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GOVERNANÇA CORPORATIVA Jéfferson Colombo Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin – CRB 10/2147 G721 Governança Corporativa [recurso eletrônico] / Giancarlo Giacomelli... [et al.] ; [revisão técnica: Gisele Lozada]. – Porto Alegre : SAGAH, 2017. Editado também como livro impresso em 2017. ISBN 978-85-9502-169-3 1. Governança. 2. Administração pública. I. Giacomelli, Giancarlo. CDU 336.773 Prestação de contas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar o propósito da prestação de contas. � Reconhecer a legislação que regulamenta a prestação de contas no setor público. � Analisar os requisitos necessários para que ocorra a prestação de contas. Introdução A prestação de contas é um dos pilares básicos de sustentação da gover- nança corporativa. Ela é uma ferramenta essencial para o monitoramento das atividades desenvolvidas pelos agentes de governança, permitindo às partes interessadas avaliar os atos – e também as eventuais omissões – dos gestores. Prestar contas é, portanto, uma prática de governança indispensável às organizações, que permite um alinhamento de inte- resses permanente entre aqueles que estão dentro e fora do ambiente organizacional. O dever de prestar contas é importante tanto na administração pública quanto na iniciativa privada. No setor público, a prestação de contas representa uma obrigação constitucional de todos os indivíduos que tiveram arrecadação e dos que administram ou têm por responsabilidade a gestão de dinheiro, bens e valores públicos. No setor privado, é um instrumento de responsabilização de gestores por seus atos e omissões, fazendo com que atuem de maneira responsável e diligente no âmbito de seus papéis. O dever de prestar contas por si só gera um incentivo para que as ações dos gestores estejam alinhadas com as expectativas dos demais agentes. Neste texto, você vai estudar o propósito de prestar contas e vai co- nhecer a legislação que baliza as ações de prestação de contas no setor público e que gera transparência aos contribuintes. Por último, você vai conhecer os requisitos para a efetiva prestação de contas. Qual é o propósito de prestar contas? A prestação de contas, também conhecida como accountability, termo análogo em língua inglesa, é um dos pilares básicos de qualquer sistema eficaz de governança corporativa, tanto no setor público quanto no setor privado (Figura 1). O ato de prestar contas no ambiente organizacional é de responsabilidade dos agentes de governança, que devem fazê-lo de modo claro, conciso, com- preensível e tempestivo (INSTITUTO..., 2015). É importante salientar que os responsáveis pela prestação de contas devem assumir integralmente as consequências não apenas de seus atos, mas também de suas omissões, dentro das atribuições e competências que seus cargos lhe conferem. Um dos propó- sitos da prestação de contas é, portanto, alinhar interesses entre as diversas partes interessadas, nos ambientes interno e externo de uma organização, em conjunto com outros mecanismos de governança. Figura 1. A prestação de contas é prática importante nos setores público e privado. Fonte: PORTRAIT IMAGES ASIA BY NONWARIT/Shutterstock.com Prestação de contas252 Você sabe quem são os agentes de governança? Indivíduos e órgãos envolvidos no sistema de governança, como sócios, administra- dores, conselheiros fiscais, auditores, conselho de administração, conselho fiscal, etc. (INSTITUTO..., 2015). Sob uma perspectiva teórica, a necessidade de prestar contas advém de interesses potencialmente conflitantes entre agentes dentro de uma organização (ASSAF NETO, 2017). Por exemplo, nas modernas corporações, a separação entre propriedade e administração abre espaço para o seguinte questionamento: será que os administradores (isto é, aqueles que administram a organização) estão tomando decisões que atendam aos interesses dos proprietários (sócios ou acionistas)? Ou será que os administradores estão atuando no sentido de maximizar seu próprio bem-estar, otimizando a sua renda esperada e mini- mizando o risco de serem desligados da empresa? Essas perguntas, centrais no debate sobre o papel da governança corporativa nas organizações, expõem a necessidade de os agentes com participação ativa no processo decisório das empresas prestarem contas de suas atividades, arcando com as consequências de seus atos e omissões. É na