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Teorias dos Círculos Ao longo da história, muitos filósofos e juristas tentaram relacionar e estabelecer diferenças entre o direito e a moral. ● Teoria dos círculos Concêntricos Foi elaborada pelo filósofo e jurista Jeremy Bentham (1748-1832). A teoria assinala que o direito e a moral se relacionam de maneira inseparável e ainda, que o direito é apenas uma pequena parte da moral. Desse modo, para Bentham, o ordenamento jurídico está dentro das concepções morais de vivência e por mais que tente, nunca será capaz de produzir leis que prevejam ou que abarquem a moral em toda sua infinidade. Portanto, segundo a teoria dos círculos concêntricos, tudo que é direito provém da moral e é englobado por ela. No entanto, nem tudo que é moral está positivado no direito. ● Teoria dos Círculos Secantes O professor, juiz e advogado Claude du Pasquier (1886-1953) também deu suas contribuições acerca da relação entre moral e direito. A princípio, o jurista admite que, moral e direito estão separadas. O direito possui um campo específico puramente positivista que não se preocupa com as questões morais, assim como a moral também possui um campo especificamente subjetivo que nada tem a ver com o direito. Por exemplo, existem regras sociais que servem puramente para uma organização social e não estão preocupadas com a moralidade. No entanto, apesar de reconhecida natureza distinta, em determinado momento esses dois elementos encontram laços em comum e passam a coexistir na sociedade. A partir daí, dão origem a regras sociais que apresentam tanto um caráter moral quanto caráter voltado para o direito. Assim, essa teoria admite basicamente que nem toda norma jurídica é pautada na moral, ao passo que nem todo preceito moral tem efetividade ou embasamento jurídico. E ainda, que eventualmente esses valores podem sim coincidir em alguma normativa do direito positivo. ● Teoria dos Círculos Interdependentes Em termos de premissa inicial, essa teoria concorda com o pensamento de Claude du Pasquier, no sentido de que o direito e a moral estão separados. Contudo, Pasquier admite em determinado momento a coexistência entre os dois elementos num âmbito social, já Hans Kelsen, criador da teoria dos círculos interdependentes, nega veementemente essa afirmação. O renomado filósofo e jurista austríaco Hans Kelsen (1881-1973), teorizou sobre a distinção definitiva entre direito e moral. Ele acredita que ligar de alguma forma esses dois temas para regulação da sociedade poderia causar problemas e defende ainda, que o direito deve ser essencialmente direito e assim como a moral deve ser puramente moral. Isso porque, segundo Kelsen, essa concepção vem a partir do fato de que o direito se apresenta através de um ordenamento jurídico de cunho coercitivo tem objetivo de regulação e manter a harmonia social. Portanto, não necessita de uma reflexão de natureza moral uma vez que esta não tem caráter punitivo/material na forma da lei. Nessa concepção, o direito está acima da moral, ao passo que não precisa de validação ou faz aconselhamentos/recomendações, pois se preocupa somente em ser obedecido e nos seus meios de coerção e punição. CARLA GABRIELE S. NASCIMENTO - FAHESP/IESVAP
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