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UN 03 - EB 03 - Aula 11 - Estudo de Impacto Ambiental

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Direito Ambiental1
Direito Ambiental
Aula 11 - Estudo de 
Impacto Ambiental
Direito Ambiental2
Introdução da Aula
Ao abordar o tema “Estudo de Impacto Ambiental”, é necessário conhecer definições 
importantes sobre impacto, a relação com o meio ambiente, com o fim de se alcançar a 
sistematização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
Ultrapassada a definição, torna-se relevante observar os aspectos constitucionais 
relacionados ao EIA.
Ao final desta aula, como objetivos propostos, você deverá:
• Compreender a sistemática do EIA e 
• Avaliar as questões constitucionais relacionadas ao EIA.
Reflexão
Qual a importância do Estudo prévio de Impacto Am-
biental (EIA)? Haverá a efetiva proteção ambiental com 
a implantação do EIA?
Direito Ambiental3
Tópico 1 - Definições de Impacto, Meio 
Ambiente e de Impacto Ambiental
O capítulo constitucional dedicado ao meio ambiente (artigo 225, § 1º, inciso IV do texto 
constitucional) determina a exigência de Estudo prévio de Impacto Ambiental (EIA) para 
a “instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do 
meio ambiente”. 
O texto constitucional ainda determina que seja dada publicidade ao EIA. 
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é uma das diferentes modalidades de estudos 
utilizadas para o exame dos diferentes custos de um projeto. O foco está nos 
custos ambientais.
Estes são caracterizados pelos impactos positivos e negativos advindos da implantação 
do empreendimento. 
Lógica semelhante pode ser aplicável ao EIA, com alguns temperamentos. Estes 
temperamentos passam pelas repercussões sobre o meio social no qual o projeto se inserirá.
Atenção
Para a avaliação social, é extremamente importan-
te a análise das externalidades dos projetos. Elas 
são os resultados não desejados advindos da im-
plementação de um dado projeto (ANTUNES, 2016). 
Direito Ambiental4
As externalidades podem ser positivas ou negativas. 
1. Positivas são aquelas que redundam em benefícios não previstos quando da 
planificação do projeto. 
2. Negativas são as externalidades que implicam a criação de problemas insuspei-
tados quando do planejamento e da implementação do projeto. 
Dentro das externalidades, as ambientais avultam pela importância e complexidade.
Os EIA são uma evolução das análises do tipo custo/
benefício. Cuida-se da análise custo/benefício do proje-
to, tomando-se como parâmetro a repercussão sobre o 
meio ambiente.
Impacto é choque, modificação brusca causada por força 
exterior que tenha colidido com um objeto. Por sua vez, 
o impacto ambiental é uma modificação brusca causada 
no meio ambiente (ANTUNES, 2016).
No primeiro momento, o EIA somente examina os impactos ambientais antrópicos (cau-
sados pela pessoa humana). 
Mas, e as mudanças climáticas? Devem ser examinadas pelo EIA?
Estudo 
Complementar
O texto “Impactos das mudanças climáticas em ci-
dades no Brasil”, de Wagner Ribeiro, merece desta-
que nesta discussão.
Direito Ambiental5
Em função do aumento da complexidade, o EIA poderá incluir a contribuição humana para 
a ocorrência de impactos ambientais naturais.
O impacto ambiental causado por circunstâncias naturais pode ter repercussões ambien-
tais e econômicas extraordinárias. Exemplo disto estão nas erupções vulcânicas.
Saiba mais
O vulcão Grimsvotn (Islândia, em 2011) teve a erupção 
mais forte registrada nos últimos cem anos. Veja a re-
portagem “Vulcão entra em erupção na Islândia”. A 
erupção atingiu diversas localidades, como o norte 
da Grã-Bretanha e do Oceano Atlântico, Escócia, Ir-
landa do Norte e Irlanda, além de partes da França 
e Espanha.
Em 2010, a erupção de outro vulcão - o Eujafjallajökull 
- provocou um caos aéreo na Europa e um prejuízo 
de milhões de euros. Veja o vídeo a seguir:
Direito Ambiental6
De acordo com a teoria geral sobre as externalidades, o 
impacto ambiental pode ser positivo e negativo. 
Normalmente, o direito ambiental está mais volta-
do para o impacto ambiental negativo. O foco do 
EIA está em prever as possibilidades de gerar o dano 
ambiental e, consequentemente, a responsabilidade 
(ANTUNES, 2010). 
Porém, o EIA deve indicar todos os impactos ambientais, positivos e negativos, como for-
ma de propiciar ao administrador os instrumentos necessários para a adequada avaliação 
do empreendimento.
