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3- História do Amazonas

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HISTÓRIA DO AMAZONAS 
 
 
1. COLÔNIA: As sociedades indígenas na época da conquista: origem e distribuição das populações indígenas; Grupos linguísticos e tri- bais; O modo de 
vida e a organização dos grupos tribais; Estimativas demográficas ................................................................................................................... 01 
2. Conquista e colonização: expedições do século XVI: a de Francisco de Orellana e a de Ursúa e Aguirre; ocupação militar: o forte do 
Presépio e a expulsão dos “estrangeiros”; Expedição de Pedro Teixeira; as bases da colonização portuguesa: as bases econômicas; 
organização da força de trabalho indígena; organização e funcionamento da administração do Maranhão e Grão-Pará; as ordens reli- giosas; 
conflitos internos: missionários X colonos ....................................................................................................................................................... 02 
3. Amazônia Pombalina: Portugal Metropolitano; medidas pombalinas; Governo de Mendonça Furtado; Capitania de São José do Rio Ne- 
gro; Demarcações de limites: tratados de Madri e Santo Ildefonso. Extinção do Diretório dos índios: elementos históricos; Instituição dos corpos 
de milícias ........................................................................................................................................................................................... 05 
4. IMPÉRIO: Incorporação da Amazônia ao Estado Nacional Brasileiro: Província do Pará; Comarca do Rio Negro; A Cabanagem: o povo no poder: 
condições objetivas para a eclosão da Cabanagem; governo dos cabanos; conflitos no Amazonas; repressão imperial e o fim da Cabanagem ... 08 
5. Província do Amazonas: economia do Alto Amazonas na primeira metade do século XIX; Comarca do Alto Amazonas; manifestações 
autonomistas; criação e implantação do Estado provincial amazonense; sistema político do Amazonas no Segundo Reinado ............................ 10 
6. Economia e sociedade na Amazônia: ciclo da borracha; migração nordestina; seringal e o seringueiro; o sistema de aviamento ........................ 12 
7. REPÚBLICA: Fronteiras do Brasil: incorporação do Acre ao Estado Nacional Brasileiro; questão do Amapá; limites com a Guiana Ingle- sa .......... 13 
8. Amazonas cosmopolita: nova situação sociopolítica; transplantação de novos conceitos culturais; cidades da borracha: Belém X Ma- naus .... 14 
9. Decadência da economia gumífera: grande crise da economia gumífera; tentativa de recuperação: “a Batalha da Borracha” ........................... 15 
10. Manaus: de “Paris dos Trópicos” a “Miami Brasileira”: situação econômica e social da cidade; Rebelião de 1924; “Era dos Intervento- res”; 
“Clube da Madrugada”; Zona Franca de Manaus ............................................................................................................................... 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
1 
 
 
 
 
A longa história do povoamento humano na Amazônia come- ça 
praticamente junto com a formação da floresta que conhece- mos 
hoje. Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios concretos 
da presença humana na Amazônia durante o período 
compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do presente) foi, 
provavelmente, neste período que os primeiros grupos humanos 
provenientes da Ásia chegaram de sua longa migração até a Améri- 
ca do Sul. Eram grupos nômades de caçadores coletores que perse- 
guiam as grandes manadas de animais. 
A população Indígena do Brasil Pré-cabraliano era marcada por 
diversidades, principalmente na língua, modo de vida e cultura. De 
modo geral, as sociedades indígenas que habitavam o Brasil, apre- 
sentavam algumas semelhanças, vivendo no Regime comunitário- 
-familiar, a posse da terra era coletiva, dividiam o trabalho por sexo e 
idades, respeitavam a hierarquia familiar e a maioria tinha pro- dução 
voltada para subsistência. Na Amazônia, os povos indígenas 
estavam perfeitamente integrados ao seu habitat, viviam da caça, 
pesca e agricultura de subsistência praticada nas várzeas e plan- tando 
nas épocas de vazantes dos rios a mandioca, milho, algodão, tabaco, 
frutas e vegetais. Os ameríndios amazônicos apresentavam 
características expansionistas, bem como alianças políticas para de- fesa 
comum de grupos ameaçados. Muitos grupos indígenas não eram 
originários da Amazônia, fugiram do litoral, escapando do avanço 
português. 
A colonização da Amazônia - que hoje corresponde aos esta- 
dos do Amazonas e do Pará - foi estimulada pelas preocupações de 
garantir a posse e o acesso ao rio Amazonas e impedir a presença de 
rivais de outros países. A base de ocupação se deu através do 
extrativismo vegetal e do apresamento indígena. 
O extrativismo vegetal consistiu na exploração das chamadas 
“drogas do sertão”: cacau, guaraná, borracha, urucu, salsaparrilha, 
castanha-do-pará, gergelim, noz de pixurim, baunilha, coco, etc. Por isso, a 
escravidão tinha ali um terreno desfavorável, pois a explora- ção da 
Amazônia dependia do bom conhecimento da região. Daí a 
importância dos índios locais que serviam de guias. A forma predo- 
minante que caracterizou a integração da Amazônia ao conjunto da 
economia colonial foi o estabelecimento das missões jesuíticas, que 
chegaram a aldear perto de 50 mil índios. 
 
A Expansão Lusa. 
No ano de 1415 – Portugal conquistou Ceuta. Esse ato significou a sua 
expansão para o litoral da África e as Ilhas do Atlântico, pois vencia os 
limites da navegação, era o início de novas conquistas. No séc. XV - 
com a descoberta do novo caminho para as Índias e a possibilidade 
de adquirir os produtos orientais por preços mais bai- xos, 
transformaram-se no principal objetivo do Estado português. Nesse 
processo de conquistas e expansão, Lisboa se transformou num 
centro comercial importantíssimo, pela oferta de produtos 
concebidos como exóticos no mercado europeu. Anos depois, em 1500 - 
Cabral oficializou a posse sobre o Brasil. Deu-se início a um grande 
empreendimento português, uma grande colônia prometia 
prosperidade e muito lucro. 
 
A expansão espanhola 
Em 1492 - a Espanha tendo superado a presença árabe e a di- visão 
interna, reuniu forças para participar das disputas comerciais e 
exploração do mundo colonial, pois também tinha necessidades 
mercantis. Cristóvão Colombo, navegador genovês, partiu em agos- to de 
1492 - rumou alçando a ilha de Guanabara (San Salvador), nas 
Bahamas, na América Central para descobrir novas terras, novos 
horizontes que ampliasse a riqueza da Espanha. 
 
Os Traçados Ultramarinos 
No séc. XV - a corrida expansionista de Portugal e Espanha ge- 
rou controvérsias. Para definir direitos e territórios formularam-se 
diversos tratados, dos quais o mais antigo é o Tratado de Toledo 
- assinado em 1480. Esse tratado garantia as terras ao sul das Ilhas 
Canárias a Portugal, pois assegurava a rota das Índias pelo sul da África. 
No ano de 1493 pela Bula Intercoetera, o papa Alexandre VI 
determinou a partilha ultramarina entre espanhóis e portugueses. Os 
portugueses acharam que estavam sendo prejudicados, propu- 
seram o Tratado de Tordesilhas. Em 07 de junho de1494 foi decidi- 
do que a Espanha ficaria com as terras descobertas ao ocidente de uma 
linha imaginária, tirada de pólo a pólo, e a 70 léguas das ilhas do Cabo 
Verde, cabendo a Portugal a que se descobrisse ao orien- te. Com 
esta divisão, a Espanha ganhava quase toda a América, os estados 
do: Amazonas, Pará, Mato Grosso, quase todo Goiás, 2/3 de S. Paulo, 
parte de Minas Gerais, todo Paraná, Sta. Catarina e Rio Grande do Sul. 
Para Portugal cabia um pedaço de terra à foz do Rio-Madeira, na 
Amazônia. No ano de 1.500 – o espanhol Vicente Yanez Pinzon 
atingiu o Brasil, na altura de Pernambuco, visitando Povo Dias o estuário 
do Amazonas. Pelo Tratado de Tordesilhas, os Portugueses não deviam 
passar além do estuário do Amazonas.Em 1532 - Francisco Pizarro, 
chegou ao Peru, encontrando o povo Inca. Os espanhóis 
estabeleceram-se em seguida, organizando a admi- nistração pública 
nos moldes da Espanha. Pizarro se tornou auto- ridade suprema do 
território. A Espanha tinha-se espalhado pelas terras da América 
Central e Andina. E a Amazônia compreendia-se uma região sob seu 
governo. Até 1538 devido à falta de recursos financeiros, muitas 
pessoas doentes e que também faleceram, a ex- ploração fora 
abandonada e fechada. 
 
Na América Portuguesa ocorreu o amansamento do indígena 
que foi realizado de três formas: 
a) Descimentos: convencimento do índio para dirigir-se a mis- 
são, dando-lhe o direito de liberdade (apenas formal); 
b) Resgates: eram feitos por meio de expedições de colonos, 
que entravam em contato com certos grupos indígenas, praticando o 
escambo de mercadorias por prisioneiros de guerras intertribais ou 
mesmo captura de tribos. Esses índios eram chamados de índios de 
corda e podiam ser escravizados; 
c) Guerra justa: realizadas com expedições de colonos e mili- 
tares para extermínio do grupo indígena, caso não descesse para a 
missão; 
 
O contato do europeu com o indígena amazônico provocou 
aculturação e ou extermínio dos povos, gerando fuga, luta ou assi- 
milação da cultura europeia pelos indígenas (conversão ao catolicis- 
mo, troca de vestuário, adaptação a nova culinária e deformações de 
comportamento). 
 
O Povoamento e a Mão de Obra utilizada na Economia 
Os elementos humanos que contribuíram para o povoamento 
foram os mesmos que encontramos no restante do Brasil: 
• O índio – uma população numerosa, porém não era conside- 
rado fonte suficientemente para o duro trabalho, por isso era ca- çado 
violentamente pelo sertanista, reunido em aldeamento pelos 
Missionários e descido pelas autoridades civis e militares. O aldea- mento 
foi o núcleo humano com maior número de membros e era utilizado 
para todo tipo de tarefas. 
COLÔNIA: AS SOCIEDADES INDÍGENAS NA ÉPOCA DA 
CONQUISTA: ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DAS POPULA- 
ÇÕES INDÍGENAS; GRUPOS LINGUÍSTICOS E TRIBAIS; O 
MODO DE VIDA E A ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS 
TRIBAIS; ESTIMATIVAS DEMOGRÁFICAS 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
2 
 
 
• O negro africano – não foi tão representativo, mas era escra- 
vizado. Como a agricultura era incipiente não se fazia tão necessária sua 
mão de obra. A falta de fundos financeiros não permitia o co- mércio 
negreiro dos colonos, mesmo com a insistência das repre- 
sentações do governo para que se facilitasse o mercado negreiro. 
Os primeiros negros foram introduzidos pelos holandeses. 
 
A Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará trouxe 12.587 
pessoas para a região, sendo 7.606 escravos. No início da coloni- 
zação da Amazônia, a força de trabalho do negro era desprezada, 
devido às facilidades do aprisionamento dos índios. A Lei de 06 de 
junho de 1755 aboliu a escravização do índio, daí a procura do ne- 
gro foi se intensificando. Ainda em 1616, com a fundação do Presé- pio os 
portugueses já cogitavam em trazer os açorianos. Entre 1620 e 1921 
chegaram mais de 200 pessoas que se distribuíam pelas capitanias. 
Anos depois, em 1667, foram distribuídos nos distritos políticos – 
um pouco mais de 700 pessoas. Cada capitão mor ou governador que 
chegava de Portugal a Belém trazia consigo novos povoadores. As 
primeiras décadas de colonização da Amazônia as expedições 
coletoras eram baseadas na base da produção. A ativi- dade era 
organizada com os índios, espalhados em diversas áreas para extraírem 
substâncias naturais: óleo de tartaruga, especiarias, madeiras de lei, óleos 
vegetais e sementes de cacau. Em troca re- cebiam dos missionários e 
comerciantes portugueses, ferramentas, bugigangas e ocasionalmente 
salário. 
A Coroa Portuguesa, oficialmente estimulava empreendimento 
agrícolas, com o objetivo de constituir uma base mais estável para a 
efetivação da colonização da região. Porém, para o desenvolvimen- to 
agrícolas as condições ainda eram enviáveis, porque: 
• Era muito distante o acesso aos escravos negros 
• O transporte muito caro 
• A Amazônia não ostentava recursos agrícolas excepcionais e 
nem metais preciosos. 
• Baixa produção nas colheitas. 
• A maioria dos colonos da Amazônia eram pobres para com- 
prar escravos. 
 
A solução encontrada pelos colonos portugueses era escravi- 
zar os índios para utiliza-los como mão-de-obra. Devido aos maus tratos 
aos índios, os missionários impediam o acesso aos índios das missões. Esta 
política hostilizava ainda mais os colonos, cujos inves- timentos 
econômicos regrediram por falta de mão-obra, enquanto florescia a 
agricultura e a pecuária dos jesuítas. A atividade coletora tornou-se 
atraente para a população ¨cabocla¨ devido às exigências mínimas 
de capital. Devido à falta de material e de contatos exter- nos, o 
coletor geralmente tinha que fazer um tipo de acerto com um 
comerciante local, a fim de adquirir os bens de que necessitava. No 
período de 1760 a 1822, mais da metade das exportações do Pará, 
provinha principalmente mais de fontes silvestres do que de plantações 
(agricultura). 
 
Povoamentos Indígenas nos séculos XVI a XVIII 
O desaparecimento das nações indígenas que viviam ao longo 
do Amazonas e sua substituição por índios descidos dos afluentes pelos 
colonizadores resultará numa etnografia diferente daquela 
encontrada pelos primeiros exploradores. Desaparecem padrões 
demográficos e organizacionais do povo original e surgem novos 
grupos. Isso levará ao desenraizamento e ao processo de acultura- ção 
intertribal e interétnica. Essa nova população irá assimilar no- vas 
técnicas essenciais ao manejo fluvial. Elas constituirão a cultura do tapuio 
ou caboclo, da qual também irá fazer parte a população branca e 
mameluca da região. 
O conhecimento dos povoados ribeirinhos do rio Amazonas co- 
meça com o mito das amazonas americanas e das terras de Omagua 
e El Dorado. Quando a ilusão de fabulosas riquezas acabou, france- 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
3 
 
 
ses, holandeses e ingleses estabelecem feitorias e relações de es- 
cambo na região. Os portugueses reagem e desalojam os 
invasores. A chegada a Belém de dois franciscanos através dos 
rios Napo e Amazonas mostrou a viabilidade de se chegar ao Peru 
através do Amazonas. 
Alguns povos principais das regiões do Alto e Médio 
Amazonas e suas principais características sobre as bases territoriais, 
etnias e relações genéticas, filiações linguísticas e traços culturais 
impor- tantes. 
A várzea faz parte do sistema fluvial do rio Amazonas; é um tipo de 
solo constituído de elementos depositados pelas inundações ca- 
racterísticas da área. É o leito maior dos rios, podendo ocorrer em suas 
duas metades ou somente em uma. Pode também inexistir em certos 
trechos, de acordo com a região. A várzea não é um ecossis- tema 
homogêneo; seu ciclo biótico depende do regime fluvial. Essa área 
concentra grande parte da história indígena do rio Amazonas. 
 
 
 
O descobrimento da região hoje formada pelos Estados do 
Amazonas e Pará foi de responsabilidade do espanhol Francisco de 
Orelhana. A viagem foi descrita apontando as belezas e possíveis 
riquezas do local, com os fatos e atos mais prováveis de chamar a 
atenção da coroa espanhola. Durante essa expedição (ocorrida à 
época 1541-42), os espanhóis teriam encontrado as mulheres ama- 
zonas guerreiras, sobre as quais há muita fantasia, mitos e folclores. 
 
A Expedição de Gonzalo Pizarro e Francisco de Orellana 
(1541–1542) 
Gaspar de Carvajal como relator. A partir desse momento, a 
viagem ganhou nova dimensão: foram descobertos os caudais 
que engrossam o rio Amazonas, batizado de o rio de Orellana, tanto 
pela direita quanto pela esquerda. 
Orellana batizou o rio Negro, após entrar em contato com esse rio, 
em 3 de junho, e o rio Madeira, em 10 de junho. Em 22 de junho 
de 1541, quase na foz do Nhamundá, aproximou-se da mar- gem do rio 
para abastecer a expedição e foi violentamente atacado pelas 
lendárias Amazonas.Segundo o relator Gaspar de Carvajal, as 
mulheres eram brancas e altas, com abundantes cabeleiras e de 
membros desenvolvidos; vestiam-se com pequenas tangas. Na rea- 
lidade, a expedição foi atacada pelos índios tapajós. Após essa luta, a 
expedição chegou ao Atlântico; Orellana partiu para a Espanha. 
 
A Expedição de Pedro de Úrsua e Lopo de Aguirre (1560-1561) A 
primeira expedição que navegou todo o rio Amazonas foi or- 
ganizada por Gonzalo Pizarro, governador de Quito e irmão de 
Fran- cisco Pizarro. Intentava conquistar o El Dorado e o País da 
Canela. 
Essa expedição foi composta por índios dos Andes, espanhóis de 
origens sociais diversas: nobres, militares e degredados. 
A expedição partiu de Quito e, após uma árdua luta contra o 
meio ambiente e com o tempo, devido a chuvas constantes, 
chegou ao povoado de Zimaco, nas proximidades do rio Coca, 
onde encon- traram o País da Canela. A região era farta de canela, mas as 
árvores 
CONQUISTA E COLONIZAÇÃO: EXPEDIÇÕES DO SÉCU- LO XVI: A DE 
FRANCISCO DE ORELLANA E A DE URSÚA E AGUIRRE; 
OCUPAÇÃO MILITAR: O FORTE DO PRESÉ- PIO E A EXPULSÃO 
DOS “ESTRANGEIROS”; EXPEDIÇÃO DE PEDRO TEIXEIRA; AS 
BASES DA COLONIZAÇÃO 
PORTUGUESA: AS BASES ECONÔMICAS; ORGANIZA- 
ÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO INDÍGENA; ORGANI- 
ZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO DO 
MARANHÃO E GRÃO-PARÁ; AS ORDENS RELIGIOSAS; CONFLITOS 
INTERNOS: MISSIONÁRIOS X COLONOS 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
4 
 
 
eram dispersas, não compensando a atividade de exploração para o 
mercado. Passado um período de três meses, faltaram alimentos e, 
em função da insalubridade da região, muitos morreram. Comeram 
cães, cavalos, ervas desconhecidas e algumas venenosas. 
O comandante Gonzalo Pizarro era implacável, quando chega- va às 
aldeias e perguntava sobre o El Dorado e os índios não lhe sabiam 
responder, não poupava uma só vida. Mandava queimar os aborígines 
vivos ou os jogavam aos cães, que dilaceravam-lhes as carnes. Pizarro 
mandou construir um bergantim e colocou Francisco de Orellana como 
comandante e frei. 
A presença de desocupados, saqueadores, assassinos e outras 
escórias era muito grande na América. Eles eram enviados da Espa- nha. 
Para resolver esse problema social e político, o governador e vice-rei 
Andrés Hurtado de Mendonza decidiu utilizar-se dessa gen- te na jornada 
de conquista do El Dorado e dos omáguas. 
O governador passou a responsabilidade da empreitada a Pe- 
dro de Úrsua, que partiu de Lima, no Peru, rumo ao Atlântico. Pedro de 
Úrsua trouxe em sua companhia a mestiça Ignez Atienza para lhe dar 
auxílio. Viúva, D.Ignez despertava paixões entre os tripulan- tes. Os 
descontentes acusavam-na de absoluta ascendência sobre o chefe. 
Esse foi o estopim do conflito no interior da expedição, resul- tando na 
morte do comandante Pedro de Úrsua. Em outubro 1560, a 
expedição alcançou o Marañon; em seguida, entrou em contato 
com as províncias de Machifaro e Iurimágua, no Solimões. 
Os soldados conjurados foram chefiados por Lopo de Aguirre, 
segundo os relatos de Francisco Vasquez, do capitão Altamirano e 
de Pedraria de Almesto, que participaram da expedição. A expedi- ção 
atingiu o Atlântico, em julho de 1561. 
 
Invasores na foz do Amazonas 
Após a ocupação do Maranhão, os portugueses resolveram di- rigir 
sua atenção para os invasores da foz do Amazonas, enviando uma 
expedição que fundou o Forte do Presépio, origem da cidade de 
Belém, para servir de base para suas ações Oficial Temporário da 
Marinha- militares. De lá, eles passaram a atacar os estabeleci- mentos 
dos ingleses, holandeses e irlandeses, enforcando os que resistiam 
e escravizando as tribos de índios que os apoiavam. Esta violência e a 
criação de uma flotilha de embarcações (que agia per- manentemente 
na região apoiando as ações militares e patrulhan- do os rios) 
garantiram o bom êxito e asseguraram a posse da Ama- zônia Oriental 
para Portugal. 
 
