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DIREITO CIVIL- LINDB

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DIREITO CIVIL – AULA 01
1. DECRETO-LEI N. 4.657/1942 – LINDB – 
AULA 01.
A LINDB trata de regras introdutórias. Até 2018, a Lei possuía 19 artigos. Porém, agora são 30 artigos, que foram introduzidos por meio da Lei n. 13.655/2018.
· A LINDB tem status de Lei Ordinária.
De 1942 até 2010, a LINDB era denominada como sendo de Introdução ao Código Civil (LICC). Porém, ela nunca foi aplicada exclusivamente ao Código Civil, pois aplica-se a todo ordenamento jurídico. Por isso, houve alteração no nome. 
 Os artigos que foram introduzidos em 2018 (art. 20 a 30) não se aplicam a todos os ramos do direito, apenas ao Direito Público, principalmente no campo do Direito administrativo. 
ATENÇÃO: A mudança do nome da LICC para LINDB - foi firmando na Lei n. 12.376/2010 promoveu apenas uma adequação formal na alteração do nome, sem mudar o conteúdo. Ou seja, só alterou o nome, não mudou o conteúdo. 
A LINDB- tem origem no Direito Francês, especificamente no Código Napoleônico de 1804. 
· CURIOSIDADE: Em 1858, no projeto Teixeira de Freitas, que trazia a consolidação das leis civis, já havia uma ideia de lei introdutória, bem como no Código Civil de Coelho Rodrigues de 1890 e no projeto de Beviláqua em 1916. 
Basicamente, os arts. 1º ao 19º são entendidos como sendo a Lei das leis; uma norma de sobredireito; lex legum. Ou seja, uma lei que se aplica a outras leis. A LINDB trata de regras como, por exemplo, quando que uma lei passa a entrar em vigor, como acontece a revogação, integração e interpretação de uma lei, regras de Direito Internacional. É uma lei que trabalha as regras de outras leis.
· Ou seja, a LINDB é um conjunto de regras e princípios que regulam aspectos referentes a outras leis (vigência, aplicação, interpretação, transitória). É de caráter universal (porque se aplica a todos os ramos do direito)
· É comum cair em prova o termo "norma de sobredireito" para definir a LINDB, o que nada mais é do que uma norma de caráter universal, norma sobre norma ou lex legum.
OBS: Como a LINDB é uma Lei das leis, é preciso estudar a parte do processo legislativo, do art. 59 da Constituição Federal, juntamente com a Lei Complementar n. 95/1998. 
ATENÇÃO: A LINDB aplica-se a todos os ramos do direito, no que couber. Exemplo de exceção: analogia no Direito Penal, que tem aplicabilidade específica (in bonan partem). No Direito Tributário, a analogia é critério de hermenêutica e não pode ser aplicada fora do que está previsto no art. 108 do CTN.
	 
Temas da LINDB 
Vigência das leis (temporal); 
Vigência no aspecto espacial (local); 
Interpretação das leis; 
Integração das leis (lacunas); 
Fontes; 
Direito Internacional; 
Segurança Pública (art. 20 a 30). 
AULA 02.
1. VIGÊNCIA
 “As leis também têm um ciclo vital: nascem, aplicam-se e permanecem em vigor até serem revogadas. Esses momentos correspondem à determinação do início de sua vigência, à continuidade de sua vigência e à cessação de sua vigência”. 
· Ou seja, As leis nascem por meio de um Processo Legislativo (PL) e morrem por meio da revogação. No Brasil, a retirada de uma lei do ordenamento jurídico positivado acontece por meio da revogação. 
· Falou em vigência, lembra dos princípios: obrigatoriedade e continuidade. Uma questão recorrente de prova é afirmar que o princípio da obrigatoriedade é absoluto, mas há exceções. O Código Civil, por exemplo, trabalha a excepcionalidade do erro de direito, que são situações específicas em que se pode alegar o desconhecimento de determinada norma legal. 
As leis são regidas, basicamente, por dois princípios fundamentais: 
a) Princípio da Obrigatoriedade das Leis (Não é absoluto): uma vez em vigor, a lei torna-se obrigatória para todos os seus destinatários (art. 3º). Tal dispositivo visa garantir a estabilidade e a eficácia do sistema jurídico que ficaria comprometido se fosse admitida a alegação de ignorância de lei em vigor. O erro de direito (que seria a alegação de desconhecimento da lei) só pode ser invocado em raríssimas ocasiões e quando não houver o objetivo de furtar-se o agente ao cumprimento da lei. 
· Para a LINDB, o desconhecimento da lei não pode ser alegado. Na análise do direito civil, admite-se o “error” em situações especialíssimas (art. 139, III).
· Se não houvesse o princípio de obrigatoriedade, haveria insegurança jurídica, pois a pessoa não será respaldada sob a alegação de que não tinha conhecimento da lei. 
b) Princípio da Continuidade das Leis: a partir de sua vigência, a lei tem eficácia contínua, até que outra a revogue (embora possam existir “leis temporárias” – art. 2º da LINDB). O desuso ou o decurso de tempo, não fazem com que a lei perca sua eficácia. Continuidade significa que a lei tem aplicação contínua até que outro princípio a revogue.
· Exemplo: enquanto não houver um novo Código Civil, o de 2002 está em vigência. Outro exemplo: até pouco tempo, o adultério era considerado crime, pois é a violação dos deveres conjugais. Além de ser um ato ilícito civil, era criminal. Porém, não foi revogado devido a quantidade de pessoas que cometiam o adultério, mas porque uma outra lei revogou a classificação criminal. Ou seja, no Brasil, não se aplica o desuetudo= que é o costume negativo revogando uma norma. 
- (CESPE) A proibição de desconhecimento da lei imposta é absoluta. Não é absoluta.
- CESPE) Consoante a LINDB, há uma presunção absoluta de que todos conhecem as leis brasileiras. Não é absoluta.
	
A lei nasce pelo procedimento legislativo que, em regra, consiste em: 
1. Iniciativa 
2. Deliberação parlamentar 
3. Deliberação executiva 
4. Promulgação 
 5. Publicação
ATENÇÃO: Vigência é o momento em que a lei tem obrigatoriedade e continuidade. 
Na fase de deliberação executiva, é possível vetar dispositivos específicos, não a lei inteira. A lei só existe após a promulgação, com a assinatura e sanção do presidente. Porém, precisa de um tempo para que seja conhecida, o que acontece com a publicação.