O conceito normativo de impacto ambiental não é simples. 
A Resolução n. 1/1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em seu 
artigo 1º estabeleceu que:
Impacto ambiental é qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e 
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II – as atividades sociais e econômicas;
III – a biota [conjunto de seres vivos de uma região];
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V – a qualidade dos recursos ambientais.
A Resolução 237/1997 do CONAMA - artigo 1º, inciso III – estabeleceu um novo concei-
to: o de impacto regional. A finalidade é a de definir os parâmetros para o licenciamento de 
atividades poluidoras que tenham características próprias.
Direito Ambiental7
Conceito
O impacto regional é todo e qualquer impac-
to ambiental que afete diretamente (área de 
influência do projeto), no todo ou em parte, o 
território de dois ou mais Estados.
O estudo de impacto ambiental regional pode ser visto na literatura como uma modalidade 
de Avaliação Ambiental Estratégica (AAE). Dias (2001, p. 37) o considera como Avaliação 
Ambiental Regional:
Avaliação Ambiental Regional – processo de avaliação das implicações ambientais 
e sociais regionais de propostas de desenvolvimento multissetorial numa dada 
área geográfica e durante um período determinado.
A expectativa é que a edição legislativa recente sobre o tema –– abordasse o impacto 
ambiental regional.
No entanto, a questão regional não foi contemplada em referida legislação.
Ao tratar das ações administrativas da União – como o licenciamento ambiental (etapa 
posterior ao EIA) – não houve previsão de atividades regionais. Como estabelece o artigo 
7º de referida Lei:
Art. 7º São ações administrativas da União: 
(…)
XIV – promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 
(a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
(b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou 
na zona econômica exclusiva; 
Direito Ambiental8
(c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
(d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela 
União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
(e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
(f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de 
ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Ar-
madas, conforme disposto na Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999; 
(g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e 
dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear 
em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional 
de Energia Nuclear (Cnen); ou 
(h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de 
proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um 
membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os 
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimen-
to.
Atenção
Todo projeto que acarrete repercussão nega-
tiva sobre a saúde dos indivíduos de uma de-
terminada comunidade é impactante. 
Direito Ambiental9
A segurança deve ser entendida como segurança social contra riscos decorrentes da 
inadequada localização de materiais tóxicos, alteração significativanas condições de fi-
xação do solo, possibilidade de enchentes, desabamentos, dentre outros aspectos 
(ANTUNES, 2016). 
Não se pode deixar de mencionar os riscos de ampliação de índices de criminalidade e ou-
tros que afetam desfavoravelmente a segurança pública.
Em relação ao bem-estar, este deve ser compreendido como um conjunto de condições que 
definem um determinado padrão de qualidade de vida que deve ser aferido levando-se em 
conta as condições peculiares de cada comunidade especificamente considerada.
As atividades sociais e econômicas dizem respeito ao emprego, ao modo de produção da 
riqueza e dos bens. Utiliza-se como referencial o modo de vida das diferentes camadas da 
população que habitam determinada região.
Os projetos de intervenção no meio ambiente serão socialmente nocivos se, em sua execu-
ção, implantação e funcionamento, implicarem desagregação social, descaracterização de 
comunidades, deslocamentos indesejados, desapossamento de bens (ANTUNES, 2016). É 
o que aconteceu com a hidrelétrica de Belo Monte, no que tange à proteção das comunida-
des indígenas, definido, inclusive, pela jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos 
Humanos.
Outro ponto de importância para o estudo do EIA são os efeitos desfavoráveis sobre a 
biota. São aqueles que dizem respeito, diretamente, às condições de vida animal e vegetal 
na região considerada (ANTUNES, 2016).
Direito Ambiental10
Além disso, também pode ser considerado como nocivo ao meio ambiente a alteração das 
condições estéticas e sanitárias são as transformações que produzem alterações de natureza 
paisagística ou visual ou mesmo olfativa, que potencialmente possam resultar em doenças 
para os membros de uma coletividade. 
Quanto à qualidade dos recursos ambientais, o projeto a ser implantado não poderá trazer 
alterações qualitativas aos recursos, tais como enfraquecimento genético de espécies, di-
minuição de padrões de concentração de determinados elementos, dentre outros aspectos 
(ANTUNES, 2016).
Direito Ambiental11
Tópico 2 - Aspectos Constitucionais do EIA
No Brasil, a obrigatoriedade do EIA para a implantação de obras ou atividades potencial ou 
efetivamente causadores de significativa degradação ambiental é uma imposição constitu-
cional (artigo 225, § 1º, inciso IV do texto constitucional).
