, quanto menores os cuidados 
médicos e alimentares maior essa taxa.
NOTA
52
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
ou ter acesso a medicamentos. Dois indicadores sociais ajudam a compreender as 
diferenças nas condições de saúde: a taxa de mortalidade infantil e a expectativa 
de vida. 
Os países subdesenvolvidos do continente americano apresentam taxas 
de natalidade mais altas e expectativa de vida mais baixas que as dos países mais 
ricos. Deste modo, na América Latina é grande a participação de crianças e jovens 
na estrutura etária da população. Na maioria dos países latino-americanos, a 
pirâmide tem base larga, indicando altas taxas de natalidade e predomínio de 
população jovem, o topo onde estão os idosos é estreito, pois a expectativa de 
vida é baixa, como mostra a figura a seguir.
FIGURA 25 – PIRÂMIDE ETÁRIA DO EQUADOR E DA ARGENTINA 2010
FONTE: Disponível em: <http://populationpyramid.net/pt/argentina/> e <http://slideplayer.
com.br/slide/287420/>. Acesso em: 10 nov. 2015.
http://slideplayer.com.br/slide/287420/
http://slideplayer.com.br/slide/287420/
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
53
6.2 APONTAMENTOS ECONÔMICOS
Neste cenário o território americano é rico em recursos naturais e 
minerais, e essa diversidade costuma ser explorada pelo ser humano de várias 
formas; o continente apresenta uma formação geológica propícia à exploração de 
recursos minerais; a presença de dois oceanos que banham as costas leste e oeste 
do continente favorecem a atividade pesqueira e a existência de uma extensa 
rede hidrográfica que facilita a obtenção de energia elétrica, em conjunto com os 
diversos tipos de clima, as variadas formas de relevo e os diferentes tipos de solos 
contribuem para a prática agropecuária. 
Muitos países latino-americanos como a Bolívia, a Jamaica, o Equador 
e a Venezuela, dependem da extração e da exportação de minerais como fonte 
de recursos para a sua economia. No entanto, apesar de possuir muitas jazidas 
em seu território, a maior parte desses países não tem tecnologia para pesquisa, 
extração e beneficiamento de forma que grande parte da extração de seus 
recursos minerais é praticada pelas empresas transnacionais, sediadas nos países 
desenvolvidos. 
A produção agropecuária é bastante diversificada, variando muito 
de um país para outro. Em vários países da América Latina, grande parte da 
produção agropecuária está voltada para a exportação, sendo praticada em 
extensas propriedades monocultoras. Países como a Colômbia, Paraguai, Cuba,Guatemala, entre outros, têm economias dependentes da exportação de produtos 
agropecuários, principalmente o café, a cana-de-açúcar e banana. Em geral, 
esses países empregam técnicas rudimentares na produção agropecuária, o que 
resulta em baixa produtividade, portanto seus investimentos em mecanização, 
fertilização, drenagem e recuperação dos solos são escassos ou inexistentes. 
Em contrapartida, países como o Brasil, Argentina, México e Chile 
apresentam em seus territórios regiões onde a produção agropecuária emprega 
máquinas e tecnologia, isso os leva a obter uma alta produtividade.
A industrialização na América Latina foi iniciada tardiamente em 
comparação com a América Anglo-Saxônica, por isso caracterizam-se por uma 
grande dependência do capital e da tecnologia, provenientes de empresas 
transnacionais sediadas na América Anglo-Saxônica, na Europa e no Japão. Em 
muitos países latino-americanos a atividade industrial é pouco significativa, 
predominando as indústrias tradicionais de bebidas, alimentos e tecidos, que 
empregam baixa tecnologia no processo produtivo e mão de obra barata e pouco 
qualificada. Alguns países como o Brasil, a Argentina e o México, apresentam as 
principais e mais modernas áreas industriais do território latino-americano com 
variados tipos de indústrias e uma produção diversificada.
54
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
No entanto, a maior parte dos países latino-americanos não conta com a 
tecnologia necessária para transformar matérias-primas em bens diversificados, 
isso leva a exportá-los para nações com desenvolvimento tecnológico e a importar 
desses países os produtos industrializados de que se necessita.
O desenvolvimento e a implantação de novas tecnologias na indústria 
bem como a concentração de terras e a modernização do campo, favoreceram 
a urbanização e o crescimento do setor terciário, a mão de obra dispensada 
pelos setores primário e secundário migrou para o comércio e a prestação de 
serviços. A partir de 1990 o maior emprego da tecnologia por parte do setor 
terciário contribuiu para o desemprego, levando muitos trabalhadores dos 
países subdesenvolvidos ao mercado informal. Nos países latino-americanos, a 
participação do setor primário na economia ainda é relativamente alta, revelando 
a importância da agropecuária e do extrativismo mineral e vegetal. A agricultura, 
a pecuária e o extrativismo juntamente com as atividades do setor secundário, 
compõem a maior parte do PIB de muitos países americanos.
As cidades são as principais áreas de concentração de atividades do setor 
terciário, em quase todos os países latino-americanos industrializados ou não 
elas não conseguiram absorver o grande contingente de mão de obra dispensada 
pelos setores primário e secundário, esse fato agravou os problemas sociais nas 
áreas urbanas, aumentando os índices de favelização, desemprego, subemprego, 
criminalidade entre ouros problemas, como mostra a figura a seguir.
FIGURA 26 – A MAIOR FAVELA DA AMÉRICA LATINA, EM BRASÍLIA
FONTE: Disponível em: <http://www.soubrasilia.com/brasilia/a-maior-favela-da-america-latina-
esta-em-brasilia/>. Acesso em: 10 nov. 2015.
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
55
Na América Central as principais atividades econômicas da América 
Central Continental estão relacionadas ao cultivo de produtos tropicais voltados 
para o mercado externo, desde o período colonial o café e a banana são os 
principais itens da pauta de exportação da região. A cana-de-açúcar e o cacau, 
produtos tradicionais da agricultura centro-americana perderam importância 
no mercado internacional com o surgimento e a consolidação de outras áreas 
produtoras, tanto na América como na Ásia. Grande parte da produção agrícola 
de exportação realiza em extensas propriedades monocultoras localizadas no 
litoral do Pacífico. A maioria dessas propriedades agrícolas pertence à empresa 
estrangeira sobretudo originárias dos países aos quais se destina a produção, 
como os Estados Unidos, como mostra a figura a seguir.
FONTE: Disponível em: <www.cortesdecima.com>. Acesso em: 10 nov. 2015.
Na capital federal, a pouco mais de 40 quilômetros do Palácio da Alvorada, 
residência oficial da Presidência da República, está a maior favela da América Latina, com 
78.912 moradores. A região, conhecida como Aris (Área de Regularização de Interesse 
Social) Sol Nascente, estava em segundo lugar até agosto de 2013, segundo o IBGE 
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com a Codeplan (Companhia de 
Planejamento do DF), em setembro de 2013 o local desbancou a famosa “Rocinha”, no Rio 
de Janeiro, que tem 69.161 habitantes, e passou a liderar o ranking. 
FONTE: Disponível em: <http://noticias.r7.com/distrito-federal/fotos/favela-do-df-
passa-a-rocinha-e-se-torna-a-maior-da-america-latina-02122013#!/foto/1>; <http://
www.brasilnoticia.com.br/cidades/favela-do-df-passa-a-rocinha-e-se-torna-a-maior-da-
america-latina/55134>. Acesso em: 11 nov. 2015.
NOTA
FIGURA 27 – COLHEITA DE MELÃO NA COSTA RICA
56
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
Nos séculos XIX e XX os Estados Unidos transformaram a América 
Central em um dos seus maiores fornecedores de alimentos. Nessa época os 
interesses estadunidenses na América Central tornaram-se enormes, as empresas 
alimentícias em especial empenharam-se em conquistar os mercados produtores 
da região, para tanto implantaram fazendas, postos e transportadoras. 
No litoral do Atlântico e nos altiplanos predominam as agriculturas de 
subsistência, praticadas em pequenas propriedades com o emprego de técnicas 
tradicionais e de mão de obra familiar, os principais produtos cultivados são o 
milho e a batata. Na costa atlântica ocorre também intensa exploração de madeiras 
de grande valor comercial, como a peroba, o pau-rosa, o cedro e a seringueira. 
A atividade industrial e a extração mineral são praticamente inexistentes na 
América Central, destacando-se apenas algumas indústrias de bens de consumo, 
como calçados e têxteis. O país mais industrializado é o Panamá cuja produção 
petrolífera alimenta as indústrias petroquímicas e lhe garante a exportação de 
petróleo, a economia beneficia-se pela presença do Canal do Panamá que liga os 
oceanos Atlântico e Pacífico. 
Na América Central insular a principal atividade econômica do Caribe é a 
agricultura com destaque para o cultivo da cana-de-açúcar, cujo maior produtor é 
Cuba, também são cultivados banana, fumo, café e algodão. A produção agrícola 
regional está voltada para o mercado externo, isso faz com que a dependência 
ocasione oscilações dos preços internacionais, que tem um impacto direto na 
economia caribenha e acaba tornando necessária a importação de alimentos 
para o consumo. Os recursos minerais de destaque no Caribe são a produção de 
bauxita, e a produção e exportação de petróleo. A atividade industrial é pouco 
desenvolvida, permanecem restritas ao beneficiamento das matérias-primas 
agrícolas, à confecção de roupas e ao artesanato local, principalmente de cestarias 
e de cerâmica.
O Caribe é destaque pela rota de cruzeiros marítimos que são destino 
de milhares de turistas que procuram suas praias e sua Floresta Tropical. Além 
disso, a região possui conhecidos paraísos fiscais, como as Ilhas Cayman, As Ilhas 
Virgens e as Bahamas, nesses países grandes somas podem ser depositadas sem 
a necessidade de declarar a origem do dinheiro. Os maiores utilizadores desses 
paraísos fiscais são pessoas envolvidas com o crime organizado e com o desvio 
de dinheiro público. 
Na América Andina as atividades econômicas dependem fortemente da 
extração mineral, sobretudo do petróleo, carvão, cobre, estanho, ouro, prata e 
ferro. A atividade industrial estimulada pela entrada do capital estrangeiro e de 
algumas transnacionais apresenta crescimento em alguns países, mas ainda é 
incipientese comparada à de outras economias da América Andina. O Chile e 
a Venezuela destacam-se como os países mais industrializados dessa região. Os 
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
57
principais produtos agrícolas da América Andina são o café, a banana, o cacau, a 
cana-de-açúcar, o trigo e a aveia, voltados para o mercado externo. Já o milho, o 
arroz e a batata constituem a base da alimentação das populações andinas. Uma 
característica marcante dessa região é o cultivo ilegal de maconha e coca, fonte de 
renda para poderosos grupos de traficantes e também para pequenos agricultores 
que encontram nessa atividade sua única forma de sobrevivência. 
Nos países da América Platina, as características do clima, da vegetação e 
do relevo favorecem o desenvolvimento das atividades agropecuárias na região, 
concentradas na criação de gado bovino e na agricultura de cereais. A Argentina 
é o país mais industrializado da América Platina, com destaque para a produção 
de automóveis, aço e produtos químicos.
6.3 AS TENTATIVAS DE ASSOCIAÇÃO E/OU DE 
INTEGRAÇÃO DE PAÍSES LATINO-AMERICANOS
As tentativas de integração do continente sul-americano existem desde 
o começo do século XX. Em 1915, o Brasil, Argentina e Chile assinaram acordos 
que permitiam a comercialização de muitas mercadorias sem a cobrança de 
impostos. Esses esforços de integração continuaram depois da Segunda Guerra 
Mundial. Em fevereiro de 1960 surgiu a Alalc, Associação Latino-Americana de 
Livre Comércio, que visava formar rapidamente um mercado regional integrado, 
por meio da eliminação de impostos de importação e exportação entre os seus 
membros. Em agosto de 1980, a Alalc foi substituída pela Aladi, Associação 
Latino-Americana de Integração, que pretendia uma integração comercial mais 
lenta e gradual dos países, para que houvesse tempo suficiente de preparar as 
empresas nacionais para a chegada de mercadorias estrangeiras que pudessem 
competir com seus produtos. 
Em 1988, os governos brasileiro e argentino assinaram uma série de 
acordos para aproximar os dois países. Brasil e Argentina acreditavam que era 
possível criar interesses comuns na indústria, na agricultura e no comércio. 
Com isso foi possível facilitar o comércio dentro da América do Sul, os quatro 
países assinaram o Tratado de Assunção, em março de 1991, esse acordo criou o 
Mercosul, Mercado Comum do Sul. Umas das metas principais do Mercosul era 
promover a abertura econômica dos países-membros, estimulando maiores trocas 
comerciais. Isso significou que os produtos dos países-membros não pagariam 
impostos ou que estes seriam baixos, para entrar e para serem comercializados 
nos países parceiros. Assim entrariam mais produtos estrangeiros em cada país-
membro, as empresas desses países precisam se preparar para essa competição. O 
comércio entre os países-membros cresceu rapidamente. Isso chamou a atenção 
do Chile, Peru e da Bolívia, que assinaram um acordo como membros associados. 
Eles também buscavam beneficiar-se do crescimento acelerado da economia sul-
americana. 
58
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
No entanto, existem alguns problemas dentro do bloco sul-americano, 
um desses problemas é que cerca de 70% da economia do Mercosul é movida 
pelo Brasil que tem vantagens em relação aos demais membros, os outros sócios 
compram mais mercadorias brasileiras do que o inverso. Outro problema é que 
os países do Mercosul têm produção econômica muito semelhante. É o caso dos 
produtos da agricultura e da pecuária. Tanto o Brasil e a Argentina produzem 
carros e produtos eletrodomésticos, isso cria rivalidades que acabam atrasando 
a evolução do bloco. A integração total ainda é dificultada pela infraestrutura de 
transportes entre os países-membros e associados é bastante precária. As rodovias 
e ferrovias são escassas e malconservadas, e os atuais investimentos nesse setor 
são muito modestos. Sem um sistema de transporte ágil e barato, os produtos 
continuarão chegando com preço elevado aos consumidores, tanto dos países-
membros como dos associados do Mercosul. 
Nos últimos 20 anos cresceram muito as diferenças sociais em grande parte 
da América Latina, a favelização, a violência e a mendicância se espalharam pelos 
países dessa região, levando grandes contingentes populacionais a questionar 
o modelo econômico neoliberal, que foi difundido mundialmente a partir de 
1989, com o fim da Guerra Fria. Nesse contexto, os países da América do Sul 
assinaram em conjunto em 2004 o Tratado de Cuzco, criando a Comunidade Sul-
americana de Nações. Esse bloco trata-se de um projeto estratégico de integração 
regional, encontrando-se ainda em estágio embrionário. Porém, destaca-se a 
discussão sobre a integração energética, que de fato tornaria a América do Sul 
menos vulnerável, em relação às oscilações dos preços do petróleo no mercado 
internacional. 
A ALBA, Alternativa Bolivariana para as Américas, também surgiu em 
2004, nesse mesmo cenário geopolítico, trata-se de um bloco de países, Venezuela, 
Cuba, Nicarágua que têm como principal característica uma contestação 
mais contundente à ideologia neoliberal. Dentre suas propostas destaca-se a 
integração cultural e social de todos os povos da América Latina, privilegiando 
assim as relações humanas em detrimento das questões meramente econômicas 
e financeiras. 
TÓPICO 3 | APONTAMENTOS E CARAC SOCIOESPACIAIS PARA UMA REGIONALIZAÇÃO ALTERNATIVA HIST-CULTURAL
59
LEITURA COMPLEMENTAR
Eduardo Galeano
Este volume oferece uma nova versão brasileira de As veias abertas da 
América Latina.
Esta tradução, excelente trabalho de Sergio Faraco, melhora a não menos 
excelente tradução anterior, de Galeno de Freitas. E graças ao talento e à boa 
vontade destes dois amigos, meu texto original, escrito há quarenta anos, soa 
melhor em português do que em espanhol.
O autor lamenta que o livro não tenha perdido atualidade. A história não 
quer se repetir – o amanhã não quer ser outro nome do hoje –, mas a obrigamos 
a se converter em destino fatal quando nos negamos a aprender as lições que ela, 
senhora de muita paciência, nos ensina dia após dia.
Segundo a voz de quem manda, os países do sul do mundo devem 
acreditar na liberdade de comércio (embora não exista), em honrar a dívida (embora 
seja desonrosa), em atrair investimentos (embora sejam indignos) e em entrar no 
mundo (embora pela porta de serviço). Entrar no mundo: o mundo é o mercado. 
O mercado mundial, onde se compram países. Nada de novo. A América Latina 
nasceu para obedecê-lo, quando o mercado mundial ainda não se chamava 
assim, e aos trancos e barrancos continuamos atados ao dever de obediência. Essa 
triste rotina dos séculos começou com o ouro e a prata, e seguiu com o açúcar, 
o tabaco, o guano, o salitre, o cobre, o estanho, a borracha, o cacau, a banana, 
o café, o petróleo... O que nos legaram esses esplendores? Nem herança nem 
bonança. Jardins transformados em desertos, campos abandonados, montanhas 
esburacadas, águas estagnadas, longas caravanas de infelizes condenados à morte 
precoce e palácios vazios onde deambulam os fantasmas.
Agora é a vez da soja transgênica, dos falsos bosques da celulose e do 
novo cardápio dos automóveis, que já não comem apenas petróleo ou gás, mas 
também milho e cana-de-açúcar de imensas plantações. Dar de comer aos carros 
é mais importante do que dar de comer às pessoas. E outra vez voltam as glórias 
efêmeras, que ao som de suas trombetas nos anunciam grandes desgraças.
Nós nos negamos a escutar as vozes que nos advertem: os sonhos do 
mercado mundial são os pesadelos dos países que se submetem aos seus caprichos. 
Continuamos aplaudindo o sequestro dos bens naturais com que Deus, ou o 
Diabo, nos distinguiu, e assim trabalhamos para a nossa perdição e contribuímos 
para o extermínio da escassa natureza que nos resta. 
Exportamos produtos ou exportamos solos e subsolos? 
60
UNIDADE1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
Salva-vidas de chumbo: em nome da modernização e do progresso, os 
bosques industriais, as explorações mineiras e as plantações gigantescas arrasam 
os bosques naturais, envenenam a terra, esgotam a água e aniquilam pequenos 
plantios e as hortas familiares. Essas empresas todo-poderosas, altamente 
modernizadas, prometem mil empregos, mas ocupam bem poucos braços. 
Talvez elas bendigam as agências de publicidade e os meios de comunicação que 
difundem suas mentiras, mas amaldiçoam os camponeses pobres. Os expulsos 
da terra vegetam nos subúrbios das grandes cidades, tentando consumir o que 
antes produziam. O êxodo rural é a agrária reforma; a reforma agrária ao contrário. 
Terras que poderiam abastecer as necessidades essenciais do mercado interno são 
destinadas a um só produto, a serviço da demanda estrangeira. Cresço para fora, 
para dentro me esqueço. Quando cai o preço internacional desse único produto, 
alimento ou matéria-prima, junto com o preço caem os países que de tal produto 
dependem. E quando a cotação subitamente vai às nuvens, no louco sobe e desce 
do mercado mundial, ocorre um trágico paradoxo: o aumento dos preços dos 
alimentos, por exemplo, enche os bolsos dos gigantes do comércio agrícola e, 
ao mesmo tempo, multiplica a fome das multidões que não podem pagar seu 
encarecido pão de cada dia.
O passado é mudo? Ou continuamos sendo surdos?
As veias abertas da América Latina nasceram pretendendo difundir 
informações desconhecidas. O livro compreende muitos temas, mas talvez 
nenhum deles tenha tanta atualidade como esta obstinada rotina da desgraça: a 
monocultura é uma prisão. A diversidade, ao contrário, liberta. A independência 
se restringe ao hino e à bandeira se não se fundamenta na soberania alimentar. Tão 
só a diversidade produtiva pode nos defender dos mortíferos golpes da cotação 
internacional, que oferece pão para hoje e fome para amanhã. A autodeterminação 
começa pela boca.
Em 27 de julho de 2001, o presidente dos Estados Unidos, George W. 
Bush, perguntou aos seus compatriotas:
 – Vocês já imaginaram um país incapaz de cultivar alimentos suficientes para 
prover sua população? Seria uma nação exposta a pressões internacionais. Seria uma 
nação vulnerável. Por isso, quando falamos de agricultura, estamos falando de uma 
questão de segurança nacional.
Foi a única vez em que não mentiu.
Montevidéu, 2010
FONTE: GALEANO, E. As veias abertas da América Latina. Tradução de Galeno de Freitas. 39. 
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 307p. Título original: Las venas abiertas de America Latina. 
(Coleção Estudos Latino-Americanos, v.12).
61
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:
• A partir da colonização e da miscigenação populacional no decorrer dos 
séculos resultaram construções histórico-culturais que diferenciam culturas 
dentro da América Latina.
• Do ponto de vista das culturas dos povos podemos agrupar as sociedades 
dos países americanos em conjuntos, a saber: América anglo-Saxônica, 
México e América Centro Americana, Caribe (Grandes e Pequenas Antilhas), 
Guianas, América andina, América Platina e América portuguesa (atualmente 
brasileira).
• Fontes históricas de sítios arqueológicos e sambaquis sugerem que o 
povoamento pré-colombiano na América tenha ocorrido entre 9.000 a.C. a 
1.500 a.C. Pressupõe-se que coexistiram tribos nômades, seminômades e 
sedentárias denominadas indígenas ou nativos. Os povos que formaram 
civilizações (ou que se aproximam deste conceito, pois o conceito europeu e 
ocidental), foram os Maias, os Astecas e os Incas. Os remanescentes dos povos 
nativos, sobreviventes do processo de dizimação, sofreram um processo 
de aculturação, ou seja, além da miscigenação demográfica, ocorre uma 
miscigenação cultural, onde alguns traços culturais são preservados, e outros 
são incorporados, resultado do processo de imposição dos colonizadores. 
• As populações do México e América Central são resultado da miscigenação 
que ocorreu entre os povos colonizadores, predominantemente espanhóis, e 
sobreviventes de indígenas e dos povos pré-colombianos (astecas e maias) que 
habitavam a região. Cabe ressaltar que a população negra também contribuiu 
na formação populacional e demográfica do povo mexicano, centro americano 
e caribenho.
• Em tempos pré-colombianos na América andina se desenvolveu a civilização 
Inca, constituindo um vasto império. Com a chegada dos espanhóis entraram 
em decadência. O povo quíchua é descendente do povo Inca. Seu idioma foi 
mantido porque a igreja católica espanhola, após um determinado tempo 
da colonização, escolheu a língua nativa dos quíchua, como veículo para 
sua evangelização. Assim como ocorreu com os outros povos nativos, os 
sobreviventes deste povo foram marginalizados. Uma parte destas populações 
remanescentes permaneceu nas áreas rurais praticando uma agropecuária de 
subsistência, e outra parte se dirigiu para as cidades, onde desempenham 
funções simples, vivendo em estado de pobreza. 
62
• As Guianas foram colonizadas pela Grã-Bretanha (especificamente pela 
Inglaterra), Holanda e França. A independência política ocorreu no decorrer 
das décadas de 1960 e 1970, na Guiana (Inglesa) e Suriname, respectivamente. 
A Guiana Francesa continua sendo um departamento ultramarino francês. A 
população das Guianas se caracteriza pela diversidade étnica. 
• Na América Andina, além da população quíchua, outras nações indígenas se 
destacam na população, vivendo em condições deploráveis, se comparadas 
com as classes mais abastadas proprietárias de latifúndios, os quais englobam 
as melhores terras. 
• Dos países platinos, no Uruguai e Argentina predomina uma população em 
sua maioria, branca, descendentes de espanhóis e italianos. 
• Sobre as contradições socioeconômicas se destaca de um lado a concentração 
da renda na mão de pouquíssimas pessoas e do outro o aprofundamento da 
pobreza, e expansão dos problemas sociais. A saúde pública, segurança e 
educação são as áreas com a maior deficiência. 
• Quanto à economia, os setores primários (agropecuária e extrativismo) são os 
destaques nos países da América Central, Antilhas, países andinos e Guianas. 
Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela apresentam parques 
industriais significativos. A produção agropecuária, mineral e industrial 
atende as demandas do mercado internacional. 
• Os países latino-americanos realizam experiências de integração e cooperação, 
os quais serão estudados na Unidade 3. 
• No texto complementar “As veias abertas da América Latina”, o autor Eduardo 
Galeano, apresenta críticas sobre alguns aspectos da exploração sofrida pela 
América Latina no passado, sobre as ações do imperialismo britânico do 
século XIX, e atual imperialismo imposto ora pelos estadunidenses, ora pelas 
transnacionais e organismos supranacionais. 
63
AUTOATIVIDADE
Com base na Leitura Complementar acima, elabore uma resposta 
contextualizada, utilize da leitura do capítulo e discorra:
1 Os diferentes contextos políticos em que os textos foram escritos e a maneira 
como cada um deles vê a aproximação entre os países latino-americanos.
2 O atual panorama das relações entre os países latino-americanos e os projetos 
de integração regional.
3 Seguindo a atividade do capítulo anterior, faça um olhar geográfico sobre 
a população da sua cidade. Destaque as características populacionais, se 
são predominantemente brancos, se existe uma miscigenação em destaque, 
com pardos, amarelos, negros. Busque na base de dados do IBGE o que 
o último Censo populacional apresenta sobre a sua cidade. Se possível 
apresente uma pirâmide etária da sua cidade e a análise. 
4 O processo de independência da América Latina foi concluído na década 
de 1820, neste contexto os jovens governos se viram diante dos desafios de 
preservar a autonomia conquistada em meio ao intrincado jogo político e 
diplomático da época. Simon Bolívar (1783 – 1830) não era simpáticoaos 
Estados Unidos, que por sua vez, evitaram atritos com a Espanha para não 
comprometer a compra da Flórida e o comércio com possessões espanholas 
no Caribe.
Indique dois aspectos nos quais o processo que culminou com o 
rompimento dos laços coloniais na América espanhola se diferenciou da 
Independência do Brasil.
Cite uma diferença e uma semelhança entre o projeto pan-americanista 
de Simon Bolívar.
64
65
TÓPICO 4
MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS 
EXTREMOS E VULNERABILIDADE NA 
AMÉRICA LATINA E CARIBE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A região latino-americana e caribenha representa uma das regiões com 
maior riqueza, não só por causa de sua diversidade biológica e ecossistêmica, 
mas também pela diversidade social e cultural. No entanto, compartilham muitos 
problemas ambientais com a África e Ásia. Contudo, o modelo de desenvolvimento 
atual vem colocando essa riqueza em risco; em toda região já aparecem sinais 
preocupantes de uma grave degradação ambiental. As questões ambientais 
incluem o sistema de posse de terras, o desmatamento e queimadas, a exploração 
excessiva dos estoques pesqueiros, exploração mineral com impactos ambientais 
e problemas urbanos dos mais diversos, assim como os desastres socionaturais 
como furacões, terremotos e derramamento de substâncias perigosas que agravam 
problemas já existentes. 
2 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E EVENTOS 
CLIMÁTICOS EXTREMOS
A América Latina apresenta suscetibilidade às mudanças climáticas, e 
deficiência política para enfrentar o fenômeno. A implementação de medidas 
efetivas é urgente. Estudos indicam que em alguns países os custos econômicos 
podem alcançar entre 1,5 e 5% do PIB regional em 2050, para enfrentamento e 
remediação dos efeitos de mudanças climáticas e ocorrência de eventos extremos 
do clima. A localização geográfica de contingentes populacionais em moradias 
informais, e a alta sensibilidade das florestas e da biodiversidade para o clima, são 
fatores que provavelmente irão exacerbar as consequências da mudança do clima 
que afetará todo o mundo e já é um dos desafios do século XXI (LEÌDA, 2015). 
Além das mudanças nas temperaturas, estudos estimam que os índices das 
precipitações estejam sendo modificadas por causa da mudança climática, mas de 
forma diferenciada conforme a região. Exemplo, nas últimas décadas tem havido um 
aumento na precipitação anual na região sudeste da América do Sul, e diminuição 
66
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
na região central e centro-sul do Chile. As camadas de gelo da Groenlândia e da 
Antártida, têm diminuído consideravelmente nas últimas décadas, assim como a 
área média anual de gelo do mar Ártico diminuiu nas décadas em que está sendo 
monitorado, (período de 1979-2012) e diminui cada vez mais no período de verão.
As mudanças climáticas constituem um fenômeno de longo prazo, 
cujos efeitos serão mais intensos na segunda metade século XXI, porém para 
enfrentamento de seus impactos é necessário agir urgentemente. A redução das 
emissões de gases de efeito estufa é uma das medidas mais abrangentes propostas 
durante conferências mundiais sobre o meio ambiente e sobre o clima, pois estes 
agem sobre o aquecimento global.
 
Contudo, há a necessidade de mudanças na matriz de produção e consumo 
energéticos (baseados ainda na queima dos hidrocarbonetos, ou seja, dos derivados 
dos combustíveis fósseis) e nos modelos de produção e consumo em massa, e 
sistemas de mobilidade responsáveis pela atual produção de níveis perigosos de 
CO2 e torna impossível para cumprir as metas sobre o clima, estabelecidos até 
2050. Apesar de existirem diferenças entre os países da América Latina e Caribe a 
contribuição nas emissões de poluentes globais representa 9% do total.
O transporte é um dos principais problemas para a América Latina e Caribe, 
pois a baixa qualidade do transporte público faz com que os cidadãos priorizem 
o veículo particular, o que aumenta o consumo dos derivados dos combustíveis 
fósseis e causa problemas de congestionamento de trânsito nas grandes cidades. 
Além do planejamento de longo prazo de um sistema sustentável, devem ser 
estudadas as atuais vias de circulação, porque a infraestrutura atualmente em uso 
terá uma vida útil até 2050 e, portanto, vai afetar as futuras emissões. 
FIGURA 28 – CONGESTIONAMENTO EM SANTIAGO, CHILE, POR OCASIÃO DAS FESTAS PÁTRIAS 
EM SETEMBRO E EM SÃO PAULO, NUM DIA FINAL DE UM FERIADÃO
FONTE: Disponível em: <http://blogs.diariodonordeste.com.br/automovel/mercado/brasil-
ja-tem-1-carro-para-cada-5-habitantes/attachment/congestionamentosp/> e <http://www.
sigalapista.cl/?p=3495>. Acesso em: 10 nov. 2015.
TÓPICO 4 | MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS EXTREMOS E VULNERABILIDADE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
67
Sem políticas e resposta mais eficazes é provável a continuidade de 
ocorrência de desastres socionaturais, uma vez que a tendência atual é de piorar 
as condições ambientais, o que contribui para uma maior vulnerabilidade humana 
à mudança climática. O grupo de pesquisa em desastres naturais do Programa 
de Pós-graduação em Geografia – PPGG da Universidade Federal de Santa 
Catarina – UFSC, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do 
Estado de Santa Catarina – FAPESC e do Instituto Histórico Geográfico de Santa 
Catarina elaboraram um conjunto de materiais, os atlas geográficos (do país e dos 
estados), como ferramentas para todos aqueles que se preocupam com a temática. 
O trabalho agrega de forma sintetizada, temas, quadros, tabelas, figuras e mapas, 
disponibilizando um conjunto de informações resultado de um trabalho de campo 
e de laboratório visando contribuir com a tomada de decisões tanto pela população 
civil como pelos gestores. Bigarella (2005) no prefácio da primeira edição do Atlas 
de desastres Naturais do Estado de Santa Catarina, escreveu: “No Brasil verifica-
se a cada ano um incremento no número de desastres naturais em virtude da 
ocupação desordenada do território pela omissão do poder público na execução de 
uma política ambiental que viesse reduzir a ocorrência de novas catástrofes”.
Corroborando, Jungles (2013) ao escrever a apresentação do Atlas Brasileiro 
de Desastres Naturais: 1991 a 2012, UFSC (2013), afirma: “nas últimas décadas os 
desastres naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das 
populações. Há um aumento considerável não só na frequência e intensidades, mas 
também nos impactos gerados, com danos e prejuízos cada vez mais intensos”. 
A análise dos eventos climáticos extremos, a partir de dados gerais, no Brasil e 
com maior detalhamento, por Estado se apresenta como ferramenta para estudos, 
sensibilização e percepção do risco e da vulnerabilidade para tomada de atitudes e 
ações de mitigação. 
Os dados analisados para a composição e organização do material (dos 
Atlas do Brasil e dos Estados), sugerem que nos últimos trinta anos além da 
continuidade, a amplitude e a frequência das catástrofes têm se ampliado. Como 
exemplo ilustrativo destacam-se os eventos que ocorreram em Santa Catarina, com 
destaque para o ano de 2008 em que ocorreu alto índice pluviométrico, o que gerou 
centenas de deslizamentos no complexo do morro do Baú. Além disso, também 
provocou inundações prolongadas no baixo Vale do Itajaí deixando milhares de 
desabrigados e mais de uma centena de mortos (HERRMANN, 2014).
Deslizando da escala estadual e nacional para a global temos os alertas do 
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas conhecido pela sigla IPCC 
- Intergovernmental Panel on Climate Change, é uma organização científico-política 
criada em 1988 no âmbito das Nações Unidas (ONU) pela iniciativa do Programa das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Organização Meteorológica 
Mundial (OMM).
O IPCC e seus grupos de trabalho apoiados pela Agência de Clima e Poluição 
e pelo Ministério de Relações Exteriores da Noruega, organizaram, em 2012, o 
Relatório Especial para a gestão dos riscos de eventos extremose Desastres para 
o Avanço na Adaptação às Alterações Climáticas, (Special Report for Managing the 
68
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation – Relatório 
SREX-IPCC, 2012). 
Segundo pesquisadores do Painel Intergovernamental sobre Mudança do 
Clima (IPCC) já é possível observar alterações no fluxo e disponibilidade de água na 
América do Sul, o que deverá afetar regiões já vulneráveis. No Brasil, a recente seca da 
nascente do Rio São Francisco, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e a diminuição 
do nível do Sistema Cantareira, em São Paulo, parecem apontar nessa direção. Os 
períodos de seca deverão se tornar mais frequentes no mundo nos próximos anos. 
Nas últimas décadas a Cordilheira dos Andes encolheu quase metade de sua camada 
de gelo e isso tem a ver com a disponibilidade de água potável.
O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, em inglês, 
Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), é um grupo científico da ONU, 
fundado em 1988 pela WMO (World Meteorological Organisation) e pelo UNEP/PNUMA 
(United Nations Environment Programme). Tem como objetivo principal sintetizar e 
divulgar o conhecimento mais avançado sobre as mudanças climáticas que hoje afetam 
o mundo, especificamente, o aquecimento global, apontando suas causas, efeitos e 
riscos para a humanidade e o meio ambiente, e sugerindo maneiras de combater os 
problemas. O IPCC não produz pesquisa original, mas reúne e resume o conhecimento 
produzido por cientistas de alto nível (tanto independentes e/ou ligados a organizações e 
governos). É um consenso que o IPCC representa a maior autoridade mundial a respeito 
do aquecimento global, e tem sido a principal base para o estabelecimento de políticas 
climáticas mundiais e nacionais.
 Em 1990 emitiu um relatório afirmando que a ação do homem poderia estar causando o 
efeito estufa. O estudo foi a base para as discussões durante a Rio-92, no Rio de Janeiro. O 
IPCC faz relatórios anuais sobre o Estado da Arte científico da pesquisa do clima, examina 
os efeitos das mudanças climáticas e desenvolve estratégias de combate, subsidiando as 
Partes da Convenção.
FONTES: FINAL, RELATÓRIO. Apresentação de subsídios para o desenvolvimento de 
sistema de observação e monitoramento dos impactos das mudanças climáticas a ser 
implantado no Brasil. 2013
PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Disponível em: 
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Painel_Intergovernamental_sobre_Mudan%C3%A7as_
Clim%C3%A1ticas> Acesso em: 20 set. 2015.
NOTA
TÓPICO 4 | MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS EXTREMOS E VULNERABILIDADE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
69
3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA A GESTÃO DOS 
RISCOS DE EVENTOS EXTREMOS E DESASTRES, PARA O 
AVANÇO NA ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
A influência do clima e sua variabilidade natural sempre despertou interesse 
de vários segmentos da sociedade, de governantes e da ciência. Nas últimas décadas, 
com o avanço das tecnologias com desenvolvimento da meteorologia sinótica e 
dos modelos de previsão do tempo, por exemplo, se vislumbra a possibilidade 
de gerenciamento do território, na perspectiva de prevenção dos acidentes e da 
minimização dos impactos decorrentes das possíveis alterações climáticas e eventos 
climáticos extremos. 
