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1 - Hist e Geo para concuros

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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 1
 
 
 
 
 
 
1.HISTÓRIA DO ACRE: O PROCESSO DE OCUPA-
ÇÃO DAS TERRAS ACREANAS, A OCUPAÇÃO IN-
DÍGENA, A IMIGRAÇÃO NORDESTINA E A PRODU-
ÇÃO DA BORRACHA, A INSURREIÇÃO ACREANA E 
ANEXAÇÃO DO ACRE AO BRASIL. A CHEGADA 
DOS “PAULISTAS” NAS TERRAS ACREANAS A 
PARTIR DOS ANOS 70 DO SÉCULO PASSADO: 
ÊXODO RURAL, CONFLITOS PELA TERRA E INVA-
SÕES DO ESPAÇO URBANO. 2. A EVOLUÇÃO PO-
LÍTICA DO ACRE: TERRITÓRIO A ESTADO. ACRE: 
DESAFIOS PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL. 
 
As secas nordestinas e o apelo econômico da borracha -- produto que 
no fim do século XIX começava sua trajetória de preços altos nos mercados 
internacionais -- inscrevem-se entre as causas predominantes na movimen-
tação de massas humanas em busca do Eldorado acriano. As penetrações 
portuguesas do período colonial já haviam atingido seus pontos máximos 
no Brasil durante o século XVIII. Consequência inevitável foi a dilatação do 
horizonte geográfico na direção oeste, atingindo terras de posse espanhola, 
fato que se tornou matéria dos tratados de Madri (1750) e de Santo Ildefon-
so (1777). Ambos os tratados, partindo das explorações feitas por Manuel 
Félix de Leme nas bacias do Guaporé e do Madeira, estabeleceram como 
linha divisória das possessões respectivas, na área em questão, os leitos 
do Mamoré e do Guaporé até seu limite máximo ocidental, na margem 
esquerda do Javari. 
 
O povoamento da zona, estimulado pela criação da nova capitania real 
de Mato Grosso (1751), deu-se na direção da fronteira, surgindo alguns 
centros importantes: Vila Bela (1752), às margens do Guaporé, Vila Maria 
(1778), no rio Paraguai, e Casalvasco (1783). Até meados do século XIX 
não se pensou em povoamento sistemático da área. Nessa época, o gran-
de manancial virgem de borracha que aí se encontra atraíra o interesse 
mundial, provocando sua colonização de modo inteiramente espontâneo. 
 
A política econômica do império, orientada para a atividade agrário-
exportadora com base no café, não comportava o aproveitamento e a 
incorporação dos territórios do extremo ocidental. Desse descaso resultou 
que no Atlas do Império do Brasil (1868), de Cândido Mendes de Almeida, 
modelar em seu tempo, não figurassem o rio Acre e seus principais tributá-
rios, completamente desconhecidos dos geógrafos. 
 
Apesar de tal política, alguns sertanistas brasileiros exploravam aquela 
região agreste e despovoada, desconhecendo se pertenciam ao Brasil, ao 
Peru ou à Bolívia. Assim, ainda em meados do século XIX, no impulso que 
a procura da borracha ocasionou, solicitada que era no mercado internacio-
nal, várias expedições esquadrinharam a área, buscando facilitar a instala-
ção dos colonos. Nessa época, João Rodrigues Cametá iniciou a conquista 
do rio Purus; Manuel Urbano da Encarnação, índio mura grande conhece-
dor da região, atingiu o rio Acre, subindo-o até as proximidades do Xapuri; e 
João da Cunha Correia alcançou a bacia do alto Tarauacá. Todo esse 
desbravamento se deu, na maior parte, em terras bolivianas. 
 
As atividades exploradoras, a importância industrial das reservas de 
borracha e a penetração de colonos brasileiros na região suscitaram o 
interesse da Bolívia, que solicitou melhor fixação de limites. Após várias 
negociações fracassadas, em 1867 assinou-se o Tratado de Ayacucho, que 
reconhecia o uti possidetis colonial. A divisória foi estabelecida pelo parale-
lo da confluência dos rios Beni-Mamoré, em direção ao leste, até a nascen-
te do Javari, embora ainda não fossem conhecidas as cabeceiras desse rio. 
 
Ocupação cearense. À proporção que subia no mercado o preço da 
borracha, crescia a demanda e aumentava a corrida para a Amazônia. Os 
seringais multiplicavam-se, assim, pelos vales do Acre, do Purus e, mais a 
oeste, do Tarauacá: em um ano (1873-1874), na bacia do Purus, a popula-
ção subiu de cerca de mil para quatro mil habitantes. Por outro lado, o 
governo imperial, já sensível às ofertas decorrentes da procura da borra-
cha, considerou brasileiro todo o vale do Purus. 
 
Também na segunda metade do século XIX registraram-se perturba-
ções no equilíbrio demográfico e geoeconômico do império, com o surto 
cafeeiro no Sul canalizando os recursos financeiros e de mão-de-obra, em 
detrimento do Nordeste. O empobrecimento crescente dessa região impul-
sionou ondas migratórias em direção ao Rio de Janeiro, Minas Gerais e 
São Paulo. O movimento de populações tornou-se particularmente ativo 
durante a seca prolongada no interior nordestino, de 1877 a 1880, expul-
sando centenas de cearenses, que rumaram para os seringais em busca de 
trabalho. 
 
O avanço da migração cearense processou-se até as margens do Ju-
ruá e acelerou a ocupação das terras que mais tarde a Bolívia reclamaria. 
Os grandes leitos fluviais e a rede de seus tributários eram então intensa-
mente trafegados por flotilhas de embarcações do mais variado porte, 
transportando colonos, mercadorias e material de abastecimento para os 
núcleos mais afastados. Os governos do Amazonas e do Pará logo instituí-
ram as chamadas "casas aviadoras", que financiavam vários tipos de 
operações, garantiam créditos e promoviam o incentivo comercial nos 
seringais. 
 
Planta nativa, a seringueira escondia-se no emaranhado de outras ár-
vores, igualmente nativas, obrigando o homem que saía no encalço da 
borracha a construir um verdadeiro labirinto, com trilhas em ziguezague na 
selva. Do seringal surgiu a figura humana do seringueiro, associado à 
planta para explorá-la. Seringueiro-patrão, beneficiário do crédito da casa 
aviadora, e seringueiro-extrator, aviado, por sua vez, do patrão. Um moran-
do no barracão, sempre localizado à beira do rio, com aparências de domí-
nio patriarcal, outro, na barraca, de construção tosca, no meio da selva. (De 
1920 em diante usa-se o neologismo seringalista para designar o patrão.) 
 
Completara-se, assim, antes de findar o século XIX, a ocupação brasi-
leira do espaço geográfico do Acre, onde mais de cinquenta mil pessoas 
formavam, no recesso da mata dos três vales hidrográficos, uma sociedade 
original, cujo objetivo único era produzir borracha. Todo esse labor, porém, 
se operava no solo da Bolívia, país que, por fatalidade da geografia, não 
pudera completar a integração social e econômica, e mesmo política e 
geográfica, dos extensos vales do Acre, do alto Purus e do alto Juruá na 
comunidade nacional. 
 
Com efeito, o artigo 1º do Tratado de Ayacucho, concluído pelo Brasil e 
pela Bolívia em 1867, mandara que a linha de fronteira fosse uma paralela 
tirada da foz do rio Beni com o Mamoré (10o20'), até encontrar a nascente 
do Javari. Com um adendo: se o Javari tivesse as nascentes ao norte 
dessa linha leste-oeste, a fronteira correria, desde a mesma latitude, por 
uma reta a buscar a origem principal do Javari. 
 
No ano de 1877, no entanto, época dos primeiros estabelecimentos de 
brasileiros no Acre, ninguém sabia por onde passava o limite previsto 
naquele tratado. Ignorava-se, por outra parte, a exata latitude da nascente 
do Javari. Eram problemas técnico-geográficos difíceis de solver com 
presteza, devido à falta de recursos materiais. A direção dos rios da borra-
cha foi a trilha natural da conquista nordestina (sobretudo do cearense), da 
qual também participaram grupos de paraenses e amazonenses. 
 
A questão acreana. Em 1890, um oficial boliviano, Juan Manuel Pando, 
alertou seu governo para o fato de que na bacia do Juruá havia mais de 
300 seringais, com a ocupação dos brasileiros implantando-se cada vez 
mais rapidamente em solo da Bolívia. A penetração brasileira avançara em 
profundidade para oeste do meridiano de 64o até além do de 72o, numa 
extensão de mais de mil quilômetros, muito embora já estivessem fixadas 
as fronteiras acima da confluência do Beni-Mamoré, segundo o tratado de 
1867.Nomeou-se, em 1895, nova comissão para o ajuste da divisória. O re-
presentante brasileiro, Taumaturgo de Azevedo, demitiu-se após verificar 
que a ratificação do tratado de 1867 iria prejudicar os seringueiros ali esta-
belecidos. Em 1899, os bolivianos estabeleceram um posto administrativo 
em Puerto Alonso, cobrando impostos e lançando taxas aduaneiras sobre 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 2
as atividades dos brasileiros. No ano seguinte, o Brasil aceitou a soberania 
da Bolívia na zona, quando reconheceu oficialmente os antigos limites na 
confluência Beni-Mamoré. 
 
Os seringueiros, alheios às tramitações diplomáticas, julgaram lesados 
seus interesses e iniciaram movimentos de rebeldia. No mesmo ano em 
que a Bolívia implantou administração em Puerto Alonso (1899), registra-
ram-se duas sérias contestações. 
 
Em abril, um advogado cearense, José Carvalho, liderou uma ação ar-
mada, que culminou na expulsão das autoridades bolivianas. Logo depois a 
Bolívia iniciou negociações com um truste anglo-americano, o Bolivian 
Syndicate, a fim de promover, com poderes excepcionais (cobranças de 
impostos, força armada), a incorporação política e econômica do Acre a seu 
território. O governador do Amazonas, José Cardoso Ramalho Júnior, 
informado do ajuste por um funcionário do consulado boliviano em Belém, o 
espanhol Luis Gálvez de Arias, enviou-o à frente de contingentes militares 
para ocupar Puerto Alonso. 
 
Gálvez proclamou ali a República do Acre, tornando-se seu presidente 
com o apoio dos seringalistas. O novo estado tinha o objetivo de afastar o 
domínio boliviano para depois pedir anexação ao Brasil, a exemplo do que 
fizera o Texas, na América do Norte. Ante os protestos da Bolívia, o presi-
dente Campos Sales extinguiu a efêmera república (março de 1900, oito 
meses após sua criação). Luis Gálvez teve que capitular e retirou-se para a 
Europa. 
 