A constitucionalização do EIA não foi acompanhada de uma legislação ordinária apta a 
concretizar a determinação constitucional no plano da prática diária e administrativa. 
Fato é que a norma constitucional é aberta e necessita que o Poder Executivo defina cri-
térios capazes de estabelecer, com segurança, qual é o conceito de atividade que efetiva ou 
potencialmente possa ser causadora de significativa degradação ambiental. 
Atualmente, a matéria permanece, em âmbito federal, regulada por ato administrativo de 
escala normativa inferior, que são as resoluções do CONAMA.
Cuida-se de uma situação de inconstitucionalidade formal, pois uma norma constitucional 
foi “regulamentada” por uma resolução do CONAMA. O problema não é a regulamentação 
ser realizada pelo CONAMA, mas o texto constitucional conter a expressão “na forma da 
lei”.
O EIA incide diretamente na esfera de direitos e garantias individuais, seja o direito ao 
meio ambiente equilibrado, seja o direito ao empreendedorismo empresarial.
No caso, o ideal seria a existência de uma lei definindo diretrizes mínimas para o enqua-
dramento de uma obra ou atividade no conceito de causadora de significativa degradação 
ambiental, remetendo ao Executivo a implementação de tais diretrizes.
É importante considerar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não tem con-
siderado as regulamentações administrativas como aptas a dispor diretamente sobre ma-
Direito Ambiental12
téria constitucional.
- AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE INJUNÇÃO. ARTIGO 135 DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 
- TEXTO CONSTITUCIONAL NÃO SE REGULAMENTA ORIGINARIA-
MENTE POR ATO ADMINISTRATIVO NORMATIVO, MAS, SIM, POR LEI, 
OU ATO NORMATIVO A ESTA EQUIVALENTE. 
NÃO SE CONFUNDE COM REGULAMENTAÇÃO - QUE SÓ E NECESSA-
RIA QUANDO O DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL NÃO E AUTO-APLI-
CAVEL - O ATO NORMATIVO EXPEDIDO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
BLICA PARA DISCIPLINAR SUA CONDUTA INTERNA NA APLICAÇÃO 
DE LEI VIGENTE OU DE TEXTO CONSTITUCIONAL AUTO-APLICAVEL. 
E O MANDADO DE INJUNÇÃO SÓ E CABIVEL QUANDO O DISPO-
SITIVO CONSTITUCIONAL, POR NÃO SER AUTO-APLICAVEL, 
DEMANDA REGULAMENTAÇÃO. 
E CERTO QUE ESSA REGULAMENTAÇÃO PODE NÃO EXAURIR-SE COM 
A LEI REGULAMENTADORA, POR EXIGIR ESTA DECRETO QUE, POR 
SUA VEZ, A REGULAMENTE, E ATÉ, AS VEZES, POR NECESSITAR O 
DECRETO REGULAMENTADOR DA LEI, QUE REGULAMENTA O DIS-
POSITIVO CONSTITUCIONAL, DE ATO NORMATIVO POR PARTE DA 
ADMINISTRAÇÃO QUE O TORNE EXEQUIVEL. NESSA HIPÓTESE, QUE 
Direito Ambiental13
PRESSUPOE SEMPRE A EXISTÊNCIA DE LEI QUE VISA A APLICABILIDA-
DE DO TEXTO CONSTITUCIONAL, O MANDADO DE INJUNÇÃO SERÁ 
CABIVEL, POR TER SIDO INSUFICIENTE A REGULAMENTAÇÃO FEITA 
PELA LEI. 
- O ARTIGO 135 DA CONSTITUIÇÃO ESTABELECEU UM PRINCÍPIO GE-
RAL CONCERNENTE A ADVOCACIA COMO INSTITUIÇÃO - A DE SER O 
ADVOGADO EM GERAL ÓRGÃO INDISPENSAVEL A ADMINISTRAÇÃO 
DA JUSTIÇA, SENDO INVIOLAVEL POR SEUS ATOS E MANIFESTAÇÕES 
NO EXERCÍCIO DA PROFISSAO, NOS LIMITES DA LEI -, MAS NÃO DISCI-
PLINOU, OBVIAMENTE, A CARREIRA DOS ASSISTENTES JURIDICOS DA 
UNIÃO, PARA TER-SE QUE E ELA UMA DAS "CARREIRAS DISCIPLINA-
DAS NESTE TÍTULO", COMO EXIGE O ARTIGO 135 DA CARTA MAGNA 
A FIM DE QUE SE APLIQUE A EXTENSAO NELE DETERMINADA. 
