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Nefropatia hipertensiva O diagnóstico de nefropatia hipertensiva é o que mais se erra no mundo. Qualquer doença renal pode levar à hipertensão. HAS é a maior causa de DRC no Brasil. No resto do mundo costuma ser o contrário, com DM sendo a maior causa, seguido por HAS. GNC: glomerulonefrite crônica. DRPA: doença renal policística Outros: pielonefrite crônica, agenesia renal etc. Nefropatia hipertensiva: Termo tradicionalmente usado para descrever síndrome caracterizada por H.A. de longo prazo, retinopatia hipertensiva, HVE (hipertrofia do ventrículo esquerdo) e proteinúria mínima, culminando na IRC. A maioria dos casos diagnosticados se baseia em critérios clínicos. O índice de erros no diagnóstico é alarmante. Causas de engano: As doenças renais respondem pela metade das hipertensões secundárias. Além disso, a própria IRC leva a hipertensão, assim como tumores renais, pielonefrite crônica, doença renal policística, glomerulonefrites, nefropatia do refluxo, ateromatose vascular renal, etc Isso estabelece confusão no diagnóstico etiológico. *3% dos americanos têm creatinina alterada e, desses, 70% são hipertensos. Isso não significa que foi a hipertensão que causou os níveis de creatinina. Bx em 226 pacientes com diagnóstico de nefropatia hipertensiva ( 2001/ Harvard): Em 2001, em Harvard, foi feito um estudo com 226 pacientes que estavam iniciando diálise, com diagnóstico de nefroesclerose hipertenvia, fazendo biópsia de todos eles. Eles só acertaram 22% dos diagnósticos. Começou-se a se supor que haviam enganos e esse trabalho foi um divisor de águas: Nefroesclerose benigna:: 22% Nefroesclerose maligna: 43% Doenças glomerulares: 35% (Erro diagnóstico de 78% em Harvard) Dificuldades para determinar etiologia: USP copiou Harvard. 27 pacientes submetidos a Bx na USP com diagnóstico de nefroesclerose hipertensiva: 6 deles tinham GN; 8 com glomeruloesclerose segmentar e focal. O que induz a GESF (glomeruloesclerose segmentar e focal.) Obesos; Dislipidemia; Cigarro; Idade;Intolerância a glicose; Nefropatia aterosclerótica. (Erro em 14 diagnósticos). Nefroesclerose hipertensiva: geografia EUA:1/3 dos pacientes em diálise estão com diagnóstico de nefroesclerose hipertensiva( 28-30%) (Risco de DRC 8 vezes mais em negros) Europa: : 12% dos novos pacientes em diálise tem diagnóstico de nefroesclerose hipertensiva. Ásia: 6,5% França: 25% Itália: 17% Reino Unido : 6,1% Japão: 6% China: 7%. Vendo esses dados podemos pensar: existe implicação genética? Em ratos, estudos mostram diferenças genéticas de susceptibilidade.. Nefroesclerose hipertensiva/ Raça: 2.000 = 19.3% dos renais em estádio terminal tinham diagnóstico de nefroesclerose hipertensiva. O Estado deu aos pacientes anti hipertensivos nos postos, farmácias de graça. Mas no ano de 2009, 28% dos renais em estádio terminal tinham diagnóstico de nefroesclerose hipertensiva. Ou seja, mesmo tratando a hipertensão, tinha-se aumentado o número de nefroesclerose hipertensiva. A nefroesclerose hipertensiva: Segunda causa de IRC em brancos ( 23%) Primeira causa de IRC em negros ( 46%) Negros representam 12% da população americana mas constituem 28,3% dos I em diálise. Está ligado a genética. HAS como causa de IRC A hipertensão que ocorre na IRC também depende da raça, IMC, sexo, idade, dislipidemia e proteinúria. O controle efetivo dos níveis tensóricos é a intervenção mais importante para retardar a perda renal ( em brancos). No estudo MRFIT, apesar do controle pressórico semelhante, os negros continuaram evoluindo com perda da função. O estudo AASK agregou 1094 pacientes negros com clearence de 30 a 60 e o rígido controle tensórico não retardou a perda renal. Nefroesclerose Hipertensiva Nefroesclerose hipertensiva é uma suposição baseada na premissa de que a hipertensão deflagra proteinúria leve e DRC progressiva. Contudo, o aumento da DRC, apesar do controle pressórico das populações, levanta questões de causa/efeito. Na patologia, a nefroesclerose é achado clássico da DRC.Nefroesclerose é o ponto final da doença glomerular. Quando um glomérulo morre, ele esclerosa. A nefroesclerose é o achado clássico da DRC e a nefroesclerose hipertensiva é aquela causada pelo aumento da pressão. Ex: Se temos uma esclerose em 25% dos néfrons. Isso vai levar a piora da HAS. quanto mais hipertenso paciente fica, vai haver piora ainda maior no quadro da DRC, aumentando nefroesclerose. Ficamos em ciclo vicioso. Fisiopatologia I A) Isquemia glomerular: HA crônica, que diminui o fluxo glomerular por redução da luz das arteríolas pré-capilares. Com tempo essas arteríolas endurecem e há isquemia glomerular. O RFG passa a depender da contração da arteríola eferente. B) Hipertensão intra-glomerular e hiperfiltração: Alguns nefrons esclerosam e outros nefrons dilatam como compensação, e, trabalham com > pressão intra-glomerular e também acabam esclerosando. Esses dois mecanismos são verdadeiros e podem ocorrer. Um não invalida o outro. Fisiopatologia II A injúria dos podócitos, se sabe hoje, está implicada: Se a perda de densidade dos podócitos passar de 40%, a doença glomerular