AS CONQUISTAS NA AMAZÔNIA 
 
Espanholas 
Em 1538 - Pedro de Anzurey reiniciou a abertura para Ama- 
zônia, com uma expedição com muitos índios, espanhóis, através dos 
Andes, mas não obteve sucesso. As várias intempéries de fator climático, 
temporal, geográfico e a falta de conhecimento da mata 
impossibilitaram o avanço da expansão territorial. No mês de fe- 
vereiro de 1541 - Pizarro partiu de Quito (Peru) para encontrar o “El 
Dorado”. Orellana que estava em Guaiaquil, chegou depois da 
expedição com fome e sem dinheiro, mas mesmo assim partiu em busca 
de seu líder. Pois as maiores dificuldades a serem enfrentadas eram os 
desafios da região tropical, desconhecida para o mundo europeu. 
Pizarro em sua expedição adoeceu de tal forma que foi acolhi- 
do por um cacique que lhe deu assistência necessária, com medica- ção e 
alimentos. Ali, com o índio, Pizarro permaneceu dois meses. Várias 
tentativas foram realizadas para continuar com a expansão espanhola, 
mas no séc.XVI os espanhóis deixaram a Amazônia. Mor- reram muitos 
espanhóis de sua expedição, bem como muitos índios que fizeram parte 
da mesma para auxiliarem no enfrentamento da mata com suas belezas 
naturais, mas difícil de ser enfrentada, prin- 
cipalmente para quem não conhecia. Contam os relatos de viagem, 
que a expedição, em certo momento não tinha mais nada a comer, pois 
os índios morreram de fome e de doenças e os que sobraram se 
recusaram a continuar a trabalhar com os espanhóis. 
No período de 1580 - 1640 devido a todo um contexto históri- co, 
social e político e a morte de D. Henrique, rei de Portugal, deu-se a 
anexação de Portugal a Espanha. Nessa época, isto é, em 1595, 
holandeses, ingleses, franceses, tentam a colonização da Amazônia. 
Foram realizadas inúmeras tentativas de colonização. Entre 1530 e 1668 
dezenas de expedições desceram dos Andes para a selva tro- pical 
enfrentando também todos os desafios da mata e dos rios. 
 
Novas Tentativas de Colonização. 
No ano de 1538 - o imperador Carlos V, da Espanha, outorgou 
aos comerciantes da cidade de Augsburg o direito de posse de uma 
parte da Venezuela, procurando assim uma tentativa estratégica para 
entrar na Amazônia. Várias expedições tentaram ocupá-la. Pe- dro de 
Candia e Pedro Anzurey tentaram explora-lá, em 1533 en- trando pelo 
rio Madre de Dios e o Beni (Bolívia). George de Spires, sucessor de 
Alfinger, em 1536, tentou uma outra expedição, porém não obteve 
lucros. Em abril de 1539, Alonso de Alvarado fundou a cidade que 
hoje é Chahapoyos, no vale do Marañon. Em 1541 - o alemão, Philip 
von Huten, viajou pelo rio Caquetá por quase 1 ano, sem sucesso. Ao 
voltar para o litoral da Venezuela, encontrou a po- voação alemã 
ocupada por piratas espanhóis, e foi decapitado. 
Pizarro confiara o cargo a Francisco Orellana para continuar a obra 
de conquista. Sua expedição detectou como se formava o rio 
Amazonas: ¨pela direita e pela esquerda¨: Rio Negro e Rio Madei- 
ra, tentando desembarque nas aldeias indígenas em vários trechos do rio. 
Nessa mesma época de 1541, Orellana encontrou as índias 
Amazonas, diferentes das outras índias. Um ano depois atingiu o 
Antlântico. Orellana recebeu em 13 de fevereiro de 1544 o títu- lo de 
Adelantado, Governador e Capitão General das terras que 
colonizou, a Nova Andaluzia – depois chamada de Amazônia. Há 
controvérsias quanto a viagem de Orellana. Historiadores afirmam que 
ele teria entrado pelo rio Pará, e outros pelo Amazonas. Veio a falecer 
em 1546. Outros navegadores pretenderam chegar até a Amazônia, 
entrando pelo Atlântico: Luiz de Melo da Silva e o piloto francês João 
Afonso, sem, porém, alcançar o objetivo. Houve várias outras tentativas 
espanholas para ocupação da Amazônia em 1560: Pedro de Ursua, 
Gusman e Lope de Aguirre. Muitas lendas e histó- rias eram tecidas a 
respeito do Dorado recolhido. Entre muitas que eram contadas, se 
dizia que: havia tanta riqueza que era impossível medir; os templos, 
os palácios, a pavimentação das ruas da cidade de Manao eram 
construídos com ouro puro; o rei ao banhar-se, pe- las manhãs, 
banhava-senum lago de águas perfumadas, sobre as quais lançavam 
ouro em pó. 
 
Reação Portuguesa. 
A obra dos portugueses, nesse período foi muito vagarosa, pois 
havia pouca gente no reino de Portugal para vir ao Brasil, princi- 
palmente para trabalhar. Por volta de 1600, pelo lado do Atlântico 
começou a ser ocupada a terra do Amazonas. Holandeses, ingleses 
e franceses disputaram as terras invadindo a explorando o delta do 
rio comercializando com os nativos, como se fossem donos da região. Os 
portugueses partiram de Pernambuco à caça dos fran- ceses que 
estavam se fixando nas costas brasileiras, no Maranhão, onde S. Luiz era o 
sítio mais importante da colônia francesa. Eles atingiram a colônia em 
1616. Nesse mesmo ano Francisco Caldeira Castelo Branco comandou 
uma expedição, expulsou os franceses do Maranhão e avançou para 
o norte, fundando o Forte do Presépio que se tornou o núcleo de 
origem da povoação de Belém e base de operações dos portugueses 
contra os estrangeiros. 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
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Em 1612 - os primeiros jesuítas entraram no Maranhão, onde 
se encarregaram da catequese dos nativos, submetendo-os aos tra- balhos 
aos colonizadores. 
 
Expedição de Pedro Teixeira 
No ano de 1621 - sob o comando de Pedro Teixeira, os por- 
tugueses esmagaram os últimos postos ingleses, irlandeses e ho- 
landeses. Além de Teixeira, sertanistas entraram no território ama- 
zonense. Estes avançaram muito mais que Teixeira. Partiram de Belém, 
Gurupá e Cametá, passando por Tapajós, pelo Ocidente, rumo aos 
limites com as colônias espanholas e adiantaram-se até o rio 
Solimões, com o objetivo de buscar ouro e drogas do sertão. E ao 
adentrarem na mata caçavam os índios. Porém, não foram bem 
sucedidos nas pesquisas para as descobertas das minas de ouro, 
colhiam com dificuldades as drogas do sertão. A caça ao índio era mais 
lucrativa, porém mais trabalhosa. Em 10 anos os portugueses se 
tornaram ocupantes da Amazônia. 
Entre 1600 e 1630 - os portugueses consolidaram o seu total 
domínio da boca do rio Amazonas. Em 28 de outubro de 1637 - sob 
o comando de Pedro Teixeira, a expedição partiu do Porto de Belém com 
toda segurança, obtendo sucessos. O Tratado de Tordesilhas foi 
violado em quase 1.500 milhas. 
Em 1669 - para impedir a passagem de navios holandeses que 
desciam do Orenoco para comercializar com os índios Omágua, o 
comandante Pedro da Costa Favela construiu a fortaleza da Barra 
de S. José do Rio Negro. Frei Teodoro (franciscano) foi responsável pelo 
aldeamento dos índios Tarumá, na boca do rio Negro, dando a origem ao 
povoado que no futuro seria a cidade de Manaus. 
Após tantas aventuras e descobertas, a região acabou ficando 
abandonada e caiu no esquecimento, até que os frades Domingos 
de Brieba e André Toledo, realizando uma nova descida para o rio 
Amazonas, alcançassem Belém do Pará, despertando o interesse de 
outros capitães portugueses. Quem assumiu a empreitada foi Pedro 
Teixeira, um dos maiores matadores de índios daqueles tem- pos, 
mesmo depois de a Câmara Municipal de Belém do Pará ter se 
manifestado contra a saída dos soldados. 
A viagem com destino aos confins da Amazônia é feita em 1637, 
arrastando mais de 2 mil índios e tomando posse da região de 
Paianino a 16 de agosto de 1639. Desse modo foi justificada a 
expedição da Carta Régia, que criaria a capitania do Cabo do Norte, 
em 1637, por Felipe IV da Espanha. 
Todo o gasto empreendido pela expedição, no entanto, não era 
suficiente para salvar a Amazônia daquele tempo do abandono, 
principalmente o espaço físico enorme que ia da foz do rio Ama- zonas 
à província de Quito e dos altiplanos guianenses à Bacia do Mamoré – 
Guaporé. 
 
A atuação dos missionários na Amazônia nos sécs. XVII E XVIII As 
missões e os Fortes desempenharam papéis importantes no Vale 
do Amazonas quanto à expansão territorial e a consequente 
colonização. Contribuíram para fixar marcos da penetração portu- 
guesa naquele território disputado por outros povos. 
Durante o século XVII e boa parte do século XVIII, a metrópole 
portuguesa não tinha recursos nem pessoas suficientes para rea- lizar a 
ocupação do extenso território amazônico. Uma das alter- nativas para 
solucionar esse problema foi permitir que as ordens religiosas se 
instalassem na colônia. 
Eles ajudavam na conquista, pois a catequização dos povos in- 
dígenas ajudava no processo de ocupação e geração de riquezas. 
As ordens religiosas chegaram em épocas diferentes à região. 
Por exemplo: as carmelitas, em 1627, e os jesuítas, em 1636. Depa- 
ravam-se, porém, com os mesmos obstáculos como a competição entre 
os colonos e entre as próprias ordens religiosas pelo “direito de 
administrar o indígena”, visto tanto como mão-de-obra quanto 
como fiel servo de Deus. 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
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A disputa acirrada entre as ordens exigiu a intervenção 
gover- namental. 
Na tentativa de resolver esta contenda, que envolvia também a 
ocupação do Vale Amazônico, inúmeras Cartas Régias fixaram as áreas 
de atuação das ordens. 
- Os Franciscanos de Santo Antônio (Capuchos)receberam as 
missões do Cabo do Norte, Marajó e Norte do Rio Amazonas; 
- à Companhia de Jesus (Jesuítas) couberam as dos Rios Tocan- 
tins, Xingu, Tapajós e Madeira; 
- os Franciscanos ficaram com as da Piedade e do Baixo Amazo- nas, 
tendo como centro Gurupá; 
- os Mercedários com as do Urubu, Anibá, Uatumã e trechos do 
Baixo Amazonas; 
- e os Carmelitas com as dos Rios Negro, Branco e Solimões. 
 