Reinstalaram-se, então, os bolivianos na região, onde sofreram, a se-
guir, ataque de uma outra expedição que se constituíra em Manaus, com a 
ajuda do novo governador Silvério Néri, que também se opunha, nos basti-
dores, ao domínio da Bolívia sobre o Acre, de onde provinham, em forma 
de impostos, grandes quantias para o tesouro estadual. Composta de 
moços intelectuais, da boêmia de Manaus, a "Expedição dos Poetas" 
desbaratou-se após rápido combate em frente a Puerto Alonso (dezembro 
de 1900). 
 
Ação de Plácido de Castro e intervenção diplomática. Por fim, comerci-
antes e proprietários no rio Acre resolveram entregar a chefia de nova 
insurreição a um ex-aluno da Escola Militar de Porto Alegre, José Plácido 
de Castro, gaúcho de São Gabriel, que, à frente de um corpo improvisado 
de seringueiros, iniciou operações na vila de Xapuri, no alto Acre, e aí 
prendeu as autoridades bolivianas (agosto de 1902). Depois de combates 
esparsos e bem-sucedidos, Plácido de Castro assediou Puerto Alonso, 
logrando a capitulação final das forças bolivianas (fevereiro de 1903). 
 
Influíra no espírito de Plácido de Castro o fato de haver a Bolívia arren-
dado o território do Acre a um sindicato estrangeiro (chartered company), 
semelhante aos que operavam na Ásia e na África. O Bolivian Syndicate, 
constituído por capitais ingleses e americanos, iria empossar-se na admi-
nistração do Acre, dispondo de forças policiais e frota armada. Represen-
tantes dessa companhia chegaram à vila de Antimari (rio Acre), abaixo de 
Puerto Alonso, mas desistiram da missão porque os revolucionários domi-
navam todo o rio, faltando pouco para o fim da resistência boliviana. 
 
Aclamado governador do Estado Independente do Acre, Plácido de 
Castro organizou um governo em Puerto Alonso. Daí por diante a questão 
passou à esfera diplomática. O barão do Rio Branco assumira o Ministério 
do Exterior e seu primeiro ato foi afastar o Bolivian Syndicate. Os banquei-
ros responsáveis pelo negócio aceitaram em Nova York a proposta do 
Brasil: dez mil libras esterlinas como preço da desistência do contrato 
(fevereiro de 1903). Subsequentemente, Rio Branco ajustou com a Bolívia 
um modus vivendi que previa a ocupação militar do território, até o paralelo 
de 10o20', por destacamentos do exército brasileiro, na zona que se desig-
nou como Acre Setentrional. Do paralelo 10o20, para o sul -- o Acre Meridi-
onal -- subsistiu a governança de Plácido de Castro, sediada em Xapuri. 
 
A 17 de novembro de 1903, Rio Branco e o plenipotenciário Assis Bra-
sil assinaram com os representantes da Bolívia o tratado de Petrópolis, pelo 
qual o Brasil adquiriu o Acre por compra (dois milhões de libras esterlinas, 
ou 36.268 contos e 870 mil-réis em moeda e câmbio da época), e por troca 
de territórios (pequenas áreas no Amazonas e no Mato Grosso). Em con-
sequência, dissolveu-se o Estado Independente, passando o Acre Meridio-
nal e o Acre Setentrional a constituírem o Território Brasileiro do Acre, 
organizado, segundo os termos da lei no 1.181, de 25 de fevereiro de 1904, 
e do decreto 5.188, de 7 de abril de 1904, em três departamentos adminis-
trativos: o do Alto Acre, o do Alto Purus e o do Alto Juruá, chefiados por 
prefeitos da livre escolha e nomeação do presidente da república. 
 
Solucionada a parte da Bolívia, um outro caso tinha de ser resolvido 
com o Peru. O governo de Lima, alegando validez de títulos coloniais, 
reivindicava todo o território do Acre e mais uma extensa área do estado do 
Amazonas. Delegações administrativas e militares desse país tentaram 
estabelecer-se no Alto Purus (1900, 1901 e 1903) e no Alto Juruá (1898 e 
1902). Os brasileiros, com seus próprios recursos, forçaram os peruanos a 
abandonar o Alto Purus (setembro de 1903). 
 
Rio Branco, para evitar novos conflitos, sugeriu um modus vivendi para 
a neutralização de áreas no Alto Purus e no Alto Juruá e o estabelecimento 
de uma administração conjunta (julho de 1904). Isso não impediu um confli-
to armado entre peruanos e um destacamento do exército brasileiro em 
serviço no recém-criado departamento do Alto Juruá. A luta findou com a 
retirada das forças peruanas. 
 
À luz dos títulos brasileiros e dos estudos das comissões mistas que 
pesquisaram as zonas do Alto Purus e do Alto Juruá, Rio Branco propôs ao 
governo do Peru o acerto de limites firmado a 8 de setembro de 1909. Com 
esse ato completou-se a integração político-jurídica do território na comuni-
dade brasileira. 
 
De território a estado. A organização administrativa do Acre, decretada 
em 1904, alterou-se em 1912, com a criação de mais um departamento: o 
do Alto Tarauacá, desmembrado do departamento do Alto Juruá. De 1920 
até 1962, a administração do território do Acre era unificada, exercida por 
um governador, de livre escolha e nomeação do presidente da república. A 
constituição de 1934 concedeu ao território o direito de ter dois represen-
tantes na Câmara dos Deputados, critério mantido pela constituição de 
1946. Em 1957, o deputado federal José Guiomard dos Santos apresentou 
projeto que elevava o território a estado; daí resultou a lei nº 4.069, de 12 
de junho de 1962. Dois anos depois, o governador José Augusto de Araújo 
teve suspensos seus direitos políticos. Em 1988, o assassinato do ecologis-
ta Chico Mendes abalou o país, e em 1992 foi morto em São Paulo o pró-
prio governador do estado, Edmundo Pinto. ©Encyclopaedia Britannica do 
Brasil Publicações Ltda. 
 
 
3. GEOGRAFIA DO ACRE: ASPECTOS GEOGRÁFI-
COS E ECOLÓGICOS DA AMAZÔNIA E DO ACRE. 
FORMAÇÃO ECONÔMICA DO ACRE. PROCESSO 
DE ANEXAÇÃO DO ACRE AO BRASIL: TRATADOS 
E LIMITES. MUNICÍPIOS E POPULAÇÕES DO ACRE: 
POPULAÇÃO E LOCALIZAÇÃO. NOVA CONFIGU-
RAÇÃO DO MAPA. MICRORREGIÕES. ATUAIS MU-
NICÍPIOS. 
 
O Acre é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado no 
sudoeste da região Norte e tem como limites os estados do Amazonas a 
norte, Rondônia a leste,a Bolívia a sudeste e o Peru ao sul e oeste. Ocupa 
uma área de 152.581,4 km², sendo pouco menor que a Tunísia. Sua capital 
é a cidade de Rio Branco. 
História 
Até o início do século XX o Acre pertencia à Bolívia. Porém, desde o 
princípio do século XIX, grande parte de sua população era de brasileiros 
que exploravam seringais e que, na prática, acabaram criando um território 
independente. 
Em 1899, os bolivianos tentaram assegurar o controle da área, mas os 
brasileiros se revoltaram e houve confrontos fronteiriços, gerando o 
episódio que ficou conhecido como a Questão do Acre. 
Em 17 de novembro de 1903, com a assinatura do Tratado de 
Petrópolis, o Brasil recebeu a posse definitiva da região. O Acre foi então 
integrado ao Brasil como território, dividido em três departamentos. O 
território passou para o domínio brasileiro em troca do pagamento de dois 
milhões de libras esterlinas, de terras de Mato Grosso e do acordo de 
construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 3
 
 
Palácio Rio Branco, sede do governo, e obelisco em homenagem aos 
heróis da Revolução Acreana 
 
Tendo sido unificado em 1920, em 15 de junho de 1962 foi elevado à 
categoria de estado, sendo o primeiro a ser governado por uma brasileira, a 
professora Iolanda Fleming. 
 
Durante a segunda guerra mundial, os seringais da Indochina foram 
tomados pelos japoneses, e o Acre dessa forma representou um grande 
marco na história Ocidental e Mundial, mudando o curso da guerra a favor 
dos Aliados e graças aos soldados da borracha oriundos principalmente do 
sertão do Ceará (Ver: Segundo ciclo da borracha). 
 
E foi sem dúvida graças ao Acre e sua contribuição decisiva na vitória 
dos Aliados, que o Brasil conseguiu recursos norte-americanos para 
construir a Companhia Siderúrgica Nacional, e assim alavancar a 
industrialização até então estagnada do Centro-sul, que não possuía ainda 
indústrias pesadas de base (Ver: Acordos de Washington). 
 
Em 4 de abril de 2008, o Acre venceu uma questão judicial com o 
Estado do Amazonas em relação ao litígio em torno da Linha Cunha 
Gomes, que culminou no anexo de parte dos municípios Envira, Guajará, 
Boca do Acre, Pauni, Eirunepé e Ipixuna. A redefinição territorial consolidou 
a inclusão de 1,2 milhão de hectares do complexo florestal Liberdade, 
Gregório e Mogno ao território do Acre, o que corresponde a 11.583,87 km². 
 
GEOGRAFIA 
Relevo 
Um planalto com altitude média de 200 metros domina grande parte do 
Acre. 
Vegetação 
A maior parte do Estado ainda é formada por mata intocável, protegida 
principalmente pelo estabelecimento de florestas de proteção integral, 
reservas indígenas e reservas extrativistas. 
Hidrografia 
Rios 
Juruá, rio Purus, rio Acre, Tarauacá, Muru, Embirá e Xapuri são seus 
rios mais importantes. 
Demografia 
Os municípios mais populosos são: Rio Branco, com 290.639 
habitantes (IBGE 2006); Cruzeiro do Sul, com 86.725 habitantes; Feijó, com 
39.365 habitantes; Sena Madureira, com 33.614 habitantes; Tarauacá, com 
30.711 habitantes; Senador Guiomard com 21.000 habitantes e Brasileia, 
com 18.056 habitantes. 
 Etnias 
Cor/Raça (IBGE 2006) [2] Porcentagem 
Pardos 66,5% 
Brancos 26,0% 
Negros 6,8% 
Amarelos ou indígenas 0,7% 
Fonte: PNAD (dados obtidos por meio de pesquisa de autodeclaração). 
CULTURA 
A cultura do Acre é muito parecida com a dos outros Estados da região 
Norte. 
 
