Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E ARTES DOM BOSCO DE MONTE APRAZÍVEL DALCY SILVA LIMA MARECHAL RONDON E SUA LUTA PELOS INDIGENAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Educação, Ciências e Artes Dom Bosco de Monte Aprazível, como requisito parcial para obtenção do título em Licenciatura em História. Orientador: Profº Ms Elieser Justino de Oliveira MONTE APRAZÍVEL 2020 1) RESUMO Esse artigo reúne uma investigação sobre a vida de uma grande figura da história do Brasil, baseado em livros sobre Candido Mariano da Silva Rondon mais conhecido como Marechal Rondon. Valorizando sua participação na politica indigenista a partir de 1910 contribuindo para importância dos direitos indigenista. Participou ativamente em prol dos silvícolas, ajudando-os nos combate com os fazendeiros nos direitos e valorização dos indígenas, porem pouco lembrado nos dias de hoje. Palavras chaves: História do Brasil, Índios, Marechal Rondon 2) INTRODUÇÃO A finalidade desse trabalho é desmitificar a figura selvagem do índio por meio do Marechal Rondon, enfatizando a conduta deste para com os indígenas, levando a eles um pouco de dignidade, demonstrando ao Estado que estes mesmo sendo “independentes” também têm os mesmos direito à proteção e visibilidade que os não indígenas possuem. Dentro deste cenário, trataremos em especifico da política indigenista de Rondon pelo sertão brasileiro, a partir de 1910. Para nortear nosso campo de observação, levantaremos a seguinte questão: Qual a relevante contribuição de Rondon no tocante aos direitos fundamentais do indígena brasileiro? Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, pois consiste em levantamentos bibliográficos referentes ao tema abordado em livros e artigos selecionados. 3) OBJETIVO Este trabalho foi desenvolvido de acordo com a proposta da disciplina História do Brasil, que tem como objetivo discutir e valorizar a história do nosso país por meio de uma figura eminente da história brasileira, Cândido Mariano da Silva Rondon, conhecido como Marechal Rondon que deu uma relevante contribuição aos direitos fundamentais da pessoa humana, especificamente na sua luta pelos direitos e valorização dos indígenas brasileiros. 4) METODOLOGIA Esta pesquisa é de cunho bibliográfico, onde primeiramente reuni os materiais selecionados e, depois de feito isso fui investigando seus feitos, identificando os mais relevantes para essa pesquisa e depois transcrevi no papel. As obras utilizadas dão bastante enfoque em seu convívio com os indígenas propiciando assim um conhecimento diversificado acerca do assunto. 5) DESENVOLVIMENTO Em 05 de maio nasceu Candido Mariano da Silva, em Mimoso no estado do Mato Grosso, filho de Candido Mariano da Silva e Claudina de Freitas Evangelista, cujo pai faleceu antes de seu nascimento, e sua mãe o deixou com apenas dois anos de idade. Antes de falecer, seu pai escreveu a seu irmão Manuel, “se o filho esperado for menino não deixe em Mimoso” (FREITAS, 2002). Então ao ficar órfão foi entregue ao seu avô materno, o viúvo Joao Lucas Evangelista e sua tia avó Antônia Rosa da Silva. Durante o período que vivera com eles teve contato com índios que viviam ali e que dominavam a língua portuguesa o suficiente para fazer o comércio local e, assim, Rondon teve certo conhecimento das línguas bororós e terena, uma vez que era descendente indígena pela linhagem materna. Com apenas 7 anos decidiu morar em Cuiabá com seu tio Manuel Rodrigues da Silva Rondon, o qual homenageou acrescentando o sobrenome Rondon ao seu nome, passando a se chamar Candido Mariano da Silva Rondon. De início seu avô relutou para que seu neto não fosse morar com seu tio, mas o deixou ir com a promessa de um dia retornar a Mimoso. Ao chegar em Cuiabá, frequentou a escola e ajudava seu tio em sua venda, terminando o curso