- NÃO HÁ SEQUER QUE FALAR-SE EM NÃO AUTO-APLICABILIDADE 
DO ARTIGO 39, PAR. 1., A QUE SE REPORTA O 135, AMBOS DA CONS-
TITUIÇÃO, PORQUE A LEI, PREVISTA NAQUELE, JA EXISTE (LEI 8.112, 
DE 12.12.90, ARTIGO 12), E ESTA EM VIGOR POR INDEPENDER, NESSE 
PARTICULAR, DE REGULAMENTAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL A QUE 
SE NEGA PROVIMENTO (STF, MI 304, 1993).
De certo ponto de vista, mesmo existindo a lei sobre a matéria, o STF exige a instituição de 
lei específica para regulamentar as questões urbanísticas e ambientais.
Inclusive, isto foi decidido em sede de Repercussão Geral no RE 607940/DF.
RE 607940/DF
Ementa: CONSTITUCIONAL. ORDEM URBANÍSTICA. COMPETÊNCIAS 
LEGISLATIVAS. PODER NORMATIVO MUNICIPAL. ART. 30, VIII, E ART. 
182, CAPUT, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PLANO DIRETOR. DIRETRI-
ZES BÁSICAS DE ORDENAMENTO TERRITORIAL. COMPREENSÃO. 
1. A Constituição Federal atribuiu aos Municípios com mais de vinte mil habitan-
tes a obrigação de aprovar Plano Diretor, como “instrumento básico da política 
Direito Ambiental14
de desenvolvimento e de expansão urbana” (art. 182, § 1º). Além disso, atribuiu a 
todos os Municípios competência para editar normas destinadas a “promover, no 
que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e contro-
le do uso do solo, do parcelamento e da ocupação do solo urbano” (art. 30, VIII) e 
a fixar diretrizes gerais com o objetivo de “ordenar o pleno desenvolvimento das 
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar dos habitantes” (art. 182, caput). 
Portanto, nem toda a competência normativa municipal (ou distrital) sobre ocu-
pação dos espaços urbanos se esgota na aprovação de Plano Diretor. 
2. É legítima, sob o aspecto formal e material, a Lei Complementar Distrital 
710/2005, que dispôs sobre uma forma diferenciada de ocupação e parcelamento 
do solo urbano em loteamentos fechados, tratando da disciplina interna desses 
espaços e dos requisitos urbanísticos mínimos a serem neles observados. A edição 
de leis dessa espécie, que visa, entre outras finalidades, inibir a consolidação de 
situações irregulares de ocupação do solo, está inserida na competência norma-
tiva conferida pela Constituição Federal aos Municípios e ao Distrito Federal, e 
nada impede que a matéria seja disciplinada em ato normativo separado do que 
disciplina o Plano Diretor. 
3. Aprovada, por deliberação majoritária do Plenário, tese com repercussão geralno sentido de que “Os municípios com mais de vinte mil habitantes e o Distrito 
Federal podem legislar sobre programas e projetos específicos de ordenamento 
do espaço urbano por meio de leis que sejam compatíveis com as diretrizes fixa-
das no plano diretor”. 
4. Recurso extraordinário a que se nega provimento (STF, RE 607940/DF, 2015).
No que concerne aos impactos ambientais, a Constituição Federal, com as alterações pro-
movidas pela Emenda Constitucional 42, de 2002, estabeleceu que o exame dos impactos 
ambientais deve ser “diferenciado”, considerando-se os produtos, serviços e seus processos 
de elaboração e prestação (art. 170, VI). 
Assim, o inciso IV do § 1º do artigo 225 deve ser lido e compreendido em harmonia com 
o artigo 170, VI.
Direito Ambiental15
O administrador não pode estabelecer exigências ambientais, notadamente no que se 
refere à análise de impactos ambientais que desconsiderem o porte dos empreendimentos 
e suas repercussões sobre o ambiente. Cuida-se da adoção de critério de maior proteção 
ambiental, sem custos excessivos (ANTUNES, 2016).
Questão interessante e de Direito no tempo. Segundo o STJ, para atividade instalada 
antes da exigência regulamentar, não há a exigência do EIA:
REsp 766.236/PR, 2007
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO 
CIVIL PÚBLICA. PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. ESTUDO PRÉVIO DE 
IMPACTO AMBIENTAL. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL. DES-
NECESSIDADE NO CASO CONCRETO.
1. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental revela exigência administrativa que 
não se coaduna com o funcionamento de empresa instalada há mais de 3 (três) 
décadas, conjurando, a um só tempo, a evidência do direito e o periculum in mora 
(art. 273 do CPC).