A comida típica utiliza o pato e o pirarucu, que herdou dos índios, e o 
bobó de camarão, vatapá e carne de sol com macaxeira, trazido do 
Nordeste brasileiro logo quando iniciou a extração do latex, já que muitos 
nordestinos migraram para o Acre tentando uma melhor qualidade de vida. 
 
No artesanato os artigos confeccionados com materiais extraídos da 
floresta amazônica. 
 
Do seringal surgiu a figura do seringueiro, que colaborou em momentos 
importantes da história brasileira para o desenvolvimento do país, 
trabalhando duro na extração do latex na floresta amazônica. Da floresta 
também surgiu um homem chamado Chico Mendes, que hoje é 
considerado referência internacional na luta em defesa da Amazônia; Chico 
Mendes foi assassinado em 22 de dezembro de 1988 e ganhou um prêmio 
único da ONU, o Prêmio Global 500 Anos. 
 
Em Rio Branco encontra-se uma comunidade religiosa chamada Alto 
Santo (Centro de Iluminação Cristã Universal) que pratica o Ritual do Santo 
Daime, típico do Acre, de origem indígena, que usa o Daime, um chá 
natural feito com folhas e cipó, usado pelos índios como forma de 
aproximação a Deus. Todos tomam o chá, inclusive as crianças e os 
idosos. Os integrantes usam fardas de marinheiro e cantam o hinário, 
intercalando com Ave-Marias e Pai-Nossos. 
 
Economia 
 
Passarela Joaquim Macedo, símbolo da capital acreana, 
Rio Branco, centro político e financeiro do estado. 
 
O modelo de desenvolvimento econômico baseia-se, primordialmente, 
no extrativismo, com destaque para extração de madeira por meio de 
manejo florestal, o que, teoricamente, garante o uso econômico sustentável 
da floresta. 
 
O Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID - financia um 
projeto de US$ 106 milhões no Estado, visando dotá-lo de infraestrutura 
física e institucional que viabilize o sucesso do projeto de desenvolvimento 
sustentável. 
 
Controvérsias sobre o modelo de desenvolvimento escolhido passa por 
questões como a ausência de consenso quanto à recuperação das áreas 
exploradas pelos planos de manejo e pela exclusão, na prática, de efetivos 
benefícios às populações locais (apesar de previsão no projeto). 
 
Apelidos 
� Extremo do Brasil 
� Estado das Seringueiras 
� Estado do Látex 
� Extremo Oeste 
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História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 4
TRANSPORTES 
 
Rodovias 
� BR-364 - Juntamente com a BR-317 é a principal rodovia do Acre. 
A leste liga Rio Branco ao estado de Rondônia e ao restante do 
país. A oeste corta todo o estado, ligando a capital do estado a 
Cruzeiro do sul, segunda principal cidade do estado, passando 
pelos municípios de Bujari, Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó, 
Tarauacá e Rodrigues Alves. 
� BR-317 - Tem extensão de 330 km, liga a capital ao sul do estado, 
passando pelos municípios de Senador Guiomard, Capixaba, 
Brasileia na fronteira com a República da Bolívia, a partir de 
Brasileia a estrada continua por mais 110km até chegar na cidade 
de Assis Brasil, já na fronteira com o Peru. A rodovia tornar-se-á 
um importante eixo de exportação do Brasil, pois quando a estrada 
no lado peruano estiver concluída (aproximadamente três anos), o 
Brasil estará totalmente ligado a Cuzco e aos dois principais portos 
do país vizinho. 
� AC-040 - Possui extensão de 100 km, liga Rio Branco até a cidade 
de Plácido de Castro também fazendo fronteira com a Bolívia. 
� AC-401 - Também chamada de estrada do agricultor, com 
extensão de 50 km, liga a cidade de Plácido de Castro à cidade de 
Acrelândia, já próxima da BR-364. 
� AC-010 - Tem extensão de 55 km, Ligando Rio Branco até a 
cidade história de Porto Acre, já na divisa com o Amazonas. 
 
Acreanos ilustres 
� Adib Jatene - Médico, ex-ministro da Saúde (fundou o Instituto do 
Coração); 
� Armando Nogueira - Jornalista e escritor; 
� Chico Mendes (Francisco Alves Mendes Filho) - Líder seringueiro e 
mártir; 
� Enéas Carneiro - Político. Formado em Medicina e especialista em 
Cardiologia; 
� Glória Perez - Novelista; 
� Iolanda Fleming - Primeira governadora mulher do Brasil; 
� Jarbas Passarinho - Militar e político; 
� João Donato - Músico. Foi um dos responsáveis pelo surgimento 
da Bossa Nova; 
� José Vasconcelos - Humorista, ator e dramaturgo;� Miguel Jerônimo Ferrante - ex-Ministro do STF e escritor, pai de 
Glória Pérez; 
� Marina Silva - Ambientalista, pedagoga e política, ex-ministra do 
Meio Ambiente. 
� Tião Viana - Médico e Senador 
 
Fuso horário brasileiro 
No dia 23 de junho de 2008 entrou em vigor a lei 11.662/08. Criada 
pelo senador Tião Viana (PT), essa lei determina que o Acre e parte do 
Estado do Amazonas, que faziam parte do quarto fuso horário brasileiro, 
passem a ter apenas uma hora a menos em relação ao horário de Brasília. 
Já o Estado do Pará passa a ter o mesmo horário da capital federal. 
 
Essa proposta tem gerado polêmica, pois, de acordo com 
pesquisadores a inclusão do Acre no quarto fuso horário estava correta, 
considerando a posição geográfica do estado. A população do estado 
também tem feitos críticas ao novo horário, pois, quem trabalha ou estuda 
na parte da manhã, está tendo de sair de casa ainda de madrugada. A 
situação é ainda mais crítica para os moradores da Região do Vale do 
Juruá, onde o Sol nasce cerca de meia hora após surgir na capital Rio 
Branco. 
 
Acre 
A incorporação do Acre ao Brasil foi um fato singular na história do pa-
ís: deveu-se às populações do Nordeste, que povoaram o território e o 
tornaram produtivo, repetindo proeza dos bandeirantes dos séculos XVI e 
XVII. 
 
A ocupação da região começou na segunda metade do século XIX, 
quando nordestinos flagelados pelas secas acorreram para lá em busca da 
riqueza natural dos seringais. No entanto, a incorporação definitiva do Acre 
ao Brasil se deu no começo do século XX, após décadas de conflitos arma-
dos e disputas diplomáticas com a Bolívia e o Peru. 
 
O estado do Acre situa-se no sudoeste da Amazônia brasileira, na re-
gião Norte, onde ocupa uma área de 153.150km2. Limita-se com o estado 
do Amazonas, ao norte; o Peru, ao sul; a Bolívia, a sudeste; e o estado de 
Rondônia, a leste. Sua capital é Rio Branco. 
 
Geografia física. Praticamente todo o relevo do estado do Acre se inte-
gra no baixo platô arenítico, ou terra firme, unidade morfológica que domina 
a maior parte da Amazônia brasileira. Esses terrenos se inclinam, no Acre, 
de sudoeste para nordeste, com topografia, em geral, tabular. No extremo 
oeste se encontra a serra da Contamana ou do Divisor, ao longo da frontei-
ra ocidental, com as maiores altitudes do estado (609m). Cerca de 63% da 
superfície estadual fica entre 200 e 300m de altitude; 16% entre 300 e 609; 
e 21% entre 200 e 135. 
 
 
O clima é quente e muito úmido, do tipo Am de Köppen, e as tempera-
turas médias mensais variam entre 24 e 27o C. As chuvas atingem o total 
anual de 2.100mm, com uma nítida estação seca nos meses de junho, julho 
e agosto. A floresta amazônica recobre todo o território estadual. Muito rica 
em seringueiras da espécie mais valiosa (Hevea brasiliensis), a floresta 
garante ao Acre o lugar de primeiro produtor nacional de borracha. Os 
principais rios do Acre, navegáveis apenas nas cheias (Juruá, Tarauacá, 
Embira, Purus, Iaco e Acre), atravessam o estado com cursos quase para-
lelos e só vão confluir fora de seu território. 
 
População. É escassa a população do estado. Mais da metade concen-
tra-se em dois municípios, Rio Branco e Cruzeiro do Sul. A distribuição 
geográfica da população, dispersa ao longo dos rios, reflete a dependência 
da navegação fluvial para as comunicações. Pouco mais da metade dos 
habitantes vive na zona rural, e cerca de sessenta por cento da população 
ativa ocupa-se de atividades extrativas. Povoações distantes entre si por 
dias de caminhada pela floresta e que por vezes, no período das chuvas, 
ficam completamente isoladas, dificultam a irradiação da saúde pública. 
Dos municípios, apenas Rio Branco tem abastecimento de água encanada, 
mas não possui serviço de esgoto, o que impede o controle da disenteria 
amebiana endêmica. A malária é a maior causa de mortalidade infantil. 
(Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.) 
 
Economia. A economia acreana repousa na exploração de recursos na-
turais. O mais importante é a borracha, produto no qual se baseou o povo-
amento da região. A extração da borracha se faz ao longo dos rios, pois a 
seringueira é árvore de mata de igapó. Os tipos produzidos são caucho, 
cernambi caucho, cernambi rama e cernambi seringa. A maior parte da 
produção estadual cabe à bacia do rio Purus. Nessa região destaca-se o 
vale do rio Acre, que, além de possuir o maior número de seringueiras, é 
também região rica em castanheiras. A floresta acreana é também objeto 
de exploração madeireira, e a caça nela praticada parece contribuir de 
forma substancial para a alimentação local. 
 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 5
A agricultura reduz-se a pequenas culturas de mandioca, feijão, cana-
de-açúcar e arroz. A indústria de transformação compreende pouco mais 
que algumas serrarias e pequenas fábricas de rapadura e de farinha de 
mandioca. 
 
Como os rios mantêm no estado cursos aproximadamente paralelos, as 
comunicações entre os diversos vales se fazem pelas confluências, o que 
envolve longos percursos. Com a conclusão das estradas que integram a 
ligação Rio Branco-Porto Velho-Cuiabá-Limeira, o Acre passou a contar 
com transporte rodoviário para o Sudeste do país. (Para dados econômi-
cos, ver DATAPÉDIA.) 
 
