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resenha4_Natália Vieira

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Instituto de Economia e Relações Internacionais
Universidade Federal de Uberlândia
ESTADO E ECONOMIA – GRI060 
Prof. Dr. José Rubens Damas Garlipp
Com base nas aulas, leituras realizadas, vídeos e materiais consultados, elabore um texto (5 páginas no máximo) sobre a natureza do Estado capitalista em Poulantzas e em Offe.
Sobre a natureza do Estado Capitalista para Poulantzas pode se utilizar o seu primeiro grande texto sobre o Estado capitalista (Poder político e classes sociais, de 1968 (POULANTZAS, 1973), assim como o seu último texto (O Estado, o poder, o socialismo, de 1978 (POULANTZAS, 1978a)) tem como objetivo responder a questão analítica inicialmente proposta por Pashukanis: "por que, para assegurar sua dominação política, a burguesia dispõe de um aparato tão específico como o Estado capitalista - o moderno Estado representativo, o Estado nacional-popular de classe".
Pode-se dizer que em ambos os casos, Poulantzas defendeu que, enquanto o governo direto de classe deveria ser percebido como ilegítimo mesmo se fosse possível, o moderno Estado representativo oferece uma estrutura flexível para unificar os interesses políticos de longo prazo de um bloco no poder de outra forma para desorganizar as classes subalternas e para assegurar o consentimento das massas populares (JESSOP, 2009).
Ao desenvolver essa abordagem em Poder político e classes sociais, o autor analisou o tipo capitalista de Estado em três passos principais. Em primeiro lugar, inspirado pelo marxismo althusseriano, ele defendeu que a separação institucional entre economia e política, típica do modo capitalista de produção, permitiu e requereu uma teoria autônoma da região política. Em segundo lugar, dadas essas possibilidade e necessidade, ele esboçou conceitos básicos de uma teoria jurídico-política para descrever a matriz institucional do tipo capitalista de Estado: um Estado territorial soberano hierarquicamente organizado, coordenado centralizado, baseado no império da lei [rule of law] e, em sua forma ideal típica "normal", combinado com a democracia burguesa. 
Essa forma do regime político é orientada para sujeitos políticos como cidadãos individuais mais que como membros de classes opostas e, assim, distingue a realidade objetiva da exploração econômica e do poder de classe. Em terceiro lugar, remanejando a análise gramsciana da hegemonia, ele argumentou que, dada essa matriz institucional e os sujeitos políticos individualizados, a dominação política depende da capacidade da classe dominante de promover um projeto hegemônico que vincule os interesses individuais ao interesse nacional-popular, que também serve aos interesses de longo prazo da classe capitalista e dos seus aliados do bloco no poder.
O Estado, o poder, o socialismo também possui uma estrutura tripartite. Ele vai passo a passo de proposições gerais sobre o Estado, passando por uma teoria do tipo capitalista de Estado, para uma teoria mais concreto-complexa do tipo de Estado na presente fase do capitalismo - tudo cuidadosamente articulado de modo a ir de proposições gerais sobre a produção em geral, para a divisão capitalista social do trabalho e para o presente estágio do capitalismo. Nesse sentido, a última obra de Poulantzas é uma contribuição mais geral para a crítica da Economia Política que não apenas percebe o Estado como um elemento integral na dominação política de classe, como também insiste em seu papel crucial em assegurar importantes condições econômicas e extra-econômicas para a acumulação. Em cada passo de seu argumento, ele também enfatiza a centralidade das lutas e do poder de classe para a natureza e o desenvolvimento do processo de trabalho, das relações sociais de produção e do Estado. Dessa forma, ele também desenvolveu análises "teórico-estratégicas aplicadas" sobre as perspectivas de uma transição democrática para o socialismo democrático (a esse respeito, cf. JESSOP, 1985).
Dito isso, Poulantzas tipicamente combinou dois tipos de análise, a primeira modalidade começa com uma análise mais abstrato-simples da adequação formal de um determinado tipo de Estado em uma formação social capitalista pura, argumentando que sua forma tipicamente torna problemática sua funcionalidade e examina como e em qual extensão as práticas políticas podem superar tais problemas em períodos e conjunturas específicos (JESSOP, 1982; 1990). Em contraste, a outra modalidade focaliza em termos relativamente concreto-complexos os "estados de fato existentes" em sociedades que são dominadas pelas relações capitalistas de produção, examina-se suas atividades são funcionalmente adequadas para a acumulação de capital e para a dominação política de classe e investiga como essa adequação funcional é obtida (ou não) em conjunturas específicas por meio de estratégias e políticas públicas específicas promovidas por forças sociais particulares. 