normal aos 16 anos. Candido Mariano pediu ao seu tio para morar no Rio de janeiro, porém seu tio não tinha recursos para mantê-lo. Então Rondon decidiu que após terminar o curso Normal se tornaria praça, e assim o fez. Em 1881, ainda em Cuiabá se tornou soldado do 3° regimento de artilharia a cavalo, no mesmo ano se mudou para o Rio de janeiro e, em 1884, ingressou no curso superior, momento esse que teve contato com Euclides da Cunha e teve como professor o pensador Benjamin Constant. Em 04 de julho de 1888 Rondon foi promovido e passou a receber um soldo de 50$000 e isso representava uma pequena fortuna já que ele estava acostumado a viver com poucos recursos. Nessa época, já havia concluído os cursos de infantaria, cavalaria, artilharia e astronomia. Nesse mesmo ano foi criada a Escola superior de Guerra, onde Rondon concluiu o Curso de Matemática Superior. Ao ser desligado da Escola Superior de Guerra, Rondon recebeu o título de Engenheiro Militar, diploma de Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Em 1888, Deodoro enviou uma representação a princesa Isabel pedindo que não obrigasse o Exército a capturar escravos fugidos, a partir daí estava de fato feita à abolição da escravidão. Rondon participou ativamente dos movimentos abolicionistas, do qual Benjamin Constant era líder. Em 23 de Dezembro de 1889 Rondon foi nomeado ajudante na Comissão construtora das linhas telegráficas que iria interligar a capital brasileira à Cuiabá. Partiu no dia 06 de março de 1890 e chegou no Rio de janeiro em Abril de 1890. A tarefa de povoar e desbravar o sertão seduz Rondon, No dia 21 de julho de 1900 partiu para Araguari, onde seria construído o primeiro núcleo de apoio da construção das linhas até a fronteira da Bolívia e do Paraguai. Nesse momento ele estabeleceu contato com os Borôros. “Em sua última viagem a Mato Grosso, Rondon fez uma visita ao velho cadete, chefe dos índios Bororo. Foi um encontro singular de amigos que se conheciam há mais de sessenta anos, desde quando Rondon, no princípio de sua carreira militar e indigenista” (RIBEIRO, 2017 p 13) Em seguida estabeleceu contato com os Guaná, índios cavaleiros, ofaié e paresi, e assim foram vencidas as dificuldades entre os índios, que os ajudaram limpando o local, arrancando troncos de árvores e trabalhando para eles no período de um ano, sob as ordens de Rondon. Ao partirem para Coxim os índios não o acompanhara, pois ali era território de outros índios. Um dos incentivos que Rondon encontrou para realizar essa obra foi o amor aos indos desprotegidos e, perseguidos em decorrência desse fato, Rondon se entregou de corpo e alma. Conforme Ribeiro (2017), até a chegada de Rondon os índios estavam entregues ao seu próprio destino, sujeitando-se a uma sociedade com infinitos recursos, recursos estes superiores aos índios. Após sua chegada, começaram as denúncias de maus tratos que os índios estavam sofrendo, Denuncia Rondon: Aquelas populações de brasileiros (índios e mestiços) viviam na pior miséria, desalojadas de suas terras e, quando em contato com os que supunham civilizados, reduzidas a uma triste servidão, sem apoio de leis, feitas para beneficiar os opressores. (COUTINHO 1975 p 78) Em suas construções Rondon teve suas primeiras atitudes para com os índios, os quais estavam sofrendo com as indolências dos chefes dos sertões, acudindo-os, ou seja, salvando pequenos pedaços de terras em Ipegue e Cachoeirinhas. Conseguiu ainda, do governo o direito de propriedade daquelas terras para os índios. Desde muito cedo Rondon sentiu-se empolgado pelas questões indígenas como problema humano, cujos índios eram expulsos das suas próprias terras pelos invasores que trouxera consigo a destruição, sangue e ruinas. Dentre os defensores dos indígenas além de Rondon estavam também Marquês de Pombal, Navarro, Antônio