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CCJ0006-WL-PA-16-Direito Civil I-Novo-15841

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Título 
8 - DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
8 
Tema 
DOS FATOS JURÍDICOS 
Objetivos 
l Conceituar e distinguir os fatos, atos jurídicos e negócios jurídicos. 
l Compreender  e identificar as formas de aquisição, modificação e perda do direito. 
l Assimilar os elementos constitutivos e pressupostos do ato jurídico. 
l Conhecer as diversas teorias a respeito dos atos jurídicos. 
l Distinguir o ato-fato jurídico e o ato jurídico stricto sensu. 
Estrutura do Conteúdo 
1- Dos Fatos Jurídicos.  
1.1 Noções distintivas sobre fatos, atos e negócios jurídicos. 
1.2 Aquisição, modificação e perda do direito. 
1.3 Ato jurídico: conceito, elementos constitutivos, pressupostos  
1.4 Ato-fato jurídico. 
                1.5 Ato jurídico stricto sensu. 
  
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
FATOS JURÍGENOS. 
(fato = acontecimento, jure=direito, geno =criar – fato que cria, que produz direito) 
Fato Jurídico, fato jurígeno ou fato gerador é todo acontecimento a que uma norma Jurídica atribui um efeito. 
Washington de Barros [1] define como: acontecimentos em virtude dos quais nascem, subsistem e se exƟnguem as relações jurídicas; 
  
Miguel Reale[2] informa que é todo e qualquer fato de ordem İsica ou social, inserido numa estrutura normaƟva; 
  