Sant’Anna Neto apud Hermann (2014) explica que mais de 80% dos tipos de 
desastres naturais que ocorrem no planeta tem sua gênese derivada dos fenômenos 
e processos climáticos. Dentre as adversidades climáticas citam-se: as secas, os 
ciclones tropicais e tornados, os vendavais, as chuvas intensas, os episódios de 
inundação, nevascas, geadas e outras. Estas além de provocarem enormes perdas 
econômicas, são responsáveis por milhares de mortes todos os anos. 
Em algumas regiões, a recorrência destes eventos, pode comprometer 
o desenvolvimento local e submeter segmentos da sociedade a uma situação de 
vulnerabilidade, ou seja, de maior segregação socioespacial. Hermann (2014) alerta 
para o processo de expansão urbana que se verifica, muitas vezes, em áreas de risco 
sujeitas à inundações e/ou encostas íngremes sujeitas a escorregamentos de massa. 
A substituição da vegetação natural das encostas por uma vegetação secundária 
rala, que não é uma eficaz proteção do solo, permite uma infiltração de água 
pluvial (das chuvas), e propicia o escoamento superficial concentrado. Os leitos 
de rios e córregos que percorrem áreas urbanizadas geralmente estão retilinizados 
ou canalizados por tubulações subdimensionalizadas, obstruídas por entulhos, 
dificultam a vazão normal da água junto à foz, ocasionando transbordamentos e 
solapamento das margens. 
Todas as razões citadas acentuam os efeitos adversos do clima, razão pela 
qual os desastres não têm somente causas naturais, e sim socionaturais. O termo 
socionatural marca uma nova fase do conhecimento científico e deriva dos desastres 
se constituírem tanto por uma perspectiva natural, proveniente de processos 
específicos da natureza, quanto por uma perspectiva social, antrópica, em que há 
influência das ações humanas. Mata-Lima et al. (2013, p. 52) corroboram: 
[...] os desastres naturais não são considerados como fenômenos 
extremos provocados exclusivamente por forças naturais, pois o 
modelo de desenvolvimento adotado pelo Homem também concorre 
de forma significativa para a ocorrência dos desastres visto que a 
vulnerabilidade é o fator determinante dos impactos dos desastres.
 
O grau de exposição de uma comunidade está relacionado ao potencial 
de uma ameaça se transformar em desastre. Países pobres, cujas condições de 
vida de grande parte da população são precárias, são mais vulneráveis aos 
70
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
desastres socionaturais, por apresentarem respostas pouco expressivas diante 
dos eventos, acentuados pela baixa capacidade de governança e baixos índices 
de participação comunitária para redução dos riscos e para a resiliência. Desta 
forma, as populações mais pobres parecem estar mais vulneráveis a inundações, 
secas e à falta d’água. 
Em relação aos fenômenos climáticos extremos, a vulnerabilidade é 
elevada, quando a capacidade de adaptação dos sistemas humanos na América 
Latina é deficiente, tanto pela falta de resistência da população, como pela 
incapacidade de antecipação e dificuldade de enfrentamento.
Na América Latina, em alguns países, a exemplo do Haiti, a agenda 
política dos legisladores e gestores públicos tem incorporado as temáticas de 
percepção do risco, exposição e vulnerabilidade, muito lentamente, de forma 
quase pontual. Em outros, Chile, por exemplo, e em alguns estados do Brasil, 
apenas após a ocorrência de eventos extremos, são desenvolvidos processos 
para a conscientização e sensibilização. Autoridades políticas, Organizações 
Não Governamentais – ONGs, cientistas, Defesa Civil e setores privados têm 
desenvolvido trabalhos metódicos e regulares em relação às temáticas em 
questão. Alguns estão de forma mais lenta, enquanto outros contribuem para 
a diminuição dos danos em situações onde a vulnerabilidade é crônica. Assim, 
em muitas regiões já castigadas por eventos extremos, já foram implementadas 
políticas públicas que promovem a adaptação às vulnerabilidades ambientais e 
socioeconômicas. Contudo, resultados mais eficazes serão percebidos no futuro.
4 AMÉRICA LATINA E CARIBE: PROBABILIDADES FUTURAS
O Relatório especial para gerenciamento dos riscos de eventos extremos 
e desastres para promoção da adaptação à mudança do clima para a região 
da América Latina e do Caribe -SREX–IPCC, 2012, inicia com a síntese de dez 
mensagens, do tipo constatações, nada promissoras. A primeira mensagem 
faz um alerta sobre a tendência do risco de desastres socionaturais continuar 
aumentando em muitos países, uma vez que mais pessoas e ativos vulneráveis 
estarão expostos a extremos climáticos, (sem levarem conta a mudança climática). 
Por exemplo, os povoamentos informais em crescimento na Colômbia, Venezuela, 
Peru, Brasil e outros países estão cada vez mais populosos, aumentando tanto a 
exposição como a vulnerabilidade (CAMERON, 2012). 
Leia sobre os principais deslizamentos que ocorreram na América Latina e no 
mundo no link: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/05/relembre-os-deslizamentos-
de-terra-mais-letais-no-mundo-desde-2010.html>.
DICAS
TÓPICO 4 | MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS EXTREMOS E VULNERABILIDADE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
71
FIGURA 29 – POVOAMENTOS INFORMAIS NA VENEZUELA E NA COLÔMBIA
FONTE: Disponível em: <http://rioonwatch.org.br/?p=9362#prettyPhoto/14/>. Acesso em: 10 nov. 2015.
Auto construção em áreas íngremes 
na Venezuela
Auto construção em áreas íngremes na 
Colômbia
Ao levar em conta aspectos socioeconômicos percebe-se que uma parcela 
significativa da população se encontra em condições de extrema pobreza e que 
há uma frágil gestão ambiental. Esse cenário deve ser agravado. Por exemplo, 
as tendências populacionais dentro da região da América Central aumentaram 
a vulnerabilidade com o aumento da exposição de pessoas e propriedades em 
áreas afetadas por eventos extremos, como os furacões. A população das regiões 
costeiras do Golfo do México aumentou 150% de 1960 a 2008. As populações 
em crescimento e os ativos em risco são as principais razões para o aumento 
dos impactos. Grande volume de chuvas e enchentes podem afetar, também, a 
saúde pública em áreas urbanas porque a água acumulada na superfície pode 
ser rapidamente contaminada por agentes patogênicos (infecciosos). Desta 
forma, as populações urbanas pobres, em países de baixa e média renda, podem 
sofrer altas taxas de doenças infecciosas depois de enchentes.
A segunda mensagem do relatório SREX–IPCC, 2012 é baseada em 
dados a partir de 1950. As evidências sugerem que a mudança climática já 
mudou a magnitude e a frequência de alguns eventos extremos de condições 
meteorológicas e climáticas em algumas regiões globais. Embora continue ainda 
muito difícil atribuir eventos individuais às mudanças climáticas, em julho de 
2009 as enchentes no Brasil estabeleceram os mais altos recordes dos últimos 
106 anos de registro de dados. O relatório SREX, de acordo com Cameron 
(2012), supõe que nas próximas duas ou três décadas, o aumento esperado na 
frequência de extremos climáticos será provavelmente relativamente pequeno 
comparado às variações normais anuais de tais extremos.
No entanto, à medida que os impactos das mudanças climáticas se 
tornam mais dramáticos, seus efeitos em uma faixa de extremos climáticos 
na América Latina e no Caribe tornar-se-ão ainda mais importantes, e terão 
72
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
um papel ainda mais significativo nos impactos dos desastres. Atualmente 
existem melhores informações disponíveis sobre o que se espera em termos de 
mudanças nos eventos extremos em várias regiões e sub-regiões, em vez de 
apenas globalmente, embora permaneça alta a incerteza para algumas regiões 
e eventos extremos (tendências de aridez e estiagem na América do Sul, por 
exemplo). (CAMERON, 2012).
 
Dentre as ameaças socionaturais, o derretimento das geleiras das 
montanhas andinas é emblemático. O fornecimento de água aos setores urbanos 
e agrícolas, que depende desse sistema pode entrar em colapso. La Paz é uma 
das cidades cujo abastecimento de água depende exclusivamente das geleiras. 
 
Em outra situação o número grande de cidades situadas em zonas 
costeiras também é um fator fundamental que coloca a América Latina em uma 
posição de vulnerabilidade ao fenômeno devido à elevação do nível do mar. 
Somam-se a estas problemáticas o branqueamento dos recifes de corais na costa 
do Caribe e do risco de retração das florestas da bacia amazônica.
Outra mensagem do relatório SREX – IPCC (2012) diz respeito à 
necessidade dos governantes e seus povos alcançar um novo equilíbrio entre 
as medidas de redução de risco, a transferência de risco (através de seguro, por 
exemplo) e se preparar efetivamente para gerenciar o impacto dos desastres em 
um clima em mudança. Exemplos podem ser encontrados no México, Colômbia 
e muitos países do Caribe, que incluem contingências nos seus processos 
orçamentários. Este equilíbrio requererá uma ênfase mais forte na antecipação e 
redução o risco. Além de melhorar as medidas já existentes para gerenciamento 
do risco uma ampla faixa de medidas diferenciadas deve ser implementada, 
como, por exemplo, sistemas de avisos antecipados, planejamento do uso da 
terra, desenvolvimento e cumprimento de códigos de construção, melhorias 
na vigilância sanitária, ou gerenciamento e restauração do ecossistema. 
(CAMERON, 2012).
Podemos citar, por exemplo, as ações do Chile, por ocasião do terremoto 
ocorrido no dia 16 de setembro de magnitude 8,3, segundo o Serviço Geológico 
dos Estados Unidos. As ações implantadas nesse dia demonstraram a capacidade 
dos chilenos diante da catástrofe, graças a uma operação de emergência e 
evacuação bem realizada por seus habitantes. Houve aviso de sirenes para a 
evacuação da população das áreas sujeitas ao Tsunami e todas as pessoas que se 
encontravam na área de risco receberam mensagens pelos celulares alertando 
sobre a evacuação. Os danos foram classificados como mínimos pela ONU. 
A capacidade dos países em atender aos desafios das tendências de 
risco de desastres observadas e projetadas é determinada pela eficiência 
de seus sistemas nacionais de gerenciamento de risco (o sistema de Cuba, 
TÓPICO 4 | MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS EXTREMOS E VULNERABILIDADE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
73
por exemplo, é bem estudado). Tais sistemas incluem governos nacionais e 
subnacionais, o setor privado, órgãos de pesquisa, e a sociedade civil, inclusive 
as organizações baseadas na comunidade. Assim, se muitos países não estão 
suficientemente adaptados contra os eventos naturais que lhes oferecem um 
risco, consequentemente, não estão preparados para o futuro. Ajustes rápidos 
e eficazes para prevenir e minimizar perdas por desastres se fazem necessários. 
Por exemplo, qualquer demora na diminuição dos gases de efeito estufa, 
provavelmente levará a consequências, dentre as quais, mudanças climáticas, 
que por sua vez, implicarão extremos climáticos mais graves e frequentes 
acompanhados de mais perdas.
De acordo com Cameron et al. (2012), a vulnerabilidade, a exposição 
e as mudanças nas condições meteorológicas com ocorrência de eventos 
climáticos extremos podem contribuir, ao combinarem-se, para criar o risco 
de desastres. Diante desta realidade, a necessidade de gerenciamento de risco 
de desastres e de adaptação às mudanças climáticas, envolve processos de 
conscientização e de sensibilização. A gestão de risco e adaptação à mudança 
climática fazem parte do desenvolvimento de ações de mitigação e diminuição 
das consequências dos desastres socionaturais. Observe o esquema da figura a 
seguir para compreensão. 
FONTE: Cameron et al. (2012)
A vulnerabilidade e exposição são aspectos dinâmicos e dependem 
de fatores econômicos, sociais, demográficos, culturais, institucionais e 
governamentais. Indivíduos e comunidades são também diferentemente 
expostos com base em fatores como riqueza, educação, sexo, idade, classe/casta 
FIGURA 30 – AS INTERCONEXÕES ENTRE OS PRINCIPAIS CONCEITOS DO RELATÓRIO SREX-
IPCC (2012) 
74
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
e saúde. A falta de resistência e capacidade para antecipar, enfrentar e adaptar-
se a extremos são importantes fatores de vulnerabilidade. Por exemplo, um 
ciclone tropical pode ter impactos muito diferentes, dependendo de onde e 
quando ele atinge a terra. Similarmente, uma onda de calor pode ter impactos 
muito diferentes em diferentes grupos populacionais, dependendo de sua 
vulnerabilidade. 
Mudanças climáticas e eventos extremospoderão causar impactos 
em sistemas humanos, ecológicos ou físicos, resultando em catástrofes, 
principalmente onde a exposição e a vulnerabilidade são altas. Altos níveis 
de vulnerabilidade e exposição são geralmente o resultado de processos de 
desenvolvimento assimétrico, como, por exemplo, gerenciamento ambiental 
deficiente, mudança demográfica, urbanização rápida e não planejada, governo 
falho e escassez de opções de sustento. Isso pode resultar em povoamentos em 
áreas passíveis de risco, na criação de moradias inseguras, favelas e distritos 
espalhados, pobreza e falta de percepção de riscos. Por exemplo, as pessoas 
que têm percepção, meios de vida transferíveis, dinheiro e acesso a transporte, 
podem afastar-se dos desastres e viver mais confortavelmente, fora do perigo. 
As que não têm essas vantagens podem ser forçadas a fixar suas residências em 
áreas passíveis de risco, onde ficarão mais vulneráveis e expostas aos extremos 
climáticos. Elas também terão que arcar com os impactos dos desastres no solo, 
incluindo falta de água, comida, saneamento ou abrigo. (CAMERON, 2012).
FURACÕES NA AMÉRICA CENTRAL
 
A América Central e México (Mesoamérica) são profundamente afetados 
por fortes tempestades tropicais. Em outubro de 2005, o Furacão Stan, em uma 
tempestade relativamente fraca que alcançou apenas momentaneamente a 
classificação de furacão, afetou a costa Atlântica da América Central e a Península 
de Yucatán, no México. A Guatemala relatou mais de 1500 fatalidades e milhares 
de pessoas desaparecidas; em El salvador foram registradas 72 fatalidades e no 
México, 98. O Furacão Wilma, uma semana mais tarde, causou 12 fatalidades no 
Haiti e 8 no México. 
O Furacão Stan afetou principalmente as regiões indígenas pobres da 
Guatemala, El Salvador e Chiapas, enquanto que o Furacão Wilma afetou o ‘resort’ 
de praia internacional de Cancún. Os danos causados por Wilma foram estimados 
em U$1,74 bilhões, sendo 25% em danos diretos e 75% em custos indiretos devido 
ao turismo perdido. Um estudo conjunto da resposta do México aos furacões, 
financiado pelo Banco Mundial, mostrou que o Stan causou danos de cerca de 
US$2,2 bilhões no México, sendo 65% em perdas diretas e 35% devido a impactos 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 4 | MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EVENTOS EXTREMOS E VULNERABILIDADE NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
75
futuros na produção agrícola. Cerca de 70% destes danos foram relatados no 
estado de Chiapas, representando 5% do PIB do estado. 
A comparação do gerenciamento dos dois furacões pelas autoridades 
mexicanas destaca problemas importantes de gerenciamento de risco de desastres. 
A evacuação das áreas atingidas pelo Stan começou apenas durante a fase 
emergencial, quando as enchentes de 98 rios já haviam afetado 800 comunidades. 
100.000 pessoas abandonaram as regiões montanhosas para abrigos improvisados 
de última hora. Em comparação, seguindo o aviso antecipado do Wilma, as pessoas 
foram adequadamente evacuadas, e grupos de emergência foram mobilizados 
para restabelecer os serviços de água, eletricidade, comunicações e saúde. Todos 
os ministérios foram envolvidos na reabertura de aeroportos e instalações de 
turismo, tão rapidamente quanto possível.
FONTE: REDE DE CONHECIMENTO DE CLIMA E DESENVOLVIMENTO (2012). Gerenciando extremos 
climáticos e desastres na América Latina e no Caribe: lições do relatório SREX. CDKN. Disponível 
em: < http://www.ccst.inpe.br/wp-content/themes/ccst-2.0/pdf/SEX-Lessons-Portuguese-LAC.
pdf>. Acesso em: 13 nov. 2015.
Corroborando, outros dois relatórios, um da CEPAL e outro do Banco 
Mundial, da primeira década do século XXI, classificam a América Latina e o Caribe 
entre as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas, tanto por suas características 
geográficas muito específicas, como por apresentarem uma capacidade política até 
agora ineficaz no que se refere ao enfrentamento do fenômeno. O continente já sofre 
e continuará sofrendo graves consequências da alteração do clima. O contexto da 
região latino-americana e caribenha é único no planeta, se diferindo dos países do 
Norte desenvolvido (principais responsáveis pelas emissões de carbono e com mais 
recursos e políticas), quanto da condição vivida por nações em desenvolvimento de 
outros continentes (que quase não contribuem com as emissões), serão, no entanto, 
atingidas pelos impactos da alteração do clima. 
As implicações para a região da América Latina e Caribe são: 
• Os países precisam reavaliar sua vulnerabilidade e exposição, para gerenciar 
melhor o risco de desastres. Essa reavaliação precisa ser plenamente integrada 
no processo de planejamento. 
• Há necessidade de novas avaliações de risco de desastres que levem em conta 
a mudança climática, que podem exigir que países, empresas e pessoas de 
modo geral reavaliem as expectativas sobre que níveis de risco querem e 
podem aceitar. Será importante fortalecer novas e existentes parcerias para 
redução de riscos.
• É necessário fortalecer a integração dos mecanismos financeiros e de 
programação para apoiar a adaptação e o gerenciamento de riscos pelos 
setores de desenvolvimento. 
76
UNIDADE 1 | AMÉRICA LATINA: CONTEXTUALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÕES E VULNERABILIDADE AMBIENTAL
• Será importante realçar os riscos de desastre relacionados à mudança do clima 
para os formuladores de políticas regionais que estejam trabalhando em outros 
domínios. 
• É necessário reafirmar a importância da mitigação global dos gases de efeito 
estufa para evitar os piores extremos climáticos e os impactos associados, na 
América Latina e no Caribe. 
• Deve-se considerar que, em alguns casos atuais, os extremos climáticos tornar-
se-ão cada vez mais recorrentes no futuro. Os extremos climáticos do futuro 
podem, portanto, ampliar nossa imaginação e desafiar nossa capacidade de 
gerenciar mudanças como nunca. 
• É necessário haver estratégias de desenvolvimento e políticas econômicas 
muito mais inteligentes que considerem como o objetivo mais importante a 
mudança do risco de desastres. Sem isso, é provável que um número cada 
vez maior de pessoas e ativos sejam adversamente impactados por futuros 
extremos climáticos e desastres.
 
Estudos sugerem que o clima em mudança combinado com a ocorrência 
de extremos climáticos, ocorram de forma potencializada em relação à frequência, 
intensidade e abrangência da extensão espacial. Assim, as implicações das 
mudanças climáticas e dos extremos climáticos na América Latina e Caribe exigem 
dos países uma reavaliação de sua vulnerabilidade e exposição, para um eficaz 
e rápido gerenciamento dos riscos de desastres, contando com planejamento e 
percepção eminente de possíveis desastres. Diante dos indícios de mudanças 
climáticas, fazem-se necessárias novas avaliações de risco de desastres, exigindo 
que governantes e populações reavaliem as expectativas sobre que níveis de 
risco querem e podem aceitar. Parcerias para redução de riscos deverão ser 
engendradas, realçando os riscos de desastre relacionados à mudança do clima 
para os formuladores de políticas regionais que estejam trabalhando em outros 
domínios.
77
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico vimos que:
• As regiões latino-americana e caribenha apresentam características 
contrastando de um lado diversidade biológica, ecossistêmica, social e cultural 
e por outro, problemas econômicos, sociais e ambientais.
• As questões ambientais incluem sistema de posse de terras, desmatamento e 
queimadas, exploração excessiva dos estoques pesqueiros, exploração mineral 
que deixa um rastro de impactos ambientais e sociais, e problemas urbanos 
dos mais diversos.
• Paralelamente, vivemos num período da história geológica do planeta Terra 
em que está em curso uma mudança climática, ao que tudo indica, acelerada 
pelas ações humanas pressionando sobre os recursos naturais e elementos 
atmosféricos, hídricos e possivelmente até geológicos.
• As mudanças climáticas constituem um fenômeno de longo prazo, cujos 
efeitos serão mais intensos nasegunda metade do século XXI, porém para 
enfrentamento de seus impactos é necessário a sociedade civil, governantes e 
setores econômicos agirem urgentemente.
• Dentre as medidas propostas a redução das emissões de gases de efeito estufa 
é umas das proposições, pois estes agem sobre o aquecimento global que por 
sua vez age sobre as alterações climáticas. Dentre os grandes vilões estão os 
combustíveis fósseis, as queimadas e indústrias. 
• Concomitantemente ocorrem extremos climáticos que se transformam em 
desastres socionaturais por assolarem regiões densamente populosas e 
povoadas, ocupadas de forma informal, caracterizadas pelas autoconstruções. 
• A América Latina e Caribe apresentam suscetibilidades para as mudanças 
climáticas, e deficiências políticas para enfrentar as crises decorrentes. 
• Dados a partir de 1950 evidenciam e sugerem que a mudança climática já 
mudou a magnitude e a frequência de alguns eventos extremos de condições 
meteorológicas e climáticas em algumas regiões globais. 
78
• O Relatório SREX-IPCC, 2012 é um Relatório especial para a gestão dos riscos 
de eventos extremos e Desastres para o Avanço na Adaptação às Alterações 
Climáticas, (Special Report for Managing the Risks of Extreme Events and 
Disasters to Advance Climate Change Adaptation, apresentado em dados 
baseados aos apresentados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança 
Climática – IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) , apoiados pela 
Agência de Clima e Poluição e pelo Ministério de Relações Exteriores da 
Noruega.
• A América Latina e o Caribe apresentam níveis de vulnerabilidade e 
exposição o resultado de processos de desenvolvimento assimétrico, além 
de gerenciamento ambiental deficiente, mudança demográfica, urbanização 
rápida e não planejada, governo falho e escassez de opções de sustento.
• A vulnerabilidade e exposição são os principais impulsionadores do risco 
e das perdas por desastres. Entender a natureza multifacetada tanto da 
exposição, quanto à vulnerabilidade é importante para compreender o 
quanto as condições meteorológicas e os eventos climáticos contribuem para 
a ocorrência de desastres socionaturais, para o planejamento, organização e 
implementação de ações estratégicas efetivas de adaptação e gerenciamento 
de risco de desastres.
• As decisões, a elaboração de políticas e ações precisam se basear na natureza 
da vulnerabilidade e da exposição da população ao risco, pois o risco não é 
apenas natural, mas socionatural.
79
AUTOATIVIDADE
1 Nosso clima está em mudança, provavelmente decorrente de processos 
naturais, agravados ou acelerados pela ação antrópica. As alterações de 
um clima podem ocorrer na frequência, intensidade, extensão espacial e 
duração de extremos das condições meteorológicas e climáticas, podendo 
resultar em evento sem precedentes. Diante da contextualização analise as 
seguintes afirmativas, e assinale V para verdadeiro e F para falso.
( ) Um evento extremo climático é geralmente definido como a ocorrência 
de um valor de uma variável (precipitações, temperaturas, ventos) de 
condição meteorológica ou clima, acima ou abaixo de um valor limite, 
próximo das extremidades superiores ou inferiores, da faixa de valores 
da variável normalmente observados. 
( ) Enchentes, inundações, estresse pelo calor, descoloração de corais, 
ciclones e elevação do nível do mar, geadas, nevascas, são exemplos de 
eventos climáticos extremos.
( ) Eventos sísmicos, vulcões e tsunamis não se encaixam no conceito de 
desastres socionaturais, nem quando atingem áreas cujas populações 
são vulneráveis. A gravidade desses impactos dependerá da reação dos 
governantes e da população diante dos eventos. 
( ) Extremos climáticos podem resultar em volumosos impactos, tanto sobre 
sistemas humanos, quanto ecossistemas, incluindo perdas econômicas, 
impactos sobre setores como turismo e agricultura, em povoamentos 
humanos e pequenos países-ilhas.
Agora, assinale a sequência CORRETA:
( ) V – V – F – V.
( ) F – F – V – V.
( ) V – V – F – F.
( ) V – F – V – F.
2 A mudança climática está alterando a distribuição, intensidade e 
frequência geográficas de riscos relacionados às condições meteorológicas, 
ameaçando exceder as capacidades de países mais pobres de absorver 
perdas e recuperar-se dos impactos de desastres. Assim, o gerenciamento 
de risco torna-se crítico. Analise as afirmativas a seguir:
I – As ações de remediação e adaptação aos desastres socionaturais envolvem 
planejamento e políticas de percepção e atitudes diante dos eventos.
II – Lidar com o bem-estar social, qualidade de vida, infraestrutura e meios de 
sustento, e incorporar uma abordagem multirrisco com responsabilidade, 
deve ser preocupação apenas das lideranças políticas e comunitárias.
80
III – Os sistemas nacionais, provinciais e ou das comunidades locais devem 
trabalhar de forma complementar e integrada em suas ações. A população 
de maneira geral, no entanto, não possui responsabilidade de interagir 
com as lideranças políticas, por falta de conhecimento, para planejamento 
e proposição de políticas e medidas de mobilização diante de desastres 
socionaturais. 
IV – A forma como uma comunidade responde e sobrevive a desastres depende 
dos recursos que podem ser usados para enfrentar tais desastres. Assim, 
populações mais pobres têm dificuldades para enfrentar tais eventos.
Agora assinale a alternativa CORRETA: 
a) As afirmativas I – II e III estão corretas.
b) As afirmativas I – III e IV estão corretas. 
c) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas. 
81
UNIDADE 2
AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE 
COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Nessa unidade vamos:
• compreender a formação socioespacial da América Latina, destacando os prin-
cipais fatores que compõem as características dos países latino-americanos;
• relacionar as características e conceitos de localização e relação dos países 
e suas integrações regionais;
• destacar as peculiaridades e inter-relações de países que participam da 
América Latina;
• perceber a atual situação social e econômica a partir da formação histórica 
e étnica, destacando o processo de colonização dos países;
• perceber as características dos países latino-americanos e ao mesmo tem-
po diferenciações que existem entre os mesmos;
• entender os conflitos que refletem as relações atuais e as dinâmicas territo-
riais dos países;
• relacionar aspectos econômicos comuns e diferentes dos países latino-a-
mericanos;
• refletir sobre a contemporaneidade dos problemas sociais apresentados por 
alguns dos países, diante de conflitos de imigração, guerras, embargos.
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles, você 
encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – MÉXICO 
TÓPICO 2 – AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL 
TÓPICO 3 – AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
82
83
TÓPICO 1
MÉXICO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
 O território do México ocupa a posição de quinto mais extenso país 
da América com a terceira maior população do continente. Localizado no sul 
da América do Norte faz fronteira ao norte com os Estados Unidos e ao sul 
com Belize e Guatemala. É também banhado pelo Oceano Pacífico e o Oceano 
Atlântico, através do Golfo do México a leste e do Mar do Caribe. O país é 
classificado geograficamente como parte da América do Norte que é dividida 
no mapa como América do Norte, América Central e América do Sul, e também 
classificado como histórico-sociocultural, que separa os países entre América 
Latina e América Anglo-saxônica. 
FONTE: Disponível em: <https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9G-
cSyCtR4ndrm10T80m3dXTCpyEBZRY0JXcBYUB9cc2X5pj_cswYBn6rQkA>. Acesso 
em: 25 nov. 2015.
FIGURA 31 – MAPA DO MÉXICO
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
84
O México distingue-se dos demais países da América do Norte por 
apresentar graves problemassociais. A miséria no campo, as periferias 
empobrecidas nas cidades, o desemprego em massa e os baixos salários 
empurram grande número de mexicanos para os Estados Unidos, onde 
tentam entrar ilegalmente. Para compreender isso é fundamental entender 
o espaço geográfico mexicano, que vem sendo construído, desde a 
independência, em meio a disputas políticas e outras dificuldades. 
A parte norte do território mexicano é extremamente árida. As 
dificuldades de povoamento impostas por esse clima adverso somam-se à falta 
de investimentos em pesquisas e tecnologia, o que dificulta a expansão e a 
modernização das práticas agrícolas. A agricultura nos territórios centrais e do 
sul do país é desenvolvida em relevo extremamente acidentado. 
Os indígenas praticam há séculos uma policultura itinerante de 
autocontrole chamada conuco. Essa técnica consiste no plantio intercalado de uma 
grande variedade de alimentos em pequenas áreas durante aproximadamente 
cinco anos. Após esse período, eles ocuparão outras áreas, onde o conuco é 
reiniciado após a remoção da vegetação original por meio da queimada. A 
agricultura nessas áreas exige técnicas de produção caríssima para os padrões de 
vida da maior parte dos agricultores, nesse caso, somente os ricos fazendeiros são 
beneficiados (BRUMER; PINEIRO, 2005).
O predomínio de deserto no Norte, de montanhas no Centro e de florestas 
no Sul restringe as áreas agrícolas do país, que não ocupam mais que 20% do 
território mexicano. Apesar do pequeno espaço rural, o país tem uma economia 
muito dependente das exortações de produtos agropecuários. Essas exportações 
provêm de grandes fazendas, que ainda adotam o sistema de plantation, elas se 
espalham por todo o país, ocupando terras que outrora pertenciam aos ejidos. 
Antes da chegada dos colonizadores, os ameríndios tinham uma organização 
econômica baseada em ejidos, terras comunitárias voltadas para o autoconsumo. 
Mas esse tipo de exploração agrária praticamente desapareceu em meados do 
século XIX, quando as ricas famílias brancas de origem europeia se apropriaram 
da maioria das terras e as transformaram em latifúndios (PALÁCIOS, 2008).
Consequentemente, no começo do século XX, a situação dos camponeses 
era tão dramática que muitos morriam de fome. Diante disso, no Norte e no Sul 
do país surgiram grupos revoltosos liderados, respectivamente, por Pancho Villa 
e Emiliano Zapata. Esses líderes conseguiram retomar muitas terras e reorganizar 
os ejidos, mas acabaram assassinados.
FONTE: Disponível em: <http://larybispo.blogspot.com.br/2011/08/geografia.html>. Acesso em: 
25 nov. 2015.
TÓPICO 1 | MÉXICO
85
Os novos ejidos, em sua maioria foram criados em terras de baixa qualidade, 
geralmente montanhosas, e não conseguiram competir com os latifundiários, quase 
sempre localizados em terras planas e mais férteis. Além disso, os ricos fazendeiros 
sempre tiveram à sua disposição financiamento barato, oferecido pelo governo. 
Com esse dinheiro puderam comprar máquinas e aumentar a produtividade 
de suas grandes propriedades, conhecidas como haciendas. A desvantagem em 
relação às haciendas fez muitos camponeses abandonarem os ejidos, apesar das 
tentativas do governo mexicano de incentivar também esse tipo de produção. 
Afinal, ao contrário dos poderosos fazendeiros, os pequenos agricultores não 
têm garantias para oferecer aos bancos em troca da liberação de financiamento. 
Apesar dessas dificuldades, os ejidos têm grande importância para o México, pois 
graças a essas propriedades coletivas, 25% da população economicamente ativa 
– PEA, ainda atua no setor primário da economia, a agricultura. Boa parte dessa 
mão de obra é formada por descendentes de indígenas, que produzem alimentos 
para consumo próprio usando a técnica do conuco (PALÁCIOS, 2008).
2 TERRITÓRIO E POPULAÇÃO
Com cerca de 122,3 milhões de habitantes, segundo dados do Banco 
Mundial, a população está localizada no território de 1.967.183 km². Os 
mexicanos encontram-se distribuídos de forma irregular, cerca de 75% da 
população vive no Planalto do México, que apresenta solos férteis de origem 
vulcânica e climas que favorecem a ocupação humana. No planalto está 
localizada a Cidade do México, capital do país. É o mais populoso centro 
urbano da América e uma das mais problemáticas regiões metropolitanas 
do mundo. 
O Planalto do México é cercado por formações geológicas de maior altitude, 
que são prolongamentos das Montanhas rochosas e recebem as denominações 
de Serra Madre Oriental, a leste. O clima frio nos trechos mais elevados inibe a 
ocupação humana. No Nordeste do país, a presença de desertos contribui para 
as baixas densidades demográficas da região. Como mostra o mapa de relevo do 
México (TAMDJIAM, 2012).
FONTE: Disponível em: <http://claudiatorales.blogspot.com.br/2012/11/mexico-entre-os-paises-
ricos-e-os.html>. Acesso em: 25 nov. 2015. 
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
86
FIGURA 32 – RELEVO DO MÉXICO
FONTE: Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_WNDKb5khza8/ShC-bydJPMI/
AAAAAAAAAKk/b3iuDf4VEw8/s320/Imagem+024.jpg>. Acesso em: 25 nov. 2015. 
A população do México é muito heterogênea, mas a herança dos 
ameríndios é visível. Cerca de 60% dos mexicanos são mestiços de indígenas com 
europeus. As nações indígenas estão concentradas principalmente no interior do 
país. Elas representam 29% da população e falam mais de 60 idiomas. O processo 
de concentração de terras nas mãos de poucos proprietários afetou duramente as 
comunidades indígenas. Vítimas de violência e de exploração por parte de grandes 
fazendeiros, muitos indígenas têm buscado moradia nas periferias das grandes 
cidades, sobretudo na Cidade do México. A população de origem exclusivamente 
europeia é minoria, corresponde a apenas 11% dos mexicanos. Observe o quadro 
da população urbana e rural. Ele mostra o ritmo de urbanização que o México 
apresentou nos últimos 200 anos.
TÓPICO 1 | MÉXICO
87
FONTE: Proyección demográfica de México 1980-2050. Em Jan Bazant (Conapo, “Proyecciones 
de Poblaciónde México 2005 – 2050”. Edición 2006, p. 21-22).
TABELA 1 – PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO DO MÉXICO 2005-2050
Como se pode notar, só na década de 1990 o êxodo rural passou a fazer 
parte marcante da vida dos mexicanos. Atualmente, o processo de urbanização 
está muito acelerado, à semelhança do que ocorreu há algumas décadas em outros 
países, inclusive no Brasil. As cidades mexicanas estão crescendo rapidamente 
pela oferta de empregos nas áreas industriais e em serviços, como no caso da 
cidade de Tampico, Pozo Raso e Mérida, no litoral do Golfo do México, que 
se expandiram em função das indústrias petrolíferas e alimentícia, que geram 
milhares de empregos. Mas, certamente o que chama a atenção no país é a sua 
capital, uma das maiores cidades do mundo. A área metropolitana da Cidade do 
México abriga nada menos que 25% da população do país. Sua população total 
ultrapassa a casa dos 20 milhões de habitantes (PALÁCIOS, 2008).
Projeção da população do México 2005-2050
Ano População (milhões) Taxa de crescimento (%)
Urbano 
(%)
Rural 
(%)
1980 66,846 3,15 66,3 33,7
1990 81,246 2,43 71,3 28,7
2000 97,361 1,85 77,1 22,9
2005 103,947 1,45 77,8 22,2
2010 108,396 1,28 78,5 21,5
2015 112,310 1,14 79,1 20,9
2020 115,762 1,01 79,7 20,3
2030 120,928 0,69 80,3 19,7
2040 122,936 0,38 80,8 19,2
2050 121,855 0,12 81,2 18,8
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
88
FONTE: Disponível em: <http://s2.glbimg.com/lpAhm1Wg4woncFgFJLYL0pHwjZY=/s.
glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/06/11/foto5.jpg>. Acesso em: 25 nov. 2015.