Nos anos finais do século XVII as missões religiosas cobriam 
grande parte do espaço que viria a constituir a atual região amazô- 
nica brasileira. 
Esses religiosos tinham como principal missão converter os po- vos 
indígenas em cristãos. Os missionários procuravam convencer os 
indígenas a deixar suas aldeias e se transferirem para os Aldea- 
mentos. A esse deslocamento, chamamos Descimento. 
Nos aldeamentos, os indígenas aprendiam diversos 
costumes europeus e a religião Católica. Eles aprendiam sobre 
história de Santos, aprendiam também a rezar, a cantar músicas 
religiosas e até esculpir imagens de Santos Católicos. Esses 
ensinamentos eram importantes para os objetivos dos colonizadores, 
pois preparavam os índios aldeados para se tornarem 
trabalhadores muitas vezes es- cravizados. 
As missões não tinham apenas um caráter religioso. Os missio- 
nários receberam grandes propriedades da coroa portuguesa. Essas 
terras se tornaram muito produtivas, pois os religiosos utilizavam os 
indígenas como mão de obra. 
Essa prática, além de gerar riquezas para as ordens religiosas, fazia 
parte da doutrina cristã, pois, o trabalho era considerado uma 
salvação. 
Sempre de sentinela nas lonjuras do Vale estavam os fortes, 
instalados ao longo do século XVII: eram unidades pequenas, com 
poucos homens e escassas peças de artilharia. Isto, entretanto, não era 
empecilho para que enfrentassem os ataques frequentes de es- 
trangeiros ou de nativos. 
Os fortes de Orange e Nassau serviam de base para o contato 
e comércio com indígenas, bem como para que se desse início de 
plantio de cana-de-açúcar e tabaco. 
O papel do indígena na ocupação do Vale do Amazonas era 
de extrema importância. Não se dava um passo sem ele, pois 
conhe- cia o território, sabendo se movimentar naquela área 
desconhecida pelo europeu. 
 
Os nativos eram os guias pela floresta ou pelos rios. Canoei- ros, 
conduziam as embarcações nas longas expedições fortemente 
escoltadas, em meio a milhares de quilômetros, pelos cursos 
ema- ranhados d’água. Eram também caçadores, identificando a 
variada fauna, e coletores das “drogas do sertão”, pois conheciam 
como ninguém a flora local. 
A coleta se organizou no Vale sob a coordenação dos missioná- rios. 
Os padres, que monopolizavam o trabalho indígena, usavam um 
artifício para que os nativos extraíssem elementos da flora em grande 
quantidade. Alegavam que, além das partes destinadas aos adultos, aos 
velhos e às crianças, deveriam extrair outra, destina- da aTupã. Esta 
fração - “Tupã baê” - acumulada nos depósitos das missões, era, 
posteriormente, exportada para a Europa onde seria 
comercializada com grande lucro. 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
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Conduzido pelos nativos, o “homem branco” penetrava em meio 
a terrenos submetidos a chuvas constantes que provocavam um 
aumento no nível das águas que, por sua vez, arrastavam e des- locavam 
grandes porções de terra próximas aos cursos dos rios. Por conta disto, a 
exploração detinha-se no que a floresta oferecia e possibilitava 
espontaneamente. 
Pelos cursos d’água - iam sendo coletadas especiarias diversas, 
aproveitadas e utilizadas no comércio: plantas alimentícias e aro- 
máticas como cravo, canela, castanha dita do Maranhão, salsapar- rilha, 
cacau etc. 
Também eram extraídas madeiras valiosas e produtos de ori- 
gem animal, desconhecidos, como uma espécie de óleo utilizado na 
alimentação e na iluminação, obtido dos ovos da tartaruga, ou o 
“manacuru” (peixe-boi), exportado salgado e seco. 
Aos olhos dos colonizadores, o Vale Amazônico apresentava- 
-se com possibilidades incalculáveis, inclusive dando a impressão de que 
seus produtos podiam substituir as especiarias das Colônias perdidas no 
Oriente. 
A colonização que ali se impôs, portanto, fundamentou-se nas 
atividades extrativas, compondo um sistema original e peculiar que 
constituiu e marcou a vida econômica da região. 
 
O estado do grão Pará e do Maranhão 
A região de Belém desenvolvera-se mais do que a de São Luís, 
por este motivo e por outros estratégicos, a capital desse novo Esta- do, 
redenominação do anterior, foi definitivamente transferida para Belém. 
As datas referentes a esta divisão administrativa foram: 
Criação 31.07.1751 
Extinção Legal 20.08.1772 
Extinção real 21.11.1772 
 
Este Estado estava quase que totalmente enfeudado a particu- lares, 
através das capitanias hereditárias doadas, no século anterior, e às Ordens 
Religiosas, que receberam terras e índios, em 1693 e 1694, ficando a 
Coroa Portuguesa praticamente restrita ao governo da Capitania do 
Pará, com Belém e suas circunvizinhanças. 
Coube a Pombal a efetiva ocupação da Amazônia, como pro- 
priedade definitiva do Reino, o que ocorreu com a compra das capi- tanias 
e a expulsão de algumas das Ordens aqui estabelecidas, com seus 
gigantescos feudos religiosos. 
 
 
 
O primeiro ministro do Rei D. José I chamava-se Sebastião José de 
Carvalho e Melo e depois se tornaria o Marquês de Pombal. 
Durante seu mandato, importantes reformas econômicas e ad- 
ministrativas foram implementadas em Portugal, em seu império 
colonial, e, especialmente na Amazônia. Pombal era um autêntico 
déspota esclarecido, ou seja, um governante que tinha uma forma de 
governar absolutista, mas que era influenciado pelo movimento 
iluminista. O iluminismo, ou movimento das luzes, apregoava a saí- 
da do ser humano do estado de trevas, da falta de esclarecimento, 
e defendia o uso da razão e da ciência, colocando o homem como o 
centro de suas preocupações. 
O governo de Pombal caracterizou-se por uma tentativa de ti- rar 
Portugal do atraso frente às demais potências europeias pela 
adoção de medidas inspiradas nas ideias iluministas. Seu objetivo 
principal era reaver o controle sobre todas as riquezas que vinham 
das colônias para Lisboa. Antes do governo de Pombal, Portugal dei- 
xava muito das riquezas coloniais cair nas mãos de holandeses que 
realizavam parte do comércio ou nas mãos de piratas que atacavam 
as embarcações portuguesas. Além deles, os jesuítas, por terem o 
controle sobre a mão-de-obra também tinham alcançado um poder 
muito grande nas colônias portuguesas. Com as reformas a nação 
portuguesa poderia se modernizar e restabelecer o domínio sobre 
o que restava de seu vasto império colonial. 
As principais medidas das reformas pombalinas foram as se- 
guintes: 
1) expulsão da ordem jesuíta de todas as colônias portuguesas; 
2) criação das companhias de comércio, iniciada pela Compa- 
nhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão; 
3) instituição do Diretório dos índios, que passava o controle da 
mão-de-obra para funcionários da coroa portuguesa; 
4) política de integração e assimilação dos indígenas aos colo- 
nizadores. 
 
A expulsão dos jesuítas 
A ordem jesuíta, criada no século XVI, no momento em que a 
Igreja Católica buscava uma resposta à Reforma Protestante, era 
diretamente subordinada ao Papa, e isto desagradava fortemente 
a Portugal. O restante do clero respondia primeiro à coroa portu- 
guesa, e só então ao Papa. A independência dos jesuítas abria pos- 
sibilidade de confronto de ideias na metrópole, e principalmente de 
confronto de ações nas colônias. Os jesuítas na Amazônia, por 
exemplo, possuíam uma grande riqueza e chegavam a rivalizar com 
o Estado português no poder econômico. 
No ano de 1734 embarcaram para Lisboa o total de 2:538 arro- 
bas de cacau e não pequena quantidade de cravo e salsa parrilha; (...) 
Destes gêneros, que extraíam do sertão, que produziam em suas 
roças e fábricas, os religiosos não pagavam dízimos ao Estado, nem direitos 
nas alfândegas da metrópole”1. 
A riqueza e a isenção de fiscal somadas ao controle da mão de obra e 
a presença dos jesuítas nas câmaras municipais, tornavam estes 
religiosos um grande obstáculo para a empreitada do Mar- quês de 
Pombal de modernizar Portugal. Expulsando-os ele pre- tendia 
reassumir o controle da mão-de-obra indígena, aumentar a 
produtividade dos domínios coloniais e aumentar a arrecadação de 
impostos. 
 
Tratado de Madri – 1750 - D. João V (Portugal) / D. Fernando VI 
(Espanha) – 13 de janeiro de 1750 
Desejando eficazmente consolidar e estreitar a sincera e cor- dial 
amizade e particularmente os que se podem oferecer com o motivo 
dos limites das duas Coroas na América, cujas conquistas se tem 
adiantado com incerteza e dúvida, por se não haverem ave- riguado 
até agora os verdadeiros limites daqueles domínios, ou a paragem 
donde se há de imaginar a Linha Divisória, por parte da Coroa de 
Portugal, se alegava que havendo de contar-se os 180º de sua 
demarcação, desde a linha para o Oriente, ficando para Espa- nha os 
outros 180º para Ocidente; contudo, se acha, conforme as 
observações mais exatas e modernas dos astrônomos se estende o 
domínio espanhol na extremidade Asiática do mar do sul, muito mais 
graus que os 180º da sua demarcação; e, por conseguinte, tem 
ocupado muito maior espaço do que pode importar qualquer ex- 
cesso que se atribua aos portugueses, no que talvez terão ocupado 
na América meridional, ao Ocidente da mesma Linha. 
Por parte da coroa de Espanha se alegava que, havendo de ima- 
ginar-se a linha de norte a sul a 370 léguas ao poente das ilhas de 
Cabo Verde, e ainda que por não estar declarado de qual das ilhas 
AMAZÔNIA POMBALINA: PORTUGAL METROPOLI- 
TANO; MEDIDAS POMBALINAS; GOVERNO DE MEN- 
DONÇA FURTADO; CAPITANIA DE SÃO JOSÉ DO RIO 
NEGRO; DEMARCAÇÕES DE LIMITES: TRATADOS DE 
MADRI E SANTO ILDEFONSO. EXTINÇÃO DO DIRETÓ- 
RIO DOS ÍNDIOS: ELEMENTOS HISTÓRICOS; INSTITUI- 
ÇÃO DOS CORPOS DE MILÍCIAS 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
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de Cabo Verde se hão de começar a contar as 370 léguas, e consen- 
tindo que se comece a contar desde a mais ocidental, que chamam de 
Santo Antão, apenas poderão chegar as 370 léguas à cidade do Pará 
e como a coroa de Portugal tem ocupado as duas margens do rio dos 
Amazonas, ou Marañon, subindo até a boca do rio Javarí sucedendo 
o mesmo pelo interior do Brasil com a internação que fez esta coroa 
até o Cuiabá e Mato Grosso. 
Vistas e examinadas estas razões pelos dois Sereníssimos Mo- 
narcas, resolveram pôr termo às disputas passadas e futuras, e 
esquecer-se, e não usar de todas as ações e direitos, que possam 
pertencer-lhes em virtude dos referidos tratados de Tordesilhas, 
Lisboa, Utrecht e da escritura de Saragoça, ou de outros quaisquer 
fundamentos, que possam influir na divisão dos seus domínios por linha 
meridiana. 
 