Arnold Wald[3] coloca que os fatos Jurídicos são aqueles que repercutem no direito, provocando a aquisição, a modificação ou a exƟnção de direitos subjeƟvos. 
Orlando Secco[4] dividiu os Fatos Jurídicos da seguinte forma: 
1 FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (SENTIDO LATO) - é todo acontecimento, dependente ou não da vontade humana, a que a lei atribui certos efeitos jurídicos. É o elemento que dá 
origem aos direitos subjeƟvos, impulsionando a criação da relação jurídica, concreƟzando as normas jurídicas. Observa-se que do direito objeƟvo não surge diretamente os 
direitos subjeƟvos, é necessário que exista uma “força” que impulsione o acontecimento contido na norma. 
Para um fato ser jurídico é preciso que tenha alguma conseqüência na inter -relação humana. Em alguns casos como, por exemplo, você chega na faculdade e não cumprimenta um 
determinado colega, isto não é um fato jurídico porque não existe lei que diga que você tenha que falar com todos os colegas. Já seu irmão, no quartel; se não bater conƟnência aos 
colegas de farda; sofre conseqüências porque existe uma norma que descreve esta situação e diz que todos devem se cumprimentar com a conƟnência. 
2 FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU) – é o acontecimento independente da vontade humana que produz efeitos jurídicos, que podem ser classificados em: 
A) ORDINÁRIO – como o nascimento, a morte, a menoridade, a maioridade, etc. 
B) EXTRAORDINÁRIO – como o caso fortuito e a força maior, que se caracterizam pela presença de dois requisitos: o primeiro é objeƟvo, que se configura na inevitabilidade do 
evento; e o segundo é o subjeƟvo, que é a ausência de culpa na produção do acontecimento. Na força maior conhece-se a causa que dá origem ao evento, pois se trata de um fato da 
natureza , como o raio, que provoca incêndio, a inundação, que danifica produtos. No caso fortuito, acidente que gera o dano, advém  de causa desconhecida, como o cabo elétrico 
aéreo que se rompe e cai sobre fios telefônicos, causando incêndio. 
Aqui trazemos os ensinamentos de Silvio de SalvoVenosa: 
“São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam efeito jurídico. Nesse contexto, admiƟmos a existência de fatos jurídicos em geral, em 
senƟdo amplo, que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana. 
Assim, são fatos jurídicos a chuva, o vento, o terremoto, a morte, bem como o usucapião, a construção de um imóvel, a pintura de uma tela. Tanto uns como outros apresentam, com 
maior ou menor profundidade, conseqüências jurídicas. Assim, a chuva, o vento, o terremoto, os chamados fatos naturais, podem receber a conceituação de fatos jurídicos se 
apresentarem conseqüências jurídicas, como a perda da propriedade, por sua destruição, por exemplo. Assim também ocorre com os fatos relacionados com o homem, mas 
independentes de sua vontade, como o nascimento, a morte, o decurso do tempo, os acidentes ocorridos em razão do trabalho. De todos esses fatos decorrem importanơssimas 
conseqüências jurídicas. O nascimento com vida, por exemplo, fixa o início da personalidade entre nós. Por aí se pode antecipar a importância da correta classificação dos fatos 
jurídicos. 
A matéria era lacunosa mormente em nossa lei civil de 1916. Em razão disso, cada autor procura sua própria classificação, não havendo, em conseqüência, unidade de 
denominação. A classificação aqui exposta é simples e acessível para aquele que se inicia nas letras jurídicas. 
Partamos do seguinte esquema: Assim, são considerados fatos jurídicos todos os acontecimentos que podem ocasionar efeitos jurídicos, todos os atos susceơveis de produzir 
aquisição, modificação ou exƟnção de direitos. 
São fatos naturais, considerados fatos jurídicos em senƟdo estrito, os eventos que independentes da vontade do homem, podem acarretar efeitos jurídicos. Tal é o caso do 
nascimento mencionado, ou terremoto, que pode ocasionar a perda da propriedade. 
Numa classificação mais estreita, são atos jurídicos (que podem também ser denominados atos humanos ou atos jurígenos) aqueles eventos emanados de uma vontade, quer tenham 
intenção precípua de ocasionar efeitos jurídicos, quer não. 
Os atos jurídicos dividem -se em atos lícitos e ilícitos. Afasta -se, de plano, a críƟca de que o ato ilícito não seja jurídico. Nessa classificação, como levamos em conta os efeitos dos 
atos para melhor entendimento, consideramos os atos ilícitos como parte da categoria de atos jurídicos, não considerando o senƟdo intrínseco da palavra, pois o ilícito não pode 
ser jurídico. Daí por que se qualificam melhor como atos humanos ou jurígenos, embora não seja essa a denominação usual dos doutrinadores. 
Atos jurídicos meramente lícitos são os praƟcados pelo homem sem intenção direta de ocasionar efeitos jurídicos, tais como invenção de um tesouro, plantação em terreno alheio, 
construção, pintura sobre uma tela. Todos esses atos podem ocasionar efeitos jurídicos, mas não têm, em si, tal intenção. São eles contemplados pelo art. 185 do atual Código. Esses 
atos não contêm um intuito negocial, dentro da terminologia que veremos adiante.  
O presente Código Civil procurou ser mais técnico e trouxe a redação do art. 185: "Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as 
disposições do Título anterior." Desse modo, o atual estatuto consolidou a compreensão doutrinária e manda que se aplique ao ato jurídico meramente lícito, no que for aplicável, a 
disciplina dos negócios jurídicos. 
Alguns autores, a propósito, preocupam -se com o que denominam ato -fato jurídico. O ato -fato jurídico, nessa classificação, é um fato jurídico qualificado pela atuação humana. 
Nesse caso, é irrelevante para o direito se a pessoa teve ou não a intenção de praƟcá-lo. O que se leva em conta é o efeito resultante do ato que pode ter repercussão jurídica, 
inclusive ocasionando prejuízos a terceiros. Como dissemos, toda a seara da teoria dos atos e negócios jurídicos é doutrinária, com muitas opiniões a respeito. Nesse senƟdo, 
costuma -se chamar à exemplificação os atos praƟcados por uma criança, na compra e venda de pequenos efeitos.  
Não se nega, porém, que há um senƟdo de negócio jurídico do infante que compra confeitos em um botequim. Ademais, em que pese à excelência dos doutrinadores que sufragam 
essa doutrina,  "em alguns momentos, torna-se bastante diİcil diferenciar o ato-fato jurídico do ato jurídico em senƟdo estrito categoria abaixo analisada. Isso porque, nesta 
úlƟma, a despeito de atuar a vontade humana, os efeitos produzidos pelo ato encontram-sepreviamente determinados pela lei, não havendo espaço para a autonomia da 
vontade" (Stolze Gagliano e Pamplona Filho, 2002:306). 
Por essa razão, não deve o iniciante das letras jurídicas preocupar -se com essa categoria, pois a matéria presta -se a vôos mais profundos na teoria geral do direito. 
Quando existe por parte do homem a intenção específica de gerar efeitos jurídicos ao adquirir, resguardar, transferir, modificar ou exƟnguir direitos, estamos diante do negócio 
jurídico. Tais atos nosso Código Civil de 1916 denominava atos jurídicos, de acordo com o art. 81 (ver art. 185 da nova Lei SubstanƟva Civil); a moderna doutrina prefere denominá-
los negócios jurídicos, por ver neles o chamado intuito negocial. Assim, serão negócios jurídicos tanto o testamento, que é unilateral, como o contrato, que é bilateral, negócios 
jurídicos por excelência.  
Quem faz um testamento, quem contrata está precipuamente procurando aƟngir determinados efeitos jurídicos. Desses atos brotam naturalmente efeitos jurídicos, porque essa é a 
intenção dos declarantes da vontade. Já nos atos meramente lícitos não encontramos o chamado intuito negocial. Neste úlƟmo caso, o efeito jurídico poderá surgir como 
circunstância acidental do ato, circunstância esta que não foi, na maioria das vezes, sequer imaginada por seu autor em seu nascedouro. 
Nosso legislador de 1916 não atentou para essas diferenças, limitando -se a definir o que entende por ato jurídico, sem mencionar a expressão negócio jurídico. 
Os atos ilícitos, que promanam direta ou indiretamente da vontade, são os que ocasionam efeitos jurídicos, mas contrários, lato sensu, ao ordenamento. No campo civil, importa 
conhecer os atos contrários ao Direito, à medida que ocasionam dano a outrem. Só nesse senƟdo o ato ilícito interessa ao direito privado. Não tem o Direito Civil a função de punir o 
culpado. Essa é a atribuição do Direito Penal e do Direito Processual Penal. Só há interesse em conhecer um ato ilícito, para tal conceituado como ilícito civil, quando há dano 
ocasionado a alguém e este é indenizável. Dano e indenização são, portanto, um binômio inseparável no campo do direito privado. Por essa razão, o campo da ilicitude civil é mais 
amplo do que o da ilicitude penal. Só há crime quando a lei define a conduta humana como tal. Há ato ilícito civil em todos os casos em que, com ou sem intenção, alguém cause 
dano a outrem. 
Há situações em que existe a intenção de praƟcar o dano. Tem-se aí o chamado dolo. Quando o agente praƟca o dano com culpa, isto é, quando seu ato é decorrente de imprudência, 
negligência ou imperícia, e decorre daí um dano, também estaremos no campo do ilícito civil. O ato ilícito, nessas duas modalidades, vinha descrito no art. 159 do Código Civil de 
1916: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direto, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano". O presente Código, no 
art. 186, mantém a mesma idéia: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito."  
O vigente diploma, ainda consagra a possibilidade de indenização do dano exclusivamente moral, como autorizou a ConsƟtuição de 1988, subsƟtui a parơcula alternaƟva "ou" 
presente no Código anƟgo, pela adiƟva "e". Desse modo, na letra da nova lei, não basta violar direito, como estampava o anƟgo estatuto, é necessário que ocorra o dano a outrem. A 
matéria dará, sem dúvida, azo a críƟcas e a várias interpretações, como estudaremos no volume dedicado exclusivamente à responsabilidade civil.  
Trata-se, em ambas as situações, de qualquer modo, da responsabilidade civil. Na culpa ou no dolo, a vontade está presente, ainda que de forma indireta, como no caso de culpa. 
Há situações em que, mesmo na ausência de vontade, mas perante o dano, ocorre o dever de indenizar. São os casos da chamada responsabilidade objeƟva, criados por necessidade 
social, como nos acidentes de trabalho. 
Ato-fato jurídico 
O Ato-Fato Jurídico é um fato jurídico qualificado pela atuação humana. É um ato humano, com substancia de fato jurídico, não sendo relevante para norma se houve, ou não, 
intenção de praƟcá-lo. É um "fato humano", onde a relevância é atribuída à conseqüência do ato e não a vontade humana. A doutrina os divide em atos reais , atos -fatos 
indenizaƟvos e atos jurídicos caducificantes . 
É importante salientar, que esta espécie do fato jurídico em senƟdo amplo, não possui uma regra específica no Direito Civil. Talvez seja por esse moƟvo que o ato-fato jurídico seja 
pouco lembrado pela doutrina, apesar de ser uma das espécies do fato jurídico (gênero) capazes de gerar o dever de indenizar. 
A ação humana, qualificada pela relevância da vontade do ato praƟcado, pode ser classificada em lícita ou ilícita. A conduta humana pode ser, portanto, obediente ou 
contraveniente à ordem jurídica. O indivíduo pode conformar -se com a as prescrições legais, ou proceder em desobediência a elas. 
Os atos lícitos são aqueles que guardam conformação com o direito. Já os atos lícitos são diametralmente opostos aos atos lícitos, são contrários ao direito. 
A ações humanas lícitas se subdividem em ato jurídico stricto sensu e em negócio jurídico. 
O Ato Jurídico stricto sensu são ações humanas lícitas que geram efeitos previstos em lei. Ele é caracterizado pela sua manifestação da vontade limitada. 
O ato jurídico em senƟdo estrito, reconhecido por inúmeros doutrinadores de escol, consƟtui simples manifestação de vontade, sem conteúdo negocial, que determina a produção de 
efeitos legalmente previstos. 
Neste Ɵpo de ato, não existe propriamente uma declaração de vontade manifestada com o propósito de aƟngir, dento do campo da autonomia privada, os efeitos jurídicos 
pretendidos pelo agente (como no negócio jurídico), mas sim um simples comportamento humano deflagrador de efeitos previamente estabelecidos em lei. 
O ato jurídico , apenas realiza o fato descrito no Ɵpo legal, ou seja, ele se adequa a discrição fáƟca legal, produzindo os efeitos previstos em lei. Nada impede portanto que a 
adequação ơpica do ato jurídico stricto sensu gere, como conseqüência, o dever de reparar o dano causado. 
Esta espécie de fato jurídico se subdivide em atos materiais e parƟcipações. Os ato materiais ou reais, são os atos nos quais existe uma vontade consciente na origem da aƟvidade 
humana, mas o mesmo não ocorre na produção dos seus efeitos, ou seja, existe uma vontade na produção de um ato, mas não objeƟvando a produção de seus efeitos, os quais são 
produzidos sem o seu querer. Já as parƟcipações são "atos de mera comunicação, dirigidos a determinado desƟnatário, e sem conteúdo negocial. " (9) 
Este insƟtuto jurídico, não foi regulado na parte geral do Código Civil de 1916, apenas foi lembrado em normas isoladas na parte especial. Já o novo Código Civil de 2002, regulou de 
forma genérica os atos jurídicos em senƟdo estrito, aplicando, no que couber, as normas genéricas dos negócios jurídicos. 
Negócio Jurídico 
Tem origem na doutrina alemã e foi assimilado pela Itália e posteriormente por outros países. Fundamentalmente, consiste na manifestação de vontade que procura produzir 
determinado efeito jurídico, embora haja profundas divergências em sua conceituação na doutrina. Trata -se de uma declaração de vontade que não apenas consƟtui um ato livre, 
mas pela qual o declarante procura uma relação jurídica entre as várias possibilidades que oferece o universo jurídico. Inclusive, há ponderável doutrina estrangeira que entende 
que o negócio jurídico já é uma conceituação superada, tendo em vista o rumo tomado pelos estudos mais recentes (Ferri, 1995:61). Há, sem dúvida, manifestações de vontade que 
não são livres na essência, mormente no campo contratual, o que dificulta a compreensão original do negócio jurídico.  
É, contudo, no negócio jurídico, até que se estabeleça nova conceituação, onde repousa a base da autonomia da vontade,o fundamento do direito privado. Não obstante as críƟcas 
que sofre, a doutrina do negócio jurídico demonstra ainda grande vitalidade no direito ocidental, mormente na Itália, Alemanha e França. O negócio jurídico conƟnua sendo um 
ponto fundamental de referência teórica e práƟca. É por meio do negócio jurídico que se dá vida às relações jurídicas tuteladas pelo direito. 
Nosso Código Civil de 1916 não regulamentou o negócio jurídico, preferindo tratá -lo como ato jurídico. No entanto, esse estatuto civil trata de diferentes modalidades de atos 
unilaterais e de contratos que nada mais são do que negócios jurídicos. Embora a categoria também seja usada no direito público, é no direito privado que encontramos o maior 
número de modalidades de negócios jurídicos. O atual Código adota a denominação negócio jurídico (arts. 104 ss). 
O Código de 1916, ao definir ato jurídico no art. 81, estava, na realidade, referindo -se ao conceito já conhecido na época de negócio jurídico: "Todo ato lícito, que tenha por fim 
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou exƟnguir direitos, se denomina ato jurídico." O Código de 2002 preferiu não repeƟr a definição. Poucas leis o definem, é 
verdade. 
Lembre -se do Código Civil holandês, que no art. 33 do livro terceiro define o negócio jurídico como o ato de vontade que é desƟnado a produzir efeitos jurídicos e que se manifesta 
com uma declaração. Muito, porém, discuƟu a doutrina até chegar a essa sintéƟca compreensão do fenômeno. Cuida-se muito mais de uma categoria que surge por uma necessidade 
de sistemaƟzação. 
NASCIMENTO E AQUISIÇÃO DE DIREITOS. 
É a conjunção do direito com seu Ɵtular. Adquirir um direito é tornar-se o Ɵtular do mesmo e ser o Ɵtular de um direito é possuir o mesmo como coisa própria, é apropriar-se dele. 
Todo direito pertence a alguém que o adquire, e esse alguém, em virtude da aquisição, assume a posição de Ɵtular do direito, e este Ɵtular recebe a denominação de sujeito de 
direito. 
– FORMAS DE AQUISIÇÃO DE DIREITOS 
ORIGINÁRIA – ocorre quando o sujeito passa a possuir o direito sem que haja qualquer relacionamento jurídico com um outro sujeito na qualidade de Ɵtular anterior desse mesmo 
direito. É quando o direito nascer no momento em que o Ɵtular se apropria do bem de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa. O Direito nasceu como 
fato. Ex. a ocupação de coisa abandonada (1263 do CC) (1260 CC), a apropriação de uma concha que o mar aƟra na praia, etc; 
DERIVADA – quando houver transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, exisƟndo uma relação jurídica entre o anterior e o atual Ɵtular. Ex.compra e venda (481 do 
CC) , doação (538 do CC), herança (1784 do CC) etc. 
Ocorre que a transferência de direitos de um Ɵtular para outro pode não ser completa , daí pode dividindo-se em: 
TRANSLATIVA – transferência total dos direitos de um Ɵtular para outro. Há a aquisição por parte do novo Ɵtular e exƟnção por parte do anƟgo. Ex. compra e venda a vista.  
CONSTITUTIVA – é aquela em que o Ɵtular anterior ainda mantém consigo alguma parcela do direito sobre o bem objeto da transferência. Ex. Doação com cláusula de usufruto (1390 
do CC), alienação fiduciária em garanƟa (Decreto Lei 911/69). 
A aquisição pode ser ainda:  
GRATUITA – se não houver qualquer contraprestação. Ex. sucessão hereditária, doação etc. 
ONEROSA – quando o patrimônio do adquirente enriquece em razão de uma contraprestação. Ex. compra e venda. 
– O DIREITO ADQUIRIDO 
FRANCESCO GABBA, em sua obra “A Teoria della Retroaƫvità delle Leggi”,Roma, 1891, escreveu: 
 “É direito adquirido todo direito que”: a) seja conseqüência de um fato idôneo a produzi -lo, em virtude da lei do tempo no qual o fato se viu realizado, embora a ocasião de fazê -lo 
valer não se tenha apresentado antes da atuação de uma lei nova a respeito do mesmo;e que b) nos termos da lei sob o império da qual se verificou o fato de onde se origina, entrou 
imediatamente a fazer parte do patrimônio de quem o adquiriu.” 
REYNALDO PORCHAT, na obra RetroaƟvidade das Leis Civis, São Paulo,Duprat, 1909, acrescenta:  
“Direitos adquiridos são conseqüências de fatos jurídicos passados, mas conseqüências ainda não realizadas, que ainda não se tornaram de todo efeƟvas. Direito adquirido é, pois, 
todo direito fundado sobre um fato jurídico que já sucedeu, mas que ainda não foi feito valer.” 
É o que já se incorporou definiƟvamente ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito de direito. O direito torna-se adquirido por conseqüência concreta e direta da norma jurídica 
ou pela ocorrência, em conexão com a imputação normaƟva, de fato idôneo, que gera a incorporação ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito. 
Portanto, tal direito adquirido, uma vez incorporado ao patrimônio e/ou à personalidade, não pode ser aƟngido pela norma jurídica nova.  
– EXPECTATIVA DE DIREITO. 
Do latim expectare, esperar. 
 Situação jurídica da pessoa cujo direito subjeƟvo, para se perfazer, carece da realização de um ato ou fato futuro e previsível. Como diz, com muita propriedade, De Plácido e Silva, 
a expectaƟva de direito é uma esperança, que se configura na probabilidade ou na possibilidade de o interessado vir a adquirir ou ter um direito subjeƟvo. Não se confunde, a nosso 
ver, com o direito eventual, que se perfaz sem a previsibilidade inerente à expectaƟva de direito.  
Exemplificando: o herdeiro de alguém ainda não falecido tem mera expectaƟva de direito quanto ao seu quinhão na herança, embora seja previsível que este, cedo ou tarde, 
consƟtuirá objeto de um direito devidamente caracterizado. Já o direito eventual independe de qualquer previsão, podendo originar-se do caso fortuito, do acaso, enfim, p. ex., o 
direito à recompensa pela resƟtuição de coisa achada  
É a mera possibilidade de aquisição de direito, que, dependendo ainda de certas circunstâncias, ainda não se consumou. A expectaƟva, por mais legíƟma que possa ser, não tem 
garantia contra a lei nova. 
- DIREITO ATUAL. 
É o que já está estabelecido, já que tem vida em mãos de adquirente ou Ɵtular, mesmo ainda dependente de condição prestabelecida, inalterável a arbítrio de outrem, ou seja, de 
termo inicial. O direito já está sendo exercido. 
- DIREITO FUTURO. 
Compreende direito condicional e eventual, ambos dependem da realização de um fato futuro e incerto, para que possa surƟr, integralmente, os seus efeitos. Não se mostra 
consumado. Ex: advogado que ganhará um estágio se for aprovado com nota 10 na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito. 
- DIREITO EVENTUAL. 
É o que nasce de um ato ou fato, em que já se encontra um de seus elementos, mas que não possuía o elemento principal para a sua formação. E somente quando ele veio é que o 
direito se gerou. 
O ATO JURÍDICO PERFEITO. 
É o ato praƟcado em certo momento histórico, em consonância com as normas jurídicas vigente naquela ocasião. É o ato consumado, pelo exercício do direito estabelecido segundo 
a norma vigente ao tempo em que ele foi exercido. 
Ressalta-se que é o ato consumado e não o ato que ainda está em curso. O ato jurídico perfeito diz respeito ao exercício do direito de praƟcar atos jurídicos, ele pressupõe um direito 
adquirido que só se garante após ser exteriorizado por ato jurídico.Não necessita só do direito garanƟdo mas também do exercício do fato. 
A COISA JULGADA. 
É a qualidade atribuída aos efeitos da decisão judicial definiƟva, considerada esta a decisão de que já não cabe recurso. Não cabe mais recurso significa que já se percorreram 
todas as instâncias recursais possíveis dos Tribunais Superiores ou que já não cabe recurso, porque o prazo para seu ingresso transcorreu sem que houvesse sido   interposto 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
  
