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DETERMINAÇÃO DA FEM DE UMA CÉLULA GALVÂNICA E ELETROQUÍMICA E GALVANOPLASTIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) INSTITUTO DE QUÍMICA (IQ) BELKSLAINE RAMALHO ESPÍNDOLA e DANIEL VIEIRA GONDIM 23/08/2021 Determinação da FEM de uma célula galvânica INTRODUÇÃO Uma célula eletroquímica é constituída por dois eletrodos que se trata de condutores metálicos em contato com um eletrólito, além disso há um condutor iônico que pode ser uma solução, um líquido ou um solido. Se os dois eletrólitos forem diferentes, no caso desse trabalho tem-se essa situação, os dois compartimentos podem ser unidos por uma ponte salina. Esta tem como característica o formato de um tubo contendo uma solução concentrada de eletrólito, geralmente cloreto de potássio num gel de ágar. Uma pilha galvânica é uma célula eletroquímica que gera eletricidade através de uma reação espontânea, enquanto em uma célula eletrolítica é uma célula eletroquímica na qual uma reação não espontânea é induzida por uma fonte de corrente externa.[1] Tendo como base esses conceitos o seguinte trabalho abordará sobre potencial-padrão, lei limite de Debye Huckel e, principalmente a equação de Nernst, tais ferramentas irão colaborar na comparação entre o potencial padrão da pilha com o seu potencial medido, na determinação do coeficiente de atividade em soluções diluídas e na relação entre o potencial da pilha à composição da mistura de reação, respectivamente.[2] OBJETIVO Parte 1 Medir a força eletromotriz (diferença de potencial) de uma célula galvânica, a pilha de Daniell, no estado padrão, 25°C, 1atm, 1 mol kg-1 ZnSO4 e 1 mol kg -1 CuSO4, em circuito aberto e calcular o coeficiente de atividade para as duas soluções. Parte 2 Medir a fem da célula de concentração de soluções de sulfato de cobre e o coeficiente de atividade para cada concentração. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Parte 1 Os seguintes materiais foram empregados: dois béqueres de 50 mL, 100 mL de CuSO4 1 mol kg-1, 100 mL de ZnSO4 1 mol kg -1, um eletrodo de cobre, um eletrodo de zinco, uma ponte salina de cloreto de potássio saturado e um voltímetro (0 a 5 V). Para montar a célula galvânica de Daniell foram utilizados: um béquer de 50 mL com cerca de 40 mL CuSO4 1 mol kg -1 e outro béquer de 50 mL com cerca de 40 mL de ZnSO4 1 mol kg-1. Foi mergulhado o eletrodo de cobre na solução de CuSO4, e o eletrodo de zinco na solução de ZnSO4. Em seguida, inseriu-se a ponte salina entre os dois béqueres. Por fim, foram conectados os eletrodos aos terminais do voltímetro de alta impedância e mediu-se a fem, o mais rapidamente possível e anotou-se os valores. RESULTADOS E DISCUSSÕES Parte 1 Seguindo o procedimento experimental foi montada a célula galvânica conforme ilustrado na figura 1. Dessa maneira, utilizando a nomenclatura da IUPAC, tem-se que essa célula corresponde a descrição abaixo: |𝑍𝑛|𝑍𝑛𝑆𝑂4(𝑎𝑞) ⋮⋮ 𝐶𝑢𝑆𝑂4(𝑎𝑞)|𝐶𝑢| As linhas verticais representam interfaces, sendo que duas linhas seguidas representam uma junção electrolítica. Por convenção, o ânodo representa-se do lado esquerdo do diagrama.