História. As secas nordestinas e o apelo econômico da borracha -- pro-
duto que no fim do século XIX começava sua trajetória de preços altos nos 
mercados internacionais -- inscrevem-se entre as causas predominantes na 
movimentação de massas humanas em busca do Eldorado acriano. As 
penetrações portuguesas do período colonial já haviam atingido seus 
pontos máximos no Brasil durante o século XVIII. Consequência inevitável 
foi a dilatação do horizonte geográfico na direção oeste, atingindo terras de 
posse espanhola, fato que se tornou matéria dos tratados de Madri (1750) e 
de Santo Ildefonso (1777). Ambos os tratados, partindo das explorações 
feitas por Manuel Félix de Leme nas bacias do Guaporé e do Madeira, 
estabeleceram como linha divisória das possessões respectivas, na área 
em questão, os leitos do Mamoré e do Guaporé até seu limite máximo 
ocidental, na margem esquerda do Javari. 
 
O povoamento da zona, estimulado pela criação da nova capitania real 
de Mato Grosso (1751), deu-se na direção da fronteira, surgindo alguns 
centros importantes: Vila Bela (1752), às margens do Guaporé, Vila Maria 
(1778), no rio Paraguai, e Casalvasco (1783). Até meados do século XIX 
não se pensou em povoamento sistemático da área. Nessa época, o gran-
de manancial virgem de borracha que aí se encontra atraíra o interesse 
mundial, provocando sua colonização de modo inteiramente espontâneo. 
 
A política econômica do império, orientada para a atividade agrário-
exportadora com base no café, não comportava o aproveitamento e a 
incorporação dos territórios do extremo ocidental. Desse descaso resultou 
que no Atlas do Império do Brasil (1868), de Cândido Mendes de Almeida, 
modelar em seu tempo, não figurassem o rio Acre e seus principais tributá-
rios, completamente desconhecidos dos geógrafos. 
 
Apesar de tal política, alguns sertanistas brasileiros exploravam aquela 
região agreste e despovoada, desconhecendo se pertenciam ao Brasil, ao 
Peru ou à Bolívia. Assim, ainda em meados do século XIX, no impulso que 
a procura da borracha ocasionou, solicitada que era no mercado internacio-
nal, várias expedições esquadrinharam a área, buscando facilitar a instala-
ção dos colonos. Nessa época, João Rodrigues Cametá iniciou a conquista 
do rio Purus; Manuel Urbano da Encarnação, índio mura grande conhece-
dor da região, atingiu o rio Acre, subindo-o até as proximidades do Xapuri; e 
João da Cunha Correia alcançou a bacia do alto Tarauacá. Todo esse 
desbravamento se deu, na maior parte, em terras bolivianas. 
 
Asatividades exploradoras, a importância industrial das reservas de 
borracha e a penetração de colonos brasileiros na região suscitaram o 
interesse da Bolívia, que solicitou melhor fixação de limites. Após várias 
negociações fracassadas, em 1867 assinou-se o Tratado de Ayacucho, que 
reconhecia o uti possidetis colonial. A divisória foi estabelecida pelo parale-
lo da confluência dos rios Beni-Mamoré, em direção ao leste, até a nascen-
te do Javari, embora ainda não fossem conhecidas as cabeceiras desse rio. 
 
Ocupação cearense. À proporção que subia no mercado o preço da 
borracha, crescia a demanda e aumentava a corrida para a Amazônia. Os 
seringais multiplicavam-se, assim, pelos vales do Acre, do Purus e, mais a 
oeste, do Tarauacá: em um ano (1873-1874), na bacia do Purus, a popula-
ção subiu de cerca de mil para quatro mil habitantes. Por outro lado, o 
governo imperial, já sensível às ofertas decorrentes da procura da borra-
cha, considerou brasileiro todo o vale do Purus. 
 
Também na segunda metade do século XIX registraram-se perturba-
ções no equilíbrio demográfico e geoeconômico do império, com o surto 
cafeeiro no Sul canalizando os recursos financeiros e de mão-de-obra, em 
detrimento do Nordeste. O empobrecimento crescente dessa região impul-
sionou ondas migratórias em direção ao Rio de Janeiro, Minas Gerais e 
São Paulo. O movimento de populações tornou-se particularmente ativo 
durante a seca prolongada no interior nordestino, de 1877 a 1880, expul-
sando centenas de cearenses, que rumaram para os seringais em busca de 
trabalho. 
 
O avanço da migração cearense processou-se até as margens do Ju-
ruá e acelerou a ocupação das terras que mais tarde a Bolívia reclamaria. 
Os grandes leitos fluviais e a rede de seus tributários eram então intensa-
mente trafegados por flotilhas de embarcações do mais variado porte, 
transportando colonos, mercadorias e material de abastecimento para os 
núcleos mais afastados. Os governos do Amazonas e do Pará logo instituí-
ram as chamadas "casas aviadoras", que financiavam vários tipos de 
operações, garantiam créditos e promoviam o incentivo comercial nos 
seringais. 
 
Planta nativa, a seringueira escondia-se no emaranhado de outras ár-
vores, igualmente nativas, obrigando o homem que saía no encalço da 
borracha a construir um verdadeiro labirinto, com trilhas em ziguezague na 
selva. Do seringal surgiu a figura humana do seringueiro, associado à 
planta para explorá-la. Seringueiro-patrão, beneficiário do crédito da casa 
aviadora, e seringueiro-extrator, aviado, por sua vez, do patrão. Um moran-
do no barracão, sempre localizado à beira do rio, com aparências de domí-
nio patriarcal, outro, na barraca, de construção tosca, no meio da selva. (De 
1920 em diante usa-se o neologismo seringalista para designar o patrão.) 
 
Completara-se, assim, antes de findar o século XIX, a ocupação brasi-
leira do espaço geográfico do Acre, onde mais de cinquenta mil pessoas 
formavam, no recesso da mata dos três vales hidrográficos, uma sociedade 
original, cujo objetivo único era produzir borracha. Todo esse labor, porém, 
se operava no solo da Bolívia, país que, por fatalidade da geografia, não 
pudera completar a integração social e econômica, e mesmo política e 
geográfica, dos extensos vales do Acre, do alto Purus e do alto Juruá na 
comunidade nacional. 
 
 
Com efeito, o artigo 1º do Tratado de Ayacucho, concluído pelo Brasil e 
pela Bolívia em 1867, mandara que a linha de fronteira fosse uma paralela 
tirada da foz do rio Beni com o Mamoré (10o20'), até encontrar a nascente 
do Javari. Com um adendo: se o Javari tivesse as nascentes ao norte 
dessa linha leste-oeste, a fronteira correria, desde a mesma latitude, por 
uma reta a buscar a origem principal do Javari. 
 
No ano de 1877, no entanto, época dos primeiros estabelecimentos de 
brasileiros no Acre, ninguém sabia por onde passava o limite previsto 
naquele tratado. Ignorava-se, por outra parte, a exata latitude da nascente 
do Javari. Eram problemas técnico-geográficos difíceis de solver com 
presteza, devido à falta de recursos materiais. A direção dos rios da borra-
cha foi a trilha natural da conquista nordestina (sobretudo do cearense), da 
qual também participaram grupos de paraenses e amazonenses. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 6
A questão acreana. Em 1890, um oficial boliviano, Juan Manuel Pando, 
alertou seu governo para o fato de que na bacia do Juruá havia mais de 
300 seringais, com a ocupação dos brasileiros implantando-se cada vez 
mais rapidamente em solo da Bolívia. A penetração brasileira avançara em 
profundidade para oeste do meridiano de 64o até além do de 72o, numa 
extensão de mais de mil quilômetros, muito embora já estivessem fixadas 
as fronteiras acima da confluência do Beni-Mamoré, segundo o tratado de 
1867. 
 
Nomeou-se, em 1895, nova comissão para o ajuste da divisória. O re-
presentante brasileiro, Taumaturgo de Azevedo, demitiu-se após verificar 
que a ratificação do tratado de 1867 iria prejudicar os seringueiros ali esta-
belecidos. Em 1899, os bolivianos estabeleceram um posto administrativo 
em Puerto Alonso, cobrando impostos e lançando taxas aduaneiras sobre 
as atividades dos brasileiros. No ano seguinte, o Brasil aceitou a soberania 
da Bolívia na zona, quando reconheceu oficialmente os antigos limites na 
confluência Beni-Mamoré. 
 
Os seringueiros, alheios às tramitações diplomáticas, julgaram lesados 
seus interesses e iniciaram movimentos de rebeldia. No mesmo ano em 
que a Bolívia implantou administração em Puerto Alonso (1899), registra-
ram-se duas sérias contestações. 
 
 
Em abril, um advogado cearense, José Carvalho, liderou uma ação ar-
mada, que culminou na expulsão das autoridades bolivianas. Logo depois a 
Bolívia iniciou negociações com um truste anglo-americano, o Bolivian 
Syndicate, a fim de promover, com poderes excepcionais (cobranças de 
impostos, força armada), a incorporação política e econômica do Acre a seu 
território. O governador do Amazonas, José Cardoso Ramalho Júnior, 
informado do ajuste por um funcionário do consulado boliviano em Belém, o 
espanhol Luis Gálvez de Arias, enviou-o à frente de contingentes militares 
para ocupar Puerto Alonso. 
 
Gálvez proclamou ali a República do Acre, tornando-se seu presidente 
com o apoio dos seringalistas. O novo estado tinha o objetivo de afastar o 
domínio boliviano para depois pedir anexação ao Brasil, a exemplo do que 
fizera o Texas, na América do Norte. Ante os protestos da Bolívia, o presi-
dente Campos Sales extinguiu a efêmera república (março de 1900, oito 
meses após sua criação). Luis Gálvez teve que capitular e retirou-se para a 
Europa. 
 
Reinstalaram-se, então, os bolivianos na região, onde sofreram, a se-
guir, ataque de uma outra expedição que se constituíra em Manaus, com a 
ajuda do novo governador Silvério Néri, que também se opunha, nos basti-
dores, ao domínio da Bolívia sobre o Acre, de onde provinham, em forma 
de impostos, grandes quantias para o tesouro estadual. Composta de 
moços intelectuais, da boêmia de Manaus, a "Expedição dos Poetas" 
desbaratou-se após rápido combate em frente a Puerto Alonso (dezembro 
de 1900). 
 