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Fato Jurídico 
N. de páginas do capítulo: 18 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1Maria desejava muito ter um filho, mas em razão de sua infertilidade, acabou adotando Francisco, que fora abandonado ao nascer na porta da maternidade. Em razão disso, 
foi necessário montar um novo quarto para receber seu herdeiro; ela, então precisou comprar móveis novos e um lindo enxoval para o bebê. Na semana seguinte à adoção 
de seu filho, Maria recebeu a notícia do nascimento de seu sobrinho, Bernardo, filho de sua irmã Filomena e ficou muito emocionada ao ser convidada para ser sua 
madrinha. 
  
a) Encontre no caso narrado: um fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico. 
  
b) Por que o fato da irmã de Maria tê-la convidado para ser madrinha de seu filho não configura um negócio jurídico?  
CASO CONCRETO 2 
Alcebíades, desde criança, mal consegue se comunicar em razão de ter nascido com uma anomalia genética, que lhe dificulta a conversação e o entendimento de coisas 
banais do dia-a-dia. Atualmente, ele tem 38 anos e reside em imóvel próprio. Ontem, caminhando pelo jardim, resolveu cavar um buraco para plantar uma palmeira, ocasião 
na qual encontrou um baú com diversas jóias do Século XVII. 
1) Qual a natureza jurídica do ato de Alcebíades ( achar o tesouro )?  
2)Alcebíades poderá adquirir a propriedade do tesouro mesmo sendo absolutamente incapaz ? Justifique. 
QUESTÃO OBJETIVA 
Sobre a teoria geral dos fatos jurídicos, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) O que caracteriza o ato-fato jurídico é tratar-se de ato humano avolitivo que entra no mundo jurídico como fato. 
b) No ato-fato jurídico a vontade do agente não integra o suporte fático, razão pela qual o louco pode praticá-lo eficazmente. 
c) O ato-fato é um fato natural a que se atribui os mesmos efeitos dos atos humanos. 
d) No ato-fato é irrelevante que o agente queira ou não praticar o ato, bastando que o pratique para que o ato exista e produza efeitos. 
Plano de Aula: 8 - DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 1 / 5
Título 
8 - DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
8 
Tema 
DOS FATOS JURÍDICOS 
Objetivos 
l Conceituar e distinguir os fatos, atos jurídicos e negócios jurídicos. 
l Compreender  e identificar as formas de aquisição, modificação e perda do direito. 
l Assimilar os elementos constitutivos e pressupostos do ato jurídico. 
l Conhecer as diversas teorias a respeito dos atos jurídicos. 
l Distinguir o ato-fato jurídico e o ato jurídico stricto sensu. 
Estrutura do Conteúdo 
1- Dos Fatos Jurídicos.  
1.1 Noções distintivas sobre fatos, atos e negócios jurídicos. 
1.2 Aquisição, modificação e perda do direito. 
1.3 Ato jurídico: conceito, elementos constitutivos, pressupostos  
1.4 Ato-fato jurídico. 
                1.5 Ato jurídico stricto sensu. 
  
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
FATOS JURÍGENOS. 
(fato = acontecimento, jure=direito, geno =criar – fato que cria, que produz direito) 
Fato Jurídico, fato jurígeno ou fato gerador é todo acontecimento a que uma norma Jurídica atribui um efeito. 
Washington de Barros [1] define como: acontecimentos em virtude dos quais nascem, subsistem e se exƟnguem as relações jurídicas; 
  
Miguel Reale[2] informa que é todo e qualquer fato de ordem İsica ou social, inserido numa estrutura normaƟva; 
  