· A lei, em regra, passa a existir 45 dias depois de oficialmente publicada. Esse período é conhecido como vacatio legis.
- CESPE: O período de vacacio legis é de 45 dias após a promulgação. (ERRADO). É Após a publicação.
- QUESTAO: lei nova passa a existir a partir da publicação, tendo-se o período de vacacio legis para a produção de efeitos. Resposta: A lei passa a existir com a promulgação. A publicação é para ela produzir efeitos.
ATENÇÃO: Quando se fala em via de regra, significa que o prazo de vacatio legis pode ser maior ou menor que 45 dias, segundo a complexidade, conforme o CPC/2015, que levou um ano para entrar em vigência, e o CC/2002.
AULA 03.
RELEMBRANDO: A partir da vigência da lei, ela passa a ter obrigatoriedade, não podendo ser alegado o seu desconhecimento. Conforme o princípio da continuidade, salvo a questão das leis temporárias, quando a lei nova entra no ordenamento jurídico, não é sabido até que momento ela ficará. Exemplo: Código Civil de 1916, que só foi revogado quando o Código Civil de 2002 entrou em vigor. Além desses princípios, tratamos a respeito do processo legislativo (iniciativa, deliberação parlamentar, deliberação executiva, promulgação e publicação). Vale destacar que a promulgação é condição de existência e a publicação diz respeito à produção dos efeitos. 
· No Direito Constitucional, ao estudar a parte de processo legislativo, algumas dessas fases não existiram em determinados atos normativos. 
· A vacatio legis é o momento em que a lei tem vigência (tem vida). É nesse momento que se tem a obrigatoriedade e a continuidade. Cabe mencionar que a LINDB traz regras sobre outras leis. Ela é a lei das leis. 
· Em seu art. 1º, a LINDB trata da regra da vigência. Entretanto, para que as pessoas não possam alegar o desconhecimento da norma, deve-se ter um prazo para que a norma seja efetivamente conhecida. Em regra, de acordo com a LINDB, esse prazo será de 45 dias. Todavia, existe a possibilidade de esse prazo ser superior ou inferior a 45 dias. Ainda, pode ser que nem haja prazo. O própriolegislador trará na lei nova, se houver, o prazo de vacatio legis. Obs.: em caso de lei brasileira que traga regras para questões estrangeiras, o prazo é de 3 meses.
OBS: É importante relembrar que o prazo de vacatio legis, em anos, é contado como um ano “cheio”. Além disso, a contagem é contínua e o dia da publicação e a data final são incluídas. Ainda, a lei passa a ter vigência no dia imediatamente seguinte (e não no dia útil seguinte), não importando se é final de semana ou feriado.
Exemplo:
Código Civil de 2002 
Art. 2.043. Até que por outra forma se disciplinem, continuam em vigor as disposições de natureza processual, administrativa ou penal, constantes de leis cujos preceitos de natureza civil hajam sido incorporados a este Código. 
Art. 2.044. Este Código entrará em vigor 1 (um) ano após a sua publicação. 
Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071/1916 – Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei n. 556/1850. 
Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legislativos, aos Códigos referidos no artigo antecedente, consideram-se feitas às disposições correspondentes deste Código. 
Brasília, 10/01/2002; 181º da Independência e 114º o da República. 
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO 
Aloysio Nunes Ferreira Filho 
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 11/01/2002.
- VIGÊNCIA X VIGOR 
Embora o legislador use a expressão “vigor”, “vigência” não é a mesma coisa que “vigor”. De acordo com a LINDB: Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
Trata-se de uma terminologia equivocada, sendo utilizada como sinônimo de vigência. 
· Possível que os conceitos de vigência e vigor sejam cobrados de duas formas: representando a mesma coisa (sinônimos) ou coisas diferentes. Deve-se ter atenção ao comando da questão. O CESPE é uma banca que cobra muito esses conceitos. Dependendo, se a questão de prova cobrar a literalidade da lei, pode-se aceitar “vigor” como sinônimo de “vigência”, pode marcar correto.
Vigência: deriva da expressão latina vigentia (estar em voga, vigorar), que significa a qualidade de vigente, o tempo durante o qual uma coisa vige ou vigora. É a qualidade da norma no que diz respeito ao seu tempo de validade. É o período de vida da lei, que vai do momento em que ela entra em vigor (passa a ter força vinculante; início da obrigatoriedade) até o momento em que é revogada, ou em que se esgota o prazo prescrito para sua duração (lei temporária). 
Validade: qualidade da norma por terem sido obedecidas as condições formais e materiais de sua produção (devido processo legislativo) e consequente integração no sistema jurídico da sociedade. Há que se falar também em validade constitucional. Se determinada matéria poderia ser objeto de lei, é porque ela tem validade. Se ela não tem validade, é porque houve violação de regras constitucionais. Para que a lei chegue a ter vigência, é preciso que ocorra o processo legislativo. Nesse caso, a lei será válida. 
Eficácia: possibilidade de produção de efeitos concretos, seja porque foram cumpridas as condições exigidas para tal (eficácia jurídica ou técnica), seja porque estão presentes as condições fáticas exigíveis para sua observância, espontânea ou imposta, ou para a satisfação dos objetivos visados (eficácia social ou efetividade). 
· Todas as normas em vigência possuem eficácia? Pode ser que uma lei tenha validade e vigência, pois já está em vigor, mas não esteja apta a produzir efeitos concretos, porque pode ser que dependa ainda de um ato a ser praticado.
Em 1916, começou a vigência do Código Civil, que permaneceu assim até janeiro de 2003. A partir de 2003, começou a vigência do Código Civil de 2002, o qual ainda permanece em vigor. Em 2002, o novo Código foi promulgado, mantendo-se em vacatio legis por um ano. 
· No período de vacatio legis, qual lei é aplicada? É a lei revogada, pois a lei em vacatio legis ainda não possui vigência. 
· Qual é a lei que está em vigência atualmente? O Código Civil de 2002. Portanto, o Código Civil de 1916 é a lei revogada (que não possui mais vigência). 
· É possível que uma lei revogada produza efeitos prospectivos? Sim, pois vigência é diferente de vigor. É possível haver uma lei que não está mais vigente, mas que ainda esteja em vigor em alguns aspectos. 