[3] A célula foi montada de uma maneira que o objetivo era medir o cobre contra o zinco, para isso, foi colocado o voltímetro neutro (fio vermelho) no zinco o outro voltímetro (fio preto) no cobre. Figura 1 Pilha de Daniell, exemplo de célula galvanica. Fonte: BARBOSA, M. Determinação da FEM de uma Célula Galvânica. Aula de Físico-Química Experimental II 2021 Seguindo para as análises sobre as reações que estavam ocorrendo nessa pilha, é importante citar a tabela de potencial padrão, esta foi obtida a partir de experimentos onde o eletrodo padrão era o de hidrogênio (SHE) [4] e seu potencial foi convencionado como 0V e o outro eletrodo seria a semi-célula em estudo, como cobre, zinco, etc. Logo os potenciais padrão medidos são atribuídos à redução semi-célula. Com posse disso, tem-se que as semi-reações que ocorrem na pilha são: Lado direito: 𝐶𝑢2+(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝐶𝑢0(𝑠) 𝜀° = +0,34𝑉 𝑣𝑠 𝑆𝐻𝐸 Lado esquerdo: 𝑍𝑛0(𝑠) → 𝑍𝑛 2+ (𝑎𝑞) + 2𝑒 − 𝜀° = −0,76𝑉 𝑣𝑠 𝑆𝐻𝐸 Equação global: 𝐶𝑢2+(𝑎𝑞) + 𝑍𝑛 0 (𝑠) → 𝑍𝑛 2+ (𝑎𝑞) + 𝐶𝑢 0 (𝑠) Potencial padrão: 𝜀° = 𝜀°𝐷 − 𝜀°𝐸 = 0,34 − (−0,76) = 1,1𝑉 Portanto, o potencial padrão dessa pilha seria de 1,1V, atentando-se ao sinal positivo do potencial, isso significa que a reação é espontânea, se fosse em posições inversas a reação não ocorreria. Retornando ao resultado do potencial, chegou-se em um valor experimental que se difere do padrão, sendo ele igual a 1,095V, a uma temperatura de 24,95°C. Isso pode ter acontecido em virtude de impurezas presentes na solução, as quais afetariam o resultado o distanciando do padrão. Por fim, procurou-se determinar os coeficientes de atividades dessa reação, para isso, foi necessário utilizar a equação de Nernst. Esta tem como objetivo calcular a diferença de Figura 2 Tabela de Ponteciais padrão em 25°C.Fonte: BARBOSA, M. Determinação da FEM de uma Célula Galvânica. Aula de Físico-Química Experimental II 2021 potencial existente entre um metal e uma solução aquosa de um de seus sais, logo, o potencial E do eletrodo. Equação de Nernst: 𝜀 = 𝜀° − 𝑅𝑇 2𝐹 ln 𝑎𝐴𝑟𝑒𝑑 𝑎𝐴𝑜𝑥 Nesta equação será deduzido que 𝑎 = 𝛾+𝑏+ e 𝛾± = 𝛾+(Macinnes – 1919), logo tem-se: 𝜀 = 𝜀° − 0,0257 2 ln 𝑏𝑍𝑛2+ 𝑏𝐶𝑢2+ ∗ 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 𝛾±𝐶𝑢𝑆𝑂4 Substituindo os valores de potencial padrão e o medido, tem-se: 1,095 = 1,1 − 0,0257 2 ln 1 1 ∗ 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 𝛾±𝐶𝑢𝑆𝑂4 Porém, chegou-se em uma equação com duas incógnitas, será necessário a segunda parte do experimento para obter-se o resultado desses coeficientes de atividade. *Retornando após as determinações na parte 2, será possível então obter o coeficiente de atividade de ZnSO4: 1,095 = 1,1 − 0,0257 2 ln 1 1 ∗ 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 𝛾±𝐶𝑢𝑆𝑂4 1,095 = 1,1 − 0,01285 ∗ ln∗ 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 0,0406 −0,005 = −0,01285 ∗ (ln 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 − ln 0,0406) ln 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 = −0,005 −0,01285 + ln 0,0406 ln 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 = −2,8149 𝛾±𝑍𝑛𝑆𝑂4 = 0,0599 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Parte 2 Em uma célula de concentração apenas as concentrações das meias-células são diferentes. Manteve o béquer de 50 mL com cerca de 40 mL CuSO4 1 mol kg -1 da Parte 1. Encheu outro béquer de 50 mL com cerca de 40 mL de outra solução de CuSO4 0,1 mol kg -1. Mergulhou eletrodos de cobre em ambas as soluções, colocou a ponte salina entre os dois béqueres e conectou os eletrodos aos terminais do voltímetro de alta impedância. Por fim, mediu-se a fem, o mais rapidamente possível. Repetiu-se o procedimento para outras soluções de CuSO4 de 0,01 e 0,001 mol kg -1. A fem medida é da célula onde cx são as diferentes