Arnold Wald[3] coloca que os fatos Jurídicos são aqueles que repercutem no direito, provocando a aquisição, a modificação ou a exƟnção de direitos subjeƟvos. 
Orlando Secco[4] dividiu os Fatos Jurídicos da seguinte forma: 
1 FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (SENTIDO LATO) - é todo acontecimento, dependente ou não da vontade humana, a que a lei atribui certos efeitos jurídicos. É o elemento que dá 
origem aos direitos subjeƟvos, impulsionando a criação da relação jurídica, concreƟzando as normas jurídicas. Observa-se que do direito objeƟvo não surge diretamente os 
direitos subjeƟvos, é necessário que exista uma “força” que impulsione o acontecimento contido na norma. 
Para um fato ser jurídico é preciso que tenha alguma conseqüência na inter -relação humana. Em alguns casos como, por exemplo, você chega na faculdade e não cumprimenta um 
determinado colega, isto não é um fato jurídico porque não existe lei que diga que você tenha que falar com todos os colegas. Já seu irmão, no quartel; se não bater conƟnência aos 
colegas de farda; sofre conseqüências porque existe uma norma que descreve esta situação e diz que todos devem se cumprimentar com a conƟnência. 
2 FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU) – é o acontecimento independente da vontade humana que produz efeitos jurídicos, que podem ser classificados em: 
A) ORDINÁRIO – como o nascimento, a morte, a menoridade, a maioridade, etc. 
B) EXTRAORDINÁRIO – como o caso fortuito e a força maior, que se caracterizam pela presença de dois requisitos: o primeiro é objeƟvo, que se configura na inevitabilidade do 
evento; e o segundo é o subjeƟvo, que é a ausência de culpa na produção do acontecimento. Na força maior conhece-se a causa que dá origem ao evento, pois se trata de um fato da 
natureza , como o raio, que provoca incêndio, a inundação, que danifica produtos. No caso fortuito, acidente que gera o dano, advém  de causa desconhecida, como o cabo elétrico 
aéreo que se rompe e cai sobre fios telefônicos, causando incêndio. 
Aqui trazemos os ensinamentos de Silvio de SalvoVenosa: 
“São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam efeito jurídico. Nesse contexto, admiƟmos a existência de fatos jurídicos em geral, em 
senƟdo amplo, que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana. 
Assim, são fatos jurídicos a chuva, o vento, o terremoto, a morte, bem como o usucapião, a construção de um imóvel, a pintura de uma tela. Tanto uns como outros apresentam, com 
maior ou menor profundidade, conseqüências jurídicas. Assim, a chuva, o vento, o terremoto, os chamados fatos naturais, podem receber a conceituação de fatos jurídicos se 
apresentarem conseqüências jurídicas, como a perda da propriedade, por sua destruição, por exemplo. Assim também ocorre com os fatos relacionados com o homem, mas 
independentes de sua vontade, como o nascimento, a morte, o decurso do tempo, os acidentes ocorridos em razão do trabalho. De todos esses fatos decorrem importanơssimas 
conseqüências jurídicas. O nascimento com vida, por exemplo, fixa o início da personalidade entre nós. Por aí se pode antecipar a importância da correta classificação dos fatos 
jurídicos. 
A matéria era lacunosa mormente em nossa lei civil de 1916. Em razão disso, cada autor procura sua própria classificação, não havendo, em conseqüência, unidade de 
denominação. A classificação aqui exposta é simples e acessível para aquele que se inicia nas letras jurídicas. 
Partamos do seguinte esquema: Assim, são considerados fatos jurídicos todos os acontecimentos que podem ocasionar efeitos jurídicos, todos os atos susceơveis de produzir 
aquisição, modificação ou exƟnção de direitos. 
São fatos naturais, considerados fatos jurídicos em senƟdo estrito, os eventos que independentes da vontade do homem, podem acarretar efeitos jurídicos. Tal é o caso do 
nascimento mencionado, ou terremoto, que pode ocasionar a perda da propriedade. 
Numa classificação mais estreita, são atos jurídicos (que podem também ser denominados atos humanos ou atos jurígenos) aqueles eventos emanados de uma vontade, quer tenham 
intenção precípua de ocasionar efeitos jurídicos, quer não. 
Os atos jurídicos dividem -se em atos lícitos e ilícitos. Afasta -se, de plano, a críƟca de que o ato ilícito não seja jurídico. Nessa classificação, como levamos em conta os efeitos dos 
atos para melhor entendimento, consideramos os atos ilícitos como parte da categoria de atos jurídicos, não considerando o senƟdo intrínseco da palavra, pois o ilícito não pode 
ser jurídico. Daí por que se qualificam melhor como atos humanos ou jurígenos, embora não sejaessa a denominação usual dos doutrinadores. 
Atos jurídicos meramente lícitos são os praƟcados pelo homem sem intenção direta de ocasionar efeitos jurídicos, tais como invenção de um tesouro, plantação em terreno alheio, 
construção, pintura sobre uma tela. Todos esses atos podem ocasionar efeitos jurídicos, mas não têm, em si, tal intenção. São eles contemplados pelo art. 185 do atual Código. Esses 
atos não contêm um intuito negocial, dentro da terminologia que veremos adiante.  
O presente Código Civil procurou ser mais técnico e trouxe a redação do art. 185: "Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as 
disposições do Título anterior." Desse modo, o atual estatuto consolidou a compreensão doutrinária e manda que se aplique ao ato jurídico meramente lícito, no que for aplicável, a 
disciplina dos negócios jurídicos. 
Alguns autores, a propósito, preocupam -se com o que denominam ato -fato jurídico. O ato -fato jurídico, nessa classificação, é um fato jurídico qualificado pela atuação humana. 
Nesse caso, é irrelevante para o direito se a pessoa teve ou não a intenção de praƟcá-lo. O que se leva em conta é o efeito resultante do ato que pode ter repercussão jurídica, 
inclusive ocasionando prejuízos a terceiros. Como dissemos, toda a seara da teoria dos atos e negócios jurídicos é doutrinária, com muitas opiniões a respeito. Nesse senƟdo, 
costuma -se chamar à exemplificação os atos praƟcados por uma criança, na compra e venda de pequenos efeitos.  
Não se nega, porém, que há um senƟdo de negócio jurídico do infante que compra confeitos em um botequim. Ademais, em que pese à excelência dos doutrinadores que sufragam 
essa doutrina,  "em alguns momentos, torna-se bastante diİcil diferenciar o ato-fato jurídico do ato jurídico em senƟdo estrito categoria abaixo analisada. Isso porque, nesta 
úlƟma, a despeito de atuar a vontade humana, os efeitos produzidos pelo ato encontram-se previamente determinados pela lei, não havendo espaço para a autonomia da 
vontade" (Stolze Gagliano e Pamplona Filho, 2002:306). 
Por essa razão, não deve o iniciante das letras jurídicas preocupar -se com essa categoria, pois a matéria presta -se a vôos mais profundos na teoria geral do direito. 
Quando existe por parte do homem a intenção específica de gerar efeitos jurídicos ao adquirir, resguardar, transferir, modificar ou exƟnguir direitos, estamos diante do negócio 
jurídico. Tais atos nosso Código Civil de 1916 denominava atos jurídicos, de acordo com o art. 81 (ver art. 185 da nova Lei SubstanƟva Civil); a moderna doutrina prefere denominá-
los negócios jurídicos, por ver neles o chamado intuito negocial. Assim, serão negócios jurídicos tanto o testamento, que é unilateral, como o contrato, que é bilateral, negócios 
jurídicos por excelência.  
Quem faz um testamento, quem contrata está precipuamente procurando aƟngir determinados efeitos jurídicos. Desses atos brotam naturalmente efeitos jurídicos, porque essa é a 
intenção dos declarantes da vontade. Já nos atos meramente lícitos não encontramos o chamado intuito negocial. Neste úlƟmo caso, o efeito jurídico poderá surgir como 
circunstância acidental do ato, circunstância esta que não foi, na maioria das vezes, sequer imaginada por seu autor em seu nascedouro. 
Nosso legislador de 1916 não atentou para essas diferenças, limitando -se a definir o que entende por ato jurídico, sem mencionar a expressão negócio jurídico. 
Os atos ilícitos, que promanam direta ou indiretamente da vontade, são os que ocasionam efeitos jurídicos, mas contrários, lato sensu, ao ordenamento. No campo civil, importa 
conhecer os atos contrários ao Direito, à medida que ocasionam dano a outrem. Só nesse senƟdo o ato ilícito interessa ao direito privado. Não tem o Direito Civil a função de punir o 
culpado. Essa é a atribuição do Direito Penal e do Direito Processual Penal. Só há interesse em conhecer um ato ilícito, para tal conceituado como ilícito civil, quando há dano 
ocasionado a alguém e este é indenizável. Dano e indenização são, portanto, um binômio inseparável no campo do direito privado. Por essa razão, o campo da ilicitude civil é mais 
amplo do que o da ilicitude penal. Só há crime quando a lei define a conduta humana como tal. Há ato ilícito civil em todos os casos em que, com ou sem intenção, alguém cause 
dano a outrem. 
Há situações em que existe a intenção de praƟcar o dano. Tem-se aí o chamado dolo. Quando o agente praƟca o dano com culpa, isto é, quando seu ato é decorrente de imprudência, 
negligência ou imperícia, e decorre daí um dano, também estaremos no campo do ilícito civil. O ato ilícito, nessas duas modalidades, vinha descrito no art. 159 do Código Civil de 
1916: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direto, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano". O presente Código, no 
art. 186, mantém a mesma idéia: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito."  
O vigente diploma, ainda consagra a possibilidade de indenização do dano exclusivamente moral, como autorizou a ConsƟtuição de 1988, subsƟtui a parơcula alternaƟva "ou" 
presente no Código anƟgo, pela adiƟva "e". Desse modo, na letra da nova lei, não basta violar direito, como estampava o anƟgo estatuto, é necessário que ocorra o dano a outrem. A 
matéria dará, sem dúvida, azo a críƟcas e a várias interpretações, como estudaremos no volume dedicado exclusivamente à responsabilidade civil.  
Trata-se, em ambas as situações, de qualquer modo, da responsabilidade civil. Na culpa ou no dolo, a vontade está presente, ainda que de forma indireta, como no caso de culpa. 
Há situações em que, mesmo na ausência de vontade, mas perante o dano, ocorre o dever de indenizar. São os casos da chamada responsabilidade objeƟva, criados por necessidade 
social, como nos acidentes de trabalho. 
Ato-fato jurídico 
O Ato-Fato Jurídico é um fato jurídico qualificado pela atuação humana. É um ato humano, com substancia de fato jurídico, não sendo relevante para norma se houve, ou não, 
intenção de praƟcá-lo. É um "fato humano", onde a relevância é atribuída à conseqüência do ato e não a vontade humana. A doutrina os divide em atos reais , atos -fatos 
indenizaƟvos e atos jurídicos caducificantes . 
É importante salientar, que esta espécie do fato jurídico em senƟdo amplo, não possui uma regra específica no Direito Civil. Talvez seja por esse moƟvo que o ato-fato jurídico seja 
pouco lembrado pela doutrina, apesar de ser uma das espécies do fato jurídico (gênero) capazes de gerar o dever de indenizar. 
A ação humana, qualificada pela relevância da vontade do ato praƟcado, pode ser classificada em lícita ou ilícita. A conduta humana pode ser, portanto, obediente ou 
contraveniente à ordem jurídica. O indivíduo pode conformar -se com a as prescrições legais, ou proceder em desobediência a elas. 
Os atos lícitos são aqueles que guardam conformação com o direito. Já os atos lícitos são diametralmente opostos aos atos lícitos, são contrários ao direito. 
A ações humanas lícitas se subdividem em ato jurídico stricto sensu e em negócio jurídico. 
O Ato Jurídico stricto sensu são ações humanas lícitas que geram efeitos previstos em lei. Ele é caracterizado pela sua manifestação da vontade limitada. 
O ato jurídico em senƟdo estrito, reconhecido por inúmeros doutrinadores de escol, consƟtui simples manifestação de vontade, sem conteúdo negocial, que determina a produção de 
efeitos legalmente previstos. 
Neste Ɵpo de ato, não existe propriamente uma declaração de vontade manifestada com o propósito de aƟngir, dento do campo da autonomia privada, os efeitos jurídicos 
pretendidos pelo agente (como no negócio jurídico), mas sim um simples comportamento humano deflagrador de efeitos previamente estabelecidos em lei. 
O ato jurídico , apenas realiza o fato descrito no Ɵpo legal, ou seja, ele se adequaa discrição fáƟca legal, produzindo os efeitos previstos em lei. Nada impede portanto que a 
adequação ơpica do ato jurídico stricto sensu gere, como conseqüência, o dever de reparar o dano causado. 
Esta espécie de fato jurídico se subdivide em atos materiais e parƟcipações. Os ato materiais ou reais, são os atos nos quais existe uma vontade consciente na origem da aƟvidade 
humana, mas o mesmo não ocorre na produção dos seus efeitos, ou seja, existe uma vontade na produção de um ato, mas não objeƟvando a produção de seus efeitos, os quais são 
produzidos sem o seu querer. Já as parƟcipações são "atos de mera comunicação, dirigidos a determinado desƟnatário, e sem conteúdo negocial. " (9) 
Este insƟtuto jurídico, não foi regulado na parte geral do Código Civil de 1916, apenas foi lembrado em normas isoladas na parte especial. Já o novo Código Civil de 2002, regulou de 
forma genérica os atos jurídicos em senƟdo estrito, aplicando, no que couber, as normas genéricas dos negócios jurídicos. 
Negócio Jurídico 
Tem origem na doutrina alemã e foi assimilado pela Itália e posteriormente por outros países. Fundamentalmente, consiste na manifestação de vontade que procura produzir 
determinado efeito jurídico, embora haja profundas divergências em sua conceituação na doutrina. Trata -se de uma declaração de vontade que não apenas consƟtui um ato livre, 
mas pela qual o declarante procura uma relação jurídica entre as várias possibilidades que oferece o universo jurídico. Inclusive, há ponderável doutrina estrangeira que entende 
que o negócio jurídico já é uma conceituação superada, tendo em vista o rumo tomado pelos estudos mais recentes (Ferri, 1995:61). Há, sem dúvida, manifestações de vontade que 
não são livres na essência, mormente no campo contratual, o que dificulta a compreensão original do negócio jurídico.  
É, contudo, no negócio jurídico, até que se estabeleça nova conceituação, onde repousa a base da autonomia da vontade, o fundamento do direito privado. Não obstante as críƟcas 
que sofre, a doutrina do negócio jurídico demonstra ainda grande vitalidade no direito ocidental, mormente na Itália, Alemanha e França. O negócio jurídico conƟnua sendo um 
ponto fundamental de referência teórica e práƟca. É por meio do negócio jurídico que se dá vida às relações jurídicas tuteladas pelo direito. 
Nosso Código Civil de 1916 não regulamentou o negócio jurídico, preferindo tratá -lo como ato jurídico. No entanto, esse estatuto civil trata de diferentes modalidades de atos 
unilaterais e de contratos que nada mais são do que negócios jurídicos. Embora a categoria também seja usada no direito público, é no direito privado que encontramos o maior 
número de modalidades de negócios jurídicos. O atual Código adota a denominação negócio jurídico (arts. 104 ss). 
O Código de 1916, ao definir ato jurídico no art. 81, estava, na realidade, referindo -se ao conceito já conhecido na época de negócio jurídico: "Todo ato lícito, que tenha por fim 
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou exƟnguir direitos, se denomina ato jurídico." O Código de 2002 preferiu não repeƟr a definição. Poucas leis o definem, é 
verdade. 
Lembre -se do Código Civil holandês, que no art. 33 do livro terceiro define o negócio jurídico como o ato de vontade que é desƟnado a produzir efeitos jurídicos e que se manifesta 
com uma declaração. Muito, porém, discuƟu a doutrina até chegar a essa sintéƟca compreensão do fenômeno. Cuida-se muito mais de uma categoria que surge por uma necessidade 
de sistemaƟzação. 
NASCIMENTO E AQUISIÇÃO DE DIREITOS. 
É a conjunção do direito com seu Ɵtular. Adquirir um direito é tornar-se o Ɵtular do mesmo e ser o Ɵtular de um direito é possuir o mesmo como coisa própria, é apropriar-se dele. 
Todo direito pertence a alguém que o adquire, e esse alguém, em virtude da aquisição, assume a posição de Ɵtular do direito, e este Ɵtular recebe a denominação de sujeito de 
direito. 
– FORMAS DE AQUISIÇÃO DE DIREITOS 
ORIGINÁRIA – ocorre quando o sujeito passa a possuir o direito sem que haja qualquer relacionamento jurídico com um outro sujeito na qualidade de Ɵtular anterior desse mesmo 
direito. É quando o direito nascer no momento em que o Ɵtular se apropria do bem de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa. O Direito nasceu como 
fato. Ex. a ocupação de coisa abandonada (1263 do CC) (1260 CC), a apropriação de uma concha que o mar aƟra na praia, etc; 
DERIVADA – quando houver transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, exisƟndo uma relação jurídica entre o anterior e o atual Ɵtular. Ex.compra e venda (481 do 
CC) , doação (538 do CC), herança (1784 do CC) etc. 
Ocorre que a transferência de direitos de um Ɵtular para outro pode não ser completa , daí pode dividindo-se em: 
TRANSLATIVA – transferência total dos direitos de um Ɵtular para outro. Há a aquisição por parte do novo Ɵtular e exƟnção por parte do anƟgo. Ex. compra e venda a vista.  
CONSTITUTIVA – é aquela em que o Ɵtular anterior ainda mantém consigo alguma parcela do direito sobre o bem objeto da transferência. Ex. Doação com cláusula de usufruto (1390 
do CC), alienação fiduciária em garanƟa (Decreto Lei 911/69). 
A aquisição pode ser ainda:  
GRATUITA – se não houver qualquer contraprestação. Ex. sucessão hereditária, doação etc. 
ONEROSA – quando o patrimônio do adquirente enriquece em razão de uma contraprestação. Ex. compra e venda. 
– O DIREITO ADQUIRIDO 
FRANCESCO GABBA, em sua obra “A Teoria della Retroaƫvità delle Leggi”,Roma, 1891, escreveu: 
 “É direito adquirido todo direito que”: a) seja conseqüência de um fato idôneo a produzi -lo, em virtude da lei do tempo no qual o fato se viu realizado, embora a ocasião de fazê -lo 
valer não se tenha apresentado antes da atuação de uma lei nova a respeito do mesmo;e que b) nos termos da lei sob o império da qual se verificou o fato de onde se origina, entrou 
imediatamente a fazer parte do patrimônio de quem o adquiriu.” 
REYNALDO PORCHAT, na obra RetroaƟvidade das Leis Civis, São Paulo,Duprat, 1909, acrescenta:  
“Direitos adquiridos são conseqüências de fatos jurídicos passados, mas conseqüências ainda não realizadas, que ainda não se tornaram de todo efeƟvas. Direito adquirido é, pois, 
todo direito fundado sobre um fato jurídico que já sucedeu, mas que ainda não foi feito valer.” 
É o que já se incorporou definiƟvamente ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito de direito. O direito torna-se adquirido por conseqüência concreta e direta da norma jurídica 
ou pela ocorrência, em conexão com a imputação normaƟva, de fato idôneo, que gera a incorporação ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito. 
Portanto, tal direito adquirido, uma vez incorporado ao patrimônio e/ou à personalidade, não pode ser aƟngido pela norma jurídica nova.  
– EXPECTATIVA DE DIREITO. 
Do latim expectare, esperar. 
 Situação jurídica da pessoa cujo direito subjeƟvo, para se perfazer, carece da realização de um ato ou fato futuro e previsível. Como diz, com muita propriedade, De Plácido e Silva, 
a expectaƟva de direito é uma esperança, que se configura na probabilidade ou na possibilidade de o interessado vir a adquirir ou ter um direito subjeƟvo. Não se confunde, a nosso 
ver, com o direito eventual, que se perfaz sem a previsibilidade inerente à expectaƟva de direito.  
Exemplificando: o herdeiro de alguém ainda não falecido tem mera expectaƟva de direito quanto ao seu quinhão na herança, embora seja previsível que este, cedo ou tarde, 
consƟtuirá objeto de um direito devidamente caracterizado. Já o direito eventual independe de qualquer previsão, podendo originar-se do caso fortuito, do acaso, enfim, p. ex., o 
direito à recompensa pela resƟtuição de coisa achada  
É a mera possibilidade de aquisição de direito, que, dependendo ainda de certas circunstâncias, ainda não se consumou. A expectaƟva, por mais legíƟma que possa ser, não tem 
garantia contra a lei nova. 
- DIREITO ATUAL. 
É o que já está estabelecido, já que tem vidaem mãos de adquirente ou Ɵtular, mesmo ainda dependente de condição prestabelecida, inalterável a arbítrio de outrem, ou seja, de 
termo inicial. O direito já está sendo exercido. 
- DIREITO FUTURO. 
Compreende direito condicional e eventual, ambos dependem da realização de um fato futuro e incerto, para que possa surƟr, integralmente, os seus efeitos. Não se mostra 
consumado. Ex: advogado que ganhará um estágio se for aprovado com nota 10 na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito. 
- DIREITO EVENTUAL. 
É o que nasce de um ato ou fato, em que já se encontra um de seus elementos, mas que não possuía o elemento principal para a sua formação. E somente quando ele veio é que o 
direito se gerou. 
O ATO JURÍDICO PERFEITO. 
É o ato praƟcado em certo momento histórico, em consonância com as normas jurídicas vigente naquela ocasião. É o ato consumado, pelo exercício do direito estabelecido segundo 
a norma vigente ao tempo em que ele foi exercido. 
Ressalta-se que é o ato consumado e não o ato que ainda está em curso. O ato jurídico perfeito diz respeito ao exercício do direito de praƟcar atos jurídicos, ele pressupõe um direito 
adquirido que só se garante após ser exteriorizado por ato jurídico.Não necessita só do direito garanƟdo mas também do exercício do fato. 
A COISA JULGADA. 
É a qualidade atribuída aos efeitos da decisão judicial definiƟva, considerada esta a decisão de que já não cabe recurso. Não cabe mais recurso significa que já se percorreram 
todas as instâncias recursais possíveis dos Tribunais Superiores ou que já não cabe recurso, porque o prazo para seu ingresso transcorreu sem que houvesse sido   interposto 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
  