FIGURA 33 – CIDADE DO MÉXICO
Curiosidade: Uma grande cidade com grandes problemas
Os arquitetos Silvia Mejia e Juan Carlos Espinosa Cuock desenvolveram um interessante 
trabalho sobre a Cidade do México. Eles estudaram os motivos para o crescimento tão 
acelerado dessa gigantesca região metropolitana. O estudo constatou que a cidade se 
expandiu à medida que se avolumaram osproblemas no campo mexicano. O pequeno 
agricultor empobrecia e abandonava o campo para buscar trabalho nas indústrias que 
surgiam rapidamente na capital. Antigamente, a cidade do México era cercada por lagos e 
pântanos. Por isso, ao se expandir, construíram-se aterros, sobre os quais se ergueu grande 
parte das moradias, inclusive irregulares. Essas áreas aterradas formam hoje gigantescos 
bairros periféricos. Esses aglomerados de casas e outras construções, em grande parte 
desprovidas de infraestrutura, forma a maior periferia urbana do mundo. 
O crescimento desenfreado da Cidade do México deparou-se com outra particularidade 
geográfica na periferia, além dos terrenos pantanosos. Muitas montanhas e vulcões cercam 
a cidade. Esse relevo montanhoso que pode superar os 2 mil metros de altitude, dificulta 
bastante a dispersão da poluição. Por isso, a fuligem e a fumaça frequentemente ficam 
acumuladas sobre a capital, degradando muito a qualidade do ar e da vida. 
UNI
TÓPICO 1 | MÉXICO
89
FONTE: Disponível em: <http://top10mais.org/top-10-maiores-favelas-mundo/#ixz-
z3rHRhSbOH>. Acesso em: 25 nov. 2015.
Mas, há outras grandes cidades mexicanas. Além de Monterrey, 
Guadalajara e Puebla, que já eram centros importantes, observamos agora 
o crescimento de cidades na fronteira com os Estados Unidos. Nessa região, 
destacam-se Tijuana e Juárez. Cada uma dessas cidades tem cerca de dois milhões 
de habitantes, e sua população cresceu após a instalação de maquiladoras.
A favela Neza cresceu em 1990, e atualmente é uma das maiores 
favelas do mundo, possui dificuldade em atender ao aumento da quantidade 
habitacional e despesas pelas mudanças. O governo mexicano se esforça 
para criação de ambiente mais sustentável, em colaboração a organizações 
como Infonavit, com habitação acessível em crescimento.
FONTE: Disponível em: <http://top10mais.org/top-10-maiores-favelas-mundo/#ixzz3rHRhSbOH>. 
Acesso em: 25 nov. 2015.
Também conhecida pelo nome de Ciudad Perdida, Neza-Chalco-Izta 
fica na Cidade do México e é uma mega favela com população estimada 
em 4 milhões de habitantes. A comunidade começou a se formar a partir 
dos anos 1900, quando novas zonas industriais foram se estabelecendo na 
cidade, e hoje a maioria dos residentes tem acesso ao abastecimento de 
água, energia e saneamento básico, embora a qualidade desses serviços seja 
motivo de grande debate.
FONTE: Disponível em: <http://www.megacurioso.com.br/economia/46920-confira-alguns-
exemplos-de-mega-favelas-que-existem-pelo-mundo.htm>. Acesso em: 25 nov. 2015.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
90
FONTE: Disponível em: <http://www.wissenladen.com/maps/map.php?Mexico&id=149&ln=en>. 
Acesso em: 25 nov. 2015.
FIGURA 34 – MAPA LOCALIZAÇÃO DAS PRINCIPAIS CIDADES MEXICANAS
Na década de 1960, na região fronteiriça com os Estados Unidos, foi criada 
uma zona franca para atrair capital estrangeiro. O objetivo era ampliar o parque 
industrial mexicano, com apoio de uma legislação especial, o que garantiu menores 
impostos e facilidades para exportar a produção para os Estados Unidos. Foi daí 
a origem de um novo tipo de fábrica, conhecida como a indústria maquiladora, 
elas recebem peças fabricadas nos Estados Unidos e montam o produto final. 
As grandes cidades abrigam mais de 70% da população mexicana. As 
maiores densidades demográficas ocorrem nas cidades do centro e do litoral 
do país. Elas contrastam com o norte árido e o sul florestado, que são menos 
povoados.
TÓPICO 1 | MÉXICO
91
FIGURA 35 – MAPA DA DENSIDADE DEMOGRÁFICA DO MÉXICO
FONTE: Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/40/Mexico_
estados_densidad.png/640px-Mexico_estados_densidad.png>. Acesso em: 25 nov. 2015.
A urbanização permitiu uma melhoria nas condições médico-sanitárias, 
e promoveu uma queda acentuada das taxas de mortalidade, o que acelerou o 
crescimento vegetativo do país. O rápido processo de urbanização não é o único 
fator gerador de grandes necessidades de serviços básicos. Contribui para o 
aumento dessa demanda a existência de um elevado percentual de jovens, que 
evidentemente necessitam de escolas e universidades, entretanto, nem sempre 
essas carências estruturais são sanadas. Apesar da urbanização acelerada, 
persistem no México graves problemas sociais. No Sul, no estado de Chiapas, há 
uma grande carência de serviços básicos, como rede elétrica e de água e esgoto, 
coleta de lixo, asfaltamento de ruas, construção de escolas e hospitais. 
Essa situação de atraso e de injustiça social que caracteriza algumas 
comunidades gera conflitos. Existem grupos sociais, muitos dos quais, armados, 
que lutam por seus direitos em muitas regiões do país. Um dos mais conhecidos 
é o Exército Zapatista de Libertação Nacional – EZLN, que atua em Chiapas, um 
dos estados mais pobres do México. O EZLN se mantém em constante prontidão 
contra as injustiças cometidas pelo governo mexicano que atingem a população 
indígena da região. Sem nenhuma infraestrutura e constantemente expulsos de 
suas terras, os indígenas zapatistas enfrentam as tropas do exército mexicano 
desde 1º de janeiro de 1994. Vivendo nas montanhas florestadas de Chiapas, o 
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
92
3 ENTRE PAÍSES RICOS E ENTRE PAÍSES POBRES
A economia mundial passou por profundas mudanças nas décadas de 
1980 e 1990. A mais notável foi o colapso da União Soviética, que afetou quase 
todos os países socialistas. Nessa época, a Rússia, a maior e mais importante das 
ex-repúblicas soviéticas, iniciou uma rápida transição para o capitalismo. Chegava 
ao fim a Guerra Fria, marcada pela bipolaridade mundial entre o capitalismo e o 
socialismo. Ao mesmo tempo em que o bloco socialista se desintegrava, muitos 
países asiáticos, especialmente o Japão, transformavam suas economias em 
plataformas de exportação e inundavam o mundo com mercadorias baratas. 
Muitos países tiveram de se preparar para essa nova situação, o 
capitalismo havia se transformado num sistema econômico planetário e a 
concorrência internacional era acirrada pelo bom desempenho da Ásia. Como 
parte da preparação para enfrentar grandes disputas no comércio internacional, 
vários países formalizaram parcerias entre Si. Os Estados Unidos e o Canadá, 
por exemplo, iniciaram conversações para unificar seus mercados consumidores. 
Isso permitiria que as mercadorias produzidas por suas empresas concorressem 
livremente, porém num mercado consumidor menor, os dois países somam 
mais de 330 milhões de habitantes e com alto poder aquisitivo, essa parceria foi 
efetivada em 1988, quando norte-americanos e canadenses estabeleceram um 
acordo de liberalização comercial. Foi o primeiro passo para a implementação do 
Acordo de Livre Comércio da América do Norte – NAFTA, uma vez oficializado, 
o Nafta permitiria a livre entrada de produtos canadenses nos Estados Unidos e 
vice-versa. (CHALOUT, 2000)
Poucos anos depois de 1992, o Nafta recebeu a adesão do México. Em 
1º de janeiro de 1994 passou a vigorar. Seu pleno funcionamento se daria num 
prazo máximo de 15 anos, quando desapareceriam todas as barreiras comerciais 
entre os três países-membros, ou seja, nesse estágio nenhum produto mexicano, 
canadense ou dos EUA pagaria tarifas alfandegárias para ingressar nos outros 
dois países e vice-versa. 
Num primeiro momento, foram eliminadas as tarifas alfandegárias sobre 
veículos, autopeças, computadores, tecidos e produtos agrícolas. Desse modo, 
tais produtos ficaram mais baratos no interior do Nafta. Esse barateamento 
aumentou as vendas dessas mercadorias, criando mais empregos e desenvolvendo 
a economia em geral. 
EZLN colabora com a população da região para superar a falta de saneamento 
básico, saúde pública, educação, transporte e trabalho. Muitos zapatistas mantêm-
se no anonimato para evitar perseguições por parte do governo mexicano. Os 
líderes andam encapuzados, evitando mostrar o rosto. 
TÓPICO 1 | MÉXICO
93Alguns especialistas acreditam que o Nafta ajudou as empreses de seus 
países-membros a aprimorarem sua produção, ao intensificar o comércio regional, 
afinal, essas empresas passaram a investir em tecnologia e na abertura de novos 
pontos de venda para conquistar os consumidores de seus vizinhos-parceiros, as 
empresas do Nafta também teriam se tornado mais capacitadas para enfrentar a 
concorrência com os asiáticos. 
Por outro lado, há análises que acusam o Nafta de rebaixar o México 
e o Canadá a meros fornecedores e consumidores dos Estados Unidos, cujas 
gigantescas e modernas corporações empresariais são imbatíveis como 
concorrentes. De fato, os Estados Unidos têm grande interesse nos abundantes 
recursos naturais do Canadá, mas, e quanto ao México?
Inicialmente no México ocorreu uma euforia devido à abertura do mercado 
consumidor estadunidense aos produtos do país latino. Mas em poucos anos a 
realidade mostrou-se outra. Uma parcela considerável das empresas mexicanas 
foi comprada ou incorporada por gigantescas transnacionais norte-americanas, 
muito mais ricas e detentoras de avançadas técnicas de produção. Isso fez 
com que o desemprego aumentasse no México, apesar das maquiladoras, cujos 
empregos geralmente são braçais e mal remunerados. Na agricultura, a situação 
é ainda mais preocupante, o México passou de exportador de milho e algodão a 
importador desses produtos. Ocorre que o milho e o algodão estadunidenses são 
subsidiados (TAMDJIAN, 2012).
Desse modo, apesar de seus produtos entraram livremente nos 
Estados Unidos, os agricultores mexicanos não conseguem competir com os 
estadunidenses, cujos produtos agrícolas, além de melhores, ficam mais baratos 
devido ao subsídio.
O subsídio se trata de um benefício, um valor de dinheiro em circulação fixado 
e concedido pelo Estado, ou outra corporação, para uma obra de interesse público ou que 
beneficie este, e que represente papel importante para a economia do país.
DICAS
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
94
4 A MIGRAÇÃO DOS MEXICANOS 
PARA OS ESTADOS UNIDOS
A migração está associada de maneira indissolúvel ao movimento e 
ao deslocamento espacial e, nesse sentido, é uma característica nata nos seres 
humanos. No entanto, sua organização implica a formação e reestruturação 
constante de delimitações territoriais, formando processos de identidade social 
no interior das mesmas e de diferenciação com relação aos espaços externos. Tais 
delimitações podem ser cidades, regiões ou continentes, mas a divisão política em 
países ou estados nacionais configurou espaços de reprodução social no interior 
destes, de atração da população proveniente de outros espaços, de regulação para 
a entrada e saída de pessoas de uma determinada população etc. Os fluxos são 
estimulados ou repelidos em função das circunstâncias específicas das sociedades 
e das políticas exercidas. (DIAS, 2007 )
Para Mendes (2013) a migração internacional está ligada às enormes 
desproporcionalidades existentes entre os países, que foram agravadas pelas 
assimetrias e crises econômicas apresentadas por países de baixo desenvolvimento. 
Se no país de origem as dificuldades econômicas fazem aumentar a pobreza e 
a marginalização, então as correntes migratórias se orientam na direção de 
países nos quais existam maiores oportunidades de emprego e investimentos. 
Ainda assim, mesmo que haja crescimento econômico em determinado país, a 
insuficiente geração de empregos contribui para a migração de pessoas em busca 
de melhores condições de vida. 
Um problema social com reflexos diretos na queda do índice de 
crescimento demográfico é a emigração, legal e ilegal para os Estados 
Unidos. Na década de 1990, o número de migrantes para o país vizinho 
cresceu 97% e durante os três primeiros anos do novo século 13%. As 
estatísticas oficiais mostram que o México perde aproximadamente 300 mil 
pessoas por ano, em sua maioria jovens em idade de ter filhos. Porém, as 
pessoas que estão em condições de ilegalidade são consideradas a partir 
das remessas de dinheiro que esses imigrantes enviam para as famílias que 
permaneceram no país. 
FONTE: Disponível em: <http://claudiatorales.blogspot.com.br/2012/11/mexico-entre-os-paises-
ricos-e-os.html>. Acesso em: 25 nov. 2015. 
TÓPICO 1 | MÉXICO
95
Um imenso muro cobre boa parte da fronteira entre o México e os 
Estados Unidos, é uma representação física das separações entre mundo 
desenvolvido e o subdesenvolvido. Quem tenta entrar no país rico pode 
ter um destino muito mais severo do que apreensão e posterior deportação. 
FONTE: Disponível em: <http://docplayer.com.br/2693288-Imigracao-ilegal-nos-estados-unidos-
uma-analise-conjuntural-a-partir-de-uma-perspectiva-historica.html>. Acesso em: 25 nov. 2015. 
Diante das deportações e do rigor do controle da fronteira, ao longo dos 
anos revelou-se imparável a imigração ilegal provinda do México, dificultado a 
entrada até mesmo de imigrantes legais, que passaram a ser dificultadas pelas 
autoridades norte-americanas ao máximo quanto a concessão de vistos, e mesmo 
de turistas, a cidadãos mexicanos (DIAS, 2007).
Outro fator da deportação são as condições de circulação que os imigrantes 
vivem, num estado de permanente angústia, temendo as rusgas nos locais de 
trabalho, ou o encontro de um agente de imigração em algum local, o que levará 
ao transporte a um centro de detenção e a uma ordem de deportação. Esta situação 
é em especial dolorosa para aqueles que têm família constituída e mesmo filhos 
nascidos nos Estados Unidos.
Historicamente, devido à proximidade geográfica e às diferenças sociais 
existentes entre os dois países, em 1848, quando os Estados Unidos ainda não se 
preocupavam com a imigração ilegal, a anexação americana de parte do território 
do México concedeu cidadania a 80.000 mexicanos. Isto ocorreu através do 
Tratado de Guadalupe Hidalgo, que encerrava uma guerra entre os dois países 
e destinava uma área de 1,36 milhões km² mexicanos para os Estados Unidos. 
Outra leva de mexicanos migrou para os Estados Unidos em 1910, quando 
aconteceu a Revolução Mexicana. O programa Bracero, instaurado na época da 
Segunda Guerra Mundial, também foi responsável por levar imigrantes aos 
Estados Unidos.
Em relação aos números em 1927 o Secretário do Trabalho americano 
estimou que haveria, na época mais de 1 milhão de mexicanos ilegais no país. 
O processo de entrada era facilitado pois não havia tanta proteção na fronteira. 
Já em 1980 o valor estimado varia entre 1 e 2 milhões de migrantes. Os dados 
apontam que em 2010, aproximadamente 62% dos 10,8 milhões de imigrantes 
ilegais são mexicanos, isso representa 6.650.000 de migrantes do México. Como 
exemplifica a imagem a seguir.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
96
A fronteira dos Estados Unidos com o México possui mais de 3,1 mil km 
de extensão, este território se estende por quatro estados americanos: Califórnia, 
Novo México, Arizona e Texas, sendo esse último aquele com maior área de 
fronteira e postos de entrada legal. Do lado mexicano, são seis estados: Baja 
California, Sonora, Chihuahua, Coahuila, Nuevo León e Tamaulipas, esses estão 
entre os mais desenvolvidos economicamente do México. 
Cerca de um terço do total da fronteira entre os dois países possui 
uma cerca dividindo as nações, entretanto, a cerca segue sendo construída. A 
fronteira também apresenta uma grande quantidade de obstáculos geográficos 
que dificultam a transição entre os países, como o Rio Grande, que atua como 
fronteira natural entre o Texas e alguns estados mexicanos, e o Rio Colorado. 
Além deles há o deserto Soronan que se estende pela Califórnia e Arizona, trata-
se de um dos desertos mais quentes do continente. 
O migrante busca por uma melhor condição de vida que trará a ele 
bem-estar social, bem como à sua família, em determinados casos, 
sendo este um fator crucial na tomada de decisão. O IDH é um meio 
de se compreender o que motiva a transposiçãoda fronteira e neste 
caso, de modo especial, demonstrar a existência de dois extremos: o 
mundo desenvolvido, representado pelos Estados Unidos e o mundo 
subdesenvolvido, representado pelo México [...].
FIGURA 36 – MIGRAÇÃO DE MEXICANOS PARA OS ESTADOS UNIDOS
FONTE: Disponível em: <http://www.elindependiente.mx/fotos_notas/Incrementa26_
notaw_291214.jpg>. Acesso em: 25 nov. 2015.
TÓPICO 1 | MÉXICO
97
Tendo em vista o infográfico divulgado pelo Relatório de 
Desenvolvimento Humano, do ano de 2009, observa-se uma nítida 
diferença entre o desenvolvimento humano nas municipalidades que 
fazem fronteira entre os Estados Unidos e o México. Em Starr (0,766 
IDH), no Estado do Texas, o índice é maior do que o maior índice das 
cidades mexicanas que fazem fronteira, sendo que o maior existente no 
lado referente ao território mexicano, se encontra na capital do Estado 
da Baixa Califórnia, Mexicali (0,757 IDH). (MIRANDA; ANDREOZZI, 
2013, p. 916-917).
No que diz respeito à plataforma salarial, o trabalhador mexicano 
emigrante pode ganhar por hora o equivalente ao que antes ganhava por dia no 
seu país. O salário mínimo no México varia de região para região, mas o mais alto 
corresponde a dólares dos Estados Unidos USD 4,40 por dia. Quanto às áreas de 
intensa concentração de mexicanos nos Estados Unidos, como no Arizona, não 
existe legislação sobre salário mínimo, mas este é de USD 5,15 por hora no Texas 
e no Novo México.
FIGURA 37 – DIFERENÇAS DO IDH MUNICIPAL NA FRONTEIRA ENTRE OS ESTADOS UNIDOS E 
O MÉXICO
As fronteiras fazem a diferença
IDH em zonas fronteiriças dos Estados Unidos e do México, 2000
FONTE: UNDP (2009 apud MIRANDA; ANDREOZZI, 2013, p. 917).
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
98
Em 2005, o México apresentava-se sendo a região de menor 
escolaridade entre os imigrantes dos Estados Unidos. 49% dispunha de 
10 séries ou menos de estudos, 35% tinha 10 a 12 séries e somente 15,2% 
contavam com estudos técnicos superiores, universitários ou de pós-
graduação (Conapo, 2008). 
Apesar da maior parte dos mexicanos que emigram contar com 
baixa escolaridade, o impacto relativo da migração é maior nos estratos 
educacionais mais elevados. O Conselho Nacional de População (2008) 
Os mexicanos ocupam o primeiro lugar em incidência de pobreza 
entre a população migrante nos Estados Unidos (22%); assim como em 
proporção de população sem previdência social e, junto com os centro-
americanos, os únicos em que esta proporção é majoritária (Conapo, 2008).
FONTE: Disponível em: <http://www.kas.de/wf/doc/9234-1442-5-30.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2015.
Região de nascimento Educação secundária completa ou mais
CPS 2004
Educação superior 
completa ou mais
América Latina 49,7 11,5
Caribe 69,5 19,5
América Central 38,8 6,1
México (2000) 29,8 4,3
América do Sul 80,6 29,7
Estados Unidos 88,3 27,8
FONTE: Censo Nacional de População 1990 e 2000. Current Population Survey, 2004.
A população mexicana nos Estados Unidos tem por característica 
dispor de níveis de instrução inferiores aos dos migrantes das demais 
regiões da América Latina, que, por sua vez, são inferiores aos da população 
nativa dos Estados Unidos. Segundo o Current Population Survey dos Estados 
Unidos, de 2004 (citado pela CEPAL, 2006), encontra-se o seguinte perfil 
no qual se observam especificamente as baixas proporções de migrantes 
mexicanos com educação superior ao ensino médio ou curso universitário.
TABELA 2 – EUA: PERCENTUAL DE NASCIDOS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE DE 25 ANOS 
DE IDADE OU MAIS, POR REGIÃO DE NASCIMENTO E ÚLTIMO NÍVEL EDUCACIONAL 
APROVADO 2004
TÓPICO 1 | MÉXICO
99
assinala que, da população mexicana de 25 a 44 anos de idade, com 12 ou 
mais anos de escolaridade, 22,5% reside nos Estados Unidos.
Para Escobar Latapí (2007), 19% dos homens mexicanos com 
mestrado e 29% das mulheres com esse nível de escolaridade estão nos 
Estados Unidos. No caso de mexicanos com doutorado, as proporções 
respectivas são de 32 e 39%. Apesar de a baixa escolaridade ser característica 
da migração mexicana para os Estados Unidos, o mesmo não acontece 
com outros destinos. Por exemplo, 29,7% dos migrantes mexicanos para o 
Canadá maiores de 15 anos conta com educação superior. (www.oecd.org).
Nesse sentido, os mexicanos têm seus salários 38% menores que 
a média nacional, 6% menores que os salários dos trabalhadores centro-
americanos e menos da metade que os dos canadenses (51,7%). A migração 
tem um componente econômico central. Dos emigrantes procedentes dos 
estados com menor desenvolvimento, do sul e sudeste do país, 85% recebia 
renda menor que três salários mínimos que em 2007 era em torno de 150 
dólares mensais, enquanto que o limite superior do estrato de menor renda 
nos Estados Unidos é em torno de onze vezes maior ao salário mínimo 
mexicano. 
De acordo com a União de Bancos Suíços, em 2006 o nível geral 
de preços era 33,9% menor no México que em Los Angeles e em Chicago 
(UBS, 2006). Desta maneira, um diferencial de renda de mais de 1100% 
com relação ao salário mínimo, ou ainda de 367% em comparação com a 
maioria dos mexicanos que ganha até três salários mínimos, resulta em um 
incentivo enorme para se arriscar em um processo migratório, apesar de 
todos os custos e riscos que isso representa.
Atualmente, 20% da força de trabalho mexicana nos Estados Unidos 
trabalha no meio rural. Devido à mecanização agrícola e à redução do 
uso de força de trabalho. No entanto, a agricultura daquele país tende a 
empregar força de trabalho mais vulnerável e em condições de trabalho 
mais precárias, o que facilitou o processo de indigenização mexicana da 
força de trabalho na agricultura norte-americana. Apesar da redução do 
setor agrícola como destino da migração mexicana, 77% dos trabalhadores 
agrícolas nos Estados Unidos são mexicanos e outros 9% são de origem 
méxico-americana (DURAND, 2003). 
Neste contexto, Durand (2003) explica que esta concentração 
mexicana no setor agrícola norte-americano acontece através de seis 
características: baixo custo (renda inferior a 50% da dos trabalhadores 
nativos), temporalidade (pelo tipo de migração utilizada), juventude (49,3% 
menores de 25 anos e 20% entre 25 e 29 anos), capacitação (conhecimento 
de terras, plantas e manejo manual das mesmas), mobilidade (aceitação 
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
100
de trabalhar como nômades em condições de aglomeração) e o fato de 
não ter documentos, que faz com que aceitem condições de trabalho mais 
arriscadas, precárias e mal pagas. 
A mudança na estrutura de emprego no México, em detrimento 
do setor agropecuário, favoreceu a mudança da origem territorial dos 
migrantes, aumentando aqueles provenientes dos estados mais pobres 
e agrícolas. Assim, a maior parte dos emigrantes mexicanos provinha 
historicamente da zona central do país, mas recentemente intensificou-se 
a migração a partir do sul e tende a se universalizar por todo o território 
mexicano, em concomitância com a diversificação das atividades de destino. 
De fato, o esgotamento da força de trabalho agropecuária do México 
favoreceu o início de um auge na contratação de trabalhadores da América 
Central nas grandes propriedades da fronteira sul do México, em especial 
no estado de Chiapas.
O QUE É A ‘INJEÇÃO ANTI-MÉXICO’, QUE IMIGRANTES CENTRO-
AMERICANAS TOMAM RUMO AOS EUA
Alberto Nájar
BBC Mundo, na Cidade do México
MULHERES SÃO ACONSELHADAS A TOMAREM PÍLULAS PARA EVITAR 
GRAVIDEZ ORIUNDA DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO TRAJETO PARA OS EUA
FONTE: BBC BRASIL
FONTE: Disponível em: <http://www.kas.de/wf/doc/9234-1442-5-30.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2015.
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 1 | MÉXICO
101
O conselho passa boca a boca entre as imigrantes da América Central que 
querem viajar para os Estados Unidos: antes de entrar no México, é recomendável 
tomar um anticoncepcional de efeito prolongado. A medida é uma tentativa 
desesperada para prevenir a gravidez indesejada depois dasagressões sexuais 
que muitas delas sofrem no caminho para o território americano.
Todo ano, cerca de 45 mil mulheres centro-americanas entram no México 
sem documentos imigratórios. De todas elas, 70% sofre algum tipo de abuso 
sexual, conforme denunciou a ONG Anistia Internacional. Tal estatística contrasta 
com os números divulgados pelo governo mexicano. Segundo o secretário de 
Governo, Miguel Osorio Chong, o número de agressões aos imigrantes "foi 
reduzido significativamente".
Mas não é apenas a Anistia Internacional que discorda das informações 
oficiais. Entidades como o Centro de Assistência a Imigrantes Retornados, em 
Honduras, também afirmam que a violência sexual contra mulheres imigrantes 
tem aumentado. "A violência não diminuiu; ao contrário, aumentaram as 
agressões às mulheres", disse à BBC Valdette Willemann, uma das responsáveis 
pela organização.
Por tudo isso, o conselho que circula entre as mulheres imigrantes é 
sempre o de tomar a pílula antes de viajar. O método mais usado é a aplicação do 
Depo-Provera, um anticoncepcional que as protege por três meses. Na América 
Central, essa pílula é chamada de "injeção anti-México".
O uso de anticoncepcionais entre as imigrantes para "atenuar" de 
alguma forma a violência sexual é uma prática comum não só entre mulheres 
adultas, como também em adolescentes. Às vezes, são os próprios traficantes de 
pessoas, conhecidos como "coiotes", que aconselham todas elas a tomarem esses 
medicamentos. O aviso é repetido ao longo de toda a rota até o norte.
E desde o início, muitas mulheres assumem que as agressões sexuais 
"fazem parte dos custos da viagem para o México". Recentemente, organizações 
apresentaram um relatório sobre as mulheres em situação de imigração. O 
documento destaca, entre outras coisas, que algumas imigrantes se veem 
obrigadas a ter relações sexuais como um "requisito" para cruzar a fronteira do 
sul do México. "Temos ouvido muitos depoimentos de mulheres imigrantes que 
decidem, por elas próprias, pagar esse preço para não serem sujeitadas à violência 
sexual durante o trajeto", disse Perseo Quiroz, diretor da Anistia Internacional do 
México.
Frequentemente, os agressores são agentes do Instituto Nacional de 
Migração (INM), que pertence ao governo mexicano – e também existem 
denúncias de abusos de policiais e militares. Os "coiotes", membros de gangues e 
moradores de aldeias por onde passam as centro-americanas no trajeto também 
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
102
cometem abusos, segundo as denúncias. Ataques ocorrem em praticamente 
todo o país, ainda que organizações civis e autoridades tenham identificado 
alguns pontos específicos que são mais perigosos. Um desses é o corredor entre 
Huehuetenango, na Guatemala, e Comitán, em Chiapas, no México. Nesta zona, 
abusos, roubos, extorsões e sequestros são frequentes. A área é uma das rotas que 
recentemente voltou a ser utilizada depois de o governo mexicano ter aumentado 
a vigilância nas regiões tradicionais do trajeto, como Tapachula e Ciudad Hidalgo, 
em Chiapas. Todo mês, segundo Diana Damián Palencia, diretora da ONG Foca, 
há registros de quatro ou cinco assassinatos de mulheres.
As vítimas são abandonadas em um fosso que conecta o município de 
Frontera Comalapa, em Chiapas, com Huehuetenango. O caminho se chama, 
paradoxalmente, "Gracias a Dios" (Graças a Deus).
Há mais de uma década existem denúncias sobre abusos sexuais a 
mulheres imigrantes em território mexicano. As autoridades criaram programas 
para combater os abusos a pessoas sem documentos imigratórios, como o "Plano 
Fronteira Sul". Mas as agressões não pararam. Não se sabe o número exato de 
ataques que ocorrem no país, pois a maioria das vítimas não presta queixa. Além 
disso, outro problema é que a maioria dos casos que chega às autoridades fica 
impune, segundo a Anistia Internacional. "É preciso que haja proteção efetiva e 
punição aos responsáveis pelas violações dos direitos humanos, principalmente 
para a violência contra as mulheres imigrantes no México", insiste Quiroz. Mas o 
secretário Osorio Chong diz o contrário. Nos municípios onde se aplica o Plano 
Fronteira Sul "as agressões diminuíram em 35%", ele garante. "Em menos de um 
ano, temos resultados muito satisfatórios a favor dos direitos dos imigrantes que 
nos visitam."
FONTE: BBC do Brasil. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/10/151023_
injecao_anti_mexico_rm>. Acesso em: 25 nov. 2015.
103
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos que:
• O México guarda grandes semelhanças com o nosso país, sobretudo no tocante 
a alguns traços socioeconômicos, destacando o espaço agrário que reflete as 
desigualdades sociais, que são tão gritantes quanto na maioria dos países 
latino-americanos.
• Cerca de 75% da população mexicana vive sobre região de planalto com solos 
férteis de origem vulcânica. 
• A população mexicana está concentrada, em sua maioria, nas cidades centrais 
e litorâneas do país. 
• Do ponto de vista dos sistemas de produção, caracterizamos os dois principais 
sistemas de produção agrícola, os ejidos e as haciendas, relacionando-os com os 
aspectos naturais dos países da América Latina, que podem ser agrupados em 
América Platina, América Andina, Guianas, Brasil, América Central ístmica, 
Antilhas (Grandes e Pequenas) e México.
• Estimativas demonstram que cerca de 300 mil pessoas migram do México em 
direção aos Estados Unidos. 
104
AUTOATIVIDADE
1 Observe a tabela a seguir.
Principais parceiros comerciais em 2010
Países
 
México
 
Canadá
Exportações 
% do valor total das 
transações em dólares
Estados Unidos 73,5%
Canadá 7,5% Estados Unidos 74,9%Reino Unido 4,1%
Importações 
% do valor total das 
transações em dólares
Estados Unidos 60,6%
China 6,6% Estados Unidos 50,4%China 11%
a) O que mostram os dados da tabela referentes aos principais parceiros 
comerciais dos países em questão, inclusive do México?
b) Com base em seus conhecimentos e no tópico estudado, explique por que 
isso ocorre, e a relação com o Nafta.
2 Durante boa parte da década de 1990, as maquiladoras representaram o 
símbolo do suposto milagre econômico do México, sobretudo após a 
implantação do Nafta. O pico da expansão das maquiladoras foi alcançado 
em 2000, quando, no norte do México, ao longo da fronteira com os Estados 
Unidos, chegaram a funcionar cerca de 3 600 fábricas desse tipo. Contando 
com cerca de 1,3 milhão de funcionários, essas empresas exportaram o 
equivalente a US$ 70 bilhões em mercadorias naquele ano. 
Aponte algumas características favoráveis e desfavoráveis geradas 
pela maquiladoras no México.
105
TÓPICO 2
AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A América Central possui aspectos naturais exclusivos, que a diferenciam 
do restante do continente americano. Tem como principal característica o fato 
de que se divide em duas porções, uma continental e outra insular. 
A América Central Continental ou ístmica corresponde a uma estreita 
faixa de terra que liga a América do Norte à América do Sul. É banhada pelos 
oceanos Pacífico, a oeste, e Atlântico, a leste. O Atlântico forma um grande 
mar interior denominado Mar das Antilhas ou do Caribe. A América Central 
Continental é formada por sete países: Guatemala, Belize, Honduras, El 
Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Abrigando no total uma população 
de cerca de 40 milhões de habitantes. Como mostra a figura a seguir.
FIGURA 38 – MAPA DA AMÉRICA CENTRAL 
FONTE: Disponível em: <http://8oanocemilie.blogspot.com.br/>. Acesso em: 25 nov. 2015.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
106
A América Central insular é um conjunto de grandes e pequenas ilhas 
também chamadas de Antilhas ou Caribe. As inúmeras ilhas estão reunidas 
em três grupos: Grandes Antilhas, que inclui Cuba, Jamaica, Porto Rico e a Ilha 
Hispaniola, onde se localizam o Haiti e a República Dominicana. Pequenas 
Antilhas, que inclui Antígua e Barbuda, Dominica,Granada, Santa Lúcia, São 
Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago, Barbados 
e Guadalupe. Bahamas é um arquipélago com mais de 700 ilhas, situado ao 
norte de Cuba. 
FONTE: Disponível em: <http://geonaweb.blogspot.com.br/2010/09/america-central-insular.
html>. Acesso em: 25 nov. 2015.
2 AMÉRICA CENTRAL CONTINENTAL: SEU 
TERRITÓRIO E A SUA POPULAÇÃO
Na porção norte do istmo, na Guatemala, o relevo montanhoso constitui 
um prolongamento da Sierra Madre mexicana. A cordilheira é composta de 
dobramentos modernos, resultantes do choque de placas tectônicas. O choque 
constante entre as placas dá origem a uma intensa atividade tectônica, que se 
manifesta principalmente sob a forma de constantes terremotos e erupções 
vulcânicas. Existem cerca de 80 vulcões em atividade. Alguns desses vulcões 
estão em atividade, e estão em elevadas altitudes, como por exemplo o Tajamulco 
que tem 4220 metros, na Guatemala, e o Barú com 3475 metros, no Panamá. Esses 
vulcões mostram que ainda estão ativas as forças geológicas que criaram o istmo. 
FIGURA 39 – MAPA DAS PLACAS TECTÔNICAS 
FONTE: Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/
imagem/0000001806/0000021652.jpg>. Acesso em: 25 nov. 2015.
Direção das placas
Limites das placas tectônicas
Vulcões ativos
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
107
Em sua porção centro sul, a América Central Continental apresenta as 
montanhas e os vulcões aparecem intercalados com bacias sedimentares recobertas 
de solos muito férteis. Essa extrema fertilidade resulta da composição de rochas 
expelidas pelas atividades vulcânicas mais antigas. Indícios de erupções passadas 
são encontrados em alguns sítios arqueológicos, cujos fósseis estão carbonizados. 
Os solos férteis são mais abundantes nas costas voltadas para o Oceano Pacífico, 
onde os derramamentos de lava vulcânica foram maiores. Os solos vulcânicos 
permitem uma diversificada agricultura, entre os cultivos se destacam os de cana-
de-açúcar e banana. Nos planaltos do istmo, encontra-se uma importante área de 
plantio de café. Nos litorais banhados pelo Mar do Caribe, encontram-se imensos 
manguezais. Eles se formam em locais onde pequenos rios encontram o mar, 
geralmente em praias de águas calmas. Ainda próximo aos litorais encontram-se 
as florestas tropicais, com uma extraordinária diversidade biológica de formação 
vegetal, favorecidas pelas chuvas constantes trazidas pelos ventos marítimos. 
A rica diversidade vegetal causa a destruição para exploração de madeira, 
muitas áreas de florestas são derrubadas ilegalmente para dar lugar a atividades 
agropecuárias como ocorrem em outras partes do mundo. Para conter essa 
devastação, que já comprometeu grande parte da vida natural da região, diversos 
países do istmo criaram parques nacionais: as áreas preservadas somam 25% da 
cobertura vegetal natural da América Central. 
FIGURA 40 – IMAGEM DE SATÉLITE RESSALTANDO OS ASPECTOS FÍSICOS DO ISTMO DA AMÉRICA 
CENTRAL
FONTE: Disponível em: <http://www.geografiaparatodos.com.br/img/mapas_fisicos/america_
central_fisico.jpg>. Acesso em: 25 nov. 2015.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
108
O país mais populoso é a Guatemala, com aproximadamente 15,47 
milhões de habitantes, cerca de um terço da população da América Central. 