assembleia geral de acionistas, ou na reunião de sócios (dependendo da natureza jurídica da empresa), que ocorre um momento relevante de prestação de contas e exercício de transparência pela administração (INSTITUTO..., 2015). No caso das unidades da administração pública, em que a parte benefi- ciada pela prestação de contas é o próprio contribuinte, há algumas nuances importantes. Conforme a Constituição Federal (Art. 70, parágrafo único), “prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”. Além de ser prevista constitucionalmente, a 253Prestação de contas prestação de contas representa um dos pilares da governança corporativa, como já mencionado, tanto na gestão pública quanto na privada, caracterizando-se como um instrumento fundamental da democracia, indispensável ao controle social da gestão dos recursos públicos (CARREIRO, 2014). Especificamente no que concerne à administração pública, a definição de metas e a avaliação dos gestores responsáveis são instrumentos indispensáveis para os cidadãos monitorarem o uso dos recursos públicos. Eventuais ajustes no sistema de governança podem ser feitos após a análise cuidadosa da atuação de cada agente, tendo em vista seus direitos e deveres e o exercício de suas funções de maneira independente, diligente e proativa. Na próxima seção, você verá mais detalhes sobre os princípios constitucionais e a legislação que regulamenta a prestação de contas no setor público. Já no setor privado, embora não exista previsão constitucional para tal, a prestação de contas é um dos aspectos de governança corporativa mais importantes para as organizações. Segundo o IBGC (INSTITUTO..., 2016), a prestação de contas é um dos princípios básicos de um sistema eficaz de governança corporativa, junto com a transparência, a equidade e a respon- sabilidade corporativa. Com a separação clara dos papéis entre os atores do processo de governança – proprietários, conselheiros e gestores –, prestar contas é uma forma de reduzir o grau de assimetria de informação existente entre esses atores, permitindo um monitoramento continuado das ações de cada um deles. Um dos marcos históricos da governança corporativa, a lei Sarbanes-Oxley, teve como foco exatamente a prestação de contas (ROSSETTI; ANDRADE, 2014). Segundo o documento, o diretor executivo (CEO, na sigla equivalente em língua inglesa) e o diretor financeiro (CFO), na divulgação dos relatórios periódicos previstos em lei, devem certificar-se de que: � revisaram os relatórios e não existem falsas declarações ou omissões de fatores relevantes; � as demonstrações financeiras revelam com exatidão a posição finan- ceira, os resultados das operações e os fluxos de caixa; � divulgaram aos auditores e ao comitê de auditoria todas as deficiências significativas que eventualmente existam nos controles internos, bem como quaisquer fraudes evidenciadas, ou mudanças significativas ocorridas após a sua avaliação; � têm responsabilidade pelo estabelecimento de controles internos, pelos seus desenhos e processos e pela avaliação e monitoramento de sua eficácia. Prestação de contas254 A prestação de contas é,portanto, um aspecto de governança corporativa essencial nas empresas privadas, independentemente do tamanho, da natureza jurídica ou da estrutura de controle. Nas pequenas empresas, por exemplo, a prestação de contas, mesmo que não aconteça com a mesma formalidade que ocorre nas grandes empresas, é um instrumento que cria incentivos para que os gestores atuem de maneira responsável e diligente, beneficiando os proprietários e visando a continuidade e a perenidade da empresa. Um exemplo da importância e do propósito de prestar contas ocorre na avaliação do cumprimento das metas de uma determinada organização. É somente por meio da avaliação de desempenho de cada agente de governança e de sua respectiva prestação de contas que os sócios e demais partes interessadas podem avaliar se a organização está de fato atuando no sentido de atingir as metas estabelecidas. Legislação que regulamenta a prestação de contas no setor público Você sabia que a Constituição Federal (CF), em seus art. 70-75, determina as diretrizes gerais do processo de fiscalização contábil, financeira e orçamen- tária na administração pública direta e indireta? De acordo com o art. 70, esse processo de fiscalização é exercido pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. A pres- tação de