· É possível que, em 2005, o Código Civil de 1916 seja aplicado? Sim! É possível que uma lei que não tenha mais vigência continue tendo vigor. Esse fenômeno chama-se ultra-atividade da norma ou pós-atividade da norma. Assim, o Código Civil de 1916 pode ser aplicado hoje, pois continua regendo situações consolidadas sob sua égide. Exemplo: algumas pessoas casaram sob os regimes de bens do Código de 1916. Esses regimes de bens ainda são regulados hoje. Um outro exemplo é a enfiteuse, que não existe mais no Código Civil atual. Entretanto, como as enfiteuses do Código de 1916 eram perpétuas, ainda hoje é possível que ele seja aplicado. Portanto, é possível que uma lei não tenha mais vigência por ter sido revogada, mas continue tendo vigor (ultra-atividade da norma ou pós-atividade da norma). Esse é mais um argumento para provar que vigência e vigor são conceitos distintos.
1.REGRAS DA LINDB : 
Art. 1º Salvo disposição em contrário, uma lei começa a vigorar, em todo o país, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 
Este dispositivo prevê um intervalo de tempo entre a publicação da lei e a data de início de sua vigência (VACATIO LEGIS.). Não é regra absoluta, pois quase todas as leis contêm em seu texto disposição prescrevendo sua entrada em vigor na data da respectiva publicação. Enquanto não transcorrido esse período, a lei nova, mesmo que já publicada, ainda não tem força obrigatória ou vinculante.
· Esse é um critério de vigência simultânea/sincronizada ou de prazo único, uma vez que a lei entra em vigor na mesma data, em todo o país, sendo simultânea a sua obrigatoriedade (sistema da obrigatoriedade simultânea). Mas, isso não quer dizer que não seja possível uma vigência progressiva, que era a regra da LINDB anterior. Assim, ainda há leis que possuem vigência progressiva.
(MPE-MS) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente promulgada. Errado depois de oficialmente PUBLICADA. 
(CESPE) O direito pátrio tem como regra a aplicação da lei nova aos casos futuros, continuando a norma
revogada a reger os casos pendentes. Errado A lei nova possui aplicabilidade imediata e geral aos
casos pendentes e futuros.
(CESPE) Não havendo disposição em contrário, o início da vigência de uma lei coincidirá com a data 
da sua publicação. Errado O prazo de vigência é, em regra, de 45 dias.
AULA 04
1. REGRAS DA LINDB
1) Prazo de quarenta e cinco dias não se aplica aos atos normativos administrativos (decretos, resoluções, portarias, instruções normativas, regimentos, regulamentos etc.) cuja obrigatoriedade determina-se pela publicação oficial. Esse prazo é aplicável aos atos normativos primários (atos que decorrem do processo legislativo da Constituição Federal). 
Atos administrativos, que decorrem do poder normativo, passam a ter vigência imediatamente na publicação. Tornam-se, assim, obrigatórios desde a data de sua publicação, salvo se dispuserem em contrário, não alterando a data da vigência da lei a que se referem. A falta de norma regulamentadora é hoje suprida pelo mandado de injunção. Isso decorre da previsão do art. 5º do Decreto n. 572/1890. 
Art. 5º Os decretos sobre interesse individual ou local, as instruções e avisos para a boa execução das leis e quaisquer atos de privativa atribuição do poder executivo, são exequíveis desde que deles tiverem conhecimento os interessados e as autoridades competentes por meio do Diário Oficial, ou forma autêntica.
· Não é necessário preocupar-se com o fato de esse decreto estar revogado ou não. 
Observa Tércio Sampaio Ferraz que “o texto relaciona claramente vigência ao aspecto temporal da norma,a qual, no período (de vigência) tem vigor. Ora, o vigor de uma norma tem a ver com sua imperatividade, com sua força vinculante. Tanto que, embora a citada regra da Lei de Introdução determine o vigor da norma até sua revogação, existem importantes efeitos de uma norma revogada (e que, portanto, perdeu a vigência ou tempo de validade) que nos autorizam dizer que vigor e vigência designam qualidades distintas”. 
· Vigência diz respeito ao momento que a lei tem aplicabilidade, obrigatoriedade e continuidade; quando uma lei não tem mais vigência, ela está revogada. Quando uma lei está em vigência, ela tem vigor. Entretanto, é possível que uma lei revogada continue tendo vigor, mesmo não tendo vigência, pois vigência e vigor são coisas diferentes. O vigor é a força normativa, que não necessariamente depende da vigência (ultra-atividade da norma ou pós-atividade da norma).
2. LEI BRASILEIRA ADMITIDA NO ESTRANGEIRO
Art. 1º [...] § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. (VACATIO)
Isto é, se uma lei for editada no Brasil, mas para surtir efeitos no estrangeiro (em geral quando cuida de atribuição de ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional etc.) e esta lei for omissa quanto à data que entrará em vigor (a data de sua vigência efetiva), esta lei somente entrará em vigor 03 (três) meses após a sua publicação. 
3) ALTERAÇÃO DO TEXTO DA LEI:
· Art. 1º [...] § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
Uma lei pode ter sido publicada com algum erro substancial (possível divergência de aplicabilidade). O artigo º1 §3 da LINDB estabelece que “se antes de entrar em vigor ocorrer nova publicação desta lei, destinada a correção de seu texto, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”
- Conta prazo para toda lei ou só do dispositivo alterado? Não tem previsão na lei, mas a doutrina sugere que analise o dispositivo alterado, se ele for de baixa relevância, conta somente a vacatio para ele, caso contrario, recontar toda vacatio, para toda a lei. 
· ART. 1 §4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
As correções de texto de lei que já esta em vigor, consideram-se lei nova, pois o art.1º§4 da LIND estabelece essa regra. Assim, se sujeita, naturalmente, aos prazos normais das demais leis (novo processo legislativo, pois se trata de lei nova)
 (CESPE) Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor ocorrer tão somente para correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo da vacatio legis não sofrerá interrupção e deverá ser contado da data da primeira publicação. COMENTÁRIO : Errado. Se houver correção durante o período de vacatio legis, é preciso que haja a recontagem. Se a gente tiver correção no meio da caminho do período de vacatio, obvio que tem que ter a recontagem. 
(CESPE) Correções de texto de lei já em vigor não se consideram lei nova. COMENTÁRIO: Errado, par alterar a redação precisa ter uma lei nova para alterar. As alterações na redação de uma lei dependem de outra lei. 
(CESPE) As correções de texto, de qualquer natureza, ocorridas após a publicação da lei, não interferem no termo a quo de sua vigência, na medida em que não se consideram lei nova por não alterar seu conteúdo. COMENTARIO: Errado. 