Vieira, Gonçalves Dias, José de Alencar, Domingos Alves e outros. Para Candido merecia atenção especial José Bonifácio,pois para este a Nacionalidade não estaria formada enquanto houvesse os dois mais graves problemas humanos o do escravo negro e o índio. A construção de linhas telegráficas passou a se chamar Comissão Rondon, que seria um tipo de segunda descoberta do Brasil, onde uma região desconhecida ganha lugar no mapa. Foi entregue ao país não só um território, até então desconhecido, mas também populações indígenas que passaram a ser do conhecimento de todos. Em meio aos seus trabalhos, Rondon foi convocado pelo presidente a organizar uma expedição e teria como companheiro o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt e os melhores cientistas e técnicos, dentre eles estavam os zoólogos Cherrie e Miller, o geólogo Eusébio de Oliveira, o Capitão Amílcar Botelho de Magalhaes responsável pelo transporte e outros que partiram juntos desbravando os sertões. Rondon reivindicou, através de um apelo em favor dos índios, paz dentro das fronteiras brasileiras, queria os mesmos privilégios dos outros brasileiros e imigrantes oriundos de países: respeito à propriedade e segurança. Assim, o então presidente da república Nilo Peçanha, junto com seu ministro da agricultura Rodolfo Miranda, ouvem seu apelo. Como evidencia Coutinho (1957 p. 84) registra “E da união de esforços entre os três surge em 07 de setembro de 1910, o serviço de proteção aos índios”. Ficou estabelecido que os índios passariam a ter direito a: a) Justiça em relação às terras, b) Brandura, c) Abrir Comércio com os índios ainda que com perda de nossa parte e, d) Favorecer matrimônios entre índios e brancos e mulatos. Até 1910 a vida dos silvícolas que estavam em regiões visadas pelos fazendeiros era de inquietação, pois aquela área daria retorno econômico, e os nativos muitas vezes tinham suas aldeias dizimadas por chacinadores profissionais, os chamados bugreiros. Rondon ao aceitar fazer parte do corpo da empresa de linhas telegráficas, propõe-se aos estudos daquela região na função de indigenista. Para tal, ele exigia que os indígenas ficassem sobre a sua tutela de modo que os mesmos estivessem sob sua proteção contra os tão famigerados bugreiros. Em sua comissão, denominada Comissão Rondon, escreveu em 1910 sua primeira obra, Ethnografia, dando enfoque à cultura material e imaterial dos índios, essa obra foi dividida em três partes. O Serviço de Proteção aos Índios (SPI) que tinha como dirigente o Cândido Mariano da Silva Rondon, foi criado visando à pacificação e proteção aos grupos indígenas e núcleos de colonização com base de obra sertaneja. “O Estado brasileiro passaria a se responsabilizar pelas ações frente às populações indígenas, instituindo códigos legais reguladores da ação indigenista, implementadas por uma nova malha administrativa baseada em postos indígenas e inspetorias”. (FREIRE, 2009 p 78) Sua atuação se concentrava na pacificação de grupos indígenas em áreas recém- colonizadas. Depois de concluída a pacificação, eram feitas negociações com os governos para criação de reservas de terras destinadas aos indígenas e a sua sobrevivência. Foram instalados postos indígenas onde havia oficinas mecânicas, engenhos de cana de açúcar e casas de farinha. Com isso os índios, puderam desenvolver atividades e ofícios. O SPI vigorou até 1939, com a marca para o oeste onde o então presidente do Brasil Getúlio Vargas, intensificou a ocupação do território brasileiro. Nesse projeto, o governo priorizava o trabalhador como agente que iria povoar o interior do país. Segundo Freire (2009) Rondon acreditava que Vargas tinha o objetivo de proteger os índios e suas terras. No final de 1939, Getúlio Vargas criou o Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI) reestruturando assim o antigo