contas será conduzida observando-se os princípios da legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas (BRASIL, 1988). A legislação que regulamenta o processo de prestação de contas no setor público está exposta no decreto-lei Nº 200/67, posteriormente reproduzido pelo decreto-lei nº 93.872/86 (BRASIL, 1986). Essa legislação impõe que o utilizador de recursos públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autorida- des administrativas competentes (art. 145). A prestação de contas ocorrerá em frequência anual, e o órgão de controle interno manterá um sistema de acompanhamento contínuo da execução de projetos e atividades pelos órgãos 255Prestação de contas e entidades da Administração Federal, direta e indireta, sob sua jurisdição, de forma a lhe permitir, a qualquer tempo, pronunciar-se sobre a eficiência e a eficácia da gestão. As tomadas de contas e prestação de contas serão encaminhadas ao Tribunal de Contas da União (TCU) no exercício financeiro imediatamente seguinte àquele a que se referirem. Você sabia que o entendimento do Supremo Tribunal Federal (Mandado de Segurança nº 21.644/DF) é de que o dever de prestar contas é da pessoa física responsável por bens e valores públicos, e não da entidade? Além disso, tal obrigação independe do fato de a pessoa física ser agente público ou não. Cabe salientar que o controle externo, a cargo do Congresso Nacional, é exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU). Este importante órgão de fiscalização, integrado por nove Ministros e com sede no Distrito Federal, analisa e julga as contas dos administradores de recursos públicos federais. O dinheiro pode estar sob a responsabilidade de servidores, gestores ou de qualquer outra pessoa física ou jurídica. O TCU é tribunal e julga, mas não faz parte do Judiciário; está ligado ao Legislativo, mas sem subordinação. Resumidamente, compete ao TCU: apreciar as contas anuais do Presidente da República e de responsáveis por bens e valores públicos na esfera federal; apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal; e realizar inspeções e auditorias nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem uma série de outras atribuições legais determinadas na Constituição Federal. Para aprender mais, leia integralmente o art. 71 da Carta Magna (BRASIL, 1988). https://goo.gl/HwJ1Q Prestação de contas256 O Relatório de Gestão Nas unidades da administração pública, o instrumento de prestação de contas para a sociedade, exigido e analisado por órgãos de controle internos e externos, é o Relatório de Gestão. O Tribunal de Contas da União, por meio da Instrução Normativa – TCU Nº 63, de 1º de Setembro de 2010, em seu art. 1º, parágrafo único, item II (BRASIL, 2010), definiu que o Relatório de Gestão considera “documentos, informações e demonstrativos de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial, organizados para permitir a visão sistêmica do desempenho e da conformidade da gestão dos responsáveis por uma ou mais unidades jurisdicionadas durante um exercício financeiro”. O Relatório de Gestão é elaborado de acordo com cada exercício financeiro. Nele, são feitas demonstrações aos órgãos de controle interno e externo a título de prestação de contas, as quais são ordinárias e em frequência anual. Na administração pública federal, alguns desses relatórios de gestão, selecio- nados segundo critérios de risco, materialidade e relevância, são apreciados pelo TCU, sob a forma de tomadas e prestações de contas. Estas tomadas e prestações de contas são analisadas sob os aspectos de legalidade, legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia, e a partir desses aspectos as contas são julgadas regulares, regulares com ressalvas, irregulares ou iliquidáveis: � Regulares: as contas são julgadas como regulares quando expressam, de forma clara e objetiva, a exatidão dos demonstrativos contábeis, além de observarem os princípios da legalidade, legitimidade e economicidade dos atos de gestão do gestor responsável. � Regulares com ressalvas: as ressalvas decorrem da existência de impropriedades ou falhas de natureza formal de que não resultem danos ao erário. � Irregulares: as contas são julgadas irregulares quando se observa omissão no dever de prestá-las, ou então ato de gestão ilegal, ilegítimo ou antieconômico. Ainda, são razões que ensejam o julgamento de contas como irregulares a infração à norma legal de contabilidade, além do desvio de dinheiro, bens ou valores públicos. � Iliquidáveis: quando caso fortuito ou motivo de força maior tornam materialmente impossível o julgamento do mérito. 