Tratado preliminar de limites - Sto. IldefonsoDona Maria I 
(Portugal) / Carlos III (Espanha) 1º outubro de 1777 
Havendo a Divina Providência excitado nos augustos corações 
de Suas Majestades Fidelíssima (Portugal) e Católica (Espanha) o sincero 
desejo de extinguir as discórdias que tem havido entre as duas Coroas de 
Portugal e Espanha, e seus respectivos Vassalos no espaço de quase três 
séculos, sobre os limites de seus domínios na América e da Ásia. 
Para efeito, pois de conseguir tão importan- tes objetos, se nomeou 
os quais depois de haver se comunicado os seus plenos poderes, e 
de havê-los julgado expedidos em boa e devida forma, convieram 
nos artigos seguintes, regulados pelas ordens e intenções dos seus 
Soberanos. 
 
Criação das Companhias de Comércio 
Para desenvolver um modelo de produção econômica eficiente e que 
fosse válido para todo o império colonial, primeiro era neces- sário 
realizar um projeto pequeno em uma área colonial estratégi- ca, para 
depois, conhecendo os erros e acertos deste projeto-piloto, 
implantar o modelo em todas as colônias. A região escolhida para 
o “teste” foi a Amazônia e seu comandante, o novo governador do 
Grão-Pará e meio-irmão do Marquês de Pombal, Mendonça Furtado. As 
finalidades da companhia eram introduzir escravos africa- 
nos para o trabalho, já que os indígenas seriam libertos e consi- 
derados súditos da coroa portuguesa; dinamizar a agricultura com 
novas técnicas e novos instrumentos de trabalho; e incrementar e 
dinamizar o comércio da região, voltando-o para a exportação e não 
só para o abastecimento interno. 
A Companhia e comércio do Grão-Pará e Maranhão recebeu direito 
exclusivo de todo o comércio e navegação na Amazônia por um período 
de vinte anos. Ao mesmo tempo o ministro declarou a expul- são de 
todos os pequenos comerciantes itinerantes conhecidos como comissários 
volantes, que além de realizar um comércio pouco expres- sivo e ineficiente 
davam grande margem ao contrabando. Concedendo privilégios e proteção 
aos grandes comerciantes portugueses, Pombal acreditava que estes 
poderiam acumular capital para competir com os ingleses no comércio 
colonial como um todo. A expulsão dos comis- sários volantes foi uma 
tentativa de remover um elo-chave entre os comerciantes 
estrangeiros e os produtores brasileiros. 
A escolha da Amazônia para começar o processo de diminuição 
da influência inglesa foi uma manobra muito inteligente. Os ingle- ses só 
perceberiam a ameaça a seus interesses uma década mais 
tarde, quando o modelo já está suficientemente testado para ser 
aplicado nas demais colônias portuguesas, inclusive nas mais im- 
portantes do nordeste brasileiro e da África. 
 
Instituição do Diretório dos Índios 
Ao mesmo tempo em que criou o monopólio da Companhia de 
Comércio, Pombal decretou a liberdade e a integração da popula- 
ção indígena, retirando a autoridade religiosa e secular concedida 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
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aos missionários pelo regimento das missões de 1686. Os jesuítas 
foram, então, rapidamente substituídos por funcionários do Estado 
português que deveriam servir de ponte entre a vida submissa 
que os nativos levavam sob a direção dos jesuítas e a integração que era 
objetivo das medidas pombalinas. Em cada povoação haveria um 
diretor de índios, que zelaria pelo seu governo secular, enquanto 
o governo espiritual passaria às mãos dos padres nomeados pelos 
bispos locais. Na realidade, o diretório proporcionou apenas a troca de 
sujeitos opressores que continuavam a explorar as populações nativas 
através de formas de trabalho compulsório. 
Os índios, apesar de considerados livres pela legislação eram 
obrigados a plantar mandioca, feijão, milho e arroz não só para o 
próprio sustento como também para o abastecimento dos lugares, das 
vilas e das cidades. Eles eram obrigados a pagar a décima parte de 
tudo que cultivassem e adquirissem para o diretor, o qual era pago 
por mais um imposto que consistia na sexta parte de todos os produtos 
por eles produzidos. 
O Diretório estabelecia que o comércio deveria ser livre, fican- do 
as localidades próximas ao mar ou à margem dos rios destinadas 
à salga de peixes para o comércio, enquanto que os povoados pró- 
ximos às áreas de cacau, salsa ou cravo deveriam conduzir os índios a este 
ramo de negócios. O comércio no sertão seria realizado com índios que 
tivessem concluído o cultivo de suas roças. 
Os índios, apesar do status de “livres”, continuavam a ser re- 
partidos entre os moradores da seguinte forma. Da totalidade da 
mão de obra dividiam-se dois grupos. O primeiro deveria estar a 
serviço da coroa, cuidando da defesa do Estado; o segundo, a ser- 
viço dos moradores “não só para equipação das canoas, que vão 
extrair drogas do sertão, mas para ajudar na plantação de tabaco, 
cana-de-açúcar, algodão e todos os gêneros que podem 
enriquecer o Estado e aumentar o comércio”. 
 
Integração e assimilação dos indígenas 
Junto com o Diretório, a legislação listava uma série de objeti- vos 
que faziam parte de uma política mais ampla de integrar e as- similar 
os nativos à cultura do colonizador. Os portugueses, em sua grande 
maioria, consideravam-se superiores aos índios e buscavam trazê-
los à “civilização”. Por isso alguns dos objetivos do Diretório eram: “a 
dilatação da fé, a extinção do gentilismo, a propagação do evangelho, 
a civilidade dos índios, o bem comum dos vassalos, o aumento da 
agricultura, a introdução do comércio, e, finalmente, a opulência e a 
total felicidade do Estado”. 
Para alcançar a integração e os objetivos acima descritos o di- 
retório estabelecia algumas ações mais específicas: proibição da 
língua materna de cada etnia, bem como a língua geral, o 
nheenga- tu, que era falada pela maioria da população; obrigava 
os índios a adotarem nomes e sobrenomes portugueses; obrigava os 
nativos a construir moradias no estilo dos brancos; obrigava o uso de 
roupas no estilo dos brancos; proibia os nus, muito comuns para 
alguns povos; 
Outras medidas adotadas no período pombalino também 
tra- balharam no sentido de integrar os índios à sociedade branca. As lo- 
calidades e povoações tiveram suas denominações modificadas dei- 
xando de usarem as denominações indígenas tradicionais em 
favor de nomes portugueses, a maioria nomes de cidades 
portuguesas. 
A incapacidade de compreender a cultura nativa aliada ao pres- 
suposto equivocado de que todo não-cristão era um “bárbaro”, e 
por isso, ignorante e infeliz, fazia com que os portugueses traba- 
lhassem para eliminar a cultura e a identidade do indígena. Por cau- sa 
disso, muitos povos línguas e culturas ricas e importantes foram 
dizimadas no processo de colonização europeia da Amazônia. Por 
não conseguir compreender o modo de vida e a maneira de 
pensar dos indígenas, os portugueses os achavam preguiçosos, 
porque não davam o mesmo valor que eles para o dinheiro e o lucro; 
violentos, 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
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porque buscavam resistir ao processo de colonização; e estúpidos, 
porque tinham uma lógica e uma sabedoria completamente dife- 
rentes daquela dos europeus. 
As reformas pombalinas buscavam modernizar Portugal e suas 
colônias. A Amazônia, como área estratégica em seu projeto, teve 
atenção especial por parte da administração colonial e conheceu 
um período de grande desenvolvimento, apesar da violência e dos 
abusos que continuaram sendo praticados contra as populações in- 
dígenas. 
Após a morte do rei D. José I, e com a consequente queda de seu 
primeiro-ministro, as políticas para região e as legislações pos- teriores, 
como o Corpo de Trabalhadores, não alcançaram nenhum sucesso. 
A região foi se despovoando e a população remanescente foi se 
tornando cada vez mais descontente. Muitas vezes, o nível de 
insatisfação vinha à tona em revoltas locais e petições ao governo 
central. Muitos anos depois a Cabanagem seria reflexo deste des- 
contentamento. Mesmo depois do fim do período colonial até início da 
expansão da economia da borracha, o projeto do Marquês dePombal para a Amazônia continuava sendo a maior referência das 
populações locais de um tempo em que o governo central dedicava 
mais atenção à região. 
 
FRANCISCO XAVIER DE MENDONÇA FURTADO 
Nomeação 17.04.1751 
Posse 24.09.1751 
Término 02.03.1759 
 
Durante a existência da União Ibérica, criada por Felipe II, a 
fronteira portuguesa adiantara-se sobre alguns domínios espanhóis, 
principalmente na Amazônia, onde o meridiano de Tordesilhas fora 
arqueado ao máximo, pela ação colonizadora luso-brasileira. 
Com a Restauração, inúmeros pontos de atrito começaram a 
surgir no Uruguai, Filipinas, Japão, Molucas e Amazônia. A guerra da 
Sucessão Espanhola, terminada com a vitória dos aliados, levou os países 
beligerantes à assinatura dos dois Tratados de Utrecht. Pelo 
primeiro, celebrado em 1713, a França cedeu a Portugal o Cabo 
Norte, o atual Amapá, enquanto pelo 2º, de 1715, a Espanha entre- gava a 
Colônia do Sacramento. 
As fronteiras entre Portugal e Espanha não estavam definidas, 
principalmente na Amazônia. 
O Tratado de Madri, assinado, a 13 de janeiro de 1750, ainda 
no reinado de Dom João V, foi uma vitória da diplomacia lusitana. 
Firmado pelos plenipotenciários D. José de Carvajal Y Lencastre e Tomás 
da Silva Teles, alterava profundamente os limites entre os dois reinos. 
Em troca da Colônia do Sacramento, das Filipinas e da margem 
esquerda do Solimões, acima do Japurá, Portugal recebia da Espanha o 
território das Missões e lhe era reconhecida a posse definitiva das terras 
além da linha de Tordesilhas. 
Visando o cumprimento daquele tratado, foi criado o Estado do 
Grão Pará e do Maranhão, já no tempo de Pombal, a 31 de julho de 1751, 
com séde em Belém, uma nova denominação do já existente Estado do 
Maranhão e do Grão Pará. 
Para tratarem dos preparativos das demarcações previstas fo- ram 
designados os governadores e capitães generais Francisco Xa- vier 
de Mendonça Furtado e Gomes Freire de Andrade, o primeiro para 
governar o Estado recém-criado, e o segundo, para o Estado do 
Brasil. 
Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, logo em- 
barcou para ocupar o seu cargo. Porém, foi pouco feliz na viagem, 
tendo naufragado nas costas do Maranhão, chegando a Belém, por 
terra, a 24 de setembro de 1751. 
No ano seguinte, a 30 de abril, juntamente com o espanhol 
Dom José de Iturriaga, foi escolhido para demarcar as fronteiras do 
Javari, Japurá, Negro e Madeira, cujas instruções lhe foram conferi- das 
pelo Tratado de Aranjuez de 24 de junho de 1752. 
Nesse mesmo ano chegaram a Belém, vindos dos Açores, 430 
pessoas conduzidas por um navio de casais. Esses emigrantes foram 
encaminhados para Ourem, Bragança e Macapá. 
Com o objetivo de dar cumprimento às determinações do Tra- tado 
de Aranjuez, o Capitão General mandou executar uma derra- ma de 
farinha, a 9 de agosto de 1754, destinada ao sustento da expedição 
em apresto, para o rio Negro. A derrama não foi acatada pelos 
missionários, detentores do poder temporal das aldeias indí- genas, que 
com isto iniciaram a sua luta para dificultar o trabalho das 
demarcações. 
O Governador não desanimou e, no dia 2 de outubro de 1754, 
após ouvir missa na igreja de Nossa Senhora das Mercês, em Belém, partiu 
ao encontro de D. José de Iturriaga, com quem deveria man- ter 
contatos, no rio Negro, deixando o governo nas mãos do bispo 
D. Miguel de Bulhões, que permaneceria no cargo até a sua volta, a 
22 de dezembro de 1756. 
A expedição era uma das maiores até então formadas, na Ama- 
zônia, desde a de Pedro Teixeira. Compunha-se de vinte e três ca- 
noas, das quais a maior, tipo iate, possuía de uma câmara forrada de 
damasco e vinte e seis remeiros, pertencia ao Comando. Além delas, 
existiam outras menores encarregadas do abastecimento diário, 
utilizadas na pesca. 
Ao todo viajavam 1.025 pessoas, sendo 411 índios, 205 solda- 
dos, 24 pilotos e 62 criados. Durante a viagem 165 dos índios remei- 
ros desertaram, pelo trabalho excessivo do remo. 
Entre as pessoas importantes da comitiva destacavam-se: 
- Os ajudantes de ordens João Pereira Caldas e João Batista de 
Oliveira; 
- O secretário do Estado João Antônio Pinto da Silva; 
- O confessor padre José da Gama; 
- O físico-mor doutor Pascoal Pires; 
- Os cirurgiões Antônio de Matos, André Panelli, Domingos de 
Souza e Daniel Grunfeld; 
- Os ajudantes de engenhiro Felipe Sturn e Adão Peopoldo de 
Breuning; 
- Os astrônomos João Brunnelli e Miguel AntônioCiera; 
- O ajudante Henrique Antônio Galluzi; 
- O desenhista Antônio José Landi; 
- Os tenentes João Wilkens e Manuel Gotz; 
- O jesuíta Inácio Szentamartony, 
- O tesoureiro Lourenço de Anvers Pacheco. 
 