concentrações. RESULTADOS E DISCUSSÕES Parte 2 Conforme o procedimento experimental informa, a segunda parte trabalhou com uma célula galvânica igual a: Cu(s) | CuSO4 (cx) || CuSO4(1 mol L-1 ) | Cu(s). Os resultados obtidos no experimento estão atribuídos na tabela 1. Conforme a análise sobre as semi-reações feitas na parte 1 e, utilizando os dados da figura 2, tem-se: Lado direito: 𝐶𝑢2+(𝑎𝑞) + 2𝑒 − → 𝐶𝑢0(𝑠) 𝜀° = +0,34𝑉 𝑣𝑠 𝑆𝐻𝐸 Lado esquerdo: 𝐶𝑢0(𝑠) → 𝐶𝑢 2+ (𝑎𝑞) + 2𝑒 − 𝜀° = +0,34𝑉 𝑣𝑠 𝑆𝐻𝐸 Equação global: 𝐶𝑢2+(𝑎𝑞) + 𝐶𝑢(𝑠) → 𝐶𝑢 2+ (𝑎𝑞) + 𝐶𝑢 0 (𝑠) Potencial padrão: 𝜀° = 𝜀°𝐷 − 𝜀°𝐸 = 0,34 − (0,34) = 0𝑉 Escrevendo a equação de Nernst para essa pilha, encontra-se: 𝜀 = 0 − 0,013 ln 𝑏𝐸 𝐶𝑢2+ 𝑏𝐷 𝐶𝑢2+ ∗ 𝛾± 𝐸 𝛾± 𝐷 Nesse caso, será possível utiliza a teoria de Debye-Hückel (DH) para a solução do lado esquerde de 0,001 mol kg-1, isto porque ela pode ser consideração diluída. Portanto, utilizando essa teoria foi possível obter o coeficiente de atividade desse ponto a partir da molalidade do íon (b), os coeficientes estequiométricos do cátion e do anion (𝑧+𝑧−) e ovalor da constante de A igual a 0,509: log 𝛾± = −𝐴|𝑧+𝑧−|𝐼 1 2 Onde I é: 𝐼 = 1 2 ∑ 𝑧2𝑖 𝑖 ∗ ( 𝑏 𝑏𝜃 ) 𝐼 = 1 2 [(0,001 ∗ 22) + (0,001 ∗ (−2)2)] = 0,5 ∗ (4 ∗ 10−3 + 4 ∗ 10−3) = 4,00 ∗ 10−3 log 𝛾± 𝐸 = −0,509 ∗ |2 ∗ (−2)|(4,00 ∗ 10−3) 1 2 = −0,1288 𝛾± 𝐸 = 10−0,1288 = 0,7434 b CuSO4 (mol/kg) Esquerda b CuSO4 (mol/kg) Direita E experimental (V) 0,1 1 0,017 0,01 1 0,031 0,001 1 0,052 Temperatura = 298 K Tabela 1 Concentração das soluções de CuSO4 utilizadas e resultado encontrado para a Fem Substituindo os valores na equação de Nernst: 0,052 = −0,013 ln 0,001 1 ∗ 0,7434 𝛾± 𝐷 0,052 = −0,013 ln 0,0007434 𝛾± 𝐷 −4,0 = ln 0,0007434 − ln 𝛾± 𝐷 ln 𝛾± = ln 0,0007434 + 4,0 𝐷 ln 𝛾± = −3,204 𝐷 𝛾± 𝐷 = 𝑒−3,204 = 0,0406 Dessa maneira, tem-se que o 𝛾± 𝐷 = 0,0406, partindo dele, foi determinado os demais coeficientes de atividade, conforme tabela 2: Segundo os valores tabelados na literatura, atingiu-se resultados bem próximos do esperado quando analisado a solução mais diluido, isto é, para a concentração de 0,001 o esperado era de 0,74 e chegou em 0,74. Já para as soluções mais concentradas o valor foi se distanciando, logo, para a concentração de 0,01 o esperado era de 0,41 e obteve-se 0,37 e para a concentração de 0,1 era de 0,16 e obteve-se 0,11. CONCLUSÃO Foi possível com experimento relacionar diversos valores tabelados com os resultados experimentais, como o coeficiente de atividade e os potenciais das pilhas. Isso corrobora no entendimento mais aprofundado da matéria teórica. REFERÊNCIAS 1. Atkins P.; de Paula J. Físico-Química V 1 (cap 6). 10ª Ed. Grupo GEN. 2017 2. BARBOSA, M. Determinação da FEM de uma Célula Galvânica. Aula de Físico- Química Experimental II 2021. 3. ELECTROQUÍMICA E CORROSÃO – CÉLULAS GALVÂNICAS OU ELECTROQUÍMICAS, 2003. Tabela 2 Resultados de coeficiente de atividade de CuSO4 direita e esquerda Concentração esquerda Concentração direita Coeficiente de atividade esquerda Coeficiente de atividade direita E experimental (V) 0,1 1 0,110 0,0406 0,017 0,01 1 0,374 0,0406 0,031 0,001 1 0,743 0,0406 0,052 <http://www.docentes.ipt.pt/valentim/ensino/cel_galvanicas.pdf>. Acesso em: 23 agosto 2021. 4. EQUILÍBRIO DA OXIDAÇÃO E REDUÇÃO, 2002. <http://www.esalq.usp.br/lepse/imgs/conteudo_thumb/Equil-brio-da-oxida--o-e- redu--o.pdf>. Acesso em: 23 agosto 2021. http://www.docentes.ipt.pt/valentim/ensino/cel_galvanicas.pdf
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