257Prestação de contas Vale lembrar que os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem obedecer às mesmas normas estabelecidas à União no que tange à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios. Há a ressalva, no entanto, de que as Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete conselheiros. Quando examina as contas anuais de um órgão, o TCU analisa, de forma geral, a transferência de recurso por meio de convênio ou instrumento semelhante. Se houver algum indício de irregularidade, o TCU pode abrir processo para apuração específica, por iniciativa própria ou por meio de denúncia, representação, solicitação do Con- gresso Nacional ou indicação do controle interno (Art. 254, Regimento Interno do TCU) (BRASIL, 2015). Requisitos necessários para a prestação de contas O ato de prestar contas no setor público é obrigatório para determinados agentes públicos. As contas desses administradores e responsáveis devem ser submetidas anualmente à tomada ou prestação de contas, organizadas de acordo com as regras estabelecidas em Instrução Normativa do próprio TCU. De acordo com o Regimento Interno do TCU, tem o dever de prestar contas: � qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária; � os dirigentes de empresas públicas e sociedade de economia mista constituídas com recursos da União; � os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob inter- venção ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou permanentemente, o patrimônio daUnião ou de outra entidade federal; Prestação de contas258 � os responsáveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; � os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado que recebam contribuições parafiscais e prestem serviço de interesse público ou social; � todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à sua fiscalização por expressa disposição em lei. Esses agentes, ao prestar contas, devem seguir alguns requisitos, consi- derados exigências mínimas. Repare que o processo de prestação de contas exige a seguinte documentação, ou seja, é composto das seguintes peças (BRASIL, 2004): a) rol de responsáveis, observado o disposto no capítulo III do título II desta instrução normativa; b) relatório de gestão, emitido pelos responsáveis; c) demonstrativos contábeis, exigidos pela legislação aplicável e necessá- rios à gestão orçamentária, financeira e patrimonial; d) declaração expressa da respectiva unidade de pessoal de que os res- ponsáveis a que se refere o inciso I estão em dia com a exigência de apresentação da declaração de bens e rendas de que trata a Lei nº 8.730, de 10 de novembro de 1993; e) relatórios e pareceres de órgãos e entidades que devam se pronunciar sobre as contas ou sobre a gestão da unidade jurisdicionada, consoante previsto em lei ou em seus atos constitutivos; f) relatório de auditoria de gestão, emitido pelo órgão de controle interno competente; g) certificado de auditoria, emitido pelo órgão de controle interno competente; h) parecer conclusivo do dirigente do órgão de controle interno compe- tente; e i) pronunciamento expresso do Ministro de Estado supervisor da unidade jurisdicionada ou da autoridade de nível hierárquico equivalente sobre as contas e o parecer do dirigente do órgão de controle interno competente atestando haver tomado conhecimento das conclusões nele contidas. 259Prestação de contas A documentação que faz parte da composição da prestação de contas é apresentada seguindo exigências estabelecidas em conformidade com a na- tureza jurídica da entidade do setor público. Ela também segue a modalidade do instrumento de descentralização escolhido – podendo ser convênio, ajuste ou acordo – ou a forma de concessão dos recursos – contribuição, auxílio ou suprimento de fundos. Tomada e prestação de contas são coisas diferentes: � Prestação de contas: quando uma unidade jurisdicionada está obrigada a apresentar as contas, o faz espontaneamente, no prazo estabelecido. Neste caso, será autuado pelo TCU o processo de prestação de contas ordinárias. � Tomada de contas: quando um órgão de controle (interno ou externo) toma as contas da UJ que estando obrigada a prestar contas, não o faz no prazo estabele- cido. Neste