A maior densidade demográfica ocorre na costa do Pacífico, onde a presença 
de planaltos com solos férteis e clima tropical úmido favoreceu a concentração 
populacional. Nessas áreas são encontradas as principais cidades da América 
Central Continental, as capitais: Guatemala na Guatemala, São José na Costa 
Rica, San Salvador em El Salvador, e Manágua na Nicarágua. No litoral do Mar 
das Antilhas os reduzidos índices de densidade demográfica devem-se, em 
parte, ao predomínio de florestas tropicais. 
A composição étnica da população da América Central Continental é 
resultante da miscigenação de indígenas e espanhóis, os principais colonizadores 
da região. Isso pode ser observado na população de El Salvador, Honduras, 
Nicarágua e Panamá. Por exemplo, na Guatemala, mais da metade da população 
é constituída por indígenas. Em Belize e na Costa Rica predominam indivíduos 
brancos de origem europeia. É significativa uma pequena porcentagem de 
descendentes dos africanos, que foram trazidos como escravos para trabalhar 
no sistema de plantations na conta atlântica. 
Nesse sentido, cabe ressaltar o processo de colonização da América 
Central, que tinha a função de proporcionar riqueza às metrópoles. Assim, 
todas as terras eram colonizadas para exploração. Por volta dos séculos XVII 
e XVIII predominavam em vastos trechos da América Central as plantations, 
cuja produção agrícola era controlada pelas metrópoles europeias. As 
propriedades agrícolas implantadas pelos colonizadores no continente 
americano usavam mão de obra escrava e seus produtos abasteciam 
exclusivamente o mercado europeu.
Para manter sua riqueza, os governantes das metrópoles firmaram 
acordos comerciais com grandes fazendeiros das colônias. Os acordos 
previam que as empresas europeias comprariam toda a produção. Os donos 
das propriedades agrícolas coloniais não poderiam vender sua produção a 
mais ninguém, nem poderiam desenvolver manufaturas, pois eram obrigados 
a comprar as mercadorias produzidas nas metrópoles. Deste modo, suas 
economias dependiam exclusivamente da exportação de produtos agrícolas e 
de produtos do extrativismo vegetal e mineral. E por que as colônias aceitavam 
acordos como esses, tão prejudiciais aos interesses de sua população?
Ocorria que os fazendeiros e os grandes comerciantes residentes nas 
colônias tinham origem europeia e estavam interessados apenas em enriquecer. 
Estavam inseridos no capitalismo comercial que se desenvolveu na Europa 
desde o século XV e numa Divisão Internacional do Trabalho entre metrópoles 
e colônias que pressupunha a existência das desigualdades, necessárias para 
a reprodução ampliada do capital através do mercantilismo. Os negociantes 
e fazendeiros representantes da coroa espanhola, não se preocupavam com a 
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
109
maioria da população. Isso remete pensarmos se na atualidade esta prática em 
que os interesses capitalistas das potências econômicas e transnacionais que 
causam desfeitos com a população, pequenas empresas e países periféricos, não 
está presente na sociedade. As práticas comerciais e os interesses capitalistas de 
empresas estrangeiras não respeitam a natureza, nem regimes e condições de 
trabalho, pois prezam somente o lucro. 
Na América Central, a exploração não se limitou aos produtos agrícolas 
das plantations, pois apesar de no final do século XIX vários países terem 
conquistado sua independência política, continuaram fornecendo minérios às 
potências europeias, que necessitavam dessas matérias-primas para sustentar 
sua revolução industrial. Paralelamente, nos séculos XIX e XX, os Estados 
Unidos transformaram a América Central em um de seus maiores fornecedores 
de alimentos. Os interesses estadunidenses na América Central tornaram-se 
mais visíveis, principalmente através da presença de empresas alimentícias, que 
se empenharam em conquistar e controlar os mercados produtores da região. 
A colonização de exploração em tempos coloniais e a prática do 
imperialismo tanto europeu como estadunidense na América Central refletiu 
na dependência econômica e na baixa qualidade de vida para a população, 
expressa pelas altas taxas de mortalidade infantil e analfabetismo, assim como, 
em grandes desníveis sociais e a elevada concentração de renda. Outro aspecto 
marcante é o predomínio da população rural, apesar do rápido crescimento dos 
habitantes das cidades verificado nas últimas décadas. Também cabe mencionar 
a forte dependência da economia de outros países, em especial dos Estados 
Unidos, o que levou a intervenções militares estadunidenses na segunda metade 
do século XX, nas repúblicas centro-americanas,ampliando e potencializando a 
influência que os Estados Unidos exercem na região. 
2.1 ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO
As primeiras atividades econômicas da América Central Continental 
estão relacionadas ao cultivo de produtos tropicais voltados para o mercado 
externo. Tem sido assim desde o período colonial. O café e a banana continuam 
os principais itens da pauta de exportação da região. A cana-de-açúcar e 
o cacau, produtos tradicionais da agricultura centro-americana, perderam 
importância no mercado internacional com o surgimento e a consolidação de 
outras áreas produtoras, tanto na América do Norte e do Sul, como na Ásia. 
Grande parte da produção agrícola de exportação realiza-se em extensas 
propriedades monocultoras, localizadas em áreas de clima quente e úmido 
no litoral do Pacífico. A maioria dessas propriedades agrícolas pertencem a 
empresas estrangeiras, sobretudo originárias dos países para os quais se destina 
a produção, como os Estados Unidos, são as plantations contemporâneas.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
110
FONTE: Disponível em: <http://www.msnoticias.com.br/img/c/620/350/dn_noticia/2014/09/
5005-img-2020-a.jpg>. Acesso em: 25 nov. 2015.
Na atividade industrial e na extração mineral, práticas que estão também 
ligadas à economia da América Central, destacam-se apenas algumas indústrias 
de bens de consumo, como calçados e têxteis. O país mais industrializado é o 
Panamá, em que sua produção petrolífera alimenta as indústrias petroquímicas 
e lhe garante a exportação de petróleo, com isso a econômica local beneficia-se da 
presença do Canal do Panamá que liga os Oceanos Atlântico e Pacífico gerando 
com isso, 25% da renda do país pelos tributos sobre as cargas transportadas. 
2.1.1 O caso do Panamá
O Panamá é um país com 75.000 km², esse território fazia parte da Colômbia. 
Desde os tempos coloniais as metrópoles europeias cogitavam a construção de 
um canal no istmo, que permitisse uma continuidade mais rápida da navegação 
pelo oceano Pacífico e litoral americano como este oceano. Empresas francesas 
depois da construção do Canal de Suez, no nordeste africano, na península do 
FIGURA 41 – CULTIVO DE BANANA NA COSTA RICA
Na porção litoral do Atlântico e nos altiplanos predomina a 
agricultura de subsistência, praticada em pequenas propriedades com o 
emprego de técnicas tradicionais e de mão de obra familiar, os principais 
produtos cultivados são o milho e a batata. Nesta área ocorre também uma 
intensa exploração de madeiras de valor comercial, como a peroba, o pau-
rosa, o cedro e a seringueira. 
FONTE: Disponível em: <http://geografianewtonalmeida.blogspot.com.br/2013/09/america-
central-continental-perguntas.html>. Acesso em: 26 nov. 2015. 
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
111
Sinai, no final do século XIX, começaram a estudar alternativas para um canal 
no istmo da América Central. Em 1880, iniciaram os trabalhos de escavação do 
projeto francês. Ocorreu que a estrutura geológica, o tipo de rochas e o clima 
da região eram totalmente diferentes da região onde fora construído o Canal de 
Suez. Depois de muitas dificuldades e mortes (estimadas em 22 mil pessoas), 
os franceses desistiram do projeto, decretando falência, e em um acordo com os 
Estados Unidos, os franceses “venderam” o projeto aos estadunidenses por US$ 
40 milhões (REZENDE, 2012). 
Consequentemente, desde o final do século XIX, os Estados Unidos e a 
Colômbia mantinham conversações para a continuidade da construção desse 
importante canal para ligar o Atlântico ao Pacífico. Esse canal, de interesse norte-
americano principalmente, permitiria a passagem interoceânica de grande porte, 
aceleraria o comércio entre o oeste e o leste dos Estados Unidos. Sem o canal, 
os grandes navios cargueiros dos Estados Unidos e de outros países tinham de 
contornar o continente americano pelo sul, gastando mais tempo e dinheiro. 
Observe no mapa a diferença entre as rotas sem o canal e após a sua construção. 
A diferença com a construção do canal é de 12.530 km a menos no trajeto entre 
Nova Iorque na costa leste e São Francisco na costa oeste dos Estados Unidos.
FIGURA 42 – ROTAS OCEÂNICAS ANTES E DEPOIS DA CONSTRUÇÃO DO 
CANAL DO PANAMÁ
FONTE: Disponível em: <http://www.aquafluxus.com.br/canal-do-panama-um-
atalho-entre-dois-oceanos/>. Acesso em: 25 nov. 2015.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
112
No começo do século XX, o governo dos Estados Unidos ofereceu 
um pagamento anual à Colômbia em troca da utilização do futuro canal. Os 
governantes colombianos não aceitaram o valor e julgavam que estavam sendo 
colocados de lado nas decisões referentes a essa importante obra. Diante da 
resistência da Colômbia em assinar o acordo, os Estados Unidos passaram a 
incentivar a separação do Panamá, que, como falamos pertencia a Colômbia. 
Em 1903 o Panamá declarou sua independência. A Colômbia não aceitou essa 
separação, mas navios de guerra estadunidenses protegem o litoral do Panamá. 
As forças armadas da Colômbia evitaram o conflito e a retomada do território, 
por temor de uma guerra com os Estados Unidos, que já eram uma potência. 
Transformado em um país, o Panamá concedeu, por meio de um acordo, 
o direito de construção, de administração e de uso do canal aos Estados Unidos 
até 1999, ou seja, durante quase todo o século XX. As obras estenderam-se de 1903 
a 1914, quando o canal foi inaugurado. Anos depois, em 1921, os EUA assinaram 
um tratado especial de reconciliação com os colombianos pagando 25 milhões de 
dólares como indenização.
FIGURA 43 – TRAVESSIA DO CANAL DO PANAMÁ
FONTE: Disponível em: < https://portogente.com.br/media/k2/items/cache/446e731027bed6418ae-
45223e74d8b01_L.jpg?t=-62169984000>. Acesso em: 26 nov. 2015.
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
113
O canal possui uma extensão de 82 km de comprimento, com largura 
mínima no Estreito de Culebra de 90 metros e máxima no lago de Gatún de 
350 metros. Como existe uma diferença quanto ao nível dos oceanos Pacífico e 
Atlântico e pela disposição do relevo na área, a construção de diversas comportas 
ou eclusas foi necessária.
Nos últimos anos, o canal perdeu parte da sua importância para a navegação 
e o comércio. Os gigantescos navios cargueiros não podem atravessá-lo porque 
alguns pontos são estreitos e outros são rasos. Outro problema apresentado pelo 
canal é o assoreamento do canal, em virtude do frequente desmoronamento de 
terras de suas margens. Em 2000, acabado o período de concessão, o governo dos 
Estados Unidos devolveu o canal ao Panamá, que tem realizado constantes obras 
de ampliação para que ele não se torne obsoleto.
Entenda o sistema de eclusas do Canal do Panamá, sua história e principais 
características assistindo ao vídeo disponível em: <https://aaa.youtube.com/
aatch?v-qf3i7jnFDE4>.
Sobre a duplicação do canal e outras informações complementares sobre os sistemas 
de eclusas, assista ao documentário disponível em: <https://aaa.youtube.com/
aatch?v-0QXZXj6U65Q>. Os dois vídeos podem ser utilizados em sala de aula, dependendo 
da série ou ano em que os conteúdos estão sendo trabalhados. O segundo vídeo apresenta-
se numa perspectiva interdisciplinar.
UNI
Assoreamento é a deposição de sedimentos no fundo de lagos, rios e represas. 
As deposições de sedimentos deixam os corpos d´água mais rasos e prejudica tanto a 
navegação quanto os ecossistemas aquáticos.
NOTA
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
114
Observe a imagem a seguir.
Esta obra de reforma foi proposta em 2006 pelo então presidente Martín 
Torrijos, que defendia a obra para tornar o Panamá um “país de Primeiro Mundo”, 
iniciado no ano seguinte, em 2007, o projeto era uma exigência natural para um 
setor que evoluiu muito em cem anos. 
Atualmente, o Canal do Panamá passa por uma reforma. A obra 
de engenharia considerada a maior já realizada pelo homem até 1914, 
ano em que as obras tiveram início, está ganhandouma faixa de tráfego 
nova ao lado, adequada aos supercargueiros hoje dominantes no comércio 
internacional. Até 2015, espera-se que a expansão transforme a travessia 
entre os oceanos Atlântico e Pacífico. 
FONTE: Disponível em: <http://www.engenhariacompartilhada.com.br/Noticia.aspx?id=750342>. 
Acesso em: 26 nov. 2015.
FIGURA 44 – IMAGEM PARCIAL DAS OBRAS DE AMPLIAÇÃO DO CANAL DO PANAMÁ 
FONTE: Disponível em: <http://geografiaetal.blogspot.com.br/2013/05/expansao-do-canal-
do-panama.html>. Acesso em: 25 nov. 2015.
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
115
O atual Canal do Panamá recebe navios com até 295 metros de 
comprimento, 32 metros de largura e 12 metros de calado (o espaço ocupado 
pela embarcação dentro d’água), os chamados Panamax. A partir dos anos 1990, 
porém, surgiram navios muito maiores, capazes de levar mais carga na mesma 
viagem, e as dimensões do canal se tornaram um empecilho para eles. A presença 
cada vez maior das embarcações Post-Panamax no comércio internacional expôs 
a obsolescência da passagem panamenha. Em 2011, 37% da frota mundial de 
cargueiros não podia trafegar ali. Um problema e tanto para um país que obtém 
com os pedágios US$ 1,8 bilhão por ano, cerca de 26% de seu Produto Interno 
Bruto (PIB). “O canal é o nosso petróleo”, afirmou Torrijos ao propor a expansão. 
(ARAIA, 2014).
Mas a obra de expansão do canal não transcorreu como imaginado pelas 
empresas que assumiram o consórcio. Um sinal da gravidade do atraso foi dado 
quando o dinamarquês Soeren Skou, presidente da Maersk, a maior transportadora 
de contêineres do mundo, anunciou em março de 2014 que, em abril, sua empresa 
iria trocar o Canal do Panamá pelo de Suez para levar cargas da Ásia à costa leste 
dos EUA. Segundo representante da empresa Maersk, a economia no transporte 
é muito maior via Canal de Suez simplesmente porque se utiliza a metade do 
número de navios transportando cargas com os supercargueiros (ARAIA, 2015).
Orçada em US$ 5,25 bilhões, a expansão do canal permitirá a passagem 
de navios com até 366 metros de comprimento, 49 metros de largura 
e 15,2 metros de calado, o que cobre 95% da atual frota de cargueiros 
do mundo. Enquanto os Panamax levam no máximo 4.400 TEU (sigla 
para “Twenty Foot Equivalent Unit”, tamanho padrão dos contêineres 
da navegação comercial), os Post-Panamax podem transportar até 
14.000 TEU. 
[...]
FIGURA 45 – MAPA: FLUXOS DA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA PELO CANAL DO PANAMÁ EM 2011
FONTE: Disponível em: <http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=914>. Acesso em: 25 nov. 2015.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
116
As obras envolvem quatro eixos principais. Em primeiro lugar, estão 
sendo feitas escavações do leito marinho nas entradas do Atlântico 
e do Pacífico e ao longo do trajeto destinado aos Post-Panamax. Um 
canal de 6,1 quilômetros está sendo aberto para unir as comportas do 
Pacífico ao Passo Culebra (vale escavado pelo homem, através de uma 
serra). O Lago Gatún, criado entre 1907 e 1913 para facilitar a passagem 
dos navios, hoje abastece cerca de 50% da população panamenha com 
água potável. As obras estão elevando o nível operacional máximo do 
lago de 26,7 metros para 27,1 metros, o que garante o trânsito dos Post-
Panamax sem prejudicar o fornecimento de água (ARAIA, 2014).
FIGURA 46 – PROJEÇÃO PARA O CANAL DO PANAMÁ EM 2016
FONTE: Disponível em: <http://www.revistaplaneta.com.br/wp-content/uploads/
sites/3/2015/08/img-357409-abram-comportas-405x420.png>. Acesso em: 25 
nov. 2015.
Observe as demais imagens e leia reportagens na íntegra disponíveis em: 
<http://aaa.revistaplaneta.com.br/abram-as-comportas/> e <http://aaa.brasil247.com/
pt/247/revista_oasis/172745/Canal-do-Panam%C3%A1-O-passo-das-Am%C3%A9ricas-se-
alarga.htm>.
DICAS
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
117
3 AMÉRICA CENTRAL INSULAR
A região insular da América Central é mundialmente conhecida como 
Caribe, esse nome retrata os grupos indígenas que viviam na região quando 
chegaram os espanhóis. Essas ilhas e países insulares no Mar do Caribe são 
também chamados de Antilhas ou Índias Ocidentais, devido à crença inicial 
de que o continente americano fosse a Índia. As ilhas abrigam um rico mosaico 
cultural, pois são habitadas por povos de diversas origens, sobretudo europeus, 
africanos e asiáticos. Os índios formam um grupo reduzido.
No canal atual, a água doce do trajeto impede naturalmente que 
formas de vida transitem de um oceano para o outro. Charles Andrews, 
sócio da empresa de consultoria Ergo, observa que, com a ampliação, “água 
doce e salgada terão de correr através do canal, e isso terá um impacto 
direto no Lago Gatún. Há preocupações sobre a capacidade de controlar a 
quantidade de água do mar que flui através do lago”. 
No entanto, estudos da Associação Nacional da Conservação 
da Natureza (Ancon), uma das principais organizações ambientalistas 
panamenhas, concluíram que a obra causará uma salinização insignificante 
no Lago Gatún, garantindo a separação biológica entre o Atlântico e o 
Pacífico e a biodiversidade e a qualidade da água potável. 
Outras preocupações ambientais incluem as florestas, o patrimônio 
arqueológico e as áreas agrícolas, industriais, turísticas e portuárias dos 
trechos afetados pela obra. A Autoridad del Canal de Panamá (ACP), agência 
governamental que opera e administra o canal, promete que o projeto vai 
causar transtornos mínimos a comunidades do entorno, parques nacionais 
e reservas florestais, e não afetará a qualidade do ar e da água. A capacidade 
dos lagos Gatún e Alajuela (que serve de reservatório para o primeiro) será 
maximizada e aumentará a eficiência no consumo de água, evitando a 
necessidade de novos reservatórios e o deslocamento de comunidades.
Os críticos do projeto não veem o quadro de forma tão rósea. 
Para eles, o ecossistema da região é complexo e, com isso, vários aspectos 
devem ser avaliados, como as diferenças de chuvas na região causadas 
por fenômenos como o El Niño, uma vez que o sistema do canal precisa 
de precipitações suficientes para se manter operacional e abastecer a 
população. A cada ano, há uma chance em 15 de que o nível da água caia a 
ponto de limitar as operações no canal. De todo modo, a ACP garante que 
qualquer dano constatado pode ser mitigado com a ajuda da tecnologia 
moderna. “A cultura do pessoal que controla o canal é de que quaisquer 
obstáculos à expansão podem ser removidos”, lamenta Eric Jones, editor do 
jornal de língua inglesa Panama News.
FONTE: ARAIA, Eduardo. Canal do Panamá. O passo das Américas se alarga. Brasil 247, jornal digital. 11 
de março de 2015. Disponível em: <http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/172745/Canal-do-
Panam%C3%A1-O-passo-das-Am%C3%A9ricas-se-alarga.htm>. Acesso em 12 de novembro de 2015.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
118
3.1 TERRITÓRIO E POPULAÇÃO
FIGURA 47 – MAPA POLÍTICO DA AMÉRICA CENTRAL INSULAR
Os arquipélagos que compõe a América Central insular formam um arco 
de ilhas que se estendem do sul da Flórida ao norte da Venezuela. As Bahamas 
são formadas por ilhas coralíneas de enorme extensão, relativamente planas e 
de baixa altitude. Essas características naturais favorecem a formação de lagos, 
pântanos e manguezais, intercalados com florestas. 
As grandes Antilhas são ilhas de origem sedimentar, essas ilhas eram um 
prolongamento das planícies centrais dos Estados Unidos. Na fase de formação 
do continente o nível dos oceanos oscilava muito, e há aproximadamente 1 bilhão 
de anos o mar encobriu grande parte do sul da América do Norte, que hoje forma 
o Golfo do México. Algumas terras ficaram acima do nível do mar, formando 
algumas ilhas baixas e aplainadas, propícias à prática da agricultura. 
As pequenas Antilhas, em sua maior parte, formam o topo de vulcões 
submarinos, que se formaram com a colisão das placas tectônicas. São 18 
vulcões, que deram origem a uma das mais paradisíacas regiões do mundo. O 
climadominante nas ilhas é o tropical, com longos períodos do ano marcados 
por um calor intenso. As chuvas concentram-se no verão, o inverno é mais 
seco, mas permanecem as altas temperaturas. A América Central Insular é de 
colonização espanhola, francesa, inglesa e holandesa, tem a presença marcante 
de negros, também índios e brancos descendentes do colonizador, no Haiti 90% 
da população é negra. Suas sociedades formaram-se, portanto, da miscigenação 
entre diversas etnias e culturas.
FONTE: Disponível em: <comoestarenclase.blogspot.com>. Acesso em: 20 nov. 2015.
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
119
A região contava com pouco mais de 38 milhões de habitantes em 2005, 
sendo Cuba o país mais populoso, com cerca de 11 milhões de habitantes. As 
capitais dos países caribenhos, como Havana em Cuba, Kingston na Jamaica, 
Porto Príncipe no Haiti, Santo Domingo na República Dominicana e San Juan em 
Porto Rico são as principais cidades do Caribe, e nelas concentram-se a maioria 
da população. (TAMDJIAN, 2012)
FONTE: Disponível em: <http://www.diariodocentrodomundo.com.br/wp-content/
uploads/2013/03/cuba.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2015.
3.2 ECONOMIA E DESENVOLVIMENTO
Uma das principais atividades econômicas do Caribe é o turismo, que 
gera empregos em variados ramos, restaurantes, lojas, hotéis, shopping centers 
e em atividades ligadas ao lazer. As empresas estrangeiras mantêm escritórios 
comerciais nas ilhas caribenhas para evitar o pagamento de impostos de importação 
ou exportação nos países produtores e compradores. A manobra acaba construindo 
uma importante fonte de renda em Aruba e outras ilhas. Apesar de produzirem 
uma renda importante, as operações financeiras e o turismo não foram capazes de 
acabar com a pobreza, marcante em praticamente todas as ilhas caribenhas. 
A região do Caribe é marcada pela instabilidade geológica, o que a 
torna sujeita a atividade vulcânica e aos terremotos. Além das catástrofes 
naturais, a população sofre com graves problemas sociais existentes na 
maioria dos países: altas taxas de mortalidade infantil, baixa renda per 
capita, elevados índices de analfabetismo e deficiência no atendimento 
médico-hospitalar.
FONTE: Disponível em: <http://geonaweb.blogspot.com.br/2010/09/america-central-insular.
html>. Acesso em: 26 nov. 2015. 
FIGURA 48 – CIDADE DE HAVANA, CAPITAL DE CUBA
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
120
Neste contexto, o Caribe é rota de cruzeiros marítimos e destino de milhares 
de turistas que procuram suas praias e sua floresta tropical, a rede hoteleira e 
a infraestrutura turística são controladas por transnacionais. Além dos paraísos 
turísticos, a região é conhecida pelos paraísos fiscais, como as ilhas Cayman, as 
Ilhas Virgens e as Bahamas. Nesses países, grandes somas podem ser depositadas 
sem a necessidade de declarar a origem do dinheiro (TAMDJIAN, 2012).
No entanto, a agricultura também se destaca entre as atividades 
econômicas, com relevância para o cultivo de cana-de-açúcar, em que o maior 
produtor é Cuba. Também são cultivados banana, fumo, café e algodão. A 
produção agrícola regional está voltada para o mercado externo, portanto, isso 
a torna muito dependente das oscilações dos preços internacionais, que têm 
impacto direto na economia desses países produtores, isso remete à consequência 
de importação de alimentos para o consumo. A atividade industrial é pouco 
desenvolvida, permanecendo-se restrita ao beneficiamento das matérias-primas 
agrícolas, à confecção de roupas e ao artesanato local, principalmente a produção 
de cestaria e de cerâmica.
Esta restrita industrialização aproveita as significativas jazidas de ferro, 
gás e petróleo. Esses recursos naturais são particularmente abundantes em 
Trinidad e Tobago, que pôde implantar empresas variadas, como refinarias de 
petróleo e siderúrgicas. Outros país caribenho industrializado é a Jamaica, esse 
país tem uma das maiores reservas mundiais de bauxita, matéria-prima da qual 
produz o alumínio.
As ilhas ainda têm algumas carências e dificuldades estruturais. Neste 
sentido, 95% das rodovias existentes nas ilhas do Caribe não são pavimentadas. 
3.2.1 O MCCA e Caricom
O MCCA, Mercado Comum Centro-Americano foi criado em 1960 pela 
Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua e El Salvador, com o intuito de 
juntos, superarem os problemas sociais e políticos. Para alcançar esses objetivos, 
o MCCA criou no ano seguinte, em 1961, o Tratado de Integração Centro-
Americana, para promover um mercado comum na região. Atualmente planeja 
criar a União Centro-Americana, à semelhança com da União Europeia. Desde 
O que são os paraísos fiscais?
Os paraísos fiscais são países que recebem grandes somas de dinheiro, são depositados 
em bancos desses países e não necessitam de declaração sobre a origem desse dinheiro. 
Os depósitos são protegidos por leis, e isso beneficia o sigilo bancário, além de oferecer 
facilidades quanto aos trâmites documentais e baixos impostos.
UNI
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
121
3.2.2 O caso de Cuba
Em Cuba, também podemos considerar a influência norte-americana, 
pois a ilha foi mantida durante um século na condição de colônia espanhola e 
conquistou sua independência em 1901, com o apoio de tropas estadunidenses. A 
partir de então, cresceu a influência dos Estados Unidos sobre a sua economia e 
a política cubana. Mas a presença de tropas estadunidenses nunca foi suportada 
pelos dirigentes cubanos, nem pela população, que exigiram a retirada dessas 
tropas da ilha. Os Estados Unidos impuseram uma condição para sair da ilha: o 
direito de reocupá-la a qualquer momento. Esse direito foi garantido por meio de 
uma lei incluída na Constituição cubana. Essa lei recebeu o nome de Emenda Platt. 
Foi proposta pelo senador estadunidense Orville Platt, que era um renomado 
advogado nacionalista, em parte a lei apresenta em seu artigo III (GOOT, 2004):
“O governo de Cuba concede aos EUA o exercício e o direito de intervir 
para preservar a independência de Cuba e a manutenção de um governo adequado 
à proteção da vida, da propriedade particular e das liberdades individuais...”.
Portanto, usando de seu poder econômico e militar, os Estados Unidos 
conseguiram outros acordos vantajosos em Cuba. Um deles autorizou a 
construção de uma base militar na baía de Guantánamo, onde tropas armadas 
estadunidenses deveriam ficar estacionadas para intervir em possíveis distúrbios 
e revoltas que pudessem comprometer os interesses dos Estados Unidos na ilha. 
No que se refere à influência econômica, e às relações com os Estados 
Unidos, as grandes propriedades como bancos, hotéis, importadoras de alimentos 
e propriedades rurais se tornaram propriedades de empresas estadunidenses. 
Essas corporações atuavam livremente no país, pagavam impostos baixos e 
remetiam volumosos lucros para suas matrizes, instaladas nos Estados Unidos. Em 
contrapartida, a população cubana vivia em péssimas condições. O saneamento 
básico era precário, e pouquíssimos cubanos tinham acesso à educação e à saúde. 
A mortalidade infantil era uma das maiores do continente americano e a miséria 
era geral por todo o país. 
1993, os membros do MCCA têm ampliado a integração econômica, eliminando 
as barreiras comerciais, representadas pelas tarifas alfandegárias, ao mesmo 
tempo em que as regras comerciais dos países estão sendo unificadas.
Alguns países caribenhos tentam criar uma organização econômica, esses 
países perceberam suas limitações e passaram a adotar algumas cooperações 
para conquistar avanços na área socioeconômica. Foi assim que em 1973, criou-se 
o Caricom, Comunidade e Mercado comum do Caribe. Diante da crise mundial 
gerada pelo choque do petróleo, os países caribenhos são muito semelhantes 
econômica e culturalmente. Essa grande associação comercial que hoje conta com 
uma população de 15 milhões de habitantes chamada atualmente de comunidade 
do Caribe. (AYERBE, 2007).
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSESQUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
122
Com o passar do tempo esse precário quadro social foi se agravando mais 
e mais e criou um ambiente propício a revoltas entre a população cubana. Na 
década de 1950 multiplicaram-se os movimentos populares que protestavam 
e exigiam melhores condições e vida. O maior líder desses protestos foi Fidel 
Castro, que organizou um movimento guerrilheiro numa região montanhosa de 
Cuba, conhecida como Sierra Maestra. Os revolucionários exigiam a queda do 
presidente Fulgêncio Batista, aliado dos Estados Unidos, e o fim da exploração 
dos trabalhadores cubanos. Ganharam a simpatia maciça da população e em 1º 
de janeiro de 1959 ingressaram triunfantes em Havana, a capital do país. Logo 
após sua vitória, o governo de Fidel Castro tomou medidas que descontentaram 
muito os empresários estadunidenses, entre elas, decretou a nacionalização das 
empresas estadunidenses que atuavam em Cuba.
FIGURA 49 – FIDEL CASTRO DISCURSA PARA CENTENAS DE MILHARES DE CUBANOS. A 
POPULAÇÃO APOIAVA OS LÍDERES REVOLUCIONÁRIOS PORQUE ACREDITAVAM QUE DARIAM 
FIM AOS PRIVILÉGIOS E ÀS INJUSTIÇAS SOCIAIS
Nesse contexto, o governo dos Estados Unidos advertiu Fidel Castro de 
que não aceitaria essa situação. Em resposta a essas ameaças, já em 1960 Cuba 
se afastou da influência econômica estadunidense e aproximou-se do maior 
rival dos Estados Unidos, a União Soviética, país socialista que disputava com a 
superpotência capitalista a hegemonia mundial. Ao mesmo tempo Fidel assumiu 
que seu governo adotaria a socialização dos meios de produção. Desde então foi 
firmada uma aliança entre Cuba e a União Soviética. Os Estados Unidos foram 
obrigados a conviver com um país socialista a poucos quilômetros da Flórida. 
Reagindo à implantação do socialismo na ilha, em 1962 os Estados Unidos 
decretaram um embargo, ou seja, um bloqueio de caráter econômico, contra 
Cuba. Muitas restrições foram impostas à ilha, como a proibição da compra de 
FONTE: Disponível em: <https://historytellers.files.wordpress.com/2013/09/fidel-revolucao.jpg>. 
Acesso em: 26 nov. 2015.
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
123
mercadorias cubanas e também a venda de quaisquer produtos norte-americanos 
para o país caribenho (TAMDJIAN, 2012)
Essa medida isolou Cuba do comércio com o bloco capitalista, a economia 
da ilha pode comercializar com países socialistas, bem como contar com o apoio 
econômico e comercial soviético. A parceria baseou-se no fornecimento do petróleo 
soviético em troca do açúcar cubano. Isso permitiu que a ilha obtivesse energia e 
recursos financeiros para melhorar as áreas sociais. Foi praticamente eliminada 
a miséria que há séculos afligia quase toda a população cubana. A prioridade 
atribuída à educação e à saúde tornou Cuba reconhecida mundialmente, em 
especial pelo elevado nível de suas pesquisas científicas na área da medicina. 
Neste cenário a crise da União Soviética chegou ao auge na década de 1980 e 
acabou atingindo a economia cubana. Diversos acordos comerciais e de cooperação 
estabelecidos entre os dois países tiveram de ser cancelados pelo governo 
Gorbatchev. Esse quadro dramático acentuou-se na década de 1990, quando 
milhares de cubanos deixaram o país em busca de alternativas de sobrevivência nos 
Estados Unidos. Esses cubanos empobrecidos ficaram conhecidos como balseiros, 
pois viajavam para os Estados Unidos em embarcações precárias. 
3.2.3 A base de Guantánamo
Na chegada do século XXI esse cenário já havia se transformado, muitos 
países passaram a investir em Cuba, ignorando o embargo econômico imposto 
pelos Estados Unidos. Uma significativa parte desses recursos tem se dirigido 
ao setor do turismo. Aproveitando-se da posição geográfica privilegiada da ilha 
caribenha. Essa renda crescente pelos negócios relacionados ao setor do turismo, 
como hotéis, agências de turismo, restaurantes e companhias aéreas, soma-se 
a entrada de dinheiro remetido por cubanos que foram morar e trabalhar nos 
Estados Unidos. Além disso grupos empresariais chineses, canadenses, espanhóis 
e franceses, entre outros, têm aberto novos negócios, com isso a economia cubana 
apresenta crescimento na atualidade.
A Prisão de Guantánamo ganhou grande repercussão internacional por 
causa das atrocidades cometidas em seu interior. A prisão militar composta 
por três campos de detenção foi local de torturas durante muito tempo. Várias 
reportagens denunciaram o abuso da força e o tratamento desumano. Além 
de prisioneiros que supostamente seriam terroristas, a Prisão de Guantánamo 
abrigou também detentos de forma clandestina e que não tinham razão justificável 
para estarem detidos.
Ouça a música, leia o texto e reflita sobre as observações feitas sobre a letra 
da composição do grupo Engenheiros do iavaí: “Guantánamo”, disponível em: <https://
decifrandoletras.aordpress.com/2010/03/13/guantanamo/>.
DICAS
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
124
FIGURA 50 – LOCALIZAÇÃO DA BASE NAVAL DE GUANTÁNAMO EM CUBA, CONTROLADA 
PELOS ESTADOS UNIDOS E TRANSFORMADA EM COMPLEXO PRISIONAL MILITAR
FONTE: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ba%C3%ADa_de_Guant%C3%A1namo>. 
Acesso em: 25 nov. 2015.
O embargo econômico em Cuba, também conhecido como “el bloqueio”, 
significou a interdição de caráter econômico, financeiro e comercial imposta 
pelos Estados Unidos, desde 1962. Posteriormente nos anos 90, o bloqueio se 
tornou lei e com isso aumentou a proibição de relações comerciais, limitando as 
comercializações de filiais estrangeiras de empresas americanas com Cuba. No 
entanto, devemos ressaltar que esse embargo não impede completamente que 
3.2.4 Embargo econômico
Com a pressão internacional, aos poucos o presidente dos Estados 
Unidos George W. Bush foi reconhecendo as práticas ilegais na Prisão de 
Guantánamo e tomando medidas para restringi-las. Muitos dos detentos 
que foram para Guantánamo eram imigrantes ilegais nos Estados Unidos 
que aguardavam a deportação.
FONTE: Disponível em: <http://diarioms.com.br/web-a-historia-da-prisao-de-guantanamo/>. 
Acesso em: 26 nov. 2015.
A eleição do presidente Barack Obama apontou um novo futuro 
para a Prisão de Guantánamo. Inicialmente, ele prometeu fechar ou 
reestruturar o complexo penitenciário. Depois, acabou com as comissões 
militares criadas pelo governo anterior e assinou um decreto para dar fim 
às atividades na Prisão de Guantánamo.
FONTE: Disponível em: <http://diarioms.com.br/web-a-historia-da-prisao-de-guantanamo/>. 
Acesso em: 26 nov. 2015.
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
125
Os segredos da Medicina cubana
Após o restabelecimento das relações diplomáticas com Cuba, os Estados Unidos não 
poderão mais ignorar que a ilha obteve durante os 52 anos de isolamento diplomático 
e econômico resultados “espantosos” em matéria de saúde. “Espantosos” porque o 
país, que não abriga nenhuma das grandes indústrias farmacêuticas mundiais, obtém os 
melhores resultados do continente americano em matéria de saúde: a expectativa de 
vida (76 anos para os homens, 81 anos para as mulheres) é a melhor do continente e a 
mortalidade infantil é a mais reduzida: 4,8 mortes para cada 1.000 nascimentos em Cuba, 
contra 12 no Brasil e 6 nos Estados Unidos. Durante uma visita a Havana em julho de 
2014, Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), se mostrou 
muito impressionada pelas conquistas na área. “Desejamos ardentemente que todos os 
habitantes do planeta possam ter acesso aos serviços médicos de qualidade, como em 
Cuba”, declarou. E, com efeito, qual país pode se gabar hoje de oferecer gratuitamente 
à sua população uma medicina alopática, claro, mas também a opção “medicina natural 
e tradicional”? É preciso reconhecer… nenhum… e sobretudo seu poderoso vizinho, que 
nessa área fracassou tremendamente.