4. COMO OCORRE A CONTAGEM DO PRAZO DE VACATIO LEGIS? 
Vacatio legis ocorre quando há promulgação → publicação. A partir daí, começa a contar o período de vacatio legis. Após esse prazo, a lei passa a ter vigência. 
· A promulgação confere existência à lei no ordenamento jurídico. 
· A publicação é condição de eficácia. 
· O prazo de vacatio legis é, em regra, de 45 dias. 
A Lei Complementar n. 95/1998 dispõe: 
Art. 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão. 
Embora a regra da LINDB seja de 45 dias, quando a própria lei trouxer um prazo, este será aplicado em detrimento daquele. 
O prazo de vacatio legis conta-se incluindo-se o dia do começo (ou seja, o dia da publicação da Lei) e também do último dia do prazo (que é o dia do seu vencimento). Assim, a lei entrará em vigor no dia subsequente a sua consumação integral (ainda que seja sábado, domingo ou feriado). [art. 8º, § 1º]. 
Art. 8º [...] § 2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial. 
5. ATÉ QUANDO A LEI TERÁ VIGÊNCIA? 
Não se destinando à vigência temporária, uma lei terá vigor até que outra a modifique ou a revogue. É o que dispõe o art. 2º, caput da LINDB. 
· Regra geral: a lei não tem um prazo certo para vigorar; ela permanece em vigor enquanto não for modificada ou revogada por outra. (Eficácia contínua – Princípio da continuidade) Exemplo: Código Civil de 1916 permaneceu em vigência até ser revogada pelo novo Código Civil.
· Lei temporária é a que nasce com termo prefixado de duração ou com um objetivo a ser cumprido. A Lei já nasce com um prazo para perder sua vigência. 
AULA 05
1. REVOGAÇÃO 
Uma lei sai do ordenamento jurídico quando é revogada. 
· Significado de Revogar: Revocatio, revocare – anular, invalidar, desfazer, desvigorar; significa tornar sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica; é a supressão da força obrigatória da lei, retirando sua a eficácia. Exemplo: Código Civil de 2002 revogou inteiramente o Código Civil de 1916. 
ATENÇÃO : No Brasil, somente lei revoga lei (critério legal). Além disso, não se admite costume negativo como forma de revogação. Portanto, uma lei não sai do ordenamento jurídico pelo fato de as pessoas não a observarem. É importante destacar que o adultério deixou de ser crime, pois uma lei assim dispôs. 
Quando ocorre a revogação? O art. 2º, § 1º, da LINDB dispõe que a lei posterior revoga a anterior em nos seguintes casos: 
1.quando expressamente assim o declare; 
2.quando seja com ela incompatível; 
3. quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
 Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
§ 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
Existem três situações de revogação que nos conduzem a duas espécies de revogação (expressa e tácita). Cabe destacar que, de acordo com a lei complementar, a regra de revogação é a expressa (a lei nova deve constar expressamente os itens revogados da lei anterior). Contudo, é muito comum verificar decisões judicias que mencionam que uma lei foi tacitamente revogada por outra.
2. ESPÉCIES DE REVOGAÇÃO 
Obs. Geralmente, as bancas de concursos públicos gostam de confundir o candidato chamando derrogação de revogação total e ab-rogação de revogação parcial. 
1. Total (ab-rogação) – quando a lei nova regula inteiramente a matéria da lei anterior, ou quando existe incompatibilidade (explícita ou implícita) entre as leis. A norma anterior perde sua eficácia na totalidade. Exemplos: Código Civil de 1916 e Código de Processo Civil de 1973. 
Lei n. 13.105 de 16/03/2015 – Código de Processo Civil:
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869/1973. (ab-rogação) § 1º As disposições da Lei n. 5.869/1973, relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste Código. (ultra-atividade da norma) 
2. Parcial (derrogação) – quando torna sem efeito apenas uma parte da leiou norma, permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram modificados. Exemplo: Lei n. 13.105 de 16/03/2015 – Código de Processo Civil: Art. 1.060. O inciso II do art. 14 da Lei n. 9.289/1996, passa a vigorar com a seguinte redação: [...] 
3. Expressa (ou por via direta) – quando a lei nova taxativamente declara revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende suprimir (art. 2º, § 1º, LINDB). 
· O art. 9º da Lei Complementar n. 95/1998, com a redação da Lei Complementar n. 107/2001, estabelece que “a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”. 
4. Tácita (indireta ou via oblíqua) – quando a lei posterior é incompatível com a anterior e não há disposição expressa no texto novo indicando a lei que foi revogada. Diz o art. 2º, § 1º, LINDB, que ocorre a revogação tácita quando “seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria que tratava a lei anterior”. Geralmente o legislador utiliza, no final “ revogam-se as disposições em contrário”
EM RESUMO:
Expressa: quando expressamente assim o declare; 
Tácita: quando seja com ela incompatível; 
Tácita: quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
Observações Importantes 
É possível a ultra-atividade ou pós-atividade da norma, que, nada mais é do que a possibilidade de produção de efeitos por uma lei revogada. Lei revogada → não tem mais vigência, mas tem vigor. 
Exemplo: Art. 1.046, § 1º, CPC. 
No direito brasileiro, não existe a possibilidade de retirar o efeito de uma lei por meio de um costume – é a chamada supremacia da lei sobre os costumes. É a inadmissibilidade do desuetudo – uma espécie de costume negativo ou desuso. 
· Nesse sentido, dispõe o STJ: “A eventual tolerância ou a indiferença na repressão criminal, bem assim o pretenso desuso não se apresenta, em nosso sistema jurídico-penal, como causa de atipia (Precedentes). II – A norma incriminadora não pode ser neutralizada ou ser considerada revogada em decorrência de, v.g., desvirtuada atuação policial (art. 2º, caput da LICC). Recurso conhecido e provido. 
(CESPE) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa deixar de ser aplicada. 
COMENTÁRIO : O desuetudo não é causa de revogação, mas é possível o uso do desuso como cláusula de interpretação. O juiz vai analisar, na causa concreta, se essa situação pode ser interpretada de uma maneira diferenciada. // (CESPE) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que ela seja revogada, não será permitida a sua ultra-atividade. Comentário: A ultra-atividade é possível de ocorrer.
REPRISTINAÇÃO:
Significa reconstituir, restituir ao valor, caráter ou estado primitivo. Repristinação é o restabelecimento da eficácia de uma lei anteriormente revogada. 