Essa abordagem é exemplificada em Poder político e classes sociais, as classes sociais no capitalismo de hoje e O Estado, o poder, o socialismo. Em sua obra histórica, entretanto, ele priorizou uma análise estratégico-relacional da variável equilíbrio de forças, de modo a mostrar como as lutas políticas de classes e seus resultados são mediados e condensados por meio de formas institucionais específicas em períodos, estágios e conjunturas particulares, inobstante se tais formas correspondem ao tipo capitalista de Estado. Essa abordagem é ilustrada pelas análises do absolutismo e dos três modelos históricos contrastantes de desenvolvimento do Estado capitalista em Poder político e classes sociais; em suas análises fortemente periodizadas de regimes de exceção - seus surgimentos, suas consolidações, suas tendências-crise e seus colapsos -, em Fascismo e ditadura e a crise das ditaduras, e em vários comentários sobre as disjunções estruturais e as descontinuidades temporais em estados capitalistas efetivamente existentes ao longo de sua obra.
	Já para Offe, a agenda do “Estado mínimo” é, paradoxalmente, uma agenda intervencionista. A questão que o autor procura responder é: “sob que condições parcelas importantes da população acham politicamente aceitável abandonar o modelo de racionalidade associada à política regulatória, a despeito das perdas que possam incorrer em termos de segurança, bem-estar e justiça distributiva”? A resposta está nos crescentes problemas de legitimação das políticas regulatórias. Vários fatores contribuem para isso. Para Offe, quanto mais heterogênea, individualizada e diferenciada a estrutura social e normativa, mais os interesses na regulação passam a ser “minoritários” e de grupos cada vez mais reduzidos. 
A pluralização dessas estruturas e a correspondente multiplicação de critérios de julgamento na questão da regulação de questões econômicas e sociais é de quais parâmetros devem ser utilizados. No limite, como cada critério neutraliza o outro, emerge apenas um consenso negativo de que é melhor renunciar à regulação. Por outro lado, tais critérios têm sido crescentemente fornecidos em bases profissionais e por especialistas: economistas, médicos, cientistas, entre muitos outros. Tais critérios não estão ancorados em uma base normativa fornecida por uma tradição qualquer ou outra fonte de legitimidade tradicional e, consequentemente, passam a ser assimilados a grupos corporativos. E mais: os atores coletivos que fornecem esses critérios — associações profissionais e sindicais — têm assistido a uma erosão de sua legitimidade. 
Por outro lado, a adoção de critérios regulatórios ao longo do tempo — a definição de normas mínimas (de poluição, de regulação do local de trabalho, por exemplo) — leva a uma crescente erosão da capacidade de julgamento moral, inovação e reflexão pelos cidadãos em áreas onde as normas e regulamentos ainda não existem e que, exatamente por isso, a auto regulação por parte dos indivíduos se faz mais necessária. Por não estarem ancoradas em valores partilhados, as normas regulatórias passam a ser objeto de manipulação estratégica por parte dos cidadãos — como, por exemplo, no casolimite em que um cidadão confronta o benefício individual de sua infração da norma com o custo da sanção (multa) que lhe é imposta. 
Além disso, a estrutura moral da regulação não pode ser criada administrativamente: “a base dessas normas e valores não pode ser criada pelas políticas. Ela pode apenas ser mantida e assegurada porque radicam nas estruturas associativas e tradições culturais da sociedade civil” (p. 85). Resta apenas os instrumentos de persuasão moral e ação comunicativa. Nesse sentido, a regulação estatal da vida social e econômica depara-se com o crescente problema de que sua expansão subverte e anula a sua eficácia e legitimidade social. No limite, as forças que impelem à regulação produzem simultaneamente a sua negação. A questão da base moral da sociedade é retomada, em uma discussão mais ampla, em seus trabalhos mais recentes em que pergunta: “É concebível que o ‘capital social’ da confiança e das relações cívicas cooperativas possa ser estimulado, adquirido e produzido - e não apenas herdado?” (OFFE, 1997)

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