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1. CONTRATO DE EMPREITADA 1.1. CONCEITO O contrato de empreitada está previsto nos arts. 610 a 626 do Código Civil brasileiro de 2002. Trata-se da antiga locação de obra (locatio conductio operis ou locatio operis), que tem por finalidade a execução de determinado trabalho ou uma obra certa. O contrato de empreitada sempre foi visto como uma forma especial ou espécie de prestação de serviço. É um negócio jurídico, por meio do qual uma das partes – empreiteiro – obriga-se a fazer ou a mandar fazer, sem subordinação ou dependência, determinada obra certa, mediante uma remuneração determinada ou proporcional ao trabalho executado, a favor de outrem – dono de obra. O objeto da relação contratual, é a obra a ser executada, para que haja a retribuição correspondente, valor este conhecido simplesmente como “preço” da empreitada. 1.2. MODALIDADES DO CONTRATO DE EMPREITADA Existem três modalidade de empreitada retiradas do art. 610 do CC: a) Empreitada sob administração: é aquela em que o empreiteiro apenas administra as pessoas contratadas pelo dono da obra, que também fornece os materiais. b) Empreitada de mão de obra ou de lavor: é aquela em que o empreiteiro fornece a mão de obra, contratando as pessoas que irão executar a obra, sendo os materiais fornecidos pelo dono da obra. c) Empreitada mista ou de lavor e materiais: é aquela em que o empreiteiro fornece tanto a mão de obra quanto os materiais, executa a obra inteira. O empreiteiro assume obrigação de resultado perante o dono da obra. Conforme § 1.º do art. 610 do CC, a obrigação de fornecer materiais não pode ser presumida, resultando da lei ou da vontade das partes. 1.3. NATUREZA JURÍDICA O contrato de empreitada, forma contratual típica e nominada, é um negócio jurídico bilateral, direitos e obrigações para ambas as partes. Considera-se comutativo e oneroso, levando em consideração o conteúdo patrimonial e a proporcionalidade das prestações. Quanto à forma, é um contrato não solene, que prescinde de forma específica, e consensual, pois se conclui com a simples declaração de vontade. Quanto ao tempo, é celebrado como um contrato de duração, também chamado de contratos de trato sucessivo, execução continuada ou débito permanente, com limitação temporal determinada. Por fim, trata-se de um contrato principal e definitivo, uma vez que não depende de qualquer outra avença, bem como não é preparatório de nenhum outro negócio jurídico. 1.4. DIREITOS E DEVERES DO EMPREITEIRO E DO COMITENTE a) Remuneração: o pagamento da empreitada, denominado “preço”, é feito pelo resultado do serviço. Portanto, o empreiteiro se obriga a dar a obra pronta por um preço certo ou proporcional ao serviço, sem atenção, a priori, ao tempo nela empregado, somente sendo devida a remuneração se a obra for realmente executada. b) Aceitação: tendo sido a obra realizada, na forma estabelecida, não há direito de recusa do seu dono a recebê-la, havendo assim direito subjetivo do empreiteiro de obter a aceitação. Contudo, não ocorre na hipótese de inobservância das regras estabelecidas para a construção, pois isso caracteriza, o inadimplemento contratual. c) Pagamento de materiais recebidos e inutilizados: sobre a responsabilidade pelos riscos da inutilização do material, na empreitada de materiais, este risco é próprio do empreiteiro, que os fornece, salvo se a perda do material decorrer de conduta imputável, única e exclusivamente, ao dono da obra, o que é aplicação das mais básicas regras de responsabilidade civil. d) Inalterabilidade relativa do projeto: estabelecido o projeto da obra, a lógica, é que tal projeto seja realizado como se contém, todavia, é comum a inserção de pequenas modificações do projeto original. O dono da obra possui o direito subjetivo de fazer alterações no projeto a ser implantado. 1.5. PRAZO DE GARANTIA Em relação ao prazo de garantia, estabelece o caput do art. 618 do Código Civil: “Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo”. É importante destacar que a natureza deste prazo de 5 (cinco) ano não se trata nem de prazo prescricional, nem decadencial, se refere a uma garantia legal, imposta ao empreiteiro, como um ônus decorrente da atividade exercida. 1.6. DURAÇÃO O contrato de empreitada é um típico negócio de duração, em que a atividade contratada não se esgota em um único ato, caracterizando-se como um pacto de trato sucessivo na sua prestação. Contudo, mesmo iniciada a obra, qualquer das partes pode, em determinadas hipóteses, suspender a sua execução, o que faz nascer o direito subjetivo da parte contrária de ser indenizada pelos danos causados. Previsto nos arts. 623 e 624 do CC/2002. A suspensão da obra está autorizada no art. 625 do CC, nas seguintes hipóteses: a) Por culpa do dono, ou por motivo de força maior. b) Quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado. c) Se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo de preço. 1.7. EXTINÇÃO A forma ordinária de extinção do contrato de empreitada se dá pela consumação da sua finalidade, ou seja, mediante sua execução. É admitindo expressamente a resilição unilateral, tanto por parte do dono da obra quanto do empreiteiro, na forma dos arts. 623 e 624 do Código CF, art. 623. Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desde que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra. CF, art. 624. Suspensa a execução da empreitada sem justa causa, responde o empreiteiro por perdas e danos. CF, art. 625. Poderá o empreiteiro suspender a obra: I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior; II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços; III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo de preço. Civil, e as situações previstas no art. 625 poderão resultar na extinção do contrato, a depender das circunstâncias do caso concreto. CF, art. 626. Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro.
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