No percurso verificou-se a decadência da região fustigada pela 
grande epidemia de varíola de 1743/50, que, só em Belém, matara 7.600 
pessoas e, nas fazendas das Ordens, mais de 10.000, calcu- lando-
se acima de 40.000 em todo o Estado. As missões religiosas e, em 
particular, as dos jesuítas, negavam remeiros e mantimentos. Embora 
possuíssem mais de 50.000 habitantes eram encontradas desertas. 
Alcançando o rio Negro a tropa deveria esperar Iturriaga, que 
viria pelo Orenoco. Para sede das negociações escolhera-se a aldeia 
Mariuá, onde, por iniciativa de Felipe Sturn, foram abertas ruas, er- 
guidos prédios e construídas pontes. 
Entre as obras executadas, mereciam destaque a residência do 
embaixador espanhol, o palácio das demarcações e a casa da espe- ra. Nela 
instalado, Mendonça Furtado esperou aquele embaixador, por 
quase dois anos, até 1756. 
Entre os atos governamentais expedidos de Mariuá, figura a 
instrução de 27 de maio de 1754, que ordenava ao tenente Antô- 
nio de Castro e Menezes estabelecer uma guarnição, em Trocano, a 
fim de bloquear o contrabando de ouro de Mato Grosso. Naquele local 
haviam sido presos os jesuítas Antônio José e Roque de Hun- 
dertpfund, acusados de auxiliarem esse tráfico e de possuirem um 
canhão. 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
11 
 
 
A 1.º de janeiro de 1756, a aldeia de Trocano foi elevada à 
categoria de vila, a primeira do Amazonas, com o nome de Borba, a 
Nova, recebendo todo o apoio governamental. Era a primeira lo- 
calidade do interior da Amazônia a ser organizada como uma vila 
portuguêsa. 
Ainda de Mariuá foram destacadas comissões para o reconhe- 
cimento e estudo das regiões contestadas do Guaporé, Japurá, Ne- gro, 
Javari, Juruá e Purus. 
No Guaporé os espanhóis tinham de novo estabelecido posi- ções 
com as missões de São Simão, no rio das Pedras, a cargo do padre 
Raimundo Laines; a de São Miguel nas margens do Guaporé, sob o 
curato de João Roiz e Francisco Xavier Pozzo e Santa Rosa, do padre 
Nicolau Medenilla. Após pequenas refregas, toda a margem direita do 
Guaporé foi evacuada e entregue aos portugueses, em 1756, que 
ali erigiram o forte Príncipe da Beira. 
Dom José de Iturriaga, saído de Cadiz, a 15 de fevereiro de 
1754, somente chegou ao rio Negro, em 1759, quando Mendon- ça 
Furtado já se encontrava em Portugal. Tentando apoderar-se do alto rio 
Negro, foi expulso pelo capitão José da Silva Delgado, com o 
estabelecimento de fortificações acima de São Gabriel. 
Durante a permanência de Mendonça Furtado no rio Negro, na 
sua primeira viagem, que durou de 2 de outubro de 1754 a 22 de 
dezembro de 1756, inúmeras leis beneficiando a Amazônia foram 
expedidas pelo consulado pombalino. 
Como uma forma de confirmar o interesse da Coroa, pela re- gião 
foi primeiro criada a Capitania de São José do rio Negro, a 3 de 
março de 1755, cuja sede seria a vila de São Francisco Xavier do Ja- 
vari, depois Vila Nova de São José, a ser fundada na foz do rio Javari, 
depois transferida para Mariuá, pelo Alvará de 18 de junho de 1757. Deu-
se conhecimento da legislação que promovia a integração racial 
entre portugueses e índios, assinada a 4 de abril de 1755. O 
casamento com os indígenas deixava de ser desabonador para os 
brancos e seus descendentes não seriam discriminados. E, já em 
outubro de 1756, cerca de 20 casais mistos foram mandados paraBorba, vila recém instalada. Esses casais foram contemplados com 
fardas, camisa de pânico, saias de aniagem, machados, enxadas, foi- 
ces, serras, enxós, martelos e meio alqueire de sal. 
A criação do Diretório, estabelecido a 3 de maio do ano de 1755, 
determinou que as aldeias passassem a ser governadas por um 
diretor nomeado, ou por um chefe indígena, que desde então 
puderam ser vereadores e juízes. 
As leis 6 e 7 de junho de 1755, foram outros tremendos golpes 
contra o poderio jesuíta, vez que concediam liberdade aos índios, 
cassavam os poderes temporais dos sacerdotes e determinavam a 
promoção de povoados e aldeias em todo o vale. O bispo Bulhões 
julgou acertado promulgá-las somente após o regresso do Governa- dor. A 
sua publicação foi a 28 de janeiro de 1757, juntamente com o Breve 
de Benedito IV, de 20 de dezembro de 1741, que proibia a 
escravidão indígena, sob a pena de excomunhão. 
Os Estatutos de 6 e o Alvará de 7 de junho de 1755, criavam a 
Companhia de Comércio do Grão Pará e do Maranhão, um dos marcos 
da filosofia mercantilista de Pombal. Organizada por José Francisco da 
Cruz, com um capital de 1.200.000 cruzados, instalada e dirigida em 
Belém, pelo capitão José Vieira da Silva, detinha o monopólio do 
comércio exterior de exportação e de importação, do tráfico negreiro e 
da navegação em toda a Amazônia. 
Durante a sua existência introduziu 25.365 escravos na região, 
sendo 9.229 de Bissau, 8.362 de Cacheu e 7.774 de Angola. A sua 
extinção verificou-se, a 25 de fevereiro de 1778, porém só entrou em 
liquidação no ano de 1914. É bom lembrar que de 1778 a 1792 mais 
7.606 escravos foram introduzidos no Estado. 
Os jesuítas, prejudicados com a criação da Companhia, puse- 
ram-se contra ela e o padre Manuel Balester chegou a dizer “quem 
entrar nesta Companhia, não entrará na de Cristo”. O padre foi por isto 
desterrado, como incurso em crime de lesa-majestade. 
Em sua luta contra a Companhia, os jesuítas chegaram ao ex- 
tremo de relacionar o terremoto de Lisboa com a sua criação, com o 
padre Malagrida, que tinha a fama de santo e vivido muitos anos no Pará, 
estabelecido este fato no livro “Juízo da Verdadeira Causa do Terremoto”, 
que lhe valeu a morte pela fogueira, num dos últimos atos do Santo 
Ofício. 
O terremoto de Lisboa, ocorrido no dia 1.º de novembro de 
1755, mataria mais de 40.000 pessoas e destruiria a maior parte da 
cidade, cuja reconstrução levou em torno quinze anos, custando ao 
Brasil mais de 200 milhões de cruzados, arrancados através de 
impostos. 
A 1.º de março de 1757, a guarnição deixada em Mariuá re- 
belou-se pelo atraso do pagamento de seus soldos. O comandante 
Gabriel de Souza Filgueiras foi feito refém. Ao movimento aderiu o 
destacamento de Manaus e os 120 revoltosos, temendo represá- lias, 
subiram o Içá e internaram-se nas Missões de Maynas, no Peru. Ainda em 
1757, o índio Domingos, da povoação Dari, tendo sido separado 
de sua amante pela carmelita frei Raimundo Barbo- sa, aliciou os 
chefes João Damasceno, Ambrósio e Manuel para uma revolta, ocupando 
a 1. ° de junho do mesmo ano aquela povoação. A seguir tomaram 
Caboquena e, a 26 de setembro, Bararoá, que apesar de defendida por 
20 soldados, não lhes resistiu. Prosseguin- do, invadiram o Lugar da 
Barra de onde roubaram os vasos sagrados da igreja e a imagem do 
Senhor Crucificado. Dispunham-se atacar Mariuá, quando o capitão 
Miguel de Siqueira os derrotou. Os três Chefes implicados foram 
enforcados em 1758, após a realização de 
uma devassa. 
Talvez essas revoltas fossem uma reação à destruição do V Im- 
pério, à laicização da Amazonia, à sua retomada aos religiosos. 
A 15 de janeiro de 1758, Mendonça Furtado iniciou uma nova 
viagem ao rio Negro, deixando o Governo nas mãos do bispo Miguel 
de Bulhões. No dia seguinte zarpou de Belém, iniciando o cumpri- 
mento das Instruções de 6 e 7 de junho de 1755, que determinavam 
a elevação de categoria das povoações do Estado. Estas passavam 
a receber denominações portuguesas, costume que continuou por toda 
a administração pombalina. Na realidade esta ação correspon- dia a 
transformação de antigas missões, em poder dos religiosos, em núcleos 
leigos, agora ligados ao Estado Português, e a obriga- toriedade da 
língua portuguesa na Amazônia, tanto no nome das localidades, 
como na linguagem diária, afastando a língua geral. 
 