Ação de Plácido de Castro e intervenção diplomática. Por fim, comerci-
antes e proprietários no rio Acre resolveram entregar a chefia de nova 
insurreição a um ex-aluno da Escola Militar de Porto Alegre, José Plácido 
de Castro, gaúcho de São Gabriel, que, à frente de um corpo improvisado 
de seringueiros, iniciou operações na vila de Xapuri, no alto Acre, e aí 
prendeu as autoridades bolivianas (agosto de 1902). Depois de combates 
esparsos e bem-sucedidos, Plácido de Castro assediou Puerto Alonso, 
logrando a capitulação final das forças bolivianas (fevereiro de 1903). 
 
Influíra no espírito de Plácido de Castro ofato de haver a Bolívia arren-
dado o território do Acre a um sindicato estrangeiro (chartered company), 
semelhante aos que operavam na Ásia e na África. O Bolivian Syndicate, 
constituído por capitais ingleses e americanos, iria empossar-se na admi-
nistração do Acre, dispondo de forças policiais e frota armada. Represen-
tantes dessa companhia chegaram à vila de Antimari (rio Acre), abaixo de 
Puerto Alonso, mas desistiram da missão porque os revolucionários domi-
navam todo o rio, faltando pouco para o fim da resistência boliviana. 
 
Aclamado governador do Estado Independente do Acre, Plácido de 
Castro organizou um governo em Puerto Alonso. Daí por diante a questão 
passou à esfera diplomática. O barão do Rio Branco assumira o Ministério 
do Exterior e seu primeiro ato foi afastar o Bolivian Syndicate. Os banquei-
ros responsáveis pelo negócio aceitaram em Nova York a proposta do 
Brasil: dez mil libras esterlinas como preço da desistência do contrato 
(fevereiro de 1903). Subsequentemente, Rio Branco ajustou com a Bolívia 
um modus vivendi que previa a ocupação militar do território, até o paralelo 
de 10o20', por destacamentos do exército brasileiro, na zona que se desig-
nou como Acre Setentrional. Do paralelo 10o20, para o sul -- o Acre Meridi-
onal -- subsistiu a governança de Plácido de Castro, sediada em Xapuri. 
 
A 17 de novembro de 1903, Rio Branco e o plenipotenciário Assis Bra-
sil assinaram com os representantes da Bolívia o tratado de Petrópolis, pelo 
qual o Brasil adquiriu o Acre por compra (dois milhões de libras esterlinas, 
ou 36.268 contos e 870 mil-réis em moeda e câmbio da época), e por troca 
de territórios (pequenas áreas no Amazonas e no Mato Grosso). Em con-
sequência, dissolveu-se o Estado Independente, passando o Acre Meridio-
nal e o Acre Setentrional a constituírem o Território Brasileiro do Acre, 
organizado, segundo os termos da lei no 1.181, de 25 de fevereiro de 1904, 
e do decreto 5.188, de 7 de abril de 1904, em três departamentos adminis-
trativos: o do Alto Acre, o do Alto Purus e o do Alto Juruá, chefiados por 
prefeitos da livre escolha e nomeação do presidente da república. 
Solucionada a parte da Bolívia, um outro caso tinha de ser resolvido 
com o Peru. O governo de Lima, alegando validez de títulos coloniais, 
reivindicava todo o território do Acre e mais uma extensa área do estado do 
Amazonas. Delegações administrativas e militares desse país tentaram 
estabelecer-se no Alto Purus (1900, 1901 e 1903) e no Alto Juruá (1898 e 
1902). Os brasileiros, com seus próprios recursos, forçaram os peruanos a 
abandonar o Alto Purus (setembro de 1903). 
 
Rio Branco, para evitar novos conflitos, sugeriu um modus vivendi para 
a neutralização de áreas no Alto Purus e no Alto Juruá e o estabelecimento 
de uma administração conjunta (julho de 1904). Isso não impediu um confli-
to armado entre peruanos e um destacamento do exército brasileiro em 
serviço no recém-criado departamento do Alto Juruá. A luta findou com a 
retirada das forças peruanas. 
 
À luz dos títulos brasileiros e dos estudos das comissões mistas que 
pesquisaram as zonas do Alto Purus e do Alto Juruá, Rio Branco propôs ao 
governo do Peru o acerto de limites firmado a 8 de setembro de 1909. Com 
esse ato completou-se a integração político-jurídica do território na comuni-
dade brasileira. 
 
De território a estado. A organização administrativa do Acre, decretada 
em 1904, alterou-se em 1912, com a criação de mais um departamento: o 
do Alto Tarauacá, desmembrado do departamento do Alto Juruá. De 1920 
até 1962, a administração do território do Acre era unificada, exercida por 
um governador, de livre escolha e nomeação do presidente da república. A 
constituição de 1934 concedeu ao território o direito de ter dois represen-
tantes na Câmara dos Deputados, critério mantido pela constituição de 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 7
1946. Em 1957, o deputado federal José Guiomard dos Santos apresentou 
projeto que elevava o território a estado; daí resultou a lei nº 4.069, de 12 
de junho de 1962. Dois anos depois, o governador José Augusto de Araújo 
teve suspensos seus direitos políticos. Em 1988, o assassinato do ecologis-
ta Chico Mendes abalou o país, e em 1992 foi morto em São Paulo o pró-
prio governador do estado, Edmundo Pinto. ©Encyclopaedia Britannica do 
Brasil Publicações Ltda. 
 
Sobre o Acre 
O Acre é um dos 27 estados brasileiros. Ele é o 15º em extensão terri-
torial, com uma superfície de 164.221,36 Km², correspondente a 4,26% da 
Região Norte e a 1,92% do território nacional. 
 
O Estado está situado num planalto com altitude média de 200 m, loca-
lizado no sudoeste da Região Norte, entre as latitudes de -7°06´56 N e 
longitude - 73º 48' 05"N, latitude de - 11º 08' 41"S e longitude - 68º 42' 59"S. 
 
Os limites do Estado são formados por fronteiras internacionais com 
Peru (O) e Bolívia (S) e por divisas estaduais com os estados do Amazonas 
(N) e Rondônia (L). As cidades mais populosas são: Rio Branco, Cruzeiro 
do Sul, Feijó, Tarauacá e Sena Madureira. 
 
O nome Acre surgiu de “Aquiri”, que significa “rio dos jacarés” na língua 
nativa dos índios Apurinãs, os habitantes originais da região banhada pelo 
rio que empresta o nome ao estado. Os exploradores da região transcreve-
ram o nome do dialeto indígena, dando origem ao nome Acre. Os primeiros 
habitantes da região eram os índios, até 1877, quando imigrantes nordesti-
nos arregimentados por seringalistas para trabalhar na extração do látex, 
devido aos altos preços da borracha no mercado internacional, iniciaram a 
abertura de seringais. Este território, antes pertencente à Bolívia e ao Peru, 
foi aos poucos sendo ocupado por brasileiros. O imigrantes avançaram 
pelas vias hidrográficas do rio Acre, Alto-Purus e Alto-Juruá, o que aumen-
tou a população de local de brancos em cerca de quatro vezes em um ano. 
 
Buscando garantir o domínio da área, os bolivianos instituíram a co-
brança de impostos sobre a extração da borracha e a fundação da cidade 
de Puerto Alonso. Após conflitos armados a cidade foi retomada por brasi-
leiros e rebatizada como Porto Acre. A revolta dos brasileiros diante destas 
medidas resultou em conflitos que só tiveram fim com a assinatura do 
Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903, no qual o Brasil adqui-
riu o território do Acre. Na região de fronteira com o Peru também houve 
controvérsias quanto aos limites territoriais. Em setembro de 1903, os 
peruanos foram expulsos das áreas ocupadas, sendo resolvido o impasse 
territorial em 8 de setembro de 1909, tendo como representante nas nego-
ciações o Barão do Rio Branco, então Ministro das Relações Exteriores. 
 
Unificada a partir de 1920, a administração do Acre passou a ser exer-
cida por um governador nomeado pelo Presidente da República. Até que 
em 15 de Junho de 1962 foi sancionada pelo Presidente da República João 
Goulart a Lei 4.070, que elevou o Acre a categoria de Estado. E em Outu-
bro de 1962 foi eleito o primeiro governador do Estado do Acre, José Au-
gusto de Araújo. 
 
Dados gerais 
� Sigla: AC 
� Habitante: acreano 
� Capital: Rio Branco 
� População: 686.652 (estimativa IBGE/2006) 
� Área: 164.221 km² 
� Densidade populacional: 4,18 hab/km² 
� Hora local (em relação à Brasília): -2h. 
 
Situação geográfica 
� Localização: sudoeste da região Norte. 
� Limites: Amazonas (N); Rondônia (L); Bolívia (SE); Peru (S e O). 
� Características: planalto (maior parte do território); Serra da Con-
tamana (O). 
� Clima: equatorial. 
� Rios principais: Juruá, Tarauacá, Muru, Envira, Xapuri, Purus, Iaco, 
Acre. 
� Número de municípios: 22 
Governo 
� Governador: Arnóbio Marques de Almeida Junior (Binho) - PT 
� Vice: Carlos César Messias - PP 
 
Cidades mais populosas 
� Rio Branco – Capital: 314.127 hab.(8.831 Km²) 
� Cruzeiro do Sul: 86.725 hab. (8.816 Km²) 
� Feijó: 39.365 hab. (27.964 Km²) 
� Sena Madureira: 33.614 hab. (23.732 Km²) 
� Tarauacá: 30.711hab. (20.199 Km²) 
� Senador Guiomard: 21.000 hab. (2.321 Km²) 
 
Fonte: IBGE, 2006; CPI dos limites do Estado do Acre, 2006. 
Fonte - http://www.ac.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1392 
 
 
A ECONOMIA DO ESTADO DO ACRE 
 
Fonte – http://www.ac.gov.br/sectas/agenda_social/economia.htm 
 
Os dados revelam um rápido crescimento do Produto Interno Bruto - 
PIB do Acre nas duas últimas décadas. Nos anos 70 o PIB cresceu a 
11,45% a.a. - crescimento rápido, menor, contudo, que a média brasileira 
(12,54% a.a.) e bem menor que a média da Região Norte (17,54% a.a.). Na 
primeira metade da década de 80, apesar da crise que se reflete no cresci-
mento do PIB nacional a meros 1,6% a.a., o Acre mantém elevada a taxa 
de crescimento (5,48%), agora praticamente acompanhando o ritmo de 
crescimento do PIB regional. 
 
Em termos setoriais observa-se uma queda drástica da participação do 
setor primário no PIB, passando de 40,8% em 1970, para 16,7% em 1985. 
O setor secundário, por sua vez, alarga sua participação de 2,9% para 
23,5% no período. 
 