2. Deveras, sobressai carente de prova inequívoca a ação que visa à referida exi-
gência legal instituída após 1 (uma) década da instalação da empresa, por isso 
que, in casu, através de cognição exauriente e no curso da lide, prova técnica, sob 
contraditório, encerra meio pertinente à aferição da verossimilhança da alegação.
3. É defeso ao juiz, em nome do "poder geral de cautela", deferir medida anteci-
patória satisfativa, porquanto diversos os requisitos para a concessão da tutela 
jurisdicionais referidas. É que a tutela cautelar reclama aparência (fumus boni 
juris), e a tutela satisfativa, evidência (prova inequívoca conducente à verossimi-
lhança da alegação).
4. A fungibilidade dos requisitos viola o art. 273 do CPC, tanto mais que, in casu, 
a tutela antecipada visa a estagnação das atividades da empresa, caso não apre-
sente o Estudo Prévio, sendo certo que a atividade resta exercida por 37 (trinta e 
sete) anos.
Direito Ambiental16
5. Recurso Especial provido (STJ, REsp 766.236/PR, 2007).
Porém, permanece uma exigência – que é a substituição por perícia (avaliação do impacto 
ambiental de forma posterior): 
REsp 1172553/PR, 2014
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DA-
NOS AO MEIO AMBIENTE. USINA HIDRELÉTRICA DE CHAVANTES. 
OFENSA AO ART. 535 DO CPC. OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. LEI 
7.990/89. COMPENSAÇÃO FINANCEIRA PELA UTILIZAÇÃO DOS RE-
CURSOS HÍDRICOS. DANOS AMBIENTAIS EVENTUAIS NÃO ABRANGI-
DOS POR ESSE DIPLOMA NORMATIVO. PRECEDENTE STF. EXIGÊNCIA 
DE ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA). OBRA IM-
PLEMENTADA ANTERIORMENTE À SUA REGULAMENTAÇÃO. PROVI-
DÊNCIA INEXEQUÍVEL. PREJUÍZOS FÍSICOS E ECONÔMICOS A SEREM 
APURADOS MEDIANTE PERÍCIA TÉCNICA. RECURSO PARCIALMENTE 
PROVIDO.
1. O Tribunal de origem apreciou adequadamente todos os pontos necessários ao 
desate da lide, não havendo nenhuma obscuridade que justifique a sua anulação 
por este Superior Tribunal.
2. A melhor exegese a ser dispensada ao art. 1º da Lei 7.990/89 é a de que a com-
pensação financeira deve se dar somente pela utilização dos recursos hídricos, não 
se incluindo eventuais danos ambientais causados por essa utilização.
3. Sobre o tema, decidiu o Plenário do STF: "Compensação ambiental que se 
revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio ambiente 
para as presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atin-
gir essa finalidade constitucional" (ADI 3.378-DF, Rel. Min. AYRES BRITTO, 
DJe 20/06/2008).
4. A natureza do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - funda-
mental e difusa - não confere ao empreendedor direito adquirido de, por meio do 
desenvolvimento de sua atividade, agredir a natureza, ocasionando prejuízos de 
Direito Ambiental17
diversas ordens à presente e futura gerações.
5. Atrita com o senso lógico, contudo, pretender a realização de prévio Estudo de 
Impacto Ambiental (EIA/RIMA) num empreendimento que está em atividade 
desde 1971, isto é, há 43 anos.
6. Entretanto, impõe-se a realização, em cabível substituição, de perícia técnica 
no intuito de aquilatar os impactos físicos e econômicos decorrentes das ativida-
des desenvolvidas pela Usina Hidrelétrica de Chavantes, especialmente no Muni-
cípio autor da demanda (Santana do Itararé/PR).
7. Recurso especial parcialmente provido (STJ, REsp 1172553/PR, 2014).
REsp 1172553/PR, 2014 REsp 1172553/PR, 2014
Assim, com natureza constitucional, o EIA é uma informação técnica posta à disposi-
ção da administração, com vistas a subsidiar o licenciamento ambiental de obra ou ati-
vidade capaz de potencial ou efetivamente causar significativa degradação ambiental 
(ANTUNES, 2016).
Direito Ambiental18
Encerramento
A Administração Pública tem o dever constitucional de proteger o meio ambiente. Dentro 
dessa responsabilidade constitucional, o EIA apresenta-se como instrumento técnico capaz 
de subsidiar o Poder Público para evitar a potencial e efetiva degradação ambiental.
Com o tratamento adequado conferido pelo EIA, há a grande possibilidade de subsidiar – 
de forma qualificada – o licenciamento ambiental de forma hermeneuticamente adequada.
Agora que finalizamos, você está apto a realizar os exercícios desta aula.
Fique atento a sua performance e frequência nas atividades!

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