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Fato Jurídico 
N. de páginas do capítulo: 18 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
Maria desejava muito ter um filho, mas em razão de sua infertilidade, acabou adotando Francisco, que fora abandonado ao nascer na porta da maternidade. Em razão disso, 
foi necessário montar um novo quarto para receber seu herdeiro; ela, então precisou comprar móveis novos e um lindo enxoval para o bebê. Na semana seguinte à adoção 
de seu filho, Maria recebeu a notícia do nascimento de seu sobrinho, Bernardo, filho de sua irmã Filomena e ficou muito emocionada ao ser convidada para ser sua 
madrinha. 
  
a) Encontre no caso narrado: um fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico. 
  
b) Por que o fato da irmã de Maria tê-la convidado para ser madrinha de seu filho não configura um negócio jurídico?  
CASO CONCRETO 2 
Alcebíades, desde criança, mal consegue se comunicar em razão de ter nascido com uma anomalia genética, que lhe dificulta a conversação e o entendimento de coisas 
banais do dia-a-dia. Atualmente, ele tem 38 anos e reside em imóvel próprio. Ontem, caminhando pelo jardim, resolveu cavar um buraco para plantar uma palmeira, ocasião 
na qual encontrou um baú com diversas jóias do Século XVII. 
1) Qual a natureza jurídica do ato de Alcebíades ( achar o tesouro )?  
2)Alcebíades poderá adquirir a propriedade do tesouro mesmo sendo absolutamente incapaz ? Justifique. 
QUESTÃO OBJETIVA 
Sobre a teoria geral dos fatos jurídicos, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) O que caracteriza o ato-fato jurídico é tratar-se de ato humano avolitivo que entra no mundo jurídico como fato. 
b) No ato-fato jurídico a vontade do agente não integra o suporte fático, razão pela qual o louco pode praticá-lo eficazmente. 
c) O ato-fato é um fato natural a que se atribui os mesmos efeitos dos atos humanos. 
d) No ato-fato é irrelevante que o agente queira ou não praticar o ato, bastando que o pratique para que o ato exista e produza efeitos. 
Plano de Aula: 8 - DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 2 / 5
Título 
8 - DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
8 
Tema 
DOS FATOS JURÍDICOS 
Objetivos 
l Conceituar e distinguir os fatos, atos jurídicos e negócios jurídicos. 
l Compreender  e identificar as formas de aquisição, modificação e perda do direito. 
l Assimilar os elementos constitutivos e pressupostos do ato jurídico. 
l Conhecer as diversas teorias a respeito dos atos jurídicos. 
l Distinguir o ato-fato jurídico e o ato jurídico stricto sensu. 
Estrutura do Conteúdo 
1- Dos Fatos Jurídicos.  
1.1 Noções distintivas sobre fatos, atos e negócios jurídicos. 
1.2 Aquisição, modificação e perda do direito. 
1.3 Ato jurídico: conceito, elementos constitutivos, pressupostos  
1.4 Ato-fato jurídico. 
                1.5 Ato jurídico stricto sensu. 
  
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
FATOS JURÍGENOS. 
(fato = acontecimento, jure=direito, geno =criar – fato que cria, que produz direito) 
Fato Jurídico, fato jurígeno ou fato gerador é todo acontecimento a que uma norma Jurídica atribui um efeito. 
Washington de Barros [1] define como: acontecimentos em virtude dos quais nascem, subsistem e se exƟnguem as relações jurídicas; 
  
Miguel Reale[2] informa que é todo e qualquer fato de ordem İsica ou social, inserido numa estrutura normaƟva; 
  