se torna progressiva. Isso não vale apenas para HAS, vale para nefropatia diabética, nefropatia do transplante, nefrite por IgA, etc. Como perdemos podócitos: se temos uma hipertrofia glomerular, vai haver estresse elástico dos podócito, levando a necrose da célula com redução do número absoluto dos podócitos. O gene variante não é MYH9, como se pensava, mas é o APOL 1 (apolipoproteína 1). E modernamente se pesuisa o gene GSTM1. Em cinza vemos o podócito, “segurando” o capilar glomerular. Polimorfismo genético O polimorfismo do gen da ECA: O genótipo DD condena a alta prevalência de IRC e é mais encontrado na raça negra. O polimorfismo do gen codificador da ECA influencia a taxa de evolução porque modula resposta renal a ação da Angiotensina I. Sua presença eleva a prevalência de DRC por maior resposta pressórica a angiotensina A variação do genótipo APOl 1 dá resistência ao Trypanosoma brucei brusei do Tsé Tsé e predispõe a nefroesclerose hipertensiva. Essa resistência ao trypanosoma veio da África, há milhares de anos, por isso negros podem ter mais nefroesclerose hipertensiva. Apol 1 A Apol 1 circula conectada ao HDL que é parcialmente filtrado no glomérulo e capturado pelos podócitos. Contudo, parece que a expressão renal da Apol 1 alterada causa mais danos que a Apol 1 circulante. A Apol 1 é membro de uma família de 6 genes agrupados no cromossomo 22. A Apol 1 é a principal lipoproteina do HDL. Sua concentração sangüinea é 0,3 mg/dl. Apol1 e podocitopatia Variação gene Apol1 cromossomo 22. Mudam alelos chamados G1 e G2, resultando forma homozigótica: G1G1, G2G2 ou heterozigótica composta: G1G2. Essas variações são de alto risco. A presença de G1G0 e G2G0, são consideradas de baixo risco. Contudo, não basta a presença dessas mutações. É necessário um SEGUNDO GATILHO para manifestação clínica dessa doença renal: estado pró inflamatório do fumo(?), da obesidade(?), etc. Glomerulomegalia inicial?? Nefroesclerose hipertensiva refere-se a doenças com alterações patológicas predominantes na micro-vasculatura pré capilar, envolvendo secundariamente o glomérulo e o interstício renais. A doença está no vaso antes do glomérulo, sendo uma nefroangioesclerose. Aqui, a hipertensão é uma consequência do que ocorreu no vaso. Encontramos nas arteríolas aferentes depósitos hialinos que nutrem glomérulos com hipertrofia /GESF. Talvez então o melhor nome seria nefroangioesclerose hipertensiva para diferenciar da nefroesclerose que é o resultado final da agressão das doenças aos Rins em cronificação. Anátomo patologia O que vemos no microscópio NEFROESCLEROSE BENÌGNA: · Depósitos eosinofílicos, hialinos, nas arteríolas aferentes. · Hipertrofia da camada média das arteríolas · Duplicação da lâmina elástica interna · Fibrose da íntima. · Glomeruloesclerose segmentar ou global. NEFROESCLEROSE MALÌGNA: · Necrose fibrinoide da íntima ( aspecto em casca de cebola). Obs: a hipertensão malignaé chamada assim pela quantidade aumentada de vasoconstritor circulante, não tendo a ver com os níveis pressóricos do paciente. Na maligna, o sangue bate com muita força nos vasos, dilacerando hemácias e causando anemia microangiopática. Hipertensão laigna é rara. Tôfo glomerular encolhido tudo esclerosado. Depósitos hialinos isso não é patognomônico. Há várias doenças que dão esse mesmo quadro anatomopatológico, como vemos abaixo. Anátomo patologia Várias patologias e até mesmo as alterações da idade podem gerar o quadro patológico descrito. Nem biópsia fecha diagnóstico. Diagnóstico Diferencial: · Obesidade. Nefrite por radiação. · GESF. Idade avançada. H.A. malígna · Microêmbolos de colesterol. Esclerodermia. · Nefropatia por chumbo. SHU · Doença renal ateromatosa Lúmem capilar reduzido e enrrugamento da MB: Proliferação fibro intimal: Critérios clínicos para diagnóstico · História familiar de HA em parentes de 1* grau. · HVE. Retinopatia. · Proteinúria. ( a da nefroesclerose hipertensiva é pequena) · Hipertensão de longa data precedendo doença renal. · Ausência de exposição a nefrotoxinas. · Ausência de outras doenças sistêmicas. Sugere o diagnóstico: · Raça negra. · Alterações retinianas. · HVE. · Proteinúria leve ( < 500 mg) · Hipertensão prévia ao início da proteinúria. · Hipertensão precede a disfunção renal. · Biópsia renal compatível. · Hipertensão > que 10 anos. Progresso: · Se propõe que as alterações vasculares renais nos negros ( hialinose micro vascular) precedam o início da própria hipertensão. · A hipertensão não seria por si mesma a causa do dano renal. Esse dano seria causado por mudanças estruturais (glomerulares e podocitárias) consequentes a mutação genética predominante na raça negra. · A hipertensão seria secundária à lesão chamada de nefroangioesclerose. Obs: Se a glomerulomegalia for o passo inicial do quadro, o tratamento com Hidralazina; Clonidina; Bcc hidropiridínicos, podem, em tese, piorar a evolução do quadro por alteração da auto regulação glomerular. Essas drogas, em tese, levariam a perda da resposta miogênica das arteríolas aferentes, com aumento da pressão hidrostática intra-glomerular
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