Enfocando mais de perto o setor secundário constata-se que, em 1990, 
o Estado do Acre apresentava 508 estabelecimentos industriais, sendo 140 
ligados ao processamento de produtos alimentares e 201 ao setor madeirei-
ro e mobiliário. No total, os estabelecimentos industriais empregavam 
apenas 7.017 pessoas (numa média em torno de 13 pessoas por estabele-
cimento). Considerando a população do Estado em 1991 (417.489 habitan-
tes) e estimando sua parcela economicamente ativa (População Economi-
camente Ativa - PEA), com base na proporção média do Brasil (38%), 
verifica-se que o emprego industrial no Estado situa-se em torno de 7% da 
PEA urbana de 98.954 pessoas, o que nos permite indicar que a expansão 
industrial ocorrida, não obstante apontar para uma melhor estruturação da 
oferta de produtos manufaturados localmente, não foi capaz de impedir a 
formação dos "cinturões de pobreza" nos centros urbanos locais, com 
destaque para Rio Branco como um dos mais expressivos problemas 
sociais gerados pela migração rural/urbana. 
 
Quanto à perda de posição do setor primário na composição do PIB es-
tadual deve-se por em relevo a crise do extrativismo da borracha e da 
castanha, historicamente a base da economia do Acre. Esse subsetor vem 
sofrendo sérios reveses nos últimos anos, em função da tendência decli-
nante dos preços. Note-se que em uma das regiões do Estado, o Vale do 
Acre, estes dois produtos fazem parte do leque de alternativas das mesmas 
estruturas de produção familiar camponesa. Percebe-se, também, para 
estes dois produtos uma tendência inversa das quantidades e preços: 
enquanto, nos anos oitenta, caem sistematicamente os preços, as quanti-
dades produzidas mostram-se ascendentes sem compensarem, contudo, a 
perda de valor da produção. 
 
Enquanto agravam-se os problemas decorrentes da flutuação do preço 
dos produtos extrativistas, borracha e castanha, amplia-se o rebanho 
bovino no Acre. De 72.166 cabeças, em 1970, o rebanho estadual passa 
para 404.434 cabeças de 1990. Destes 333.521 cabeças (82,5%) se encon-
tram no Vale do Acre. Há que se lembrar, entretanto, que também em 
relação à pecuária, constata-se uma crise de preços desde 1982 - tendên-
cia que se acentua a partir de 1985. 
 
Os diversos problemas vividos pelos moradores das zonas urbana e ru-
ral do Estado, ora elencados, estão a merecer uma atenção especial. As 
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História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 8
políticas públicas sociais articuladas nos vários níveis de governo, tendo 
como ressonância, a busca do desenvolvimento sustentável e humano, 
mostram-se eficazes quando desenvolvidas juntamente com a comunidade 
local de cada município. 
 
O conjunto de ações embasadas em compromissos assumidos pelo 
Governo do Estado, pelos governos municipais e a sociedade civil organi-
zada, é, em princípio, o caminho para uma intervenção qualitativa nos 
problemas que afligem a população acreana, mudando significativamente 
os indicadores sociais, hoje verificados. 
 
As políticas até aqui implementadas no campo social, foram em sua 
maioria de caráter compensatório ou supletivo, não atingindo de fato as 
causas estruturais dos problemas. As intervenções que a "Agenda Social 
para o Acre" propõe, caracterizam alternativas viáveis e concretas de 
políticas socioeconômicas articuladas e implementadas pelos diversos 
atores sociais do Estado, como resposta às demandas apresentadas pelas 
comunidades. 
 
SITUAÇÃO SÓCIO ECONÔMICA DOS MUNICÍPIOS POR REGIO-
NAL: 
Perfil socioeconômico e indicadores sociais da Regional do Juruá 
A Regional do Juruá, composta pelos municípios de Cruzeiro do Sul, 
Porto Walter, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo e Rodrigues Alves, 
limita-se ao norte com Estado do Amazonas, ao sul e oeste com a Repúbli-
ca do Peru e ao leste com os municípios de Tarauacá e Jordão. Com área 
total 29.686,2 km2, representando 19,39% do território do Estado, tem uma 
população de 87.609 habitantes, com densidade de 2,95 hab./km2, com 
concentração de povos indígenas de várias etnias. 
 
Os municípios da Regional do Juruá, tipicamente agroflorestais, inclusi-
ve com exploração irracional de madeiras de lei, têm razoável produção 
agrícola, destacando-se a cultura permanente de guaraná, a produção de 
farinha de mandioca de excelente qualidade e forte comércio local. Sofreu 
recentes melhorias na sua infraestrutura urbana e malha viária, todavia, 
permanece isolada da capital a maior parte do ano, por falta de acesso 
terrestre. Este fato fortalece sua relação comercial com o Estado do Ama-
zonas. 
 
Os municípios da Regional têm potencialidades para desenvolver a in-
dústria da construção civil (principalmente as cerâmicas), a industrialização 
e beneficiamento da borracha, a indústria de transformação de madeira e 
movelaria, a indústria do turismo. Quanto ao desenvolvimento da agricultura 
e pecuária, a regional apresenta potencialidades para o beneficiamento de 
guaraná e café, plantio de frutas tropicais, consumo interno de culturas de 
subsistência, psicultura, pecuária e criação de pequenos animais. Relati-
vamente ao extrativismo, as potencialidades para a extração e manejo de 
madeiras, cultura do açaí e extração de borracha e copaíba, são potenciali-
dades inerentes da regional. 
 
Porém os indicadores sociais apresentados pelo conjunto dos municí-
pios da Regional do Juruá não diferem dos indicadores do Brasil de forma 
positiva, ao contrário, as demandas são alargadas. A esperança de vida ao 
nascer, dos povos da regional fica em torno dos 64 anos, sendo a taxa de 
mortalidade infantil menor que a média geral do Acre: 53,5 de cada 1000 
nascidos vivos. A média do Acre é de 60,98, enquanto que a do Brasil é de 
49,9. 
 
Os problemas educacionais nesta região são críticos. Se a média na-
cional de analfabetismo é de 19,4%, Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodri-
gues Alves, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, apresentam uma média 
de 48,05%. O número de crianças de 07 a 14 anos que não frequentam a 
escola, é significativamente grande, girando em torno de 44,8%, sendo que 
a média do Brasil é de 22,7%. Outros indicadores, como os que apresenta-
remos a seguir, ilustram o quadro socioeconômico dos municípios da 
regional do Juruá: 
• Renda familiar média per capita em salários mínimos de 0,42%, 
enquanto no Estado do Acre é de 0,85% e no Brasil, de 1,31%; 
• Percentagem de pessoas com renda insuficiente de 78,68%; en-
quanto no Estado do Acre é de 59,94% e no Brasil é de 45,46%; 
• População com abastecimento adequado de água de 15,6%, en-
quanto no Estado do Acre é de 44,4% e no Brasil é de 83,9%; 
• Populaçãocom instalações adequadas de esgoto em torno de 
21,6%, enquanto no Estado do Acre é de 32,8% e no Brasil é de 
58,9%. 
 
Perfil socioeconômico e indicadores sociais da Regional do Ta-
rauacá e Envira 
A Regional do Tarauacá e Envira, composta pelos municípios de Ta-
rauacá, Feijó e Jordão, limita-se ao norte com Estado do Amazonas, ao sul 
com a República do Peru, ao leste com os municípios de Santa Rosa e 
Manuel Urbano e ao leste com os municípios de Marechal Thaumaturgo, 
Porto Walter e Cruzeiro do Sul. Com área total 45.538,6 km2, representan-
do 29,74% do território do Estado, tem uma população de 49.893 habitan-
tes, com densidade de 1,10 hab./km2. Com baixa densidade demográfica, a 
Regional do Tarauacá e Envira, é a área com maior predominância de 
população indígena. 
 
A Regional do Tarauacá e Envira é tipicamente agroflorestal, com ra-
zoável produção pecuária, porém com uma ação predatória conduzida 
simultaneamente por fazendeiros e grandes empresas rurais de extração 
de madeira. Devido ao isolamento por um período considerável durante o 
ano por falta de estradas ligando à capital, os municípios mantêm fortes 
relações comerciais com a Regional do Juruá. 
 
Os municípios da Regional dispõem de potencialidades para desenvol-
ver a indústria da construção civil (cerâmica), industrialização e beneficia-
mento de borracha e sobretudo, a indústria de transformação de madeira e 
movelaria. Quanto às suas potencialidades rurais, pode incrementar a 
agricultura e a pecuária, sobretudo para o consumo do mercado local, 
assim como as culturas de subsistência. Existe potencial para desenvolver 
agroindústrias de frutas tropicais, a piscicultura, além do extrativismo e 
manejo de madeiras, da borracha e copaíba, do açaí e outra frutas regio-
nais. 
 
Quanto a outros indicadores sociais desta regional, observa-se que a 
esperança de vida ao nascer cai para 62 anos, a média do Estado, com 
uma taxa de mortalidade infantil de 59,81 da cada 1000 nascidos vivos. 
Com relação ao analfabetismo da população com mais 15 anos, os índices 
são alarmantes, representando 61%, enquanto que para todo o Estado, o 
número é 34,3% e no Brasil é de 19,4%. O número de crianças de 07 a 14 
anos de idade que não frequenta a escola é de 44,8 nessa regional. 
 
Os demais indicadores apresentados a seguir, determinam outras ca-
racterísticas dos povos que moram nos municípios da Regional do Taraua-
cá e Envira: 
• Crianças entre 10 a 14 anos que trabalham, tem índice é de 7,5%, 
enquanto no Acre é de 8,4% e no Brasil, é de 8,6%; 
• Renda familiar média per capita em salários mínimos e 0,41%, en-
quanto no Estado do Acre é de 0,85% e no Brasil, é de 1,31%; 
• Percentagem de pessoas com renda insuficiente é de 81,96%, en-
quanto no Estado do Acre é de 59,94% e no Brasil, é de 45,46%; 
• População com abastecimento adequado de água em torno de 
23,1%, enquanto no Estado do Acre é de 44,4% e no Brasil, é de 
83,9%; 
• População com instalações adequadas de esgoto de 21,6%, en-
quanto no Estado do Acre é de 32,8% e no Brasil, é de 58,9%. 
 
