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SUMÁRIO 1. Introdução ...............................................................................3 2. Classificação dos cateteres venosos centrais ..........5 3. Indicações e contraindicações .........................................6 4. Preparação .............................................................................6 5. Técnica ......................................................................................8 6. Complicações ..................................................................... 14 Referências Bibliográficas .................................................. 16 3ACESSO VENOSO CENTRAL 1. INTRODUÇÃO Os acessos vasculares são proce- dimentos que permitem e facilitam diversas formas de tratamentos aos doentes, desde administração de me- dicamentos até a realização de nutri- ção. O acesso vascular pode ser divi- dido de várias: • quanto ao sítio do acesso: periféri- cos ou centrais; • a estrutura vascular: artéria ou veia; • topografia do vaso: superficial ou profundo; • via de acesso: punção ou dissecção. E, quanto as características relaciona- das ao cateter, têm-se: • exteriorização: semi-implantável ou totalmente implantável; • tempo de permanência: curto (até 7 dias); longo (após 7 dias); tem- porário (até 30 dias) e definitivo (mais de 30 dias). O acesso venoso central é definido como colocação de um cateter com a sua extremidade posicionada na veia cava superior ou no átrio direito. O cateterismo venoso central é reali- zado utilizando uma técnica chamada de Técnica de Seldinger, que consiste em puncionar a veia central com uma agulha longa, de pequeno calibre, por dentro da qual avança-se um fio-guia. Com o fio-guia na posição adequada, um dispositivo de dilatação venosa é introduzido vestindo o mesmo. A se- guir, o cateter é passado vestindo o fio-guia até a posição desejada. 4ACESSO VENOSO CENTRAL 1. Punção da veia com agulha 2. Inserção do fio guia 3. Remoção da agulha do sítio de punção 4. Dilatador 5. Inserção do cateter e retirada do fio guia 6. Progressão do cateter Figura 1. Técnica de Seldinger. Fonte: Anaesthesia UK 5ACESSO VENOSO CENTRAL 2. CLASSIFICAÇÃO DOS CATETERES VENOSOS CENTRAIS Sabe-se que existem 03 tipos de ca- teteres venosos centrais: cateter ve- noso central inserido perifericamen- te (CVCIP); cateter venoso central de longa permanência (tunelizado) e o cateter venoso central temporário (não tunelizado). Cateter venoso central inserido perifericamente (CVCIP): É um dispositivo de acesso vascu- lar inserido perifericamente, tendo a ponta localizada em nível central, na altura do terço distal da veia cava, po- dendo possuir lúmen único ou duplo. É constituído de poliuretano ou silico- ne, sendo os de silicone mais flexíveis e em sua maioria inertes, causando menor irritação à parede dos vasos. Tem como indicações a administra- ção de antibióticos, terapia nutricional parenteral e na quimioterapia. Pos- sui uma durabilidade indeterminada, que varia segundo o surgimento de complicações, como infecção, flebi- te, oclusão ou deslocamento do sis- tema, além de ter o tempo de uso determinado pelo fim da sua neces- sidade. Para esse acesso, geralmente são escolhidas veias superficiais da fossa antecubital ou veia cefálica ou basílica no nível do antebraço, sendo a basílica a veia preferencial, devido ao seu maior calibre e menor taxa de vasoespasmo. Cateter venoso central de longa permanência: A principal característica desses ca- teteres é o fato de serem tunelizados, podendo permanecerem implantados por meses e até anos. Suas principais indicações são: he- modiálise, nutrição parenteral total ou quimioterapia. Podem ser divididos em dois grupos, os semi-implantá- veis e os implantáveis. Os cateteres semi-implantáveis consistem na téc- nica de tunelização na qual o ponto onde o cateter penetra na veia fica afastado do local de saída do cate- ter para o meio externo, pois assim, é possível diminuir a taxa de infecções. Devem ser implantados por profissio- nais treinados, em ambiente cirúrgico, de preferência. É importante lembrar que a ultrassonografia pode guiar a punção nos casos em que preveja al- guma dificuldade de acesso, seja por falta de parâmetros anatômicos (pa- ciente em anasarca, grandes obesos) ou por cirurgias ou punções prévias. Cateter venoso central temporário Confeccionado principalmente a par- tir do poliuretano, polietileno, silicone ou teflon. Considera-se como tempo- rário o cateter implantado diretamen- te no local da punção venosa, ou seja, 6ACESSO VENOSO CENTRAL que não possui nenhuma parte tune- lizada. Esse é o tipo de acesso mais utilizado em pacientes internados em unidade de terapia intensiva e semi- -intensiva ou nos casos de cirurgias de grande porte. Indicado para infusão de volume, medicamentos e monitoração da pressão venosa central e hemodiálise por curto período. Os sítios de inserção desse tipo de cateter são: veia jugular interna, ex- terna, subclávia ou femoral. 3. INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES O acesso venoso central é geralmen- te indicado nas seguintes situações: • Monitorização hemodinâmica in- vasiva (pressão venosa central, pressão de artéria pulmonar, débi- to cardíaco por termodiluição); • Acesso vascular para a infusão de soluções cáusticas, irritantes ou hiperosmóticas; • Terapêutica substitutiva re- nal de urgência (hemofiltração, hemodiálise); • Acesso vascular de longo prazo para nutrição • parenteral prolongada ou quimioterapia; • Reposição rápida de fluidos ou sangue no trauma ou cirurgia; • Estimulação cardíaca artificial temporária; • Acesso venoso em pacientes com veias periféricas ruins. Quanto as contraindicações, não há contraindicação absoluta para o uso de acesso venoso central, vale desta- car as contraindicações relativas mais prevalentes que são: Infecção do sí- tio de punção, Trombose na veia alvo, Coagulopatia. 4. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o cateterismo veno- so central, devem-se adotar as pre- cauções universais, ressaltando-se a importância da lavagem das mãos e da adoção das precauções de bar- reira completa (máscara, gorro, aven- tal cirúrgico, luvas estéreis e campos estéreis), além dos equipamentos de proteção individual. O material necessário para a inserção de cateteres venosos centrais inclui: • Soluções degermantes. • Pinças para assepsia. • Cateteres venosos centrais (mono, duplo ou triplo lúmen). • Dilatador rígido do cateter venoso central correspondente. • Fio-guia metálico com extremida- de em ‘T’. 7ACESSO VENOSO CENTRAL • Agulha metálica (18 G de 8 cm). • Seringas. • Conectores (tampinhas e/ ou equipos). • Soluções antissépticas (alcoólicas). • Anestésico local com xilocaína a 2% sem vasoconstritor. • Frascos com solução salina. • Gases estéreis. • Gorro e máscara. • Luvas e aventais estéreis. • Campos cirúrgicos estéreis. • Fios de sutura para fixação. • Material cirúrgico para fixação (porta-agulha, pinças e tesouras). • Esparadrapos comuns, hipoalérgi- cos e cirúrgicos. • Caixa para descarte de materiais perfurocortantes. • Se possível aparelho de ultrasso- nografia com transdutor linear de alta frequência. 8ACESSO VENOSO CENTRAL 5. TÉCNICA • Posicione o paciente em decúbito dorsal (pode ser necessário posi- cioná-lo de acordo com o local de punção escolhido). • Verifique se a iluminação está adequada. • Proceda à paramentação cirúrgica para realizar o procedimento. • Realize a lavagem e a escovação cirúrgica das mãos. • Coloque avental e luvas estéreis. • Faça a assepsia extensa do local de punção. • Coloque campos cirúrgicos es- téreis para proteger a área do procedimento. • Localize a veia de acordo com as referências anatômicas do sítio da punção • Realize a infiltração com anestési- co local (xilocaína a 2%). • Realize a punção venosa com agu- lha calibrosa conectada à seringa, mantendo sempre uma pressão negativa com o êmbolo da seringa. •Quando houver refluxo de sangue, mantenha a posição da agulha e desconecte a seringa. • Introduza o fio-guia metálico com extremidade em J” por volta de 20 cm. • Mantenha o fio-guia nessa posi- ção e retire a agulha. • Proceda à dilatação da pele e ao trajeto até o vaso com introdução do dilatador pelo fio-guia (pode ser necessária a abertura da pele com lâmina de bisturi para introdução do dilatador). • Mantenha o fio-guia nessa posi- ção e retire o dilatador. • Introduza o cateter definitivo com cuidado, sem perder a extremida- de distal do fio-guia. • Retire o fio-guia. • Lave a via (distal) com solução sa- lina e feche o lúmen. • Fixe o cateter com pontos, seguin- do as especificações do fabricante do dispositivo. • Faça curativo oclusivo. • Descarte o material na caixa de perfurocortantes. • Realize a confirmação radioló- gica da posição adequada do dispositivo. SE LIGA! Caso haja alguma alteração no ritmo cardíaco do paciente durante o procedimento, puxe o fio-guia de volta até que o ritmo se normalize. 9ACESSO VENOSO CENTRAL Sítios de punção Veia jugular interna Inicialmente, posiciona-se o paciente em decúbito dorsal horizontal com a cabeça para baixo a 30º, em posição de Trendelenburg, com coxim abai- xo das escápulas, deixando a cabeça levemente estendida e rodada para lado oposto ao da punção. O local de referência é o triângulo de Sedillot, formado em sua base pela clavícula e lateralmente pelas por- ções esternal e clavicular do músculo esternocleidomastoideo. Direcione a ponta da agulha para o mamilo ipsilateral com angulação de 30º a 45º com a pele. SAIBA MAIS! Dá-se preferência ao lado direito, pois as complicações como pneumotórax, hemotórax e quilotórax são mais frequentes após tentativas de punção do lado esquerdo. Isto ocorre por- que o ápice do pulmão é mais alto à esquerda do que à direita e o ducto torácico se localiza à esquerda. Além disso, o caminho entre a veia jugular interna direita e o átrio direito é mais direto. Realize a punção no ápice do triângulo formado pela clavícula e pelas porções clavicu- lar e esternal do músculo esternocleidomastóideo. Figura 3. Punção de veia jugular interna (VJI). Fonte: Augusto et. Al, Procedimento em Emergência, 2016. 