Em 2011, durante o sexto congresso do Partido Comunista Cubano, uma diretiva indicava 
“dar a máxima atenção ao desenvolvimento da medicina natural e tradicional”. “É a únicaque recebeu essa menção de ‘máxima atenção’, o que dá uma ideia da importância 
desse tema para o governo. Eu acho, porém, que seu desenvolvimento vai acontecer 
principalmente graças à população. É uma tendência geral hoje procurar o natural. Eu 
entendo que isso preocupe a indústria farmacêutica, pois é uma medicina muito eficiente”, 
conclui com um sorriso Concepción Campa, ao mesmo tempo que lembra que o 
desenvolvimento das vacinas homeopáticas foi efetivamente uma má operação financeira 
para o Finlay, mas a saúde contou mais do que o aspecto financeiro. Cuba não realizou 
estudos econômicos sobre a medicina natural, mas parece evidente que seu custo é bem 
menos elevado do que o da medicina dita moderna: um chá de alho parece menos caro 
do que um medicamento. Para o doutor Johan Pedromo, é evidente que essa medicina 
previne um dos problemas que teria um custo para o sistema de saúde: “Tomem o exemplo 
do qi gong, uma ginástica tradicional chinesa. Hoje sabemos que essa atividade melhora 
o estado emocional, a coordenação e a estabilidade das pessoas idosas. Então, ao praticá-
lo vamos diminuir a taxa de suicídio e de depressão ligada à velhice, mas vamos também 
melhorar a coordenação e o equilíbrio, diminuir o risco de quedas e, por consequência, 
o número de fraturas da bacia. Mais amplamente, é reconhecido atualmente que essas 
técnicas de medicina natural melhoram a qualidade de vida dos pacientes. E isso não tem 
preço!” No mesmo bairro de Alamar, cerca de vinte pessoas idosas praticam duas vezes 
por semana o qi gong. No final da prática, saúdam a professora com um “saúde e vida, 
uma arma da Revolução”. Um dos praticantes tem 88 anos… mas parece ter 70. E é fato: a 
saúde foi uma arma tão eficaz da Revolução Cubana que o país deve hoje cuidar de uma 
população idosa. Como em um país rico…
Leia mais em: <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/02/os-segredos-da-
medicina-cubana.html>.
UNI
os Estados Unidos se relacionem com a economia cubana. A partir do ano 2000 
a exportação de alimentos para Cuba teve autorização com a condição de que o 
pagamento acontecesse à vista. Sendo que os produtos deveriam ser pagos antes 
de saírem dos Estados Unidos.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
126
3.2.5 O caso do Haiti
O Haiti é um dos países mais pobres do mundo. Governado por 
sucessivas ditaduras comandadas por poderosas famílias, a população ficou à 
margem da vida política, econômica e social do país. O mais pernicioso desses 
governos ditatoriais foi implantado pelo médico François Duvalier que assumiu 
o poder em 1957. Em 1971, ao falecer, o governo passou para seu filho Jean 
Claude Duvalier. Essa era Duvalier foi marcada pela opressão aos opositores, 
que resultou no assassinato de milhares de pessoas inocentes. Essa situação 
afetou a economia do país e manteve a população em profunda miséria. No final 
da década de 1980 inúmeras revoltas populares encerraram a era Dulvalier. Foi 
eleito presidente o ex-padre Jean Bertrand Aristide, que passou a sofrer uma 
forte oposição dos aliados da família Duvalier.
Vários governos foram eleitos, desde então, e nenhum conseguiu pacificar 
o país, a gravidade da situação é refletida no ato de que milhares de pessoas 
preferem fugir do país em embarcações precárias, e centenas já morreram no 
mar. Em 1999, a ONU aprovou uma intervenção militar internacional no Haiti 
para pôr fim à guerra civil e promover a reorganização do país. Boa parte dos 
militares que compõe esse grupo é brasileira. 
Em janeiro de 2010, aconteceu um terremoto catastrófico que devastou o 
país afetando cerca de 3 milhões de pessoas. Sistema de comunicação, transportes 
aéreos, terrestres e aquáticos, hospitais e redes elétricas foram danificados, o que 
dificultou os resgates. A ONU estima que o tremor provocou 220 mil mortes e 
1,2 milhão de desabrigados. Foram confirmadas as mortes de 22 brasileiros na 
catástrofe, inclusive de Zilda Arns, médica sanitarista e pediatra, fundadora e 
coordenadora internacional da Pastoral da Criança.
O Haiti depende atualmente de uma enorme ajuda humanitária externa, 
além de alimentos, remédios e roupas. Sem esse apoio, a população do país 
estaria condenada a padecer em condições cada vez piores.
TÓPICO 2 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA CENTRAL
127
Passados cinco anos da tragédia, uma equipe de reportagem da EBC, 
Empresa Brasil de Comunicação, voltou ao Haiti com o objetivo de verificar 
como estão os esforços para a reconstrução do país. Há resquício do tremor 
por diversas cidades. A Catedral Notre Dame, a principal de Porto Príncipe, 
continua em ruínas. É possível ver apenas os escombros do que um dia foi 
a principal igreja da capital haitiana. O prédio do governo haitiano também 
aguarda reconstrução. 
O país não tem coleta de lixo e o esgoto corre a céu aberto. Deste modo, é 
comum encontrar pelas ruas de Porto Príncipe pilhas de lixo sendo incinerado, 
o que faz com que a cidade fique constantemente cinza. Muitos haitianos ainda 
sofrem as consequências do terremoto. As ruas destruídas, aos poucos, tornam-
se avenidas que começam a receber iluminação pública, semáforos. A maior 
parte dos abrigos, os campos de deslocados como são chamados, já foram 
desativados. Passados cinco anos os haitianos começam a reconstruir suas 
casas, algumas de alvenaria, outras de lona, tudo para ter um “lar”.
FIGURA 51 – PORTO PRINCÍPE CAPITAL DO HAITI, RUÍNAS NO BAIRRO DE BEL-AIR 
FONTE: Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/_agenciabrasil2013/files/haiti_
earthquake_porto_princepe-73.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2015.
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
128
FONTE: Disponível em: <http://conteudo.ebc.com.br/agencia/Haiti/img/slider/06.jpg>. Acesso 
em: 26 nov. 2015.
FIGURA 52 – PORTO PRINCÍPE COM O COMÉRCIO A CÉU ABERTO NO BAIRRO BEL-AIR A RUA 
FOI ASFALTADA APÓS O TERREMOTO
129
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
• No istmo da América Central o relevo é montanhoso, resultante do movimento 
local entre as placas tectônicas. Além disso, há inúmeros vulcões ativos na 
região. 
• Próximo ao litoral, há uma diversidade da flora e fauna das florestas tropicais, 
no entanto, muitas das áreas florestadas são devastadas para produção 
agropecuária ou extração da madeira. 
• O café e a banana são os principais produtos de exportação da América 
Central. A cana-de-açúcar e o cacau, produtos tradicionais da agricultura 
centro-americana, perderam importância no mercado internacional com o 
surgimento e a consolidação de outras áreas produtoras, tanto na América do 
Norte e do Sul, como na Ásia.
• O país mais industrializado é o Panamá com produção petrolífera. 
• O canal do Panamá, de interesse norte-americano, principalmente, permitia 
a passagem interoceânica de grande porte, acelerava o comércio entre o oeste 
e o leste dos Estados Unidos. Nos últimos anos, o canal perdeu parte da 
sua importância para a navegação e o comércio, mas atualmente passa por 
reformas a fim de não se tornar obsoleto. 
• Uma das principais atividades econômicas do Caribe é o turismo, que gera 
empregos em variados ramos, restaurantes, lojas, hotéis, shopping centers e em 
atividades ligadas ao lazer. 
• A agricultura também se destaca entre as atividades econômicas, da América 
Central insular, com relevância para o cultivo de cana-de-açúcar, em que o 
maior produtor é Cuba.
• O MCCA, Mercado Comum Centro-Americano foi criado em 1960 pela Costa 
Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua e El Salvador, com o intuito de juntos, 
superarem os problemas sociais e políticos.
• Em 1960, Cuba se afastou da influência econômica estadunidense e aproximou-
se do maior rival dos Estados Unidos, a União Soviética, país socialista que 
disputava com a superpotência capitalista a hegemonia mundial na época. 
130
• Na chegada do século XXI, muitos países começaram a investir financeiramente 
em Cuba. Grupos empresariais chineses, canadenses, espanhóis e franceses, 
entreoutros, têm aberto novos negócios, com isso a economia cubana apresenta 
crescimento na atualidade.
131
AUTOATIVIDADE
1 “Cuba já recebe os euros dos turistas. O euro começou a circular em 
Varadero, o balneário turístico mais importante de Cuba, onde a empresa 
Transtur anunciou que os serviços de táxi e aluguel de automóveis já 
podem ser pagos com a moeda”. (Gazeta Mercantil, 12/5/2001).
A notícia acima revela uma atitude dos europeus em relação a Cuba 
diferente da atitude dos americanos. Do lado dos europeus, há a valorização do 
turismo e do comércio; do lado dos Estados Unidos, desconfiança e tentativa 
de controle. Qual é a causa dessa atitude do governo dos Estados Unidos em 
relação a Cuba ainda hoje?
2 Considerada de IDH médio, a América Central tem algumas exceções. 
Cuba, Panamá e Costa Rica são considerados países de IDH alto. Explique 
os motivos.
3 Até 1990 os problemas políticos eram constantes em diversos países do 
istmo da América Central e sua economia recebia menor atenção. Na 
década atual, há uma inversão da situação e os problemas econômicos 
passam a ser o centro das discussões. Por que ocorreu essa mudança?
4 As exportações da América Central cresceram 20% em 2008. Esse fantástico 
desempenho é atribuído à integração econômica dos países centro-
americanos. Quais os nomes dos blocos criados para promover essa 
integração e qual a função deles?
132
133
TÓPICO 3
AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A América Platina recebe esse nome porque corresponde aos países que 
fazem parte da Bacia da Prata. Esta é formada pela junção das águas dos rios 
Paraná, Paraguai e Uruguai. A maior parte do espaço geográfico desses países 
sofre a influência de atividades que estão direta e indiretamente ligadas ao Rio 
da Prata e seus afluentes. No entanto, os países que compõe a América Platina 
apresentam espaços geográficos muito diferentes. Enquanto os países andinos têm 
muitas semelhanças, os países platinos têm atividades econômicas e sociedades 
muito diferentes uns dos outros.
Além dos aspectos físicos como a hidrografia, a Argentina, Paraguai 
e Uruguai compartilham importantes características históricas. No passado 
colonial integravam o Vice-Reino do Rio da Prata, que abrangiam uma extensa 
área subordinada à Espanha. O que significa que os três países platinos foram 
administrados pelos espanhóis durante muitos anos, nessa época o Vice-Reino 
também incluía a Bolívia. O Rio da Prata era usado pelos espanhóis como porta 
de entrada para ocupação do sul do continente americano, pois os colonizadores 
europeus acreditavam existir metais preciosos na região. 
2 TERRITÓRIO E POPULAÇÃO
O relevo da América Platina caracteriza-se basicamente pela 
presença de extensas planícies e planaltos. Somente no oeste da Argentina 
ocorrem as grandes cadeias de montanhas da Cordilheira do Andes, ainda 
na Argentina se encontra a mais alta formação do relevo sul-americano, o 
Pico Aconcágua, com 6.959 metros de altitude. 
Predominam na América Platina grandes regiões climáticas, com 
extensas áreas em que ocorre o mesmo tipo de clima. No Norte a região 
do Chaco se caracteriza pelo clima seco, associado à vegetação xerófila de 
plantas adaptadas a aridez, como os cactos. Ao Sul, a região do Pampa com 
clima temperado, com uma típica vegetação rasteira. Encontramos também 
uma parcela significativa do território do Paraguai marcada pelo clima 
tropical, com a ocorrência de florestas.
FONTE: Disponível em: <https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20150412162802A-
AfoGd6>. Acesso em: 26 nov. 2015.
134
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
FIGURA 53 – MAPA FÍSICO DA AMÉRICA PLATINA
FONTE: geografandosm.blogspot.com
No que se trata da hidrografia da América Platina, a Bacia Platina ocupa 
uma área de 4,3 milhões de km² e inclui porções do território da Argentina, 
Paraguai, Uruguai, além da Bolívia e do Brasil. O Rio da Prata se origina do 
encontro dos rios Paraná e Uruguai, na fronteira entre a Argentina e o Uruguai, 
tem 210 quilômetros de extensão e termina formando um estuário junto ao 
Oceano Atlântico. 
TÓPICO 3 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
135
Do ponto de vista econômico as características físicas favorecem o 
desenvolvimento das atividades agropecuárias na região. Concentradas na 
criação de gado bovino e na agricultura de cereais. A Argentina é o país mais 
industrializado da América Platina com destaque para a produção de automóveis, 
aço, produtos químicos e têxteis. 
3 O PARAGUAI
O território paraguaio é dividido pelo Rio Paraguai, que cruza o país no 
sentido norte-sul e origina duas regiões naturais muito distintas. A região maior 
fica a oeste do rio Paraguai. Trata-se do Chaco, palavra quíchua que significa 
território de caça. Essa vasta planície é muito quente. Na divisa com a Bolívia as 
temperaturas podem chegar a 47º durante o verão. As poucas chuvas ocorrem 
entre dezembro e março. Nessas regiões a vegetação mais comum são os cactos 
e os arbustos de troncos ressecados e retorcidos. A água é muito escassa e 
precisa ser retirada de poços artesianos. A agricultura de grãos, especialmente 
da soja, somente é possível mediante a irrigação artificial. A grande maioria das 
propriedades dedica-se a pecuária.
Ainda no Chaco há uma área diferenciada, a parte mais próxima ao rio 
Paraguai, onde a vegetação é variada e existem muitos pequenos rios. Nessas 
terras a principal atividade é a exploração do quebracho, árvore da qual se 
aproveita a madeira, duríssima e se extrai o tanino, produto usado pelas indústrias 
farmacêuticas. O leste do Paraguai é muito diferente do Chaco, a paisagem divide-
se em campos e florestas, que faz fronteira com o Brasil. Nessa região há manchas 
de terra roxa, solo extremamente fértil que acarretou a expansão da agricultura, 
especialmente dos cultivos de soja, milho, algodão e o cultivo de erva-mate. Essas 
atividades agrícolas empregam cerca de 50% dos trabalhadores paraguaios.
As populações da Argentina e do Uruguai constituíram-se de 
descendentes de espanhóis e italianos, enquanto que o Paraguai apresenta 
uma população em sua maioria formada pela miscigenação de diversos 
povos, com uma acentuada presença de indígenas. 
FONTE: Disponível em: <http://diodatoo.blogspot.com.br/2014/12/atividade-complementar-de-
geografia-02.html>. Acesso em: 26 nov. 2015. 
136
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
FIGURA 54 – MAPA DA LOCALIZAÇÃO DO PARAGUAI
FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_-ty77KHVCvA/SwGqu2E9JbI/AAAAA-
AAAABE/VXtV8A9SQHo/s1600/mapa-do-paraguai.gif>. Acesso em: 26 nov. 2015.
Outra atividade que cresceu nos últimos anos foi o cultivo de soja. Ocupa 
cerca de dois milhões de hectares de terra e com isso especialistas alertam que 
pode provocar inúmeros problemas para a sociedade e o meio ambiente. Como 
todas as fases do cultivo são mecanizadas, não oferece ocupação para a mão de 
obra. O cultivo de soja também gera a concentração de renda e de terras. Com 
o poder financeiro de que dispõe os grandes proprietários acabam comprando 
as terras dos pequenos agricultores que sem alternativas de trabalho e renda, 
mudam-se para a vida em Assunção, a capital paraguaia. 
Os imigrantes brasileiros, denominados também de brasiguaios 
conseguiram ascender socialmente ao longo das últimas décadas, controlam 
setores importantes da economia, da política e da cultura local em algumas cidades 
paraguaias, como Santa Rita, Santa Rosa de Monday, Naranjal, San Alberto, entre 
outras. A partir do final da década de 1970 e início dos anos 1980, ampliam-se 
os processos de mecanização e de concentração da propriedade da terra nessa 
faixa de fronteira. Uma família de agricultores podia aumentar o plantio sem 
necessitar contratar mais mão de obra. Nesse contexto, aumentam as compras 
de terra aos camponeses paraguaios e aos pequenos produtores brasileiros. A 
pequena produção diversificada e de subsistência de milho emandioca, por 
exemplo, passa a ser substituída pelo plantio de soja. Nesse processo, começam 
os deslocamentos de camponeses paraguaios e brasileiros para outras frentes 
TÓPICO 3 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
137
Portanto, o consumo de energia no país é menor que a quantidade de 
energia gerada, o que acontece principalmente na Hidrelétrica Binacional de 
Itaipu, construída em sociedade com o Brasil, e na Hidrelétrica de Yaciretá, 
construída com a Argentina, assim o Paraguai vende o excedente de energia para 
o Brasil e para outros países da América do Sul. 
agrícolas no interior do Paraguai e para as periferias das cidades de fronteira. O 
forte poder econômico, político e cultural dos “brasiguaios” tem produzido uma 
reação do movimento camponês e de políticos de oposição, intelectuais, jornalistas 
e religiosos do Paraguai. Os confrontos entre empresários da soja e alguns setores 
da sociedade paraguaia têm gerado vários conflitos e disputas de identificações e 
representações variadas entre brasileiros e paraguaios (ALBUQUERQUE, 2009).
Assunção, a capital do Paraguai, localiza-se às margens do rio Paraguai, 
é a maior cidade do país e abriga cerca de 1,5 milhão de habitantes na região 
metropolitana. Concentra as principais atividades comerciais e de serviços, que 
atendem uma parte da população e atraem muitos brasileiros e argentinos, devido 
aos preços mais baixos dos bens importados sem cobrança de impostos. Na 
capital Assunção também se encontram as indústrias têxteis e alimentícias, além 
de curtumes que fornecem couro ao setor de produção de calçados, importante 
fonte de renda do Paraguai. 
FIGURA 55 – RUAS ALAGADAS NA CAPITAL ASSUNÇÃO NO PARAGUAI
FONTE: Disponível em: < http://midia.cmais.com.br/assets/image/image-4-b/0
f7379d2aba1899ebcc22509f5a3076bb2d4c720.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2015.
Na Unidade 3, seção sobre integração energética no Mercosul há mais explicações 
sobre este assunto.
ESTUDOS FU
TUROS
138
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
4 O URUGUAI
O Uruguai faz fronteira com o sul do Brasil e o leste da Argentina, seu 
território é quase inteiramente caracterizado pelas coxilhas, baixas colinas 
suavemente onduladas. As coxilhas uruguaias são recobertas por campos 
naturais, mais conhecidos como pampas. São longas extensões de gramíneas e 
arbustos de baixo porte que dominam a paisagem de todo o país. No final do 
século XIX, as matas formadas por árvores de grande porte que se localizavam às 
margens dos rios e no litoral, foram praticamente devastadas para aproveitar a 
madeira e para dar espaço a agropecuária. 
Com o predomínio de solos férteis, os fazendeiros uruguaios 
desenvolveram a triticultura que é o cultivo de trigo, e a rizicultura que é o cultivo 
de arroz que se adaptaram ao clima subtropical do país. Com verões quentes e 
chuvosos e invernos frios e úmidos, esses cultivos se desenvolveram facilmente 
em um solo sempre fértil.
FONTE: Disponível em: <https://megaarquivo.files.wordpress.com/2010/12/
uruguai.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2015.
FIGURA 56 – MAPA DA LOCALIZAÇÃO DO URUGUAI
TÓPICO 3 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
139
As extensas pastagens naturais favoreceram a criação de bovinos e ovinos. 
Nas primeiras décadas do século XX, o Uruguai foi um dos países principais 
fornecedores de alimentos para a Europa, que passava por crises e guerras. A 
produção de carne, couro, lã e arroz cresceu rapidamente. O país lucrou muito 
com as exportações e esse enriquecimento atraiu milhares de imigrantes. Com 
isso o governo uruguaio dispôs de recursos para proporcionar à sua crescente 
população educação e saúde de qualidade. Tais investimentos explicam a posição 
privilegiada do Uruguai no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano – 
IDH da ONU. 
O país é um dos países mais urbanizados do mundo, com cerca de 93% 
da população concentrados em cidades. No entanto, com exceção da região 
metropolitana de Montevidéu, sua capital, onde vive cerca de 66% da população 
uruguaia, as demais cidades do país não ultrapassam 100 mil habitantes.
A capital Montevidéu é o centro comercial, industrial e financeiro do 
país, situada às margens do Rio da Prata, a cidade abriga balneários bastante 
frequentados por turistas como é o caso de Punta del Este.
Esse contexto populacional de urbanização em conjunto com a tradição 
em educação e qualidade de vida, passou por diversas crises, sobretudo na 
segunda metade do século XX. A rápida recuperação econômica da Europa, 
após a Segunda Guerra, levou os antigos compradores dos produtos uruguaios 
a produzir novamente seus próprios alimentos. Consequentemente a Europa 
deixou de comprar parte considerável da produção uruguaia de carne, couro, 
FIGURA 57 – BALNÉARIO DE PUNTA DEL ESTE
FONTE: Disponível em: <http://static.correiodeuberlandia.com.br/wp-content/
uploads/2014/07/515.jpg>. Acesso em: 26 nov. 2015.
140
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
trigo e lã, fato que enfraqueceu a economia do Uruguai. Nas décadas de 1970 e 
1980, quando o país foi duramente atingido pelo choque do petróleo, os produtos 
que o Uruguai comprava de outros países ficaram mais caros com a crise. Essa 
situação levou muitos agricultores e indústrias à falência. E os recursos que até 
então eram destinados às áreas sociais, como saúde e educação desapareceram. 
Deste modo, milhares de uruguaios deixaram o país em busca de empregos 
na Argentina, no Brasil, nos Estados Unidos, e na Espanha. Essa crise também 
alterou o espaço geográfico do Uruguai, pois milhares de agricultores migraram 
para a capital em busca de empregos. 
4.1 O GOLPE MILITAR NO URUGUAI E 
SUAS CONSEQUÊNCIAS
Em 1973 ocorreu um golpe militar no Uruguai que gerou a prisão e a tortura 
de pessoas que se opunham ao regime, censura à imprensa e às instituições de 
ensino, entre outras graves consequências. Tais fatos favoreceram o surgimento 
de movimentos de oposição e de guerrilha, como o dos Tupamaros, nome em 
homenagem a Tupac Amaru, rebelde inca que lutou contra a dominação espanhola. 
A ditadura militar prolongou-se no país até 1984, mesmo com o restabelecimento 
da democracia, os problemas econômicos continuaram. A década de 1990 foi 
marcada pelos movimentos de privatizações, diminuição dos gastos públicos, 
aumento do desemprego e diante desta situação uma grande emigração de jovens. 
Em uma tentativa de superar essa crise e diversificar as atividades econômicas, o 
governo uruguaio adotou uma legislação favorável à implantação de instituições 
financeiras, o que gerou atração em diversas empresas do setor e transformação, 
isso levou o Uruguai a um país de destaque na área bancária (TAMDJIAN, 2012).
4.2 O GOVERNO DE MUJICA
Atualmente quem governa o Uruguai é Tabaré Vázquez, pela 
segunda vez. Vázquez já ocupou o cargo entre 2005 e 2010, sucedido por 
José Mujica, que passou a faixa presidencial, ambos são da Frente Amplio, 
coligação de partidos uruguaios de centro-esquerda e esquerda, parte do 
Foro de São Paulo. Após os cinco anos do governo de Mujica, qual o balanço 
que se pode fazer do governo do ex-guerrilheiro do grupo Tupamaro, 
José Mujica, que prefere ser chamado pelo apelido Pepe e ficou marcado 
como carismático e humilde? Em sua política interna e em suas relações 
exteriores? Mais ainda, em tempos de ânimos acirrados e suspeitas de todos 
os espectros políticos, o governo Mujica mostrou alguns dos caminhos que 
a esquerda latino-americana pode, ou poderia tomar, com sucesso.
Na política interna do Uruguai, o mais evidente e mais falado foram 
as novas medidas sociais do país. Desde dezembro de 2012, as mulheres 
uruguaias podem interromper, legalmente e com respaldo, a gravidez, até a 
décima segunda semana da gestação. Um balanço oficial do governo uruguaio 
informou que, no período de um ano de vigência da lei, foram realizados 
TÓPICO 3 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
141
6.676 abortos seguros. Em abril de 2013, o Uruguai aprovou o casamento 
entre pessoasdo mesmo sexo. Em maio de 2014, o Uruguai legalizou a 
venda de maconha no país e, em fevereiro de 2015, regulamentou-se o uso 
da droga para fins medicinais e pesquisas terapêuticas. Como a droga será 
comercializada ainda está sendo debatido e não foi regulado, mas Mujica 
deixou claro que seu objetivo é tirar o financiamento do narcotráfico.
A última medida social será parcialmente do governo de Mujica. 
Em dezembro de 2014, o Legislativo uruguaio passou a Ley de Servicios de 
Comunicación Audiovisual; a lei discute a reforma no setor de telecomunicações 
no país. Após o apoio de Pepe, a iniciativa será regulamentada pelo governo 
de Vázquez. O objetivo da lei é evitar a concentração econômica no setor 
de telecomunicações e alavancar a concorrência e a pluralidade na oferta 
de serviços e de conteúdos. Nas palavras de Pepe: “Eu não quero que o 
Clarín ou a Globo sejam donos das comunicações no Uruguai”. Todas essas 
medidas demonstram um elemento essencial para um governo democrático, 
o prestígio e a aprovação popular de Mujica. Sem isso, não teria a maioria 
no Parlamento e não conseguiria aprovar tais pautas. Pepe encerrou em 
2014 com 64% de aprovação.
Sua política externa foi uma soma desses dois elementos, avanços 
sociais e sua luta pessoal, com a tradição de neutralidade e de afirmação 
do Uruguai. Seu foco foi a resolução e mediação de conflitos, parte de 
uma meta maior, a integração latino-americana. Em março de 2013, Pepe 
aceitou o pedido dos EUA para receber presos vindos de Guantánamo, 
conhecida base dos EUA em Cuba que foi o cerne de muitas críticas 
por violações de direitos humanos. Mujica declarou que os abrigaria na 
condição de “refugiados” e, em dezembro de 2013, os EUA confirmaram 
que seis indivíduos foram transferidos para o Uruguai. Em outubro de 
2014, o Uruguai recebeu refugiados sírios, após oferta de Mujica; quarenta 
e dois sírios, formando famílias inteiras, receberam asilo, acompanhamento 
profissional, emprego e moradia.
Ainda em relação à Cuba, em dezembro de 2014, Barack Obama, 
Presidente dos EUA, agradeceu Mujica pelo seu papel como um dos 
mediadores do acordo de reaproximação entre EUA e Cuba; mesmo assim, 
Mujica manteve parte de suas críticas ao governo dos EUA, pedindo o fim 
do embargo e a libertação de presos cubanos e do líder porto-riquenho Oscar 
López Rivera. Nas últimas semanas de seu governo, Pepe, reunido com Evo 
Morales, Presidente da Bolívia, anunciou os planos da construção de um 
porto de água profundas que será utilizado também pelo país andino, que 
reivindica uma saída oceânica desde a derrota na Guerra do Pacífico, em 
1883. A saída para o mar é a principal pauta da política externa boliviana 
e o cerne de suas relações com o Chile, que é acusado, pela Bolívia, de 
descumprir tratado internacional sobre o tema. Com a provisão negociada 
por Mujica, espera-se que os ânimos se acalmem e uma solução definitiva 
seja alcançada pelos vizinhos.
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/11/30/internacional/1417307645_280494.html
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/38891/apos+parceria+em+guantanamo+obama+agradece+mujica+por+papel+em+acordo+cuba-eua.shtml
http://oglobo.globo.com/mundo/em-carta-mujica-pede-obama-que-acabe-com-embargo-contra-cuba-14754203
http://oglobo.globo.com/mundo/em-carta-mujica-pede-obama-que-acabe-com-embargo-contra-cuba-14754203
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/39644/uruguai+atende+demanda+historica+e+bolivia+tera+saida+ao+atlantico+em+porto+de+aguas+profundas.shtml
142
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
FONTE: Disponível em: <http://xadrezverbal.com/2015/03/02/cinco-anos-de-governo-mujica-
licoes-para-a-direita-e-para-a-esquerda/>. Acesso em: 27 nov. 2015.
Mesmo suas críticas eram guiadas pelos princípios citados; por 
exemplo, Mujica é ferrenho crítico da atual política argentina, por considerar 
que o país está retrocedendo a integração regional, com uma perspectiva 
baseada em soberania dos anos 1960. No fórum internacional máximo, a 
Assembleia Geral da ONU, avanços sociais e luta também foram o tom. Seu 
pronunciamento de 2013 entrou para a História; quarenta e cinco minutos de 
uma mensagem de solidariedade e construção, criticando individualismos e a 
destruição ambiental. Após todo esse processo político, crítico e progressista, 
seu governo é coroado, também, com avanços econômicos.
A economia do Uruguai, durante o governo Mujica, cresceu mais 
que o dobro da média mundial. Segundo o Banco Mundial, de 2010 a 2013, 
o crescimento da economia uruguaia foi de, respectivamente, 8.4%, 7.3%, 
3.6% e 4.3%. Os anos do primeiro mandato de Vázquez também foram 
de crescimento econômico. Um governo de esquerda, uma sucessão de 
governos de esquerda, que realmente se engaje em novas medidas sociais, que 
tenha respaldo popular, demonstrado por maioria legislativa, não implica 
necessariamente em “populismos bolivarianos” ou em caos econômico; 
o setor terciário da economia uruguaia é uma ótima demonstração disso. 
Mais ainda, o governo Mujica recolocou o Uruguai no mapa internacional, 
um dos líderes mundiais mais prestigiados do último quinquênio.
Ao seu modo de ser, imprimiu os mesmos valores que defende 
domesticamente na política internacional, priorizando a integração, o 
diálogo e a oferta de apoio aos elos mais fracos das correntes. Mujica, um ex-
líder guerrilheiro e membro de partido do Foro de São Paulo, famosíssimo 
nas bocas e nos teclados conservadores brasileiros, ao aceitar presos de 
Guantánamo, fez mais pelos EUA do que qualquer militar da Operação 
Condor. É claro que seu governo, pelas características de Pepe e de seu país, 
não é um modelo exato, que pode ser simplesmente copiado. O Uruguai é 
geograficamente pequeno e sua sociedade é bem particular, mas, se não é 
um modelo, é um exemplo.
Mujica certamente será mais lembrado pelas características quase 
folclóricas de sua pessoa, como seu Fusca azul, que continuou a usar 
como Presidente e recusou vender por ofertas absurdas. Ou o fato de dar 
entrevistas e aparecer em eventos oficiais de sandálias, com grandes unhas 
aparentes em seus pés. De ter doado 90% de seus salários, totalizando quase 
meio milhão de dólares, e ter recusado o palacete oficial como residência. 
Mujica foi maior que isso. Um exemplo de democracia, de sociedade, de 
política e de como pode se fazer muito, mesmo dispondo de pouco. Um 
exemplo para reflexão tanto na direita conservadora brasileira, que veria 
nele um símbolo de tudo que ojeriza, tanto para a esquerda fragmentada no 
Brasil, que tem nele alguns caminhos que perdeu de tomar.
http://www.worldbank.org/en/country/uruguay
TÓPICO 3 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
143
FIGURA 58 – MUJICA E SUA ESPOSA, A SENADORA LUCIA TOPOLANSKY, NO FUSCA 
AZUL DIRIGIDO POR “PEPE”
FONTE: Disponível em: <http://xadrezverbal.com/2015/03/02/cinco-anos-de-governo-
mujica-licoes-para-a-direita-e-para-a-esquerda/>. Acesso em: 25 nov. 2015.
5 A ARGENTINA
A Argentina é um dos maiores países da América do Sul. Seu território 
está situado quase totalmente na região subtropical do planeta e pode ser divido 
em diversas regiões naturais. Ao extremo sul argentino encontra-se a Patagônia, 
cujas as paisagens naturais estão entre as mais interessantes do mundo. 
A patagônia atlântica consiste em grandes extensões planas denominadas 
por um clima extremamente frio durante todo o ano, em função de sua 
proximidade com o polo sul. Na Patagônia Andina, que também se estende pelo 
território chileno, existem muitos lagos de origem glacial, de beleza deslumbrante. 
A vegetação da Patagônia varia em função da posição latitudinal e do relevo. Nas 
proximidades da cordilheira dos Andes, divisa natural entre a Patagônia chilena 
e a Patagônia argentina, crescem grandes bosques de coníferas. Já nas partes mais 
planas da Patagônia Atlântica a vegetação é marcada pela presença de gramíneas 
de baixo porte que aparecem em meio a pequenos arbustos. Essa vegetação 
chamada de estepe, alimentaas poucas espécies de animais que vivem na região. 
Um deles é o guanaco, um tipo de Ihama originário da região.
144
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
FIGURA 59 – PATAGÔNIA ARGENTINA
As magníficas paisagens da Patagônia levaram à expansão do turismo. 
Nos últimos anos foram instalados novos aeroportos e conjuntos hoteleiros, 
elevados a presença de turistas na região. Outra importante característica da área 
é a concentração de cerca de 60% do rebanho de ovinos no país que fornece grande 
quantidade de lã para a indústria argentina. No entanto, não são apenas as lindas 
paisagens e os rebanhos de ovelhas que compõe a Patagônia, se encontram lá os 
80% das reservas de petróleo da Argentina. Essas jazidas levaram à implantação 
de um complexo petroquímico importante em Comodoro Rivadavia. 
Ao norte da Argentina se encontram as fazendas que desempenham a 
fruticultura, especialmente o plantio de maçã, um dos itens de exportação da 
economia argentina. Essa fruta é favorecida pelo predomínio de um clima frio 
que domina a região durante quase todo o ano.
As províncias situadas na fronteira com o Chile, como Mendoza e San 
Juan, ficam nos Andes Argentinos, também conhecidos como Cuyo, o relevo 
montanhoso e o clima frio e seco propiciam condições naturais adequadas ao 
desenvolvimento da vitivinicultura, que é o plantio de uvas e fabricação de 
vinhos. Desde meados da década de 1990 essas terras constituem referência 
para o mercado mundial de vinhos. Próximo a cidade de Mendonza sucedem as 
videiras e as oliveiras que correspondem a uma grande produção de azeite, outro 
produto de exportação argentino. 
FONTE: Disponível em: <https://zavedu.org/wp-content/uploads/2015/09/chili_mountains_lake_
nature_ultra_3840x2160_hd-wallpaper-3580481.jpg>. Acesso em: 27 nov. 2015.
TÓPICO 3 | AMÉRICA LATINA: AMÉRICA PLATINA
145
A região do chaco argentino, muito similar ao chaco paraguaio, é 
dominada por verões escaldantes e invernos amenos, essa região era habitada por 
várias nações indígenas, cujos membros foram chamados de chaqueños, pouco a 
pouco eles foram expulsos ou acompanharam a expansão das atividades agrícolas 
argentinas em direção ao norte, muitos foram trabalhar em fazendas de pecuária 
bovina e de cultivo de algodão. 
A região da Argentina chamada de Mesopotâmia corresponde ao território 
situado entre os rios Paraná e Uruguai. Ao longo desses rios, existem grandes 
plantações de arroz que prejudicam o meio ambiente devido ao uso intenso de 
agrotóxicos, o território possui uma importante cobertura vegetal, composta de 
florestas subtropicais de araucárias. A erva-mate também é muito explorada 
nessa região. 