Perfil socioeconômico e indicadores sociais da Regional do Purus 
A Regional do Purus, composta pelos municípios de Manuel Urbano, 
Sena Madureira e Santa Rosa do Purus, limita-se ao norte com o Estado do 
Amazonas, ao sul com o município de Assis Brasil, a leste com os municí-
pios de Assis Brasil, Brasileia, Xapuri, Rio Branco e Bujari e a oeste com a 
República do Peru e o município de Feijó. Ocupando uma área de 40.823,6 
km2, a regional participa com 26,66% do território do Estado. Tem uma 
população 30.254 habitantes, com uma densidade demográfica de 0,74 
(hab./km2), uma das menores de todo o Estado. Conta também, com a 
presença de populações indígenas de várias etnias. 
 
Por serem tipicamente florestal, extrativistas é com razoável produção 
pecuária, os municípios apresentam um quadro de desenvolvimento e 
exploração diferente dos demais. Um dos municípios da Regional, o de 
Sena Madureira, tem sofrido com a ação predatória da exploração madei-
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História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 9
reira. Foram realizadas várias apreensões de madeiras nobres, principal-
mente do mogno, extraídas ilegalmente da região. Nessa atividade de 
exploração, são registrados casos de trabalhos forçados, caracterizando a 
existência de semiescravidão na Regional. 
 
A Regional apresenta hoje um baixo nível de emprego e renda. Porém, 
mesmo com as potencialidades naturais, a deficiência energética acentua-
da compromete o seu desenvolvimento econômico. Exceto Sena Madurei-
ra, os demais municípios da Regional sofrem com o isolamento em período 
considerável do ano por vias terrestres, sendo que o município de Santa 
Rosa não possui ligação terrestre. O deslocamento por via fluvial demora 
cerca de oito dias do município mais próximo. 
 
Quanto às potencialidades da Regional do Purus, por ter uma grande 
mancha de madeiras nobres em sua vegetação, pode desenvolver a indús-
tria da transformação de madeiras e movelaria. Apresenta também potenci-
alidades para o desenvolvimento da indústria cerâmica, a indústria pesquei-
ra, a pecuária e seus derivados, a indústria de beneficiamento e artefatos 
de borracha e agroindústrias. Possui também características importantes 
para o desenvolvimento da agricultura e pecuária para o consumo interno e 
de subsistência e pecuária de corte, a piscicultura, mas sobretudo, a produ-
ção agroflorestal, extração e manejo de madeira, borracha e castanha da 
Amazônia. 
 
Com relação aos indicadores sociais, os municípios da Regional do Pu-
rus, vêm apresentando índices drásticos de mortalidade infantil, chegando a 
casa dos 62,10 de cada 1000 nascidos vivos. Apresenta uma taxa de 
analfabetismo de 56,2% de sua população acima dos 15 anos de idade. 
Outro índice preocupante é o das crianças de 07 a 14 anos de idade que 
não frequentam a escola, que atinge mais da metade da população nesta 
faixa etária representando cerca de 52,4%. 
 
Os indicadores que se seguem, demonstram com maior propriedade a 
realidade socioeconômica dos municípios da Regional do Purus: 
• Crianças entre 10 a 14 anos que trabalham, com índice de 4,7%, 
enquanto no Estado do Acre é de 8,4% e no Brasil, é de 8,6%; 
• Renda familiar média per capita em salários mínimos de 0,43%, 
enquanto no Estado Acre é de 0,85% e no Brasil, é de 1,31%; 
• Percentagem de pessoas com renda insuficiente é de 80,0%, en-
quanto no Estado do Acre é de 59,94% e no Brasil, é de 45,46%; 
• População com abastecimento adequado de água é de 20,3%, en-
quanto no Estado do Acre é de 44,4% e no Brasil de 83,9%; 
• A população com instalações adequadas de esgoto é de 14,2%, 
enquanto no Estado do Acre é de 32,8% e no Brasil, é de 58,9%. 
 
Perfil socioeconômico e indicadores sociais da Regional do Alto 
Acre 
A Regional do Alto Acre, composta pelos municípios de Assis Brasil, 
Brasileia, Epitaciolândia e Xapuri, limita-se ao norte com os municípios de 
Rio Branco e Acrelândia, ao sul com as Repúblicas da Bolívia e Peru, ao 
leste com a República da Bolívia e a oeste com a República do Peru e o 
município de Sena Madureira. Os municípios da regional ocupam um 
espaço de 13.623,5 km2, participando com 8,89% do território do Estado. 
Sua população de 38.845 habitantes, apresentam uma densidade demográ-
fica de 2,85 (hab./km2). 
 
A base econômica da Regional do Alto Acre, é o extrativismo com pre-
dominância do corte de seringa e a coleta da castanha. Com razoável 
produção pecuária, sobretudo com o gado bovino, a regional apresenta 
uma característica peculiar, o da atuação predatória conduzida, de um lado, 
por fazendeiros e, de outro, o movimento sindical e de seringueiros nos 
"empates" para impedir esta ação, causando uma efervescência de confli-
tos sociais rurais. 
 
Por ser uma região fronteiriça,a regional apresenta um forte fluxo mi-
gratório, com o êxodo além fronteira, além da existência das Zonas de Livre 
Comércio, ainda por implantação definitiva e um intercâmbio econômico e 
social fortalecido com o Peru e a Bolívia. 
 
Os municípios da Regional apresentam organização e potencialidade 
para desenvolver a indústria de beneficiamento e transformação de madei-
ra, indústria da pecuária de leite e de corte e seus derivados, a agricultura, 
indústria e beneficiamento da borracha e da castanha, agroindústrias, 
piscicultura, fruticultura e avicultura. Sua característica, apresenta potencia-
lidades para a indústria do turismo, mas sobretudo, para o desenvolvimento 
sustentável com a extração e manejo de madeiras, castanha e borracha. 
 
Quanto aos seus indicadores sociais, a Regional apresenta um quadro 
de aberrações. De cada 1000 crianças nascidas vivas, morrem cerca de 
67,0 fazendo ser a segunda maior taxa de mortalidade infantil de todo o 
Estado. Porém, sofre uma discreta queda nos índices de analfabetismo 
entre a população acima dos 15 anos, ficando entorno de 37,8%, e de 
crianças de 07 a 14 anos de idade fora da escola, o índice passa a ser de 
38,7%. 
 
Outros indicadores sociais demonstram a realidade das pessoas que 
vivem nos municípios da Regional do Alto Acre: 
• Índice de crianças entre 10 a 14 anos que trabalham é de 9,9%, 
enquanto no Estado do Acre é 8,4% e no Brasil, é de 8,6%; 
• Renda familiar média per capita em salários mínimos de 0,59%, 
enquanto no Estado do Acre é de 0,85% e no Brasil, é de 1,31%; 
• Percentagem de pessoas com renda insuficiente de 65,10%, maior 
que a do Estado, que apresenta índice de 59,94% e no Brasil, é de 
45,46%; 
• População com abastecimento adequado de água é de 38,9%, en-
quanto no Estado é de 44,4% e no Brasil, de 83,9%; 
• População com instalações adequadas de esgoto é somente de 
17,26%, enquanto no Estado o número já sobe para 32,8% e no 
Brasil, é de 58,9%. 
 
Perfil socioeconômico e indicadores sociais da Regional do Baixo 
Acre 
A Regional do Baixo Acre, composta pelos municípios de Acrelândia, 
Senador Guiomard, Plácido de Castro, Capixaba, Porto Acre, Bujari e Rio 
Branco, a capital do Estado, limita-se ao norte com o Estado do Amazonas, 
ao sul com a República da Bolívia e o município de Xapuri, ao leste com a 
república da Bolívia e ao oeste com o município de Sena Madureira. Seu 
território de 23.479,0 km2 participa de 15,33% da área territorial do Estado. 
Com uma população de 276.888 habitantes, mais da metade da população 
do Estado, apresenta por conseguinte a maior densidade demográfica, 
correspondendo a 11,79 (hab./km2). Comparando com as demais regionais, 
a Regional do Baixo Acre, tem alta densidade populacional. 
 
Caracteriza-se, por ter uma maior concentração de infraestrutura do 
Estado, com eixo rodoviário trafegável permanentemente ligando aos 
demais Estados do Centro-Sul do País, o que possibilita relações comerci-
ais com os mesmos, sendo portanto, o primeiro contato direto com a frente 
de expansão de Rondônia e outros estados. 
 
São nesses municípios, principalmente Rio Branco, capital do Estado, 
por ser mais populoso, é que tem maior concentração de bolsões de misé-
ria e de problemas sociais urbanos. 
 
Apesar destas condições aparentemente favoráveis, os municípios da 
regional apresentam baixo nível de geração de emprego e renda, com 
indústria e comércio parcos e sem capacidade de empregabilidade, sendo 
por conseguinte, o Estado o maior empregador. 
 
Os municípios são tipicamente agroflorestais, com boa produção pecu-
ária e maior produção de agricultura no Estado. Apresenta concentração de 
grandes áreas antropizadas. 
 
A maior concentração de projetos de colonização do Estado, inclusive 
com a existência de "cidade-polo", para conter especialmente a migração 
do interior e retorno do homem ao meio rural e experiências diferenciada do 
uso social da floresta, são características dos municípios dessa regional. 
 
Apresentam um potencial para o desenvolvimento de atividades produ-
tivas da indústria da transformação da madeira e movelaria, indústria da 
pecuária de corte e leite e seus derivados, indústria da construção civil, 
agroindústrias, indústria da confecção, serviço de apoio ao turismo, a 
piscicultura e a industrialização e transformação do pescado, indústria de 
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História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 10 
artefatos de borrachas, indústria cerâmica. Pode desenvolver ainda a 
criação de pequenos e médios animais, sistemas agroflorestais, hortifruti-
grangeiros, agricultura, a extração e manejo de madeiras, borracha e 
castanha. 
 
Com relação a seus indicadores sociais, a regional do Baixo Rio Acre, 
apresenta o maior índice de mortalidade infantil de todo o Estado, chegan-
do a 68,12 de cada 1000 nascidos vivos. A taxa de analfabetismo, diferente 
das demais regionais, já tem níveis mais baixos, de 31,0% entre a popula-
ção acima de 15 anos. O índice de crianças de 07 a 14 anos de idade que 
não frequentam a escola é de 33,9%, sendo que a média do Estado, é de 
37,3% e no Brasil é de 22,7%. 
 