Arnold Wald[3] coloca que os fatos Jurídicos são aqueles que repercutem no direito, provocando a aquisição, a modificação ou a exƟnção de direitos subjeƟvos. 
Orlando Secco[4] dividiu os Fatos Jurídicos da seguinte forma: 
1 FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (SENTIDO LATO) - é todo acontecimento, dependente ou não da vontade humana, a que a lei atribui certos efeitos jurídicos. É o elemento que dá 
origem aos direitos subjeƟvos, impulsionando a criação da relação jurídica, concreƟzando as normas jurídicas. Observa-se que do direito objeƟvo não surge diretamente os 
direitos subjeƟvos, é necessário que exista uma “força” que impulsione o acontecimento contido na norma. 
Para um fato ser jurídico é preciso que tenha alguma conseqüência na inter -relação humana. Em alguns casos como, por exemplo, você chega na faculdade e não cumprimenta um 
determinado colega, isto não é um fato jurídico porque não existe lei que diga que você tenha que falar com todos os colegas. Já seu irmão, no quartel; se não bater conƟnência aos 
colegas de farda; sofre conseqüências porque existe uma norma que descreve esta situação e diz que todos devem se cumprimentar com a conƟnência. 
2 FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO (STRICTO SENSU) – é o acontecimento independente da vontade humana que produz efeitos jurídicos, que podem ser classificados em: 
A) ORDINÁRIO – como o nascimento, a morte, a menoridade, a maioridade, etc. 
B) EXTRAORDINÁRIO – como o caso fortuito e a força maior, que se caracterizam pela presença de dois requisitos: o primeiro é objeƟvo, que se configura na inevitabilidade do 
evento; e o segundo é o subjeƟvo, que é a ausência de culpa na produção do acontecimento. Na força maior conhece-se a causa que dá origem ao evento, pois se trata de um fato da 
natureza , como o raio, que provoca incêndio, a inundação, que danifica produtos. No caso fortuito, acidente que gera o dano, advém  de causa desconhecida, como o cabo elétrico 
aéreo que se rompe e cai sobre fios telefônicos, causando incêndio. 
Aqui trazemos os ensinamentos de Silvio de SalvoVenosa: 
“São fatos jurídicos todos os acontecimentos que, de forma direta ou indireta, ocasionam efeito jurídico. Nesse contexto, admiƟmos a existência de fatos jurídicos em geral, em 
senƟdo amplo, que compreendem tanto os fatos naturais, sem interferência do homem, como os fatos humanos, relacionados com a vontade humana. 
Assim, são fatos jurídicos a chuva, o vento, o terremoto, a morte, bem como o usucapião, a construção de um imóvel, a pintura de uma tela. Tanto uns como outros apresentam, com 
maior ou menor profundidade, conseqüências jurídicas. Assim, a chuva, o vento, o terremoto, os chamados fatos naturais, podem receber a conceituação de fatos jurídicos seapresentarem conseqüências jurídicas, como a perda da propriedade, por sua destruição, por exemplo. Assim também ocorre com os fatos relacionados com o homem, mas 
independentes de sua vontade, como o nascimento, a morte, o decurso do tempo, os acidentes ocorridos em razão do trabalho. De todos esses fatos decorrem importanơssimas 
conseqüências jurídicas. O nascimento com vida, por exemplo, fixa o início da personalidade entre nós. Por aí se pode antecipar a importância da correta classificação dos fatos 
jurídicos. 
A matéria era lacunosa mormente em nossa lei civil de 1916. Em razão disso, cada autor procura sua própria classificação, não havendo, em conseqüência, unidade de 
denominação. A classificação aqui exposta é simples e acessível para aquele que se inicia nas letras jurídicas. 
Partamos do seguinte esquema: Assim, são considerados fatos jurídicos todos os acontecimentos que podem ocasionar efeitos jurídicos, todos os atos susceơveis de produzir 
aquisição, modificação ou exƟnção de direitos. 
São fatos naturais, considerados fatos jurídicos em senƟdo estrito, os eventos que independentes da vontade do homem, podem acarretar efeitos jurídicos. Tal é o caso do 
nascimento mencionado, ou terremoto, que pode ocasionar a perda da propriedade. 
Numa classificação mais estreita, são atos jurídicos (que podem também ser denominados atos humanos ou atos jurígenos) aqueles eventos emanados de uma vontade, quer tenham 
intenção precípua de ocasionar efeitos jurídicos, quer não. 
Os atos jurídicos dividem -se em atos lícitos e ilícitos. Afasta -se, de plano, a críƟca de que o ato ilícito não seja jurídico. Nessa classificação, como levamos em conta os efeitos dos 
atos para melhor entendimento, consideramos os atos ilícitos como parte da categoria de atos jurídicos, não considerando o senƟdo intrínseco da palavra, pois o ilícito não pode 
ser jurídico. Daí por que se qualificam melhor como atos humanos ou jurígenos, embora não seja essa a denominação usual dos doutrinadores. 
Atos jurídicos meramente lícitos são os praƟcados pelo homem sem intenção direta de ocasionar efeitos jurídicos, tais como invenção de um tesouro, plantação em terreno alheio, 
construção, pintura sobre uma tela. Todos esses atos podem ocasionar efeitos jurídicos, mas não têm, em si, tal intenção. São eles contemplados pelo art. 185 do atual Código. Esses 
atos não contêm um intuito negocial, dentro da terminologia que veremos adiante.  
O presente Código Civil procurou ser mais técnico e trouxe a redação do art. 185: "Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as 
disposições do Título anterior." Desse modo, o atual estatuto consolidou a compreensão doutrinária e manda que se aplique ao ato jurídico meramente lícito, no que for aplicável, a 
disciplina dos negócios jurídicos. 
Alguns autores, a propósito, preocupam -se com o que denominam ato -fato jurídico. O ato -fato jurídico, nessa classificação, é um fato jurídico qualificado pela atuação humana. 
Nesse caso, é irrelevante para o direito se a pessoa teve ou não a intenção de praƟcá-lo. O que se leva em conta é o efeito resultante do ato que pode ter repercussão jurídica, 
inclusive ocasionando prejuízos a terceiros. Como dissemos, toda a seara da teoria dos atos e negócios jurídicos é doutrinária, com muitas opiniões a respeito. Nesse senƟdo, 
costuma -se chamar à exemplificação os atos praƟcados por uma criança, na compra e venda de pequenos efeitos.  
Não se nega, porém, que há um senƟdo de negócio jurídico do infante que compra confeitos em um botequim. Ademais, em que pese à excelência dos doutrinadores que sufragam 
essa doutrina,  "em alguns momentos, torna-se bastante diİcil diferenciar o ato-fato jurídico do ato jurídico em senƟdo estrito categoria abaixo analisada. Isso porque, nesta 
úlƟma, a despeito de atuar a vontade humana, os efeitos produzidos pelo ato encontram-se previamente determinados pela lei, não havendo espaço para a autonomia da 
vontade" (Stolze Gagliano e Pamplona Filho, 2002:306). 
Por essa razão, não deve o iniciante das letras jurídicas preocupar -se com essa categoria, pois a matéria presta -se a vôos mais profundos na teoria geral do direito. 
Quando existe por parte do homem a intenção específica de gerar efeitos jurídicos ao adquirir, resguardar, transferir, modificar ou exƟnguir direitos, estamos diante do negócio 
jurídico. Tais atos nosso Código Civil de 1916 denominava atos jurídicos, de acordo com o art. 81 (ver art. 185 da nova Lei SubstanƟva Civil); a moderna doutrina prefere denominá-
los negócios jurídicos, por ver neles o chamado intuito negocial. Assim, serão negócios jurídicos tanto o testamento, que é unilateral, como o contrato, que é bilateral, negócios 
jurídicos por excelência.  
Quem faz um testamento, quem contrata está precipuamente procurando aƟngir determinados efeitos jurídicos. Desses atos brotam naturalmente efeitos jurídicos, porque essa é a 
intenção dos declarantes da vontade. Já nos atos meramente lícitos não encontramos o chamado intuito negocial. Neste úlƟmo caso, o efeito jurídico poderá surgir como 
circunstância acidental do ato, circunstância esta que não foi, na maioria das vezes, sequer imaginada por seu autor em seu nascedouro. 
Nosso legislador de 1916 não atentou para essas diferenças, limitando -se a definir o que entende por ato jurídico, sem mencionar a expressão negócio jurídico. 
Os atos ilícitos, que promanam direta ou indiretamente da vontade, são os que ocasionam efeitos jurídicos, mas contrários, lato sensu, ao ordenamento. No campo civil, importa 
conhecer os atos contrários ao Direito, à medida que ocasionam dano a outrem. Só nesse senƟdo o ato ilícito interessa ao direito privado. Não tem o Direito Civil a função de punir o 
culpado. Essa é a atribuição do Direito Penal e do Direito Processual Penal. Só há interesse em conhecer um ato ilícito, para tal conceituado como ilícito civil, quando há dano 
ocasionado a alguém e este é indenizável. Dano e indenização são, portanto, um binômio inseparável no campo do direito privado. Por essa razão, o campo da ilicitude civil é mais 
amplo do que o da ilicitude penal. Só há crime quando a lei define a conduta humana como tal. Há ato ilícito civil em todos os casos em que, com ou sem intenção, alguém cause 
dano a outrem. 
Há situações em que existe a intenção de praƟcar o dano. Tem-se aí o chamado dolo. Quando o agente praƟca o dano com culpa, isto é, quando seu ato é decorrente de imprudência, 
negligência ou imperícia, e decorre daí um dano, também estaremos no campo do ilícito civil. O ato ilícito, nessas duas modalidades, vinha descrito no art. 159 do Código Civil de 
1916: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direto, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano". O presente Código, no 
art. 186, mantém a mesma idéia: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito."  
O vigente diploma, ainda consagra a possibilidade de indenização do dano exclusivamente moral, como autorizou a ConsƟtuição de 1988, subsƟtui a parơcula alternaƟva "ou" 
presente no Código anƟgo, pela adiƟva "e". Desse modo, na letra da nova lei, não basta violar direito, como estampava o anƟgo estatuto, é necessário que ocorra o dano a outrem. A 
matéria dará, sem dúvida, azo a críƟcas e a várias interpretações, como estudaremos no volume dedicado exclusivamente à responsabilidade civil.  
Trata-se, em ambas as situações, de qualquer modo, da responsabilidade civil. Na culpa ou no dolo, a vontade está presente, ainda que de forma indireta, como no caso de culpa. 
Há situações em que, mesmo na ausência de vontade, mas perante o dano, ocorre o dever de indenizar. São os casos da chamada responsabilidade objeƟva, criados por necessidade 
social, como nos acidentes de trabalho. 
Ato-fato jurídico 
O Ato-Fato Jurídico é um fato jurídico qualificadopela atuação humana. É um ato humano, com substancia de fato jurídico, não sendo relevante para norma se houve, ou não, 
intenção de praƟcá-lo. É um "fato humano", onde a relevância é atribuída à conseqüência do ato e não a vontade humana. A doutrina os divide em atos reais , atos -fatos 
indenizaƟvos e atos jurídicos caducificantes . 
É importante salientar, que esta espécie do fato jurídico em senƟdo amplo, não possui uma regra específica no Direito Civil. Talvez seja por esse moƟvo que o ato-fato jurídico seja 