Art. 2º [...] § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
A lei “A” foi revogada pela lei “B” (revogadora). Agora, a lei “C” revogou a lei “B”. Nesse caso, a repristinação seria a restauração da lei “A” pelo fato de a lei “C” ter revogado a lei “B”. Em regra, isso não ocorre no Brasil. Todavia, a repristinação que não ocorre no Brasil é a que acontece de forma automática. 
É ou não possível que ocorra o fenômeno da repristinação? NO Brasil, não há repristinação ou restauração automática da lei velha, se uma lei mais nova for revogada. Contudo, no Brasil, admite-se repristinação se ocorrer de forma expressa.
EFEITO REPRISTINATÓRIO: É preciso ter em mente que repristinação não é a mesma coisa que efeito repristinatório (embora alguns doutrinadores afirmem o contrário).
No efeito repristinatório, a lei “A” foi revogada pela lei “B”. Agora, o STF declara a lei “B” inconstitucional. Nesse caso, a terceira fase é exercida pelo controle de constitucionalidade, diferente da repristinação, que é feita por uma outra lei. Para evitar o vácuo legislativo, o STF faz uma modulação nos efeitos, pois a decisão que declara a inconstitucionalidade é declaratória, e possui efeitos ex tunc (retira a lei “B” do ordenamento jurídico como se ela nunca existisse). É o que ocorre no controle de constitucionalidade da lei revogadora, ou seja, se a lei revogadora for declarada inconstitucional haverá o efeito repristinatório, restaurando-se os efeitos da norma revogada, já que a norma revogadora será considerada nunca existente.
O que ocorre com leis gerais e especiais? É muito comum cair numa prova que se há uma lei geral e entra uma lei específica no ordenamento jurídico, esta revoga aquela. É comum também cair que lei geral revoga lei específica. No entanto, será quais leis gerais e leis especiais são capazes de revogar só por serem gerais e especiais? Quais são os tipos de revogação? Expressa e tácita.
RESUMO: a repristinação, que ocorre quando uma lei nova revoga a lei anterior e, posteriormente, essa mesma lei que revogou a anterior é revogada por uma terceira lei. Ademais, é importante destacar que, no Brasil, a repristinação não é automática (tem que ser expressa). É importante também não confundir repristinação (Direito Civil) com efeito repristinatório (Direito Constitucional). Cabe mencionar que alguns doutrinadores adotam repristinação como sinônimo de efeito repristinatório.
AULA 06
1. LEIS GERAIS E LEIS ESPECIAIS
Se há uma lei geral (exemplo: Código Civil) e uma lei especial (Lei de Alimentos), elas convivem tranquilamente. Assim, não há que se falar em revogação de lei só por ser geral ou especial. A revogação acontece nos seguintes moldes: revogação total (ab-rogação) ou parcial (derrogação); expressa ou tácita. Portanto, uma lei nova, sendo geral ou especial, não tem o condão de revogar uma lei anterior só por ser geral ou especial.
· A Lei de Alimentos é de 1968 e o Código Civil é de 2002. Nesse cenário, o Código Civil revogou a Lei de Alimentos? Não! Embora alguns dispositivos sejam interpretados de maneira distinta, uma não revogou a outra. Pode acontecer de uma lei especial revogar algum dispositivo da lei geral, mas isso acontece se houver disposição expressa ou tacitamente.
· De acordo com a LINDB: Art. 2º [...] § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Quando o dispositivo menciona a expressão “a par”, significa que as duas leis irão conviverem harmonia.
Norma especial: tem um conteúdo especializado dentro de um certo ramo do Direito..
Norma geral: aborda todo um ramo específico do Direito. Exemplo: Código Civil.
· Obs.: a norma geral não revoga a especial e a norma especial não revoga a geral.
· Quando a lei especial regula determinada matéria que também está prevista num Código, contendo outras disposições a mais que não se encontram no Código e que não contradizem o novo direito, ambas continuarão em vigor, coexistindo. A norma especial pode revogar a geral quando dispuser sobre esta revogação de forma explícita ou implícita, momento em que regula a mesma matéria que a geral, modificando o seu conteúdo.
AULA 07
1. METODO DE INTEGRAÇÃO DA NORMA
 Quando o Juiz utiliza a lei aplicável ao caso concreto e resolve o problema, tem-se a subsunção. A subsunção é o encaixe perfeito do problema à regra. O Juiz, ao julgar dentro de um processo, ele o faz aplicando a lei a um caso concreto. Mas, para todas as situações possíveis e imagináveis, há uma lei aplicável? Não! Muitas vezes, teremos, perante o judiciário, uma lei que é aplicável ao caso concreto. Entretanto, em algumas situações, é possível não ter lei aplicável a esse caso. Nesse sentido, é dado ao Juiz a possibilidade de não julgar o caso concreto? Não! Um dos fundamentos para essa negação é a seguinte situação: princípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional.
De acordo com esse princípio, os integrantes do Poder Público (Executivo, Legislativo e Judiciário) não podem criar entraves para acesso ao Judiciário. Pelo contrário, o acesso ao Judiciário deve ser facilitado. Além disso, o próprioJuiz não pode abster-se de julgamento. O Juiz não pode alegar que não há lei para julgar o caso concreto. Nesses casos, a LINDB traz as soluções. Essas soluções são os métodos de integração.
OBS : Não confunda método de integração com método de interpretação. 
· O método de integração é utilizado para, na ausência de lei, solucionar um conflito. há um caso, mas não há lei.
· Método de interpretação é utilizado na interpretação de uma lei existente. tem-se um caso e uma lei, bastando que esta seja interpretada.
De acordo com a LINDB: Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Essa ordem deve ser seguida: analogia, costumes e princípios gerais de dir eito.
Se há um caso concreto e existe uma lei para resguardar esse caso, utiliza-se a técnica de subsunção. Agora, se não há lei para esse caso concreto, deve-se utilizar a analogia, costumes e princípios gerais de direito. De acordo com o Código de Processo Civil: 
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. 
Analogia: analogia acontece quando não há lei para o caso específico, mas existem regras que se aproximam muito do caso. Ocorre a aplicação de norma ou conjunto de normas aproximadas ao caso. 
Analogia Legal X Analogia Jurídica 
· Analogia legal (analogia legis): fato que não possui regulamentação, mas é utilizada uma norma específica. 
· Analogia jurídica (analogia iuris): na ausência de regras, um conjunto de normas é aplicado. 