10ACESSO VENOSO CENTRAL Veia subclávia Essa é a via de acesso considerada como a mais cômoda para o paciente, e tem uma taxa de sucesso em cer- ca de 95%. É o sítio de punção que tem a menor taxa de infecção e de trombose, porém, é o com maior ris- co de pneumotórax e complicações hemorrágicas. Possui dois tipos de abordagem, que são: • Infra clavicular: o local da punção está de 2 – 3cm lateral ao ponto médio da clavícula e a agulha deve ser direcionada para a fúrcula es- ternal, margeando a face posterior da clavícula; • Supra clavicular: o local de punção deve ser na borda lateral do ramo clavicular do esternocleidomastói- deo, na margem superior da claví- cula, em direção à fúrcula esternal. Figura 4: Abordagem infra clavicular da punção da veia subclávia. 11ACESSO VENOSO CENTRAL Figura 5. Abordagem supra clavicular. Fonte: MAS- SAIA, et al. Procedimentos do Internato à Residência Médica. São Paulo: Atheneu, 2012. Veia femoral A punção da veia femoral deve ser considerada uma via de exceção, pois possui altas taxas de infecção e trombose venosa profunda. A sua principal indicação é a rápida obten- ção do acesso em pacientes instá- veis hemodinamicamente, podendo ser realizada até durante uma reani- mação cardiorrespiratória. A punção dessa veia consiste na palpação da artéria femoral na região inguinal e punção da veia femoral medialmente ao pulso femoral, cerca de 1 – 2 cm abaixo da prega inguinal. 12ACESSO VENOSO CENTRAL Figura 6. Local de punção da veia femoral comum. Fonte: Augusto et. Al, Procedimento em Emergência, 2016. Procedimento guiado por ultrasso- nografia: Vários estudos têm mos- trado o aumento na taxa de sucesso no acesso venoso central guiado pelo ultrassom e também uma diminuição nos números de complicações. Na imagem ultrassonográfica tanto a veia quanto a artéria são anecoicas, mas a veia é muito mais compressível do que a artéria, por isso, ao realizar uma leve compressão na pele com o transdutor, será possível identificar qual vaso é a veia. 13ACESSO VENOSO CENTRAL Figura 7. Visão transversal da veia e da extremidade distal da agulha de punção Figura 8. Visão longitudinal da veia e da agulha de punção. Fonte: Augusto et. Al, Procedimento em Emergência, 2016. 14ACESSO VENOSO CENTRAL 6. COMPLICAÇÕES A complicações dependem do sítio da punção e do tipo de cateter, po- rém as mais comuns e que merecem maior destaque, são: Pneumotórax, hemotórax, punção ar- terial inadvertida, trombose venosa, estenose/oclusão venosa, infecção e embolia. Além disso, vale lembrar que as complicações podem ser clas- sificadas em infecciosas, mecânicas e trombóticas. Observa-se que a infecção do cate- ter ocorre devido a pelo menos um de três mecanismos, que são: infecção no sítio da punção, ou colonização do cateter seguida de infecção intralumi- nal e por via hematogênica através do cateter. Existem algumas ações que podem diminuir o risco de infecção, que são divididas em 05 passos – hi- giene das mãos, adesão às precau- ções máximas de barreia, antissepsia da pele com clorexidina, seleção do local ideal para a colocação do cateter e revisão diária do cateter, com remo- ção imediata quando ele não for mais necessário. Por fim, vale ressaltar que a utilização de antibióticos tópicos é ineficaz. As complicações mecânicas incluem – punção arterial, hematoma, pneu- motórax, hemotórax, arritmia e loca- lização inadequada do cateter. Nesse momento, merece destaque o proce- dimento guiado por ultrassom, pois ele possui um importante impacto na redução desse tipo de complicação. Por fim, as complicações trombó- ticas estão relacionadas com o au- mento no risco de trombose venosa central, com um potencial concomi- tante de tromboembolismo venoso. O sítio de punção que tem o menor risco de complicações trombóticas é a veia subclávia. Ademais, a retirada do cateter, o mais rápido possível, tam- bém está relacionada com esse tipo de complicação. 15ACESSO VENOSO CENTRAL MAPA MENTAL – ACESSO VENOSO CENTRAL ACESO VENOSO CENTRAL Jugular interna Materiais Indicações Locais Técnica Contraindicações Subclávia Femoral Materiais de fixação Agulhas Seringa Cateter Fio-guia Dilatador Falência de acesso periférico Monitorização hemodinâmica Nutrição parenteral Administração de drogas Hemodiálise Complicações Técnica de Seldinger Anestesia local Antissepsia/Assepsia Posição do paciente Alteração na pele TTPa > 55 TP > 50% INR > 1,5 Plaquetopenia Infecções Punção arterial Hemotórax Pneumotórax 16ACESSO VENOSO CENTRAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MASSAIA, Irineu Francisco Delfino Silva et al. Procedimentos do Internato à Residência Médica. São Paulo: Atheneu, 2012. S. ALAN; Central Venous Catheterization; N Engl J Med. 356:e21. 2007. 17ACESSO VENOSO CENTRAL
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