 
Forte de São José do rio Negro 
A fortaleza de São José do rio Negro foi construída pelo colo- 
nizador português para assegurar o controle da confluência do rio Negro 
com o rio Amazonas e controlar o portão de entrada da Ama- zônia 
ocidental, que pertencia à Espanha pelo Tratado de Tordesi- lhas. 
Não se parecia muito com uma fortaleza, mas sim com peque- no 
fortim com formato quadrangular e muros baixos, com quatro 
canhões de pequeno calibre, cujas ruínas sumiram da paisagem da 
cidade há mais de 100 anos. Esse fortim era a marca da colonização e 
símbolo do nascimento da cidade. Na fachada do belo edifício em que 
funcionou durante muitos anos a Secretaria de Fazenda, na antiga 
rua do Tesouro, hoje Monteiro de Souza, há uma placa com a seguinte 
inscrição: “Neste local, em 1669, foi construída a Fortaleza 
IMPÉRIO: INCORPORAÇÃO DA AMAZÔNIA AO ESTADO 
NACIONAL BRASILEIRO: PROVÍNCIA DO PARÁ; CO- 
MARCA DO RIO NEGRO; A CABANAGEM: O POVO NO 
PODER: CONDIÇÕES OBJETIVAS PARA A ECLOSÃO DA 
CABANAGEM; GOVERNO DOS CABANOS; CONFLITOS NO 
AMAZONAS; REPRESSÃO IMPERIAL E O FIM DA 
CABANAGEM 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
12 
 
 
de São José do Rio Negro, sob a inspiração do Cabo de tropas Pedro 
da Costa Favela. Os construtores foram o capitão Francisco da Mota 
Falcão e seu filho Manuel da Mota Siqueira. O prédio, atualmente, 
pertence à administração do Porto, e o acesso a área é restrito. 
Em 1669, os portugueses fundaram o forte de São José do Rio 
Negro, e em 1695, as carmelitas ergueram a primeira capela em ho- 
menagem a Nossa Senhora de conceição. Surgiu, assim, o primeiro 
povoado de Manaus, a princípio um aldeamento de índios descidos 
do Japurá, os bares; do Japurá/Içá, os passes; do rio Negro, os ba- nibas e 
os temidos Manaus. O colonizador foi estendendo seus do- mínios 
sobre o miracanguera dos antepassados dos manauenses, o grande 
cemitério indígena que cobria o grande largo da Trincheira. No 
lugar, abriram as ruas Deus Padre, Deus Filho e Deus Espírito Santo. 
Eram ruas estreitas, tortuosas e lamacentas, onde estava à matriz, a 
casa do vigário, do comandante e de outras praças. As ca- sas eram 
humildes, feitas de taipa, chão batido, cobertas e cercadas de palha. A mão-
de-obra indígena garantia a produção de anil, algo- dão, arroz, café, 
castanha, salsa e tabaco. 
Em 1757, ocorreu uma rebelião dos índios do rio Negro que 
destruiu as aldeias dos caboquenas, bararoás e lama longas, e apa- vorou 
os moradores da Barra. Em 1743, o cientista francês Charles- 
-Marie de La Condamine viajou pelo rio Marañon e todo o rio Ama- 
zonas – de Jaén, Peru, a Belém – e registrou os contrastes existentes 
entre a prosperidade das missões portuguesas, que ele visitou ao 
longo de sua viagem, e a de Belém. 
 
Incorporação da Amazônia ao estado nacional brasileiro 
A ocupação do Amazonas se deu em povoamento esparso, por 
causa da floresta densa. O Estado do Maranhão virou “Grão-Pará e 
Maranhão” em 1737 e sua sede foi transferida de São Luís para 
Belém do Pará. O tratado de Madride 1750 confirmou a posse por- 
tuguesa sobre a área. Para estudar e demarcar os limites, o gover- nador 
do Estado, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, instituiu uma 
comissão com base em Mariuá em 1754. Em 1755 foi criada a Capitania 
de São José do Rio Negro, no atual Amazonas, subordi- nada ao Grão-
Pará. As fronteiras, então, eram bem diferentes das linhas retas atuais: 
o Amazonas incluía Roraima, parte do Acre e se expandia para sul 
com parte do que hoje é o Mato Grosso. O governo colonial 
concedeu privilégios e liberdades para quem se dispusesse a 
emigrar para a região, como isenção de impostospor 16 anos 
seguidos. No mesmo ano, foi criada a Companhia Geral do Comércio 
do Grão-Pará e Maranhão para estimular a economia lo- cal. Em 1757 
tomou posse o primeiro governador da capitania, Joa- quim de Melo 
e Póvoas, e recebeu do Marquês de Pombal a deter- minação de 
expulsar à força todos os jesuítas (acusados de voltar os índios contra 
a metrópole e não lhes ensinar a língua portuguesa). 
Em 1772, a capitania passou a se chamar Grão-Pará e Rio Negro e o 
Maranhão foi desmembrado. Com a mudança da Família Real para 
o Brasil, foi permitida a instalação de manufaturas e o Amazo- nas 
começou a produzir algodão, cordoalhas, manteiga de 28 tarta- 
ruga, cerâmica e velas. Os governadores que mais trabalharam pelo 
desenvolvimento até então foram Manuel da Gama Lobo d’Almada 
e João Pereira Caldas. Em 1821, Grão Pará e Rio Negro viraram a província 
unificada do Grão-Pará. No ano seguinte, o Brasil procla- mou a 
Independência. 
Em meados do século XIX foram fundados os primeiros núcleos 
que deram origem às atuais cidades de Itacoatiara, Parintins, Ma- 
nacapuru e Careiro e Moura. A capital foi situada em Mariuá (en- tre 
1755-1791 e 1799-1808), e em São José da Barra do Rio Negro 
(1791-1799 e 1808-1821). Uma revolta em 1832 exigiu a autonomia 
do Amazonas como província separada do Pará. A rebelião foi sufo- cada, 
mas os amazonenses conseguiram enviar um representante à Corte 
Imperial, Frei José dos Santos Inocentes, que obteve no má- ximo a 
criação da Comarca do Alto Amazonas. Com a Cabanagem, 
em 1835-1840, o Amazonas manteve-se fiel ao governo imperial e não 
aderiu à revolta. Como espécie de recompensa, o Amazonas se 
tornou uma província autônoma em 1850, separando-se definitiva- 
mente do Pará. Com a autonomia, a capital voltou para esta última, 
renomeada como “Manaus” em 1856. 
No período em que ocorreu a Independência do Brasil, em 
1822, a Amazônia pertencia à Coroa portuguesa, como uma uni- 
dade político-administrativa, ou seja, como uma colônia, dividida em 
duas capitanias: Pará e Rio Negro, subordinadas à Província do Grão-
Pará. A elevação do Estado do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal 
e Algarves, em 1815, não modificou a estrutura política anterior. 
O Grão-Pará só foi incorporado ao Brasil em 11 de agosto de 1823, 
quando as tropas do almirante inglês John Pascoe Greenfel 
assassinaram vá-rios paraenses, que, por sua vez, encontravam-se num 
conflito com os portugueses. 
A guerra civil que ocorreu no Pará e no Amazonas, a Cabana- gem, 
foi um movimento revolucionário com características popu- lares. 
A participação de tapuios, caboclos e negros, aparte mais po- bre da 
população que habitava as cabanas, deu origem ao nome do 
movimento. Essa população era explorada violentamente pelos 
fazendeiros e pelas autoridades políticas, militares e religiosos lo- cais. A 
revolta foi uma tentativa de modificar sua situação miserável e de 
injustiça social. Tomaram parte na revolta Alberto Patronni, o Cônego 
Batista Campos, Félix Clemente Malcher, os irmãos Vinagre, Lavor 
Papagaio, Eduardo Angelim e outros. A guerra tomou, impe- 
tuosamente, o território paraense e, depois, o amazonense. O líder no 
Amazonas foi Bernardo de Sena. 
O general Soares Andrea foi responsável por reprimir o movi- 
mento no Pará. No Amazonas, os cabanos tomaram a vila de Ma- naus; 
posteriormente, Maués, Parintins, Silves e Borba. O repres- sor do 
movimento, no Amazonas, foi Ambrósio Aires, o Bararoá. Ambrósio 
Aires formou um exército de voluntário se ao retornar de Autazes foi 
atacado por sete canoas dos cabanos, grande parte compostas por 
índios muras, onde foi morto. 
O último foco do movimento foi a cidade de Maués. Nesse 
período, destacou-se o comandante Miranda Leão, que pôs fim ao 
movimento no Amazonas. 
 
A cabanagem (1835-1840) 
 
A Capitania 
Com a separação do Brasil em dois governos administrativos por 
Filipe IV da Espanha, a parte norte, representada pelo gover- no do 
Maranhão (incluindo os atuais Estados do Pará e Amazonas), com sede em 
São Luís, ficou destacada do governo do Brasil. De- pois desse golpe veio 
a criação da Capitania do Cabo Norte, tornada realidade pela carta-
régia expedida em 1637 e cujo governo fora dado a Bento Maciel 
Parente. O sentimento de distância, que preo- cupava aos governantes, 
não impediria que lentamente fosse ocu- pada a região com a 
implantação dos núcleos urbanos. Daí que a instalação de mais 
fortalezas se segue numa ordem quase contínua: S ão José de 
Marabitanas, em 1762, no rio Negro; 
São Francisco Xavier de Tabatinga, em 1766 o forte de registro 
e em 1770 o forte real que caiu em ruínas até os nossos dias; 
Forte de São Joaquim do Rio Branco, em 1775, levantado por 
Felipe Sturn; 
Santo Antônio do Iça em 1754; Castelo, em Barcelos, capital da 
Capitania em 1755; e em 1776 é fundado o forte Príncipe da Beira. 
Esse círculo de defesas militares nas linhas com países estran- 
geiros demonstra a preocupação do governo em defender e conso- 
lidar o espaço físico conquistado. A criação da Capitania de São José do Rio 
Negro, assegurada pela carta-régia de 3 de março de 1755, 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
13 
 
 
sob a influência política e prestígio de Francisco Xavier de Mendonça Furtado, primeiramente governador do Pará, mais tarde na qualidade de Comissário 
de Limites e Demarcações, trouxe para a Amazônia benefícios sem conta em todas as áreas: administrativa, econômica, financeira, cultural, mas 
principalmente como criação de núcleos ativos, considerando-se a enormidade de população indígena entrada na mestiçagem. A dois homens de pulso e 
de visão deve o Amazonas daquele tempo a sua tentativa de expansão socioeconômica; a Mendon- ça Furtado como criador e incentivador dos novos 
núcleos e a Manuel da Gama Lobo D’Almada, governador da Capitania, partilhando da implantação de serviços administrativos e de indústrias (o gado 
do hoje Território Federal de Roraima) que vieram socorrer a situação de miséria do homem amazônico. Deve-se a Mendonça Furtado a fundação 
da Vila de Mariúra (Barcelos), criada a 6 de maio de 1758; Borba, criada em 1756; e outras a seguir. A capital da Capitania ficou sediada em 
Barcelos (Mariuá d’Almada), até que Manuel da Gama Lobo D’Almada, já na governança da Capitania de 1786 a 1799, transferisse a capital para o 
lugar da Barra, atualmente Manaus. 
 