Outros indicadores sociais a seguir, apontam a realidade dura vivida 
pelos moradores dos municípios que compõem a Regional do Baixo Acre: 
• Crianças entre 10 a 14 anos que trabalham tem índice de 9,4%, 
superior ao do Estado, que é de 8,4% e do Brasil, de 8,6%; 
• Renda familiar média per capita em salários mínimos é de 0,80%, 
enquanto no Estado a renda fica em 0,85% e no Brasil, é de 
1,31%; 
• Percentagem de pessoas com renda insuficiente é de 59,24%, 
pouco abaixo do Estado, que é de 59,94% e do Brasil, de 45,46%; 
• População com abastecimento adequado de água é de 39,1%, en-
quanto no Estado é de 44,4% e no Brasil, é de 83,9%; 
• População com instalações adequadas de esgoto é somente 
24,2%, número bem inferior ao do Estado que é de 32,8% e do 
Brasil, de 58,9%. 
 
Indicadores sociais das áreas de abrangência da Agenda Social 
Frente ao conjunto de necessidades e demandas sociais de todo o Es-
tado apresentadas no primeiro encontro da Agenda Social, foram eleitos os 
municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves – Regional 
do Juruá, os municípios de Tarauacá, Jordão e Feijó – Regional de Taraua-
cá e Envira, os municípios de Sena Madureira, Manoel Urbano e Santa 
Rosa – Regional do Purus, os municípios de Brasileia, Assis Brasil, Epita-
ciolândia e Xapuri – Regional do Alto Acre e, os municípios de Rio Branco, 
Capixaba, Acrelândia e Porto Acre – Regional do Baixo Acre, totalizando 16 
(dezesseis) municípios nesta primeira fase de implementação dos subpro-
gramas da Agenda Social. 
 
Com a visita da equipe multidisciplinar, formada por técnicos de Secre-
tarias do Estado, como uma preparação inicial para o desenvolvimento das 
ações integradas, foram identificadas as áreas com maior concentração de 
pobreza e, por consequência, a maior concentração de problemas sociais, 
sem infra-estrutura urbana e condições de habitabilidade em cada municí-
pio. Nesta visita, com a participação de grupos da comunidade local, foram 
aplicados questionários de levantamento socioeconômico e levantamento 
de demandas específicas que caracterizam cada comunidade. Foi um olhar 
crítico sob a realidade vivenciada por inúmeras famílias pobres de nosso 
Estado e diagnóstico de suas necessidades imediatas. Este insumo valeu 
para a formulação de projetos e propostas de intervenção governamental 
aqui apresentadas. 
 
Com base no levantamento realizado in loco, foi identificado uma dis-
paridade no nível de emprego e renda de cada comunidade. Há comunida-
des que apenas 4% da sua população está trabalhando atualmente, fazen-
do com que a renda média familiar fique em torno de R$ 56,00 (cinquenta e 
seis reais) enquanto a comunidade com maior número de pessoascom 
ocupação remunerada é de aproximadamente 54%, porém apresentando 
uma renda média de R$ 86,00 (oitenta e seis reais). 
 
A maioria das pessoas economicamente ativas da comunidade, tem em 
sua ocupação, uma ligação estreita com as atividades do campo, sendo 
agricultores ou diaristas. Na terceira categoria de ocupação. Encontram-se 
as empregadas domésticas, acompanhadas do trabalho no setor informal. 
 
O quadro relativo a escolaridade apresenta a média de pessoas com 2o 
grau igual a 3%, 1o grau com 12%, primário com 40% e analfabetos com 
20%. Visualiza-se aí um elevado grau de pessoas sem formação escolar, 
dificultando inclusive a implementação de programas de geração de em-
prego e renda na própria comunidade. 
A média de membros na família é de 5 pessoas. São cerca de 20%, 
famílias monoparentais chefiadas por mulheres. Com relação à composição 
familiar, vale a pena ilustrar que, só no bairro União, no município de Acre-
lândia, em 123 famílias haviam 110 crianças na faixa etária de 0 a 6 anos 
de idade. Por termos uma população muito jovem, cujos índices segundo o 
IBGE são: de 26,61% da população entre 0 a 9 anos; 25,68% entre 10 a 19 
anos; 17,51% entre 20 a 29 anos; 12,03% entre 30 a 39 anos; 8,02% entre 
40 a 49 anos; 6,40% entre 50 a 64 anos e; 3,73% acima de 65 anos, a 
composição familiar apresenta um índice baixo de pessoas na faixa de 
idade economicamente ativa, girando em torno dos 45%, se deixarmos de 
fora, os jovens abaixo de 19 anos de idade. 
 
No levantamento in loco, foi constatado que nas áreas de maior con-
centração de pobreza, cerca de 20% das famílias têm membro portador de 
necessidades especiais. 
 
Com relação às condições de moradias, observa-se que as residências 
são em sua maioria de madeira bruta, de dois cômodos (sala e cozinha), 
medindo em média 24m2, cerca de 90% precisam de benfeitorias, sejam de 
material para ampliação/reforma para atender as necessidades familiares, 
ou do oferecimento de unidade sanitária, para garantir a higienização 
necessária para o habitat, principalmente das crianças. Cerca de 90% das 
residências não dispõem sanitários, obrigando-os a utilizarem fossas ne-
gras ou às margens de rios e igarapés, para as necessidades fisiológicas. 
 
A maioria das comunidades não dispõem do fornecimento de água tra-
tada, utilizando para o consumo água proveniente de poços, água de 
nascentes, igarapés e rios, geralmente contaminadas pela inexistência de 
unidades sanitárias, ou tratamento domiciliar de efluente líquidos e resíduos 
sólidos. Outro fator que influencia na baixa qualidade ambiental nas comu-
nidades, é a falta de coleta e destinação adequado do lixo, cuja média de 
35% das famílias queimam o lixo, 55% jogam em terreno baldio, 32% jogam 
à margem de igarapés ou rios, e o restante das famílias não informaram. 
Com relação à água servida, cerca de 90% são jogadas em valas a céu 
aberto nas ruas, ou são destinadas aos rios e igarapés próximos das co-
munidades. 
 
Esse quadro, não se constitui por si só, e, menos ainda, se acaba nele 
mesmo. Traz consigo sequelas de risco pessoal e social infinitamente 
grandes dentro da comunidade e seio familiar. É a desagregação familiar 
presente na comunidade e a violência doméstica; os índices de gravidez na 
adolescência, prostituição de adolescentes aliada à promiscuidade; níveis 
crescentes de alcoolismo entre a população adulta e jovem, além da droga-
dição; baixo aproveitamento escolar, desistência e repetência por vários 
fatores, inclusive pelo agravo da desnutrição em consequência da pouca 
alimentação, dentre outros. Em fim, a gama de problemas apresentados, 
não pode continuar existindo na comunidade, criando obstáculos para o 
desenvolvimento social do Estado como um todo. 
 
Devido à falta de infraestrutura urbana e de equipamentos públicos na 
maioria dos municípios acreanos, a população não tem acesso à maioria 
dos serviços legalmente estabelecidos como direito básico do cidadão. 
Assim, para atingirmos a diversidade das necessidades levantadas nas 
comunidades, a pluralidade de sujeitos, de anseios e querência popular, 
foram definidos como campo de ação, um conjunto de 06 (seis) subprogra-
mas (Educação e Convivência, Saúde e Saneamento, Habitação, Seguran-
ça Pública e Cidadania, Geração de Emprego e Renda com a expectativa 
de gerar mudanças substancias nos indicadores sociais hoje verificados. 
 
A AGENDA SOCIAL NO CONTEXTO 
A prática dos movimentos sociais e populares locais, tem sido, ao lon-
go dos anos, de promover o diálogo entre a sociedade civil e o Estado, 
como forma de se resolver problemas sociais, que afetam a sociedade. O 
objetivo do atual Governo, é dar um passo bem maior. Além do envolvimen-
to dos vários seguimentos sociais na formulação de políticas públicas 
coerentes, buscar-se-á o envolvimento de parceiros nas administrações 
municipais e os vários setores do próprio Estado. 
 
A intervenção governamental deve, acima de tudo, ser integrada, tendo 
o envolvimento de todas as secretarias. Também ser articuladas com 
entidades representativas da sociedade civil, envolvendo a comunidade 
local beneficiária das decisões e processo de implementação. 
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
História e Geografia do Acre A Opção Certa Para a Sua Realização 11 
Essa é a visão e a necessidade da Agenda Social, que busca dar res-
postas com a participação integrada ao conjunto das necessidades verifica-
das nas áreas de extrema pobreza. A ação coletiva busca a geração de 
impactos na realidade local, produzindo mudanças substanciais nos indica-
dores sociais. 
 
Enquanto as crianças de 0 a 6 anos de idade, participam de atividades 
de educação infantil na própria comunidade, desenvolvidas pela Prefeitura 
do Município em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e a 
Secretaria Estadual de Cidadania, do Trabalho e Assistência Social, sua 
mãe e seus irmãos, participam de um conjunto de atividades multidisciplina-
res voltados para cada faixa etária ou clientela. As atividades multidiscipli-
nares terão a participação de demais órgãos do Governo, das administra-
ções municipais e de entidades da comunidade. 
 
Neste contexto, a Agenda passa a ser a conjugação de esforços e a-
ções integradas da equipe de governo, buscando parcerias com as admi-
nistrações municipais e os setores da sociedade organizada, para mudan-
ças substanciais na realidade de mulheres e homens, crianças, adolescen-
tes, jovens, idosos e portadores de necessidades especiais. 
 
Os subprogramas então compostos por um conjunto de projetos dire-
cionados para 16 comunidades ao mesmo tempo, com necessidades 
parecidas, porém com anseios diferentes. Será um importante processo 
que realizará alterações significativas na qualidade de vida das pessoas, 
proporcionando, acima de tudo, o desenvolvimento local integrado, 
humano e sustentável do Estado do Acre. 
 
Metodologia 
A Agenda Social Para o Acre, utilizando-se metodologicamente do 
princípio participativo, teve sua formulação iniciada através do levantamen-
to de demandas e prioridades socioeconômicas para a população do Esta-
do, com a participação de representantes da sociedade civil e de órgãos 
governamentais federais, estaduais e municipais. 
 
O estabelecimento desta parceria desde o princípio da concepção da 
Agenda, consubstancia inclusive sua própria execução. Pensar coletiva-
mente e executar através de parcerias as ações propostas, para produzir 
maior impacto na realidade e mudar os indicadores sociais, de forma que 
gere na comunidade um processo de desenvolvimento humano e sustentá-
vel, é o elemento constitutivo da Agenda que interage e a transforma, 
conforme o ambiente e a realidade local. 
 
Definido melhor a forma de intervenção através de processos participa-
tivos, interativos e integrativos com a prática social, a Agenda se utiliza 
como estratégias de ação a sensibilização,

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