Exemplo: arts. 156 e 157 do Código Civil. O art. 156 trata do estado de perigo, que acontece quando alguém, mediante premente necessidade de salvar a si ou pessoa de sua família, assume obrigação onerosa. Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Isso acontece, por exemplo, em casos de exigência de pagamento extra no plano de saúde sendo acionado em urgência. O art. 157 trata do fenômeno da lesão: Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
A lesão acontece quando alguém, por inexperiência ou necessidade, assume obrigação onerosa/desproporcional. Exemplo: alguém que viveu sua vida inteira em uma cidade interiorana, mas mudou-se para uma cidade grande. Na mudança, optou por alugar um imóvel, sem saber, por um valor muito acima do praticado na região. Além disso, tem-se a seguinte informação: Art. 157. [...] § 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. Exemplo: o locador compensou os valores pagos a mais. 
· Cabe destacar que o art. 156 não apresenta essa regra do art. 157, § 2º. Nesse caso, o Juiz pode utilizar o § 2º do art. 157 (lesão) no art. 156 (estado de perigo). 
2. ANALOGIA E INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA 
Na analogia, não há lei aplicável ao caso. A interpretação extensiva ocorre quando o legislador disse menos do que deveria. Exemplo: art. 25 do Código Civil — em caso de desaparecimento de pessoa (ausente), será o legítimo curador dos bens o cônjuge (não falando nada sobre o(a) companheiro(a)). 
Nesse caso, por interpretação extensiva, o(a) companheiro(a) será abrangido(a). 
3. COSTUMES
 O costume pode ser secudum legem, praeter legem ou contra legem. Na realidade, os costumes são usos reiterados, providos de conteúdo lícito e relevância jurídica. Assim, para que o Juiz possa utilizar um costume, ele não pode ser desprovido de relevância jurídica (escovar os dentes, exemplo) ou trazer conteúdo ilícito (roubar, por exemplo). Exemplo de costume: cheque (ordem de pagamento à vista). Quem recebe o cheque, pode depositá-lo imediatamente. No Brasil, tem-se o costume de utilizar o cheque pré-datado. . 
· De acordo com a súmula 370 do STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. Aqui, tem-se um costume sendo levado em consideração pelo Judiciário. 
· Imagine a seguinte situação: cheque recebido em uma data, mas com a solicitação de ser depositado em uma data futura. Esse caso baseia-se totalmente pela confiança, pois não há previsão legal. Caso o cheque seja depositado em uma data anterior à acordada, a súmula 370 será aplicada. Trata-se, portanto, de um exemplo de costume sendo aplicado. Vale dizer que violar um costume é muito grave. Além disso, violar um costume constitui abuso de direito.
AULA 08
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Aquele que comete abuso de direito responde objetivamente (não há análise de culpa) pelos danos que causou à parte contrária. 
Costume contra legem: não é levado em consideração, pois o costume tem que ter conteúdo lícito. Assim, não se trata de um método de integração. 
Costume secudum legem: é aquele costume que a lei autoriza. Exemplo: vício redibitório (vício oculto na coisa). Carro comprado com problema no motor, por exemplo. O art. 445 estabelece que, no caso de vício redibitório, tem-se o prazo de 30 dias para reclamar, se o bem for móvel, e 1 ano, se o bem for imóvel. 
O § 2º do art. 445 dispõe que, se tratando de animais, é possível verificar a aplicabilidade dos costumes locais. O costume secudum legem também não é um método de integração, pois tem-se um caso e uma lei autorizando o costume. 
Costume praeter legem: é o costume paralelo à lei. Trata-se de um costume que não viola o ordenamento jurídico. Esse é o verdadeiro método de integração. 
O costume contra legem pode ser levado em consideração para revogar lei? Não, pois não se admite o desuetudo no Brasil. Todavia, o costume contra legem pode ser observado casuisticamente como forma de o juiz aplicar a lei no caso específico. Dessa forma, embora não seja um método de integração, o costume contra legem é um método de interpretação.
COSTUME JUDICIÁRIO – JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA – PRECEDENTES 
Por força do art. 927 do Código de Processo Civil, os precedentes possuem relevância no ordenamento jurídico brasileiro. De acordo com esse artigo, os Juízes e Tribunais observarão, obrigatoriamente, as decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade, súmulas vinculantes, acórdão de IRDR e assunção de competência RespRE repetitivo, enunciado de súmula do STF e STJ e orientação do Plenário do órgão judicial. Hoje, o Código de Processo Civil preconiza muito os precedentes judiciais. Assim, tem-se falado que vivemos na era do costume judicial. 
· Existe o sistema chamado de civil law (a lei é a pauta do ordenamento jurídico) e em sentido quase que oposto existe o sistema do common law (os costumes regem o ordenamento). Atualmente, fala-se muito que, em virtude da preocupação e prevalência dos precedentes judicias, vivemos uma era de “commonlização” do civil law. Então, para dar decisões judicias, o Juiz deve levar em consideração os precedentes. Caso não queira aplicar os precedentes, ele deve fundamentar sua decisão. 
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO 
Trata-se de fontes que são verdadeiros fundamentos para determinado ramo do Direito. São mandamentos nucleares de um sistema; são verdades fundantes, segundo Miguel Reale. Por força da LINDB e do art. 8º do Código de Processo Civil, os princípios gerais de direito são aplicados no Brasil. 
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
O Código Civil está orientado segundo três princípios implícitos básicos: eticidade, socialidade (imposiçãode verificação de função social dos institutos civis) e operabilidade/concretude (o Direito foi pensado para ser efetivado). Exemplo: a ninguém é dado o direito de prejudicar alguém. Se o juiz está diante de um caso que não é regulado por lei, o juiz irá julgar com base em princípios gerais. Cabe destacar que o princípio geral será aplicado caso não haja possibilidade de analogia e costumes.
Equidade 
A equidade é método de integração? O art. 4º da LINDB não trata desse tema: Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
É muito comum encontrar uma confusão sobre a questão da equidade. Porém, como não há previsão expressa, a equidade não será aplicada como método de integração. Entretanto, faz-se necessário dizer que, de acordo com o art. 140 do CPC, o juiz poderá julgar com base na equidade quando autorizado por lei. Equidade é o uso do equilíbrio e do bom senso, justiça e razoabilidade. Trata-se da busca do que é justo. Não se trata de um método de integração normativa, mas é possível que seja aplicada quando a lei autorizar.
OBS: Existem duas formas de julgamento: julgamento por equidade e julgamento com equidade. 