 
 
A Comarca e a Independência 
A Independência do Brasil não trouxe logo reais benefícios ao setentrião. A Comarca do Amazonas, subordinada ao Grão-Pará, teve a sua hegemonia 
política prejudicada pela execução do Código de Processo Penal, uma história muito cumprida que envolve a participação da Igreja, da milícia e dos 
cidadãos de Manaus. Quando Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil, as unidades federadas denomi- nadas Províncias mantiveram 
seus limites internos e suas prerrogativas de autonomia. O atual Estado do Amazonas era simples Comarca da Província do Grão-Pará, que então se 
denominava Capitania do Grão-Pará. O governo central solicitou a esses núcleos que mandassem representantes à Corte. A correspondência enviada do 
Amazonas foi toda retida em Belém do Pará e por isso perdemos a oportunidade de alcançar a hegemonia sonhada. Continuou a Comarca do Alto 
Amazonas a depender da Província do Pará. Os amazonenses não aceitaram sem protesto a nova situação, que era humilhante. Uma revolta chefiada 
pelos patriotas sacerdotes Inácio Guilherme da Costa, Joaquim de Santa Luzia e frei José dos Santos Inocentes, a dos civis João da Silva Craveiro, 
coadjuvados pelo militar tenente Boa Ventura Ferreira Bentes promoveu a independência do Rio Negro, positivando o fato com o artilhamento 
ostensivo da região denominada Lajes, próxima ao encontro das águas Amazonas-rio Negro. 
Uma expedição enviada do Pará nos barcos Santa Cruz e Independência, comandada pelo tenente-coronel Domingos Simões da Cunha Baiana, 
forçou a passagem com avariar grossas na barca, Independências, atingida pela artilharia dirigida pessoalmentepelo padre Santa Luzia. Contudo a 
situação não se modificaria até 1850. 
 
 
 
A Província do Amazonas 
A Lei n.° 582 de 5 de setembro de 1850 criou a Província do Amazonas, propiciando a sua emancipação política com relação ao Pará. O território da 
Província seria o mesmo da antiga Capitania de São José do Rio Negro, e a sede seria a Cidade da Barra. A província surgiu a partir da necessidade da 
ocupação definitiva do Alto Amazonas e para impedir a expansão do Peru que, apoiado nos EUA, desejava inter- nacionalizar o rio Amazonas, que se 
encontrava fechado às navegações internacionais desde o tratado de Madri. 
Reivindicava-se a posse da margem esquerda do rio Solimões entre Japurá, Tabatinga e os territórios o sul do Amazonas e Acre. 
O Brasil conseguiu neutralizar essas pretensões em 23 de outubro de 1851, quando foi assinado um tratado com o Peru, que cedia a 
região pretendida no Solimões e concordava em manter o rio Amazonas fechado à navegação estrangeira. E, para reforçar as posições con- 
seguidas no sentido de proteger o nosso território, o Império apressou-se em instalar a Província do Amazonas, empossando como primeiro presidente 
João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, que viajou para Manaus no Vapor Guapiaçu e instalou a província, em 1 de janeiro de 1852. Economicamente, 
as atividades da província eram inexpressivas. Dois anos após sua instalação, os principais produtos de exportação eram a piaçava, a borracha, a 
salsaparrilha, o pirarucu, o café, o tabaco, a manteiga de ovos de tartaruga, o peixe-boi, o cacau, etc. 
 
Comarca do Alto Amazonas 
O governo regencial instituiu o Código do Processo Criminal, em 1832, instrumento jurídico que tinha por finalidade unificar a legis- lação no 
território brasileiro. No dia 25 de junho de 1833, o governo da Província do Pará baixou um decreto que dividiu a Província em três Comarcas: a do 
Grão-Pará, a do Alto Amazonas e a do Baixo Amazonas. A criação da Comarca do Alto Amazonas, em substituição à antiga Capitania de São José do Rio 
Negro, reduzia o território do outeiro de Maracá-Açu até a Serra de Parintins e contrariava as aspirações autonomistas. O decreto paraense também 
elevava o Lugar da Barra à condição de Vila de Manaus e ganhava a prerrogativa de sede da Comarca do Alto Amazonas. Ao termo de Manaus ficavam 
subordinadas as seguintes freguesias: Saracá (Silves), Serpa (Itacoatiara) e Santo Elias do Jaú (Airão) e as povoações de Amatari, Jatapu e Uatumã. 
A população total era de 15.775 habitantes. Manaus, de vila a cidade A Assembleia Provincial do Pará editou a Lei n.° 147, de 24 de outubro de 
1848, elevando a Vila de Manaus à categoria de Cidade da Barra de São José do Rio Negro, fazendo retornar a antiga denominação do povoado que havia 
começado em 1669. Em 4 de setembro de 1856, a cidade receberia a sua denominação definitiva de Manaus. 
PROVÍNCIA DO AMAZONAS: ECONOMIA DO ALTO AMAZONAS NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX; COMARCA DO 
ALTO AMAZONAS; MANIFESTAÇÕES AUTONOMISTAS; CRIAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO ESTADO PROVINCIAL AMAZO- 
NENSE; SISTEMA POLÍTICO DO AMAZONAS NO SEGUNDO REINADO 
HISTÓRIA DO AMAZONAS 
14 
 
 
Agitações autonomistas – 1821 
No dia 29 de setembro de 1821, o governador Manuel Joaquim 
do Paço foi deposto por se recusar a jurar a Constituição do Porto de 
1820. A população, em resposta, destruiu as principais obras pú- 
blicas realizadas pelo governador deposto, entre as quais podemos 
citar: a capela de Nossa Senhora dos Remédios e o passeio público, 
arborizado com tamarindeiros. Daí em diante, por todo o período 
colonial até os primeiros anos do império, o governo passou a ser 
exercido por sucessivas juntas provisórias. A luta pela autonomia do rio 
Negro tinha forte conotação nativista, favorecendo a propa- gação do 
movimento pró-independência do Brasil. 
A notícia da proclamação da Independência do Brasil chegou à Barra 
do Rio Negro com mais de um ano de atraso, em novembro de 
1823; no mesmo dia, foi proclamada a adesão do Rio Negro à 
Independência. 
 
O conflito de Lages 
Na noite de 12 de abril de 1832, o soldado Joaquim Pedro da 
Silva liderou um levante no quartel da Barra, motivado pela falta de 
pagamento do soldo às praças. Dois meses depois, no dia 22 de 
junho do mesmo ano, houve uma memorável demonstração de civismo: 
o povo rebelou-se contra a subordinação política do Rio Negro ao Grão-
Pará, e foi proclamada a Província do Rio Negro. Os grandes 
articuladores do movimento foram: frei José dos San- tos Inocentes, frei 
Joaquim de Santa Luzia e frei Inácio Guilherme da Costa. As vilas de 
Serpa e Barcelos aderiram à Província do Rio Negro, mas Borba 
recusou-se, guardando fidelidade ao foi governo do Grão-Pará. Os 
rebeldes entrincheiraram-se em Lages e nos sí- tios de Bonfim, com um 
contingente de mil homens e 30 peças de artilharias vindas do forte 
Tabatinga, enfrentando as forças legalis- tas designadas pelo governo da 
Província do Pará. A expedição, co- mandada pelo coronel Domingos 
Simões da Cunha Bahiana, saiu de Belém no dia 5 de maio, com 50 
soldados, a canhoneira de guerra “Independência”, recebendo o 
reforço de mais dois navios durante o percurso: o “Patagônia”, em 
Cametá, e Andorinha, em Santarém. Frei José dos Inocentes, ao ser 
enviado à Corte como representante da Província do Rio Negro, 
teve seu navio interceptado no Mato Grosso e foi obrigado a 
regressar à Barra. 
 
A Província 
A humilhação sofrida pela comarca do Alto Amazonas não 
abateria os ânimos dos patriotas, que agora passaram a lutar pela 
autonomia dos patriotas, que passaram pela autonomia no Sena- 
do do Império. Nomes que ficaram inscritos na memória dos ama- 
zonenses - tais como Ângelo Custódio, ministro Honório Hermeto 
Carneiro Leão, Souza Franco, Paula Cândido, Miranda Ribeiro, João 
Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, João Enrique de Matos, João Inácio 
Roiz do Campo, Dom Romualdo, Marquês de Santa Cruz - se bateram 
contra as alegações formuladas, que eram de escassez de 
população e de carência de rendas públicas. Mas o projeto vingou e 
o primeiro presidente na nova Província, chamada de Amazonas, foi 
o ínclito João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha. Foi a Província 
constituída por Lei Imperial no. 1592, de 5 de setembro de 1850. 
Com a instalação da nova província, em 1 de janeiro de 1852, a 
situação de atraso da antiga comarca do Alto Amazonas melhorou. Foi 
criada a Biblioteca Pública. O Primeiro jornal foi fundado em 5 de 
setembro, com o 1 número circulando a 3 de maio de 1851, e 
substituído pelo nome de “Estrela do Amazonas”, do mesmo pro- 
prietário, o cidadão Manuel da Silva Ramos. Depois destes, outros jornais 
apareceram: o “Amazonas”, por exemplo, fundado pelos jornalistas 
Antônio da Cunha Mendes, jornal que seria, com o an- dar do tempo, 
o veículo dos atos oficiais e o pensamento expresso dos governos 
provinciais. Seria também a primeira casa editora do Amazonas, 
editando o romance marítimo “A Fragata Diana”, do Al- 
mirante Paulino Von Hoonholtz, em 1877. O jornal como a Biblio- 
teca Pública foram as bases dos desenvolvimentos da cultura local, 
junto ao teatro e às escolas de caráter profissional. Tenreiro Aranha 
idealizou o Instituto de Educandos Artífices, que funcionou em Ma- naus 
durante muitos anos e formou técnicos em várias profissões. O seminário 
episcopal, por sua vez, ofereceria uma espécie de cur- so secundário até 
que fosse criado o Ginásio Amazonense Pedro II, antigo Liceu. 
A província do Amazonas também ofereceu ao Brasil exemplos 
de interesse maior pela situação dos escravos africanos, partindo daqui 
as primeiras leis manumissivas, posto que realmente a es- cravatura 
na região não tivesse a expressão que teve no Maranhão, Pernambuco, 
Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, onde a agricultura 
sustentava a economia nacional. Não tivemos agricul- tura. A região 
sempre se favoreceu do sistema coletor primário e até hoje esse 
sistema vigora com sua componente - a troca, a per- muta, a carência

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