pouco lembrado pela doutrina, apesar de ser uma das espécies do fato jurídico (gênero) capazes de gerar o dever de indenizar. 
A ação humana, qualificada pela relevância da vontade do ato praƟcado, pode ser classificada em lícita ou ilícita. A conduta humana pode ser, portanto, obediente ou 
contraveniente à ordem jurídica. O indivíduo pode conformar -se com a as prescrições legais, ou proceder em desobediência a elas. 
Os atos lícitos são aqueles que guardam conformação com o direito. Já os atos lícitos são diametralmente opostos aos atos lícitos, são contrários ao direito. 
A ações humanas lícitas se subdividem em ato jurídico stricto sensu e em negócio jurídico. 
O Ato Jurídico stricto sensu são ações humanas lícitas que geram efeitos previstos em lei. Ele é caracterizado pela sua manifestação da vontade limitada. 
O ato jurídico em senƟdo estrito, reconhecido por inúmeros doutrinadores de escol, consƟtui simples manifestação de vontade, sem conteúdo negocial, que determina a produção de 
efeitos legalmente previstos. 
Neste Ɵpo de ato, não existe propriamente uma declaração de vontade manifestada com o propósito de aƟngir, dento do campo da autonomia privada, os efeitos jurídicos 
pretendidos pelo agente (como no negócio jurídico), mas sim um simples comportamento humano deflagrador de efeitos previamente estabelecidos em lei. 
O ato jurídico , apenas realiza o fato descrito no Ɵpo legal, ou seja, ele se adequa a discrição fáƟca legal, produzindo os efeitos previstos em lei. Nada impede portanto que a 
adequação ơpica do ato jurídico stricto sensu gere, como conseqüência, o dever de reparar o dano causado. 
Esta espécie de fato jurídico se subdivide em atos materiais e parƟcipações. Os ato materiais ou reais, são os atos nos quais existe uma vontade consciente na origem da aƟvidade 
humana, mas o mesmo não ocorre na produção dos seus efeitos, ou seja, existe uma vontade na produção de um ato, mas não objeƟvando a produção de seus efeitos, os quais são 
produzidos sem o seu querer. Já as parƟcipações são "atos de mera comunicação, dirigidos a determinado desƟnatário, e sem conteúdo negocial. " (9) 
Este insƟtuto jurídico, não foi regulado na parte geral do Código Civil de 1916, apenas foi lembrado em normas isoladas na parte especial. Já o novo Código Civil de 2002, regulou de 
forma genérica os atos jurídicos em senƟdo estrito, aplicando, no que couber, as normas genéricas dos negócios jurídicos. 
Negócio Jurídico 
Tem origem na doutrina alemã e foi assimilado pela Itália e posteriormente por outros países. Fundamentalmente, consiste na manifestação de vontade que procura produzir 
determinado efeito jurídico, embora haja profundas divergências em sua conceituação na doutrina. Trata -se de uma declaração de vontade que não apenas consƟtui um ato livre, 
mas pela qual o declarante procura uma relação jurídica entre as várias possibilidades que oferece o universo jurídico. Inclusive, há ponderável doutrina estrangeira que entende 
que o negócio jurídico já é uma conceituação superada, tendo em vista o rumo tomado pelos estudos mais recentes (Ferri, 1995:61). Há, sem dúvida, manifestações de vontade que 
não são livres na essência, mormente no campo contratual, o que dificulta a compreensão original do negócio jurídico.  
É, contudo, no negócio jurídico, até que se estabeleça nova conceituação, onde repousa a base da autonomia da vontade, o fundamento do direito privado. Não obstante as críƟcas 
que sofre, a doutrina do negócio jurídico demonstra ainda grande vitalidade no direito ocidental, mormente na Itália, Alemanha e França. O negócio jurídico conƟnua sendo um 
ponto fundamental de referência teórica e práƟca. É por meio do negócio jurídico que se dá vida às relações jurídicas tuteladas pelo direito. 
Nosso Código Civil de 1916 não regulamentou o negócio jurídico, preferindo tratá -lo como ato jurídico. No entanto, esse estatuto civil trata de diferentes modalidades de atos 
unilaterais e de contratos que nada mais são do que negócios jurídicos. Embora a categoria também seja usada no direito público, é no direito privado que encontramos o maior 
número de modalidades de negócios jurídicos. O atual Código adota a denominação negócio jurídico (arts. 104 ss). 
O Código de 1916, ao definir ato jurídico no art. 81, estava, na realidade, referindo -se ao conceito já conhecido na época de negócio jurídico: "Todo ato lícito, que tenha por fim 
imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou exƟnguir direitos, se denomina ato jurídico." O Código de 2002 preferiu não repeƟr a definição. Poucas leis o definem, é 
verdade. 
Lembre -se do Código Civil holandês, que no art. 33 do livro terceiro define o negócio jurídico como o ato de vontade que é desƟnado a produzir efeitos jurídicos e que se manifesta 
com uma declaração. Muito, porém, discuƟu a doutrina até chegar a essa sintéƟca compreensão do fenômeno. Cuida-se muito mais de uma categoria que surge por uma necessidade 
de sistemaƟzação. 
NASCIMENTO E AQUISIÇÃO DE DIREITOS. 
É a conjunção do direito com seu Ɵtular. Adquirir um direito é tornar-se o Ɵtular do mesmo e ser o Ɵtular de um direito é possuir o mesmo como coisa própria, é apropriar-se dele. 
Todo direito pertence a alguém que o adquire, e esse alguém, em virtude da aquisição, assume a posição de Ɵtular do direito, e este Ɵtular recebe a denominação de sujeito de 
direito. 
– FORMAS DE AQUISIÇÃO DE DIREITOS 
ORIGINÁRIA – ocorre quando o sujeito passa a possuir o direito sem que haja qualquer relacionamento jurídico com um outro sujeito na qualidade de Ɵtular anterior desse mesmo 
direito. É quando o direito nascer no momento em que o Ɵtular se apropria do bem de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa. O Direito nasceu como 
fato. Ex. a ocupação de coisa abandonada (1263 do CC) (1260 CC), a apropriação de uma concha que o mar aƟra na praia, etc; 
DERIVADA – quando houver transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, exisƟndo uma relação jurídica entre o anterior e o atual Ɵtular. Ex.compra e venda (481 do 
CC) , doação (538 do CC), herança (1784 do CC) etc. 
Ocorre que a transferência de direitos de um Ɵtular para outro pode não ser completa , daí pode dividindo-se em: 
TRANSLATIVA – transferência total dos direitos de um Ɵtular para outro. Há a aquisição por parte do novo Ɵtular e exƟnção por parte do anƟgo. Ex. compra e venda a vista.  
CONSTITUTIVA – é aquela em que o Ɵtular anterior ainda mantém consigo alguma parcela do direito sobre o bem objeto da transferência. Ex. Doação com cláusula de usufruto (1390 
do CC), alienação fiduciária em garanƟa (Decreto Lei 911/69). 
A aquisição pode ser ainda:  
GRATUITA – se não houver qualquer contraprestação. Ex. sucessão hereditária, doação etc. 
ONEROSA – quando o patrimônio do adquirente enriquece em razão de uma contraprestação. Ex. compra e venda. 
– O DIREITO ADQUIRIDO 
FRANCESCO GABBA, em sua obra “A Teoria della Retroaƫvità delle Leggi”,Roma, 1891, escreveu: 
 “É direito adquirido todo direito que”: a) seja conseqüência de um fato idôneo a produzi -lo, em virtude da lei do tempo no qual o fato se viu realizado, embora a ocasião de fazê -lo 
valer não se tenha apresentado antes da atuação de uma lei nova a respeito do mesmo;e que b) nos termos da lei sob o império da qual se verificou o fato de onde se origina, entrou 
imediatamente a fazer parte do patrimônio de quem o adquiriu.” 
REYNALDO PORCHAT, na obra RetroaƟvidade das Leis Civis, São Paulo,Duprat,1909, acrescenta:  
“Direitos adquiridos são conseqüências de fatos jurídicos passados, mas conseqüências ainda não realizadas, que ainda não se tornaram de todo efeƟvas. Direito adquirido é, pois, 
todo direito fundado sobre um fato jurídico que já sucedeu, mas que ainda não foi feito valer.” 
É o que já se incorporou definiƟvamente ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito de direito. O direito torna-se adquirido por conseqüência concreta e direta da norma jurídica 
ou pela ocorrência, em conexão com a imputação normaƟva, de fato idôneo, que gera a incorporação ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito. 
Portanto, tal direito adquirido, uma vez incorporado ao patrimônio e/ou à personalidade, não pode ser aƟngido pela norma jurídica nova.  
– EXPECTATIVA DE DIREITO. 
Do latim expectare, esperar. 
 Situação jurídica da pessoa cujo direito subjeƟvo, para se perfazer, carece da realização de um ato ou fato futuro e previsível. Como diz, com muita propriedade, De Plácido e Silva, 
a expectaƟva de direito é uma esperança, que se configura na probabilidade ou na possibilidade de o interessado vir a adquirir ou ter um direito subjeƟvo. Não se confunde, a nosso 
ver, com o direito eventual, que se perfaz sem a previsibilidade inerente à expectaƟva de direito.  
Exemplificando: o herdeiro de alguém ainda não falecido tem mera expectaƟva de direito quanto ao seu quinhão na herança, embora seja previsível que este, cedo ou tarde, 
consƟtuirá objeto de um direito devidamente caracterizado. Já o direito eventual independe de qualquer previsão, podendo originar-se do caso fortuito, do acaso, enfim, p. ex., o 
direito à recompensa pela resƟtuição de coisa achada  
É a mera possibilidade de aquisição de direito, que, dependendo ainda de certas circunstâncias, ainda não se consumou. A expectaƟva, por mais legíƟma que possa ser, não tem 
garantia contra a lei nova. 
- DIREITO ATUAL. 
É o que já está estabelecido, já que tem vida em mãos de adquirente ou Ɵtular, mesmo ainda dependente de condição prestabelecida, inalterável a arbítrio de outrem, ou seja, de 
termo inicial. O direito já está sendo exercido. 
- DIREITO FUTURO. 
Compreende direito condicional e eventual, ambos dependem da realização de um fato futuro e incerto, para que possa surƟr, integralmente, os seus efeitos. Não se mostra 
consumado. Ex: advogado que ganhará um estágio se for aprovado com nota 10 na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito. 
- DIREITO EVENTUAL. 
É o que nasce de um ato ou fato, em que já se encontra um de seus elementos, mas que não possuía o elemento principal para a sua formação. E somente quando ele veio é que o 
direito se gerou. 
O ATO JURÍDICO PERFEITO. 
É o ato praƟcado em certo momento histórico, em consonância com as normas jurídicas vigente naquela ocasião. É o ato consumado, pelo exercício do direito estabelecido segundo 
a norma vigente ao tempo em que ele foi exercido. 
Ressalta-se que é o ato consumado e não o ato que ainda está em curso. O ato jurídico perfeito diz respeito ao exercício do direito de praƟcar atos jurídicos, ele pressupõe um direito 
adquirido que só se garante após ser exteriorizado por ato jurídico.Não necessita só do direito garanƟdo mas também do exercício do fato. 
A COISA JULGADA. 
É a qualidade atribuída aos efeitos da decisão judicial definiƟva, considerada esta a decisão de que já não cabe recurso. Não cabe mais recurso significa que já se percorreram 
todas as instâncias recursais possíveis dos Tribunais Superiores ou que já não cabe recurso, porque o prazo para seu ingresso transcorreu sem que houvesse sido   interposto 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
  