caso, será autuado pelo TCU processo de tomada de contas ordinárias. Chama-se requisito a condição necessária para que um determinado ob- jetivo seja satisfeito. Com base nisso, é importante destacar que, para uma prestação de contas satisfatória, alguns requisitos devem ser observados, seja em organizações públicas, seja em organizações privadas. O IBGC (INSTI- TUTO.., 2016) salienta que o ato de prestar contas deve ocorrer de maneira concisa, clara, compreensível e dentro de um prazo razoável. Esses aspectos são importantes porque vão determinar a eficácia das ações de prestação de contas, sejam elas oriundas de relatórios informados ao mercado ou de avaliações internas das empresas (como a análise de desempenho e resultados da diretoria executiva, por exemplo). Outro requisito para a prestação de contas é que as informações econômico- -financeiras prestadas estejam em conformidade com os princípios contábeis vigentes, garantindo que as informações contidas nos relatórios reflitam a realidade financeira e contábil da entidade. Práticas corporativas como a contabilidade criativa – a manipulação da realidade patrimonial da entidade – afrontam o princípio da prestação de contas em um ambiente de governança corporativa eficiente. Prestação de contas260 Finalmente, um terceiro requisito para a prestação de contas eficaz é que ela não observe apenas os princípios contábeis ou as regulações vigentes, mas que esteja alinhada também às melhores práticas de governança – práticas que vão além das exigências dos órgãos reguladores ou fiscalizadores, e que criam valor para os proprietários a partir de um melhor alinhamento de interesses. Com base nessas orientações, a prestação de contas pode ser um instrumento eficaz no sistema de governança corporativa de organizações públicas e privadas. Se a prestação de contas não observar os requisitos básicos para sua eficácia, ela será pouco ou nada informativa para as partes interessadas. Por isso, é importante que os atos de prestação de contas de organizações públicas e privadas obedeçam a alguns critérios, como a tempestividade, a clareza e a compreensibilidade. 1. Observe as questões apresentadas e escolha a correta com relação à responsabilidade da tomada e prestação de contas. a) Conforme exposto na legislação, é permitido observar que todo o gasto público obrigatoriamente deverá ter uma base e também o certificado de veracidade. b) A prestação de contas se refere a um processo próprio da contabilidade aplicada nas empresas privadas. c) O TCU orienta que os Conselhos de Contabilidade devem adotar critérios para a constituição da prestação de contas do exercício, conforme estrutura determinada pelo próprio TCU, em concordância com as Instruções Normativas e com as Decisões Normativas determinadas pelo CFC. d) A legislação que regula a prestação de contas pode ser verificada no Decreto-lei nº 299/67, art. 93, que foi reformulado pelo Decreto-lei nº 93.872/86. e) O art. 50 do Decreto-lei nº 93.872/86 trata sobre o processo facultativo das auditorias do órgão setorial de controle interno. 2. Através de Instruções Normativas, o TCU determina quem serão 261Prestação de contas os responsáveis pela tomada e prestação de contas. Analisando quem são os responsáveis nesse processo, verifique as opções apresentadas e indique a correta. a) São considerados os dirigentes da unidade contábil ou que têm responsabilidade na gestão dos programas contábeis definidos no Plano Plurianual. b) É considerado responsável também o organizador do TCU. c) O dirigente com poder mediano da unidade jurisdicionada de uma unidade administrativa que foi unificada às contas de uma entidade dirigente, considerando também o profissional contábil, como nas entidades privadas. d) Aquele que tem controle de operações de crédito, avais, garantias e direitos da União também é definido como responsável. e) Consideramos também o contador, que monitora a gestão financeira e orçamentária, da arrecadação das receitas, do almoxarifado e dos materiais de estoque ou dos depósitos relativos a mercadorias e bens retidos. 