A região mais povoada da Argentina é La Pampa, situada no centro-oeste, 
é uma extensa planície recoberta por gramíneas e apresenta o maior dinamismo 
econômico. Um dos destaques econômicos dessas terras é a agropecuária 
favorecida pelos solos muito férteis. Essas condições tornaram a Argentina um 
FIGURA 60 – REGIÕES DA ARGENTINA
FONTE: Disponível em: <http://photos1.blogger.com/x/blogger2/7092/484 
780536142989/1600/302463/mapa_regiones.gif>. Acesso em: 27 nov. 2015.
146
UNIDADE 2 | AMÉRICA LATINA: OS PAÍSES QUE COMPÕEM A DIVISÃO REGIONAL
dos maiores produtores mundiais de trigo. No início do século XX a Argentina 
abasteceu a Europa, que se encontrava em guerras, tensões e problemas 
econômicos. Nessa época o país era considerado o celeiro do mundo, ou seja, a 
Argentina era como uma grande reserva de alimentos para os europeus. 
Nessas terras os pampas favorecem a criação de gado bovino, os rebanhos 
encontraram boas pastagens em terras planas e produzem carne de ótima 
qualidade, exportada para muitos países. A natureza dos pampas também tornou 
o leite argentino de excepcional qualidade. Seus derivados como a manteiga e o 
queijo, são apreciados no mundo todo. O desenvolvimento da agropecuária nos 
pampas transformou as cidades dessa região, Córdoba e Rosário se destacam, nos 
mais importantes centros comerciais do país. Elas funcionam como entrepontos 
de vendas dos produtos agrícolas, bem como sedes das fábricas que selecionavam, 
preparavam e embalavam os alimentos vindos do campo. 
Buenos Aires por sua vez, além de ser a capital do país, é o porto mais 
importante da Argentina e um dos mais movimentados da América. A situação 
favorável da agropecuária argentina resultou em um desempenho da economia 
no início do século XX, a oferta de empregos crescia constantemente, o que atraiu 
imigrantes. 
A partir do final do século XIX a economia argentina cresceu 
consideravelmente, a renda das empresas também cresceu, e o governo pode 
recolher os impostos para promover uma base sólida na educação e na saúde. Essa 
expansão continuou nos primeiros 50 anos do século XX, o país formou reservas 
financeiras poderosas, fato que ajudou muito em períodos de crise. Nas primeiras 
décadas após a Segunda Guerra Mundial, os produtos argentinos perderam valor 
com a recuperação da Europa e valorização dos produtos industrializados. Mesmo 
com a presença de grandes indústrias em seu território e com disponibilidade de 
gás natural e petróleo, o país não conseguiu evitar o declínio. 
Nos últimos anos a economia voltou a atrair investidores, empolgados 
com o aumento do preço do petróleo e dos alimentos. Desde então se observa uma 
lenta recuperação da Argentina, que ainda está longe de solucionar os problemas 
que se acumularam ao longo de décadas. 
147
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:
• A América Platina é uma das regiões da América do Sul e da América Latina, 
formada pelo Uruguai, Paraguai e Argentina. Estes países têm em comum uma 
historicidade e formação socioespacial relacionada com os rios da bacia Patina: 
rio Paraguai, rio Paraná e rio Uruguai. As atividades econômicas desenvolvidas 
no passado e presente continuam direta ou indiretamente relacionadas aos 
rios ou às terras planas que lhes são próximas.
• O relevo dos países Platinos abrange extensas planícies, denominadas de 
Pampas e/ou grande planície Platina. Conforme seus territórios avançam do 
litoral do Oceano Atlântico para o interior surgem os planaltos e as cordilheiras 
Andinas. É na parte Argentina da Cordilheira dos Andes que se localiza o pico 
Aconcágua, o mais alto da América do Sul.
• Os climas são diversos, determinados pelos fatores de latitude, altitude, 
maritimidade e continentalidade, estando ainda a planície Platina, sob a 
influência da massa de ar Polar, que se desloca da Antártida para o interior da 
América do Sul.
• As vegetações características são as gramíneas, principalmente nos Pampas, 
mas existem também formações arbustivas, florestas e vegetações xerófilas, 
conforme a atuação dos climas e seus elementos de umidade e temperaturas.
• As populações do Uruguai e da Argentina são predominantemente brancas, 
descendentes dos colonizadores espanhóis e de imigrantes, destacando-
se os italianos. A população do Paraguai se caracteriza pela miscigenação, 
predominando pardos e remanescentes de povos indígenas.
• Dentre as atividades econômicas destacam-se as agropecuárias, favorecidas 
pela existência das extensas planícies cobertas de gramíneas e indústrias para 
transformação das matérias-primas produzidas nestas atividades. 
• Do ponto de vista do desenvolvimento (visão ocidental), o Paraguai é dos países 
da América Platina o mais problemático, pois os conceitos de desenvolvimento, 
progresso e crescimento econômico, se apresentam abaixo do esperado para 
o bem-estar das populações, ou seja, os indicadores sociais não apresentam 
índices favoráveis.
148
• As melhores terras do Paraguai estão na mão de estrangeiros, se destacando 
os brasiguaios. A produção de soja para a exportação em grandes latifúndios 
altamente mecanizados, tem produzido tensões e conflitos sociais entre os 
proprietários de terras e os campesinos, como são chamados os agricultores 
de subsistência e/ou sem-terra paraguaios. 
• Os brasiguaios residentesno Paraguai ascenderam socialmente nas últimas 
décadas e passaram a controlar setores de prestação de serviços e de comércio 
nas cidades do Paraguai, acentuando ainda mais hostilidades já conflituosas. 
• O Uruguai apresenta seu território caracterizado pelas planícies, intercaladas 
pela presença de coxilhas. A atividade agropecuária é responsável por uma 
cadeia de atividades de beneficiamento de lã, couro e de carnes.
• O Uruguai é um dos países mais urbanizados do mundo, com 93% da 
população residindo em pequenas e médias cidades, e/ou na capital.
• Assim como ocorreu em outros países da América Latina, o Uruguai também 
sofreu um Golpe Militar e foi governado por uma ditadura militar entre 1973 
e 1984.
• Nas eleições deste milênio, ascenderam ao poder partidos, cujos representantes 
assumiram posicionamento e encaminhamento de esquerda, na tentativa de 
superação ou diminuição das disparidades sociais. 
• A Argentina, que outrora já foi um país com índices de qualidade de vida 
bons, passou por crises financeiras que fizeram estes índices caírem. Sua 
recuperação econômica continua a avançar lentamente.
• A Argentina possui paisagens bem diversificadas devido a sua localização 
geográfica em relação a latitudes, altitudes e cone sul do continente sul-
americano.
• A Argentina, devido a sua extensão territorial, é dividida em regiões, sendo a 
região Pampeana (La Pampa) a mais urbanizada, povoada e industrializada. A 
região da Patagônia, com paisagens e condições para a prática de esportes de 
inverno, além de outras atividades, se destaca pelo turismo.
149
AUTOATIVIDADE
1 O Paraguai utiliza somente 5% da cota de energia gerada pela Usina 
Hidrelétrica de Itaipu. O restante da energia é comercializado para o 
Brasil. A partir da informação, e do texto, por que podemos afirmar que o 
Paraguai é uma potência hídrica se é um país tão pobre?
2 Recentemente a Argentina restringiu a entrada de pneus brasileiros 
e derivados de alumínio produzidos no Brasil. Essas medidas são 
consideradas protecionistas para o acordo do Mercosul. Por quê?
3 População da Argentina – 40,8 milhões, aproximadamente. 
 População de Buenos Aires – 12 milhões, aproximadamente, na região 
metropolitana. 
 População do Uruguai – 3,4 milhões de habitantes.
 População de Montevidéu – 1,6 milhões na região metropolitana. (Dados 
de 2011, PNUD).
Apesar de números bem diferentes, Uruguai e Argentina têm algumas 
características semelhantes. Qual é a característica apresentada pelos números 
acima?
150
151
UNIDADE 3
O BRASIL E AS RELAÇÕES 
INTERNACIONAIS NA AMÉRICA LATINA: 
DOS CONFLITOS FRONTEIRIÇOS 
À COOPERAÇÃO, INTEGRAÇÃO E 
LIDERANÇA REGIONAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
• localizar o Brasil no contexto mundial econômico e social da América do 
Sul e da América Latina;
• entender a formação territorial do Brasil e dos países platinos;
• compreender a formação das fronteiras brasileiras em relação aos países 
vizinhos;
• refletir sobre a realidade social e econômica do Brasil em relação aos países 
vizinhos;
• identificar e analisar as transformações e o processo de aproximação entre 
Brasil e Argentina;
• reconhecer conceitos aplicados às tentativas de regionalização, formação 
dos blocos econômicos e integração comercial na América do Sul e na 
América Latina;
• estudar as características e entender a dinâmica dos blocos econômicos e 
das associações latino-americanas e sua formação;
• integrar o conhecimento de regionalização, formação dos blocos econômi-
cos e economias em desenvolvimento do México, Argentina, Brasil, Índia 
e China;
• conhecer os principais blocos e/ou associações que se constituíram na 
América do Sul e na América Latina, seus países e influência regional;
• diferenciar e associar esses blocos a seus objetivos, etapas, avanços e/ou 
estagnação;
• entender a suposta soberania e supremacia brasileira na América do Sul;
152
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Em cada um deles você en-
contrará atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO DAS FRON-
TEIRAS POLÍTICAS
TÓPICO 2 – A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
TÓPICO 3 – DOS ESPAÇOS GEOGRÁFICOS REGIONAIS DE ENTORNO 
PARA O ESPAÇO REGIONAL MAIS AMPLO DA AMÉRICA 
DO SUL E DA AMÉRICA LATINA
TÓPICO 4 – PROJEÇÃO INTERNACIONAL E POLÍTICA EXTERNA
• estudar fenômenos socioespaciais presentes nos países da América Latina;
• entender a dinâmica cada vez mais crescente e rápida de integração entre 
serviços, transportes e energética no espaço latino-americano (tanto con-
flituosa, como de parceria). 
153
TÓPICO 1
DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
DAS FRONTEIRAS POLÍTICAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Por sua grande extensão territorial, o Brasil divide fronteiras terrestres 
com dez das 12 nações sul-americanas (incluindo a Guiana Francesa), no total, 
15.719 quilômetros de extensão. Apesar de problemas a serem resolvidos, nas 
últimas décadas os governantes brasileiros têm visto as fronteiras do país como 
linhas de cooperação e não de separação com seus vizinhos. Mas nem sempre 
foi assim. Durante o período colonial, portugueses e espanhóis disputaram as 
terras da América do Sul. Na região conhecida como Bacia Platina, ou Bacia do 
Prata, ocorreram os impasses mais tensos, que deixaram como herança histórica 
desconfianças e, de acordo com Albuquerque (2005, p. 209), uma “precariedade 
nas suas articulações culturais, políticas e econômicas em escala regional, a qual 
se reflete na precariedade atual das infraestruturas físicas de integração, um 
dos graves pontos de estrangulamento para uma maior ampliação das trocas 
comerciais regionais”.
Caro(a) acadêmico(a), você sabe da tradicional rivalidade no futebol entre 
brasileiros e argentinos. Mas a história que explica a rivalidade intensa entre Brasil 
e Argentina começa muito antes de Pelé e Maradona, muito antes do futebol, e 
antes até de Brasil e Argentina existirem. Entenda a seguir, em alguns motivos, 
como começou e como evoluiu a rivalidade, que, graças ao Mercosul, diminuiu. 
No decorrer do estudo desta unidade você, caro(a) acadêmico(a), poderá refletir 
sobre esta rivalidade histórica. 
2 RIVALIDADES COLONIAIS
No passado colonial, os atuais territórios da Argentina, Uruguai e Paraguai 
integravam o Vice-Reino do Rio da Prata, subordinado à Espanha. Como parte 
da América portuguesa, o Brasil teve uma história marcada por conflitos na 
consolidação das fronteiras políticas com esses e outros países sul-americanos. 
Por muitos anos, as relações entre o Brasil e seus vizinhos na América do Sul 
foram tensas: único herdeiro da Coroa Portuguesa em um continente dominado 
quase que inteiramente pela monarquia espanhola, suas fronteiras foram 
construídas em grande parte desrespeitando o determinado pelo Tratado de 
Tordesilhas (1494), fato que causou disputas fronteiriças com os Estados vizinhos. 
Algumas das disputas foram resolvidas quase um século após a proclamação da 
independência política, durante o período monárquico, assim como nos dias da 
república. No entanto, desde a Guerra do Paraguai (1865-1870), as relações do 
Brasil com os seus vizinhos, sem exceção, são pacíficas. (ADAS, 2011).
 
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
154
Portugal e Espanha, por meio do Tratado de Tordesilhas, assinado em 
1494, haviam definido os princípios gerais para a determinação dos limites de 
seus territórios na América, porém não os haviam delimitado, ou seja, traçado 
linhas divisórias sobre os mapas que permitissem definir marcos de fronteira. 
Ao longo do período colonial, essa situação deu origem a disputas territoriais 
expansionistas entre as duas potências coloniais ibéricas.
Em 1676, por exemplo, em suas investidas para o sul, os portugueses 
fundaram Laguna, no litoral do atual Estado de Santa Catarina, próximo à linha 
do Tratado de Tordesilhas.Em seguida, em 1680, desejosos de controlar a entrada 
do estuário platino, fundaram próximo a este local a Colônia de Sacramento. Na 
mesma época, também realizaram incursões pelas terras que, mais tarde, formariam 
o Estado do Rio Grande do Sul. Pelo Tratado de Tordesilhas, tanto essa área como a 
Colônia de Sacramento localizavam-se em terras pertencentes à Espanha. Observe 
no mapa a parte da América do Sul correspondente a Portugal e Espanha.
FONTE: Disponível em: <http://www.estudopratico.com.br/o-que-foi-o-tratado-de-tordesilhas/>. 
Acesso em: 29 out. 2015.
Marcos de fronteira são marcações no espaço físico, colocados em pontos 
notáveis do terreno, que identificam o limite de uma linha de fronteira terrestre. 
NOTA
FIGURA 61 – LINHA DO TRATADO DE TORDESILHAS
TERRAS 
PERTENCENTES 
A PORTUGAL
TERRAS 
PERTENCENTES 
A PORTUGAL
Linha divisória 
segundo o 
Tratado de 
Tordesilhas
Belem
Laguna
TERRAS 
PERTENCENTES 
À ESPANHA
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
155
No noroeste do que hoje correspondem as terras do Estado do Rio Grande 
do Sul, no início do século XVII, padres jesuítas espanhóis implantaram missões 
ou reduções com o objetivo de converter os indígenas à fé cristã. Essas missões 
(no decorrer dos séculos XVII e XVIII) foram invadidas por diversas vezes por 
bandeirantes paulistas que buscavam escravizar os indígenas, fato que mais uma 
vez infringia o tratado luso-espanhol. 
A presença portuguesa em terras que pertenciam à Espanha pelo Tratado 
de Tordesilhas provocou tensões na região. A Colônia Sacramento, por exemplo, 
fundada pelos portugueses, foi invadida pelos espanhóis, mas reconquistada 
pelos portugueses. Essa troca de domínio se repetiu por várias ocasiões.
Na tentativa de pôr fim às disputas territoriais, na segunda metade do 
século XVIII, Portugal e Espanha assinaram tratados para a definição de limites 
entre seus respectivos territórios. Dentre os tratados, o Tratado de Madri, 
assinado em 1750, foi o mais importante. Preparado cuidadosamente a partir 
do Mapa das Cortes, o tratado favoreceu as colônias portuguesas em prejuízo 
aos direitos dos espanhóis. Os diplomatas portugueses eram muito espertos e 
basearam-se no princípio do Uti Possidetis – direito de posse – para definir como 
se daria a divisão territorial, trabalhando também para a vitória portuguesa. 
Pelo Uti Possidetis a terra deveria ser ocupada por aqueles que já se encontravam 
estabelecidos nela, com residência fixa e trabalho nas redondezas. Desta forma, 
os portugueses se firmaram no grande território que hoje forma o Brasil. Foi o 
Tratado de Madri que praticamente deu ao Brasil a extensão territorial que possui 
hoje, com pequenas alterações na configuração das fronteiras, ainda decorrentes 
das disputas territoriais entre portugueses e espanhóis em determinados locais 
fronteiriços. (ADAS, 2011). Observe no mapa o quanto a extensão de terras do 
Brasil se ampliou com o Tratado de Madri, a área dos Sete Povos das Missões 
disputada com o Vice-Reino da Prata, e localização da vila da Colônia do 
Sacramento, na margem esquerda do Estuário do Rio da Prata. 
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
156
FIGURA 62 – OS LIMITES DO BRASIL DO SÉCULO XV AO XVIII 
O primeiro Tratado de Santo Ildefonso foi um acordo assinado entre 
Portugal e Espanha em 1777, e tinha como objetivo acabar com a disputa pela 
posse da Colônia de Sacramento e outras regiões, na América do Sul, entre as 
duas nações europeias. Não obteve êxito. 
Apenas em 1801 (início do século XIX), pelo Tratado de Badajós, ficaram 
estabelecidas as fronteiras do Amapá com a Guiana Francesa e do Rio Grande do 
Sul com o Vice-Reinado Espanhol do Rio da Prata, que deu origem, posteriormente, 
à Argentina, Uruguai e ao Paraguai. Por este tratado ficou assegurado para 
Portugal o domínio sobre os Sete Povos das Missões, consolidado em acordo 
posterior entre autoridades do Rio Grande do Sul e Vice-Rei do Prata. 
FONTE: Disponível em: <http://www3.editorapositivo.com.br/pnld2015/atv/HCS_2_07/index.html>. 
Acesso em: 29 out. 2015.
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
157
2.1 A QUESTÃO CISPLATINA NO PERÍODO 
IMPERIAL BRASILEIRO
Em 1816, a mando de D. João (atendendo a uma das exigências de Carlota 
Joaquina), luso-brasileiros ocuparam a banda oriental do Uruguai (nome dado na 
época ao atual território uruguaio). Em 1821, essa região foi incorporada ao Brasil 
com o nome de Província da Cisplatina.
Os habitantes locais, descendentes de espanhóis (maioria), não aceitaram 
que esse território pertencesse ao Brasil. Em 1825, liderados pelo general 
Lavalleja, conquistaram a autonomia da Cisplatina em relação ao Império do 
Brasil, passando a fazer parte da República das Províncias Unidas do Rio da 
Prata. Em resposta ao ato de Lavalleja, no mesmo ano D. Pedro I declarou guerra 
à Cisplatina, que só terminou em 1828, com a derrota brasileira. A província 
da Cisplatina independente deu origem à República Oriental do Uruguai e 
enfraqueceu a pretensão brasileira de ampliação do território. (ADAS, 2011).
FIGURA 63 – MAPA PROVÍNCIA DA CISPLATINA, ATUAL TERRITÓRIO DO URUGUAI
FONTE: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/352516/>. Acesso em: 29 out. 2015.
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
158
2.2 A ERA RIO BRANCO – 1902-1912
José Maria Paranhos Junior, conhecido como Barão do Rio Branco, 
assumiu o cargo de Chanceler quando o Brasil se encontrava isolado na América 
do Sul. Por essa época, as relações com o Chile praticamente inexistiam; com 
a Bolívia, em relação ao Brasil as relações se encontravam delicadas devido 
à questão do Acre; a Venezuela não concluía o trabalho de demarcação da 
fronteira comum e, ainda, a Colômbia buscara, sem resultados, apoio brasileiro 
frente à possibilidade de retalhamento de seu território, devido à construção do 
Canal do Panamá. Rio Branco, porém, via o Brasil em posição de destaque na 
América do Sul, não de modo impositivo, mas, sim, decorrente de sua própria 
dimensão territorial, condição econômica e situação demográfica. Antes, porém, 
o país devia superar aquele isolamento e outras questões limitadoras de sua 
ação internacional, a saber: a definição de suas fronteiras; a restituição do valor 
primitivo de sua ação internacional e a reconquista da credibilidade e do prestígio 
do país, abalados por dez anos de conflitos internos, de desmoronamento 
financeiro e de flutuação dos rumos seguidos para a consolidação da República. 
Assim, enquanto foi ministro das Relações Exteriores do Brasil, obteve êxito na 
negociação das fronteiras definitivas do país. 
Considerado o pai da diplomacia contemporânea brasileira, o barão 
consolidou uma relação diplomática baseada na negociação pacífica de conflitos, 
o que ajuda a explicar por que, desde o fim da Guerra do Paraguai (1870), o 
Brasil não se envolveu em outros conflitos interestatais. 
3 AS RELAÇÕES REGIONAIS NA BACIA DO PRATA 
NO DECORRER DA HISTÓRIA
Dentre as fronteiras do Brasil com os demais países da América do Sul, 
as da Bacia do Prata foram as que mais foram contestadas, desde os tempos 
coloniais. Isso conduziu o Brasil a certo isolamento na América do Sul. A formação 
da identidade nacional e a territorialização destes países passaram pelo controle 
dos rios da Bacia Platina. No Brasil, as nascentes e seus tributários correndo para 
o interior e depois em direção ao Sul, em função das altitudes e disposição das 
formas de relevo, foram os principais meios de controlar os grandes espaços e 
riquezas do interior. (ALBUQUERQUE, 2005). 
3.1 BRASIL E ARGENTINA: DA 
DESCONFIANÇA À APROXIMAÇÃO
Relações políticas e econômicas entre Brasil e Argentina foram 
influenciadas, na maior parte do século XX, pelos mais de três séculos de disputas 
fronteiriças. Segundo Almeida (2010), o Brasil nem sempre foi um país influente 
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAISE CONSOLIDAÇÃO 
159
por sua dimensão econômica. No entanto, há mais de cem anos a Argentina foi 
o país mais rico da América Latina, com uma renda per capita mais do que o 
dobro da brasileira, até então um dos países mais ricos do mundo. Albuquerque 
(2005, p. 224) corrobora explicando que “em termos de projeção subcontinental, 
a Argentina levaria vantagem em relação ao Brasil nas primeiras décadas do 
século XX”. As exportações argentinas de trigo e carne foram responsáveis por 
um crescimento econômico expressivo para os níveis regionais, permitindo à 
Argentina renda per capita e qualidade de vida muito superiores às brasileiras. 
A Argentina polarizava países platinos limítrofes como o Uruguai e Paraguai, a 
ponto de, por exemplo, se configurar a malha ferroviária paraguaia de modo a 
articulá-la ao Porto de Buenos Aires. 
De lá para cá a situação alterou-se, enquanto a desigualdade social 
diminuiu no Brasil, na Argentina aumentou. A razão é simples: mesmo 
fornecendo indicadores econômicos e educacionais que são, em média, menos 
de um terço dos da Argentina, os indicadores sociais no Brasil cresceram de 
forma mais consistente e mais rápido em determinados momentos. Durante a 
ditadura militar, de 1964-1985, apesar da liberdade de expressão e democracia 
suprimidas, o Brasil consolidou-se como potência industrial emergente, e o país 
foi dotado de um conjunto de instituições que apoiaram o crescimento durante 
a fase decisiva da sua modernização econômica e tecnológica. A Argentina, 
infelizmente, não conseguiu manter as condições favoráveis disponíveis e 
passou por governos catastróficos, tanto militares como civis. Tais governos, na 
escala de desenvolvimento econômico e político, colocaram o país em situação 
dramática. Albuquerque (2005) exemplifica a inversão do quadro econômico 
e geopolítico sul-americano a favor do Brasil a partir de 1970, quando a área 
geográfica de influência (hinterlândia) paraguaia passou a se articular com o 
sistema rodoferroviário brasileiro com pontos terminais nos portos de Santos 
(SP) e Paranaguá (PR).
Apesar de o Brasil ser produtor líder em várias commodities, especialmente 
na agricultura, e possuir outros recursos primários, como minérios, o país ainda 
sofre de disfunções graves no seu sistema de produção e em seus níveis de 
competitividade internacional, estando fora de setores dinâmicos e sofisticados, 
exceto no mercado da indústria da aviação. Os fatores que contribuem para 
diminuir a sua produtividade são históricos e estão relacionados à baixa formação 
técnica e pedagógica de sua força de trabalho. A infraestrutura poderia ser 
melhor, o mercado de crédito é insuficiente para a magnitude do PIB, e os gastos 
da burocracia do Estado são excessivos, sem contar com hábitos de corrupção 
e subornos. O que é recolhido em impostos retorna muito pouco em termos de 
investimentos diretamente produtivos. (ALMEIDA, 2010).
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
160
O crescimento econômico do Brasil se consolidou de forma lenta, e isso só 
foi possível a partir da crise econômica entre as duas guerras, quando começou o 
processo de industrialização. De todos os países da América do Sul, e também da 
América Latina, o Brasil é, sem dúvida, o mais industrializado. No entanto, nas 
primeiras décadas da segunda metade do século XX, o Brasil não desenvolveu 
uma vocação de abertura econômica e integração regional com os países vizinhos. 
Segundo Albuquerque (2005), a política externa brasileira, em especial desde o 
regime militar instaurado em 1964, reservava aos países da região sul-americana 
a condição de fornecedores de matérias-primas e energia, de corredores de 
passagem para o Pacífico e Caribe. Albuquerque ressalta que com o processo 
de globalização, passou a imperar uma “visão unificadora”, em detrimento da 
unidade latino-americana, pois as elites dos países continuam tramando nos 
bastidores diferentes maneiras para defender seus projetos nacionais, diferindo 
dos discursos oficiais e da agenda internacional.
3.2 BRASIL E ARGENTINA: COMPETIÇÃO GEOPOLÍTICA
Durante século XIX até a década de 1930 do século XX, militares, 
estrategistas e geopolíticos argentinos e brasileiros mantiveram desconfiança e 
competição mútuas. Do lado argentino considerava-se que o Brasil era o maior 
rival na América do Sul e desejava-se contrabalançar o seu poder com base na 
lembrança de que, durante a marcação das fronteiras brasileiras no período 
colonial e imperial, ocorrera considerável expansão do território, do litoral para 
o interior do continente. O governo da Argentina almejava, assim, tornar o país 
núcleo de um poder regional, articulando-se com os demais países hispano-
americanos. Os geopolíticos brasileiros consideram que o principal objetivo da 
Argentina era isolar o Brasil na América do Sul. Também temiam que o país 
vizinho planejasse atacar os estados brasileiros da região Sul com o apoio do 
Uruguai, do Paraguai e da Bolívia. (ADAS, 2011).
No Tópico 2 este assunto será mais explorado, através das tentativas de integração 
e/ou associação de países sul e latino-americanos.
Relembrando da Unidade 1: Commodities são artigos de comércio internacional, 
bens que não sofrem processos de alteração (ou que são pouco diferenciados), como 
frutas, legumes, cereais e alguns metais. 
ESTUDOS FU
TUROS
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
161
3.3 A OPERAÇÃO PAN-AMERICANA (OPA) E 
OS ACORDOS DE URUGUAIANA
Sinais de aproximação entre os dois países somente surgiram na década 
de 1950, durante os governos do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek 
(1956-1961) e do argentino Arturo Frondizi (1958-1962). Através da Operação 
Pan-Americana – OPA, Juscelino, em 1958, iniciou uma aproximação e 
estreitamento das relações entre os países da América. Embora o objetivo 
principal fosse pressionar os Estados Unidos para que tomassem iniciativas de 
maior cooperação com o desenvolvimento continental, os governos brasileiro e 
argentino instauraram um período de cooperação, levantando, ao mesmo tempo, 
a necessidade de integração dos países da América do Sul. Assim, em 1960 foi 
criada a Associação Latino-Americana de Livre Comércio – ALALC. A ALALC 
era uma organização internacional, cujo objetivo principal era o incremento 
do comércio entre os países membros por meio da redução de tarifas e outras 
providências. (ADAS, 2011).
Em 20 de abril de 1961 os governos do Brasil, Jânio Quadros, e da Argentina, 
Arturo Frondizi, realizaram um encontro histórico na cidade de Uruguaiana-RS, 
na fronteira com a Argentina, onde concordaram em superar as desconfianças 
históricas e intensificar um esforço comum de cooperação econômica, financeira, 
judiciária e cultural, além do estabelecimento de uma ação comum na solução 
de problemas internacionais. Discutiram alternativas de cooperação econômica 
entre os países sul-americanos e repudiaram interferências extracontinentais nos 
assuntos da América do Sul. (ADAS, 2011)
3.4 GOVERNOS MILITARES NO BRASIL E NA ARGENTINA
Após os acordos de Uruguaiana, o estreitamento dos laços de cooperação 
entre Brasil e Argentina não avançou, pois militares assumiram os governos em 
ambos os países, reavivando desconfianças mútuas. No Brasil, o regime militar 
teve início em 1964 e estendeu-se até 1985, enquanto que na Argentina os militares 
permaneceram no poder entre 1962 e 1983.
Do lado brasileiro, o governo militar buscava consolidar a hegemonia na 
América do Sul. Para isso considerava necessário isolar a Argentina por meio 
da articulação de um conjunto de iniciativas na Bacia Platina, região de maior 
influência do país vizinho. Priorizou-se o fortalecimento de relações bilaterais 
do Brasil, principalmente com a Bolívia e o Paraguai, países dependentes da 
Argentina, para escoarem seus produtos para o exterior utilizando o Porto de 
Buenos Aires. 
Com o intuito de atrair o Paraguai para a órbita de influência brasileira,em 1969 foi inaugurada a Rodovia BR-277, que liga o eixo econômico paraguaio, 
Assunção-Cidade de Leste, ao litoral do Estado do Paraná, permitindo as 
exportações paraguaias. Em 1966 assinou-se a Ata das Cataratas ou Ata de Iguaçu, 
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
162
que estabeleceu regras para o aproveitamento hidrelétrico do Médio Paraná. Anos 
mais tarde, em 1973, foi assinado o Tratado de Itaipu, e à revelia dos protestos 
argentinos foram iniciadas as obras para a construção da Hidrelétrica de Itaipu, 
obra binacional paraguaio-brasileira que tornou o Paraguai autossuficiente na 
produção de energia elétrica. 
Albuquerque (2005) explica que o Brasil, ao construir uma sequência de 
barragens na parte superior da bacia do Prata-Paraná, o governo e sua equipe 
técnica, empregando uma estratégia de usos múltiplos dos rios, procurou 
controlar a rede fluvial para inverter o fluxo econômico a seu favor. Visou facilitar 
o escoamento da produção no interior da bacia para corredores de exportação 
de sentido oeste-leste, em direção aos portos atlânticos do Sudeste brasileiro. A 
condição natural da bacia favorece a Argentina ao facilitar a navegação sentido 
norte-sul, rumo à foz do rio da Prata. As Cataratas do Iguaçu sempre foram 
uma barreira natural aos interesses argentinos, e talvez essa tenha sido a razão 
pela qual a barragem de Itaipu foi construída sem eclusa. A posição do Estado 
brasileiro iria mudar na década de 1990, após o surgimento do Mercosul, com 
a implementação da hidrovia Paraguai-Paraná. Observe no mapa o complexo 
hidroviário Tietê-Paraná.
FONTE: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrovia_Tiet%C3%AA-Paran%C3%A1>. 
Acesso em: 29 out. 2015.
FIGURA 64 – MAPA: BACIA HIDROGRÁFICA DO TIETÊ PARANÁ, ONDE UM SISTEMA DE ECLUSAS 
PERMITE A UTILIZAÇÃO DOS RIOS E SUAS BARRAGENS COMO HIDROVIA
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
163
A partir de meados da década de 1980, período em que no Brasil e na 
Argentina ocorreu a transição do regime militar para governos democráticos, os 
governos desses países deram início à superação da visão recíproca de que eram 
“inimigos históricos”. Diante da percepção de que a economia mundial passava 
por transformações importantes, começaram a se aproximar com objetivo de 
cooperação e complementaridade de suas economias.
3.5 O RETORNO À DEMOCRACIA E A 
APROXIMAÇÃO DE BRASIL E ARGENTINA E 
OUTROS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL
O retorno à democracia tanto no Brasil como na Argentina favoreceu um 
processo de aproximação política e reforçou a confiança mútua. Somente a partir 
da década 1990, as relações internacionais do Brasil se voltaram para a região da 
América do Sul e da América Latina para a construção de um espaço político, 
estratégico e econômico preferencial. Nos últimos 25 anos, o Brasil ampliou sua 
presença no mundo e na América Latina. O Brasil passou a desempenhar papel de 
crescente importância em foros internacionais, com destacada atuação em questões 
multilaterais, deixando para trás a noção de soberania fundada no isolamento. 
(CARMO; PECEQUILO, 2015). 
Essa aproximação permitiu acordos de cooperação (1986) e integração (1988). 
Representantes dos governos do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai iniciaram 
conversações a fim de integrar comercialmente seus países, o que mais adiante 
culminou com a assinatura do Tratado de Assunção, na cidade de Assunção, capital 
do Paraguai, criando-se, em 1991, o Mercado Comum do Cone Sul – Mercosul. 
O Mercosul, através dos acordos de parceria entre os países vizinhos, 
monopolizou a articulação da maior parte da política externa regional brasileira, 
embora em um período mais recente tenha havido uma série de iniciativas políticas 
que tentam uma concepção brasileira de consolidar a América do Sul como uma 
zona de integração econômica e cooperação política. Segundo Carmo e Pecequilo 
(2015), os acordos do bloco sul-americano foram ações que demonstraram a busca 
de autonomia dos países integrantes do grupo, com alinhamento às orientações 
neoliberais do Consenso de Washington. Trajetória essa que trouxe, segundo os 
autores, esperança e frustração, pois acreditou-se que a globalização e a organização 
dos mercados regionais estivessem acompanhadas de benesses, enquanto se percebia 
que a desregulamentação aprofundou as assimetrias sociais, conduzindo os países a 
instabilidades e fragmentação. 
o Tópico 2 será dedicado à análise e reflexões sobre o Mercosul.
ESTUDOS FU
TUROS
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
164
O Mercosul permitiu ao Brasil consolidar uma agenda satisfatória com 
a Argentina, depois de décadas de relativa indiferença ou mesmo hostilidade 
escamoteada, pois os dois maiores países do continente, mesmo sem contestar 
abertamente a hegemonia regional, entraram em confronto velado em vários 
episódios ao longo do século XX. Entre outros, um dos motivos para a disputa 
era a exploração dos recursos hídricos na bacia do rio da Prata, resolvido por um 
acordo tripartite em 1979, em torno de Itaipu, conseguindo superar a disputa 
absurda sobre o potencial energético do rio Paraná.
3.6 O MERCOSUL E A CRISE DOS ANOS 1999-2001
A partir de 1999, alguns problemas nas economias, principalmente do 
Brasil e da Argentina, influíram na redução das trocas comerciais do Mercosul. A 
desvalorização do real em relação ao dólar, em janeiro de 1999, causou a alta dos 
preços dos produtos argentinos, paraguaios e uruguaios no mercado brasileiro 
e, em consequência, a redução das importações brasileiras de produtos desses 
países. Tal situação afetou profundamente a Argentina, pois somente o Brasil era 
responsável pela compra de 31% do total de suas exportações. Em 2000 e 2001, o 
quadro de recessão e desemprego, que já existia em 1999, agravou-se. Com isso, o 
comércio entre os países do Mercosul declinou, mas manteve-se muito acima do 
que era no início dos anos 1990. (ADAS, 2011).
Nos primeiros anos do século XXI a América do Sul encontrou uma 
nova dinâmica, liderada pelas iniciativas brasileiras dos governos de Fernando 
Henrique Cardoso (1995-2002) e Luís Inácio Lula da Silva (2003-2010), que lhe 
permitiu destacar-se como líder nas relações internacionais regionais, como 
protagonista de novas alianças multilaterais. Simultaneamente, na Venezuela, as 
ações do governo de Hugo Chávez (que se elegeu pela primeira vez em 1998) 
também contribuíram para uma projeção global e principalmente regional, tanto 
da América do Sul e da América Latina. A imagem de crise, de encolhimento 
e de isolamento foi sendo sobreposta gradativamente por ações centradas na 
recuperação e renovação nas quais a América do Sul passou a olhar cada vez 
mais para dentro de si mesma, ao mesmo tempo em que optou em abrir suas 
fronteiras para o mundo. Em meio a dificuldades domésticas, a projeção externa 
ganhou maturidade, processo permeado por disputas políticas, pressionado pela 
necessidade contínua de progresso, de superação da fragmentação do passado e, 
por vezes, contando com a persistência de riscos de estagnação e retrocessos nas 
respectivas agendas. (CARMO; PECEQUILO, 2015).