A decisão do juiz tem que ser justa, razoável, adequada, com senso de justiça, com bom senso e com equilíbrio. Toda decisão judicial deve ser feita com equidade. Julgamento por equidade consiste em utilizar a equidade quando a lei permitir (art. 140, do CPC). Portanto, pela LINDB, a equidade não é um método de integração, mas de acordo com o art. 140 do CPC, o juiz poderá julgar com base na equidade quando autorizado por lei.
· A quem defenda que a equidade é autorizada pela LINDB como método de integração, pois estaria implícita nos princípios gerais de direito. Contudo, esses aprofundamentos não são tão cobrados em provas de concurso
4. CONFLITO DE NORMAS NO TEMPO 
O Código de Processo Civil atual foi promulgado em março/2015, passando por um período de vacatio legis de 1 ano. Após esse prazo, em março/2016 ele passou a ter vigência. A partir daí, o Código Processo Civil encontrou três situações: processos que já terminaram, processos em andamento e processos futuros.A grande discussão envolveu os processos em andamento, pois o CPC/2015 dispôs que todos os processos pendentes seriam regidos por ele. Nesse cenário, ficou a dúvida: qual Código aplicar? CPC antigo ou CPC atual? Esse foi um exemplo de conflito de normas no tempo! 
· Mas, e os processos pendentes? Estes deixaram de ser regidos pelo CPC antigo, via de regra, e passaram a ser regidos pelo CPC novo, pois a lei nova tem aplicabilidade imediata e geral.
Quando uma norma é modificada por outra e já se haviam formado relações jurídicas na vigência da lei anterior, podem surgir conflitos. Qual norma deve ser aplicada a um caso concreto? O direito intertemporal soluciona o caso, aplicando dois critérios: as disposições transitórias e o princípio da irretroatividade das leis. A lei, para evitar eventuais e futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao final, pode estabelecer regras temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a nova lei e a antiga, conciliando a nova lei com as relações já definidas pela norma anterior.
AULA 09
RESUMINDO TUDO: Quando um juiz vai solucionar um conflito, ele tem um caso concreto. Na sequência, esse juiz deve encaixar perfeitamente a lei ao caso concreto; isso se chama subsunção. Cabe mencionar que, na ausência de lei, não é dado ao juiz a possibilidade de não julgar. Nesse caso, é preciso aplicar os métodos de integração da norma (analogia, costumes e princípios gerais de direito). Ainda, a LINDB não prevê a equidade como método de integração. A ordem que deve ser utilizada nos métodos de integração é a seguinte: analogia, costumes e princípios. Quando uma lei nova entra no ordenamento jurídico, ela nasce, vive e, posteriormente, pode morrer. A lei nasce por meio de um processo legislativo, o qual termina com a promulgação (Chefe do Executivo) e publicação.
A promulgação é a condição de existência da norma; a publicação serve para que a lei possa produzir seus efeitos. Depois da publicação, tem-se o período de conhecimento da lei (vacatio legis). Em regra, esse período dura 45 dias. Todavia, quando a lei brasileira produzir efeitos no exterior, o prazo será de 3 meses. Cabe mencionar que quanto mais complexa a lei, maior deve ser o prazo de vacatio legis. 
Quando passa o prazo de vacatio legis, diz-se que a lei vive, isto é, está em vigência. A vigência da lei traz os seguintes aspectos: obrigatoriedade (não é possível alegar o desconhecimento da norma) e continuidade. 
A lei “morre” com a revogação. Vale lembrar que a revogação só é possível com a edição de uma nova lei. Aplicação prática: Em 1916, surgiu o Código Civil, o qual permaneceu vigente até janeiro/2003. Em janeiro/2002, surgiu o novo Código Civil (com prazo de vacatio legis de 1 ano), entrando em vigor em janeiro/2003. Nesse cenário, o antigo Código Civil de 1916 foi revogado pelo Código Civil de 2002. Durante o período de vacatio legis do CC/2002, o CC/1916 ainda era aplicado. 
A lei nova tem aplicabilidade imediata aos casos pendentes e futuros. Existem leis que passam a ter vigência na data da publicação, desde que isso conste expressamente. Além de aplicabilidade imediata, a lei nova tem aplicabilidade geral com efeitos prospectivos (para frente). A regra é que a lei não retroage (irretroatividade da norma). Dessa forma, a lei nova não atinge as seguintes situações: ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada. Exemplo: instituto praticado sob a égide do CC/1916, que se prolongou no tempo e ainda produz efeitos na vigência do CC/2002. Qual Código será aplicado? Exemplo prático: enfiteuse (CC/1916) → o senhorio (dono do terreno) cede o domínio útil da terra ao enfiteuta. O enfiteuta poderia, mediante pagamento anual (foro), construir, edificar e plantar no imóvel. Na realidade, esse instituto é perpétuo, isto é, as enfiteuses que foram constituídas no CC/1916 existem até hoje, sendo transmissíveis aos herdeiros. Entretanto, o CC/2002 extinguiu o instituto da enfiteuse. Porém, como as enfiteuses do antigo Código são perpétuas, elas continuam sendo regidas por ele. Esse fenômeno se chama ultra-atividade (lei revogada que ainda possui vigor). Mas, é possível que a lei nova produza efeitos no passado? Como a regra é a irretroatividade da lei, a exceção é a retroatividade.
No Direito penal, a lei nova pode retroagir para beneficiar o réu. Assim, existem situações em que a lei nova produza efeitos no passado. Mas isso não é a regra! Porém é possível que aconteça. 
No Direito Constitucional, por exceção, também se aplica a retroatividade, com os(as) seguintes graus/intensidades: 
· Máxima (restitutória): a lei nova retroage em todos os casos (não é aplicado no Brasil). 
· Média: a lei nova, sem alcançar os atos anteriores, atinge apenas os efeitos passados. 
· Mínima (temperada/mitigada): a lei nova incide imediatamente sobre os efeitos futuros. 
Exemplo prático: contrato que estabeleceu o pagamento de várias parcelas (algumas estavam sob a égide de lei antiga e outras parcelas estavam sob a égide de lei nova). Essa lei nova reduziu os juros de parcelas em atraso. Na retroatividade média, a redução das taxas de juros se aplica às parcelas vencidas e não pagas. No caso da retroatividade mínima, a lei nova só produzirá efeitos em relação às parcelas pendentes (futuras — após a entrada em vigor da nova lei). A irretroatividade da norma, que é a regra, consta no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal/1988. Portanto, salvo permissão constitucional, as leis não retroagem. 