3. Com relação aos critérios utilizados para a prestação de contas, analise e aponte a alternativa correta. a) As regras que orientam sobre o envio da documentação estão dispostas na Instrução Normativa nº 67/04 do TCU. b) Define-se dentro dos processos as contas nacionais das entidades supranacionais, em que a União tenha participação do capital social, de forma direta ou indireta, cumprindo o acordo constitutivo. c) As empresas públicas deverão efetuar a prestação de contas a órgãos e entidades repassadoras de auxílio, incentivos, privilégios e outros critérios de transferência de valores. d) Quanto ao processo de contas agregado, é possível verificar que a gestão de unidades administrativas é parte integrante da estrutura relacionada à unidade jurisdicionada. e) O processo de contas consolidado se refere a contas ordinárias, é organizado com o intuito de impedir a análise sistêmica relativa à gestãodas unidades jurisdicionais subordinadas a uma unidade centralizada. 4. Ainda dentro do procedimento de elaboração da prestação de contas, assinale a opção correta. a) A relevância representa um dos procedimentos necessários à prestação de contas. Nela é abordada a importância social ou econômica relativa a uma fração jurisdicionada referente à Administração Pública federal ou para a sociedade. b) A materialidade representa de forma exclusiva a demonstração do valor patrimonial. c) Referente às avaliações executadas pela Câmara de Controle Interno dos Conselhos Federais de Contabilidade, a conformidade representa um dos critérios definidos, que desconsidera o modelo regulamentário e operacional. d) O risco representa a Prestação de contas262 vulnerabilidade de eventos que já são esperados, como as falhas e ilegalidades. e) Já existem métodos definidos para a realização de controle referente às contas nacionais das entidades supranacionais, sem ocorrer exceções. 5. Sobre a documentação que envolve a prestação de contas, assinale a alternativa correta. a) O relatório referente às compras realizadas pelo almoxarifado deve ser observado dentro do processo de prestação de contas, conforme a documentação. b) Na documentação são compreendidos os laudos ou pareceres exclusivos de órgãos externos à entidade. c) O parecer relativo à unidade de auditoria interna efetuada nas unidades deve ser considerado parte da documentação de prestação de contas. d) O parecer com as conclusões do dirigente ligado à unidade de controle externo. e) Os documentos que compõem a prestação de contas são demonstrados seguindo exigências definidas em conformidade com a natureza física da entidade do setor privado. ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF, 1988. Dis- ponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 29 set. 2017. BRASIL. Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986. Brasília, DF, 1986. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d93872.htm>. Acesso em: 15 ago. 2017. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Instrução Normativa TCU nº 47, de 2004. Brasília, DF, 2004. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/sobre/legislacao/arquivos/instrucoes- -normativas/in_tcu_47_2004.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2017. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Instrução Normativa TCU Nº 63, de 1º de setembro de 2010. Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/sobre/legislacao/ arquivos/instrucoes-normativas/in-tcu-63-2010.pdf>. Acesso em: 11 out. 2017. BRASIL. Tribunal de Contas da União. Regimento Interno. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24D 7BC0B4014D7E1FB1A622B4>. Acesso em: 19 ago. 2017. 263Prestação de contas CARREIRO, R. Prestação de contas. São Luís: TCU-Diálogo Público, 2014. Disponível em: <http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24E990B 11014EB5F1B5284CCE>. Acesso em: 20 ago. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Boas práticas de governança corporativa para sociedades de economia mista. São Paulo: IBGC, 2015. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/userfiles/files/2014/files/Arquivos_Site/Caderno14.PDF>. Acesso em: 11 out. 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa. 5. ed. São Paulo: IBCG, 2016. Disponível em: <http://www. ibgc.org.br/userfiles/files/2014/files/CMPGPT.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2016. ROSSETI, J. P.; ANDRADE, A. Governança corporativa: fundamentos, desenvolvimento e tendências. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. Leitura recomendada SILVEIRA, A. D. M. Governança corporativa no Brasil e no mundo: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Prestação de contas264
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