SPI, e novamente Rondon foi indicado pelo Governo para ser o presidente do CNPI, cujo objetivo e competência eram sugerir politicas estudando-as para a assistência e proteção dos costumes indígenas, encargo de orientar a política indigenista do país e, fiscalizar a ação assistencial. Em 1952 o Marechal Rondon encaminha ao presidente da república o projeto da criação do Parque Nacional do Xingu, que iria preservar não só a cultura indígena e diversas etnias, mas também a fauna e a flora, que com o tempo e influência dos não indígenas se acabariam com o tempo. O CNPI foi extinto em 1967, durante a ditadura militar, dando lugar à Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão que está em vigor atualmente. Rondon veio a falecer em 1958, no Rio de Janeiro, foi sepultado com direito as honras do Estado no cemitério de São João Batista. Devido a tamanha paixão e trabalho que desenvolveu em favor dos indígenas brasileiros, Cândido Rondon pode contribuir para que dezenas deles sobrevivessem, que sem esse seu amparo teriam perecidos. Segundo o antropólogo Ribeiro (2017) após sua morte, os indígenas chorariam o vazio que se abriu, pelos perigos que a partir desse momento estariam suas vidas, pelas terras que outrora foram tão ameaçadas, e que durante 57 anos de trabalhos e vigilância, levando a paz e salvação onde havia matanças e exploração, foi um grande servidor e lutador pela causa e dignidade indígena. 6) RESULTADOS Segundo o antropólogo Ribeiro (2017) ao ingressar na política indigenista, Rondon carregava consigo quatro princípios. Sendo o primeiro “morrer se preciso for matar nunca” foi formulado ao adentar os sertões, indo de encontro com tribos indígenas proibiu seus soldados de revidar qualquer tipo de ataque; o segundo princípio “respeito às tribos indígenas como povos independentes” diz a respeito a identidade deles próprios dando o direito de não modificá-las com o encontro com os brancos; o terceiro princípio “garantir aos índios a posse das terras que habitam e são necessárias a sua sobrevivência” e, por último “assegurar aos índios a proteção direta do Estado”, lutando para conquistá-las durante todo o período em que esteve a frente do SPI e CNPI, investindo toda sua energia, garantindo a sobrevivência de várias tribos indígenas em nosso país, recebendo as mais diversas homenagens e atribuindo- lhe o nome de Marechal da paz, Protetor dos índios e Marechal do humanismo. 7) CONSIDERAÇÕES FINAIS Na pesquisa realizada foi possível constatar que graças ao Rondon hoje existe um contato dos não indígenas com os indígenas asseguradas pelo Estado. Em decorrência de suas lutas em defesa dos povos indígenas o levou a presidir o Serviço de proteção aos Índios (SPI) órgão criado pelo estado para assegurar o direito dos índios brasileiros que foi criado em decorrência dos atos de Rondon, que em todas as suas vivencias pelas florestas lutou bravamente em defesa dos silvícolas. 8) REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS COUTINHO, Gilberto, Rondon o civilizador da última fronteira. Olivé Editor, 1957. FREIRE, Carlos Augusto da Rocha. Rondon: a construção do Brasil e a causa indígena, Brasília: Abravídeo, 2009. FREITAS, Sebastião Costa Teixeira de, A vida dos grandes brasileiros Marechal Rondon, Editora três, 2001. MOREL, Cristina Massadar, MOREL Marco Almanaque Histórico Rondon: a construção do Brasil e a causa indígena. Brasília: Abravídeo. 2009. RIBEIRO, Darcy, Cândido Mariano da Silva Rondon, 1ª ed. são Paulo, Global, 2017. ROHTER, Larry, Rondon: uma biografia; tradução Cassio de Arantes leite 1ª ed. Rio de Janeiro; objetiva, 2019. SIQUEIRA, Elizabeth Madureira, MACHADO, Fernanda Quixabeira, ÁVILA, Luciwaldo Pires de, O Brasil pelos Brasileiros: relatórios científicos da comissão Rondon, Cuiabá-MT: Carlini Caniato Editoria 2016.
Compartilhar