Nome do livro: Curso de Direito Civil. Vol 1 Parte Geral - ISBN. 8530927923 
Nome do autor: NADER, Paulo. 
Editora: Forense 
Ano: 2009 
Edição: 6a 
Nome do capítulo: Fato Jurídico 
N. de páginas do capítulo: 18 
Aplicação Prática Teórica 
CASO CONCRETO 1 
Maria desejava muito ter um filho, mas em razão de sua infertilidade, acabou adotando Francisco, que fora abandonado ao nascer na porta da maternidade. Em razão disso, 
foi necessário montar um novo quarto para receber seu herdeiro; ela, então precisou comprar móveis novos e um lindo enxoval para o bebê. Na semana seguinte à adoção 
de seu filho, Maria recebeu a notícia do nascimento de seu sobrinho, Bernardo, filho de sua irmã Filomena e ficou muito emocionada ao ser convidada para ser sua 
madrinha. 
  
a) Encontre no caso narrado: um fato jurídico, ato jurídico e negócio jurídico. 
  
b) Por que o fato da irmã de Maria tê-la convidado para ser madrinha de seu filho não configura um negócio jurídico?  
CASO CONCRETO 2 
Alcebíades, desde criança, mal consegue se comunicar em razão de ter nascido com uma anomalia genética, que lhe dificulta a conversação e o entendimento de coisas 
banais do dia-a-dia. Atualmente, ele tem 38 anos e reside em imóvel próprio. Ontem, caminhando pelo jardim, resolveu cavar um buraco para plantar uma palmeira, ocasião 
na qual encontrou um baú com diversas jóias do Século XVII. 
1) Qual a natureza jurídica do ato de Alcebíades ( achar o tesouro )?  
2)Alcebíades poderá adquirir a propriedade do tesouro mesmo sendo absolutamente incapaz ? Justifique. 
QUESTÃO OBJETIVA 
Sobre a teoria geral dos fatos jurídicos, assinale a alternativa INCORRETA. 
a) O que caracteriza o ato-fato jurídico é tratar-se de ato humano avolitivo que entra no mundo jurídico como fato. 
b) No ato-fato jurídico a vontade do agente não integra o suporte fático, razão pela qual o louco pode praticá-lo eficazmente. 
c) O ato-fato é um fato natural a que se atribui os mesmos efeitos dos atos humanos. 
d) No ato-fato é irrelevante que o agente queira ou não praticar o ato, bastando que o pratique para que o ato exista e produza efeitos. 
Plano de Aula: 8 - DIREITO CIVIL I
DIREITO CIVIL I 
Estácio de Sá Página 3 / 5
Título 
8 - DIREITO CIVIL I 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
8 
Tema 
DOS FATOS JURÍDICOS 
Objetivos 
l Conceituar e distinguir os fatos, atos jurídicos e negócios jurídicos. 
l Compreender  e identificar as formas de aquisição, modificação e perda do direito. 
l Assimilar os elementos constitutivos e pressupostos do ato jurídico. 
l Conhecer as diversas teorias a respeito dos atos jurídicos. 
l Distinguir o ato-fato jurídico e o ato jurídico stricto sensu. 
Estrutura do Conteúdo 
1- Dos Fatos Jurídicos.  
1.1 Noções distintivas sobre fatos, atos e negócios jurídicos. 
1.2 Aquisição, modificação e perda do direito. 
1.3 Ato jurídico: conceito, elementos constitutivos, pressupostos  
1.4 Ato-fato jurídico. 
                1.5 Ato jurídico stricto sensu. 
  
Segue abaixo uma sugestão de roteiro de apresentação do conteúdo programático: 
FATOS JURÍGENOS. 
(fato = acontecimento, jure=direito, geno =criar – fato que cria, que produz direito) 
Fato Jurídico, fato jurígeno ou fato gerador é todo acontecimento a que uma norma Jurídica atribui um efeito. 
Washington de Barros [1] define como: acontecimentos em virtude dos quais nascem, subsistem e se exƟnguem as relações jurídicas; 
  
Miguel Reale[2] informa que é todo e qualquer fato de ordem İsica ou social, inserido numa estrutura normaƟva; 
  
Arnold Wald[3] coloca que os fatos Jurídicos são aqueles que repercutem no direito, provocando a aquisição, a modificação ou a exƟnção de direitos subjeƟvos. 
Orlando Secco[4] dividiu os Fatos Jurídicos da seguinte forma: 
1 FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (SENTIDO LATO) - é todo acontecimento, dependente ou não da vontade humana, a que a lei atribui certos efeitos jurídicos. É o elemento que dá 
origem aos direitos subjeƟvos, impulsionando a criação da relação jurídica, concreƟzando as normas jurídicas. Observa-se que do direito objeƟvo não surge diretamente os 
direitos subjeƟvos, é necessário que exista uma “força” que impulsione o acontecimento contido na norma. 
Para um fato ser jurídico é preciso que tenha alguma conseqüência na inter -relação humana. Em alguns casos como,

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