Em 2015 o comércio bilateral entre Argentina e Brasil caiu drasticamente, 
acumulando 23 meses consecutivos de queda, conforme notícia publicada em 1º 
de setembro de 2015, jornal eletrônico EN10. O comércio bilateral caiu 16,8% ao 
longo deste ano de 2015 e a comparação com 2011 mostra uma possível queda de 
até 40%. A consultora privada Abeceb.com, com base nas estatísticas oficiais de 
ambos os países, demonstrou que em 2015 acumula-se uma queda de 22,6% nas 
exportações argentinas ao Brasil e de 11,3% nas compras. Dentre as explicações 
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
165
para os números, a recessão no Brasil é um dos fatores, juntamente com a restrição 
de dólares pela Argentina, gerando dificuldades para o país mantero ritmo de 
importações. (PRESSE, 2015).
4 A FAIXA DE FRONTEIRA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
O Brasil faz fronteira com 10 dos 12 países da América do Sul, incluindo 
a Guiana Francesa. A fronteira é resultante de um processo histórico que tem por 
base a preocupação do Estado com a garantia de sua soberania e independência 
nacional. Historicamente, o país tem demonstrado interesse pela região que 
envolve a fronteira, ao buscar identificá-la como faixa de fronteira e, como tal, 
dotada de complexidade e peculiaridades que a tornam especial em relação ao 
restante do país. Nos últimos anos, o governo brasileiro ampliou a atenção para a 
ocupação e a utilização da chamada faixa de fronteira, reconhecendo a importância 
territorial estratégica diante do processo de integração sul-americano. A principal 
legislação que trata sobre a faixa da fronteira foi promulgada em 1979, atribui uma 
importância diferenciada a este espaço territorial, considerado área de segurança 
nacional desde o tempo do Segundo Império, meados do século XIX. Acontece 
que com a globalização e organização dos blocos econômicos supranacionais, as 
fronteiras passaram a ser ressignificadas.
A faixa de fronteira brasileira corresponde a uma região que se estende ao 
longo de 15.719 quilômetros de fronteira terrestre do país. Com 150 quilômetros de 
largura, esta longa faixa se estende por 11 unidades da federação e 588 municípios, 
abrigando uma população próxima a 10 milhões de habitantes. A faixa de fronteira 
de dois países forma a zona de fronteira, onde parte expressiva das relações 
transfronteiriças se estabelece nas cidades gêmeas ou trigêmeas. Em linhas gerais, 
a zona de fronteira é composta pelas faixas territoriais de cada lado do limite 
internacional, caracterizado por interações internacionais que embora criem um 
meio geográfico próprio de fronteira, apenas é perceptível na escala local-regional 
das interações. Neste meio geográfico, as cidades-gêmeas são a manifestação das 
relações locais num contexto complexo e peculiar. (ADAS, 2011).
4.1 CIDADES-GÊMEAS 
Na escala local-regional, no meio geográfico as cidades gêmeas 
correspondem a adensamentos populacionais que são cortados por linhas de 
fronteiras (terrestre ou fluvial, articulada ou não por obra de infraestrutura), 
ou, em outras palavras, são núcleos urbanos que se localizam de um lado e de 
outro do limite internacional entre países vizinhos. Nos quase 16 mil quilômetros 
de fronteira terrestre brasileira, existem 29 cidades-gêmeas. Estas cidades 
contam com grande potencial de integração econômica e cultural. Há intensa 
circulação (fluxos) de pessoas, mercadorias e capitais. Às vezes, estas cidades 
são tão integradas que basta atravessar uma rua para ir de um país para outro. 
(ANTUNES, 2013; CAMPOS, 2014). Observe no mapa cidades gêmeas e trigêmeas 
na fronteira sul e sudoeste do Brasil e vizinhos.
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
166
FIGURA 65 - CIDADES GÊMEAS E TRIGÊMEAS NA FRONTEIRA SUL E SUDOESTE DO BRASIL 
COM PAÍSES VIZINHOS
O encontro de culturas através das pessoas de países diferentes fomenta 
ações para potencializar o aprendizado de línguas, de respeito à diversidade de 
dialetos e culturas. As escolas públicas da cidade de Santana de Livramento, 
RS, por exemplo, ensinam espanhol, e crianças de Rivera (Uruguai) também 
aprendem português. Por conviverem em um espaço comum, habitantes dessas 
cidades mesclam as duas línguas e criaram novas palavras, falando o chamado 
português do Uruguai.
Após uma série de negociações entre os governos do Brasil e da Argentina, 
a exemplo da experiência Brasil-Uruguai, o Projeto Escolas Bilíngues de Fronteira 
surge como uma estratégia de entendimento e de pacificação das fronteiras. A 
implementação do projeto tem como propósito promover a construção de uma 
identidade regional (de fronteira) bilíngue intercultural, de paz e cooperação. 
De forma resumida, o projeto consiste em um modelo comum de ensino em 
escolas de fronteira, a partir do desenvolvimento de um programa para educação 
intercultural, com ênfase no ensino de português e espanhol, sobretudo nas 
cidades gêmeas. (BRASIL, 2010). 
FONTE: Disponível em: <http://seminariogelf.blogspot.com.br/p/linguistica-de-fronteira.html>. 
Acesso em: 29 out. 2015.
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
167
Por outro lado, existem também problemas ligados ao comércio ilegal 
de mercadorias entre os dois ou três países (cidades trigêmeas), conhecido como 
contrabando, tráfico de drogas, armas ou pessoas, entre outros. Nas cidades 
gêmeas é comum uma prática comercial particular denominada “comércio 
formiga”, que ocorre quando os habitantes de uma das cidades, ou mesmo de 
outras localidades, deslocam-se para a cidade do país vizinho a fim de comprar 
produtos para o consumo próprio ou para a revenda. Ocorre também a saída 
de recursos naturais e minerais, explorados sem controle e ilegalmente, gerando 
danos ao meio ambiente. (ADAS, 2011).
O Brasil não tem muitas cidades gêmeas, a maioria destas cidades está 
concentrada na faixa de fronteira com o Uruguai, a Argentina e o Paraguai. 
Com a Argentina o Brasil tem 16 cidades gêmeas, das quais oito estão situadas 
na área limítrofe do Estado do Rio Grande do Sul com as províncias argentinas 
de Corrientes e Missiones. A existência do número reduzido de cidades gêmeas 
reflete a situação de marginalidade da zona de fronteira em relação às principais 
correntes de povoamento da América do Sul, concentradas na orla atlântica e nos 
altiplanos andinos. A localização geográfica das existentes decorre dos diversos 
fatores, dentre eles, a disposição dos eixos de circulação terrestre sul-americanos, 
a densidade do povoamento (caso da Amazônia), a presença de obstáculos físicos 
(cordilheira dos Andes) e a histórica econômico-territorial da zona de fronteira. 
(BRASIL, 2010).
Três aspectos se destacam na geografia das cidades gêmeas na fronteira 
brasileira, sendo o primeiro o favorecimento da posição estratégica em relação a 
linhas de comunicação terrestre e a existência de infraestrutura de articulação. 
Embora estes fatores possam explicar o surgimento de muitas cidades gêmeas, 
nem sempre garantem seu crescimento e simetria urbana. O segundo aspecto 
é em parte resultante do primeiro, onde a disposição geográfica das cidades e 
seu tamanho e organização urbana são dependentes da ação intencional dos 
governos em atender suas prioridades políticas institucionais. O terceiro aspecto 
a ser destacado na geografia das cidades gêmeas é a disjunção entre o tipo de 
interação predominante na linha de fronteira e o tipo de interação que caracteriza 
a cidade que nela se localiza. (BRASIL, 2010).
4.2 MARCOS DE FRONTEIRA, TENSÕES E 
QUESTÕES FRONTEIRIÇAS
Em relação à geografia física, os locais de maior altitude do relevo 
brasileiro se localizam no Planalto das Guianas. Os pontos mais altos do Brasil 
estão localizados na Serra do Imeri, na divisa do Brasil com a Venezuela, que são 
o Pico da Neblina (AM), com 2.993 metros de altitude, e o Pico 31 de Março (AM), 
com 2.972 metros de altitude. (HUECK et al., 2013)
A fronteira com a Guiana Francesa possui em torno de 730 quilômetros 
de extensão. Por muito tempo foi comum sua travessia por brasileiros que 
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
168
procuravam trabalho naquele país, que na realidade é um departamento 
ultramarino da França. O objetivo dos brasileiros era receber em euros, e dali 
tentar ingressar na França. O controle mais rígido das fronteiras está diminuindo 
a entrada de estrangeiros neste território. (HUECK et al., 2013).
Segundo Conte (2010), o Brasil e a França assinaram, em 2001, um acordo 
que prevê a construção de uma ponte sobre o Rio Oiapoque, com 370 km de 
águas navegáveis, e é um dos marcos de fronteira entre Amapá, BRA, com a 
Guiana Francesa, FRA. O então presidenteFernando Henrique Cardoso e o então 
primeiro-ministro francês Jacques Chirac, após assinarem acordos bilaterais 
visando, por exemplo, à proteção da Amazônia (1996), além de outros assuntos, 
acordaram sobre a referida ponte entre a Guiana Francesa e o Amapá.
De acordo com Santiago (2015), a ponte está pronta desde junho de 2011, 
mas ainda não foi inaugurada. A estrutura custou R$ 61 milhões e ainda depende 
de obras de aduana no lado brasileiro. Falta de recursos impede previsão sobre 
fim das obras no Amapá. As instalações do lado francês já estão prontas. A 
construção da aduana foi orçada em R$ 13,6 milhões pelo Departamento Nacional 
de Infraestrutura e Transportes - DNIT. No local serão instaladas a Anvisa, Polícia 
Rodoviária Federal, Polícia Federal, Ibama, Receita Federal e Receita Estadual. 
Cada órgão será responsável pela aquisição dos equipamentos e funcionalidade das 
próprias estruturas. Até a inauguração da ponte, os brasileiros terão mudanças no 
tráfego entre Amapá e Guiana Francesa. A partir de 2 de fevereiro, moradores de 
Além da Guiana Francesa, a França possui outros três Departamentos Ultramarinos: 
Guadalupe e Martinica no Caribe, América Central, e as ilhas Réunion, a leste de Madagascar, 
no Oceano Índico. Os Departamentos Ultramarinos são territórios franceses administrados 
pela matriz, regidos pela mesma constituição e também com a mesma moeda, o Euro. 
Pode-se afirmar que a Guiana Francesa é uma extensão da França na América do Sul. 
No entanto, a Guiana Francesa não possui os mesmos níveis socioeconômicos da França 
Europeia, pois apresenta uma longa história de pobreza, resultado da colonização, feita 
por presos franceses da famosa prisão Papillon. A população da Guiana Francesa sempre 
acreditou que um dia poderiam viver num território independente da matriz, fato que 
ainda não se concretizou. A grande riqueza natural existente, o ouro, nunca beneficiou a 
população francesa que reside numa “França” sul-americana. ioje, com a implantação do 
Euro e dos direitos garantidos pela Constituição da França, a população da Guiana Francesa 
se permite ter melhores condições de vida, como também de trabalho, para todos os 
nativos ou franceses que lá residam. A extensão do braço europeu na América possibilitou 
o crescimento econômico com um desenvolvimento nunca antes visto naquele território. 
(CONTE, 2010).
UNI
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
169
Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá, terão que entrar com pedido de expedição 
de um novo documento para poder transitar em Saint-Georges, cidade na divisa 
entre o Amapá e a Guiana Francesa.
Nas fronteiras do Pará com a Guiana e Suriname, há cerca de 35 mil 
garimpeiros ilegais concentrados. Para produzir um quilo de ouro eles chegam 
a usar um quilo de mercúrio, material altamente poluente e bioacumulável, 
contribuindo para o desastre ambiental e deixando as populações nativas 
vulneráveis. Em toda a Amazônia existe uma área descontínua de 1,6 milhão de 
quilômetros quadrados que contém minérios exploráveis, o que contribui para a 
cobiça dos mesmos por brasileiros e estrangeiros moradores da zona de fronteira 
com o Brasil. (HUECK et al., 2013).
No Brasil, principalmente na Amazônia, há 618 terras indígenas 
identificadas. Destas, 180 se localizam na faixa de fronteira e 45 tribos vivem 
em mais de um país. Quando um território indígena se estende por mais de 
um Estado Nação, seus habitantes podem passar de um país para outro sem 
problemas, pois para eles isso não tem importância. As terras indígenas mais 
populosas nas fronteiras são: Raposa Serra do Sol – RR, onde vivem os povos 
Ingarikó, Makuxi e outros três, totalizando 19,9 mil indígenas. Terras do Alto Rio 
Negro – AM: povos Hupde, Bara Nadeb e outros 17 povos, totalizando 19,7 mil 
indígenas. Terras Yanomami – AM e RR, povos Yanomami, Ye e Kuana, em torno 
de 19,3 mil indígenas. Terras Evare I, AM, povo Tucumã, com 18 mil indígenas. 
(HUECK et al., 2013).
A Amazônia Internacional se estende pelo Brasil e países vizinhos, dentre 
eles, Colômbia, Venezuela, Equador (que não faz fronteira com o Brasil), Bolívia, 
Peru, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. É um termo utilizado para fazer 
referência à região norte da América do Sul, onde está localizado o bioma da 
Amazônia, onde predomina a floresta tropical e equatorial, a Floresta Amazônica, 
porém com áreas com cerrados, campos, vegetações de altitudes, vegetações de 
transição com a caatinga e outras. A maior parte da Amazônia Internacional está 
localizada em território brasileiro, compreendendo 60% do total, denominada 
pelo governo brasileiro de Amazônia Legal.
A Amazônia Legal é o nome atribuído pelo governo brasileiro a 
uma determinada área da Floresta Amazônica, pertencente ao Brasil, e que abrange 
nove Estados: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos 
estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Nestes estados, 775 municípios 
e 24 milhões de pessoas, entre elas 250 mil indígenas. A área corresponde a 
aproximadamente 5.217.423 km², cerca de 61% do território brasileiro. Através da 
Lei n° 1806, de 06 de janeiro de 1953, o governo de Getúlio Vargas decretou a criação 
da Amazônia Legal com a finalidade de melhorar o planejamento e execução 
http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2014/12/amapaenses-terao-que-emitir-novo-documento-para-entrar-na-guiana.html
http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2014/12/amapaenses-terao-que-emitir-novo-documento-para-entrar-na-guiana.html
http://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2014/12/amapaenses-terao-que-emitir-novo-documento-para-entrar-na-guiana.html
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
170
de projetos econômicos na região delimitada. Simultaneamente, foi criada uma 
organização responsável pelas iniciativas de promoção dessa região, atualmente 
designada Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM). O 
extrativismo vegetal é uma das principais atividades econômicas da Amazônia 
Legal. Grandes empresas, nacionais e internacionais, utilizam as matérias-primas 
provenientes dessa região na fabricação dos seus produtos. Entre 2000 e 2010 
a floresta perdeu 240 mil quilômetros quadrados. O principal responsável pela 
degradação é o Brasil (até porque temos a maior parte da floresta). No Peru se 
localizam 6% da Amazônia, na Colômbia 5%, e 9% da floresta se estendem por 
outros países da Amazônia Internacional. (HUECK et al., 2013).
O Sistema de Vigilância da Amazônia – SIVAM, hoje denominado Sistema 
de Proteção da Amazônia – SIPAM, não é eficiente o suficiente para evitar e/ou inibir 
atividades ilegais que estão relacionadas às fronteiras. A região ainda é vulnerável, 
há uma série de especulações sobre a região por conta da biodiversidade, reservas de 
água, gás e petróleo que ainda não foram exploradas. A extração ilegal de recursos 
naturais, como minerais preciosos, madeiras e concessão de patentes estrangeiras 
de animais e plantas raras, também representa ameaças à região. Assim, a cobiça 
internacional, o tráfico ilegal de animais, armas e de drogas são constantes. Na 
fronteira do Estado do Amazonas com a Colômbia, conhecida como Cabeça do 
Cachorro, o tráfico de cocaína e refúgio de militantes das Forças Revolucionárias da 
Colômbia (FARCs) é constante. (MONTEIRO, 2009; BECKER, 2005).
Nas fronteiras dos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com 
a Bolívia e Paraguai, as atividades ilegais que têm se destacado são o tráfico de 
FONTE: Disponível em: <http://wwwblogdoprofalexandre.blogspot.com.br/2011/11/diferencas-
entre-amazonia-legal.html> e <egioesbemfoco.blogspot.com.br/2014/07/a-amazonia-pode-ser-
dividida-em.html>. Acesso em: 29 out. 2015. 
FIGURA 66 – MAPAS: AMAZÔNIA CONTINENTAL OU INTERNACIONAL E AMAZÔNIA LEGAL BRASILEIRA
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
171
maconha, cocaína, e o sequestro de caminhões e carros brasileiros, que, levados 
para os países vizinhos, são devolvidos mediante pagamentode resgate. 
A vigilância das fronteiras brasileiras não é tarefa fácil. A extensão e a 
dificuldade do país em efetivar a ocupação e exercer seu poder de Estado sobre 
suas fronteiras facilitam as ações do crime organizado, o tráfico de pessoas e drogas.
4.3 TEXTO COMPLEMENTAR: ESTUDO DE CASO: 
CIDADES DE TABATINGA (AM) E LETÍCIA (COL): USO 
DA ÁGUA SUBTERRÂNEA
Segundo Azevedo (2006), a distribuição e a ocorrência da água subterrânea 
no planeta não se limitam às fronteiras geopolíticas estabelecidas pelos países. 
Um único manancial subterrâneo pode ser explorado por vários países.
O Aquífero Guarani, situado no sul da América do Sul, é um dos exemplos. 
As águas subterrâneas, fontes de superfície e bacias hidrográficas constituem 
frações dos recursos hídricos disponíveis na natureza. Sua distribuição e 
ocorrência não se limitam às fronteiras geopolíticas, pois bacias hidrográficas 
situadas em um determinado país podem alimentar aquíferos explorados em 
outros. Em geral, a água subterrânea apresenta, em seu estado natural, boas 
condições para os mais variados usos. Entretanto, a qualidade dessa água pode 
ser modificada direta ou indiretamente por atividades antrópicas, onde se inclui 
a construção de obras de captação inadequadas, via de regra através de poços 
tubulares. (AZEVEDO, 2006).
Leia sobre o problema da água subterrânea e potável das cidades gêmeas 
de Letícia (Colômbia) e Tabatinga (Amazonas, BRA).
Na região de fronteira entre Brasil e Colômbia, representada 
respectivamente pelas cidades de Tabatinga e Letícia, o manancial 
subterrâneo é explorado indiscriminadamente através de poços tubulares 
rasos abastecendo boa parte das populações dessas cidades. Na cidade 
colombiana de Letícia, em consequência da contaminação do manancial de 
superfície que abastece a cidade e de vazamentos na rede de distribuição, 
a qualidade da água distribuída não é boa. Dos 905 poços cadastrados em 
2005, há pouca informação a respeito da qualidade da água, a não ser de 
alguns poços públicos monitorados pela Secretaria de Saúde local. 
Já na cidade de Tabatinga, os dados sociossanitários disponíveis no 
Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) levantados pelo Programa 
de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e alimentados pela Secretaria 
Municipal de Saúde de Tabatinga (2005), indicam que das 5.496 famílias 
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
172
cadastradas pelo programa, apenas 27,4% estão efetivamente conectadas ao 
sistema de água e 57% delas se abastecem de nascentes e poços.
Em Letícia, 70% da população está conectada à rede coletora de 
esgoto, que é lançado sem tratamento no porto de Letícia, contaminando 
não somente o entorno, mas também as águas que servem de manancial 
para o abastecimento da cidade de Tabatinga. O manejo do lixo também 
é deficitário. Muito embora 80% da população seja atendida pelo 
sistema de coleta, não há método de reciclagem, nem de aterro sanitário 
adequado, o lixo é diariamente depositado a céu aberto num terreno de 
solo semissaturado que se converteu num foco de proliferação de insetos e 
roedores. Apenas, eventualmente, se adiciona cal ou se procede ao aterro 
do lixo, procedimento que não evita a contaminação dos lençóis freáticos 
e das águas superficiais que fluem para o sistema de drenagem do igarapé 
que abastece de água a cidade.
Em relação aos outros aspectos do saneamento do lado brasileiro, as 
informações não são nada animadoras, pois de acordo com o último censo do 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2001), a coleta pública 
de lixo atingia apenas 22,6% dos domicílios. Também não existe sistema de 
esgotamento sanitário - o sistema de esgotamento sanitário da cidade foi 
iniciado e paralisado -, sendo que mais de 80% dos dejetos são destinados 
para sistema individual de fossa. A drenagem das águas servidas e pluviais 
ainda ocorre em valas margeando as ruas e desembocando diretamente no 
rio Solimões, sem qualquer tratamento.
Uma preocupação sempre latente é a possibilidade da disseminação 
de doenças de veiculação hídrica através das águas dos poços tubulares, 
principalmente da cólera. De acordo com a Organização Não Governamental 
Água e Vida (1993), essa doença foi reintroduzida no país pela fronteira 
com o Peru em 1991, justamente através da cidade de Tabatinga. 
FONTE: AZEVEDO, Rainier Pedraça de et al. Aspectos sobre o uso da água subterrânea na fronteira 
Brasil, Colômbia: o caso da cidade de Tabatinga no Estado do Amazonas. In: Rescatando antiguos 
principios para los nuevos desafíos del milenio. AIDIS, 2006. p. 1-7.
4.4 O PAPEL ESTRATÉGICO DAS 
PONTES INTERNACIONAIS
No contexto da integração sul-americana, pontes internacionais e o uso de 
balsas em pontos das fronteiras entre os países adquirem importância estratégica. 
De certo modo, permitem romper os limites à circulação de fluxos de comércio e 
mercadorias entre países, impostos por barreiras físicas como os cursos de água. 
TÓPICO 1 | DISPUTAS TERRITORIAIS E CONSOLIDAÇÃO 
173
Entre os países do Mercosul, na fronteira entre Brasil e Paraguai existe a 
Ponte da Amizade, além de pontes entre Uruguai-Brasil e Argentina-Brasil.
Além do tráfego pesado na Ponte da Amizade no sentido Paraguai, 
observa-se a passagem de pedestres, dentre os quais encontram-se turistas, 
moradores das adjacências e muitos mochileiros - muambeiros que vão para o 
lado paraguaio comprar mercadorias para serem vendidas nos camelódromos do 
Brasil. É comum também a circulação de traficantes de drogas, armas e cigarros, 
devido às dificuldades de vigilância e de controle sobre as multidões que 
atravessam a ponte, principalmente em finais de semana e feriados prolongados. 
Outras duas importantes pontes na fronteira Brasil-Argentina ligam 
as cidades de São Borja a Santo Tomé e de Uruguaiana a Paso de Los Libres, 
localizadas, respectivamente, no Estado do Rio Grande do Sul e na Província de 
Corrientes. A ponte de passagem entre Uruguaiana e Paso de Los Libres é a mais 
importante da América do Sul em transporte rodoviário, pois além de permitir 
a passagem para a Argentina, é por meio dela que o Brasil realiza o comércio 
terrestre com o Chile.
FIGURA 67 – PONTE DA AMIZADE SENTIDO BRASIL–PARAGUAI
FON TE: Daniel M. Huertas (4 jan. 2010) apud HUERTAS, 2015.
174
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos que:
• O Brasil, país de grande extensão territorial, possui fronteiras terrestres com 
quase todos os países da América do Sul, exceto com Chile e Equador. A 
formação sócio-histórica do Brasil explica a ocupação e conquista territorial. 
• No passado colonial, as primeiras fronteiras da América foram estabelecidas 
pelo Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, entre Portugal e Espanha. 
Com a colonização de exploração, implantada pelos portugueses e espanhóis, 
os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas foram desrespeitados, 
principalmente pelos portugueses, que ampliaram seus domínios em dois 
terços do tamanho original. 
• A expansão do território luso-brasileiro se deu através das Entradas, 
Bandeiras e outras expedições, e provocaram conflitos, principalmente na 
região da Bacia do Prata.
• No século XVIII Portugal e Espanha reuniram-se para estabelecer novos 
acordos sobre as fronteiras na América do Sul, em terras sob seus domínios. 
O Tratado de Madrid, 1750, deu ao Brasil uma configuração parecida com a 
atual, aumentando o tamanho da colônia portuguesa em quase dois terços. 
O direito de posse (Uti Possidettis) foi o principal argumento dos diplomatas 
portugueses para sustentar a ampliação das posses da Coroa Portuguesa.
• As disputas no Sul persistiram em torno da região denominada Sete Povos 
das Missões, encerradas com a assinatura do Tratado de Badajós (1801), que, 
além de estabelecer as fronteiras do Brasil com a Guiana Francesa, confirmou 
a posse portuguesa sobre a região em disputa. Em 1804, autoridades políticas 
do Rio Grande do Sul e do Vice-Reinoda Argentina formalizaram o acordo 
com marcos na fronteira.
• Durante o século XIX, com a independência do Brasil, ocorreram apenas 
conflitos pontuais, como, por exemplo, a questão da Cisplatina. 
• Desde o início do século XX, as relações diplomáticas com países vizinhos 
têm se baseado em negociações pacíficas. Brasil e Argentina, os dois países 
mais influentes do continente, porém, continuaram à sombra dos resquícios 
históricos de disputas e desconfianças mútuas, de mais de três séculos. A 
aproximação dos dois países foi lenta, gradual, com períodos de avanços e 
inércia. 
175
• Acordos bilaterais assinados entre Argentina e Brasil, no decorrer da segunda 
metade do século XX, principalmente na década de 1980, aproximaram os 
dois países. Acordos que na década de 1990 se estenderam para os países 
vizinhos Uruguai e Paraguai, quando foi constituído o Mercado Comum do 
Sul da América do Sul - Mercosul.
• No final da década de 1990, o comércio que aproximou os países através 
do Mercosul teve uma queda, acompanhado de recessão econômica e 
desemprego. 
• Na primeira década do novo milênio, por iniciativa dos governos brasileiros, 
novas alianças multilaterais foram assinadas. A região Sul da América do 
Sul, junto à Venezuela, projetou-se no continente e no cenário mundial. 
• O comércio entre a Argentina e o Brasil é significativo para ambos os países, 
porém em 2015 há uma possível queda em até 40% no comércio se comparado 
com 2011.
• No contexto de integração regional entre países, as fronteiras não desaparecem, 
continuam existindo, porém ressignificadas, com peculiaridades e 
complexidades contemporâneas. 
• O Brasil tem identificado a fronteira como faixa de fronteira, numa largura 
até 150 km. A segurança na faixa de fronteira brasileira com os outros países 
é mantida por meio de ações próprias das Forças Armadas e dos órgãos de 
segurança, conforme determinação constitucional. 
• As cidades gêmeas localizadas nas zonas de fronteira de dois países 
desempenham funções diferenciadas para a integração (comercial e cultural) 
com os países fronteiriços, e, ao mesmo tempo, se constituem num espaço 
visado e perigoso, com comércio ilegal, tráfico e violência.
• As escolas bilíngues são escolas localizadas na faixa de fronteira do Brasil 
com o Uruguai e Argentina, pincipalmente nas cidades gêmeas, cuja ênfase 
no ensino das línguas portuguesa e espanhola tem como objetivo promover 
a construção de uma identidade regional bilíngue e intercultural, marco de 
uma cultura de paz e cooperação fronteiriça.
• Apesar dos rios serem utilizados como marcos de fronteira indicando 
os limites territoriais, e limite para o exercício da soberania e segurança 
nacionais, as pontes são elementos geográficos, símbolo de integração física, 
política e cultural.
176
AUTOATIVIDADE
1 A integração sul-americana, de modo geral, não é diferente de outras 
experiências semelhantes em curso pelo mundo. Processos de globalização 
e regionalização vêm ressignificando as fronteiras, antes vistas como 
fator de separação, agora vistas como fator de cooperação. As principais 
características da integração sul-americana apresentam similaridades 
que predominam sobre as diferenças. Analise as afirmativas sobre as 
similaridades da integração sul-americana:
I – Existem situações similares entre os países sul-americanos que os 
aproximam e ao mesmo tempo afastam, do ponto de vista territorial e da 
formação socioeconômica.
II – Historicamente, as relações de vizinhança foram marcadas por sucessivos 
estágios de rivalidades, conflitos, competição e cooperação.
III – Prática de uma política interestatal com vistas a uma estratégia de mútua 
proteção diante de potenciais ameaças externas.
IV – Edificação de um sistema regional de comércio que promove a eliminação 
gradual das barreiras internas, aliada a uma política de bloco que permite 
a estes países atuar em melhores condições num ambiente de crescente 
competição internacional. 
Agora assinale a alternativa correta:
a) As afirmativas I, II e III estão corretas.
b) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
c) As afirmativas III e IV estão corretas.
d) As afirmativas I e II estão corretas. 
2 Leia com atenção o texto que segue:
Ciência Hoje: E a Amazônia? Resposta da professora e geógrafa Bertha 
Becker: Porque é uma fronteira: do povoamento no Brasil, da economia-
mundo e, sobretudo, porque constitui o novo. A fronteira é um espaço não 
plenamente estruturado, potencialmente gerador de novas realidades [...]. E 
nos últimos 50 anos muitas novas realidades têm sido geradas na Amazônia. 
Trecho da entrevista da geógrafa Bertha Becker à Revista Ciência Hoje. Rio de 
Janeiro: SBPC, outubro de 2010. Vol. 46, p. 64. 
O conceito de fronteira tem sido ressignificado nos últimos anos, 
deixando de ser um conceito exclusivamente político e territorial. Sobre as 
novas realidades que foram geradas na Amazônia, é correto afirmar:
I – Houve incentivo do governo, através de políticas públicas para ações 
preservacionistas (criando parques e estações ecológicas, por exemplo) 
que protegeram (e protegem) formações vegetais, mananciais hídricos e os 
povos indígenas, pois limitaram e inibiram (ao menos parcialmente) a ação 
devastadora que vinha se impondo sobre a região.
177
II – Os investimentos em produção agropecuária foram bem-sucedidos, do 
ponto de vista produtiva e ambiental, e fizeram da região grande produtora 
de carne bovina e de soja do mundo.
III – Várias ações visando explorar o potencial de recursos naturais da região 
foram empreendidos, (legais e ilegais), uma vez que o potencial mineral da 
região é diversificado e amplo.
IV – A partir da década de 1970, com o intuito de ocupar a Amazônia, 
um conjunto de ações visando povoar aquelas áreas, vistas como 
“desocupadas”, fez com que a região sofresse nas duas últimas décadas 
as consequências desses empreendimentos: conflitos de terras, degradação 
ambiental e represálias internacionais. 
Agora assinale a alternativa correta:
a) As afirmativas I – II e III estão corretas.
b) As afirmativas II – III e IV estão corretas.
c) As afirmativas I – III e IV estão corretas.
3 Observe o mapa abaixo:
FONTE: Disponível em: <http://confins.revues.org/docannexe/image/6107/img-5-small480.
png>. Acesso em: 30 out. 2015.
178
A Amazônia Legal destacada no mapa é uma vasta região que extrapola 
os limites da região Norte. Sua delimitação foi baseada em análises estruturais 
e conjunturais e necessidades de desenvolvimento identificadas na região. 
Seus limites têm um viés sociopolítico e não geográfico, não se restringindo 
apenas ao bioma Amazônico, mas também se estende ao bioma do Cerrado, 
Pantanal mato-grossense e parte da Mata dos Cocais do Maranhão. Sobre 
outras características problemáticas da Amazônia Legal, analise as seguintes 
afirmativas:
I – A campanha iniciada na década de 1970 para integrar a região à economia 
nacional teve impactos ao meio ambiente que ainda são sentidos e 
combatidos.
II – A região contém uma das últimas grandes reservas de madeira tropical do 
mundo, em processo de degradação, resultado da exploração predatória e 
ilegal do produto.
III – A expansão agropecuária extensiva que requer grandes extensões de 
terras para sua prática tem contribuído para a problemática ambiental 
local, regional e global.
IV – Os projetos de desenvolvimento, que possuem o aval do governo brasileiro, 
avançam pelos rios, na forma de hidrelétricas, o que não tem provocado 
reações de movimentos ambientalistas nacionais e internacionais.
Agora assinale a alternativa correta: 
a) As afirmativas I, II e III estão corretas.
b) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
c) As afirmativas I, III e IV estão corretas.
d) As afirmativas II e III estão corretas.
179
TÓPICO 2
A APROXIMAÇÃO REGIONAL – 
O MERCOSUL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O Mercosul, resultado inicialmente da aproximação política e 
econômica dos países do Cone Sul da América do Sul, possui como Estados 
Partes:Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai (1991), Venezuela (2012) e Bolívia 
(2015) em processo de adesão. Os Estados associados (Chile, Colômbia, 
Equador, Peru, Guiana e Suriname - os dois últimos desde 2013) participam 
da zona de livre comércio, mas não da Tarifa Externa Comum. México é um 
país observador. Atualmente, através dos acordos de livre comércio que o 
Mercosul já mantém com todos os países da América do Sul, constitui-se na 
prática uma área de livre comércio do continente sul-americano. Assim, com 
exceção da Guiana Francesa, o Mercosul estabelece a união aduaneira entre os 
membros plenos e acordos com todos os países associados. A Guina Francesa 
é apenas observadora do Mercosul, por ela ser um Departamento Ultramarino 
da França na América do Sul.
2 O MERCOSUL
A aproximação de Brasil e Argentina, no decorrer da década de 1980, 
com a assinatura de acordos bilaterais, marcou o final de um período de 
disputa pela hegemonia regional. O processo de globalização e a organização 
dos blocos econômicos supranacionais conduziram os países do sul da América 
do Sul, da Bacia do rio da Prata, ao Mercosul. Pode-se afirmar que do ponto 
de vista geográfico é grande a relação entre a bacia hidrográfica dos rios do 
Prata, Paraná e Paraguai e os quatro países membros do Mercosul, pois a rede 
hídrica superficial e as formações aquíferas subterrâneas foram elementos 
que favoreceram a consolidação do bloco regional. Embora com limitações, 
o Mercosul representa, dentre as tentativas de integração na América do Sul, 
a mais bem-sucedida. Experiências idênticas, porém, sem muito destaque 
no cenário internacional, foram as da Associação Latino-Americana de Livre 
Comércio (ALALC), fundada em 1960, e da Associação Latino-Americana de 
Integração (ALADI), estabelecida em 1980 substituindo a ALALC, e que existe 
até hoje. A ALADI reúne Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, 
México, Paraguai, Peru, Venezuela e Uruguai. Como se pode observar, são 
países da América Latina e do Caribe. Estas experiências contribuíram para 
o Mercosul afastar-se das linhas rígidas dos grandes projetos do passado. Os 
180
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
países associados voltaram-se para esquemas mais graduais e flexíveis, com uma 
abordagem setorial equilibrada dos principais eixos da integração. (ALMEIDA, 
2006; ALBUQUERQUE, 2005).
Os esforços brasileiros foram imprescindíveis para a crescente 
importância do Mercosul, já que como bloco econômico regional, este é um 
dos principais instrumentos de negociação política e econômica dos países 
da América do Sul no cenário internacional. (VEDOVATE, 2010). Dentre 
os objetivos e etapas alcançadas pelo Mercosul estão o estabelecimento de 
um mercado comum, mediante a livre circulação de bens, serviços e fatores 
produtivos entre os países, bem como o estabelecimento de uma política e 
uma tarifa externa comum. 
Com mais de duas décadas de existência, o Mercosul é a mais abrangente 
iniciativa de integração regional já implementada na América Latina. No 
entanto, fatores históricos, políticos e econômicos explicam a frágil integração 
física, e explicam também, em parte, por que os países latino-americanos e 
caribenhos apresentam índices de comércio intra-regional (apesar dos avanços) 
muito inferior ao de outras regiões do mundo. Enquanto o comércio entre 
os países do Mercosul é de aproximadamente 25% do total de suas trocas e a 
Comunidade Andina – CAN comercializa entre seus membros cerca de 10%, o 
comércio intra-regional entre os países do Nafta atinge 55%, entre os países da 
União Europeia e Ásia, 60% e 68%, respectivamente. (ADAS, 2011).
Nos seus primeiros anos, o Mercosul funcionou como uma área de livre 
comércio, transformando-se a partir de 1995 em uma união aduaneira. Apesar 
dessa evolução, o Mercosul não atingiu seu principal objetivo: tornar-se um 
mercado comum plenamente constituído, o que permitiria o aprofundamento 
da associação comercial entre países emergentes. 