AULA 10
1.CONFLITO DE NORMAS NO TEMPO
Quando uma norma é modificada por outra e já se haviam formado relações jurídicas na vigência da lei anterior, podem surgir conflitos. Qual norma deve ser aplicada a um caso concreto? O direito intertemporal soluciona o caso, aplicando dois critérios: as disposições transitórias e o princípio da irretroatividadedas leis.
Disposições transitórias (direito intertemporal)
De acordo com o Código Civil:
Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.
Art. 2.029. Até dois anos após a entrada em vigor deste Código, os prazos estabelecidos no parágrafo único do art. 1.238 e no parágrafo único do art. 1.242 serão acrescidos de dois anos, qualquer que seja o tempo transcorrido na vigência do anterior, Lei n. 3.071/1916.
Exemplo:
Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes,
até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei n. 3.071/ 1916, e leis posteriores.
De acordo com Código de Processo Civil:
Art. 1.045. Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial.
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos
pendentes, ficando revogada a Lei n. 5.869/1973.
§ 1º As disposições da Lei n. 5.869/1973, relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos
especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não sentenciadas até o início
da vigência deste Código.
A lei, para evitar eventuais e futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao final, pode estabelecer regras temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a nova lei e a antiga, conciliando a nova lei com as relações já definidas pela norma anterior.
Irretroatividade das leis
Retroagir quer dizer atividade para trás, ou seja, produção de efeitos em situações passadas. Juridicamente, podemos dizer que uma norma retroage quando ela vigora, não somente a partir de sua publicação, mas, ainda, regula certas situações jurídicas que vêm do passado. Na verdade, quando ocorre a criação de uma lei, será para afetar os fatos futuros, a partir de sua vigência. A regra no ordenamento jurídico brasileiro é a irretroatividade das leis, ou seja, estas não se aplicam às situações constituídas anteriormente. Trata-se de um princípio que visa dar estabilidade e segurança ao ordenamento jurídico preservando situações já consolidadas sob a lei antiga, em que o interesse particular deve prevalecer.
O art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal determina que “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
O art. 6º, da LINDB prevê que “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”.
Em outras palavras [...] A lei nova tem eficácia imediata e geral, ou seja, atinge os fatos pendentes e os futuros que se realizarem já sob sua vigência, não abrangendo os fatos passados. A regra utilizada é a do tempus regit actum! Tempus regit actum: a lei que incide sobre um determinado ato é a do tempo em que este ato se realizou.
Direito adquirido: o direito que já se incorporou ao patrimônio e à personalidade de seu titular, podendo ser exercido a qualquer momento. Para ser considerado “direito adquirido” são necessários dois requisitos:
a) existência de um fato; b) existência de uma norma que faça do fato originar-se direito. Enquanto não estiverem presentes estes elementos não há direito adquirido, mas “expectativa de direito”.
Ato jurídico perfeito:. é o ato que já está consumado, de acordo com a norma vigente no tempo em que se efetuou; com todas as formalidades exigidas pela lei, por isso o ato não pode ser alterado pela existência de lei posterior.
Coisa julgada: a decisão judicial da qual não cabe mais recurso (transitou em julgado). Assim, uma lei nova não pode alterar aquilo que já foi apreciado em definitivo pelo Poder Judiciário.
· Possível afirmar que a lei nova não atingirá em momento algum o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada? Isto é, será que a proteção é absoluta? Imagine a seguinte situação: em 1985, houve um processo de investigação de paternidade. Nessa época, não se falava em exame de DNA. Um tempo depois, o exame de DNA passou a ser observado. Era possível, naquela época, declarar a paternidade de uma pessoa sem o exame de DNA? Sim! Mas, hoje, com a possibilidade dos exames, é possível rever essa decisão? Sim, pois observa-se a relativização da coisa julgada. Portanto, a proteção não é absoluta. Sobre esse tema, tem-se o seguinte: JDC 109: a restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo investigando.
Obs.: no caso da sentença que cabe recurso, alguém que já foi sentenciado pode entrar com recurso com base na lei nova? Se a sentença transitou em julgado, acabou! Apenas em casos muito peculiares é que é impossível repropor uma demanda, e não um recurso. O recurso só é utilizado quando o processo está em andamento.
2.INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
É possível que haja a necessidade de interpretação da lei em relação a um caso concreto.
Todavia, não é apenas o juiz que pode interpretar a lei; os doutrinadores também podem. Além disso, a jurisprudência e o próprio legislador também podem interpretar as leis.
Ambiguidades no texto legal, má redação, imperfeição ou falta de técnica são solucionadas por meio da intervenção do intérprete, para alcançar o verdadeiro sentido que o legislador pretendeu.
· Mens legis – Intenção da lei.
· Modalidades de Interpretação
• Quanto às fontes – a interpretação pode ser autêntica (pelo próprio legislador por meio de outro ato normativo), doutrinária (pelos estudiosos) ou jurisprudencial (pelos Tribunais).
• Quantos aos meios – a interpretação pode ser gramatical (observam-se regras de linguística, sentido filológico), lógica (ou racional, na qual a lei é examinada no seu conjunto), ontológica (busca-se a essência da lei, sua razão de ser, a ratio legis, razão da lei), histórica (observância das circunstâncias que provocaram a expedição da lei), sistemática (comparativo da lei atual de acordo com as demais normas que inspiram aquele ramo), sociológica ou teleológica (adapta o sentido ou a finalidade da norma às
novas exigências sociais).
ATENÇÃO: O art. 5º da LINDB dispõe que: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
ela se dirige e às exigências do bem comum”.
• Quanto aos resultados – a interpretação pode ser declarativa (a letra da lei corresponde exatamente ao pensamento do legislador, não havendo necessidade de interpretação), extensiva (o legislador disse menos do que pretendia, sendo necessário ampliação da aplicação da lei) ou restritiva (o legislador disse mais do que pretendia, sendo necessário restringir a sua aplicação).
Obs.: vale mencionar que a questão da interpretação sociológica ou teleológica é muito cobrada. Essa modalidade busca a verdadeira finalidade da lei. A Lei n. 8.009/1990 estabelece a impenhorabilidade do bem de família. Quando um particular não pagar sua dívida, o credor pode ajuizar uma ação. Nessa ação, os bens serão penhorados. Entretanto, essa lei menciona que o bem de família é impenhorável. A partir dessa regra, surgiu a seguinte discussão: os solteiros, os divorciados e os viúvos, como não têm família, não estarão protegidos por essa regra. Essa discussão chegou ao STJ.

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