Os países membros do Mercosul abrangem, aproximadamente, 72% 
do território da América do Sul (12,8 milhões de km², equivalente a três vezes 
a área da União Europeia); 70% da população sul-americana (275 milhões de 
habitantes) e 77% do PIB da América do Sul em 2012, algo em torno de US$ 
3,18 trilhões de um total de US$ US$ 4,13 trilhões, segundo dados do Banco 
Mundial. (ITAMARATY, 2015).
Segundo Itamaraty (2015), além dos quatro países fundadores (também 
chamados Estados parte), a Venezuela, que estava desde 2006 em processo de 
adesão, tornou-se Estado parte em 2012, e a Bolívia protocolou seu processo 
de adesão como membro pleno desde 2012. Já Chile, Peru, Colômbia, Equador, 
Suriname e Guiana são países associados ao Mercosul. Todos os países da 
América do Sul, com exceção da Guiana Francesa, estão vinculados ao Mercosul, 
seja como Estados Parte, seja como Associados.
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
181
A diferença entre os membros efetivos e os associados ao Mercosul 
está na adesão da Tarifa Externa Comum (TEC), que consiste em uma mesma 
tarifação sobre produtos exportados para países de fora do bloco, evitando 
a concorrência e privilegiando os parceiros comerciais existentes dentro do 
próprio acordo. A TEC é adotada apenas pelos membros efetivos, que são 
também aqueles responsáveis pelas principais decisões, incluindo a aprovação 
do ingresso de novos países-membros.
2.1 O COMÉRCIO INTRABLOCO
Desde a criação do Mercosul, em 1991, o volume de comércio entre 
países-membros tem crescido. Em 2006, impulsionados pelo aumento do 
comércio bilateral do Brasil com a Argentina, as exportações no interior do bloco 
aumentaram mais de 20%.
Segundo o Itamaraty (2015), em pouco mais de 20 anos, o Mercosul obteve 
sucesso em termos econômico-comerciais, uma vez que o comércio intrabloco 
O Mercosul atualmente tem três categorias de países participantes:
• Estados Participantes ou membros plenos: São os países que efetivamente participam 
do Mercosul e se beneficiam diretamente de suas vantagens comerciais e diplomáticas 
dentro das relações internacionais. A Tarifa Externa Comum (TEC), que consiste em uma 
mesma tarifação sobre produtos exportados para países de fora do bloco, evitando a 
concorrência e privilegiando os parceiros comerciais existentes dentro do próprio acordo, 
é adotada apenas pelos membros efetivos, que são também aqueles responsáveis pelas 
principais decisões, incluindo a aprovação do ingresso de novos países-membros. Os 
Estados Parte incorporam as normas do Mercosul nas suas legislações nacionais por meio 
do Poder Executivo ou seus Parlamentos. Esse processo tem um tempo diferente em 
cada país membro. Portanto, para saber se as normas estão vigentes, ou seja, se estão 
incorporadas pelos quatro Estados Parte, é necessário consultar o acompanhamento que 
faz a Secretaria do Mercosul. 
• Estados Associados:  São os países que não fazem parte do Mercosul, mas que têm 
prioridade nas relações internacionais com os países associados, sendo realizados diversos 
acordos comerciais. A admissão de novos Estados Associados no Mercosul exige a 
assinatura prévia de Acordos de Complementação Econômica. Sua existência justifica-
se em função do compromisso do Mercosul com o aprofundamento do processo de 
integração regional e pela importância de desenvolver e intensificar as relações com os 
países membros da Associação Latino-Americana de Integração – ALADI. Nesse sentido, a 
prioridade é para os países que integram a ALADI se associarem ao Mercosul, desde que 
participem aderindo a acordos de livre comércio com o bloco.
• Estados Observadores: Os países observadores têm como função fiscalizar as relações 
internacionais entre os estados participantes e associados. Em caso de alguma dúvida ou 
disputa, sua opinião será consultada. Atualmente, o México é o país observador do Mercosul.
UNI
182
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.:DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
multiplicou-se mais de dez vezes, saltando de US$ 5,1 bilhões (1991) para US$ 
58,2 bilhões (2012). No mesmo período, o comércio mundial cresceu apenas cinco 
vezes. O comércio do Brasil com o Mercosul cresceu, multiplicando-se por dez. 
O comércio intrabloco corresponde a cerca de 15% do total global do Mercosul e 
reduziram-se quase totalmente as tarifas para comércio entre os países do bloco.
Se tomado em conjunto, o Mercosul seria a quinta maior economia do 
mundo, com um PIB de US$ 3,32 trilhões. O Mercosul é o principal receptor de 
investimentos estrangeiros diretos (IED) na região. Em 2012, o bloco recebeu 
47,6% de todo o fluxo de IED direcionado à América do Sul, América Central e 
ao México. O bloco constitui espaço privilegiado para investimentos, por meio 
de compra, controle acionário e associação de empresas dos Estados Partes. A 
ampliação da agenda econômica da integração, na última década, contribuiu 
para incremento significativo dos investimentos diretos destinados pelos Estados 
Partes aos demais sócios do bloco. (ITAMARATY, 2015).
Ainda segundo Itamaraty (2015):
Em pouco mais de 20 anos, o Mercosul provou ser um grande sucesso 
em termos econômico-comerciais. O comércio intrabloco multiplicou-
se mais de dez vezes, saltando de US$ 5,1 bilhões (1991) para US$ 58,2 
bilhões (2012). No mesmo período, o comércio mundial cresceu apenas 
cinco vezes. O comércio do Brasil com o Mercosul quase multiplicou-
se por dez – ao passo que, com o resto do mundo, o aumento foi de 
oito vezes. O comércio intrabloco corresponde a cerca de 15% do total 
global do Mercosul e reduziram-se quase totalmente as tarifas para 
comércio entre os países do bloco.
No entanto, Almeida (2006; 2011), em estudo realizado sobre os anos de 
existência do Mercosul, não concorda com o sucesso apresentado pelo Itamaraty 
(2015), explicando outra realidade a respeito do projeto Mercosul:
Não é preciso dizer que, a despeito dos avanços logrados no comércio 
intra-regional, nunca se chegou a estabelecer o prometido “mercado 
comum”, assim como a união aduaneira, virtualmente existente a 
partir de 1995, comportava inúmeras exceções à Tarifa Externa Comum, 
sem mencionar os produtos ainda fora da zona de livre comércio sub-
regional, como o açúcar e a importante indústria automotiva, base, 
aliás, de grande parte do comércio bilateral entre o Brasil e a Argentina 
(que incluía ainda certo volume de fluxos administrados, como trigo 
e petróleo). Tampouco foi possível lograr a coordenação de políticas 
macroeconômicas e cambiais, inclusive porque a manutenção da 
paridade fixa do peso no caso argentino impedia qualquer exercício 
de fixação de alguma banda de flutuação com o novo real do Brasil. 
(ALMEIDA, 2006, p. 3).
Mesmo considerando-se apenas a fase inicial de integração econômica 
– qual seja, a constituição de uma zona de livre comércio, seguida 
da definição técnica de uma tarifa externa comum, o que redundaria 
numa união aduaneira – e seu desdobramento lógico na criação de um 
mercado comum (aliás, determinado “constitucionalmente”), pode-
se dizer que tais objetivos – que já eram os do processo bilateral de 
cooperação e de integração, iniciado em 1986 por Brasil e Argentina 
– não foram alcançados. (ALMEIDA, 2011, p. 1).
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
183
Dez anos depois de firmado o bloco, o Brasil assumiu a liderança entre os 
parceiros comerciais regionais, e, entre 2004 e 2010, manteve-se numa situação 
comercial favorável no relacionamento com os demais integrantes. A Argentina, 
por sua vez, voltou a acreditar que o Brasil pretendia reduzi-la a um mero papel 
de fornecedor de produtos primários, reservando para si todas as cadeias de 
maior valor agregado, fato aparentemente confirmado em várias áreas, devido 
ao esforço de adaptação produtiva conduzida pela indústria brasileira no curso 
do processo de liberalização comercial dos anos 90 e, depois, em virtude dos 
novos ganhos de competitividade adquiridos a partir da desvalorização de 1999, 
resultando no crescimento positivo do comércio exterior brasileiro entre 1995 e 
2005. O Brasil conseguiu expandir seu comércio para outros países do Mercosul, 
enquanto para a Argentina, o peso do Brasil continuava determinante, o que 
configurava motivos de preocupação para seus industriais. (ALMEIDA, 2006).
A partir de 2006 novos protocolos setoriais e negociações de 
complementaridade recíproca foram negociados. A Argentina propôs um 
mecanismo de salvaguardas setoriais, recebido positivamente pelos argentinos 
e negativamente pelos empresários industriais brasileiros. No plano político, 
diversos outros projetos não comerciais foram impulsionados, com apoio do 
governo brasileiro, na tentativa de correção de assimetrias estruturais, e a instituição 
de um parlamento do Mercosul, considerado um aperfeiçoamento institucional. 
Não se voltou, segundo Almeida (2006, p. 6), a falar em “moeda comum”, 
mas permanecem vivas outras demandas, como as políticas macroeconômicas 
comuns, estabelecimento de cadeias produtivas setoriais conjuntas. Voltou-se a 
dar ênfase, sob impulso político do governo brasileiro, aos projetos de integração 
física continental. Mesmo as tentativas de relançamento comercial do Mercosul 
não logrando êxito total, as iniciativas políticas de integração física continental, 
em especial no setor energético, avançaram.
Segundo Almeida (2011, p. 2), 
As dificuldades para a consolidação ou avanço do Mercosul podem ser 
creditadas a dois fatores de amplo escopo: de um lado, instabilidades 
conjunturais no plano econômico (em diferentes formatos segundo os 
países), com planos parciais ou insuficientes de ajustes; de outro, o 
recuo conceitual dos projetos de construção de um espaço econômico 
integrado na região, com abandono relativo da liberalização comercial 
recíproca e ênfase subsequente nos aspectos puramente políticos ou 
sociais da “integração”.
O Itamaraty (2015) continua a apresentar sua versão positiva em relação 
aos aspectos econômicos e comerciais do Mercosul, reconhecendo, no entanto, 
também os aspectos políticos e sociais.
O Mercosul é fundamental para a atividade industrial dos Estados 
Partes. Em 2012, 92% das exportações brasileiras ao Mercosul foram 
bens industrializados (manufaturados e semimanufaturados). Um dos 
setores que mais se beneficia do Mercosul é o automotivo, pois o bloco 
possibilitou a Brasil e Argentina integrar suas cadeias produtivas de 
automóveis. Brasil e Argentina juntos são o terceiro maior mercado 
global de automóveis (depois de China e Estados Unidos). Em 2013, 
47% da produção de automóveis argentinos foram exportados para 
o Brasil. O mercado brasileiro foi o destino de 85% das exportações 
184
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
argentinas de veículos no ano passado. As exportações para a 
Argentina representaram, em 2013, 16% da produção brasileira de 
automóveis e 80% das exportações de veículos do Brasil. 
Em resumo, o Mercosul não se limita à dimensão econômica e comercial, 
contando com iniciativas comuns que abrangem da infraestrutura às 
telecomunicações; da ciência e tecnologia à educação; da agricultura 
familiar ao meio ambiente; da cooperação fronteiriça ao combate aos 
ilícitos transnacionais; das políticas de gênero à promoção integral dos 
direitos humanos. Isso é o que faz do Mercosul um dos projetos de 
integração mais amplos do mundo. (ITAMARATY, 2015).
No dia 14 de dezembro de 2006, na cidade de Brasília, foi constituído em 
sessão solene no Congresso Nacional o Parlamento do Mercosul, com objetivos 
de minimizar as diferenças entre os Estados, harmonizar as legislações nacionais, 
agilizar a incorporação das normativas do Mercosul e fomentar a cooperação 
interparlamentar, cujo Protocolo Constitutivo do Parlamento do Mercosul já 
havia sido assinado no ano anterior, 2005. É considerado um novo marco do 
movimentode integração, e o sistema de representação a ser adotado no âmbito 
do Parlamento do Mercosul, bem como suas competências, princípios regentes, 
atribuições dos parlamentares e forma de eleição de seus membros foram 
acordados em conjunto e documentados. O Parlamento do Mercosul é o órgão 
de representação de seus povos, independente e autônomo, que integrará a 
estrutura institucional do Mercosul. Estará integrado por representantes eleitos 
por sufrágio universal, direto e secreto, conforme a legislação interna de cada 
Estado Parte e as disposições do Protocolo. (LIMA et al., 2012).
Constata-se que o Mercosul, apesar de seus problemas, transformou-se 
num curto espaço de tempo em uma integração complexa, que transcende as 
metas comerciais para alcançar o entendimento permanente dos países sul-
americanos em diversos campos, visando promover o desenvolvimento de seus 
povos e construir uma prosperidade compartilhada.
2.2 ADESÃO DA VENEZUELA COMO ESTADO 
MEMBRO OU ESTADO PARTE EM 2012
A entrada da Venezuela ao Mercosul fortalece os ideais norteadores do 
Tratado de Assunção e amplia os objetivos descritos na Constituição Brasileira 
de 1988. Atualmente, todos os países independentes do continente participam 
do processo de integração. Com a entrada da Venezuela, em 2012, o Mercosul 
ampliou sua dimensão geopolítica, estendeu-se ao Caribe e passou a representar 
mais de 70% da população, do território e do PIB da América do Sul. O bloco 
afirmou-se como potência política, energética e econômica, configurando um dos 
centros de poder de uma ordem mundial multipolar. O processo com o pedido de 
integração como Estado parte ou membro pleno foi documentado e protocolado 
em julho de 2006, e entrou em vigor em agosto de 2012. Foram previstos etapas 
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
185
e prazos para a plena incorporação do normativo do Mercosul pelo país, assim 
como para a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC) e da Nomenclatura Comum 
do Mercosul (NCM) pela Venezuela; e como resultado, alcançar o livre comércio 
no bloco. (SLOBODA, 2015).
Deu-se início no Mercosul ao processo de expansão do bloco regional. 
A Bolívia foi aceita como Estado parte em 2015. O governo paraguaio, porém, 
mais especificamente o Senado desse país, sempre se opôs à entrada dos 
venezuelanos no bloco, principalmente em função das divergências políticas 
para com o governo do então presidente Hugo Chávez, que foi sucedido pelo 
seu seguidor Nicolás Maduro. Ocorreu que, em 2012, o então presidente do 
Paraguai, Fernando Lugo, foi alvo de uma espécie de golpe de Estado, quando 
em apenas dois dias o Congresso paraguaio destituiu-o de seu cargo através do 
processo de impeachment. Tal episódio gerou uma repercussão negativa por parte 
dos governos sul-americanos, que excluíram temporariamente o Paraguai do 
Mercosul até que um processo eleitoral verdadeiramente democrático ocorresse 
no país. Durante esse meio tempo, sem a oposição paraguaia podendo atuar, a 
Venezuela, com ajuda da diplomacia brasileira, teve aprovado o seu ingresso 
como membro efetivo do Mercosul, gerando críticas por parte dos setores que 
enxergam de forma cética o crescimento da influência do chavismo na América 
do Sul. (PENA, 2015).
A diplomacia brasileira foi duramente criticada, por ter se aproveitado do 
momento para legalizar e ratificar a entrada da Venezuela no Mercosul, enquanto 
o Paraguai estava suspenso temporariamente por desrespeitar acordos do bloco 
em relação à democracia. Apesar das críticas, todos os dispositivos legais da 
instituição do bloco foram seguidos. 
Em relação à Venezuela, em linhas gerais, há que se considerar que 
sua entrada no Mercosul possui mais motivações políticas do que econômicas, 
pois aproxima os governos de centro-esquerda que atuam em todos os países 
desse bloco, exceto no Paraguai. Por outro lado, pensadores mais conservadores 
acusavam os governos de Chávez e Maduro de serem antidemocráticos. Em 
termos econômicos, a entrada da Venezuela aumenta o potencial energético 
do Mercosul, haja vista que os venezuelanos estão entre os maiores produtores 
e exportadores de petróleo do mundo; no entanto, existem dúvidas sobre a 
aceitação por parte da Venezuela da Tarifa Externa Comum. Como importadora 
de alimentos e produtos industrializados, pode, de certa forma, propiciar uma 
oportunidade para o mercado exportador dos demais países do Cone Sul. Os 
pontos negativos apontados envolvem, sobretudo, a política externa acirrada da 
Venezuela e suas relações com os Estados Unidos, o que gera incertezas, haja vista 
que os norte-americanos possuem amplas relações de exportação e importação 
com o Mercosul. (PENA, 2015).
186
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
2.3 A BOLÍVIA NO MERCOSUL COMO ESTADO 
ASSOCIADO E COMO ESTADO MEMBRO OU 
ESTADO PARTE
A relação da Bolívia com organizações regionais ocorre desde 1969, quando 
o país tornou-se membro pleno da CAN (Comunidade Andina de Nações), desde 
a sua fundação naquele ano. Em 1992 o país firmou o Acordo sobre Transportes 
Fluviais pela Hidrovia Paraguai–Paraná. Em 1995 a Bolívia assinou o Acordo de 
Complementação Econômica com o Mercosul, tornando-se o primeiro país latino-
americano a realizar acordo de tal teor com o bloco. Os acordos de Livre Comércio 
entre o Mercosul e a Bolívia como país associado foram assinados em junho de 
1996 e entraram em vigor em 28 de fevereiro de 1997. Em 2003 foi concedida 
ao país a participação em reuniões do Mercosul a fim de acelerar o processo 
integrativo. Em 21 de dezembro de 2006, o Presidente Evo Morales dirigiu-se em 
carta à Presidência Pro Tempore do Mercosul, na época brasileira, manifestando 
sua predisposição de iniciar os trabalhos para a incorporação do país como Estado 
Parte do Mercosul. No dia 18 de janeiro de 2007, durante a 32ª Reunião Ordinária 
do CMC (Conselho do Mercado Comum), foi aprovada a criação de um grupo ad 
hoc para a Incorporação do Estado Plurinacional da Bolívia como Estado Parte do 
Mercosul. No entanto, devido a problemas internos do país, o processo de adesão 
não foi acelerado. Em outubro de 2009 entrou em vigência para o país o Acordo 
sobre residência para nacionais dos Estados Partes do Mercosul, Bolívia e Chile. 
Em 2011 foi realizado um convite formal à Bolívia para integrar o bloco como 
membro pleno, cuja tramitação processual concretizou-se em 2012.
Em 17 de julho de 2015, segundo Alejandro Rebossio, durante a 48ª 
Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada em julho de 2015 em 
Brasília, os presidentes dos cinco países membros do bloco (Argentina, Brasil, 
Paraguai, Uruguai e Venezuela) assinaram o protocolo de adesão da Bolívia à 
união aduaneira. Agora só falta os congressos do Paraguai e do Brasil ratificarem 
o ingresso do sexto membro do bloco. A assinatura deu início às negociações 
formais para o ingresso. Exigências burocráticas, para validade oficial, exigem 
a aprovação da adesão efetiva pelo Congresso Nacional do Brasil e também do 
Paraguai, uma vez que os parlamentos de Argentina, Uruguai e Venezuela já 
Após a plena restituição da democracia no Paraguai, com a posse do 
presidente iorácio Cartes, em 15 de agosto de 2013, eleito em pleito que contou com o 
acompanhamento do Mercosul e da Unasul, e cumpridos os requisitos democráticos, o 
Paraguai teve sua suspensão revogada. (SLOBODA, 2015).
UNI
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
187
ratificaram o ingresso da Bolívia no bloco. Assim, a Bolívia é país-associado em 
processo de inclusão como Estado Parte e membro pleno. 
A demorada incorporação da Bolívia, as barreiras ao intercâmbio dentro 
da zona de livre comércio e a falta de acordos com outros blocos levaram analistas 
a concluírem que o Mercosul está em crise. (REBOSSIO, 2015).
Sob os ângulos geográfico e econômico, a entrada da Bolívia deverá permitir 
a ampliação da integração energética do bloco, que poderá desempenhar um 
papel agregador,pois a produção de energia é um fator ainda pouco explorado no 
Mercosul. O Brasil e a Argentina já são os principais parceiros comerciais do novo 
integrante, principalmente por causa da compra de gás boliviano. Atualmente, 
o governo brasileiro negocia com o Presidente Evo Morales a construção de 
hidrelétricas em território boliviano para abastecer os dois países. Apesar da 
retórica anticapitalista, na prática o governo de Evo Morales tem seguido uma 
política macroeconômica ortodoxa, com manutenção da inflação em patamares 
baixos e controle dos gastos públicos. (SCHREIBER, 2015).
Dessa forma, nota-se a natureza integrativa das negociações, para a 
adesão do país ao bloco não são impostas condicionantes especiais senão aquelas 
já previstas no Tratado fundador do bloco. Apesar da barganha em algumas 
questões, a adesão da Bolívia ao Mercosul possibilita a criação de maior comércio 
regional, complementaridade econômica e possibilidades de ganho de escala na 
economia dos países membros, aumento de mercado potencial, aprofundamento 
político e social entre os países e fortalecimento da democracia na região.
Para o Mercosul, é de interesse a adesão da Bolívia como membro 
pleno, pelas seguintes justificativas: o país é um grande exportador de produtos 
primários, entre eles o gás natural, principal produto de sua pauta de exportações, 
tendo como principais parceiros comerciais deste insumo o Brasil e a Argentina, 
as duas maiores economias do Mercosul. O país também apresenta grandes 
oportunidades para investimentos que podem ser aprofundados via Mercosul. 
Além disso, a adesão da Bolívia no bloco abriria sua rota para o Oceano Atlântico.
O México, desde 2004, é um país observador do Mercosul, ou seja, um 
país que não é membro, mas que poderá vir a sê-lo em breve, tanto como país 
associado, ou como Estado Parte. Em 2011 foram assinados acordos, intermediados 
pela Associação Latino-Americana de Integração – ALADI entre representantes 
do Mercosul e autoridades mexicanas, permitindo o livre comércio no setor 
automotivo entre ambas as partes, complementando o comércio já existente. 
Durante a Cúpula do Mercosul realizada no mês de julho de 2015, este acordo 
foi ampliado para outros setores, de serviços agrícolas, serviços e compras 
governamentais.
188
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
3 MERCOSUL - INTEGRAÇÃO FÍSICA E ENERGÉTICA
Segundo Castro, Rosental e Gomes (2009), a América do Sul é uma 
região autossuficiente em insumos energéticos, detendo importantes reservas de 
petróleo, gás natural e recursos hídricos. A exploração de fontes alternativas de 
energia mostra-se promissora, pelo fato do continente sul-americano possuir larga 
faixa territorial situada entre os trópicos. A possibilidade de geração de biodiesel 
a partir da biomassa como fonte energética já é uma realidade no Brasil e no 
Paraguai. A integração energética tem assim um grande potencial em função de 
um fator concreto e objetivo: complementaridade de insumos energéticos entre os 
países da região. Esse fator já possibilitou a construção de linhas de transmissão, 
usinas hidrelétricas e gasodutos. 
O processo de negociação para adesão da Bolívia avançou lentamente, pois 
algumas questões permaneciam pendentes, como é o caso do pedido de tratamento 
preferencial feito pelo Presidente Evo Morales, sob o argumento de que o país está 
em desvantagem por não ter acesso ao mar (em 1879 a Bolívia perdeu para o Chile 
aproximadamente 400 km de costa), o que dificulta o escoamento de suas exportações. Em 
janeiro de 2013, em discurso para empresários da região de Santa Cruz, Morales disse que 
desejava que os países-membros do Mercosul concedessem à Bolívia “muitas preferências” 
em tarifas e exportações porque, em primeiro lugar, o país é “uma nação sem saída ao mar, 
por enquanto”.
UNI
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
189
Entre os países da América Latina, um Eixo de Integração Energética foi 
analisado, pois, no campo energético, a América Latina possui bioenergia, carvão, 
gás natural, hidroeletricidade e petróleo suficientes para as suas necessidades. 
Um plano regional de integração energética permitiria racionalizar vultosos 
investimentos e promover uma maior sinergia nos campos tecnológico, industrial 
e comercial.
As experiências de integração em relação às fontes de energia em 
funcionamento no Mercosul são: 
a) Hidrelétrica de Itaipu entre Brasil e Paraguai, Rio Paraná.
b) Hidrelétrica de Yacireta entre Argentina e Paraguai, também no rio Paraná.
FIGURA 68 – INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA (GÁS NATURAL E ELETRICIDADE)
FONTE: UDAETA, 2006.
Tipo de Integração
Argentina - Brasil Elétrica y Gasífera
Argentina - Chile Elétrica y Gasífera
Argentina - Uruguai Elétrica y Gasífera
Argentina - Paraguai Elétrica
Argentina -Bolívia Gasífera
Brasil - Bolívia Gasífera
Brasil - Paraguai Elétrica
Brasil - Uruguai Elétrica y Gasífera
Brasil - Venezuela Elétrica
Perú - Equador Elétrica
Venezuela - Colômbia Elétrica / Gasífera
Colômbia - Equador Elétrica / Gasífera
190
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
FIGURA 69 - PARAGUAI: LOCALIZAÇÃO DAS HIDRELÉTRICAS BINACIONAIS DE 
ITAIPU E YACIRETÁ, AMBAS NO RIO PARANÁ
FONTE: Disponível em: <http://www.monografias.com/trabajos59/represa-itaipu/
represa-itaipu2.shtml>. Acesso em: 29 out. 2015.
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
191
c) Hidrelétrica de Salto Grande entre Argentina e Uruguai;
FONTE: Disponível em: <http://go.hrw.com/atlas/span_htm/uruguay.htm>. Acesso em: 29 out. 2015.
FIGURA 70 – USINA BINACIONAL DE YACIRETÁ, ARGENTINA E PARAGUAI
FONTE: Disponível em: <http://www.oni.escuelas.edu.ar/2002/corrientes/energia/yacyendatos.
htm>. Acesso em: 29 out. 2015.
FIGURA 71 - USINA HIDRELÉTRICA BINACIONAL SALTO GRANDE NO RIO URUGUAI - 
ARGENTINA E URUGUAI
192
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
d) Gasoduto da Argentina com o Brasil, Chile e Uruguai;
c) Gasoduto da Bolívia com Argentina, Brasil e Chile.
FIGURA 72 - AMÉRICA LATINA INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA EM OPERAÇÃO E PROJETOS EM ESTUDO
Revista Brasileira de Energia 
Vol. 12  |  N o 2 
Ponderação analítica para da integração 
energética na América do Sul 
5 
Fonte: ARPEL, 2004 
Figura 2. Integração Energética Gasífera (Atual e Perspectiva) 
Um dos grandes desafios do Mercosul é a extensão a outros países da região, assim como sua 
relação com o resto do mundo. Até o momento, foram firmados Acordos de Complementação Econômica 
com a Bolívia (1995) e com o Chile (1996), e um Acordo de Cooperação com a União Européia (1995). 
Ademais,  têm­se realizado negociações hemisféricas para a criação da Associação de Livre Comércio 
das Américas (ALCA). Más recentemente e com a incorporação como membro associado ao Mercosul 
do Peru (2003), em 2004 todos os paises da CAN tem esta mesma condição no Mercosul. 
2.2 Integração Energética na Região da CAN 
O  mapa  energético  dos  países  participantes  da  CAN  (Comunidade  Andina  de  Nações), 
Venezuela,  Colômbia,  Equador,  Peru  e  Bolívia,  apresenta  três  mercados  com  oportunidades  de 
integração: petroleiro, gasífero e elétrico. No mercado petroleiro, Venezuela, Colômbia e Equador são 
fonte de abastecimento a alguns países da região, como é o caso do Chile, Peru e Brasil. Estes últimos 
países,  não  obstante  com  recursos  próprios,  demonstram  necessidades  além  do  petróleo  que 
consomem endogenamente. 
No  caso  do  gás,  Venezuela  e  Bolívia  têm  recursos  que  excedem,  em muito,  as  demandas 
locais  e  ainda  a  demanda  regional.  Porém,  existem  expectativas  de  desenvolvimento  de  integração, 
particularmente  no  caso  de  Bolívia  e  Peru,  a  respeito  da  zona  norte  do  Chile  (ver  figura  2).  Nos 
hidrocarbonetos,  além  da  integração  física,  a  Petrobras  (Brasil)  e  a  PDVSA  (Venezuela)determinam 
também uma integração corporativa, fortalecendo uma visão da região como bloco econômico.
FONTE: UDAETA, 2006.
3.1 INTEGRAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO
Marcovitch (1991), na introdução de seu texto sobre integração energética 
na América Latina, escreveu que na América Latina as democracias emergentes 
se debatem nos seus problemas internos. Já observava em 1991 que o intercâmbio 
comercial era reduzido e desequilibrado. Observou que a maioria dos países 
convive com seus impasses econômicos e sociais internos, onde problemas 
sociopolítico-econômicos, denominados por ele de cancros malignos (narcóticos, 
violência urbana, guerrilha etc.), seriam de difícil extração ou resolução. Alertava 
para a necessidade de uma nova postura estratégica regional, e para a importância 
de se incluir no planejamento energético a realidade geográfica. Critica a ideia de 
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
193
se transportar energia elétrica por 3.000 km de distância, da Amazônia para o 
Centro-Sul do Brasil, antes de exaurir as alternativas, mais econômicas, de países 
vizinhos. Uma utopia nacional de autossuficiência energética (ultrapassada) 
continua prevalecendo. Diante desta realidade, questionava (em 1991): Qual a 
viabilidade da integração energética contribuir para aliviar a crise energética? 
Como ela pode irrigar o comércio regional e contribuir para a constituição de um 
novo polo geoeconômico?
Ao tentar responder, Marcovitch explica que temas como iluminação, 
calor, força motriz, transporte são temas centrais a serem abordados, convergindo 
para a necessidade de uma estratégia global. Um planejamento que depende 
de: (a) redescobrir a realidade das tarifas; (b) recuperar o profissionalismo 
nas concessionárias; (c) escolher prioridades viáveis e econômicas. Enfim, um 
planejamento difícil e complexo, no entanto necessário, em especial para as 
gerações do futuro.
Castro, Rosental e Gomes (2009) explicam que esta integração foi 
acompanhada de alguns entraves, cujos contratempos (poucos) foram 
contornados politicamente ao longo do tempo. O aumento por demandas por 
eletricidade poderia levar à estruturação de um polo energético, envolvendo 
Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. As matrizes energéticas do 
Brasil e do Uruguai são predominantemente hidráulicas e complementares às 
da Argentina (56% térmicas). O Paraguai, por ser um pequeno consumidor, é 
um exportador de energia, assim como a Bolívia, cuja maior contribuição é no 
suprimento de gás natural, mas tem também potencial hidrelétrico inventariado 
em mais de 30 GW.
Uma efetiva integração do setor elétrico na região tende a contribuir 
significativamente para dinamizar o crescimento econômico e reduzir 
disparidades regionais. Investimentos públicos e privados, bem como construção 
de instituições e marcos regulatórios uniformes e claros, são fundamentais na 
consolidação deste processo. (CASTRO; ROSENTAL; GOMES, 2009). 
O exemplo do Paraguai é o mais paradoxal, por ter excedente de 
eletricidade, proveniente de duas hidrelétricas binacionais e uma nacional 
(Acaray), a ponto de exportá-la. O que ocorre para que haja este excedente é 
simplesmente uma falta de infraestrutura para um aproveitamento integral 
desta energia. No entanto, quando o assunto é combustível, em especial, diesel, 
necessita importar, uma vez que 70% da frota de veículos de carga e de uso 
pessoal são movidos por derivados de combustíveis fósseis importados. O 
desencontro na matriz energética, entre o que se produz e o que se consome, a 
falta de infraestrutura para utilizar a eletricidade que se produz, esbarram na falta 
de vontade política de governos passados para desenvolver fontes de energias 
alternativas localmente. Parte dos derivados de combustíveis fósseis importados 
poderia ser substituída por agrocombustíveis, os quais já existem no Paraguai, de 
excelente qualidade, produzidos em reduzida quantidade por falta de incentivos 
e/ou subsídios.
194
UNIDADE 3 | O BRASIL E AS REL. INTER. NA AMÉRICA LAT.: DOS CONFLITOS FRONT. À COOP., INTEG. E LID. REGIONAIS
Nos últimos anos, Argentina, Brasil e Chile enfrentaram crises energéticas 
de diversos portes. “O cenário para América do Sul e Caribe no ano de 2015 de 
consumo líquido de eletricidade será de 1.353 GWh contra 772 GWh consumidos 
em 2003. Isso representará um crescimento no período de 75%” (CASTRO; 
ROSENTAL; GOMES, 2009, p. 11). Esperavam-se políticas de investimento que 
estimulassem a ampliação da capacidade instalada e o desenvolvimento no setor 
elétrico integrado, o que ocorreu apenas em parte, devido:
Os principais problemas da falta de um maior desenvolvimento da 
integração energética não foram a carência de recursos ou de redes, 
mas sim a dificuldade de articular regras e políticas congruentes 
com o estímulo ao investimento e à interdependência energética 
da sub-região. As tentativas de criação de regras supranacionais ou 
acordos multilaterais com harmonização regulatória não foram bem-
sucedidas. As experiências mais bem-sucedidas foram aquelas que se 
deram em âmbito bilateral, oriundas de empreendimentos com forte 
participação dos Estados Nacionais, e relacionadas mais diretamente 
a empreendimentos nas fronteiras (Itaipu) e linhas de transmissão. 
(CASTRO; ROSENTAL; GOMES, 2009).
Neste sentido, para discutir e articular a integração dos mercados 
de energia, foi realizado no mês de setembro de 2015, no Rio de Janeiro, 
seminário sobre o tema, coordenado pelo Comitê Brasileiro da Comissão de 
Integração Energética Regional – Bracier. Os consumidores finais também 
poderão ser beneficiados com a interconexão das redes de eletricidade de 
diferentes países, decorrente da concorrência no mercado, na área de geração 
de energia. Outros benefícios seriam o adiamento de investimentos de geração 
(a partir do aproveitamento máximo da energia gerada em diferentes países), 
diversificação da matriz energética dos países, além de maior segurança 
energética. (GANDRA, 2015).
Na América Central já existem projetos de interconexão energética, 
onde Costa Rica, Honduras, Nicarágua, El Salvador e a Guatemala possuem 
um sistema integrado. A reduzida extensão territorial, inexistência de rios 
extensos e volumosos são fatores que facilitaram a integração. Na América 
Andina, o sistema ainda não está tão evoluído, mas já existem vários projetos 
em implementação, unindo Colômbia, Bolívia, Equador, Peru e a Venezuela.
Um estudo de 2010, a ser atualizado, mostra que a gestão integrada de 
energia poderá gerar uma economia de aproximadamente US$ 1 bilhão em 
tarifas de energia. O levantamento se baseia em 12 planos de viabilidade de 
projetos de integração. Um deles vai começar a operar este ano (2015) e se refere 
à interligação de grande porte entre o Brasil, representado pela Eletrobrás, e 
a Administración Nacional de Usinas e Transmisiones Eléctricas do Uruguai, com 
capacidade de transferência de potência nos dois sentidos, de 500 megawatts 
(MW). (GANDRA, 2015).
TÓPICO 2 | A APROXIMAÇÃO REGIONAL – O MERCOSUL
195
3.2 A POSIÇÃO DO PARAGUAI DIANTE 
DA HEGEMONIA BRASILEIRA
Muitas atividades econômicas no Paraguai contam com grande 
participação de empresas brasileiras, como a distribuição de combustíveis, bancos, 
frigoríficos e transporte aéreo. Além disso, calcula-se que 500 mil “brasiguaios” 
vivam no Paraguai, o que corresponde a quase 10% da população total do país. 
Entre eles, os que são proprietários de terras respondem por mais de 80% da safra 
nacional de soja do país. 
Esses e outros fatores, como cidades paraguaias com maioria de habitantes 
brasileiros, são vistos por uma parcela da população paraguaia como sinal de 
influência exagerada do Brasil em seu país. 
No campo, a presença de fazendeiros brasileiros produtores de soja tem 
gerado mobilizações sociais, como a dos trabalhadores sem-terra paraguaios, os 
campesinos. Segundo eles, a posse brasileira de grandes extensões de terras vem 
causando destruição ambiental e provocando a expulsão

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